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OBSTETRÍCIA RUPREME: Rotura Prematura de Membranas . DEFINIÇÃO . ● Define-se como a rotura (ruptura) espontânea das membranas amnióticas antes do início do trabalho de parto ⇒ acontece tanto no termo quanto no pré-termo, sendo os casos de prematuridade os que são preocupantes. . INCIDÊNCIA . ● Ocorrem em 5 a 10% das gestações, sendo que, em 90-97% dos casos são gestações a termo e em 3 a 10% são pré-termo. ● A rupreme é responsável por 30 a 40% dos partos pré-termo. ○ Em 50 a 70% dos casos, o trabalho de parto ocorre em 24h. ○ Em 80% dos casos, o trabalho de parto ocorre dentro de 7 dias. . FISIOPATOLOGIA . Tem causa multifatorial: ● Alterações de colágeno; ● Forças mecânicas; ● Enzimas maternas; ● Infecção e resposta inflamatória sistêmica: ○ Microorganismos nas membranas, no líquido amniótico ou na placenta ○ Endotoxinas bacterianas. . DIAGNÓSTICO . ANAMNESE: ● Perda de líquido via vaginal em grande quantidade, súbita e indolor; ● Líquido transparente, com odor característico (hipoclorito), amarelo/esverdeado (mecônio ⇒ mais comum em fumantes, usuárias de droga) ou purulento (em caso de infecções). EXAME FÍSICO: ● Quando a perda de líquido não é evidente, procede-se a um exame especular estéril, com mobilização do polo fetal e manobra de valsalva para observar a saída de líquido pelo orifício cervical. EXAMES AUXILIARES: ● Coletar secreção fundo de saco vaginal e observar ao microscópio, após secagem pelo calor. ○ A presença de cristalização em folha de Samambaia confirma a rotura. ○ A mudança de coloração de Incolor para Marrom, da amostra de líquido amniótico em lâmina, após aquecida por 1 minuto, também confirma a rotura. ● Medição do PH da secreção vaginal com papel de nitrazina. ○ Se torna azul em contato com o fluido vaginal⇒ evidenciando pH mais básico por conta do líquido amniótico. ○ Pode ocorrer um falso positivo se houver presença de sangue, vaginose e tricomonas. ● Ultrassonografia: importante para auxiliar no diagnóstico, (redução do volume de líquido amniótico) ○ Colabora para informar idade gestacional ⇒ tomada de decisão sobre a conduta. ● Instilação transabdominal de 01 ml de índigo Carmim com 09 ml de S.F. na cavidade amniótica (guiada por Ultrassom) ⇒ observação de tingimento de tampão vaginal, confirma diagnóstico. ○ Em serviços capacitados. . DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL . ● Emissão involuntária de urina ⇒ principalmente em multíparas ● Leucorréias ⇒ corrimentos: candidíase, entre outros. ● Muco (tampão mucoso) . IMPLICAÇÕES CLÍNICAS MATERNAS . ● Infecção ⇒ corioamnionite ⇒ miometrite ⇒ casos de sepse e histerectomia (retirada do útero). . IMPLICAÇÕES CLÍNICAS FETAIS . ● Prematuridade: a mais grave, na maioria das vezes. ● Síndrome da Angústia Respiratória; ● Hemorragia intraventricular; ● Infecção fetal (sepsis 2 a 19%) ● Sequência de Potter ⇒ deformidade fetal que acontece por conta da exposição do feto a um tempo prolongado intrauterino sem a presença do líquido amniótico ou em casos de oligoâmnio importante ⇒ clinicamente inclui: pé torto, hipoplasia pulmonar e defeitos faciais. ● Hipoplasia pulmonar isolada; ● Prolapso de cordão; ● Sofrimento fetal ⇒ por compressão do cordão, insuficiência placentária, entre outros. ● Descolamento prematuro placenta. . ASSISTÊNCIA OBSTÉTRICA . OBJETIVOS: ● Evitar infecções maternas ● Não elevar o índice cesárea ● Evitar infecções fetais ● Manejo de complicações da prematuridade CONDUTAS GERAIS: ● Evitar realização de toque vaginal, exceto nas gestações a termo, em gestantes com parto iminente ou quando se planeja indução imediata do parto. ● Avaliar temperatura axilar, pulso materno, altura uterina (AU), dinâmica uterina, BCF (batimento cardiofetal) + exame especular pode ser útil. ● Exames complementares: Swab anal e vaginal para estreptococo grupo B, urina/cultura, hemograma e ultrassonografia. ● Aconselhamento da mulher e familiares sobre morbidade e mortalidade relacionada à idade gestacional. 22-24 SEMANAS DE GESTAÇÃO: ● O prognóstico fetal é bastante ruim, além de riscos maternos (corioamnionite, sepse e até óbito). ● Orientar a mulher e família e dar a opção de interromper a gestação. ● Caso opte por conduta expectante, registrar em prontuário. ● Internar, hiperidratar por 48-72 h, reavaliar o líquido amniótico (periodicamente). ● Se não houver sinais de infecção ou sangramento vaginal pode acompanhar ambulatorialmente. ● Avaliar febre, hemograma 02 vezes por semana e sinais de contração e hipertonia uterina ⇒ para afastar infecção e trabalho de parto). ● Se houver sinais de infecção, optar por parto imediato. ● Avaliar biometria fetal a cada 15 dias, percepção movimentos fetais pela mãe e Ausculta BCF 2 vezes por semana ⇒ avaliar o estado fetal. ● Repouso estrito no leito, abstinência sexual, antibioticoterapia, SEM TOCÓLISE e SEM CORTICOIDE nessa faixa etária gestacional. ● ILA é o mais importante⇒ se persistir muito baixo por 14 dias, há alto risco de hipoplasia pulmonar letal (dificilmente sobrevive) 24-33 SEMANAS DE GESTAÇÃO: ● Nessa fase a conduta expectante parece trazer benefícios ⇒ quanto mais próximo de 33 semanas melhor. ● Internação, repouso no leito (apenas banheiro), curva térmica de 4/4h (exceto durante o sono). ● Observar contrações uterinas. ● Evitar toque vaginal (exceto em casos de trabalho de parto ou interrupção iminente). ● Exame especular (para ver colo e perda de líquido), hemograma 2 vezes por semana ou se houver sinal de infecção, além de VHS e PCR. ⇒ busca por processos inflamatório-infecciosos. ● BCF 2-3 vezes por dia + contagem da movimentação fetal pela mãe após almoço e jantar + cardiotocografia diária (ou mínimo de 2 por semana) . ● Perfil Biofísico fetal diário para ILA (Índice de Líquido Amniótico) < 5 e 2 vezes por semana caso ILA > 5. ● Ultrassom para avaliar ILA pelo menos a cada 2 dias. ● Hidratação oral intensa: 3-4 l/dia ⇒ soro. ● Antibióticos (reduz risco de infecção e melhora o resultado perinatal) ⇒ um derivado da penicilina associado a um macrolídeo. ○ Ampicilina 2g, IV, 6/6h, por 48 h, e seguir com Amoxacilina 500mg, VO, de 8/8h, por 05 dias. Acrescido de 1 g Azitromicina dose única. ● Corticóides: Betametasona 12 mg, a cada 24 h, 02 dias = 02 doses) OU Dexametasona, 6 mg, de 12/12h, por 02 dias = máximo de 04 doses) ○ Contraindicações: em casos de evidência de infecção ou parto iminente). APÓS 34 SEMANAS: ● INTERRUPÇÃO IMEDIATA DA GESTAÇÃO mediante indução. ● Se o colo estiver favorável (com Bishop maior ou igual a 6 ⇒ induz-se com ocitocina) ● Se o colo estiver desfavorável (Bishop<6 faz-se o amadurecimento cervical com Misoprostol). (evitar induções prolongadas > 24h. ● Cesária apenas nas indicações obstétricas. Critérios para interromper gestação: ● Gestação de até 20 ou após 34 semanas⇒ aborto ou parto. ● Trabalho de parto espontâneo; ● Sinais de comprometimento fetal; ● Sinais de infecção: ○ Hipertermia > 37,8°C + mais 2 sinais dos abaixo: ○ Útero doloroso ○ Odor vaginal ○ Taquicardia materna >100 bpm, ○ Taquicardia fetal >160bpm, ○ Leucocitose > 15.000/ml. ○ Elevação progressiva de leucócitos, VHS e PCR e fluxo anormal pela cérvice ao exame especular. OBSERVAÇÕES: ● Embora a cesariana possa reduzir a mortalidade neonatal em fetos de extremo baixo peso (<1000g), a morbidade neonatal é extremamente alta, não justificando o procedimento. (Alto risco materno, principalmente infecção). ● Nas gestantes que não estiverem em uso de antibiótico no momento da interrupção, realizar a profilaxia da sepse neonatal pelo streptococo do grupo B. INDICADORES DE CORIOAMNIONITE ● Febre (temperatura axilar 4/4h); ● Taquicardia materna e fetal; ● Secreção purulenta e /ou fétida via vaginal; ● Útero doloroso à palpação; ● Ausência de movimentos respiratórios fetais ao US. ● Leucocitose > 20000/mm3 ou aumento>100% em relação ao primeiro HMG ou desvio à esquerda. . GENERALIDADES. Antibióticos em caso pré-termo: ● Tratamento antibiótico pode reduzir morbidade infecciosa materna/fetal e aumentar período de latência reduzindo as consequências da prematuridade ● Terapia materna antibióticos pode suprimir estímulo trabalho de parto sem tratar efetivamente infecção fetal. ● Definição do antibiótico mais adequado → não usar amoxicilina + ácido clavulânico e dar preferência para eritromicina Inibição do trabalho de parto: ● Tocólise não melhora prognóstico materno ou neonatal. ● Após rupreme, piora o prognóstico materno e não melhora o prognóstico neonatal. ● Indicado somente para transporte ou por córtico-indução. Indicação do cortico-indução: ● Gestação entre 24 a 32 semanas; ● Ausência de sinais clínicos corioamnionite; ● Prevenção de hemorragia intraventricular e SDR; ● Ciclo único ou repetir em 7 dias; ● O prognóstico fetal é melhor se parto após 24h.
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