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Alicerce do Paraiso - vol 3 - Meishu-Sama REVISADO

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Prévia do material em texto

ENSINAMENTOS DE
MEISHU-SAMA
COLETÂNEA
ALICERCE DO PARAÍSO
3
ORGANIZAÇÃO E TRADUÇÃO:
SECRETARIA DE TRADUÇÃO DA IMMB
SÃO PAULO
6ª EDIÇÃO REVISADA - 2018
Copyright by Sekai Kyussei Kyo - Atami
M 456e
Meishu-Sama, / 1882-1955.
Ensinamentos de Meishu-Sama/Organização e tradução
IMMB, 6.ed. - São Paulo: Fundação Mokiti Okada, 2018. –
(Coletânea - Alicerce do Paraíso, v. 3)
Título original: Tengoku no Ishizue
ISBN 978-85-8355-086-0
1. Segredo da felicidade 2. Vontade Divina 3. Alimentação e
nutrientes 4. Verdadeira saúde I. Título II. Série
CDD-299.5631
Catalogação na publicação: Zilda Soledade – CRB 8/9909.
Índices para catálogo sistemático:
1. Igreja Messiânica Mundial: Filosofia espiritualista de origem japonesa
Edição:
FUNDAÇÃO MOKITI OKADA
Edição de Arte
Setor de Comunicação e Marketing
Projeto gráfico e diagramação: Rogério Luiz da Camara
IMMB:
Divisão de Comunicação - Secretaria de Tradução da IMMB
Revisão: Ivna Maia Fuchigami
6ª edição – dezembro de 2018
Endereço para correspondência:
Rua Morgado de Mateus, 77 – 3º andar – Setor Comunicação
Vila Mariana – São Paulo – SP – CEP 04015-050
Tel.: 11 5087-5000
Direitos autorais reservados. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
A
APRESENTAÇÃO DA REEDIÇÃO
Igreja Messiânica Mundial, certa de que o Supremo Deus verte sua Luz e Sabedoria através dos Ensinamentos de
Meishu-Sama, cria e difunde uma cultura espiritual em interação com o desenvolvimento da cultura material,
objetivando o nascimento de um mundo verdadeiramente civilizado, pleno de saúde, prosperidade e paz.
No que se refere ao indivíduo, pode-se dizer que, a felicidade é representada pelas conquistas dos sonhos e
realizações pessoais e a concretização de uma estrutura familiar espiritual e materialmente equilibrada.
Em paralelo a esse movimento evolutivo, nota-se uma preocupação crescente quanto à saúde e ao bem-estar social,
além da busca pelo aperfeiçoamento da qualidade de vida. Paradoxalmente, o afastamento da Verdade turva a visão
do ser humano, fazendo-se necessário um redirecionamento rumo ao ideal do Plano Divino.
Em seus Ensinamentos, Meishu-Sama nos revela que um dos fatores preponderantes para a felicidade humana
reside na concordância com o Plano Divino de construção de uma cultura paradisíaca. Para tanto, o ser humano
necessita alcançar as qualificações para ultrapassar a difícil fase de transição em que o mundo se encontra. E, a
primeira delas é ser saudável, livre de doenças.
Neste volume da coletânea Alicerce do Paraíso, cuja versão final temos a satisfação de disponibilizar, estão
reunidos Ensinamentos de Meishu-Sama sobre as origens das doenças e formas de ultrapassá-las para se adquirir a
verdadeira e definitiva saúde.
A presente edição revisada conta com uma ampla gama de notas de rodapé. Nosso intuito é colaborar para a
ampliação da compreensão de ideias e conceitos bem como fornecer referências para que os leitores realizem suas
próprias pesquisas.
Quanto à alteração em relação às edições anteriores deste volume, destaca-se a retirada do Ensinamento “A missão
do homem” por ele constar do livro Os Novos Tempos e a inclusão dos Ensinamentos “Escravos das tumbas?” e “Os
elementos fogo, água e solo”, que constava do volume 2, agora na íntegra e intitulado “Elevação da temperatura
corporal”.
As alterações nos títulos estão indicadas no índice de cada volume. Alguns Ensinamentos estão com textos
diferentes porque assim se apresentam no original e, atualmente, são publicados pela Igreja no Japão, na coletânea
Tengoku no Ishizue (Alicerce do Paraíso). A data do Ensinamento é, via de regra, aquela que consta nesta mesma
coletânea.
A RESPEITO DO HOMEM E SUA MISSÃO
C
COMPREENDA A VONTADE DIVINA(1)
onforme já escrevi anteriormente, uma vez que o ser humano nasceu para construir o mundo ideal – objetivo de
Deus –, se ele estiver em consonância com esse propósito, sempre poderá trabalhar com alegria e sem doenças.
Eis a Verdade eterna. No entanto, é inevitável que ele acabe adoecendo devido às toxinas medicamentosas herdadas
de seus antepassados e, por desconhecer o que é certo, também introduz essas toxinas no corpo após o nascimento.
Contudo, se pessoas úteis à Obra Divina não puderem trabalhar devido a doenças, isso acarretará um prejuízo para
Deus. Por esse motivo, é natural que Ele deseje curá-las rapidamente e, logo, não precisamos nos preocupar com o
assunto. No entanto, as pessoas que desconhecem esse fato, utilizam a toxina denominada medicamento para conter
as doenças. E, uma vez que isso está totalmente em desacordo com a Verdade, não há como obter a cura desejada.
Não apenas a doença como também os demais infortúnios são ações purificadoras que, de acordo com a causa,
ocorrem evidentemente sob diferentes formas. Por exemplo, os pecados cometidos no âmbito financeiro ou material,
tais como furtar, apropriar-se indevidamente de recursos, causar prejuízos ao próximo, viver luxuosamente além de
suas possibilidades etc. serão redimidos com prejuízos financeiros e materiais. Frequentemente ouvimos falar a
respeito do filho esbanjador, que gasta a fortuna da família. Ele está resgatando os pecados praticados por seus pais e
antepassados. Estes, desejando preservar a linhagem familiar da extinção, escolhem um descendente para que, por
seu intermédio, as purificações necessárias se processem e, assim, a família prospere cada vez mais. Nestas
circunstâncias, não há conselho que surta efeito.
Suponhamos dois irmãos com índoles diferentes: um é rebelde e esbanjador, e o outro é honesto e íntegro.
Aparentemente, o primeiro é mau e desonra os antepassados. Todavia, ao analisarmos com visão ampla, é o oposto,
pois na questão de eliminação dos pecados e impurezas(2) dos antepassados, sua missão assume maior importância.
Por essa razão, não é possível determinar o bem e o mal, com base nos critérios humanos.
Todo pecado de natureza material é purificado por meios materiais, por exemplo: sofrer incêndios e roubos, ser
vítima de fraudes, ter prejuízos com especulações financeiras e com apostas em jogos de azar, fracassar nos negócios,
gastar com doenças etc. Embora possamos nos esquivar das leis humanas, o mesmo não ocorre com as Leis Divinas,
por serem absolutas. Toda ação purificadora ocorre em conformidade com o princípio da correspondência(3).
Também existem os sofrimentos após o ingresso na fé. E, quanto mais fervorosa a pessoa se tornar, mais intensos
eles serão.
Nessas circunstâncias, os novatos na fé podem vacilar, mas este é um momento crucial. A razão é que Deus deseja,
o quanto antes, agraciá-los pelo seu fervor. Contudo, uma vez que eles possuem impurezas espirituais que precisam
ser purificadas, ocorre uma ação semelhante à limpeza de um recipiente(4). Nesse caso, se eles suportarem sem
vacilar, ao término desta, receberão inesperadas e magníficas graças.
Vou falar da minha experiência sobre o assunto. Durante vinte anos, fui atormentado pelas dívidas e, por mais que
tivesse pressa em saldá-las, não o conseguia e, por fim, me conformei. Finalmente, consegui liquidá-las em 1941.
Realmente, foi um grande alívio! Depois disso, no ano seguinte, começaram a chegar somas inesperadas e, mais uma
vez, senti-me maravilhado com a profundidade da Vontade Divina.
Ouvimos frequentemente: “Fulano ficou rico após o incêndio”. Isso significa que a sorte melhorou com o fim da
ação purificadora. Podemos dizer o mesmo em relação ao incêndio de Atami(5). Se compararmos a atual cidade com
o que era antes da catástrofe, veremos que ficou bem melhor. Diante disso, percebe-se que os bons acontecimentos
são, sem dúvida, positivos, mas os maus, por serem ações purificadoras, também o são, pois ao seu término,
certamente tudo irá melhorar. Em outras palavras, não importa a situação: tudo é positivo. Compreender que viver
com ou sem doença é bom, significa possuir a verdadeira paz interior.
Todavia, isso se limita aos que têm fé. Com os descrentes, ocorre o contrário: sofrimento gera sofrimento, a
ansiedade piora a situação, que, por fim, se tornainfernal. Por essa razão, o segredo da felicidade consiste em
compreender esta verdade.
2 de dezembro de 1953
(1) Título anterior: “Conheça a Vontade Divina”.
(2) Pecados e impurezas: Tsumikegare em japonês. O termo tsumikegare pode ser dividido em duas palavras: tsumi, que, no âmbito legal, se refere aos
crimes, delitos e infrações e, no aspecto religioso, significa “pecado” e descreve qualquer desobediência à Vontade de Deus, em especial, qualquer
desconsideração deliberada das Leis Divinas. Já a palavra kegare significa “impureza” e é utilizada particularmente no xintoísmo como termo religioso. São
causas típicas de kegare o contato com qualquer forma de morte, parto, doença, menstruação, cuja condição pode ser remediada através de rituais de
purificação.
(3) Princípio da correspondência: segundo Meishu-Sama, é o princípio em que os fatos e as coisas do mundo material têm correspondência com a situação
espiritual dos envolvidos. Por exemplo, o local do corpo que está enfermo corresponde ao local do espírito que tem nuvens espirituais; o tipo de sofrimento
que se está passando corresponde ao tipo de pecado cometido etc. Pelos caracteres em japonês, esta palavra pode ser entendida, também, como lei da
concordância.
(4) Nota: aqui Meishu-Sama faz uma analogia do ser humano com um recipiente sujo que precisa ser limpo antes de ser usado.
(5) Incêndio de Atami: grande incêndio ocorrido na cidade de Atami, província de Shizuoka, no Japão, em abril de 1950.
J
CAMADAS DO MUNDO ESPIRITUAL
á expliquei que o Mundo Espiritual é constituído de três planos: Paraíso, Intermediário e Inferno. Vou expor sua
estreita relação com o destino do ser humano.
Cada plano se subdivide em sessenta camadas de modo que, no total, são cento e oitenta camadas, as quais
denomino Camadas do Mundo Espiritual.
O ser humano nasce neste mundo por desígnio de Deus. Deve ser por isso que o ideograma mei [desígnio] da
palavra seimei [vida] é o mesmo mei da palavra meirei [comando, ordem]. Eis uma pergunta que qualquer pessoa faz:
qual é a razão de o ser humano ter nascido neste mundo? Enquanto não compreender verdadeiramente essa razão,
não há como ele ter um comportamento correto e alcançar a paz interior, além de correr o risco de levar uma vida
vazia e ociosa. Então, qual é o propósito de Deus? É fazer deste mundo um mundo ideal, ou melhor, é construir o
Paraíso Terrestre. Contudo, é difícil imaginar e exprimir em palavras a amplitude e a magnificência desse plano de
construção. Até porque, não há limites para a cultura, que já vem progredindo continuamente. Nesse sentido, a
história mundial de até agora não passou da preparação dos alicerces. Deus, concedendo diferentes missões e
características a cada pessoa e alternando a vida e a morte, está fazendo evoluir Seu plano em direção ao objetivo
almejado. Portanto, devemos saber que o bem e o mal, a guerra e a paz, a destruição e a construção, são processos
necessários à evolução.
Como já explanei minuciosamente, atualmente estamos no período que denomino Transição da Noite para o Dia.
O mundo está exatamente a um passo de dar um grande salto em direção a uma nova era e a humanidade, pronta
para alcançar um alto nível de cultura, libertando-se da selvageria. Com isso, a guerra, a doença e a pobreza terão
fim. Evidentemente, o Johrei exercerá um papel fundamental, e o seu surgimento é o prenúncio dessa mudança.
Deus, seguindo Seu propósito, emite ininterruptamente ordens ao ser humano. De que forma isto ocorre? Em
uma das camadas do Mundo Espiritual, existe a matriz de cada indivíduo que denominei de yukon. Primeiramente,
Deus emite ordem ao yukon e este, por sua vez, a transmite por meio do elo espiritual à alma(6), que está no centro do
corpo espiritual do ser humano. No entanto, é muito difícil conseguir captar a ordem Divina. Somente quem possui
corpo espiritual purificado até certo ponto, é que consegue. A maioria das pessoas não consegue perceber a ordem
Divina devido ao bloqueio causado pelas muitas nuvens espirituais e pela ação dos espíritos malignos que se
aproveitam dessas nuvens.
A prova disso é que, muitas vezes, aquilo que foi planejado não corre a contento ou o destino acaba tomando um
rumo sequer imaginado. Isso pode ocorrer com qualquer pessoa. Além disso, é possível que o ser humano se sinta
constantemente governado por algo, ou então, tenha que seguir um destino, sem que nada possa fazer a respeito. É
que, de acordo com a camada em que o yukon se encontra no Mundo Espiritual, há diferença na missão e também no
destino, isto é, quanto mais alta estiver a posição do yukon da pessoa naquele mundo, maior e mais elevada será a
missão recebida de Deus e mais afortunada ela será. Por outro lado, quanto mais baixa for a posição do yukon, menos
feliz será a pessoa e, quando aquele atingir a última camada inferior, ela será extremamente infeliz. Isto porque, as
camadas superiores correspondem ao Paraíso, um mundo de alegria, onde não existem doença e conflito, e os
recursos materiais são abundantes. Em contraposição, as camadas inferiores correspondem ao mundo de sofrimentos,
repleto de doença, conflito e pobreza. Nesse sentido, para ser verdadeiramente feliz, o ser humano deve, antes de
mais nada, elevar a posição do seu yukon no Mundo Espiritual. Então, como conseguir isso? A única maneira é
purificar o corpo espiritual. Basicamente, conforme a quantidade de nuvens espirituais, o corpo espiritual pode se
elevar ou decair. O espírito purificado sobe por ser leve, e o espírito nublado desce por ser pesado. Para tornar-se
uma pessoa de espírito purificado é preciso somar boas ações e acumular virtudes. Para tal, é necessário dispender
tempo e esforços consideráveis. Contudo, existe um meio que possibilita subir, de uma só vez, várias dezenas de
camadas no Mundo Espiritual. Qual seja, fazer o curso para aprender o método do Johrei.
Aqueles que ingressam em nossa religião têm afirmado unanimemente que, em termos espirituais, logo de início,
sua visão sobre a vida mudou radicalmente e que conseguiram compreender melhor a realidade das coisas em virtude
do aumento do tieshokaku(7). Passaram a vislumbrar luz no futuro, libertaram-se de suas inseguranças e tornaram-se
otimistas, obtendo, pela primeira vez, a verdadeira sensação de paz. Em termos materiais, os recursos começaram a
chegar em abundância, por isso, não têm mais passado necessidades. Ficam admirados, pois a infelicidade diminuiu e
a felicidade aumentou. Diariamente, tenho lido e ouvido relatos de gratidão de muitas pessoas afirmando: “Fui salvo,
estou profundamente grato!”
5 de fevereiro de 1947
(6) Alma: Neste caso, Meishu-Sama usou o nome guenkon para alma, diferente do usado comumente em seus ensinamentos. Guenkon significa literalmente
“alma material” e contrasta com yukon, que literalmente significa “alma espiritual”. O guen de guen-kon é o mesmo de guen-kai (Mundo Material),
enquanto que o yu de yu-kon é o mesmo de yu-kai (Mundo Espiritual). Dessa forma, é possível concluir que Meishu-Sama empregou esse termo para
mostrar que a relação que existe entre a alma (guenkon) e o yukon é similar à relação que existe entre o Mundo Material (guenkai) e o Mundo Espiritual
(yukai).
(7) Tieshokaku: termo utilizado por Meishu-Sama para designar a sabedoria humana que se desenvolve proporcionalmente à elevação espiritual do
indivíduo. É também chamada de “inteligência da suprema iluminação”.
T
ESPÍRITOS PROTETORES(8)
odo ser humano possui, no Mundo Espiritual, espíritos protetores que o acompanham e o protegem
constantemente. É dito que o ser humano é filho ou templo de Deus. Como já disse, o motivo disso é o fato de
ele possuir a partícula divina outorgada por Deus. Esta partícula é o espírito protetor primordial. O espírito animal,
que encosta após o nascimento, é o espírito protetor secundário, que pode ser de: raposa, tanuki(9), cão, gato, cavalo,
boi, macaco, doninha etc. ou, ainda, diversos tipos de ryujin(10), tengu(11) e aves. Geralmente, é atribuída à pessoa
uma espécie de animal, mas, em casosraros, podem ser duas ou mais.
Eu imagino que as pessoas da atualidade dificilmente acreditem nisso e devem até mesmo zombar. Contudo, por
meio de inúmeras experiências, cheguei à conclusão que se trata de uma realidade incontestável. O espírito protetor
primordial a que me referi há pouco, é a bondade inata do ser humano, é o seu lado bom. O espírito protetor
secundário, ao contrário, é o mal, é o pensamento maligno. No budismo, o bom coração é denominado bodaishin
[compaixão e sabedoria] ou busshin [misericórdia búdica], e o pensamento maligno de bonno [desejos mundanos].
Além desses dois espíritos protetores – primordial e secundário – existe o espírito protetor guardião. Trata-se do
espírito de um ancestral. Assim que uma pessoa nasce, um espírito que fora escolhido entre seus ancestrais, recebe a
missão de protegê-la. Via de regra, é um espírito humano, mas também podem ser espíritos humanos que assumiram
a forma de ryujin, raposa, tengu etc. Por exemplo, meu espírito protetor secundário é karassu-tengu(12) e o guardião,
ryujin.
Muitas vezes, diante de um perigo iminente, a pessoa é salva milagrosamente, recebe sinais, tem avisos por meio
de sonhos ou pressentimentos. Tudo isso é atuação do espírito protetor guardião. O mesmo se pode dizer em relação
à inspiração recebida pelos artistas no momento da criação e pelos inventores quando estão concentrados em seus
estudos. Da mesma forma, Deus atua por intermédio do espírito protetor guardião tanto na realização dos desejos
corretos do ser humano quanto no caso de recebimento de graças por meio da fé.
As antigas expressões, “A sinceridade transmite-se aos Céus” e “O coração sincero transmite-se a Deus”, indicam
que Deus concede Suas bênçãos por intermédio do espírito protetor guardião.
5 de fevereiro de 1947
(8) Título anterior: “Os três espíritos do homem”.
(9) Tanuki: espécime animal conhecido como cão-guaxinim. No folclore japonês, o tanuki é apresentado como uma entidade espiritual muito alegre e
travessa.
(10) Ryujin: seres mitológicos conhecidos como “dragões”, que estão em constante atividade para o cumprimento de suas missões. Fenômenos naturais,
como o vento, a chuva, o relâmpago e outros, são provocados pelos dragões cujo objetivo é a purificação do espaço entre o Céu e a Terra. Os dragões
grandes, médios e pequenos residem nos oceanos, nos mares, nos lagos, nos pântanos, nos rios, nos poços e até mesmo nos lagos artificiais, protegendo-os.
(11) Tengu: ser mitológico, tem a missão de proteger as montanhas. O que ele mais aprecia é uma discussão; quando sai vencedor, sua posição espiritual se
eleva. É orgulhoso, ambicioso, amante do jogo e também da pintura e da poesia. Seu maior prazer é a bebida. Nas pinturas e nas máscaras, é representado
com um nariz muito longo e com o rosto vermelho.
(12) Karassu-tengu: variedade de tengu com cabeça de corvo.
J
VENÇA O PRÓPRIO MAL
á escrevi um artigo intitulado “Vencer o mal” com o sentido de que não devemos nos deixar ser vencidos pelo
homem perverso. Agora, falarei sobre a necessidade de vencermos o mal que existe em nosso íntimo.
No interior de cada ser humano, a todo momento, trava-se uma batalha entre o bem e o mal. É a luta para
subjugar os desejos mundanos, conforme a interpretação budista. Como a ambição humana não tem limite, o bem
tenta refrear o mal, que vive seduzindo o ser humano em relação ao dinheiro, ao sexo, ao poder, à fama e ao egoísmo.
O lado bom adverte: “Olhe, você não pode fazer isso!”; “Tome cuidado, pois se o fizer, você irá passar por maus
bocados”. Além disso, incentiva: “Dê alegria às pessoas”; “Empenhe-se para tornar todos à sua volta felizes!” No
fundo, a luta sem trégua entre o bem e o mal é a pura realidade em que vive o ser humano, tido como o senhor de
todas as criaturas.
Por essa razão, quando o mal vence, cometem-se pecados e gera-se infelicidade; quando o bem vence, cria-se
felicidade. Isso pode parecer óbvio e simples de colocar em prática. Embora saiba disso, o ser humano não consegue
fazê-lo, especialmente os descrentes. No entanto, como nossos fiéis são conscientes disso, perdem bem menos para o
mal. Mesmo assim, não é uma tarefa fácil. Naturalmente, quem nos leva à prática do mal é o espírito protetor
secundário, e quem nos leva à prática do bem, é o espírito protetor guardião. Acima deles, existe ainda o espírito
protetor primordial, que ordena o absoluto bem e, por conseguinte, é preciso ampliar a força dele, a qual domina o
mal completamente.
Assim sendo, o ser humano deve estar sempre atento ao desenvolvimento dessa força, e o único recurso é orar a
Deus e aprofundar a fé. Não existe outro meio para se tornar feliz.
20 de junho de 1951
ELEVAÇÃO DA ESPIRITUALIDADE
S
ELEVAÇÃO ESPIRITUAL
ESPÍRITO E MATÉRIA(13)
e compreendermos que tudo no Universo se fundamenta na Lei Espírito Precede a Matéria, veremos que não há
nada de estranho nos inúmeros milagres que nos são relatados. São casos de pessoas que conseguiram escapar,
por um triz, de um perigo iminente ou que não sofreram um arranhão sequer mesmo caindo de lugares altos. Ou
ainda, exemplos de pessoas que se restabeleceram sem dificuldades de uma doença grave, apesar de terem sido
desenganadas pela medicina. Para compreender perfeitamente essa realidade, porém, torna-se necessária uma
explicação de cunho religioso. Portanto, gostaria que o leitor prosseguisse a leitura ciente disso.
Primeiramente, o que se deve conhecer é a relação entre o Mundo Espiritual e o Mundo Material. Tal como o ser
humano possui roupas para o corpo físico, o espírito também possui uma veste, que é a aura. Esta é uma espécie de
éter, uma luz emanada do espírito e, apesar de ser um corpo difuso, há quem consiga enxergá-la. Ela pode estar
límpida ou nublada, da mesma forma como ocorre com o céu. Ou seja, se pensamos e praticamos o bem, a aura fica
límpida; se pensamos e praticamos o mal, ela fica nublada. Assim, se cremos em uma divindade do bem, recebemos
sua Luz, que dissipa as nuvens; se orarmos a uma divindade do mal, pelo contrário, as nuvens aumentam.
Geralmente, por falta de conhecimento da parte espiritual, as pessoas pensam que toda divindade é do bem.
Todavia, aí está um grave engano, pois, na realidade, as divindades do mal são em maior número. A prova é que
muitas famílias, embora sigam uma religião devotadamente há várias gerações, não conseguem livrar-se dos
infortúnios. Isso ocorre porque estão orando a uma divindade do mal ou de pouco poder. O ser humano deve,
portanto, crer em divindades do bem e salvar o próximo; pois, quanto mais virtudes acumular, mais intensa a Luz se
tornará e, consequentemente, sua aura aumentará. A espessura da aura de uma pessoa comum é de aproximadamente
três centímetros; no caso de um virtuoso, varia entre quinze e trinta centímetros. Os grandes virtuosos que
alcançaram a posição de divindade(14), possuem uma aura de alguns metros, até mesmo de alguns quilômetros. Entre
os grandes religiosos, há aqueles cuja aura alcança diversos países ou povos, por exemplo, Jesus Cristo e Buda
Sakyamuni. A aura do Salvador do mundo, no entanto, possui um poder extraordinário, capaz de envolver a
humanidade em Luz. Contudo, a História nos mostra que, até agora, esse Salvador ainda não se manifestou no
mundo.
Conforme já afirmamos, a aura aumenta ou diminui de acordo com a atitude de cada um. Por conseguinte, o ser
humano deve acreditar nisso e somar muitas virtudes. Por exemplo, no caso de a pessoa ser atingida por um
automóvel ou por um trem, se sua aura for espessa, o espírito do veículo será retido pela aura e ela se salvará. Por
outro lado, se a aura for fina ou inexistente, ela sofrerá ferimentos graves ou até mesmo morrerá. O fato dos nossos
fiéis se livrarem de desastres se deve a esse motivo.
A sorte ou a má sorte também obedecem ao mesmo princípio. Desejo explicar resumidamente a esse respeito. O
corpo físico do ser humano pertence ao Mundo Material, e o espírito, ao Mundo Espiritual. É assim que esses dois
mundos estão organizados. O Mundo Espiritual está divididoem três planos, sendo que cada plano se subdivide em
sessenta camadas, distribuídas, por sua vez, em três subplanos de vinte camadas cada um, totalizando cento e oitenta
camadas. O plano mais baixo, obviamente, é o Inferno; o Plano Intermediário é semelhante ao Mundo Material, e o
plano mais alto é o Paraíso. A maioria das pessoas tem seu espírito localizado em uma das camadas do Plano
Intermediário, podendo fazê-lo subir ou descer de acordo com o grau de bem e mal. Ou seja, se praticar o bem, se
eleva ao Paraíso e, se praticar o mal, decai ao Inferno. Além do mais, diferentemente do Mundo Material, o Mundo
Espiritual é absolutamente justo e imparcial e não há um mínimo de favorecimento, o que não é nada bom para
quem pratica o mal. Aqueles que conseguirem acreditar nisso, poderão ser verdadeiramente felizes.
Obviamente, no Inferno, reinam a inveja, o ódio, o rancor, o ciúme, a pobreza etc., ou como diz o budismo:
repleto de cobiça, ira e ignorância(15). Quanto mais baixo o espírito decai, mais intensos vão-se tornando esses
sentimentos, sendo que a última camada é chamada de Fundo do Inferno, de Inferno de Trevas e Frio Extremo e
também de Purgatório(16). Contudo, esses sofrimentos não se limitam à vida após a morte. Uma vez que o corpo
físico da pessoa está no Mundo Material, os sofrimentos se refletem na matéria exatamente nas mesmas condições
em que o espírito se encontra. É por isso que, constantementem, vemos, nos jornais, casos em que, após viver
sofrimentos extremados, a família inteira chega a planejar o suicídio coletivo. Dessa forma, a sorte ou a má sorte
dependem da posição em que se encontra o espírito no Mundo Espiritual. Evidentemente, isso depende do bem ou
do mal praticado, conforme a Lei de Causa e Efeito. Portanto, não há ninguém mais tolo que o homem mau.
Mesmo que ele consiga progredir na vida valendo-se do mal, seu êxito é temporário; um dia, ele acabará fracassando,
pois, como já disse anteriormente, a posição de seu espírito encontra-se no Inferno. Em contrapartida, por mais
desventurada que uma pessoa seja agora, conforme ela praticar o bem, sua posição no Mundo Espiritual irá se
elevando e, um dia, se tornará feliz, pois esta é uma inexorável Lei Divina. Embora a missão principal das religiões
seja ensinar tal princípio, até hoje, isso não ocorreu de forma satisfatória, pelo fato de elas não terem força suficiente.
Ou seja, por não apresentarem milagres, vieram priorizando as escrituras e os sermões.
Entretanto, é chegado o tempo, e o Deus Supremo está manifestando a Força Absoluta, fazendo surgir
surpreendentes milagres por intermédio da nossa religião, para despertar a humanidade da ilusão em que ela se
encontra. Sendo assim, ninguém poderá deixar de acreditar.
10 de setembro de 1953
(13) Título anterior: “Espírito e corpo”.
(14) Posição de divindade: refere-se às pessoas que elevaram sua posição no Mundo Espiritual, chegaram ao nível do Paraíso e alcançaram a posição de
divindade.
(15) Cobiça, ira e ignorância: os três venenos da mente humana segundo o budismo.
(16) Purgatório: no cristianismo o Purgatório é um lugar diferente do Inferno, mas aqui foi deixado conforme consta no original.
O
RENOVE-SE CONSTANTEMENTE(17)
ser humano deve sempre buscar desenvolver-se e aperfeiçoar-se, sobretudo aqueles que possuem fé. Todavia, na
sociedade, quem menciona assuntos religiosos ou relacionados à fé, é julgado como antiquado e conservador. Não
podemos negar que essa é uma tendência dos fiéis das religiões de até agora. Com os nossos membros, dá-se
justamente o contrário, ou melhor, eles têm o dever de almejar ser o oposto.
Observemos a Grande Natureza. Ela se renova e se desenvolve ininterruptamente: ano a ano, a população humana
aumenta, e as terras vão sendo exploradas. Os meios de transporte, as construções, as máquinas, nada permanece
estagnado. As ervas e as árvores crescem em direção ao céu e nenhuma delas está voltada para baixo. Assim sendo,
uma vez que tudo na Natureza está em constante desenvolvimento e aperfeiçoamento, o ser humano deve aprender
com ela. Esta é a Verdade.
Nesse sentido, eu me esforço ao máximo para não negligenciar meu desenvolvimento e aperfeiçoamento: este mês,
mais do que no mês anterior; este ano, mais do que no ano passado.
Todavia, progredir somente na parte material, isto é, nos negócios, na profissão e na posição social, assemelha-se a
algo sem solidez, que flutua como uma planta sem raiz. Portanto, torna-se indispensável a busca pelo
desenvolvimento espiritual, ou seja, o enobrecimento do caráter. Tendo isso em mente, o ser humano deve procurar
aperfeiçoar a si mesmo, um passo de cada vez, sem pressa. É importante não se impacientar.Mesmo que esse
aperfeiçoamento ocorra aos poucos, com o tempo, certamente, ele se tornará uma pessoa admirável. Na verdade, só
pelo fato de buscar praticar, significa que já o é. Agindo dessa forma, sem dúvida, ganhará a confiança dos outros,
tudo correrá satisfatoriamente, e ela se tornará feliz.
Falar desse modo pode soar para os jovens da atualidade como moral antiquada e já superada, mas muito pelo
contrário: quem consegue fazer isso, é, de fato, um ser humano em constante renovação e desenvolvimento. Quando
observo as pessoas, baseando-me nesse critério, sinto que muitas são retrógradas. Seus pensamentos e assuntos são
sempre os mesmos e permanecem sem apresentar qualquer mudança ou progresso. Encontrar-me com pessoas assim
não me desperta nenhum interesse, pois elas se limitam a assuntos triviais, não falando de religião, de política, de
filosofia e muito menos de arte.
Notamos que, no mundo, a maioria das pessoas é assim. Não é nossa intenção condená-las, mas espero que, pelo
menos, nossos fiéis não tenham um comportamento antiquado, pois não aprecio tal postura. Aliás, parece-me que
estes são em pequeno número.
Como é do conhecimento de todos, neste momento de transição do mundo, nossa religião, visando à salvação da
humanidade, está se empenhando em despertá-la para sua cultura equivocada, e também em construir um mundo
novo e ideal. Por conseguinte, faz-se necessário que todos busquem tornar-se pessoas que se renovam e se
desenvolvem constantemente. Eis o sentido do meu costumeiro conselho: sejam pessoas do século XXI.
11 de outubro de 1950
(17) Título anterior: “Sejam sempre homens do presente”.
Q
ESCRAVOS DAS TUMBAS?
uem ler este título poderá achá-lo bastante inusitado, mas, ao proceder à leitura do texto, por certo, concordará
perfeitamente.
O título se refere às pessoas que se satisfazem em preservar as velhas ideologias e a cultura que cheira a mofo, das
quais não conseguem desvencilhar-se. É do conhecimento de todos que o ser humano não consegue se desfazer tão
facilmente das tradições e costumes mantidos desde os seus ancestrais. É a essas pessoas que chamo de “escravos das
tumbas”. Hoje em dia, quando tudo progride, de fato, aqueles que possuem tal tipo de pensamento são retrógrados.
Em âmbito maior, os Estados Unidos e a Inglaterra de hoje são um exemplo disso.
Não é necessário dizer que a prosperidade e o poderio dos Estados Unidos, atual líder do mundo, podem ser
realmente considerados a maravilha do século XX. A origem disso está no extraordinário pensamento progressista do
povo americano, que adota, irrestritamente, qualquer coisa que seja nova e melhor do que existia até então. Em
contrapartida, a Inglaterra, embora sofra com seu arraigado pensamento conservador, chega até a se orgulhar disso.
Isso fica claro ao observarmos a cidade de Londres: a beleza clássica de sua arquitetura é maravilhosa, mas a ausência
da beleza das cidades modernas reflete a situação atual do país. Da mesma forma, mesmo em termos de império
britânico, tem-se a impressão que toda aquela pujança de apenas meio século foi num passado longínquo. Outrora,
dominando os sete mares e controlando grande número de colônias, a Inglaterra auferia uma enorme renda sem
precisar trabalhar. De fato, não deve ser apenas os ingleses que sentem a diferença entre o passado e o presente. Por
esses dois exemplos,fica muito clara a diferença entre o país que é “escravos das tumbas” e o que não é.
Outros países, no Ocidente, como o Egito, a Grécia, a Pérsia(18), a Espanha, Portugal e, no Oriente, como a Índia,
a China e a Coreia, vieram tendo o mesmo destino. O motivo é que ficaram presos aos tempos áureos, o que se
tornou um obstáculo para a visão empreendedora e, em consequência, enfraqueceu aqueles países. Por essa razão, a
história nos mostra muito bem o quanto ser “escravos das tumbas” é catastrófico. E nem a religião foge à regra. Um
exemplo bem marcante é o budismo. Na Índia, berço do budismo, existem atualmente cerca de trezentos mil fiéis, o
que representa um fiel para cada mil habitantes. Na realidade, é o mesmo que ele tivesse se extinguido. Na China,
dizem que quase não existe nem sombra do budismo e, no Japão, ele está por um fio.
A seguir, vem o cristianismo, cujo apogeu se deu na Idade Média. A Igreja detinha o poder de julgar e condenar,
de forma que é fácil imaginar seu domínio. Hoje, como todos sabem, talvez também por influência da cultura
científica, tornou-se uma existência apenas simbólica.
Pelos fatos citados, não é preciso dizer que as culturas se transformam com o passar do tempo. A teoria de
Bergson(19) sobre a evolução e criação contínua da vida deve referir-se a isso. A lei da evolução, que determina a
queda do obsoleto e o avanço do novo, pode ser compreendida claramente observando-se o curso da história.
Neste sentido, a civilização somente evoluirá com o surgimento de uma extraordinária linha de pensamento, capaz
de assumir a liderança de uma nova era. E, para tanto, é necessário surgir uma religião grandiosa que marcará a
história. Sendo assim, afirmo que a nossa Igreja Messiânica Mundial é a que mais atende a este requisito.
Obviamente, a comprovação dessa verdade são as nossas muitas atividades de salvação realizadas em variados campos
de atuação. Vou-me omitir na enumeração de cada uma delas, pois logo perceberão isso se entrarem em contato com
ela. Como sempre digo, aquilo que já foi feito por alguém, eu deixo a seu cargo. É por isso que todas as nossas
atividades não foram empreendidas por ninguém até hoje.
O que pretendo é ser pioneiro de um novo mundo culturamente desenvolvido jamais sonhado. E tenho convicção
de que esta é a missão que recebi dos Céus. Evidentemente, conforme disse no título, o ponto fundamental é que
estou atuando baseado em um pensamento que não é o de “escravo das tumbas”.
20 de maio de 1953
(18) Pérsia: atual Irã.
(19) Bergson: Henri Bergson, filósofo francês (Paris, 18 de outubro de 1859 – Paris, 4 de janeiro de 1941).
A
SER AMADO POR DEUS
essência da fé, em poucas palavras, é “ser amado por Deus” isto é, “ser do agrado de Deus”. Então, surge a
seguinte questão: que tipo de pessoa Deus ama? Antes de esclarecer isso, porém, existe algo que é preciso saber em
relação à missão da nossa religião.
O Fim do Mundo ou Juízo Final, mencionado por Jesus Cristo, e a Destruição da Lei Búdica, anunciada por Buda
Sakyamuni, são fatos que estão prestes a ocorrer. Em relação a isso, divindades e budas, com seu grande amor
misericordioso, desejam que o maior número de pessoas consiga ultrapassar o momento crítico que o mundo
vivenciará. E como Deus fará isso? Naturalmente, Ele atuará por meio do ser humano, e acredito que fui escolhido
para ser o responsável por esta grande missão.
Uma vez que se trata de uma missão extraordinariamente grande, jamais vista ou ouvida, não consigo deixar de me
perguntar se não seria pesada demais para uma pessoa comum como eu. No entanto, como essa missão me foi
confiada pelo grandioso Deus, fiquei sem alternativa. No início, duvidei e até resisti, mas não tive como recusá-la.
Deus me maneja livremente. Não foram poucas as vezes em que Ele me fez sentir alegrias extremas e também
enfrentar situações de intenso sofrimento. Cada vez que isso ocorria, percebia que Sua forma de atuar é profunda e
misteriosa, causando-me uma indescritível sensação, um misto de alegria e gratidão, que pode ser chamado de sabor
da vida. É difícil expressar isso em palavras. Fico a pensar se mais alguém na face da Terra já teve tal sensação.
Voltando ao assunto principal: o que se deve fazer para ser do agrado de Deus? Saber isso é essencial. Para ser do
Seu agrado é preciso, antes de mais nada, procurar não fazer aquilo de que Deus não gosta. Ao contrário, deve-se
empenhar ao máximo naquilo que Lhe agrada. Qualquer pessoa sensata sabe que Deus não gosta de ações que
estejam em desacordo com o caminho(20), ou seja, mentir, fazer os outros sofrer, causar transtornos à sociedade etc.
Atualmente, é grande o número de pessoas que não se importam com o próximo e pensam apenas em si,
manifestando isso em atos. E não há nada pior do que isso! Agindo assim, é impossível ser do agrado de Deus. Por
tal motivo, cada um precisa saber se está sendo do agrado de Deus ou não. E como discernir isso? É algo
extremamente simples, rápido e não dá trabalho. É possível sabê-lo de imediato. Explicarei a seguir.
Quem não está no agrado de Deus, geralmente comenta: “Para mim, nada dá certo. Sofro com problemas
financeiros. Meu trabalho não vai bem. Ninguém confia em mim. As pessoas se afastam, e minha saúde também não
é boa. Realmente, não entendo por que as coisas não correm satisfatoriamente comigo, apesar de eu me empenhar
tanto.” Essa situação é porque a pessoa não está no agrado de Deus. Todavia, se ela estiver, o trabalho fluirá muito
bem, inúmeras pessoas se aproximarão, a ponto de ela não ter sossego e obterá recursos materiais em abundância. O
mundo, então, se tornará um lugar muito agradável de se viver.
Assim, creio que o leitor deve ter compreendido que a fé só passa a ter valor quando as pessoas se tornam felizes.
Portanto, saibam que, se apesar de professar a fé, a pessoa não alcançar a felicidade, é porque, infalivelmente, a
causa reside em seu íntimo.
25 de maio de 1949
(20) Caminho: conduta esperada de um ser humano em termos de ética e moral.
J
O SEGREDO DA SORTE NA VIDA(21)
á escrevi a respeito deste assunto em outras oportunidades, mas insisto em detalhá-lo porque, quanto mais observo
o mundo atual, mais vejo pessoas infelizes.
É desnecessário dizer que, desde a antiguidade, não existe para o ser humano uma questão tão complexa quanto ter
ou não ter sorte na vida. Talvez o ser humano esteja fadado, desde o momento em que passa a se perceber como
pessoa até o momento que morre, a nunca se libertar do desejo de obter a sorte. Isto porque, geralmente, quanto
mais se quer entender algo, mais difícil é compreendê-lo. Por essa razão, quando se assimila um mínimo que seja, já
é uma grande coisa. Felizmente, compreendi claramente o fundamento para se ter sorte na vida. Além disso, após
colocá-lo em prática, verifiquei que não há o mínimo de erro, de modo que o exponho com plena convicção.
Como todos sabem, não existe nada tão abstrato e difícil de se obter quanto a sorte. Ademais, por ser algo que
independe da própria pessoa, a única alternativa é deixar-se ficar à mercê dela. Eis o que é a sorte. A frase: “A vida é
uma grande aposta” faz todo o sentido. Por conseguinte, até mesmo pessoas tidas como sábias, que aparentam ter
desistido de buscar a sorte, não conseguem desapegar por completo e, talvez, esta seja a sina do ser humano. Diante
disso, é o desejo de querer agarrar a sorte a todo custo que possibilita levar a vida adiante.
É por esse motivo que as pessoas passam a vida “quebrando a cabeça” em uma busca desenfreada pela realização de
seus desejos e ambições. Não existe nada mais irônico do que a sorte: quanto mais tentamos agarrá-la, mais ela foge.
No Ocidente, existe um ditado que diz: “Agarre a sorte pelo cabelo(22)”, pois, caso se perca a oportunidade, ela não
voltará mais. É exatamente isso.
Pela minha longa experiência, sinto que a sorte vive zombando de nós. Parece fácil agarrá-la, mas nunca
conseguimos. Quando está bem diante dos olhos e se tenta apanhá-la, ela acaba escapando. Quanto mais se
persegue, mais rapidamente elafoge. Essa tal da sorte é mesmo muito complicada. Todavia, devo dizer que eu
consegui alcançá-la de fato. O que dificulta minha explicação sobre isso é que existem pontos difíceis de serem
compreendidos por quem não professa a fé. Isto porque elas olham somente a parte superficial das coisas e não o que
está em seu interior; aliás, não conseguem fazê-lo. No caso da sorte, a causa está justamente nessa parte interna. Sem
ter tal compreensão, é impossível alcançá-la. Por exemplo, quando o ser humano movimenta o corpo, não é o corpo
em si que se move; o que o faz mover é a consciência, que está no seu interior. Com a sorte ocorre o mesmo: o
ponto-chave é o seu interior. Vou explicar melhor.
A parte superficial à que me refiro, é o Mundo Material, e a parte interior é o Mundo Espiritual, um espaço
invisível. Esta é a estrutura deste grande mundo estabelecida pelo Criador. Da mesma forma que a consciência move
o corpo, o Mundo Espiritual movimenta o Mundo Material. Em tudo, o Mundo Espiritual é o principal, e o Mundo
Material, o secundário. Portanto, mesmo em se tratando da sorte, basta que o espírito se torne afortunado no Mundo
Espiritual. Quando isso se refletir no corpo material, obviamente passa-se a ter sorte na vida.
Darei explicações mais detalhadas sobre o Mundo Espiritual.
Ele possui um sistema hierárquico mais imparcial e rigoroso do que o do Mundo Material. É constituído de cento
e oitenta camadas, distribuídas em três planos de sessenta camadas cada um. Naturalmente, o plano de cima é o
Paraíso; o debaixo é o Inferno, e o do meio é o Plano Intermediário, correspondente ao Mundo Material.
Talvez o homem contemporâneo não acredite em minha teoria de imediato. Entretanto, como Deus me revelou
isso detalhadamente e, além disso, adquiri o mais profundo conhecimento sobre a relação entre o Mundo Espiritual
e o Mundo Material por meio de minha longa experiência, não há o menor erro no que estou afirmando. Como
prova disso, existem inúmeras pessoas que, acreditando e praticando o que acabo de dizer, conseguiram obter sorte
na vida e eu me incluo entre elas. Se me analisarem objetivamente, poderão constatar meu estado de felicidade.
Falarei um pouco mais sobre as camadas espirituais mencionadas há pouco.
O corpo físico do ser humano está no Mundo Material, e o espírito, por sua vez, localiza-se em uma das cento e
oitenta camadas do Mundo Espiritual. Esta localização é algo como um registro do espírito. No entanto, ela não é
fixa, isto é, oscila constantemente para cima ou para baixo. Uma vez que o destino do ser humano acompanha essa
oscilação, o ser humano deve esforçar-se para elevar-se às camadas espirituais mais altas.
Evidentemente, as camadas baixas representam o próprio Inferno: um mundo de trevas, de doença, de pobreza, de
conflito, repleto de demônios e seres monstruosos, num turbilhão com todos os tipos de sofrimentos. Ao contrário
disso, quanto mais altas forem as camadas, melhores serão as condições. Trata-se de um mundo ideal, pleno de
saúde, prosperidade e paz, semelhante ao Paraíso do budismo e do cristianismo, pacífico e iluminado. As camadas
intermediárias são um meio-termo entre os dois mundos citados. Conforme vimos, a posição do registro no Mundo
Espiritual projeta-se de maneira idêntica na matéria, refletindo-se no destino da pessoa. Sendo assim, fica claro que
elevar a posição do espírito é o princípio fundamental para se obter sorte na vida.
Como nos mostra a realidade, existem muitas pessoas que progridem na vida e passam a ser alvo da inveja das
pessoas. Elas se mantêm deslumbradas e pensam que esse sucesso continuará eternamente. Um dia, porém,
inesperadamente, fracassam e se veem arruinadas, retornando ao estado anterior. Isto se verifica pelo
desconhecimento do princípio citado e pela demasiada confiança na força humana. Além do mais, mesmo que
tenham obtido êxito no aspecto material, seu espírito está no Inferno, pois o fizeram por meio do sofrimento alheio e
forçando situações. Por conseguinte, pela Lei Espírito Precede a Matéria, seu destino refletirá isso. O espírito, assim
como a matéria, tem peso, de modo que, se for pesado, cairá no Inferno e, se for leve, elevar-se-á ao Paraíso. A
conhecida expressão “peso do pecado” refere-se exatamente a isso.
As más ações nublam o espírito e o tornam pesado. Ao contrário, as boas ações o tornam leve, fazendo-o elevar-se.
Por conseguinte, acautelar-se contra o mal, não cometer pecados e praticar o bem o máximo possível torna o espírito
leve. Este é o segredo para se obter a sorte na vida. Sendo esta a Verdade, afirmo que não há outro método para
obtê-la.
Embora tudo isso seja teoricamente compreensível, na hora de se colocar em prática é que fica complicado. Existe,
porém, um método fácil para se conseguir isso: a fé. Logo, quem realmente deseja obter sorte na vida, deve, em
primeiro lugar, ingressar na fé.
3 de fevereiro de 1954
É
INTELIGÊNCIA DA PERCEPÇÃO VERDADEIRA
LUZ DA INTELIGÊNCIA
costume referir-se à inteligência como sendo uma coisa única. Contudo, ela pode ser de vários tipos, apresentando
diferentes níveis de profundidade, como explicarei a seguir.
Dentre as inteligências, as mais elevadas são: divina, do bem e superior. Para alcançá-las é preciso praticar
fervorosamente a fé, porque tais inteligências só afloram a partir do sentimento puro e correto, que admite a
existência de Deus. Portanto, se todo empenho e conduta forem embasados na inteligência do bem, tudo correrá
satisfatoriamente, e a verdadeira felicidade será alcançada.
Em contraposição, estão as inteligências oriundas do mal, como a ardilosa, a astuta, a maligna, entre outras. Todos
os criminosos possuem esses tipos de inteligência, e os que cometem crimes intelectuais(23), como os golpistas, são os
mais destacados. Assim, muitos dos heróis da história e dos que foram temporariamente bem-sucedidos, eram nada
mais do que possuidores, em larga escala, dessas inteligências do mal.
É interessante notar que, quanto mais a inteligência for do bem, mais profunda ela é, e quanto mais for do mal,
mais superficial ela se mostra. Isto pode ser comprovado claramente na história dos malfeitores desde as épocas
remotas até hoje. Apesar de acharem que arquitetaram seus planos com perfeição, na prática sempre contêm alguma
falha que se torna o motivo do fracasso, e acabam sendo descobertos.
Por conseguinte, se o ser humano almeja a prosperidade duradoura e não apenas temporária, é necessária a atuação
da inteligência profunda. E esta aflora proporcionalmente à intensidade do makoto(24). Portanto, é imprescindível ser
uma pessoa de fé correta.
Se compreenderem essa lógica, fica fácil verificar a causa dos males sociais da atualidade. Isso se deve à
superficialidade do pensamento do homem contemporâneo, observada, por exemplo, nos políticos de visão limitada
que, só depois de ocorrido um problema, é que se apressam para tomar providências. Esse ponto é muito semelhante
ao tratamento sintomático da medicina. Ora, todo problema surge porque existe uma causa e, de forma alguma,
acontece por acaso.
Com inteligência superficial, não se conseguem antever as coisas, o que torna impossível estabelecer uma estratégia
efetiva. Assemelha-se aos jogos de tabuleiro como damas e xadrez, nos quais o jogador experiente ganha a partida
porque enxerga muitos lances subsequentes; e o inexperiente, obviamente, é derrotado porque não os prevê.
Neste sentido, o ser humano deve conscientizar-se de que, se não cultivar a inteligência do bem e não houver
atuação da inteligência superior, nada ocorrerá com êxito. Deve igualmente saber que a fé é o único meio para
cultivá-las.
30 de janeiro de 1950
(21) Título anterior: “O segredo da boa sorte”.
(22) “Agarre a sorte pelo cabelo”: ditado italiano que diz que a sorte é uma pessoa careca com cabelo apenas na parte frontal da cabeça e que, portanto, você
deve agarrá-la pelo cabelo assim que surgir à sua frente. Caso contrário, não será mais possível segurá-la.
(23) Crimes intelectuais: delitos cujos autores, premeditamente,utilizam a inteligência para concretizá-los. Exemplos: hackers, fraudadores.
(24) Makoto: palavra japonesa que possui significado amplo, podendo ser compreendido como: sentimento sincero e verdadeiro, comprometimento,
devoção e amor.
C
A EXPRESSÃO “SABER DAS COISAS”(25)
omo é profunda e sutil a expressão “saber das coisas(26)”! Talvez não exista algo equivalente em outro idioma.
Como sua interpretação é muito difícil, vou tentar esclarecê-la da melhor maneira possível.
Esmiuçando seu significado, pode-se dizer que ela tem o sentido de experimentar, aprofundar e captar a essência
das coisas que existem no mundo e, depois, expressá-la de alguma forma. Por exemplo, diante de um problema,
procura-se descobrir o ponto vital avaliando as possíveis consequências de determinada ação.
Ao contrário disso, aquele que não tem percepção nem sabedoria costuma argumentar, de forma imatura e infantil,
que age inconsequentemente sem se incomodar com a censura e o desprezo dos demais. Normalmente, é tachado de
imaturo, mimado ou grosseiro. Existe, igualmente, a palavra “erudito” para designar quem possui vasto
conhecimento no campo cultural.
É muito grande o número de pessoas que não possuem sabedoria, como os políticos da atualidade, que fazem
alarde sobre questões insignificantes, sem se darem conta de que são recriminados pelos mais esclarecidos. Portanto,
seu comportamento nada mais é do que a demonstração da própria pequenez. Pessoas assim são prisioneiras da visão
shojo(27) e estão constantemente empenhadas na autopromoção. É devido às ações dessas criaturas medíocres que a
eficiência e a credibilidade do Congresso Nacional são sempre prejudicadas. Em outras palavras, são ignorantes.
Certamente, é pela existência do grande número de políticos dessa natureza que se gastam longas horas e não se
chega a conclusões e resoluções mais rapidamente nas discussões. Ao contrário, se a maioria fosse sábia, ela chegaria
ao consenso rapidamente. No entanto, o problema é que pessoas sábias detestam se expor e evitam entrar em conflito
com pessoas ignorantes, e acabam se retraindo, mantendo-se em silêncio. Esses ignorantes se aproveitam da situação
e passam a se exibir cada vez mais. O mundo é curioso, pois quem age assim torna-se conhecido, e a fama aumenta
sua probabilidade de ser eleito por ocasião das eleições. Sendo assim, os ignorantes passam a representar a maioria, e
os sábios, a minoria. Como se tem visto nos últimos tempos, o fato de se passar noites em claro discutindo um
problema sem encontrar uma solução, demonstra claramente isso.
Entretanto, no final, o que se verifica mesmo é que a opinião daqueles que sabem o que dizem é que acaba sendo
aceita. No mundo político, as pessoas que mais se destacam são aquelas que menos se expõem, e naturalmente são
reconhecidas e valorizadas. Nesse sentido, creio que o atual primeiro-ministro do Japão, Shigeru Yoshida [1878–
1967], é a pessoa mais sábia entre os políticos da atualidade. Isso não se limita ao mundo político: em todos os
setores da sociedade, aqueles que são considerados competentes, em sua maioria, são pessoas sensatas, o que talvez
seja natural.
Acima, referi-me ao aspecto intangível; a seguir, desejo falar sobre o aspecto material. Para facilitar a compreensão,
acho melhor basear-me na Arte, já que muitos dos sábios são grandes personalidades dotadas de extraordinário senso
estético.
Quem eu gostaria de tomar como exemplo em primeiro lugar é o príncipe Shotoku(28), detentor de vasto
conhecimento sobre a cultura budista, principalmente no aspecto artístico, o que dispensa comentários. A evidência
disso está no Templo Horyuji(29) e nas demais obras deixadas por ele, que conservam o esplendor da sua
magnificência. Podemos dizer que a famosa “Constituição de Dezessete Artigos”, de sua autoria, é o alicerce das leis
japonesas.
A seguir, vamos citar Yoshimassa Ashikaga(30), que, embora tenha sido alvo de críticas em outros setores, prestou
relevante serviço à Arte. Além de construir o Templo Guinkakuji(31), foi apreciador da arte chinesa, tendo
colecionado as melhores obras artísticas das eras Song [960–1279] e Yuan [1200–1368]. Além disso, estimulou a arte
japonesa, fazendo produzir obras de alta qualidade, conhecidas como higashiyama gyobutsu(32), as quais, ainda hoje,
deleitam a visão dos que as apreciam. Logo, seu legado é realmente digno de louvor.
No entanto, quem merece nosso maior elogio é Hideyoshi Toyotomi(33). Por um lado, ele possibilitou o
surgimento da exuberante arte e cultura do período Momoyama [1573–1603]; por outro, foi o grande incentivador
da cerimônia do chá, como arte que prima o senso do wabi(34). É notável o fato de Hideyoshi ter incentivado o
talento de Senno Rikyu(35), cuja maravilhosa contribuição foi a consolidação do caminho do chá, que, até então, era
pouco desenvolvido.
Graças a tudo isso, naquela época, houve um rápido desenvolvimento da cultura e da arte e o surgimento sucessivo
de gênios e de grandes mestres. Entre eles, estão Enshu Kobori(36) e Chojiro(37). Este, da mesma forma que
Yoshimassa, colecionou, além de obras japonesas e chinesas, os objetos artísticos da dinastia Joseon, da Coreia
[1392–1897]; também é seu mérito ter dado um novo impulso à cerâmica no Japão.
Não podemos deixar passar despercebida a existência de Koetsu Hon-ami(38). Ele foi pintor e calígrafo notável,
introdutor de inovações no maki-e(39), na fabricação de cerâmica raku etc. Possuía originalidade e versatilidade em
todas as artes, o que o tornava insuperável. Um grande legado seu foi ter influenciado, cem anos após o seu
falecimento, Korin Ogata(40), expoente máximo da pintura no Japão, algo que talvez nem Koetsu pudesse ter
imaginado. Ogata tornou-se um grande admirador do já falecido Koetsu, superou-o e se tornou um grande mestre
das artes. Também não podemos esquecer os ceramistas Ninsei Nonomura(41) e Kenzan Ogata(42). Nessa mesma
linha, surgiu também Hoitsu Sakai(43), outro extraordinário artista.
Outro fato a destacar em Hideyoshi é que, desde a juventude, ele manifestou interesse pela arte e colecionou
obras-primas, embora fosse de uma família de camponeses. Normalmente, pensa-se que, para se atingir a sabedoria,
seja necessário um grande esforço e condições de vida acima da classe média. Hideyoshi, no entanto, veio de uma
classe mais baixa e viveu a maior parte do tempo em campos de batalha, e não se sabe nem onde nem quando ele
obteve aquele vasto aprendizado. Por conseguinte, podemos dizer que ele é, de fato, uma personalidade de rara
grandeza.
No campo da literatura, Saigyo(44) se sobressai como poeta de waka(45) e Basho(46), como poeta de haikai(47). As
obras destes dois expoentes demonstram ter sido criadas por quem realmente tem grande sabedoria e percepção. Os
poemas representativos de Saigyo e de Basho que se seguem, estão sempre presentes em minha mente:
Poema waka de Saigyo
No crepúsculo de outono,
Uma narceja de pé no pântano.
A solidão envolve
Até um coração indiferente.
Poema haikai de Basho
Ah, que serenidade!
O canto das cigarras
penetra nas pedras…
Há, ainda, uma pessoa de sabedoria que também merece ser lembrada: Matsudaira(48), que foi senhor feudal da
região de Unshu, conhecido como precursor da escola de chá Fumai. Ele colecionou grande quantidade de utensílios
de chá, impedindo sua dispersão. Impulsionou a cerimônia do chá, que se encontrava em decadência, e é digno de
todo o nosso respeito.
Entre aqueles que possuem sabedoria na época moderna, eu citaria o ator Danjuro Itikawa(49), sobre quem já
escrevi detalhadamente em outra publicação.
Apresentei, em linhas gerais, algumas das pessoas de sabedoria mais representantivas. São pessoas cultas no mais
alto grau e nem é preciso dizer o quanto seu legado contribuiu para alimentar a alma, desenvolver o bom gosto e
enobrecer os sentimentos das gerações posteriores. Naturalmente, todos sabem que as invenções, as descobertas e a
evolução do conhecimento contribuíram para a cultura da humanidade, mas creio que também seja necessário
reavaliar o quanto olegado das pessoas de sabedoria contribuiu para a cultura ao longo do tempo.
15 de agosto de 1950
(25) Título anterior: “O saber das coisas”.
(26) “Saber das coisas”: em japonês, mono wo shiru. Expressão idiomática utilizada para indicar um conhecimento vasto aliado à experiência prática.
(27) Visão shojo: visão micro, prende-se ao particular em detrimento do todo. É uma visão estreita, limitada, restrita, individual, exclusiva e de curto prazo.
(28) Príncipe Shotoku: Shotoku Taishi (7 de fevereiro de 574 – 8 de abril de 622), foi um regente semi-lendário e político influente do período Asuka
(538–710), no Japão.
(29) Templo Horiyuji: templo budista de madeira mais antigo do mundo com 1300 anos de idade construído pelo Príncipe Shotoku no ano 607,
considerado patrimônio cultural da humanidade pela UNESCO em 1993.
(30) Yoshimassa Ashikaga: Yoshimassa (20 de janeiro de 1435 – 27 de janeiro de 1490) foi um xógum que governou entre 1449 e 1473 durante o período
Muromachi (1336–1573) do Japão.
(31) Templo Guinkakuji: conhecido como Pavilhão Prateado, é um templo zen, considerado patrimônio cultural da humanidade pela UNESCO,
construído a partir de 1482 por Yoshimassa Ashikaga.
(32) Higashiyama gyobutsu: conjunto de obras de arte colecionadas durante o período do xogunato Ashikaga composto por inúmeros tesouros nacionais
japoneses.
(33) Hideyoshi Toyotomi: Hideyoshi (2 de fevereiro de 1536 ou 26 de março de 1537 – 18 de setembro de 1598) foi um senhor feudal que unificou o
Japão em uma das fases mais conturbadas e instáveis da história japonesa, marcada por constantes guerras.
(34) Wabi: senso estético peculiar da cultura japonesa que vê elegância na simplicidade e no rústico. Também conhecido como wabi-sabi.
(35) Senno Rikyu: Rikyu (1522–1591) foi um mestre da cerimônia do chá que elevou a cerimônia ao status de arte.
(36) Enshu Kobori: Paisagista e mestre de cerimônia do chá (1579–1647).
(37) Chojiro: Tanaka Chojiro (1516–1592) mestre da cerâmica raku.
(38) Koetsu Hon-ami: Koetsu (1558–1637) foi um artista japonês, poeta, calígrafo e mestre da cerimônia do chá.
(39) Maki-e: arte japonesa de pintura com laca, pó de ouro, prata e madrepérola.
(40) Korin Ogata: Korin (1658–1716) foi um pintor japonês, artista de maki-e e designer, expoente máximo da escola Rinpa.
(41) Ninsei Nonomura: ceramista japonês que atuou entre os anos 1648 e 1681, autor do famoso “Pote de Glicínias”, tesouro nacional do Japão.
(42) Kenzan Ogata: Kenzan (1663–1743) foi um ceramista e pintor, irmão mais novo de Korin Ogata.
(43) Hoitsu Sakai: Hoitsu (1761–1828) foi um pintor japonês da escola Rinpa.
(44) Saigyo: Saigyō Hoshi (1118–1190) foi um famoso poeta japonês do século XII.
(45) Waka: poema clássico japonês. O termo foi cunhado para diferenciar o estilo nativo daqueles oriundos da China.
(46) Basho: Matsuo Bashō (1644–1694) foi o poeta mais famoso do período Edo (1603–1868), no Japão.
(47) Haikai: forma curta de poema waka, composto por 17 sílabas fonéticas.
(48) Matsudaira: Harusato Matsudaira (1751–1818) foi um senhor feudal japonês e mestre de cerimônia do chá conhecido como Matsudaira Fumai.
(49) Danjuro Itikawa: Danjuro Itikawa XI (1909–1965) foi um ator de teatro kabuki.
A
AS CINCO INTELIGÊNCIAS
pesar de se dizer simplesmente “inteligência”, há vários tipos. Em linhas gerais, existem cinco níveis: a mais
elevada é a divina: em seguida, vêm a búdica, a superior, a astuta e a ardilosa, as quais denomino de “cinco
inteligências”. A seguir, comentarei a respeito de cada uma delas.
A inteligência divina é a mais elevada e não pode ser alcançada pelo ser humano comum. Trata-se da inteligência
concedida por Deus a pessoas especiais que receberam d’Ele uma importante missão. É como afirma o ditado: “A
inteligência é humana, quando o conhecimento é aprendido; quando não é aprendido, a inteligência é divina.”
A inteligência búdica é conhecida também como “poder da inteligência de Kannon(50)”; ela é semelhante à
inteligência divina, sendo que é de natureza búdica. Se considerarmos a inteligência divina como de caráter
masculino, a búdica seria de caráter feminino. Acho isso interessante, pois o radical desse ideograma “búdica”
significa “mulher”.
A inteligência superior é aquela manifestada pelas pessoas sábias. No budismo, denomina-se tieshokaku.
Entretanto, no mundo atual, é ínfimo o número de pessoas dotadas dessa inteligência. Nem é preciso dizer que a
causa são os maus pensamentos, que dificultam o correto discernimento das coisas. Por exemplo, não só os políticos,
mas também os intelectuais da atualidade, ao realizarem uma reunião, mesmo no caso de pequenas questões, só
conseguem chegar a uma conclusão após muitos participantes gastarem longas horas de discussão. Quando se trata
de um problema um pouco mais complexo, dezenas de pessoas passam a debatê-lo por várias horas, durante dias e
dias, muitas vezes sem chegar a uma conclusão. Isso prova a lentidão mental dessas pessoas.
Sabemos, pois, que todo problema só apresenta uma solução. Jamais haverá mais de uma. Como é lamentável ver
tantos cérebros levando vários dias para encontrar a solução de um problema... A causa disso é a escassez de
inteligência superior. A escassez de inteligência superior se dá porque o cérebro se encontra nublado. O cérebro
acha-se nublado porque isso é causado pelos pensamentos malignos. E os pensamentos malignos são decorrentes da
devoção ao materialismo. A devoção ao materialismo provém do não reconhecimento da existência de Deus.
Supondo que o não reconhecimento da existência de Deus ocorre porque falta uma religião capaz de fazer as pessoas
acreditar n’Ele, temos de admitir que a religião que tem a capacidade de mostrar claramente a existência de Deus, é
verdadeiramente viva. Ter que insistir tanto nessa explicação comprova a lentidão mental do homem moderno.
Nesse sentido, quem possui inteligência superior consegue encontrar a solução para qualquer problema em poucos
minutos. A respeito disso, oriento meus auxiliares para que, diante de qualquer questão, limitem seus debates a cerca
de trinta minutos. Quando sentirem que se prolongarão por mais de uma hora, aconselho que interrompam a
reunião, deixando-a para outro dia ou que me consultem sobre o assunto.
Fico constrangido por falar sobre minha pessoa, mas é que consigo encontrar a resposta para qualquer contratempo
em poucos minutos, por mais difícil que ele seja. Às vezes, há casos em que não consigo resolver rapidamente. Nessas
ocasiões, deixo para depois, sem forçar a situação. Passado algum tempo, infalivelmente, a solução vem à minha
mente em forma de inspiração.
Vejamos, a seguir, a inteligência astuta. Como todos sabem, trata-se de uma inteligência superficial; por isso, seu
sucesso é passageiro, resultando sempre em fracasso e descrédito. Em outras palavras, trata-se de uma inteligência
parva.
A inteligência ardilosa, tal como o próprio nome já diz, é a inteligência do mal, e o número de pessoas que a possui
é muito grande, inclusive entre as que pertencem à classe de líderes e à dos intelectuais e, por esse motivo, não há
como a sociedade melhorar. Portanto, somente quando as pessoas conseguirem se livrar desse tipo de inteligência, é
que surgirá uma feliz e grandiosa sociedade. E como erradicar essa inteligência? É muito fácil: basta destruir o
terreno em que ela nasce, por intermédio da ação de uma religião que tenha força para fazer as pessoas acreditar na
existência de Deus.
30 de janeiro de 1950
D
FELICIDADE
FELICIDADE
esde a antiguidade, todo ser humano almeja a felicidade, por ela ser seu primeiro e último objetivo. Apesar de
todo esforço, estudo e aperfeiçoamento para alcançá-la, quantas pessoas a conquistaram de fato? Não obstante
essa constante busca, a maioria permanece desafortunada. A realidade é que as pessoas em geral acabam deixando
este mundo, sem desfrutar a alegria de ver a felicidade concretizada.
Será, então, a felicidade algo tão difícil de se conseguir? Devo dizer que não. Todos sabem que a base da felicidade
está na solução de trêsgrandes problemas: doença, pobreza e conflito. Porém, como diz o ditado “Falar é fácil, fazer
é difícil”, a maioria das pessoas acaba se resignando.
Em tudo na vida, para cada efeito, existe uma causa. Evidentemente, a felicidade não foge a esse princípio. Sendo
assim, o primeiro passo para resolver esse problema seria conhecer a causa. No entanto, como ele não consegue
conhecer a causa, obviamente, é impossível concretizar a felicidade, a despeito de todo o esforço realizado. Então,
qual será a causa da infelicidade? Vou esclarecê-la. Desde os tempos antigos, dizem: “O bem produz bons frutos e o
mal, maus frutos.” Realmente, é uma verdade eterna. A partir desse princípio, o empenho em fazer o próximo feliz
deveria ser a condição essencial para se alcançar a própria felicidade. O mundo, entretanto, está repleto de pessoas
que buscam a felicidade apenas para si, indiferentes à infelicidade alheia.
É realmente uma tolice querer colher felicidade semeando a infelicidade. É como a água numa bacia: se a
empurramos, a água vem para nós; se a puxamos, ela se afasta.
É nesse ponto que se vê o quanto a Religião se faz necessária para a humanidade. A essência do amor cristão e da
compaixão búdica é cultivar o sentimento altruísta de tornar o próximo feliz. Contudo, o ser humano dificilmente
tem consciência de uma verdade tão simples.
Para tanto, as divindades estabelecem diversas doutrinas, indicam critérios quanto à maneira correta de pensar,
falar e agir, ensinam a existência do invisível e, por meio de seus representantes, conduzem as pessoas a uma fé
verdadeira e sincera. No entanto, não é nada fácil salvar mesmo uma única pessoa. Isso é muito compreensível, uma
vez que as pessoas em geral estão arraigadas no pensamento materialista por terem recebido uma educação que não
acredita no invisível e dificilmente demonstram interesse no assunto. Passam a vida sofrendo, vagando em meio às
trevas da desilusão e, no final, se tornam viajantes de uma jornada sem retorno. Realmente, a vida é sem sentido para
a maioria.
Se houver um meio de elas se tornarem verdadeiramente felizes em sua vida terrena, desfrutando de alegria, paz
interior e vida longa, o mundo será realmente um paraíso em que a vida faz sentido. As pessoas em geral, resignadas,
talvez pensem: “Não tenho como ser feliz em um mundo cheio de sofrimentos, como este.” Entretanto, nós
afirmamos que existe um segredo para se tornar feliz, e ofereço a presente publicação como um guia para revelá-lo.
1º de dezembro de 1948
(50) Kannon: em sânscrito Avalokiteshvara (“Aquele que enxerga os clamores do mundo”) é a divindade búdica que representa a suprema compaixão.
Conhecido no Japão também como Kanzeon Bossatsu.
Q
SEGREDO DA FELICIDADE
uando eu falo em segredo da felicidade, as pessoas podem pensar que seja preciso recorrer a algum tipo de
mágica, mas não é nada disso. É algo extremamente simples. Ainda assim, as pessoas não conseguem percebê-
lo.
Neste momento, ao observarmos a sociedade, quantas pessoas verdadeiramente felizes podemos encontrar? Talvez
nenhuma. Isso mostra que o mundo está, efetivamente, cheio de sofrimento. O fato é que ninguém está livre de
fracassos, desemprego, doenças, pobreza, conflito, descrença e pessimismo. A realidade é que as pessoas estão
sofrendo como se estivessem acorrentadas em uma prisão.
Qualquer um que faça uma reflexão mais aprofundada, irá deparar-se com a seguinte dúvida: se foi Deus, Criador
do Universo, que criou o ser humano, por que o faz padecer tanto? Por que será que não faz deste mundo um local
com mais felicidade do que com infelicidade? Como essas interrogações permanecem sem respostas, vou tecer
considerações a respeito.
O bem e o mal existem desde a era primitiva, quando surgiu a espécie humana. Esta é uma Verdade. Assim, o bem
e o mal – de natureza antagônica – vivem em atrito e lutas constantes, sem jamais um predominar definitivamente
sobre o outro. Ainda assim, pensando bem, foi em consequência do atrito entre ambos que a civilização atingiu o
progresso atual, o que também é uma Verdade.
A respeito disso, muitos já me perguntaram: “Se Deus é amor e compaixão, não consigo entender por que permitiu
ao ser humano praticar o mal e pecar para depois castigá-lo no Juízo Final. Se, desde o início, Ele não criasse pessoas
más, não haveria necessidade de julgá-las ou castigá-las, não é verdade?” Parecem-me observações que fazem muito
sentido e eu penso da mesma forma. Se eu tivesse criado o ser humano, poderia explicar facilmente. Uma vez que sou
apenas uma existência criada, é óbvio que não consigo dar uma explicação definitiva.
Se, mesmo assim, eu tiver que oferecer algum esclarecimento a respeito da Vontade de Deus, teria que recorrer à
imaginação. Portanto, vou deixar essa tarefa para quem tem tempo livre. O que importa para nós é a realidade, é ser
feliz durante esta vida. Assim, antes de mais nada, o essencial é descobrir o método para alcançar a felicidade e
praticá-lo. Como sempre venho afirmando, esse método consiste, basicamente, em fazermos os outros felizes. Existe
uma excelente prática que venho adotando há muitos anos, com resultados maravilhosos. Foi com o desejo de
ensiná-la que redigi o presente texto.
Em suma, essa prática consiste em realizar o maior número de boas ações. Sempre que possível, procurar praticar o
bem. Por exemplo, propiciar alegria ao próximo; pensando no bem-estar da sociedade, a esposa deve colaborar para
que o marido possa trabalhar feliz, e o marido, por sua vez, deve ser amável e procurar dar-lhe alegria e tranquilidade.
É natural que os pais amem os filhos, mas devem fazer mais do que isso: precisam utilizar-se da inteligência
superior, pensar no futuro deles e, sem ser autoritários, orientá-los a respeitar os pais e incentivá-los a estudar com
prazer.
Além disso, na vida cotidiana, devemos, sempre, procurar suscitar esperança no coração das pessoas,
independentemente de quem seja, tendo por base, o amor e a gentileza, agindo com a máxima sinceridade.
Aos políticos, cabe deixar de lado seus interesses pessoais e, colocando a felicidade dos cidadãos acima de tudo,
tornar-se, em todos os aspectos, pessoas exemplares. O povo também deve se esforçar o máximo para praticar boas
ações, utilizando a inteligência. Assim, aqueles que praticarem muitas boas ações, com certeza, serão felizes. Já
imaginaram que sociedade e que nação surgiriam, se todas as pessoas se unissem para praticar o bem?
Evidentemente, essa nação seria um modelo para o mundo e alvo do respeito universal. Consequentemente, sem
sombra de dúvida, desapareceriam todos os problemas, surgiria o Paraíso Terrestre proclamado por nós, isento de
doença, pobreza e conflito, e a felicidade das pessoas seria incalculável.
No entanto, qual é a realidade do mundo atual? Ao contrário daquilo que acabamos de apresentar, por toda parte
existem pessoas empenhando-se na prática do mal, mentindo, enganando e pensando sempre nos próprios interesses.
Não seria exagero dizer que é uma sociedade de pessoas más. Assim, a felicidade mantém-se muito distante. E o pior
é que, considerando normal um mundo infernal como esse, nem sequer pensam em reforma ou em algo do gênero.
Além do mais, existe até quem atrapalhe nosso trabalho de transformar este mundo de sofrimento em paraíso. Essas
pessoas se tornam infelizes por escolha própria, caindo em sofrimentos infernais. Sentimos que elas não passam de
indivíduos tolos e são merecedoras de nossa piedade. Assim, oramos constantemente a Deus pela sua salvação.
Para não me estender mais, gostaria de encerrar aqui, mas se analisarem bem o que explanei, poderão perceber que
não é tão difícil tornar-se feliz.
1º de outubro de 1949
C
DESTINO E LIBERALISMO(51)
omo sempre me fazem perguntas sobre destino e predestino, vou explicar a seguir.
O predestino é algo atribuído a cada pessoa em caráter definitivo e, de maneira alguma, pode ser alterado. Já
o destino é livre, dentro de um limite estabelecido e, dependendo do esforço da pessoa, pode atingir o limite mais
alto ou,ao contrário, decair ao mais baixo.
O liberalismo, que hoje se tornou alvo da atenção das pessoas, é muito semelhante ao destino. Isto porque, o
verdadeiro liberalismo está sujeito a certas restrições. A liberdade ilimitada é impossível, isto é, a verdadeira liberdade
é aquela que possui limites. Assim, quando o indvíduo ultrapassa estes limites, ele invade a liberdade do outro e vai
na contramão da cultura. É a mesma lógica do caso daqueles que fracassam por ultrapassarem os limites do destino.
5 de setembro de 1948
(51) Liberalismo: era um termo muito utilizado por Meishu-Sama, não para se referir ao liberalismo econômico, mas em oposição ao autoritarismo que
prevalecia no Japão no perído anterior à Segunda Guerra Mundial.
G
NÓS PODEMOS MUDAR O NOSSO DESTINO(52)
ostaria de escrever sobre o destino, mas é preciso que se saiba que as pessoas, muitas vezes, pensam que
predestino e destino significam a mesma coisa. A diferença, no entanto, é radical. O predestino é algo que já
está determinado desde antes do nascimento, ao passo que o destino pode ser definido pelo ser humano.
Todos já devem ter vivido a situação de seus desejos e aspirações não se realizarem com facilidade. Isso se deve,
como disse, aos limites do predestino de cada indíviduo, que já estão determinados e, evidentemente, não podem ser
ultrapassados. Por conseguinte, seria essencial a pessoa conhecer claramente os limites de seu predestino. Todavia,
isso é muito difícil; aliás, pode-se dizer que é quase impossível.
O desconhecimento desse limite leva o ser humano a traçar planos superiores à sua capacidade e ter esperanças
descabidas, que o levam ao fracasso. Se, nessas ocasiões, ele se der conta disso, recuar e depois começar de novo,
certamente o sofrimento será menor. Todavia, por não conhecer os limites do predestino, ele persiste a todo custo
em seus planos, o que acaba aumentando seu fracasso. Evidentemente, isto decorre também pelo fato de se
subestimar o rigor do mundo. Assim sendo, a maioria das pessoas falha nas tentativas de recuperação ou encontra
empecilhos para recomeçar, só tomando consciência da realidade após amargas experiências. Felizes aqueles que
conseguem despertar para isso, pois, lamentavelmente, há muitas pessoas que, mesmo chegando ao estado de
extrema infelicidade, permanecem até a morte, sem despertar para essa realidade.
Referi-me ao destino das pessoas que não possuem uma fé. Nesse ponto, as que a possuem são diferentes.
A esse respeito, devo abordar pelo aspecto espiritual e dizer que todos os sofrimentos são ações purificadoras.
Quando me refiro às ações purificadoras, poderão pensar que elas se limitam à doença: de forma alguma. Tudo que
nos traz preocupações ou sofrimentos são ações purificadoras. Por exemplo, ser vítima de fraude, de incêndio, de
acidente, de roubo; passar por uma tragédia familiar, fracasso e prejuízo comercial; sofrer por conta de questões
financeiras, conflito conjugal; contendas entre pais e filhos ou entre irmãos; desentendimento entre parentes e
amigos etc., tudo faz parte da ação purificadora. Já que, normalmente, as nuvens espirituais são eliminadas por meio
do sofrimento, enquanto elas existirem, não há como escapar dele. Desta maneira, a condição absoluta para melhorar
o destino é a redução das nuvens espirituais. No momento em que a alma se tornar purificada até certo grau, a
purificação não será mais necessária. Dessa forma, a infelicidade se transforma em felicidade. Sendo esta a Verdade,
a boa sorte não se espera de braços cruzados, conforme afirma o ditado, mas sim, purificando.
Como já disse, se a fé é o meio para purificar a alma sem sofrimento, é óbvio que não haja felicidade, de forma
alguma, para os descrentes. Entretanto, uma vez que existem diferenças no âmbito da fé, se ela não tiver uma força
extraordinária, a verdadeira felicidade não será alcançada. Daí a necessidade de se reconhecer a Igreja Messiânica
como uma religião que corresponde a essa condição.
25 de outubro de 1952
(52) Título anterior: “Nós é que traçamos o nosso destino”.
A
BOM SENSO
verdadeira fé deve ter como foco não ferir o bom senso no falar e no agir. É preciso cautela com relação à fé
baseada em ações excêntricas, discursos estranhos e possessões por divindades, muito comuns na sociedade.
Entretanto, muitas pessoas tendem a dar mais crédito e a se sentir gratas a esses tipos de fé por não possuírem
conhecimento espiritual. Isso é até compreensível, mas é preciso cuidado. Também é reprovável a fé que se julga
superior às outras, que não se relaciona com pessoas de outros grupos religiosos.
A verdadeira fé é aquela que crê que a missão da religião é salvar a humanidade e evita agir de forma exclusivista,
sem se restringir ao próprio grupo. Basta observar o caso do Japão antes do fim da Segunda Guerra Mundial para
entender o que quero dizer: sofreu amarga derrota por ter visado apenas ao próprio bem e ficado indiferente à sorte
dos demais países.
Acredito que o propósito final da fé é a formação de seres humanos perfeitos. Evidentemente, não se pode esperar
a perfeição do mundo, mas o aperfeiçoamento para consegui-la passo a passo é a verdadeira atitude de fé. Portanto,
quanto mais a pessoa se empenha na fé, mais deve se portar como uma pessoa comum. Isto ocorre porque ela
assimilou completamente a fé. A pessoa deve chegar a tal ponto que, sem dar indícios da fé que professa, causa boa
impressão a todos, e seus atos e palavras sempre se baseiam no bom senso. No seu contato com os outros, assemelha-
se à suave brisa da primavera. É modesta, gentil, e deseja crescente felicidade do próximo e o bem-estar da
comunidade.
Sempre afirmo: para ser feliz, é preciso fazer o próximo feliz, pois a Divina recompensa que disto provém, é a
verdadeira felicidade. Portanto, devem saber que buscar a própria felicidade com o sacrifício alheio significa provocar
nada mais que um efeito contrário.
5 de setembro de 1948
C
FÉ UNIVERSAL
(53)SEJA DAIJO(54)
omo sempre digo: aquilo que é mal, na perspectiva daijo, é bem do ponto de vista shojo. Já aquilo que é mal na
perspectiva shojo, é bem do ponto de vista daijo. Alguns fiéis tendem a esquecer esse ponto fundamental. Por
conseguinte, é preciso que reflitam bastante e se corrijam. Falando de uma forma mais compreensível, a visão daijo
consiste em observar as coisas de forma abrangente. Vou explicar melhor.
Há casos em que alguém se empenha numa prática acreditando ser um bem, mas no final acaba se tornando um
obstáculo para a propagação dos ensinamentos. Justamente esse tipo de pessoa age com base na própria capacidade,
confia demais na força humana e, inconscientemente, tende a esquecer a imprescindível Força Divina. Certamente,
muitos devem ter vivido situações como essa.
Frequentemente, ouço pessoas que, intrigadas, fazem o seguinte comentário: “Apesar de ser tão fervorosa, aquela
pessoa não consegue expandir a fé, por que será?” É porque essa pessoa possui fé shojo e, como tal, seu
comportamento é excessivamente formal e rígido, não atraindo as pessoas e, por isso, não propaga a fé. O pior de
tudo é que, uma vez que leva as coisas ao extremo, perde a sensatez e age com palavras e atitudes excêntricas.
Ao presenciar isso, pessoas esclarecidas julgam nossa Igreja uma religião supersticiosa, de baixo nível, e passam a
nos olhar com desprezo. Por essa razão, devemos tomar o máximo de cuidado nesse ponto.
Existem pessoas, no entanto, que expandem a fé além das expectativas, apesar de não darem mostras de serem tão
fervorosas. O motivo é que elas assimilaram e praticam a fé daijo.
Desejo acrescentar que são justamente as pessoas de fé shojo as que costumam definir o bem e o mal do próximo.
Tenho dito frequentemente que isso é um erro gravíssimo, pois só Deus conhece o bem e o mal nos seres humanos.
Na condição de ser humano, querer definir o bem e o mal é uma blasfêmia e não há ofensa maior a Deus. Tais
pessoas, geralmente, se consideram as únicas certas e são orgulhosas. Ao mesmo tempo, como não são virtuosas,
além de não expandirem

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