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ÉTICA A NICÔMACOS I Livro I: o objeto da ética: a eudaimonia Ética I Prof. Dr. Angelo Vitório Cenci I Estrutura temática do livro I Cap. 1 – Introdução: toda a atividade humana possui um fim Cap. 2 – A ética é parte da política Cap. 3 – A ciência política não é uma ciência exata Cap. 4 – Posições acerca da natureza da felicidade Cap. 5 – Os principais modos de vida Cap. 6 – Crítica à idéia platônica do bem Cap. 7 – A função do homem: um bem que é fim em si mesmo, perfeito e auto-suficiente Cap. 8 – A eudaimonia é uma atividade de acordo com a virtude própria do homem Cap. 9 – A eudaimonia e a boa sorte Cap. 10 – A eudaimonia e os bens exteriores Cap. 11 – A eudaimonia e a vida presente: a felicidade após a morte Cap. 12 – A eudaimonia, objeto de honra ou de elogio? Cap. 13 – A alma, suas partes e virtudes correspondentes II Problemas para análise no livro I Questão central para Aristóteles: O que é uma vida bem vivida? Daí decorre: O que devo fazer para que minha vida seja bem vivida? Que tipo de pessoa devo ser para que minha vida valha a pena? A direção indicada por Aristóteles é a de uma vida eudaimônica, bem vivida. Por isso o objeto da ética ser a eudaimonia. III Roteiro de trabalho 3.1 Introdução: O problema central da ética de Aristóteles em EN I: O que é a vida boa? 3.2 O telos (finalismo) do agir humano (EN I, 1-2) (o argumento finalista de Aristóteles). 3.3 Exame das opiniões sobre a eudaimonia e a apresentação dos diferentes modos de vida (I, 4- 5); classificação dos tipos de bens (EN I, 8); (MM I, 2). 3.4 O conceito de eudaimonia e a função específica do homem (EN I, 7): observações de caráter fenomenológico sobre a vida do homem e as capacidades de sua alma 3.5 Características gerais da eudaimonia. 3.6 O conceito de alma: suas dimensões e sua relação com as virtudes (I,13) Referências - ARISTÓTELES. Ética a Nicômacos. 2 ed. Brasília: Edunb, 1992. - CENCI, A. V. Aristoteles & e a educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2012. - HADOT, P. O que é a filosofia antiga. São Paulo: Loyola, 1999. - LEAR, J. Aristóteles: o desejo de entender. São Paulo: Discurso, 2006. - ROSS, D. Aristóteles. Lisboa: Dom Quixote, 1987. - SANGALLI, I. J. O fim último do homem: da eudaimonia aristotélica à beatitudo agostiniana. Porto Alegre: Edipucrs, 1998. - YARZA, I. La racionalidad de la ética de Aristóteles: un estudio sobre Ética a Nicômaco I. Navarra: EUNSA, 2001. Esquema acerca do conceito aristotélico de alma: crescimento Irracional vegetativa nutrição certa dose de razão (exorta a agir bem) apetitiva– tensão entre mediania virtudes (meio termo) éticas Alma impulsos, instintos hábito tendências, paixões formação do caráter phronesis – indica os meios idôneos para alcançar fins bons faculdade deliberativa Racional – intelectiva - virtudes dianoéticas adquire-se pela sophia – Fim em si/contemplação instrução (eudaimonia) faculdade calculativa requer tempo e paciência A dimensão racional do conceito aristotélico de alma (esquema a partir de EN VI): ALMA RACIONAL (elemento que formula regras) Parte Fim Objeto Sábio Científica intelecto puro, especulativo Verdade teórica, pura e simples: o conhecimento das coisas como elas são; contemplação dos objetos Coisas eternas e imutáveis – necessárias (ciência teórica) Sophós Ex.: Tales Calculativa deliberativa intelecto prático Verdade prática, i.é., acordo com o desejo reto – orienta a ação Agir, coisas contingentes (ciência prática) Phrónimos Ex.: Péricles Ética a Nicômacos II Roteiro de estudo e problematização Prof. Dr. Angelo Vitório Cenci 1 1 Problema geral: O que é a virtude moral? 2 Problemas específicos: 2.1 Como é adquirida a virtude moral? Qual o papel do hábito para tal? (EN II, 1); 2.2 Qual a natureza da ação moral? Como a ação moral deve ser praticada para ser caracterizada como tal? (EN II, 2); 2.3 Qual a relação do prazer e do sofrimento com a virtude moral? (EN II, 3) 2.4 Em que sentido a virtude moral se distingue da techne e quais as condições para uma ação ser considerada virtuosa? (EN II, 4) Também (EN X, 9 – p.206-7) 2.5 Como Aristóteles define a virtude moral? (EN II, 5-6) a) Definição genérica de virtude: a virtude como hábito (EN II, 5) (p.40) b) Definição específica de virtude: a virtude como mediania (EN II, 6) (p.41) c) Definição completa de virtude (EN II, 6) (p.42). 2.6 Como se articula a relação do meio termo com as várias formas de virtudes particulares? (EN II, 7); 2.7 Em que sentido os extremos se opõem entre si e em relação ao meio termo? (EN II, 8); 2.8 Que condições Aristóteles postula para atingir o meio termo? (EN II, 9). Referências bibliográficas - ARISTÓTELES. Ética a Nicômacos. 2 ed. Brasília: Edunb, 1992. - ____ . La ethique à Nicomaque. Paris: Vrin, 1959 (Trad. J. Tricot). Comentaristas indicados sobre o tema - CENCI, A. V. Educação moral em perspectiva: concepções clássicas e desafios atuais. Passo Fundo: UPF Editora, 2007 (cap.1). - GADAMER, H.-G. O problema hermenêutico e a ética de Aristóteles. In: GADAMER, H.- G. O problema da consciência histórica. 3ed. Rio de Janeiro: FGV, 2006. - GUTHRIE, W. K. C. Historia de la filosofía griega (v.VI). Madrid: Gredos, 1993. - PICHLER, N. A felicidade na ética de Aristóteles. Passo Fundo: UPF Editora, 2004 (cap.2). - REALE, G. História da filosofia antiga (V. II). São Paulo: Loyola, 1994 (Parte II, 3ª seção, cap.1). - ROSS, D. Aristóteles. Lisboa: Dom Quixote, 1987 (cap.7). - VERGNIÈRES, S. Ética e política em Aristóteles. São Paulo: Paulus, 1999 (Parte II, cap.2). 1 Disciplina Ética I, ministrada no Curso de Filosofia da UPF no semestre I/2011. O papel do prazer e do sofrimento em relação à ética (II, 3) Objetos de objetos de escolha repulsa o nobilitante ----------x---------- o ignóbil Prazer o vantajoso -----------x---------- o nocivo Sofrimento o agradável -----------x---------- o penoso deficiência x virtude educação mediação: orienta os hábitos formam o caráter Exemplos: Morrer pela pátria é doloroso (penoso), mas nobre (nobilitante) porque o valor – a coragem – é uma virtude. Tomar um remédio pode ser penoso (desagradável), mas bom (vantajoso) para a saúde. O exercício das virtudes, embora semelhante, requer mais exigências que o das artes (EN II,4): Exercício Conhecimento Forma de aquisição Fim Exigências Virtudes Conhecimento Prático (saber agir moralmente) Pelo exercício repetido (hábito) A virtuosidade/excelência de um ato não existe no ato mesmo ou no seu resultado. Ela deve surgir de um estado do caráter. Ela não é fim em si. Visa aprimorar o agente. Reside internamente, na alma e no próprio ato. saber o que está fazendo (conhecimento prático)livre escolha firmeza de caráter Artes Conhecimento prático/poiético (saber fazer, instrumental) Pela prática repetida É um produto acabado. A bondade de ou excelência de um produto (ex. casa) existe nele mesmo. É externo ao homem, reside no produto de um ato, visa aprimorar o produto. somente conhecimento prático/poiético (saber fazer) Ética a Nicômacos II,5: Definição genérica da virtude moral: a virtude como hábito (p.40)2 A virtude deve ser buscada dentre as espécies de manifestações da alma: a) Estados afetivos – “são sentimentos acompanhados de prazer e sofrimento”. b) Faculdades – São inclinações naturais em função das quais somos capazes de termos estados afetivos. c) Hábitos – “Estados da alma (modos de ser) em virtude dos quais estamos bem ou mal em relação aos estados afetivos”. Trata-se de averiguar se sentimos os estados afetivos de modo violento, se os sentimos moderadamente ou se não os sentimos. * Conclusão: Se os estados afetivos nos movem e as faculdades nos são dadas por natureza e, se, somos bons ou maus em função dos hábitos (disposições/modos de ser) que constituímos, então a virtude tem de estar associada a estes. Na Ética a Eudemos (II, 3) Aristóteles apresenta a seguinte relação de virtudes e vícios a partir do respectivo meio termo: “(1) a mansidão é a via média entre a iracúndia e a impassibilidade; (2) a coragem é a via média entre a temeridade e a covardia; (3) a veracúndia é a via média entre a impudência e a timidez; (4) a temperança é a via média entre a intemperança e a insensibilidade (5) a indignação é a via média entre a inveja e o excesso oposto, sem nome; (6) a justiça é a via média entre o ganho e a perda; (7) a liberalidade é a via média entre a prodigalidade e a avareza; (8) a veracidade é a via média entre a pretensão e o autodesprezo; (9) a amabilidade é a via média entre a hostilidade e a adulação; (10) a seriedade é a via média entre a complacência e a soberba; (11) a magnanimidade é a via média entre a vaidade e a estreiteza de alma; (12) a magnificência é a via média entre a suntuosidade e a mesquinharia”. Esquema explicativo acerca do papel do hábito e do meio termo: meio termo - _____________________________________ + hábito hábito hábito (falta) (justa medida) (excesso) vício virtude vício 2 A concepção da virtude como hábito aparecerá depois em Tomás de Aquino na parte II, seção 1, questão 55, art.1 da Suma Teológica (Tratado dos hábitos e das virtudes). Ética a Nicômacos III, 1-5 Roteiro de estudo e problematização Prof. Dr. Angelo Vitório Cenci 3 I A problemática de EN III, 1-5 O objeto de estudo de III, 1-5 é mostrar que tanto a virtude quanto o vício estão em poder do agente. Por essa razão, eles são voluntários de modo que o agente pode ser recompensado ou punido de acordo com suas ações (III, 5). Sem analisar o que é uma ação voluntária não seria possível a Aristóteles explicar porque a prática reiterada de ações de um determinado tipo (justas, por exemplo) desenvolveria no agente uma disposição (modo de ser) que o levaria depois a escolher a mesma conduta, tornando-o vicioso ou virtuoso, conforme o tipo de escolhas feitas desde tenra idade. Agir mediante deliberação, escolha e decisão requer pressupostos – como a voluntariedade – e um processo de aprendizagem mediante hábitos levado adiante pelo agente. II Problemas específicos 2.1 Que condições Aristóteles apresenta para se definir as ações como voluntárias ou involuntárias? (III, 1). Externa (força física ou ameaça) Por coação [Interna (psíquica)] Involuntárias: Por causa da ignorância (desculpável) Por ignorância Com ignorância (não desculpável) 4 Ações Liberdade para fazer algo (querer fazer) Voluntárias Conhecimento sobre o que está fazendo (saber o que está fazendo) * As circunstâncias em que a ação é praticada (p.51-2). 3 Disciplina Ética I, ministrada no Curso de Filosofia da UPF no semestre I/2011. 4 Aqui há ignorância no momento em que a ação é praticada, mas tem de se levar em conta que seus efeitos poderiam ter sidos evitados, pois estava em poder do agente evitá-los, como no caso de um acidente provocado por alguém embriagado. No momento do acidente o condutor não queria provocá-lo, mas, como se diz atualmente, assumiu o risco de tal resultado ao beber. No momento não está mais ao seu alcance evitá-lo, mas poderia ter evitado por saber dos riscos que assumiria ao embriagar-se. Por essa razão o direito vai distinguir entre culpa e dolo ou dolo eventual. a) Quem está praticando a ação/Quem age ou quem é o agente; b) “o que ela está fazendo” ou sobre o que/quem está agindo; c) Sobre o que ou quem está fazendo/ Sobre que coisas ou pessoa está agindo; d) Com o que está fazendo (qual o “o instrumento” que utiliza); e) Com que finalidade está fazendo (“o efeito”); f) De que “maneira” está fazendo/ se com brandura ou violência. 2.2 A escolha (deliberada) (III 2-3) 2.2.1 O que é a escolha? (III, 2) a) Escolha e virtude moral (p.52). b) Diferença entre desejo (boulesis) e escolha (proairesis). 5 (p.53). c) Escolha e deliberação. A escolha é o último passo do cálculo (deliberação) a respeito dos meios e das conseqüências para alcançar-se um fim: é o resultado a que chega uma deliberação. d) A escolha envolve premeditação (p.54). e) O caráter requer escolha para que a ação seja virtuosa. f) A escolha se orienta pela busca do que é correto (o bem), não pelo que é agradável. 2.2.2 Qual é o objeto da deliberação? (III, 3) a) Sobre o que não é possível deliberar (p.54) b) Condições para alguém deliberar: Que: b.1) o sujeito seja efetivamente capaz de deliberar (diferentemente dos animais) e, b.2) tenha tal capacidade desenvolvida (diferentemente das crianças). c) Sobre o que é possível deliberar c1 – Sobre as coisas que estão ao nosso alcance (em poder do agente) e podem ser feitas graças aos esforços humanos (as coisas contingentes e possíveis) (p.54). c2 – Deliberamos não sobre fins, mas sobre meios. Dado o fim, busca-se saber como e por quais meios tal finalidade deve ser alcançada (p.55). c3 – Pode-se distinguir dois aspectos da deliberação: 1º) Um cálculo retrospectivo: recua-se do fim procurado aos meios (mais fáceis e melhores) que estão disponíveis para o agente. 5 A proaíresis (escolha) não é identificada por Aristóteles nem com o desejo, nem com a razão em sentido puro. A escolha se refere aos meios e não aos fins. 2º) Um cálculo prospectivo das conseqüências: esta visa descobrir o meio cujas conseqüências previsíveis não impliquem resultados rejeitáveis. c4 – A techne é quem melhor traduz o que é a deliberação e nesta há a possibilidade de dois tipos de erro: no cálculo feito (por exemplo: o médico que faz um diagnóstico errado da doença ou que conclui de forma errada sobre qual o melhor modo de cura) e na colocação da ação em prática (o caso do médico que dáo remédio errado ao paciente por engano). c5 – A deliberação se constitui num cálculo efetivado pelo desejo de um fim que inicialmente é suposto pelo agente como algo alcançável. d) Escolha e deliberação d1) O objeto da escolha e da deliberação é o mesmo: os meios. O Objeto da escolha é algo que “desejamos após deliberar” (p.56). Por isso, a escolha é definida como “desejo deliberado de coisas que estão ao nosso alcance” (p.56). A escolha pressupõe duas coisas: o desejo do fim e a deliberação (mediante a razão) acerca dos meios para atingi- lo. 6 Após a deliberação “passamos a desejar de conformidade com nossa deliberação” (p.56). 7 d2) Porém, há uma diferença fundamental entre deliberação e escolha. A primeira – deliberação – visa estabelecer quais são as ações e os meios necessários para se alcançar determinados fins. A escolha age sobre esta série de coisas a realizar para chegar a um fim. Quando estas são irrealizáveis a escolha as descarta, quando são realizáveis as coloca em ato. d3) A proairesis (escolha) faz a mediação do conflito ou tensão entre razão e desejo – Porque Aristóteles não chega à noção de livre arbítrio? * Decidir entre ambos implica uma escolha deliberada. Muito embora pareça encontrar- se aqui a vontade, na medida em que a escolha é desejo deliberado, Aristóteles nega que a escolha possa identificar-se com o desejo (boúlesis). Ocorre que boulesis, o desejo, diz respeito somente aos fins, enquanto a escolha (assim como a deliberação) diz respeito aos meios. 2.2.3 O que é o desejo raciocinado e como orientá-lo corretamente? (III, 4) 6 Ver, a esse respeito, a crítica de Paul Ricoeur em O si mesmo como outro (2014, p.p.188ss.). 7 No caso da incontinência não há essa passagem da deliberação à ação. Ocorre que a incontinência “consiste em agir contrariamente ao que se acredita ser o melhor, sob a influência do desejo” (EE II 7, 1223b, p.449). Na acrasia também não ocorre essa passagem, mas em razão de a vontade não ser forte o bastante para concretizá-la. Esquema geral (EN III, 2-4): Busca um fim: é a única força motivadora da ação humana desejo reto (verdade prática) Desejo Fim (bom) > volição dos fins (boulesis) capacidade de deliberar os meios (Vontade) Phrónesis = razão deliberativa: ajuda a descobrir os meios (idôneos) para alcançar o fim buscado (Reta razão) Virtude: ajuda a indicar fins bons Deliberação Escolha Ação ela é fruto de uma boa possibilita elencar recai sobre a determinação educação e do cultivo todos os meios dos meios idôneos de bons hábitos, possíveis forma o caráter é desejo deliberado, racional: refere-se à efetivação dos meios escolhidos. 2.2.4 Em que medida as virtudes e os vícios são voluntários? (III, 5) § 1 (p.57): As ações que se referem aos meios, assim como as virtudes, são voluntárias. § 2 (57): “O homem é a origem de suas próprias ações”. § § 3 e 4 (p.57-8): O problema da punição. §§ 5 (e 6) (p.58): Por que a virtude e o vício são voluntários? § 7 (p.59): Apresentação da uma objeção à tese da voluntariedade dos vícios e virtudes. §§ 8 e 9 (p.59-60): Refutação da objeção e reafirmação da tese da voluntariedade das virtudes e dos vícios. Referências ALVAREZ-VALDÉS, L. G. El acto voluntário em Aristóteles. In: Pensamiento, Madrid, v.52, n.202, jan.-abr. 1996. ARENDT, H. A vida do espírito: o pensar, o querer, o julgar. 2 ed. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1993 (p.225-267). ARISTÓTELES. Ética a Nicômacos. 2 ed. Brasília: Edunb, 1992 (Trad. Mário da Gama Cury). ____ . La ethique à Nicomaque. Paris: Vrin, 1959 (Trad. J. Tricot). AUBENQUE, P. A prudência em Aristóteles. São Paulo: Discurso Editorial, 2003 (cap.3). CENCI, A. V. Ética geral e das profissões. Ijuí: Editora Unijuí, 2010 (p.75-77). GUARIGLIA, O e VIDIELLA, G. Breviário de ética. Buenos Aires: Edhasa, 2011. p.45-61 MUNÕZ, A. A. Liberdade e causalidade: ação, responsabilidade e metafísica em Aristóteles. São Paulo: Discurso editorial, 2002. Ética a Nicômacos VI Roteiro de estudo e problematização Prof. Dr. Angelo Vitório Cenci 8 1 O conteúdo do livro VI da Ética a Nicômacos 1 Passagem às virtudes intelectuais: a reta razão (orthos logos) 2 O objeto da virtude intelectual: combinação de desejo (orexis) e intelecto (nous) = escolha 3 O conhecimento científico (demonstrativo: episteme) 4 A arte (techne) 5 O discernimento (phronesis) 6 A razão intuitiva (nous) 7 A sabedoria teórica (contemplativa: sophia) 8 A phronesis e a arte política 9 As virtudes intelectuais menores: a boa deliberação (euboulia) 10 As virtudes intelectuais menores: o entendimento/inteligência (synesis) 11 As virtudes intelectuais menores: o julgamento (gnome) 12 e 13 Utilidade da sabedoria teórica e da sabedoria prática: relações entre elas Obs.: Os números sublinhados indicam os capítulos que terão preferência para o estudo do livro VI. 2. A dimensão racional do conceito aristotélico de alma (esquema): 9 ALMA RACIONAL (elemento que formula regras) Parte Fim Objeto Virtudes Sábio Científica intelecto puro, especulativo - razão teórica Verdade teórica, pura e simples: o conhecimento das coisas como elas são; contemplação dos objetos Coisas eternas e imutáveis – necessárias (ciência teórica) Episteme Nous Sophia Sophós Ex.: Tales Calculativa deliberativa intelecto prático - razão prática Verdade prática, i.é., acordo com o desejo reto – orienta a ação Agir, coisas contingentes (ciência prática) Phronesis Tekne Phrónimos Ex.: Péricles 8 Disciplina Ética I, ministrada no Curso de Filosofia da UPF no semestre I/2011. 9 A esse respeito, ver Gazola (1999, p.128-130) 3 A phrónesis situada no contexto da concepção aristotélica acerca da estrutura da ação moral (esquema): Busca um fim: é a única força motivadora da ação humana desejo reto (verdade prática) Desejo Fim (bom) > volição dos fins (querer) capacidade de calcular os meios (Vontade) Phrónesis = razão deliberativa: ajuda a descobrir os meios (idôneos) para alcançar o fim buscado Ação (Reta razão). Orienta a de- Virtude: ajuda a indicar liberação e a escolha. fins bons Deliberação Escolha ela é fruto de uma boa possibilita elencar recai sobre educação e do cultivo todos os meios o(s) meio(s) de bons hábitos, o que possíveis idôneo(s) forma o caráter é desejo deliberado, racional: refere-se à efetivação dos meios escolhidos.
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