Buscar

Roteiros de estudo e esquemas - Ética a Nicômacos 2020

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ÉTICA A NICÔMACOS I 
 
Livro I: o objeto da ética: a eudaimonia 
Ética I 
Prof. Dr. Angelo Vitório Cenci 
 
I Estrutura temática do livro I 
 
Cap. 1 – Introdução: toda a atividade humana possui um fim 
Cap. 2 – A ética é parte da política 
Cap. 3 – A ciência política não é uma ciência exata 
Cap. 4 – Posições acerca da natureza da felicidade 
Cap. 5 – Os principais modos de vida 
Cap. 6 – Crítica à idéia platônica do bem 
Cap. 7 – A função do homem: um bem que é fim em si mesmo, perfeito e auto-suficiente 
Cap. 8 – A eudaimonia é uma atividade de acordo com a virtude própria do homem 
Cap. 9 – A eudaimonia e a boa sorte 
Cap. 10 – A eudaimonia e os bens exteriores 
Cap. 11 – A eudaimonia e a vida presente: a felicidade após a morte 
Cap. 12 – A eudaimonia, objeto de honra ou de elogio? 
Cap. 13 – A alma, suas partes e virtudes correspondentes 
 
II Problemas para análise no livro I 
 
Questão central para Aristóteles: O que é uma vida bem vivida? Daí decorre: O que devo fazer 
para que minha vida seja bem vivida? Que tipo de pessoa devo ser para que minha vida valha a 
pena? A direção indicada por Aristóteles é a de uma vida eudaimônica, bem vivida. Por isso o 
objeto da ética ser a eudaimonia. 
 
III Roteiro de trabalho 
 
3.1 Introdução: O problema central da ética de Aristóteles em EN I: O que é a vida boa? 
3.2 O telos (finalismo) do agir humano (EN I, 1-2) (o argumento finalista de Aristóteles). 
3.3 Exame das opiniões sobre a eudaimonia e a apresentação dos diferentes modos de vida (I, 4-
5); classificação dos tipos de bens (EN I, 8); (MM I, 2). 
3.4 O conceito de eudaimonia e a função específica do homem (EN I, 7): observações de caráter 
fenomenológico sobre a vida do homem e as capacidades de sua alma 
3.5 Características gerais da eudaimonia. 
3.6 O conceito de alma: suas dimensões e sua relação com as virtudes (I,13) 
 
Referências 
 
- ARISTÓTELES. Ética a Nicômacos. 2 ed. Brasília: Edunb, 1992. 
- CENCI, A. V. Aristoteles & e a educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2012. 
- HADOT, P. O que é a filosofia antiga. São Paulo: Loyola, 1999. 
- LEAR, J. Aristóteles: o desejo de entender. São Paulo: Discurso, 2006. 
- ROSS, D. Aristóteles. Lisboa: Dom Quixote, 1987. 
- SANGALLI, I. J. O fim último do homem: da eudaimonia aristotélica à beatitudo agostiniana. Porto 
Alegre: Edipucrs, 1998. 
- YARZA, I. La racionalidad de la ética de Aristóteles: un estudio sobre Ética a Nicômaco I. Navarra: 
EUNSA, 2001. 
 
 
Esquema acerca do conceito aristotélico de alma: 
 
 crescimento 
 Irracional vegetativa nutrição 
 
 certa dose de razão 
 (exorta a agir bem) 
 
 apetitiva– tensão entre mediania  virtudes 
 (meio termo) éticas 
  
Alma impulsos, instintos hábito 
 tendências, paixões  
 formação 
do caráter 
 
phronesis – indica os meios idôneos para 
alcançar fins bons 
 faculdade deliberativa 
 Racional – intelectiva - virtudes 
 dianoéticas 
  
 adquire-se pela sophia – Fim em si/contemplação 
 instrução (eudaimonia) 
  faculdade calculativa 
 requer tempo 
 e paciência 
 
 
 
A dimensão racional do conceito aristotélico de alma (esquema a partir de EN VI): 
 
 
 
 
ALMA 
RACIONAL 
(elemento que 
formula regras) 
Parte Fim Objeto Sábio 
Científica 
 
intelecto puro, 
especulativo 
Verdade teórica, pura e 
simples: o conhecimento 
das coisas como elas são; 
contemplação dos objetos 
Coisas eternas e 
imutáveis – 
necessárias 
(ciência teórica) 
Sophós 
Ex.: Tales 
Calculativa 
deliberativa 
 
intelecto prático 
Verdade prática, i.é., 
acordo com o desejo reto 
– orienta a ação 
Agir, coisas 
contingentes 
(ciência prática) 
Phrónimos 
Ex.: 
Péricles 
 
 
 
 
 
Ética a Nicômacos II 
 
Roteiro de estudo e problematização 
 
Prof. Dr. Angelo Vitório Cenci
1
 
 
 
1 Problema geral: O que é a virtude moral? 
2 Problemas específicos: 
2.1 Como é adquirida a virtude moral? Qual o papel do hábito para tal? (EN II, 1); 
2.2 Qual a natureza da ação moral? Como a ação moral deve ser praticada para ser 
caracterizada como tal? (EN II, 2); 
2.3 Qual a relação do prazer e do sofrimento com a virtude moral? (EN II, 3) 
2.4 Em que sentido a virtude moral se distingue da techne e quais as condições para uma 
ação ser considerada virtuosa? (EN II, 4) Também (EN X, 9 – p.206-7) 
2.5 Como Aristóteles define a virtude moral? (EN II, 5-6) 
a) Definição genérica de virtude: a virtude como hábito (EN II, 5) (p.40) 
b) Definição específica de virtude: a virtude como mediania (EN II, 6) (p.41) 
c) Definição completa de virtude (EN II, 6) (p.42). 
2.6 Como se articula a relação do meio termo com as várias formas de virtudes 
particulares? (EN II, 7); 
2.7 Em que sentido os extremos se opõem entre si e em relação ao meio termo? (EN II, 
8); 
2.8 Que condições Aristóteles postula para atingir o meio termo? (EN II, 9). 
 
Referências bibliográficas 
 
- ARISTÓTELES. Ética a Nicômacos. 2 ed. Brasília: Edunb, 1992. 
- ____ . La ethique à Nicomaque. Paris: Vrin, 1959 (Trad. J. Tricot). 
 
Comentaristas indicados sobre o tema 
 
- CENCI, A. V. Educação moral em perspectiva: concepções clássicas e desafios atuais. 
Passo Fundo: UPF Editora, 2007 (cap.1). 
- GADAMER, H.-G. O problema hermenêutico e a ética de Aristóteles. In: GADAMER, H.-
G. O problema da consciência histórica. 3ed. Rio de Janeiro: FGV, 2006. 
- GUTHRIE, W. K. C. Historia de la filosofía griega (v.VI). Madrid: Gredos, 1993. 
- PICHLER, N. A felicidade na ética de Aristóteles. Passo Fundo: UPF Editora, 2004 
(cap.2). 
- REALE, G. História da filosofia antiga (V. II). São Paulo: Loyola, 1994 (Parte II, 3ª 
seção, cap.1). 
- ROSS, D. Aristóteles. Lisboa: Dom Quixote, 1987 (cap.7). 
- VERGNIÈRES, S. Ética e política em Aristóteles. São Paulo: Paulus, 1999 (Parte II, 
cap.2). 
 
 
 
 
1
 Disciplina Ética I, ministrada no Curso de Filosofia da UPF no semestre I/2011. 
O papel do prazer e do sofrimento em relação à ética (II, 3) 
 
 Objetos de objetos de 
 escolha repulsa 
 o nobilitante ----------x---------- o ignóbil 
 Prazer o vantajoso -----------x---------- o nocivo Sofrimento 
 o agradável -----------x---------- o penoso 
 deficiência 
 x 
 virtude 
 
  
 educação  mediação: orienta os hábitos  formam o 
caráter 
 
Exemplos: 
 
Morrer pela pátria é doloroso (penoso), mas nobre (nobilitante) porque o valor – a 
coragem – é uma virtude. 
Tomar um remédio pode ser penoso (desagradável), mas bom (vantajoso) para a saúde. 
 
 
O exercício das virtudes, embora semelhante, requer mais exigências que o das 
artes (EN II,4): 
 
Exercício Conhecimento Forma de 
aquisição 
Fim Exigências 
Virtudes Conhecimento 
Prático 
(saber agir 
moralmente) 
Pelo 
exercício 
repetido 
(hábito) 
A virtuosidade/excelência 
de um ato não existe no ato 
mesmo ou no seu resultado. 
Ela deve surgir de um estado 
do caráter. Ela não é fim em 
si. Visa aprimorar o agente. 
Reside internamente, na 
alma e no próprio ato. 
saber o que está 
fazendo 
(conhecimento 
prático)livre escolha 
firmeza de caráter 
 
Artes Conhecimento 
prático/poiético 
(saber fazer, 
instrumental) 
Pela prática 
repetida 
É um produto acabado. A 
bondade de ou excelência de 
um produto (ex. casa) existe 
nele mesmo. É externo ao 
homem, reside no produto 
de um ato, visa aprimorar o 
produto. 
somente 
conhecimento 
prático/poiético 
(saber fazer) 
 
 
 
Ética a Nicômacos II,5: Definição genérica da virtude moral: a virtude 
como hábito (p.40)2 
 
A virtude deve ser buscada dentre as espécies de manifestações da alma: 
 
a) Estados afetivos – “são sentimentos acompanhados de prazer e sofrimento”. 
b) Faculdades – São inclinações naturais em função das quais somos capazes de termos 
estados afetivos. 
c) Hábitos – “Estados da alma (modos de ser) em virtude dos quais estamos bem ou mal 
em relação aos estados afetivos”. Trata-se de averiguar se 
sentimos os estados afetivos de modo violento, se os sentimos 
moderadamente ou se não os sentimos. 
 
* Conclusão: Se os estados afetivos nos movem e as faculdades nos são dadas por 
natureza e, se, somos bons ou maus em função dos hábitos (disposições/modos de ser) 
que constituímos, então a virtude tem de estar associada a estes. 
 
Na Ética a Eudemos (II, 3) Aristóteles apresenta a seguinte relação de 
virtudes e vícios a partir do respectivo meio termo: 
 
“(1) a mansidão é a via média entre a iracúndia e a impassibilidade; 
 (2) a coragem é a via média entre a temeridade e a covardia; 
 (3) a veracúndia é a via média entre a impudência e a timidez; 
 (4) a temperança é a via média entre a intemperança e a insensibilidade 
 (5) a indignação é a via média entre a inveja e o excesso oposto, sem nome; 
 (6) a justiça é a via média entre o ganho e a perda; 
 (7) a liberalidade é a via média entre a prodigalidade e a avareza; 
 (8) a veracidade é a via média entre a pretensão e o autodesprezo; 
 (9) a amabilidade é a via média entre a hostilidade e a adulação; 
 (10) a seriedade é a via média entre a complacência e a soberba; 
 (11) a magnanimidade é a via média entre a vaidade e a estreiteza de alma; 
 (12) a magnificência é a via média entre a suntuosidade e a mesquinharia”. 
 
 Esquema explicativo acerca do papel do hábito e do meio termo: 
 meio termo 
 - _____________________________________ + 
 hábito hábito hábito 
 (falta) (justa medida) (excesso) 
    
 vício virtude vício 
 
 
 
2
 A concepção da virtude como hábito aparecerá depois em Tomás de Aquino na parte II, seção 1, questão 
55, art.1 da Suma Teológica (Tratado dos hábitos e das virtudes). 
Ética a Nicômacos III, 1-5 
 
Roteiro de estudo e problematização 
 
Prof. Dr. Angelo Vitório Cenci
3
 
 
 
 
I A problemática de EN III, 1-5 
 
O objeto de estudo de III, 1-5 é mostrar que tanto a virtude quanto o vício estão em 
poder do agente. Por essa razão, eles são voluntários de modo que o agente pode ser 
recompensado ou punido de acordo com suas ações (III, 5). Sem analisar o que é uma 
ação voluntária não seria possível a Aristóteles explicar porque a prática reiterada de 
ações de um determinado tipo (justas, por exemplo) desenvolveria no agente uma 
disposição (modo de ser) que o levaria depois a escolher a mesma conduta, tornando-o 
vicioso ou virtuoso, conforme o tipo de escolhas feitas desde tenra idade. Agir mediante 
deliberação, escolha e decisão requer pressupostos – como a voluntariedade – e um 
processo de aprendizagem mediante hábitos levado adiante pelo agente. 
 
II Problemas específicos 
 
2.1 Que condições Aristóteles apresenta para se definir as ações como voluntárias 
ou involuntárias? (III, 1). 
 Externa (força física ou ameaça) 
 Por coação 
 [Interna (psíquica)] 
 
Involuntárias: 
 
 Por causa da ignorância (desculpável) 
 Por ignorância 
 Com ignorância (não desculpável)
4
 
 
Ações 
 
 Liberdade para fazer algo 
 (querer fazer) 
 Voluntárias 
 Conhecimento sobre o que está fazendo 
 (saber o que está fazendo) 
 
 
* As circunstâncias em que a ação é praticada (p.51-2). 
 
3
 Disciplina Ética I, ministrada no Curso de Filosofia da UPF no semestre I/2011. 
4
 Aqui há ignorância no momento em que a ação é praticada, mas tem de se levar em conta que seus efeitos 
poderiam ter sidos evitados, pois estava em poder do agente evitá-los, como no caso de um acidente provocado 
por alguém embriagado. No momento do acidente o condutor não queria provocá-lo, mas, como se diz 
atualmente, assumiu o risco de tal resultado ao beber. No momento não está mais ao seu alcance evitá-lo, mas 
poderia ter evitado por saber dos riscos que assumiria ao embriagar-se. Por essa razão o direito vai distinguir 
entre culpa e dolo ou dolo eventual. 
 
a) Quem está praticando a ação/Quem age ou quem é o agente; 
b) “o que ela está fazendo” ou sobre o que/quem está agindo; 
c) Sobre o que ou quem está fazendo/ Sobre que coisas ou pessoa está agindo; 
d) Com o que está fazendo (qual o “o instrumento” que utiliza); 
e) Com que finalidade está fazendo (“o efeito”); 
f) De que “maneira” está fazendo/ se com brandura ou violência. 
 
2.2 A escolha (deliberada) (III 2-3) 
 
2.2.1 O que é a escolha? (III, 2) 
a) Escolha e virtude moral (p.52). 
b) Diferença entre desejo (boulesis) e escolha (proairesis).
5
 (p.53). 
c) Escolha e deliberação. A escolha é o último passo do cálculo (deliberação) a 
respeito dos meios e das conseqüências para alcançar-se um fim: é o resultado a que 
chega uma deliberação. 
d) A escolha envolve premeditação (p.54). 
e) O caráter requer escolha para que a ação seja virtuosa. 
f) A escolha se orienta pela busca do que é correto (o bem), não pelo que é 
agradável. 
2.2.2 Qual é o objeto da deliberação? (III, 3) 
a) Sobre o que não é possível deliberar (p.54) 
b) Condições para alguém deliberar: Que: 
b.1) o sujeito seja efetivamente capaz de deliberar (diferentemente dos animais) e, 
b.2) tenha tal capacidade desenvolvida (diferentemente das crianças). 
c) Sobre o que é possível deliberar 
c1 – Sobre as coisas que estão ao nosso alcance (em poder do agente) e podem ser feitas 
graças aos esforços humanos (as coisas contingentes e possíveis) (p.54). 
c2 – Deliberamos não sobre fins, mas sobre meios. Dado o fim, busca-se saber como e 
por quais meios tal finalidade deve ser alcançada (p.55). 
c3 – Pode-se distinguir dois aspectos da deliberação: 
1º) Um cálculo retrospectivo: recua-se do fim procurado aos meios (mais fáceis e 
melhores) que estão disponíveis para o agente. 
 
5
 A proaíresis (escolha) não é identificada por Aristóteles nem com o desejo, nem com a razão em sentido 
puro. A escolha se refere aos meios e não aos fins. 
2º) Um cálculo prospectivo das conseqüências: esta visa descobrir o meio cujas 
conseqüências previsíveis não impliquem resultados rejeitáveis. 
c4 – A techne é quem melhor traduz o que é a deliberação e nesta há a possibilidade de 
dois tipos de erro: no cálculo feito (por exemplo: o médico que faz um diagnóstico 
errado da doença ou que conclui de forma errada sobre qual o melhor modo de cura) e 
na colocação da ação em prática (o caso do médico que dáo remédio errado ao paciente 
por engano). 
c5 – A deliberação se constitui num cálculo efetivado pelo desejo de um fim que 
inicialmente é suposto pelo agente como algo alcançável. 
d) Escolha e deliberação 
d1) O objeto da escolha e da deliberação é o mesmo: os meios. O Objeto da escolha é 
algo que “desejamos após deliberar” (p.56). Por isso, a escolha é definida como “desejo 
deliberado de coisas que estão ao nosso alcance” (p.56). A escolha pressupõe duas 
coisas: o desejo do fim e a deliberação (mediante a razão) acerca dos meios para atingi-
lo.
6
 Após a deliberação “passamos a desejar de conformidade com nossa deliberação” 
(p.56).
7
 
d2) Porém, há uma diferença fundamental entre deliberação e escolha. A primeira 
– deliberação – visa estabelecer quais são as ações e os meios necessários para se 
alcançar determinados fins. A escolha age sobre esta série de coisas a realizar para 
chegar a um fim. Quando estas são irrealizáveis a escolha as descarta, quando são 
realizáveis as coloca em ato. 
d3) A proairesis (escolha) faz a mediação do conflito ou tensão entre razão e desejo 
– Porque Aristóteles não chega à noção de livre arbítrio? 
* Decidir entre ambos implica uma escolha deliberada. Muito embora pareça encontrar-
se aqui a vontade, na medida em que a escolha é desejo deliberado, Aristóteles nega que 
a escolha possa identificar-se com o desejo (boúlesis). Ocorre que boulesis, o desejo, 
diz respeito somente aos fins, enquanto a escolha (assim como a deliberação) diz 
respeito aos meios. 
 
2.2.3 O que é o desejo raciocinado e como orientá-lo corretamente? (III, 4) 
 
 
6
 Ver, a esse respeito, a crítica de Paul Ricoeur em O si mesmo como outro (2014, p.p.188ss.). 
7
 No caso da incontinência não há essa passagem da deliberação à ação. Ocorre que a incontinência 
“consiste em agir contrariamente ao que se acredita ser o melhor, sob a influência do desejo” (EE II 7, 
1223b, p.449). Na acrasia também não ocorre essa passagem, mas em razão de a vontade não ser forte o 
bastante para concretizá-la. 
Esquema geral (EN III, 2-4): 
 
Busca um fim: é a única força 
 motivadora da 
 ação humana desejo reto (verdade prática) 
  
Desejo Fim (bom) > volição dos fins 
 (boulesis) capacidade de deliberar os meios (Vontade) 
 Phrónesis = razão deliberativa: ajuda a 
 descobrir os meios (idôneos) 
 para alcançar o fim buscado 
 (Reta razão) Virtude: ajuda a 
indicar 
 fins bons 
 Deliberação Escolha Ação  
   ela é fruto de uma boa 
 possibilita elencar recai sobre a determinação educação e do 
cultivo 
 todos os meios dos meios idôneos de bons hábitos, 
 possíveis forma o caráter 
  
 é desejo deliberado, racional: refere-se 
 à efetivação dos meios escolhidos. 
 
2.2.4 Em que medida as virtudes e os vícios são voluntários? (III, 5) 
§ 1 (p.57): As ações que se referem aos meios, assim como as virtudes, são voluntárias. 
§ 2 (57): “O homem é a origem de suas próprias ações”. 
§ § 3 e 4 (p.57-8): O problema da punição. 
§§ 5 (e 6) (p.58): Por que a virtude e o vício são voluntários? 
§ 7 (p.59): Apresentação da uma objeção à tese da voluntariedade dos vícios e virtudes. 
§§ 8 e 9 (p.59-60): Refutação da objeção e reafirmação da tese da voluntariedade das virtudes 
e dos vícios. 
 
Referências 
 
ALVAREZ-VALDÉS, L. G. El acto voluntário em Aristóteles. In: Pensamiento, Madrid, v.52, 
n.202, jan.-abr. 1996. 
ARENDT, H. A vida do espírito: o pensar, o querer, o julgar. 2 ed. Rio de Janeiro: Relume 
Dumará, 1993 (p.225-267). 
ARISTÓTELES. Ética a Nicômacos. 2 ed. Brasília: Edunb, 1992 (Trad. Mário da Gama Cury). 
____ . La ethique à Nicomaque. Paris: Vrin, 1959 (Trad. J. Tricot). 
AUBENQUE, P. A prudência em Aristóteles. São Paulo: Discurso Editorial, 2003 (cap.3). 
CENCI, A. V. Ética geral e das profissões. Ijuí: Editora Unijuí, 2010 (p.75-77). 
GUARIGLIA, O e VIDIELLA, G. Breviário de ética. Buenos Aires: Edhasa, 2011. p.45-61 
MUNÕZ, A. A. Liberdade e causalidade: ação, responsabilidade e metafísica em Aristóteles. 
São Paulo: Discurso editorial, 2002. 
 
Ética a Nicômacos VI 
 
Roteiro de estudo e problematização 
 
Prof. Dr. Angelo Vitório Cenci
8
 
 
 
1 O conteúdo do livro VI da Ética a Nicômacos 
 
1 Passagem às virtudes intelectuais: a reta razão (orthos logos) 
2 O objeto da virtude intelectual: combinação de desejo (orexis) e intelecto (nous) = 
escolha 
3 O conhecimento científico (demonstrativo: episteme) 
4 A arte (techne) 
5 O discernimento (phronesis) 
6 A razão intuitiva (nous) 
7 A sabedoria teórica (contemplativa: sophia) 
8 A phronesis e a arte política 
9 As virtudes intelectuais menores: a boa deliberação (euboulia) 
10 As virtudes intelectuais menores: o entendimento/inteligência (synesis) 
11 As virtudes intelectuais menores: o julgamento (gnome) 
12 e 13 Utilidade da sabedoria teórica e da sabedoria prática: relações entre elas 
Obs.: Os números sublinhados indicam os capítulos que terão preferência para o estudo 
do livro VI. 
 
 
2. A dimensão racional do conceito aristotélico de alma (esquema):
9
 
 
 
 
ALMA 
RACIONAL 
(elemento que 
formula 
regras) 
Parte Fim Objeto Virtudes Sábio 
Científica 
 
intelecto puro, 
especulativo 
- razão teórica 
Verdade teórica, pura e 
simples: o conhecimento 
das coisas como elas são; 
contemplação dos objetos 
Coisas eternas 
e imutáveis – 
necessárias 
(ciência 
teórica) 
Episteme 
Nous 
Sophia 
Sophós 
Ex.: Tales 
Calculativa 
deliberativa 
 
intelecto prático 
- razão prática 
Verdade prática, i.é., 
acordo com o desejo reto 
– orienta a ação 
Agir, coisas 
contingentes 
(ciência 
prática) 
Phronesis 
Tekne 
 
Phrónimos 
Ex.: 
Péricles 
 
 
 
8
 Disciplina Ética I, ministrada no Curso de Filosofia da UPF no semestre I/2011. 
9
 A esse respeito, ver Gazola (1999, p.128-130) 
3 A phrónesis situada no contexto da concepção aristotélica acerca da estrutura da 
ação moral (esquema): 
 
Busca um fim: é a única força 
 motivadora da 
 ação humana desejo reto (verdade prática) 
  
Desejo Fim (bom) > volição dos fins 
 (querer) capacidade de calcular os meios (Vontade) 
 Phrónesis = razão deliberativa: ajuda a 
 descobrir os meios (idôneos) 
 para alcançar o fim buscado Ação 
 (Reta razão). Orienta a de- Virtude: ajuda a 
indicar 
 liberação e a escolha. fins bons 
 Deliberação Escolha 
   ela é fruto de uma 
boa 
 possibilita elencar recai sobre educação e do 
cultivo 
 todos os meios o(s) meio(s) de bons hábitos, o 
que 
 possíveis idôneo(s) forma o caráter 
  
 é desejo deliberado, racional: refere-se 
 à efetivação dos meios escolhidos.

Outros materiais