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Definição A síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), é causada pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). O HIV afeta a capacidade do organismo de combater infecções e doenças. Os dois principais biomarcadores utilizados para avaliar a progressão da doença são: RNA do HIV (carga viral); Contagem de células T CD4+. Etiologia Atividade sexual sem proteção; Uso de drogas intravenosas; Produtos sanguíneos inseguros; Transmissão de mãe para filho; Exposição ocupacional. Sinais e sintomas Náuseas e vômitos; Diarreia; Perda de apetite; Alterações no paladar; Hiperlipidemia; Hiperglicemia; Úlceras de boca e esôfago; Pancreatite; Perda de peso. Complicações do HIV Pneumocistose; Tuberculose; Criptosporidiose; Sarcoma de Kaposi; Linfomas; Alterações nas habilidades motoras e cognitivas; Síndrome de má absorção; Enteropatia induzida pelo HIV; Encefalopatia induzida pelo HIV; Candidíase; Fisiopatologia O HIV invade o núcleo genético das células CD4+, células linfócitos T-helper, que são os principais agentes envolvidos na proteção contra a infecção. Essa infecção causa depleção progressiva de células CD4+, o que leva a imunodeficiência. A infecção progride através de 4 estágios: Infecção aguda pelo HIV; Latência clínica; Infecção sintomática pelo HIV; Progressão do HIV para AIDS. Infecção aguda: A infecção aguda pelo HIV é o tempo de transmissão do HIV para o hospedeiro até que ocorra a produção de anticorpos detectáveis contra o vírus = soropositividade. A infecção aguda é raramente identificada, devido as características clínicas inespecíficas. A soropositividade ao HIV ocorre no período de 3 semanas a 3 meses após a exposição. Durante a fase aguda, o vírus se replica rapidamente e causa declínio significativo na contagem das células CD4+. Latência clínica: Também chamado de infecção assintomática pelo HIV, onde evidências adicionais da doença podem não aparecer até 10 anos após infecção. O vírus ainda encontra-se ativo e replicando-se, embora em uma taxa menor em comparação a fase aguda. A contagem de células CD4+ continua a reduzir constantemente. Cerca de 3-5% dos indivíduos infectados pelo HIV são estáveis durante um longo tempo e, neles, a contagem de CD4+ permanece normal e a carga viral pode ser indetectável durante anos, sem intervenção médica. Infecção sintomática pelo HIV: Na maioria dos casos, o HIV destrói lentamente o sistema imunológico, tornando- o incapaz de combater o vírus. Quando a contagem de células CD4+ cai abaixo de 500 células/mm³, os indivíduos estão mais suscetíveis ao desenvolvimento de sinais e sintomas, como febre persistente, diarreia crônica, perda de peso inexplicável e infecções fúngicas ou bacterianas. Progressão do HIV para AIDS: Conforme a imunodeficiência piora e a contagem de CD4+ reduz para níveis ainda mais baixos, a infecção se torna sintomática e progride para AIDS. A progressão do HIV para AIDS aumenta o risco de infecções oportunistas. Transmissão O HIV é transmitido pelo contato direto com fluidos corporais infectados, como sangue, sêmen, fluido pré-seminal, fluido vaginal e leite materno. O líquido cefalorraquidiano que envolve o cérebro e a medula espinal, o fluido sinovial ao redor das articulações e o líquido amniótico que envolve o feto, são outros fluidos que podem transmitir o HIV. A saliva, as lágrimas e a urina não contêm HIV suficiente para a transmissão. A transmissão sexual é a forma mais comum da transmissão do HIV. Alterações físicas Síndrome da lipodistrofia associada ao HIV: É a distribuição desordenada de gordura em várias partes do corpo, acompanhada de resistência à insulina e várias anormalidades nos lipídeos séricos. A causa é multifatorial, sendo dependente da duração da infecção pelo HIV, duração dos medicamentos antirretrovirais, idade, sexo, raça, etnia, aumento da carga viral e o aumento do índice de massa corporal. Neuropatia periférica: É um potencial efeito colateral e, a lesão resultante do nervo faz com que haja rigidez, dormência ou parestesia, geralmente nos membros inferiores. Terapia clínica e nutricional A morbimortalidade relacionada com o HIV derivam do enfraquecimento do sistema imunológico, bem como dos efeitos do vírus nos órgãos (como cérebro e rins). Se não for tratado o vírion HIV pode se replicar em milhões de partículas por dia e progredir rapidamente pelos estágios da doença. A introdução de terapia antirretroviral com combinação de 3 fármacos em 1996, transformou o tratamento de pacientes infectados com HIV e diminuiu as condições que definem a AIDS e sua mortalidade. A contagem de CD4 é usada como principal indicador da função imunológica em pessoas com HIV. É usada para determinar quando iniciar a terapia antirretroviral e é o mais forte preditor de progressão da doença. Os objetivos da terapia antirretroviral são: Atingir e manter a supressão viral; Reduzir a morbimortalidade do HIV; Melhorar a qualidade de vida; Restaurar e preservar a função imunológica. Com relação a terapia nutricional, a ingestão de uma alimentação adequada e equilibrada é essencial para manter um bom sistema imunológico e prolongar a qualidade de vida. A nutrição adequada pode ajudar a manter a massa magra, reduzir a gravidade dos sintomas relacionados com o HIV e aumentar a adesão e a eficácia da terapia antirretroviral. A terapia nutricional em HIV/AIDS compreende avaliação do estado nutricional, definição das recomendações de energia, macro e micronutrientes, definição da necessidade da utilização de alimentação artificial ou de terapia medicamentosa e aconselhamento nutricional. Energia: Indivíduos com HIV/AIDS tem maior gasto energético quando comparados a indivíduos saudáveis. As necessidades energéticas desses pacientes são variáveis, dependentes da condição clínica. Proteínas: A garantia das necessidades proteicas tem como objetivo, fornecer substrato para o sistema imune e restaurar e preservar a massa magra. Nas infecções agudas, recomenda-se aumentar a oferta proteica para minimizar a perda de massa magra imposta pelo catabolismo. A recomendação segue o preconizado para a população em geral: 15-20% do VET. Lipídeos: A proporção de lipídeos a ser oferecida deve seguir o recomendado para a população em geral: 20-35% do VET. Dietas pobres em gorduras saturadas e a inclusão de ácidos graxos ômega-3 estão associadas a redução dos níveis de triglicerídeos e aumento do HDL. Carboidratos e fibras: Podem ser ofertados 45-65% do VET sob a forma de carboidratos. A seleção das fontes e a necessidade de restrição dos carboidratos simples vai depender das condições clínicas e da presença de diabetes ou resistência à insulina. A recomendação de fibras é de 25-30 g/dia, ajustando-se a quantidade ou tipo de fibra as necessidades do paciente. Dietas pobres em fibras solúveis associam-se com dislipidemia em pacientes com lipodistrofia. Micronutrientes: As deficiências de micronutrientes são comuns em pacientes com HIV/AIDS e, são causadas por: Má absorção; Ingestão insuficiente; Aumento das demandas nutricionais. Alguns nutrientes específicos como, zinco, selênio, ferro, vitaminas do complexo B, vitamina C, vitamina D, E e tocoferol, são importantes no papel da função imune e na redução da mortalidade. Os baixos níveis de vitamina A, B12 e zinco estão associados com a progressão mais rápida da doença. O aumento do consumo de vitamina C eB, tem sido associado a contagens de CD4 mais altas e progressão mais lenta da doença para AIDS. Deve-se se atentar as altas dosagens. Quando a ingestão alimentar, mesmo com uso de suplementos orais, é insuficiente ou quando não é possível alimentar o paciente por essa via, deve-se considerar o uso da nutrição enteral. A escolha da fórmula e tipo de administração depende da situação clínica do paciente como um todo.
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