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N e f r o l o g i aN e f r o l o g i a Gab r i e l Ba g a r o l o P e t r o n i l h oG a b r i e l Ba g a r o l o P e t r o n i l h o ResumoResumo Introdução A litíase ou cálculo renal é a presença de um ou mais cálculos dentro do parênquima do rim. Eles podem ser renais ou ureterais (provem dos rins e passam pelo ureter. Conceito e Epidemiologia A litíase é a formação de cálculo urinária, representada por uma patologia extremamente comum. A incidência é de 5 - 15% da população, acometendo ambos os sexos e sendo mais comum em homens. O acometimento, geralmente, é mais comum em adultos, porém, não poupa crianças. Os cálculos renais são uma somatória de fatores epidemiológicos, como condições climáticas, atividade física, ocupação e fatores dietéticos, a s soc i ado a d i s t ú rb i o s metabó l i c o s e modificações físico-químicas. Ela pode estar ou não relacionada a história familiar. Fisiopatologia O cálculo é formado quando há um desequilíbrio entre as condições que promovem e as que inibem a supersaturação e a cristalização urinária. As pessoas nascem com o chamado ‘fator inibidor do cálculo’, porém, há pessoas que nascem com uma quantidade menor dele. A supersaturação urinária pode ocorrer por uma hiperexcreção de substâncias, baixa volume urinário, alteração do pH urinário ou deficiências dos fatores de inibição. Normalmente, a urina humana é supersaturara, mas somente alguns formam cálculos → devido déficit de fatores de inibição. A formação do cálculo ocorre por meio de uma matriz ou núcleo, chamado de cristal, que passa por um crescimento com agregação ou aglomeração de substâncias sobre o cálculo de maneira adesiva. O fator inibidor impede ou a nucleação ou o crescimento ou a agregação. Tipos de Cálculos Cálculo de Cálcio É o tipo mais comum de cálculo, sendo cerca de 70-75% dos casos. Ele é, normalmente, composto por oxalato de cálcio (95%). Na maioria dos casos, eles são formados em urina alcalina, com aumento da supersaturação de fosfato. Características → habitualmente redondo, radiodensos e não possuem aspecto coraliforme. Podem ser vistos no RX de abdome, USG, TC e RNM. Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG Nefrolitíase Cálculos de Ácido Úrico Esse tipo de cálcio corresponde à cerca de 10% dos casos. Eles podem ser puros ou mistos (matriz inicial para cálculos de cálcio - são inicialmente cristais de ácido úrico e posteriormente o oxalato de cálcio se adere). Q u a n d o s ã o c á l c u l o s p u r o s e l e s s ã o radiotransparentes ou seja, não visíveis ao RX simples de abdome. Então, é necessários exames de imagem com contrates: orografia excretor, TC de abdômen, urotomografia e RNM. O USG de abdome é possível diagnosticar por meio da visualização do cálculo, porém, depende de profissional muito bem treinado. Cálculos de Estruvita Esse tipo de cálculo também pode ser chamado de cálculo de fosfato de amônio magnesiano (fosfato triplo) e correspondem a 15% dos cálculos. São pouco radiodensos, grandes e possui características coraliforme - se adaptam ao formato de toda a pelve renal. O cálculo de estruvita é chamado de cálculo ‘infeccioso’, pois só se desenvolve na presença de bactéria produtoras de urease na urina. Cálculos de Cistina São os tipos de cálculos mais raros que possuímos, correspondendo a cerca de 1%. Esse tipo é mais comum na infância. Sua maior características é forma hexagonal. Condições de Supersaturação Hipercalciúria primária ou idiopática É a condição mais comum de supersaturação causada por uma hiperexcreção de cálcio na urina. A normocalciúria é de no máximo 4mg/kg/dia ou 200 a 350mg a cada 24 horas. Na hipercalciúria, presente em 5% de toda a população e em 50% dos pacientes portadores de litíase, ocorre um aumento dessa excreção. 40% dos pacientes possuem história familiar, que pode evidenciar uma herança genética complexa. Por ser complexa, ela não segue obrigatoriamente a herança pai-filho. A fisiopatologia da hipercalciúria primária ou idiopática é um aumento na absorção intestinal de cálcio, redução da absorção tubular de cálcio, aumento da reabsorção óssea e aumento da síntese de vitamina D. Essas condições aumentam o cálcio sérico, causando sua hiperexcreção urinária. Hiperoxalúria A excreção urinária normal de oxalato varia entre 16 - 40mg/dia, quando há excreção maior que 40mg/dia a condição de hiperoxalúria está evidenciada. O oxalato normalmente provém do metabolismo interno, cerca de 80% (glioxilato, glicina, ácido ascórbico/vitamina C), e somente 20% da dieta - ricas em espinafre, nozes e chocolate. A hiperoxalúria pode ocorrer por déficit enzimático, excesso de consumo de vitamina C ou por hiperabsorção de oxalato intestinal ou em casos de síndrome da má absorção intestinal. Hiperuricusúria É excreção urinária de ácido úrico maior que 750-800mg em 24 horas. O ácido úrico é o produto final da degradação das purinas. Dietas ricas em proteínas aumentam o produto final (ácido úrico), aumentando a chance de cálculo renal. Cistinúria Ocorre uma excreção urinária de cistina maior que 20mg em 24h. É uma doença genética rara, que cursa com elevada excreção de aminoácidos essenciais (cistina, ornitina, lisina e arginina). A cistina é insolúvel em urina ácida. Ela é rara, cerca de 1% das pessoas que possuem cálculo, porém a formação de cálculos é progressiva e pode levar à IRC. Déficit do Fator de Inibição O citrato (fator de inibição) possui capacidade de ligar-se ao oxalato de cálcio e se depositar sobre os cristais já formados, impedindo seu crescimento e agregação pela carga negativa. Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG Além disso, o citrato se converte em bicarbonato alcalinizando a urina. Hipocitratúria Toda pessoa nasce com o fator de inibição que é o citrato, porém, algumas pessoas possuem uma hipocitratúria. Nessa condição que acomete cerca de 30-50% de todos os pacientes com nefrolitíase, há uma excreção urinária de citrato menor que 320mg em 24 horas. Geralmente é de causa idiopática, mas exercícios físicos extenuantes, diarreia crônica, elevada ingesta de sal e proteínas na dieta podem reduzir a excreção do citrato. Além disso, mais raramente, o uso de diuréticos tiazídicos pode levar a hipocitratúria. Outras Causas de Nefrolitíase Infecções Infecções por bactérias produtoras de urease, fazem a hidrólise da ureia e produção de amônio que aumenta o pH da urina com aumento de fosfatos e precipitação de cálculos de fosfato amôniomagnesianos/estruvita. Diagnóstico Clínico O cálculo pode ser assintomático - no parênquima renal - , sendo um achado no exame de imagem, ou extremamente sintomático - cólica renal - devido obstrução da via urinária. Cólica Renal é causa comum de consultas no pronto-socorro, evidenciada por dor em região lombar ou flanco ou fossa ilíaca forte, súbita, raramente bilateral, em cólica que não alivia com repouso ou mudança de posição. É irradiada para bexiga ou genitália externa acompanhada de náusea, vômito, hematúria, disúria e, raramente, diarreia, Em crise de cólica renal, o paciente fica ainda inquieto, pálido, sudoreico, taquicárdico, com dor à palpação local, abdome distendido e sem irritação peritoneal. No exame físico pode ser realizado a punho percussão leve para evidenciar a presença do sinal de Giordano. Diagnóstico Diferencial - Apendicite - Diverticulite - Colecistopatia - Cisto ovariano roto - Anexite - Gravidez ectópica - Trombose mesentérica - Aneurisma de aorta abdominal - IAM de parede inferior Diagnóstico Laboratorial e de Imagem Utilizado para auxílio do dx clínico. Em evento agudo - cólica renal - pode ser realizado exame de urina 1/parcial de urina, + função renal + exame de imagem (rx simples de abdome ou USG ou TC ou orografia excretor ou RNM - depende da disponibilidade)>Na evolução, após diagnóstico inicial e tratamento da cólica renal, deve-se fazer investigação por meio do perfil metabólico do paciente : dosagem de cálcio, fósforo, ácido úrico, creatinina, cloro, potássio, bicarbonato e PTH sérico. Após, é realizado as dosagens do perfil metabólico só que desta vez na urina de 24h: volume urinário, pH, creatinina, sódio, cálcio, ácido úrico, fósforo, cistina, citrato, oxalato e urocultura. Tratamento Cólica Nefrética → realizado associação de antiespamódico (butilescopulamina) e AINEs injetável. Eventualmente é necessário uso de análogo da morfina e a hidratação é realizado de acordo com a demanda do paciente. Para tratar o cálculo em si dependemos dos fatores: localização, tamanho e se está obstruindo ou não. Quando há uma obstrução a conduta é urológica. Ao nefrologista, estamos discutindo esse tema na disciplina de nefrologia, cabe a realização do perfil metabólico e as orientações relacionadas ao mesmo- após a resolução da urgência. Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG O nefrologista realiza medidas de orientacão dietética com restrição de sódio, devido elevação da calciúria pelo transporte comum a ambos no TCP, e restrição de proteína animal - carne vermelha. Orientar uma ingesta normal de cálcio. Não é a ingesta do cálcio que aumenta o formando dos cálculos de oxalato de cálcio. Além disso, a redução da mesma pode ter um risco de perda de massa óssea. Em pacientes com hiperoxalúria, é indicado a restrição de alimentos risco em oxalato, como chocolate, espinafre, nozes, amendoim, beterraba… Elevar a ingesta hídrica para cerca de 2.100 - 2.500ml/dia, sem contar as perdas insensíveis. Associar alimentos ricos em potássio, com frutas e verduras, que causam uma redução na chance de formação de cálculos. Além das medidas com orientação na dieta existem medidas farmacológicas que também podem ser indicadas. Em pacientes com hipercalciúria, o uso de diuréticos tiazídicos é indicado pelo aumento da reabsorção de cálculo o TCP e diminuição da calciúria no túbulo distal. Pacientes que possuem cálculos de ácido úrico devem utilizar alopurinol - pacientes com história de gota. Por ú lt imo, em pac ientes que possuem hipocitratúria, hipercalciúria e hiperuricosúria pode ser utilizado citrato (Litocite) para aumentar o déficit de fator inibitória e elevação do pH urinário. Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG
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