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Alicerce do Paraiso - vol 4 - Meishu-Sama REVISADO

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Prévia do material em texto

ENSINAMENTOS DE 
MEISHU-SAMA 
COLETÂNEA 
Alicerce 
do Paraíso 
4 
ORGANIZAÇÃO E TRADUÇÃO: 
SECRETARIA DE TRADUÇÃO DA IMMB 
 
FUNDAÇÃO MOKITI 
OKADA 
São Paulo 
6 ª edição revisada - 2019 
 
Copyright by Sekai Kyussei Kyo - Atami 
 M 456e 
 Meishu-Sama, 1882-1955. 
 Ensinamentos de Meishu-Sama/Organização e tradução IMMB, 6.ed. - São Paulo: 
Fundação Mokiti Okada, 2019. 200 p. – (Coletânea - Alicerce do Paraíso, v. 4) 
 Título original: Tengoku no Ishizue 
Obra em 5 v. 
 ISBN 978-85-8355-057-0 (Obra Completa) 
 ISBN 978-85-8355-145-4 
1. Fé no cotidiano 2. Aprimoramento 3. Pragmatismo religioso 4. Apego 
5. Dívidas I. Título II. Série 
 CDD-299.5631 
Catalogação na publicação: Zilda Soledade – CRB 8/9909. 
Índices para catálogo sistemático: 
1. Igreja Messiânica Mundial : Filosofia espiritualista de origem 
japonesa 
 
FUNDAÇÃO 
MOKITI OKADA 
EDIÇÃO: 
FUNDAÇÃO MOKITI OKADA 
Edição de Arte 
Setor de Comunicação e Marketing 
Projeto gráfico e diagramação: Rogério Luiz da Camara 
Impressão e acabamento: Ipsis Gráfica e Editora S/A 
IMMB: 
Divisão de Comunicação - Secretaria de Tradução da 
IMMB 
Revisão: Ivna Maia Fuchigami 
6 ª edição – julho de 2019 
Endereço para correspondência: 
Rua Morgado de Mateus, 77 – 3º andar – Setor 
Comunicação 
V. Mariana – São Paulo – SP – CEP 04015-050 
Tel.: 11 5087-5000 
 
Direitos autorais reservados. 
Proibida a reprodução total ou parcial desta obra. 
Sumário 
Apresentação da reedição ...........................................................7 
Capítulo 1 
A FÉ NO COTIDIANO 
Pragmatismo ............................................................................11 O 
pragmatismo religioso (Título anterior: “Religião pragmática”) .............13 
Fé é confiança ..........................................................................15 
Fé é retidão e justiça (Título anterior: “Fé é justiça”) ............................. 16 
Fé correta (Título anterior: “Verdadeira fé”) ............................................18 
Liberdade na fé ........................................................................22 
A respeito da incorporação espiritual 
(Título anterior: “Incorporação e encosto”) ..................................................25 A 
bebida e a religião ................................................................32 Tipos 
de fé ...............................................................................34 
Os pecados e as impurezas e sua relação com a doença 
(Título anterior: “O pecado e a doença”) ............................................................................... 38 
Johrei por meio das letras (Título anterior: “Johrei através das letras”) .........41 
Leiam o mais possível os Escritos Divinos (Título anterior: “Leia o mais 
possível os meus Ensinamentos”) .............................................................43 
Fisiognomia das casas e sua posição em relação aos pontos cardeais 
(Título anterior: “Fisiognomonia das casas e sua posição em relação aos pontos cardeais”) ....46 
Capítulo 2 
PENSAMENTO E SENTIMENTO 
O ser humano depende de seu pensamento [sonen] 
(Título anterior: “O homem depende de seu pensamento”) ..................................53 
Mistério do Mundo Espiritual ................................................53 
Makoto [Sinceridade] (Título anterior: “Sinceridade”) ............................56 
É possível mudar o destino livremente 
(Título anterior: “Nós é que traçamos o destino”) ............................................57 
Práticas de humildade (Título anterior: “Treino de humildade”) .................59 
Satisfação e insatisfação ..........................................................60 
 
Liberte-se do ga (Título anterior: “Domine o “ga””) 
.................................62 O ego e o apego (Título anterior: 
“Egoísmo e apego”) ..............................63 
A entrega a Deus (Título anterior: “Entregue-se a Deus”) 
.........................66 
Sabor da fé 
...............................................................................69 
Capítulo 3 
AÇÃO 
Filosofia da intuição 
................................................................73 
Novamente a respeito de Bergson 
............................................76 
Ter ou não ter makoto [sinceridade] (Título anterior: 
“Sinceridade”) .......79 Aura e ondas espirituais (Título anterior: 
“Aura”) ...............................80 Bondade e cortesia 
...................................................................86 Pessoa 
simpática 
......................................................................88 
Teoria sobre os efeitos contrários 
.............................................90 
Capítulo 4 
RELACIONAMENTO 
Não fique irado (Título anterior: “Não se irrite”) 
....................................95 
Vencer a ira 
..............................................................................99 
Não julgue o próximo (Título anterior: “Não julgueis”) ........................101 
Outras formas de vaidade (Título anterior: “Presunção”) .....................102 
Não julgueis ...........................................................................105 
Reputação e emoções (Título anterior: “Sentimento e reputação”) .............109 Não 
seja odiado .....................................................................110 
Não transgrida a ordem (Título anterior: “Respeite a ordem”) ................112 
Ordem ...................................................................................117 
Amor benévolo e amor malévolo 
(Título anterior: “Amor correto e amor incorreto”) ........................................119 
Pessoas medrosas ...................................................................122 
A irresponsabilidade dos suicidas ..........................................123 
Capítulo 5 
TEMPO 
Aguardar o tempo certo ........................................................129 
O deus do Tempo (Título anterior: “Tempo é Deus”) ............................132 
Capítulo 6 
APRIMORAMENTO 
A parábola da espada .............................................................137 
Beco sem saída .......................................................................138 
Dúvida ...................................................................................139 
Libertação ..............................................................................140 
Instinto e abstinência .............................................................142 
Abstinência ............................................................................145 
Apreciar o bem (Título anterior: “Apreciação das virtudes”) ......................148 
Subjetivismo e objetivismo ....................................................150 
Alicerce do Paraíso 
 
S 
Capítulo 7 
VERDADE E MENTIRA 
Verdade e mentira (Título anterior: “Honestidade e mentira”) 
...................155 A superstição da mentira (Título anterior: “O 
hábito da mentira”) ...........156 
Ambiciosos sem ambição (Título anterior: “Gananciosos sem 
ganância”) ....160 Como distinguir a pessoa má 
(Título anterior: “Como identificar o homem mau”) 
.......................................162 
Capítulo 8 
A RESPEITO DAS DÍVIDAS 
A causa da pobreza 
................................................................165 
A respeito das dívidas 
............................................................169 
Devemos ou não fazer dívidas? 
(Título anterior: “Devemos ou não devemos fazer dívidas?”) 
..............................171 
Dinheiro mal ganho, dinheiro mal gasto 
..............................177 
Capítulo 9 
ENSINAMENTOS EM FORMA DE PALESTRAS 
O pensamento daijo e o pensamento shojo em relação à 
dedicação 
(Título anterior: “A atitude ‘Daijo’ versus a atitude ‘Shojo’ nas doações”) 
.................183A forte vontade de crescer (Título anterior: 
“Atitude mental”) ...............185 
A respeito do espírito da palavra 
............................................186 
A luta entre o bem e o mal (Título anterior: “O conflito entre o Bem 
e o Mal”) ...188 Ceda para conquistar 
.............................................................189 Seja um 
bom ouvinte 
.............................................................193 A alegria, o 
tempo e a ordem .................................................194 Utilizar o 
dinheiro corretamente 
(Título anterior: “O dinheiro deve ser usado de maneira correta”) ........................198 
Fontes dos Ensinamentos e respectiva tradução em japonês .......200 
APRESENTAÇÃO DA REEDIÇÃO 
ob a proteção do Supremo Deus, temos a alegria de 
entregar aos leitores a edição revisada do volume 4 da 
coletânea Alicerce do Paraíso. 
A divisão em capítulos é uma tentativa de apresentar os 
Ensinamentos de Meishu-Sama de forma minimamente 
sistematizada para fins didáticos. No entanto, tenhamos sempre 
em mente que os Ensinamentos são Escritos de Deus para que 
acessemos a Verdade com vistas à concretização do Mundo da 
Luz. 
Observa-se que a temática “fé”, de alguma maneira, permeia 
vários textos e é como um fio condutor de nossa reflexão. 
Leitores de diferentes faixas etárias e trajetórias de vida 
admiram a visão abrangente de Meishu-Sama. 
Para o Fundador, fé não é apenas um sentimento humano de 
veneração a Deus. Fé messiânica significa justamente a arte de 
entrosar fé e vida cotidiana. 
Meishu-Sama não foi um religioso comum. Até a meia-idade, 
não professava fé alguma. Por outro lado, era apreciador da 
filosofia e, ao se iniciar no mundo da fé, passou a aplicar a 
religião ao cotidiano, o que denominou de “Pragmatismo 
Religioso”. Ele acreditava que a introdução do espírito 
religioso nos vários campos da atividade humana seria a chave 
para a melhoria do destino do indivíduo e, por conseguinte, do 
aumento do bem-estar social. 
Conforme entramos em contato com os Ensinamentos, 
 
nossa mente se purifica e, por meio da sua prática, 
nossa compreensão da vida e comportamento se 
transformam. Surgem em nós muitas reflexões: 
“Deus confia em mim?”; “Sou capaz de viver o 
cotidiano com retidão e justiça?”; “Pratico uma fé cega ou uma 
fé lúcida?”; “Sou vaidoso e exclusivista ou contribuo para a 
criação de uma vida civilizada?”, entre outras. 
6 7 
Alicerce do Paraíso 
Aprendemos que fé não combina com preocupação. Se- 
gundo Meishu-Sama, “a pessoa de fé é diferente dos demais: 
tão logo lhe surge uma preocupação, lembra-se de entregá-la 
a Deus e sente grande alívio.” E mais: “Os praticantes da fé 
precisam ter uma correta percepção sobre o amor.” 
Por meio de vários exemplos, somos levados a 
compreender a devida ordem existente entre espírito e 
matéria. Ordem é lei, é caminho. Antes das leis humanas, 
existe a Lei de Deus. 
Em se tratando de questões de fé e vida cotidiana, vemos 
que Meishu-Sama se fundamentou na Grande Natureza e nos 
apresentou sua filosofia sobre as dívidas, que desencoraja a 
contração de dívidas e recomenda que qualquer projeto seja 
iniciado de forma modesta, assim como uma pequenina 
planta que cresce e se torna uma frondosa árvore. Tudo a seu 
tempo. 
Quanto às modificações em relação às edições anteriores 
deste volume, destacam-se: a) inclusão da fonte em que o 
Ensinamento foi publicado pela primeira vez, seguido de sua 
data de publicação (Vide relação na página 200); b) 
deslocamento do Ensinamento “Fisiognomia das casas e sua 
posição em relação aos pontos cardeais” para o capítulo 1 
deste mesmo volume; c) retirada do Ensinamento “A 
higiênica e agradável agricultura natural nas hortas caseiras”, 
que será publicado no volume 5 da coletânea Alicerce do 
Paraíso; d) criação de um capítulo que reúne apenas os 
Ensinamentos em forma de palestras. 
As alterações nos títulos estão indicadas no 
sumário. Com exceção dos textos do capítulo 9, os 
demais Ensinamentos constam na coletânea 
Tengoku no Ishizue (Alicerce do Paraíso), 
publicada no Japão. A data do Ensinamento é, via 
de regra, aquela que consta nesta mesma coletânea. 
8 
A fé no cotidiano 
 A FÉ NO COTIDIANO 
Alicerce do Paraíso 
Alicerce do Paraíso A fé no cotidiano 
PRAGMATISMO 
a mocidade, apreciei muito a filosofia. Entre as várias 
teorias filosóficas, a que mais me atraiu foi o prag- 
matismo, do renomado norte-americano William 
James1. Pragmatismo poderia ser traduzido como “filosofia 
em ação”. Segundo James, a mera explicação de teorias 
filosóficas não passa de uma espécie de diversão. Para ele, a 
filosofia só tem valor quando manifestada por meio da ação. 
Acho essa teoria interessante por levar em conta a realidade, 
o que mostra uma característica dos filósofos norte-
americanos. Naquela época, simpatizei-me, portanto, com 
seu pensamento e me esforcei para incorporar a filosofia ao 
meu trabalho e até mesmo à vida cotidiana. Dessa forma, o 
benefício que o pragmatismo me proporcionou não foi 
pequeno. 
Mais tarde, ao professar a fé, comecei a considerar a neces- 
sidade de estender o pragmatismo à Religião, ou seja, aplicar 
a religião ao dia a dia. Podemos imaginar quão grandes 
benefícios nos proporcionaria a introdução do espírito 
religioso em todas as atividades. Por exemplo, o político, 
livre dos próprios interesses, não cometeria desonestidades e, 
uma vez que visaria à felicidade do povo, obteria a confiança 
de todos, e a política fluiria bem. O empresário realizaria suas 
atividades honestamente, o que lhe proporcionaria ampla 
 
1 William James (1842–1910): foi um psicólogo e filósofo estadunidense, com 
formação em medicina. Escreveu livros sobre a ciência da psicologia, incluindo 
temas como a educação e a psicologia da experiência religiosa. James foi um dos 
formuladores e defensores da filosofia do pragmatismo. 
N 
A fé no cotidiano 
credibilidade, e seus negócios progrediriam com solidez, 
porque ele trataria seus funcionários com amor, e estes 
trabalhariam com dedicação. 
10 11 
Por realizar seu trabalho com sólida fé, o educador seria 
respeitado pelos alunos, exercendo sobre eles notável 
influência. Por agirem com base na fé, os funcionários 
públicos e os de empresas privadas realizariam bons 
trabalhos e seriam promovidos. Por meio de suas obras, o 
artista expressaria refinamento e emitiria elevada vibração 
espiritual, exercendo boa influência sobre o público. O ator, 
por estar centralizado na fé, manifestaria uma arte refinada; 
com isso, os espectadores seriam influenciados 
positivamente e cultivariam uma sensibilidade e consciência 
elevadas. Entretanto, tudo isso deve ocorrer sem rigidez 
didática, de forma bastante divertida e interessante, sempre 
com bom humor. 
Ademais, é fácil imaginar que, pelo fato de manifestar a 
fé por meio de ações, a pessoa, sem distinção de profissão ou 
situação social, melhoraria seu destino e prestaria relevantes 
serviços à sociedade. 
Gostaria de chamar a atenção para um fato: ao se aplicar 
a religião ao cotidiano, não se deve ostentar a fé, pois isso 
causa repúdio. Principalmente, os fiéis fervorosos em 
demasia devem ter esse cuidado. Existem indivíduos que 
fazem questão de exibir sua fé, mas isso é desagradável para 
as pessoas ao redor. O ideal é não aparentar ser religioso e 
portar-se como uma pessoa comum. Devem apenas ser mais 
gentis com as pessoas, causar-lhes impressão agradável e 
manifestar mais nobreza em suas palavras e atos. Em suma, 
que a fé não seja nem agressiva nem grosseira. 
Na sociedade, vemos certos adeptos que se mostram 
exageradamente fervorosos e chegamos a suspeitar que 
sejam psicopatas. São extremamente subjetivos, tornam seu 
lar sombrio, de maneira alguma se incomodam em causar 
transtornos ao próximo e, consequentemente, acabam 
suscitando dúvidas sobre o nível da religião que seguem.A 
responsabilidade, no entanto, é de quem os orienta e isso 
exige muita atenção. 
Coletânea Assuntos sobre fé, 5 de setembro de 1948 
Alicerce do Paraíso A fé no cotidiano 
O PRAGMATISMO RELIGIOSO 
pragmatismo, apresentado inicialmente pelo conhecido 
filósofo norte-americano Charles Sanders Peirce 2 , 
tornou-se uma filosofia de âmbito mundial propagada 
por William James que, hoje, chega a ser considerado seu 
criador. No Japão, o termo pragmatismo é comumente 
traduzido como utilitarismo ou praticismo; no entanto, 
parece-me mais adequado chamá-lo de “teoria em ação”. 
Penso ser desnecessário falar minuciosamente a esse respei- 
to, porque se trata de uma teoria que todos que se interessam 
por filosofia já conhecem. No momento, desejo discorrer 
sobre o pragmatismo religioso. Já me referi anteriormente a 
seu respeito, mas torno a abordá-lo, para uma compreensão 
mais aprofundada. 
Quando se menciona pragmatismo religioso, temos a im- 
 
12 13 
 
2 Charles Sanders Peirce (1839–1914): licenciou-se em Ciências e doutorou-se 
em Química na Universidade Harvard. Ensinou filosofia nesta universidade e na 
Universidade Johns Hopkins. Foi o fundador do Pragmatismo e da ciência dos 
signos, a Semiótica. 
O 
Alicerce do Paraíso A fé no cotidiano 
pressão de que todas as religiões tradicionais o estejam 
adotando. Sabemos que elas realizam, por exemplo, a 
divulgação por meio de textos, sermões, orações, rituais, 
abstinências e práticas ascéticas. Lamentavelmente, não 
chegam a influenciar o cotidiano, que é o mais importante. 
Falando francamente, elas não passam de uma espécie de 
aprimoramento espiritual, distante da vida real. Já o 
pragmatismo filosófico busca introduzir a filosofia na vida 
prática, objetivando torná-la útil, o que demonstra 
claramente o estilo americano. Pretendo fazer algo 
semelhante; porém, mais do que introduzir a religião na vida 
prática, desejo estabelecer entre ambas uma relação 
indissociável. 
Ao contrário dos religiosos tradicionais, deixemos de ser 
intolerantes, isolados ou idealistas. Abandonemos a visão de 
distanciamento do mundo e sejamos iguais às pessoas 
comuns, buscando eliminar qualquer indício de fé que cheire 
a mofo. Ajamos sempre de acordo com o senso comum em 
todos os aspectos, tornando nossa fé imperceptível aos 
outros. Creio que a fé deva ser incorporada a esse ponto. Ou 
seja, trata-se de agir com flexibilidade e adequação3. 
Com essa explicação, creio que puderam entender, em 
linhas gerais, o que vem a ser o pragmatismo religioso. 
Jornal Eiko nº 106, 30 de maio de 1951 
FÉ É CONFIANÇA 
 
3 A expressão utilizada por Meishu-Sama foi oshin no hataraki, “a atuação de oshin”, 
que significa agir de forma flexível, adequando-se a cada nova situação. Baseada 
no termo budista oshin, origina-se do sânscrito Nirmanakaya, normalmente grafado 
xistem muitas pessoas que seguem uma religião ou 
crença, mas é raro o homem de verdadeira fé. Vou 
descrevê-lo. 
O fato de alguém se achar um religioso exemplar 
nada significa, pois isso é uma constatação subjetiva. 
Só poderá ser considerado como tal aquele que assim for 
reconhecido objetivamente. 
Como devemos agir para nos tornarmos autênticas pessoas 
de fé? Teoricamente é simples: ser alguém que mereça a 
confiança do próximo. Por exemplo, que as pessoas possam 
comentar a seu respeito: “Não há erro no que ela diz”; 
“Aquela é uma pessoa magnífica!”; “Posso me relacionar 
com ela sem nenhum receio”. 
E como devemos proceder para obter tal confiança? Isso 
não é difícil. O essencial é não mentir e favorecer 
primeiramente o próximo, deixando os próprios interesses 
em segundo plano. Ou seja, se a pessoa for alvo de 
comentários como: “Ela me ajudou muito!”; “Sua amizade 
só me traz coisas boas”; “É uma pessoa realmente gentil...”; 
“Sinto-me bem sempre que me encontro com ela”, 
certamente, terá o respeito e a estima de todos. Se 
encontrássemos alguém assim, desejaríamos cultivar sua 
amizade, conversar tranquilamente sobre qualquer assunto e, 
em pouco tempo, nos tornaríamos amigos próximos. Se 
vocês pensarem a respeito de si próprios, compreenderão, de 
imediato, o que quero dizer. 
em japonês como ojin. É uma das três manifestações do Buda e refere-se ao Buda 
encarnado, à manifestação de Buda no mundo material. 
E 
14 15 
Alicerce do Paraíso A fé no cotidiano 
Gostaria de ressaltar, entretanto, que essa conduta não 
pode ter caráter passageiro. Exemplifiquemos com o arroz: 
quanto mais o mastigamos, mais saboroso ele se torna. 
Costumo dizer que o ser humano deve ser como o arroz, que 
nos é imprescindível. 
Quando observamos o mundo, notamos que existem, em 
demasia, pessoas que, sem nenhum receio, agem de forma 
que as faz perder a confiança do próximo. Em primeiro lugar, 
mentem de tal maneira, que podem ser desmascaradas a 
qualquer momento. Mesmo que possuam outras qualidades, 
uma única mentira põe a confiança a perder, de uma só vez. 
Realmente, é o cúmulo da estupidez. 
Se averiguarmos por que certas pessoas não melhoram de 
situação, apesar de serem esforçadas e assíduas no trabalho, 
veremos que, sem exceção, elas perdem a confiança devido 
às suas mentiras. A confiança é realmente um tesouro. Quem 
a merece, jamais passará por dificuldades financeiras, pois 
todos terão prazer em lhe fazer empréstimos. 
Até aqui vinha me referindo à confiança entre os seres 
humanos. Indo além, digo-lhes que obter a confiança de Deus 
é o que há de mais precioso. Se a conseguirmos, tudo correrá 
bem e teremos uma vida repleta de alegrias. 
Jornal Hikari nº 13, 18 de junho de 1949 
FÉ É RETIDÃO E JUSTIÇA 
que é religião? 
Ela, evidentemente, não tem como finalidade ensinar 
teorias e filosofias da religião de forma complicada. Em 
última análise, seu único objetivo é formar pessoas corretas. 
Isso, expresso em palavras, parece algo extremamente fácil, 
embora seja muito difícil alcançá-lo na prática. É exatamente 
como diz o provérbio: “Falar é fácil; fazer é difícil.” Vou 
explicar o porquê da dificuldade. 
A realidade é que as pessoas estão convencidas de que nin- 
guém alcança o poder, acumula riqueza ou progride na vida 
apenas agindo corretamente. Elas acreditam que, para isso, 
certa dose de mal é inevitável. Até mesmo em relação ao 
lazer, consideram os maus divertimentos mais interessantes 
que as diversões sadias. Essa visão prevaleceu durante 
milhares de anos e acabou se transformando em senso 
comum. Embora houvesse esforço para reverter a situação 
por meio da lei e da educação moral, os resultados foram 
inexpressivos. 
Assim sendo, nem é preciso dizer que o último recurso 
seriam as religiões. Entretanto, devemos analisar a força de 
atuação de cada uma, pois isso faz toda a diferença. Não se 
consegue derrotar o mal por meio de religiões de pouca força. 
Esta é a razão pela qual os fiéis de algumas delas falham em 
vencer o próprio mal. Em qualquer religião, são poucos 
aqueles que realmente agem com justiça e retidão. 
Conclui-se, pois, que se torna necessário o aparecimento 
de uma religião capaz de vencer o mal. Somente assim 
surgirá uma sociedade permeada pelo bem e um mundo de 
paz e felicidade. Este é o significado da expressão “Fé é 
retidão e justiça”, que proclamamos. 
O 
Alicerce do Paraíso A fé no cotidiano 
Jornal Kyusei nº 65, 3 de junho de 1950 
FÉ CORRETA 
hu Xi4, sábio chinês, afirma que a dúvida é o princípio da fé. 
Realmente, são palavras sábias. Digo sempre que, 
em se tratando de fé, devemos duvidar o máximo 
possível. 
Na sociedade, existem diversos tipos de fé5 mas, de 
modo geral, ou são cheios de falsidades ou, mesmo que 
não cheguem a tanto, muitos adoram divindades de nível 
inferior ou animais como raposa, tanuki6, tengu7, ryujin8 
etc. Pouquíssimas dirigem sua adoração a divindades 
corretas. 
Por esse motivo, quando observamos as religiões detalha- 
damente, vemos que a maioria delasapresenta algum ponto 
fraco. Assim sendo, em caso de ingresso em uma religião, 
em primeiro lugar, deve-se questioná-la bastante, sem se 
prender, de forma alguma, a ideias preconcebidas. Se, a 
despeito de todas as dúvidas, tratar-se de uma fé que não 
 
4 Zhu Xi ou Chu Hsi (1130–1200): sábio neoconfuciano da Dinastia Sung. 
Contribuiu para a síntese de todos os conceitos fundamentais de Confúcio. 
5 Quando Meishu-Sama comenta sobre os diferentes tipos de fé, é importante 
levar em consideração o politeísmo do Japão, no qual é muito comum haver 
divindades protetoras de localidades, divindades para objetivos específicos ou 
mesmo animais que são mensageiros de divindades. 
6 Tanuki: cão-guaxinim japonês, conhecido também como um personagem do 
folclore japonês muito travesso e alegre. 
7 Tengu: ser mitológico, tem a missão de proteger as montanhas. O que ele mais 
aprecia é uma discussão; quando sai vencedor, sua posição espiritual se eleva. É 
apresente imperfeições, não haverá alternativa senão segui-
la. 
Existem religiões que pregam a necessidade de, 
primeiramente, crer para depois alcançar graças, o que é um 
grande erro. Ora, acreditar antes de receber qualquer graça é 
o mesmo que enganar a si próprio. Por esse motivo, deve-se, 
inicialmente, apenas procurar entrar em contato com ela e 
analisá-la com atenção, duvidando o máximo possível. Se, 
de fato, sua doutrina e teorias religiosas forem racionais e 
isentas de críticas e, ainda, se a proteção divina for 
evidenciada por meio de milagres no cotidiano, valerá a pena 
filiar-se a tal notável religião. 
Sabemos de religiões que abominam radicalmente o fato 
de seus seguidores entrarem em contato com outras, mas isso 
também é um equívoco, pois revela que possuem lacunas ou 
força insuficiente. Se for uma religião elevada, certamente 
não haverá nenhuma melhor que ela. Sendo assim, ao invés 
de temerem o contato de seus fiéis com outras religiões, 
deveriam, isto sim, alegrar-se, pois a excelência da religião 
orgulhoso, ambicioso, amante do jogo e também da pintura e da poesia. Seu maior 
prazer é a bebida. Nas pinturas e nas máscaras, ele é representado com nariz muito 
longo e com o rosto vermelho. 
8 Ryujin: seres mitológicos conhecidos como dragões, que estão em constante 
atividade para o cumprimento de suas missões. Fenômenos naturais como o 
vento, a chuva, o relâmpago e outros são atribuídos aos dragões cujo objetivo é a 
purificação do espaço entre o Céu e a Terra. Os dragões grandes, médios e 
pequenos residem nos oceanos, nos mares, nos lagos, nos pântanos, nos rios, nos 
poços e até mesmo nos lagos artificiais, protegendo-os. 
16 17 
Z 
Alicerce do Paraíso A fé no cotidiano 
professada passa a ser reconhecida, e a fé se fortalece ainda 
mais. 
É bom, contudo, estar atento aos casos em que as 
manifestações de graças e milagres são consideráveis. Entre 
as divindades corretas, também existem diferenças de força 
e de nível: superior, intermediário e inferior. Mesmo as de 
segunda categoria ou inferiores conseguem manifestar 
considerável poder e, até certo ponto, promovem graças e 
milagres; por esse motivo, a maioria das pessoas acaba 
sentindo-se grata. A longo prazo, é possível que essas 
divindades sejam derrotadas por seres malignos, e isso faz 
com que seus seguidores sejam envoltos por dificuldades e 
infortúnios. Por outro lado, visto que eles creem nelas, além 
de darem justificativas e não perceberem a insuficiência de 
força, interpretam as dificuldades como provações divinas ou 
purificação dos pecados e eliminação das impurezas de seus 
espíritos. 
Até aqueles que têm fé podem ser temporariamente aco- 
metidos por doenças e infortúnios, mas, passada essa fase, a 
situação melhora, o que comprova a atuação de divindades 
de grau superior. Em outras palavras, isso se deve à elevação 
espiritual decorrente da redução de pecados e impurezas após 
a ocorrência de doenças e adversidades. 
Ao contrário disso, caso o infortúnio se agrave e perdure 
por longo tempo, a situação torna-se desesperadora devido à 
falta de força de divindades inferiores que foram derrotadas 
pelos seres malignos. 
Na sociedade, muitas vezes, as graças não ocorrem con- 
forme o desejado mesmo que se faça todo tipo de sacrifício 
ou súplica. Isso se dá porque o pedido está além dos poderes 
das divindades. Mesmo que elas queiram conceder a graça, 
não conseguem. Nesses casos, a pessoa se lamenta: “Por 
mais que eu tenha rezado fervorosamente, até agora, meu 
pedido não foi atendido. Será que os deuses me 
abandonaram?” Ela passa a duvidar da existência de 
divindades, chegando a abandonar a fé ou a cair em 
desespero total, o que a leva a um destino ainda mais infeliz. 
Vemos muitos exemplos assim. Justamente esse tipo de fé 
recomenda o jejum, uma centena de orações e peregrinações 
a um templo ou a abstinência de alimentos que a pessoa mais 
aprecia ou consome diariamente, o que constitui um grande 
erro. 
Por mais que, individualmente, esses sacrifícios sejam 
realizados com devoção, se eles não se reverterem em um 
mínimo de benefício em prol da sociedade, todo esforço da 
pessoa terá sido em vão. Se houver divindades que se 
contentam com tais práticas, só podem ser de segunda 
categoria ou inferiores, ou então, espíritos de raposa, 
tanuki, tengu etc. Por outro lado, se forem divindades 
corretas, concederão graças como forma de recompensa 
pelo esforço humano em favor da promoção do bem-estar 
da humanidade. 
Aproveito o ensejo para alertar o leitor sobre algo que se 
diz desde antigamente: “Ter fé até em cabeça de sardinha”. 
Isso é um erro grave. O objetivo de qualquer fé devem ser as 
divindades superiores. Isto porque, quanto mais elevadas 
18 19 
Alicerce do Paraíso A fé no cotidiano 
estas forem, se as preces a elas dirigidas não tiverem um 
objetivo correto, tais divindades simplesmente não 
concederão graças. Além disso, uma vez que o ser humano 
as reverencia e ora a elas, recebe sua luz purificadora e tem 
seus pecados e impurezas eliminados gradativamente. 
Por mais que a fé seja dirigida a uma “cabeça de sardinha” 
ou a espíritos de baixo nível, o que se recebe desses espíritos 
não passa de energia negativa, que macula a consciência e 
acaba transformando facilmente o ser humano em um 
praticante do mal. As pessoas em geral não têm 
conhecimento dessas coisas e pensam que todas as 
divindades são louváveis e atendem aos seus pedidos. Não é 
para menos, porque desde a antiguidade, ninguém recebe 
uma formação que lhe permita distinguir se as divindades são 
superiores ou inferiores, corretas ou incorretas. Ao mesmo 
tempo, há níveis entre seres como raposa, tanuki, tengu, 
ryujin etc., que podem ser corretos ou incorretos e possuir 
diferentes graus de força. Em se tratando dos chefes dessas 
divindades, há casos em que manifestam surpreendente 
poder e concedem até mesmo significativas graças; motivo 
pelo qual seus seguidores continuam lhes devotando ardente 
fé. No entanto, a maioria dessas manifestações é passageira 
e, por fim, graças e infortúnios começam a se alternar, sem 
que a prosperidade eterna seja alcançada. 
Por meio dessa explicação, apresentei minha honesta 
opinião a respeito da fé a fim de que não se enganem em seu 
 
9 A Constituição do Japão foi promulgada em 3 de maio de 1947. 
discernimento e não se iludam diante de graças temporárias. 
Coletânea Assuntos sobre fé, 5 de setembro de 1948 
LIBERDADE NA FÉ 
o Japão, a liberdade religiosa foi estabelecida após a 
promulgação da nova constituição9 e, por essa razão, é 
desnecessário escrever sobre o assunto. Pretendo 
discorrer sobre a liberdade no âmbito da própria fé. 
No mundo inteiro, há inúmeras organizações religiosas – 
grandes, médias e pequenas –, e como é do conhecimento de 
todos, cada fiel, sem exceção, considera sua religião 
superior, e as demais, obviamente, inferiores. Por esse 
motivo, advertem veementementepara não se ter contato 
com outras religiões. Dizem que elas são falsas, que o castigo 
que virá do Deus da sua religião é terrível e que não se poderá 
obter a salvação seguindo a dois senhores. Há religiões que 
são muito rígidas nesse aspecto. Existem missionários que 
tentam intimidar seus fiéis dizendo-lhes, por exemplo, que, 
se mudarem de fé, sofrerão grandes infortúnios, doenças 
graves, perda da própria vida ou da família inteira etc. Trata-
se exatamente de recursos típicos de falsas religiões. 
20 21 
N 
Alicerce do Paraíso A fé no cotidiano 
Obviamente, tomando-se por base o senso comum, tais 
afirmações são absurdas, mas as pessoas, ao contrário do 
esperado, acreditam nelas e não conseguem tomar a decisão 
de abandoná-las. Isso não se restringe às novas religiões; já 
que mesmo nas antigas e respeitadas, ocorrem, 
frequentemente, situações semelhantes, o que é 
incompreensível. Analisando com atenção, veremos que a 
polêmica do livre pensamento não se restringe ao campo 
político ou social, pois parece que os grilhões do feudalismo 
persistem também no terreno das religiões. 
A partir desta realidade, gostaria de falar-lhes sobre a liber- 
dade na religião. Promover vantagens para a entidade 
religiosa em detrimento dos fiéis, cerceando sua vontade, é 
um absurdo. Aliás, proferir palavras de intimidação com esse 
objetivo constitui uma ameaça condenável cometida em 
nome da fé. Como ilustração, citarei algo que ouvi de uma 
pessoa: “Há muito tempo sou adepto fervoroso de uma 
religião, mas estamos sempre doentes sem nos livrar da 
pobreza. Por esse motivo, fui perdendo a fé e resolvi 
abandoná-la. Entretanto, o missionário que me atendeu, disse 
coisas aterrorizantes. Sem saber como agir, venho pedir um 
conselho ao senhor.” Respondi-lhe que aquela religião, sem 
sombra de dúvida, não era verdadeira e que o melhor seria 
deixá-la o quanto antes. No entanto, parece que religiões 
como essa são numerosas na sociedade. 
Qual seria a razão dessas palavras de intimidação? Natu- 
ralmente, pode tratar-se de um recurso extremo para evitar a 
22 23 
A fé no cotidiano 
Alicerce do Paraíso 
diminuição do número de fiéis. Há, ainda, outro motivo. 
Desde eras remotas, quando uma religião se sobressai, 
observa-se a tendência para o aparecimento de imitações. 
Eventualmente, isso ocorre até mesmo com a nossa Igreja. 
Então, eu explico que a situação é semelhante à dos 
cosméticos: quando são bem aceitos, surgem falsificações. 
Ora, se isto ocorre, é uma prova de ter sido bem recebida 
pelas pessoas e, achando graça, digo que não há qualquer 
problema. 
Parece que fato semelhante tem se passado no cristianis- 
mo, mas de forma diferente. Trata-se da advertência sobre a 
vinda do anticristo, do falso salvador10, algo que pode ser 
tanto positivo como negativo. Isso porque, mesmo que surja 
o verdadeiro Salvador, poderá ser tomado como falso, e as 
pessoas deixarão de ser salvas. 
O mais problemático é o grande número de pessoas que 
pro- 
fessam a fé de forma intensa, convencidas de que sua religião 
é superior às demais. Uma vez que de fato acreditam nisso, 
apenas elas próprias se contentam com sua salvação 
espiritual, mas essa salvação não é verdadeira. Isso porque, 
se elas não se salvarem também materialmente e não se 
tornarem pessoas que levam, material e espiritualmente, uma 
vida paradisíaca, não obterão a verdadeira felicidade. No 
entanto, percebe-se que são muitos os indivíduos que 
professam uma fé cega e desconhecem essa realidade. Por 
 
10 A este respeito, é possível verificar em Mateus 24:4,5 o trecho: “E ele lhes 
respondeu: vede que ninguém vos engane. Porque virão muitos em meu nome, 
dizendo: Eu sou o Cristo! e enganarão a muitos.” E ainda em Mateus 24:23,24: 
conseguinte, mesmo sendo ativos na fé, a maioria deles não 
consegue libertar-se da infelicidade. 
A propósito, quero fazer mais uma advertência. O motivo 
pelo qual uma religião proíbe seus fiéis de terem contato com 
outras talvez se deva ao receio de que eles encontrem uma 
religião superior à sua e isso significa que existem 
fragilidades nessa religião; logo, é necessário muita cautela. 
Sinto-me constrangido por parecer autoelogio mas, nesse 
ponto, a religião messiânica é, de fato, livre. Como nossos 
fiéis bem sabem, digo sempre que tenham bastante contato 
com quaisquer outras religiões. Naturalmente, é bom 
pesquisá-las, pois suas experiências se ampliarão 
proporcionalmente. Nessas circunstâncias, se encontrarem 
algo superior à religião messiânica, não há problemas em 
mudar de religião a qualquer momento, e isso jamais 
constituirá um pecado. Para o verdadeiro Deus, basta que a 
pessoa se salve e se torne feliz. 
Jornal Eiko nº 177, 8 de outubro de 1952 
“Então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! ou: Ei-lo ali! Não acrediteis; 
porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios 
para enganar, se possível, os próprios eleitos.” (Bíblia de Estudo Almeida) 
Alicerce do Paraíso A fé no cotidiano 
A RESPEITO DA INCORPORAÇÃO 
ESPIRITUAL 
mbora eu venha alertando constantemente sobre os 
perigos da incorporação espiritual, ainda há pessoas que 
continuam a praticá-la. É preciso que parem de uma vez 
por todas. Vou explicar detalhadamente porque é algo 
inadequado. 
De oitenta a noventa por cento dos casos, as incorporações 
são de espíritos de raposa11, sendo que noventa e nove por 
cento desses espíritos são malignos. Por esse motivo, é do 
seu instinto enganar as pessoas, não se importar em levá-las 
à prática do mal e, mais do que isso, divertir-se com a 
situação. Assim sendo, dentre os espíritos malignos, os mais 
“qualificados” passam a se anunciar como divindades, 
Nyorai, Bossatsu, Dragão 12 etc. Ao incorporarem em 
alguém, ao mesmo tempo que fazem com que a própria 
pessoa pense que é uma divindade, empenham-se para que 
outras também acreditem. Por fim, a pessoa incorporada 
acaba se convencendo completamente. Passa a querer ser 
idolatrada como um deus vivo e respeitada por muitas 
pessoas, sendo comum entregar-se a uma vida de luxos. Eis 
a verdadeira natureza do espírito de raposa. 
Entre os espíritos de raposa, os mais experientes possuem 
considerável poder sobrenatural. Ao incorporar em uma 
 
11 Espírito de raposa: as raposas, em japonês kitsune, são seres presentes na 
mitologia japonesa. As histórias as descrevem como seres inteligentes e com 
capacidades mágicas que aumentam com a idade e sabedoria. Entre estes poderes 
mágicos, a habilidade de assumir a forma humana — normalmente na forma de 
uma mulher. 
pessoa, eles conseguem saber tudo o que esta pensa e, assim, 
passam a elaborar artimanhas de acordo com sua intenção. 
Por exemplo, se a pessoa tiver o pensamento de ser venerada 
tal qual uma divindade, esses espíritos incorporam nela e, 
sorrateiramente, começam a trabalhar nesse sentido. Como 
se sabe, a pessoa incorporada passa a proclamar que é a 
reencarnação de alguma magnífica divindade, sendo que o 
caso mais frequente é denominar-se Amaterassu-Oomikami. 
Ao mesmo tempo, os referidos espíritos procuram 
estabelecer uma afinidade com a pessoa visada de maneira 
extremamente astuta, até mesmo manifestando alguns 
milagres. É assim que homens e mulheres de bem acabam 
caindo em ciladas. Isso tem ocorrido com frequência, na 
sociedade. 
Todos os “deuses da moda” que têm surgido em vários 
lugares são desse tipo. Evidentemente, trata-se de espíritos 
de raposa bastante hábeis que acabam enganando pessoas 
ingênuas. 
Há, ainda, casos de pessoas que querem enriquecer a todo 
custo, e quando o espírito de raposa incorpora, já conhecendo 
tal desejo, ativa a inteligência ardilosa delas, fazendo-as 
ganhar muito dinheiro. Uma vez que esse espírito não 
escolhe os meios, na maioria das vezes, as induz a cometer 
delitos. Por essa razão, apesar de obterem sucesso 
12 Nyorai, Bossatsu, Dragão: são qualificaçõesatribuídas às divindades, por 
exemplo: Komyo-Nyorai, Kanzeon-Bossatsu, Dragão Dourado. 
E 
24 25 
Alicerce do Paraíso A fé no cotidiano 
temporário, acabam fracassando, havendo aquelas que vão 
até parar na prisão. 
No caso daqueles que querem seduzir mulheres, o espírito 
de raposa emprega métodos muito bem elaborados e faz com 
que eles se aproximem da mulher desejada e despertem-lhe 
o interesse, por meio de atitudes e palavras sedutoras. Há 
casos em que podem até mesmo ser violentos, o que é 
perigoso. Por serem espíritos de animal, não têm noção de 
bem e mal. Para eles, basta manipular o ser humano 
livremente, a seu bel-prazer, como um bobo. Nesses termos, 
o espírito de raposa se coloca em um nível acima do 
indivíduo. Trata-se de uma completa lástima para o ser 
humano, tido como o senhor de todas as criaturas. Uma vez 
constatada essa realidade, creio que ele não possa se orgulhar 
nem um pouco dessa condição. 
Além dos espíritos de raposa, os de texugo, de dragão, de 
tengu maligno, entre outros, podem incorporar e enganar o 
ser humano. O espírito de dragão maligno é o mais temível. 
Por natureza, ele possui um poder extraordinário e muita 
inteligência. Portanto, para ele é fácil manipular livremente 
o homem e, conforme o caso, não se importa em ferir pessoas 
ou tirar-lhes a vida. Conforme me referi anteriormente, por 
ocasião do incidente ocorrido no ano passado 13 , houve a 
atuação de muitos espíritos de dragão maligno que agiram 
com extrema crueldade, a sangue frio. Diferentemente dos 
espíritos de raposas, os dragões, que são dotados de 
capacidade intelectiva, e uma vez que sua inteligência 
 
13 Segundo o livro Luz do Oriente, vol. 2, em 29 de maio de 1950, Meishu-Sama foi 
detido sob a suspeita de um caso de suborno envolvendo a Igreja Messiânica 
maligna atua, conseguem manipular livremente o 
pensamento humano. Esta é a causa da maioria dos crimes 
hediondos, cometidos friamente em nome desta ou daquela 
ideologia, e também dos males causados à sociedade. 
Comparados aos espíritos de dragão, os espíritos do te- 
xugo e os do tengu são até insignificantes. No entanto, entre 
a maioria dos tengus, uns possuem força espiritual e outros, 
erudição. Pessoas com essas qualificações são manejadas 
livremente pelos tengus mais ambiciosos, que se empenham 
em fazer com que elas se tornem famosas, prosperem e levem 
uma vida de ostentação. Assim sendo, casos de incorporação 
de tengu são, desde a antiguidade, bastante comuns entre os 
monges zen-budistas, estudiosos e fundadores de religião, 
mas são poucos aqueles cujo sucesso se prolongue por muito 
tempo. Até aqui abordei vários aspectos concernentes à 
incorpo- 
ração, mas é importante que os leitores estejam cientes que, 
mesmo as divindades malignas não praticam o mal por força 
própria. Por trás delas, há um chefe que as controla. Este, 
sim, é o mais temível. Perante sua força, a maior parte das 
divindades fica praticamente sem ação. Ostensiva ou 
ocultamente, esse chefe das divindades malignas obstrui 
continuamente as atividades da nossa Igreja. Principalmente, 
por representarmos uma grande ameaça para tais divindades, 
quem está à frente dessa batalha contra nós é o próprio chefe 
dos chefes. Esta é, de fato, a grande luta entre o bem e o mal. 
Há um fator muito importante ao qual devemos ficar aten- 
Mundial. Foi libertado em 19 de junho do mesmo ano, após ter sido duramente 
interrogado pelas autoridades. 
26 27 
Alicerce do Paraíso A fé no cotidiano 
tos. Trata-se do descuido no qual incorrem os fiéis da nossa 
Igreja: eles ficam tranquilos, julgando que são amplamente 
protegidos e que as divindades malignas não conseguem 
influenciá-los tão facilmente. Essa forma de pensar abre uma 
brecha e permite que sejam possuídos pelas mesmas. E o que 
é pior: caso haja, entre esses fiéis, pessoas de fé shojo, quanto 
mais fervorosas elas forem, mais facilmente serão 
influenciadas. É por essa razão que estou sempre advertindo 
para esse tipo de fé. 
Enfim, quando a divindade maligna atua, ela apresenta 
argumentos lógicos totalmente de acordo com o bem shojo, 
enganando com muita astúcia. Desta forma, a maioria das 
pessoas não mede esforços, acreditando plenamente que se 
trata de um bem. No entanto, já que a premissa está errada, 
quanto mais elas trabalham, piores se mostram os resultados. 
Então, elas se precipitam cada vez mais. Chegando a esse 
ponto, sem dar ouvidos aos conselhos recebidos, vão-se 
afundando cada vez mais. Existem pessoas que, diante desse 
beco sem saída, acabam fracassando. Não haveria problema 
se elas despertassem logo, mas quando isso não ocorre, ficam 
completamente desorientadas e perdem até mesmo a 
proteção divina. Creio que assim podem entender como é 
temerária a prática do bem de shojo. Eis o porquê da minha 
habitual afirmação: “O bem de shojo é o mal de daijo.” 
O que melhor revela uma pessoa de bem de shojo é o fato 
de ela sempre adotar atitudes excêntricas. Isso é o que os 
espíritos malignos esperam que ocorra. Por essa razão, seja 
no que for, jamais incorreremos em erro quando agimos de 
acordo com o bom senso. O que as divindades malignas 
temem é o bom senso e, consequentemente, eu sempre 
aconselho as pessoas a respeitá-lo. O número de exemplos na 
sociedade para ilustrar o que digo é muito grande. 
Enquadram-se nesse grupo, crenças, teorias e ideologias 
excêntricas, além de religiões mediúnicas. Com frequência, 
são veiculadas notícias de problemas e transtornos causados 
à sociedade por parte desses segmentos. Do ponto de vista 
espiritual, podemos compreender cla- 
ramente a razão de tais ocorrências. Os espíritos de raposa, 
texugo etc., evidentemente são de animais e estes se 
encontram abaixo do nível humano. Por conseguinte, se um 
indivíduo dirige orações a espíritos de animais que vivem na 
terra, significa que sua posição está abaixo da terra. Essa 
situação corresponde, em termos espirituais, ao fato de o ser 
humano ter decaído ao mundo espiritual animal. Uma vez 
que todas as coisas do Mundo Espiritual se projetam no 
Mundo Material, essa pessoa caiu ao Inferno. O mesmo 
ocorre com a incorporação espiritual. Como a pessoa se torna 
um “depositário” de animais, naturalmente desce ao mundo 
espiritual dos animais e acaba vivendo em circunstâncias 
infelizes. 
Mesmo em se tratando de espíritos de raposa, nem todos 
são malignos: alguns são benignos e denominados espíritos 
de raposa branca. Após se regenerarem, esses espíritos 
trabalham como mensageiros da divindade que protege o 
local onde a pessoa nasceu, e são muito prestativos. 
Espiritualmente, as raposas possuem peculiaridades diversas 
e, semelhantemente às que trabalham para o mal, as que 
28 29 
Alicerce do Paraíso A fé no cotidiano 
H 
pertencem ao bem, possuem força considerável e realizam 
bons trabalhos. 
Contudo, há exceções no caso de possessão por divinda- 
des14. Quando o antepassado ou o espírito protetor guardião 
desejam comunicar algo importante, atuam na pessoa 
temporariamente, dizendo apenas o estritamente necessário, 
limitando o tempo e as palavras sem estender-se. 
Aproveitando a oportunidade, vou ensinar a maneira de 
distinguir se a divindade é benigna ou maligna. As palavras 
corretas ligadas às divindades jamais são prolixas. É dito 
somente o essencial de forma simples e clara. No entanto, em 
se tratando de espírito maligno, fatalmente se expressam 
mais do que o necessário e ininterruptamente. Neste caso, 
não haverá dúvida que se trata de espírito de raposa. Às 
vezes, poderá ocorrer o seguinte. O espírito protetor 
guardião, desejando comunicar-se verbalmente com a 
pessoa, atua por meio do espírito da raposa por saber que este 
tem facilidade de incorporar e falar a linguagem humana. Em 
tais casos, o espírito de raposa poderá se expor além da conta, 
revelando sua verdadeira natureza. Por esse motivo, devem 
acautelar-seao máximo. 
Jornal Eiko nº 133, 5 de dezembro de 1951 
A BEBIDA E A RELIGIÃO 
á uma estreita relação entre o consumo de bebidas 
alcoólicas e a religião, mas parece que poucos têm 
conhecimento disso. Passarei a tecer considerações sobre o 
assunto. 
 
14 Vide Ensinamento “Possessão por divindades” – Alicerce do Paraíso, vol. 2. 
A bebida, quando consumida em quantidade normal, 
dispensa comentários. Contudo, o vício em bebida tem uma 
causa espiritual. Em outras palavras, dentro do ventre do 
bêbado alojam-se espíritos que apreciam a bebida como o de 
tengu, texugo e, mais raramente, de dragão. Eles absorvem a 
energia da bebida cuja quantidade se reduz a uma fração da 
que foi ingerida. É por essa razão que se diz que ninguém 
consegue beber um garrafão de água, mas de saquê, sim. É 
como se houvesse esponjas que absorvem o álcool na barriga 
do bêbado. 
Quando um indivíduo embriagado se põe a discutir ou 
argumentar, tornando-se arrogante, o espírito dominador é o 
de tengu. Quando fica bem-humorado e alegre, dando 
gargalhadas e, logo a seguir, mostra-se sonolento, é por 
influência do espírito de texugo. O espírito de dragão, por 
sua vez, costuma fazer com que a pessoa fique de olhar 
parado e se torne obstinadamente insistente e provocador. 
De maneira geral, o estado de embriaguez resume-se a 
esses três tipos. Basta observar a fisionomia dos bêbados. É 
possível notar que estes apresentam feições ou rosto de um 
texugo. Tratando-se do espírito de dragão, sua aparência é tal 
qual esse animal aparece em desenhos e esculturas: magros 
com testa angulada e ossos da face salientes, além de olhos 
fundos e brilhantes. 
Há, ainda, os bêbados violentos que, em estado de em- 
briaguez, perdem totalmente a lucidez e passam a agir com 
brutalidade. Geralmente, são encostos de espíritos de pessoas 
falecidas que, em outra vida, tiveram suas células cerebrais 
 
30 31 
Alicerce do Paraíso A fé no cotidiano 
danificadas pelo excesso de bebida e, por estarem, ao mesmo 
tempo, possuídas por espíritos de animais, tornam-se 
violentas e causam problemas aos que estão à sua volta. 
Assim, o vício em bebida precisa ser inteiramente corri- 
gido pois, como todos sabem, além de o bêbado prejudicar a 
si mesmo, causa desarmonia no lar, transtorno à sociedade e 
constante sofrimento aos familiares. Por fim, o indivíduo 
acaba tendo um destino infeliz. Por mais que busque corrigir 
a si próprio, seus esforços são infrutíferos. Isso porque, 
conforme dito anteriormente, a causa está no “hóspede” 
invisível que habita seu ventre. Assim sendo, torna-se 
evidente que, para corrigir o vício da bebida, é preciso 
recorrer ao método espiritual. Ou seja, somente por meio da 
religião esse objetivo será alcançado. Entretanto, parece que 
são raras as religiões que têm esse poder. Apenas uma ou 
outra o consegue, empregando a abstinência por meio do 
autocontrole, o que não é bom, pois acarreta sofrimentos. 
Pode até parecer um autoelogio, mas nossa instituição não 
recomenda, em absoluto, nem a abstinência nem a redução 
da bebida. Simplesmente afirmamos que, se a pessoa quiser 
beber, pode fazê-lo à vontade. A princípio, os que têm esse 
vício ficam contentes. Com o passar do tempo, dizem que o 
sabor da bebida foi-se tornando desagradável, e eles se 
embriagavam mesmo com doses pequenas. No final, não 
conseguem beber mais do que a quantidade considerada 
normal. Em nossa Igreja, existem muitas pessoas que 
passaram por experiências semelhantes. O motivo é que, ao 
receber continuamente a Luz de Deus, o espírito que se 
encontra alojado no ventre da pessoa se enfraquece e, 
proporcionalmente, a quantidade de bebida consumida 
diminui. 
Assim, seja qual for a religião, se ela possuir o poder da 
Luz Divina, conseguirá eliminar os beberrões do seu quadro 
de fiéis. 
Coletânea Assuntos sobre fé, 5 de setembro de 1948 
TIPOS DE FÉ 
esmo em se tratando de fé, existem vários tipos. Em 
linhas gerais, temos: 
1º - Fé que visa à graça; 2º - Fé exibicionista; 3º - 
Fé pró-forma; 4º - Fé interesseira; 5º - Fé mediúnica; 6º - Fé 
egoísta; 7º - Fé ostensiva; 8º - Fé ocasional; 9º - Fé volúvel; 
10º - Fé inconstante; 11º - Fé aproveitadora; 12º - Fé falsa. 
Analisemos cada uma delas. 
1º - Fé que visa à graça 
 Para os seus praticantes basta receber graças: ser útil a 
Deus ou à sociedade fica em segundo plano. É uma espécie 
de fé egoísta que visa somente ao próprio bem e muito 
comum entre pessoas acima da classe média. Sabem 
aproveitar-se da fé religiosa, mas não sabem agradecer e 
retribuir as graças que recebem de Deus. Aproveitar-se da fé 
religiosa significa colocar o ser humano acima de Deus. 
Visto que é adorando e servindo a Deus que se recebem 
32 33 
M 
Alicerce do Paraíso A fé no cotidiano 
bênçãos, a fé que visa à graça, ao contrário, faz com que 
aquelas desapareçam e, por isso, não é duradoura. 
2 º - Fé exibicionista 
Esta fé é seguida por pessoas que se mostram indiferentes 
à sua religião enquanto esta é desconhecida na sociedade. No 
momento em que ela se torna famosa e alvo de comentários, 
aqueles que têm esse tipo de fé, repentinamente, se lembram 
de Deus e se aproximam, querendo aparecer de alguma 
maneira. 
3º - Fé pró-forma 
Observando seus praticantes, estes se mostram 
agradecidos e aparentam ser fervorosos mas, na realidade, 
são destituídos de pensamento amplo, como o de salvação da 
humanidade – objetivo maior de Deus. Por ser uma fé 
extremamente shojo, eles não têm nenhuma atuação. Por essa 
razão, trata-se de uma fé de pura formalidade. 
4º - Fé interesseira 
Esta fé é professada por pessoas bastante astutas que pro- 
curam obter vantagens financeiras ou que acalentam alguma 
ambição, aproveitando-se da religião. Quando constatam a 
impossibilidade de tirar tais proveitos, elas abandonam 
rapidamente a crença. 
5 º - Fé na possessão por divindades 
É o tipo de fé professada pelas pessoas que apreciam os 
fenômenos de possessão por divindades e, aprovando sua 
prática, querem conhecer a respeito do Mundo Espiritual. 
Esse desejo não é de todo condenável, mas não é o rumo 
ideal, embora seja o trabalho de associações que 
desenvolvem pesquisas espirituais. 
Além de aquelas pessoas acreditarem facilmente nas pro- 
fecias dos espíritos de nível inferior, demonstram gratidão 
por suas absurdas e descabidas predições. É, antes de mais 
nada, um tipo de fé que se desvia do caminho. 
6º - Fé egoísta 
Trata-se da fé que visa unicamente satisfazer à ganância. 
É seguida pelas criaturas extremamente egoístas, que fazem 
romarias e oferendas, inclusive monetárias, em favor de 
divindades, com a única finalidade de obter graças apenas 
para si. São pessoas totalmente indiferentes aos infortúnios 
que assolam seus semelhantes. É o tipo de fé mais difundido 
na sociedade. 
7º - Fé ostensiva 
É a fé manifestada por aqueles que gostam de se mostrar 
importantes, de se beneficiar, de ser benquistos, 
reconhecidos, elogiados etc. Trata-se de uma fé superficial, 
deplorável, que não consegue se desvincular do egoísmo. 
Também pode ser classificada como uma fé de baixo nível. 
8º - Fé ocasional 
É a fé das pessoas que comparecem à Igreja quando 
ninguém se lembra mais delas. Pela sua longa ausência, dão-
nos a impressão de terem abandonado a fé. Todavia, 
semelhantes a fantasmas, repentinamente, elas aparecem na 
Igreja meio atordoadas. É preferível que tais pessoas deixem 
de seguir a fé. 
34 35 
Alicerce do Paraíso A fé no cotidiano 
9 º - Fé volúvel 
Seus praticantes não conseguem seguir uma única fé. São 
como as plantas aquáticas, que brotam a cada dia em uma 
margem diferente, isto é, jamais alcançam verdadeiramente 
as graças. Se não professarem alguma fé, sentem-se 
desolados e perdidos. Ao ouvirem falar sobre alguma crença, 
querem aderir a ela de imediato. São pessoas realmente 
infelizes. 
10 º - Fé inconstante 
É a fé expressa daspessoas inconstantes e, tal qual as de fé 
volúvel, vivem mudando de crença e não conseguem 
permanecer e devotar-se a uma só fé religiosa. Isto significa 
que são andarilhas da religião. Em sua maioria, os que 
manifestam este tipo de fé são os intelectuais. 
11º - Fé aproveitadora15 
Os adeptos querem tirar proveito das divindades e da fé 
para satisfazerem a própria ambição. Assemelha-se à fé 
egoísta e é muito comum nas instituições religiosas. Entre as 
pessoas importantes, como líderes e intelectuais, é grande o 
número daqueles que professam esse tipo de fé. 
12º - Fé falsa 
 
15 A expressão utilizada por Meishu-Sama foi katsuobushi shinjin. Katsuobushi é a 
carne seca de atum, que é aproveitada para conferir sabor a vários pratos da 
culinária japonesa. Presume-se que Meishu-Sama tenha lançado mão dessa 
imagem para ilustrar o tipo de fé de pessoas que tiram proveito das divindades 
para satisfazer seus desejos. 
16 Pecados e impurezas: Tsumikegare em japonês. O termo tsumikegare pode ser 
dividido em duas palavras: tsumi, que, no âmbito legal, se refere aos crimes, delitos 
Nesta espécie de fé, os adeptos mostram-se fervorosos; 
mas, no fundo, não reconhecem, em absoluto, a existência de 
Deus. Os que possuem esse tipo de fé são muito eloquentes 
e, no início, conseguem enganar facilmente as pessoas. 
Todavia, como Deus não permite isso por muito tempo, 
chega o momento em que são desmascarados e acabam 
fugindo. 
Diremos que a fé religiosa é verdadeira quando não cor- 
responde a nenhum dos tipos que foram citados. 
Coletânea Série Jikan, vol. 12, 30 de janeiro de 1950 
OS PECADOS E AS IMPUREZAS16 E 
SUA RELAÇÃO COM A DOENÇA 
relação entre o pecado e a doença já veio sendo bastante 
divulgada no âmbito religioso. Essa relação é real, mas 
vou abordar o assunto sob o ponto de vista da Medicina 
Espiritualista. 
e infrações e, no aspecto religioso, significa “pecado” e descreve qualquer 
desobediência à Vontade de Deus, em especial, qualquer desconsideração 
deliberada das Leis Divinas. Já a palavra kegare significa “impureza” e é utilizada 
particularmente no xintoísmo como termo religioso. São causas típicas de kegare 
o contato com qualquer forma de morte, parto, doença, menstruação, cuja 
condição pode ser remediada por meio de rituais de purificação. 
 
36 37 
A 
Alicerce do Paraíso A fé no cotidiano 
Conforme me referi anteriormente, à medida que a 
pessoa acumula maus pensamentos e más ações, suas nuvens 
espirituais vão aumentando. Quando estas atingem certo grau 
de densidade, tem início um processo natural de purificação 
a fim de eliminá-las. Sendo essa regra uma lei inviolável do 
Mundo Espiritual, evidentemente ninguém consegue escapar 
dela. Essa purificação, na maioria das vezes, manifesta-se em 
forma de doença, mas há casos em que ela ocorre de outras 
maneiras, como as diversas calamidades e desastres naturais. 
O acúmulo de sangue tóxico e pus são as manifestações 
físicas dessas nuvens espirituais. Entretanto, o que se origina 
dos pecados e impurezas, não oriundos da parte material, ou 
seja, as enfermidades de origem espiritual são difíceis de 
curar e exigem muito tempo. Doenças como a tuberculose, a 
osteomielite, o câncer etc., que apresentam sintomas 
persistentes, na maioria contam-se entre esses casos. 
Há dois meios para se redimir o pecado: passar por 
sofrimentos ou praticar o bem. Escolher o último parece ser 
o modo mais fácil. Como exemplo, vou contar um fato 
ocorrido na época em que eu estava pesquisando a Igreja 
Tenrikyo. 
Um rapaz que sofria de tuberculose pulmonar e fora 
desenganado, ingressou na referida religião. Pensando na 
prática de uma boa ação, decidiu fazer a limpeza do escarro 
expectorado por outras pessoas pelas ruas da cidade. 
Decorridos três anos, durante os quais fez isso todos os dias, 
 
17 Chogoro Yamamoto (1820–1893): foi um bem-sucedido comerciante de 
arroz. Após a Restauração Meiji, torna-se empresário na área de transporte 
marítimo. 
o rapaz estava completamente curado; a doença tinha 
desaparecido sem deixar o menor vestígio. 
A história que se segue é muito conhecida. 
O Sr. Chogoro Yamamoto17, mais conhecido pela alcunha 
de Shimizu-no-Jirocho, encontrou-se, certo dia, com um 
ilustre monge budista que lhe disse: “Sua face está marcada 
pelo estigma da morte. Será difícil o senhor viver mais de um 
ano.” Jirocho, preparando-se para morrer, doou todos os seus 
bens a obras filantrópicas e passou a viver em um templo 
budista, aguardando a chegada da morte. 
Passou-se um ano, dois anos, mas nada de extraordinário 
lhe sucedera, o que o deixou muito zangado. 
Coincidentemente, surgiu a oportunidade de encontrar-se 
com aquele monge e Jirocho pensou em repreendê-lo 
severamente. Entretanto, quando se encontraram, foi o 
religioso quem falou primeiro, revertendo a situação: “Que 
coisa estranha... O estigma da morte que havia em sua face 
quando eu o encontrei naquele dia, desapareceu 
completamente. Deve haver alguma razão profunda para 
isso, não?” Jirocho, surpreso, contou o que fizera, ao que o 
monge disse: “O ato de caridade que o senhor praticou 
transformou sua morte em vida.” 
Ampliando essa lógica, o sofrimento de praticamente 
todo o povo japonês devido à derrota na guerra nada mais é 
que o processo de purificação dos pecados decorrentes do 
38 39 
Alicerce do Paraíso A fé no cotidiano 
longo período em que o Japão invadia outros países e 
explorava ou dizimava outras etnias. 
Evangelho do Paraíso, 5 de fevereiro de 1947 
JOHREI POR MEIO DAS LETRAS 
endo o título acima, talvez os leitores nem façam ideia 
do que se trata. Entretanto, com o que escreverei a seguir, 
creio que poderão compreender perfeitamente o que 
pretendo dizer: ler o que eu escrevo é receber Johrei pelos 
olhos. 
A razão está no fato de que todo texto reflete fielmente o 
pensamento [sonen18] da pessoa que o escreveu. É preciso 
que tenham pleno conhecimento disso. Em termos 
espirituais, significa que, por meio das letras, o espírito do 
escritor se transmite ao espírito do leitor. Da mesma forma, 
uma vez que os textos que escrevo são a própria Vontade 
Divina, o espírito de quem os lê se purifica. 
Dessa maneira, a leitura poderá influenciar a alma do 
leitor positiva ou negativamente. Portanto, evidencia-se quão 
grande é a influência que a personalidade do escritor exerce 
sobre as pessoas. Quer se trate de um romance ou de um 
artigo de jornal, gostaria de pedir aos escritores e também aos 
 
18 Sonen: palavra japonesa comumente traduzida como “pensamento”, a qual não 
se limita ao ato de pensar racionalmente. Seu significado abrange o sentimento, a 
vontade e a razão. 
jornalistas que pensem seriamente no assunto. Ao mesmo 
tempo, isso não significa que sermões sejam recomendáveis. 
Evidentemente, se a reportagem ou a obra não forem 
realmente interessantes, elas não serão lidas com prazer e não 
cumprirão seu papel, pois, afinal de contas, o mais 
importante é que a obra tenha o encanto que cativa os 
leitores. Quando eu analiso a literatura atual, percebo que a 
maioria dos autores têm como objetivo principal a venda e 
parece que só querem despertar o interesse geral, ganhar 
fama, comercializar mais livros e, finalmente, ter a obra 
adaptada para o cinema. Dessa maneira, os textos não passam 
de um amontoado de palavras e, terminada a leitura, sentimos 
que deles nada se aproveita. Esses escritores não são 
autênticos romancistas, mas meros fabricantes de romances 
e novelas que podem ser comparados às pessoas vazias de 
conteúdo. Mesmo que se tornem famosos temporariamente, 
todos sabem que chegará o dia em que cairão no 
esquecimento. 
 Observando a sociedade atual, ficamos surpresos ao 
constatar que esta apresenta inúmeras falhas. Se os escritores 
quiserem tomá-las por tema, não faltará assunto. Gosto muito 
de cinema, do qual sou frequentador assíduo. Às vezes, 
L 
 
40 41Alicerce do Paraíso A fé no cotidiano 
quando vejo filmes que apontam as falhas da sociedade, fico 
entusiasmado e, como se tivesse encontrado velhos 
companheiros de causa, sinto vontade de reverenciar seus 
roteiristas e produtores. Obras desse tipo sempre se tornam 
famosas e nunca deixam de ser reconhecidas pelo público, 
dando lucro tanto às livrarias quanto às empresas 
cinematográficas. Escrevi o texto acima, conforme meu 
pensamento foi fluindo. 
Jornal Eiko nº 184, 26 de novembro de 1952 
LEIAM O MAIS POSSÍVEL OS 
ESCRITOS DIVINOS19 
omo todos sabem, até agora viemos nos valendo do 
Johrei e das publicações para divulgar nossa religião. 
Daqui em diante, vamos difundi-la também em diversas 
localidades por meio de simpósios, palestras etc., ou seja, por 
meio da audição. Até agora, tínhamos a difusão por meio da 
cura de doenças e da visão. Daqui em diante, 
acrescentaremos a difusão por meio da audição. Esperamos 
 
19 Meishu-Sama referia-se aos seus Ensinamentos com a palavra goshinsho ou 
shinsho, que pode ser traduzida como “Escritos Divinos”. 
obter resultados significativos com esse método “três em 
um.” 
Naturalmente, a difusão por meio da audição significa que 
explicaremos tudo sobre nossa religião por meio da palavra, 
demonstrando que se trata de uma religião extraordinária. 
Entretanto, para conduzirmos as pessoas a tal compreensão, 
é necessário que nós mesmos tenhamos vasto conhecimento 
sobre a fé. Afinal de contas, precisamos despertar-lhes o 
sentimento de desejar ingressar na fé messiânica por sentir 
que é realmente boa e maravilhosa. 
Muitos dizem que não sabem falar bem e que são 
péssimos oradores. Todavia, esse é um pensamento 
equivocado, pois não é com belas palavras que conseguimos 
tocar o coração do próximo. Como sempre digo, o que move 
as pessoas é o nosso makoto20. É com ele que tocamos a alma 
do ouvinte, ou seja, nós a despertamos e a movemos. É só 
isso. Logo, falar bem ou não é uma questão de segunda 
ordem. 
Mesmo para sensibilizar as pessoas com nosso fervor e 
makoto, precisamos ter entendimento suficiente para tal. 
20 Makoto: palavra japonesa que possui significado amplo, podendo ser 
compreendida como: sentimento sincero e verdadeiro, comprometimento, 
devoção, amor, fé, lealdade, dedicação, fidelidade, cordialidade, verdade, 
coerência, lisura, constância etc. 
C 
 
42 43 
Alicerce do Paraíso A fé no cotidiano 
Assim sendo, faz-se necessário aprimorar o próprio 
conhecimento e, acima de tudo, ler os Escritos Divinos. 
Haverá muitas oportunidades em que as pessoas nos fa- 
rão perguntas e, obviamente, elas não ficarão satisfeitas se as 
respostas não forem convincentes. Por conseguinte, por mais 
difíceis que sejam essas perguntas, precisamos dar-lhes 
respostas convincentes. Devemos nos acautelar o máximo, 
pois há pessoas que, sob pressão, respondem com mentiras. 
Às vezes, diante de perguntas difíceis, há quem se esquive 
por meio de respostas evasivas, mas isso não deve ocorrer de 
maneira nenhuma. Aos seguidores de Deus mentir é 
imperdoável. Caso não souberem responder, deverão dizê-lo 
francamente. No entanto, pelo receio de que, agindo assim, 
serão desprezados, costumam fingir que sabem. Procedendo 
dessa forma, o efeito será sempre o oposto. Por outro lado, 
quando se admite desconhecimento, a confiança se 
estabelece graças à sinceridade do outro. Por mais inteligente 
que alguém seja, ninguém sabe tudo. Portanto, desconhecer 
algo não é nenhuma vergonha. 
Às vezes, as pessoas me fazem perguntas sobre assuntos 
que já estão publicados nos Escritos Divinos. Isso se verifica 
porque elas estão faltando com sua leitura no cotidiano. 
Portanto, os Escritos Divinos devem ser lidos tanto quanto 
possível. Quanto mais os fiéis o lerem, mais aprofundarão 
sua fé e mais polida se tornará sua alma. Aqueles que 
negligenciam sua leitura, vão perdendo a força 
gradativamente. À medida que a fé se aprofunda, mais a 
pessoa terá vontade de ler. É bom que o faça repetidas vezes, 
 
21 Fisiognomia das casas: em japonês kaso, é um método de prever o futuro do 
morador pela posição dos cômodos de sua residência ou do terreno. 
até que os escritos se tornem parte do seu ser. Evidentemente, 
quanto mais leitura realizar, mais nítida será a compreensão 
da Vontade Divina. 
Gostaria de aproveitar a oportunidade para acrescentar 
outro ponto. Muitas vezes, no caso do Johrei, há ministrantes 
que, embora não saibam a causa da doença, fazem ares de 
quem a conhece, o que é o mais repreensível. Tais pessoas, 
em especial, tendem a usar o subterfúgio de dizer que algo é 
espiritual quando não ocorre a cura esperada. Na verdade, é 
difícil determinar se a causa de uma doença é material ou 
espiritual. Originariamente, o homem é uma unidade 
espírito-matéria; logo, não há tal distinção no caso do Johrei. 
Isto porque, se o espírito se cura, o mesmo ocorre com a 
matéria, e vice-versa. Por outro lado, quando o praticante de 
Johrei vê que há recuperação rápida através deste, acha que 
se trata de uma purificação comum; se ocorre o contrário, 
pensa que a causa é espiritual, mas isso é um grande erro. Tal 
postura assemelha-se à do médico que atribui características 
de tuberculose a uma doença de difícil cura. 
Jornal Eiko nº 80, 29 de novembro de 1950 
FISIOGNOMIA DAS CASAS E SUA 
POSIÇÃO EM RELAÇÃO AOS 
PONTOS CARDEAIS 
uitos me perguntam sobre a fisiognomia das casas21. 
Por essa razão, resolvi escrever resumidamente sobre 
o assunto. 
44 45 
M 
Alicerce do Paraíso A fé no cotidiano 
Assim como existe fisiognomia dos seres humanos, existe 
a das casas. A fisiognomia boa ou má do homem se relaciona 
intimamente com a sua boa ou má sorte. O mesmo ocorre 
com a casa. A orientação que vou apresentar é muito 
diferente daquela utilizada, por exemplo, pelos adivinhos. 
Quero deixar bem claro que o que estou expondo aqui, se 
baseia exclusivamente no resultado de minhas experiências 
e percepções espirituais. 
Tal como os fisiognomistas em geral, dou importância ao 
Nordeste; só que minha interpretação é diferente. O ponto 
cardeal Nordeste [kimon22], que se diz ser agourento, está 
situado entre o Norte e o Leste. É uma direção muito 
importante, pois dela vem uma energia espiritual puríssima. 
Daí a razão de os antigos dizerem que não se deve macular o 
Nordeste. Se construirmos nessa direção, por exemplo, o 
banheiro, a sala de banho, a cozinha, a porta, a energia 
espiritual impura proveniente dessas partes da casa 
contamina a que vem do Nordeste e, como consequência, 
facilita a atuação de espíritos malignos, que são os 
causadores de doenças e desgraças. Em decorrência disso, 
devemos procurar manter a energia espiritual que vem 
daquela direção, a mais pura possível. Nesse sentido, o ideal 
é construir, se possível, um pequeno jardim na direção 
nordeste plantando um pinheiro macho e outro fêmea. 
 
22 Kimon: direção nordeste. Pode ser traduzido literalmente como “portal do 
demônio”. Uma corrente diz que a origem do termo vem da China, onde havia 
Em seguida, vou referir-me ao Sudoeste [urakimon23], 
que se opõe ao Nordeste, e como o nome indica fica entre o 
Sul e o Oeste. Dizem que do Sudoeste provém uma energia 
que traz muita riqueza material, portanto, no que diz respeito 
à obtenção de riquezas, é muito importante. Para isso, é bom 
dispor de água e pedra; por exemplo, um lago, ainda que 
pequeno, ornamentado com pedras. 
Quanto ao portão da casa, convém que este fique direciona- 
do para o Sudeste, isto é, entre o Sul e o Leste. Será excelente 
se o caminho do portão até a entrada tiver uma elevação 
gradativa. No que concerne à localização, não é bom que a 
casa esteja no meio de uma ladeira ou no sopé da mesma, ou 
ainda, num nível abaixo da rua. Não é interessante morar por 
muito tempo em casas que têm essa localização. Quando 
afirmamos que é bom que a casa fique em lugares altos, 
referimo-nosà situação da construção em relação aos 
arredores sem que haja a necessidade de nos preocuparmos 
com as montanhas altas ou baixas que se localizam longe da 
moradia. A entrada da casa deve estar em posição tal que, 
transpondo o portão, não tenhamos de recuar para alcançá-
la. Convém que a mesma fique localizada à direita ou à 
esquerda do portão e também que, do lado oposto da entrada, 
não haja nenhuma saída; caso contrário, significa que a sorte 
vem, mas não permanece. Também é muito bom que o 
uma montanha habitada por um demônio e, na sua direção nordeste, havia um 
portal. 
23 Urakimon: direção sudoeste, igualmente considerada agourenta. 
 
46 47 
Alicerce do Paraíso A fé no cotidiano 
aposento do chefe da casa esteja dois ou três degraus acima 
dos demais compartimentos. 
Para determinarmos a fisiognomia da casa com base nos 
pontos cardeais, a bússola deve ser posicionada no local 
certo. A maioria dos fisiognomistas toma como ponto de 
referência o centro da casa e marca as direções a partir daí, o 
que é um grande erro. O ser humano não foi criado para a 
casa; esta é que foi criada para o ser humano. Ele é o 
principal, e ela, secundária: sua construção ou destruição 
dependem da vontade do dono. Por conseguinte, como o 
chefe da casa é o centro, o local em que ele dorme deve ser 
considerado o centro a partir do qual devem ser estabelecidas 
as direções. 
No que se refere ao formato, devem ser evitadas as que 
possuem reentrâncias, mas é bom que haja algumas 
proeminências. Do mesmo modo, é muito boa a casa que, da 
entrada, estenda-se para ambos os lados, como uma ave 
abrindo as asas. 
Com relação ao número de tatami24, é apropriado para o 
quarto do chefe da casa, o cômodo com dez tatami, que é 
denominado “aposento da união do fogo e da água”. É 
igualmente adequado o aposento com oito tatami, que é 
denominado aposento do fogo, porque este ocupa posição 
superior. Os de seis tatami se chamam aposentos da água, 
sendo adequados à esposa. Para a quantidade de tatami, os 
números pares são bons, sendo que quatro e meio, sete, nove 
 
24 Tatami: esteira de 1,80 x 0,90m feita de pé de arroz, que cobre o chão, como 
fazem os assoalhos. 
25 Tokonoma: nas casas japonesas, é considerado o local nobre de um cômodo, 
com uma reentrância que fica ligeiramente mais elevada que o assoalho e que 
geralmente toma toda uma parede. No tokonoma, penduram-se quadros ou panôs 
etc. não são recomendáveis. Nesses casos, deve-se completá-
los com um piso de madeira para que se tornem pares. 
De acordo com a regra geral, o tokonoma25 deve ficar à 
direita, e as duas prateleiras estilo tigaidana26 à esquerda de 
quem se posiciona de frente para o fundo da sala. 
Entretanto, dependendo da entrada, não tem importância 
que seja o inverso. Se não houver tokonoma, a melhor 
posição na sala será o local mais distante da entrada. Não é 
bom que ele esteja próximo desta ou que, adentrando o 
recinto, a pessoa tenha de retroceder para chegar em frente 
a ele. 
É desaconselhável que a sala de estilo ocidental fique 
situada no andar superior (no caso de sobrado). Isto porque 
as pessoas entram no referido aposento com sapatos e, assim, 
com a inversão de posições, ela se iguala à rua. 
No tocante à localização da casa, não há muita relação 
entre os pontos cardeais e a idade das pessoas. Costumam 
dizer que a mudança em direção ao Nordeste não é boa; mas 
é justamente o contrário, pois, conforme expus 
anteriormente, dali vem uma energia espiritual puríssima. 
Existe, porém, um problema: quando alguém se muda para 
uma casa com essa localização, seu comportamento e 
trabalho devem ser corretos. Isto porque, aquela energia 
possui uma grande força purificadora e, por sua causa, 
quando os pensamentos são negativos e os atos são impuros, 
os sofrimentos purificadores sobrevêm mais rapidamente. 
e colocam-se vivificações florais. Costumeiramente recebem-se as visitas na sala 
onde fica o tokonoma. 
26 Tigaidana: prateleira própria para tokonoma. É formada de duas tábuas, uma do 
lado esquerdo e outra do lado direito, em níveis diferentes uma da outra e ligadas 
nas pontas por outra tábua. 
Alicerce do Paraíso A fé no cotidiano 
Até hoje, por terem pensamento e trabalho incorretos, muitas 
pessoas, temendo a ocorrência das purificações, detestam o 
Nordeste. 
Coletânea Assuntos sobre fé, 25 de janeiro de 1949 
 
48 49 
 
Alicerce do Paraíso Elevação da Espiritualidade 
PENSAMENTO E 
SENTIMENTO 
50 51 Alicerce do Paraíso 
Alicerce do Paraíso Pensamento e sentimento 
O SER HUMANO DEPENDE 
DO SEU PENSAMENTO [SONEN] 
realmente verdade que gratidão gera gratidão e lamúria 
atrai lamúria. Isto ocorre porque o coração agradecido 
comunica-se com as forças divinas, e o queixoso, com as 
forças malignas. Assim, quem vive agradecendo, torna-se 
naturalmente feliz e quem vive lamuriando, torna-se infeliz. 
O ensinamento da religião Oomoto: “Alegrem-se que virão 
coisas alegres” é, realmente, uma sábia afirmação. 
Jornal Hikari nº 25, 3 de setembro de 1949 
MISTÉRIO DO MUNDO ESPIRITUAL 
Mundo Espiritual é realmente extraordinário e 
misterioso e, pelo senso comum do homem 
contemporâneo, é difícil compreendê-lo. Escreverei 
sobre como o pensamento [sonen] do ser humano influencia 
o Mundo Espiritual. 
Uma vez que o Mundo Espiritual é o mundo do sonen, o 
Nada gera a existência e a existência volta ao Nada, o que 
resulta em infinitas variações. Imaginemos, por exemplo, que 
uma divindade seja retratada em forma de uma pintura ou 
escultura. O espírito da divindade ou buda que assentará 
nessa imagem se diferenciará naturalmente de acordo com a 
personalidade do artista que produziu a obra. Se a 
personalidade deste for elevada, assentará um espírito de 
divindade de alto nível correspondente. 
52 53 
No entanto, se a personalidade do artista for de baixo nível, 
mesmo que outra obra tenha forma idêntica, assentará, 
É 
O 
Pensamento e sentimento 
correspondentemente, um espírito representante daquela 
divindade ou uma divisão sua, em conformidade com o 
caráter do artista. 
Outro exemplo da influência do sonen é a manifestação 
plena da força da divindade quando a pessoa ora perante uma 
imagem com toda sinceridade. Caso a pessoa expresse seu 
sonen apenas formalmente, sem o devido respeito e makoto, 
a força manifestada pela divindade ficará reduzida. Outra 
observação é que quanto maior o número de pessoas que 
oram diante dessa imagem, mais intensa será a manifestação 
da Luz e da força desse espírito de divindade. 
Há um antigo provérbio que diz: “Ter fé até em cabeça de 
sardinha.” Qual será o sentido dessas palavras? 
Suponhamos que uma pessoa qualquer produza uma 
imagem de divindade e passe a divulgá-la, utilizando-se de 
hábeis métodos de propaganda. Se muitas pessoas cultuarem 
a imagem durante algum tempo, por força do sonen dessas 
pessoas, cria-se a forma dessa divindade no Mundo 
Espiritual. Assim, ela passará a manifestar considerável 
poder e até a conceder graças aos seus seguidores. Trata-se 
de uma materialização resultante do sonen do ser humano, o 
que é de fato um mistério. Por um período, apresentam-se 
resultados, mas que não são verdadeiros. Por serem produtos 
da imaginação temporária, em algum momento 
desaparecem. Todos sabem que tais casos ocorrem com 
frequência. Os conhecidos deuses da moda são desse tipo. 
Acima referi-me aos espíritos de divindades, mas gostaria 
de falar também sobre os demônios. 
É realmente grande o número de perversos que, por 
ambição, causam aborrecimentos e sofrimentos às pessoas, 
levando-as à infelicidade. Conforme tenho dito sempre, é 
claro que isso é consequência do pensamento materialista, 
que não acredita no invisível. Do ponto de vista espiritual, 
trata-se de algo bizarro e realmente assustador. Como fazem 
os outros sofrer, os prejudicados infalivelmente sentem 
raiva, rancor, ódio

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