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LEVANTAMENTO HISTÓRICO E ICONOGRÁFICO ● ALICE ISABEL CABRAL ● CAROLINA CAMPAGNUCCI ● NIDYA NASCIMENTO ● THAMIRES MARTINS ● TRACY PINTOR INTRODUÇÃO O presente diagnóstico histórico e iconográfico tem como objetivo principal, compreender o cenário no qual o edifício em questão a CASA VERDE, está inserido. Entendemos a importância de compreender o passado para que assim, possamos posteriormente realizar intervenções restauradoras. Esse desenvolvimento tende a debruçar-se sobre vestígios e acontecimentos históricos afim de apurar e analisar o máximo de informações possíveis, de forma que os mesmos deem auxílio à possíveis intervenções. OBJETO DE ESTUDO Esta pesquisa busca examinar a CASA VERDE, localizada na rua Barão de Mauá, 296 , no bairro Ponta D’areia, no município de Niterói. Tal imóvel obteve tombamento municipal em 30/12/1997 por meio do processo número 110/014/1997 - Lei 1.628/97. ETAPAS DA PESQUISA A fim de realizar o levantamento histórico e iconográfico do edifício, foram empregadas nesta análise as seguintes etapas do cronograma proposto por Vaz (2019): EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO EDIFÍCIO ANÁLISE DO ENTORNO EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO LOCAL ANÁLISE DA TIPOLOGIA ARQUITETÔNICA Bem tombado municipal “CASA VERDE” - Imóvel situado na Rua Barão de Mauá, 296 – Ponta d’Areia – Niterói – RJ. REGIÃO METROPOLITANA A Região Metropolitana do Rio de Janeiro, também conhecida como Grande Rio, foi instituída pela Lei Complementar nº20, de 1 de julho de 1974, após a fusão dos antigos estados do Rio de Janeiro e da Guanabara, unindo as então regiões metropolitanas do Grande Rio Fluminense e da Grande Niterói. O MUNICÍPIO LOCALIZAÇÃO EXPANSÃO URBANA DE NITERÓI 1976 1993 2002 2014 Mapas das áreas não urbanizadas de 1976-2014: EXPANSÃO POPULACIONAL Mapas relacionados a expansão da população da Região Metropolitana do Rio de Janeiro ao longo de 131 anos. 1888 1930 1972 2007 1994 2016 FONTE: Infográficos, O Globo. HISTÓRIA DE NITERÓI Linha do tempo de alguns acontecimentos e marcos históricos na cidade: SÉC. XVI SÉC. XIX SÉC. XX ● A chegada da Corte de D. João VI à colônia brasileira. ● Povoação é elevada à categoria de Vila. ● A denominação da povoação é mudada para Vila Real da Praia Grande. ● Elevada à categoria de cidade, com o nome de Nictheroy, que significa, em tupi-guarani, água escondida. ● Criada a Companhia Ferry, com embarcações mais modernas e confortáveis. ● Surge o serviço de navegação a vapor entre Niterói e a cidade do Rio de Janeiro: Companhia de Navegação de Nictheroy. ● Invasão francesa. ● Concessão das terras da futura Niterói ao chefe indígena temiminó Araribóia (Martim Afonso de Souza). Posse solene das terras por Araribóia. O aldeamento fundado recebe o nome de São Lourenço dos Índios. ● A morte de Araribóia iniciou o processo de declínio do aldeamento. ● Inauguração da estação das barcas, em Niterói. ● Devido à má qualidade dos serviço prestado, a população depreda e incendeia o terminal hidroviário. ● Projeto de urbanização, com pavimentação das principais avenidas, entre elas a da orla de Icaraí e a São Boaventura, no Fonseca. Construído o Palácio Araribóia, primeira sede da prefeitura. Urbanização do Campo de São Bento. ● Início da modernização da cidade: abertura da Avenida Ernani do Amaral Peixoto. ● Abertura da Avenida do Contorno, no Barreto. ● Inauguração da Ponte Presidente Costa e Silva (Rio-Niterói): a maior do hemisfério sul; vão central com 300m de comprimento, a 60m de altura. ● Criação do novo estado do Rio de Janeiro, resultante da fusão do antigo estado do Rio de Janeiro e da Guanabara; Niterói perde a condição de capital. LOCALIZAÇÃO Área: 1,22 km2 População: 7162 habitantes (IBGE 2000) O bairro está localizado na Península da Armação, a Ponta D’Areia. pela posição geográfica, encontra-se diretamente relacionada às águas da Baía de Guanabara. A Península da Armação contribuiu de maneira relevante para a economia nacional. O nome Armação está relacionado à pesca ("armar" os barcos) e ao esquartejamento de baleias, já que a península foi importante porto baleeiro. A vocação industrial veio depois, e com as oficinas de material bélico da Marinha e estaleiros. Após as obras de urbanização da Vila Real, os acessos à Armação e Ponta D’Areia, agilizou-se a ligação com o Centro da cidade. HISTÓRIA DO BAIRRO Localização do bairro da Ponta d'Areia no município de Niterói. O bairro residencial Ponta d'areia pertence ao município de Niterói, no Rio de Janeiro. É conhecido como um local tranquilo por seus visitantes e moradores, além da riqueza histórica e arquitetônica. Em sua maioria é composto edificações residenciais, ricas em horizontalidade. Além de comércios de primeira necessidade. Ponta d’ Areia teve a sua primeira ocupação fortemente ligada á pescas de baleias, já que o mesmo foi importante porto baleeiro. Somente depois ela acabou se voltando para o setor industrial, com a presença das oficinas de material bélico da Marinha e dos primeiros estaleiros, sendo eles: ● o Estaleiro Mauá ● a Companhia de Comércio e Navegação, Conde Pereira Carneiro ● Estaleiro Barcas S/S Num estaleiro destes, no século XIX, se construíram barcos a vapor, caldeiras e peças fundidas em ferro. Anos depois, a indústria diversificou- se e passou a produzir vários equipamentos. Era a época de Irineu Evangelista de Souza, Barão e Visconde de Mauá. Pode-se notar indícios da imigração portuguesa, obrigando inclusive o chamado "Portugal pequeno" que é um trecho turístico, embora apresente perfil industrial e operário. Nele se localiza o mercado público do pescado, chamado " Mercado de São Pedro". Este trecho está às margens da Baía de Guanabara, que sofreu grandes mudanças ao longo do tempo. Nesta área também marcada pela presença da comunidade de pescadores, que manteve sua função, mesmo a despeito da industrialização vigente, decadência da construção naval e construção da ponte rio Niterói. ● A presença de estaleiros é uma constante, ainda hoje na Ponte D’Areia. Encontram-se em atividade os estaleiros Mauá, Mac-Laren e Cruzeiro do Sul, este pertencente ao Governo do Estado - responsável pela manutenção das barcas da Conerj, que interligam Niterói ao Rio de Janeiro e vice-versa. ● No campo educacional, no setor público, há uma escola de primeiro grau e uma pré-escola gerenciadas pelo Município. A Escola de ensino fundamental Nossa Senhora da Penha, no Morro da Penha, ganhou destaque por seus alunos terem obtido boas notas em exame realizado pelo Fundação Municipal de Educação. ● As principais vias do bairro encontram-se em situação satisfatória, devido inclusive ao apoio da Associação de Moradores do Morro da Penha e nelas trafegam um linha regular de ônibus. ● Na Ponta da Armação, além de um conjunto residencial da Marinha, encontram-se situadas as instalações da Diretoria de Hidrografia e Navegação (D.H.N.), órgão responsável pela elaboração de cartas náuticas. ● Por se tratar de um bairro de ocupação antiga, já cristalizada, com uma topografia de morros e declives, as perspectivas de expansão territorial são limitadas, porém as perspectivas de crescimento social são bem abrangentes. Características ● A população da Ponta D’Areia, na sua maioria, têm origem operária, que estão ligada às indústrias locais e de ilhas próximas, vinculada à construção naval já que o bairro é pioneiro, no Brasil, neste ramo de atividade. Uma boa parte dos moradores, são imigrantes vindos de Portugal, que também é conhecido como "Portugal Pequeno". ● Sobre a indústria naval é importante ressaltar que Niterói já teve neste ramo industrial sua máxima expressão, apesar da decadência no Século XX e o ressurgimento deste setor no início do Século XXI. HISTÓRIA DO BAIRRO PORTUGAL PEQUENO: História. O bairro de Ponta d’Areia, em Niterói, é considerado histórico e atípico, por se tratar de um lugar diferenciado dentro do âmbito urbano da cidade. Estetem como fronteiras os bairros do Centro, Santana e em sua maior extensão, a Baía de Guanabara. Ao longo do tempo, teve uma forte presença de imigrantes, principalmente portugueses, que fundaram uma colônia e transformaram-na no que hoje se conhece como Portugal Pequeno. Essa influência motivou, em 1998, um projeto municipal de revitalização: Essa ocupação original ligada à pesca de baleias, e logo após, houve o crescimento industrial com a instalação de estaleiros, sendo os principais: Estaleiro Mauá, sob os investimentos do então Barão de Mauá, a Companhia de Comércio e Navegação. Além destes, que ocu pam praticamente toda a área às mar gens da Baía, compreendendo a área do píer, Portugal Pequeno tem, na margem oposta à Baía, uma grande extensão de bares, que embora tenham estru tura precária, ali as pessoas (preferencialmente os operários) conversam, descansam, dançam e se relacionam entre si. O “Decolores”, é um bar cente nário, histórico e muito famoso por suas sardinhas fritas, frutos do mar e pra tos com bacalhau, tendo sido inaugura do com o nome de Café Vila do Conde, quando a região ainda era uma co lônia portuguesa. Atualmente o bar, assim como todo o seu entorno, vive uma fase de decadência (pela ausência de usos da região, que é principalmente industrial, o que reduz a vida social no local). A localidade ainda possui a comunidade de pescadores, que manteve a sua função em exercício, mesmo com as grandes transformações sofridas com a decadência da indústria da construção naval (década de 1980) e com a construção da Ponte Rio-Niterói. Fonte das imagens: Lugar: percepções e vivências - estudos de Portugal Pequeno e São Domingos, Niterói. HISTÓRIA DO BAIRRO PORTUGAL PEQUENO: Projeto de Revitalização. O bairro passou por uma revitalização que surgiu a partir de uma proposição que envolveu a Prefeitura de Niterói, a comunidade e o governo português, além de outras instituições, que apresentaram grande interesse na recuperação do patrimônio arquitetônico e urbano. O projeto de revitalização coincidentemente aconteceu junto com as comemorações dos 500 anos do Descobrimento do Brasil, durante a realização do evento Encontro com Portugal, em 1998. Aconteceram diversas transformações, dentre elas estavam: o asfalto substituído por paralelepípedos; o calçamento teve de volta as pedras portuguesas; as casas à beira-mar receberam novas cores; construção de uma praça com desenho inspirado na cruz de malta; construção de quiosques; melhoria na área do deck, com a instalação de bancos; O objetivo dessa revitalização, além de preservar o patrimônio histórico, foi tornar o lugar mais convidativo aos turistas, onde se concentra a bela arquitetura e a famosa gastronomia portuguesa. Inclusive, em boa parte dos imóveis foram instalados diversos restaurantes e bares. Contudo, o resultado não foi como o esperado, visto que existe somente uma linha de ônibus que leve até a região, mas a revitalização acabou aumentando o fluxo de pessoas aos restaurantes e acabou valorizando os imóveis daquela região. Este cenário, no entanto, vive atualmente um período de decadência, com agressivas interven ções na arquitetura tradicional e o que se tornaria um centro social e cultural da cidade, se tor nou um espaço de completo abandono pelas autoridades políticas, as mesmas que há tão pouco tempo fizeram dele alvo de grandes aspirações. Destes exemplares arquitetôni cos, um sobrado do início do século XX, co nhecido também como “Casa Verde” que, atualmente, está em posse de uma empresa privada, apresenta-se como alvo de nossa pesquisa. Fonte das imagens: Lugar: percepções e vivências - estudos de Portugal Pequeno e São Domingos, Niterói. HISTÓRIA DO BAIRRO PORTUGAL PEQUENO: Reportagens sobre a Revitalização da Orla. Fonte das imagens: Niterói, domingo dia primeiro de fevereiro de 1998, O GLOBO. Fonte das imagens: Niterói, domingo dia 6 de setembro de 1998, O GLOBO. A Companhia de Comércio e Navegação de Pereira Carneiro e Cia. Ltda. Empresa que fez um marco na época na economia de Niterói, estabelecida também na Ponta D’Areia. Proprietária de uma importante frota de cabotagem e de grandes armazéns gerais, também negociava com sal. Foi desta companhia o dique Lahmeyer, o mais sólido do mundo por ter sido cavado em rocha e que durante muito tempo foi o maior da América do Sul. O dique era usado para manutenção da frota própria e também atendia a outras empresas. O Conde Pereira Carneiro, principal acionista da Companhia de Comércio e Navegação, também construiu a vila que leva o seu nome, existente até hoje. A vila operária foi criada com fins sociais - casas higiênicas com aluguel módico, escola e até uma capela - para os empregados da empresa. Hoje em dia abriga uma população de classe média, com o padrão mais elevado que o restante do bairro, além da presença de comércio de primeira necessidade como, açougue, supermercado, padaria e etc. Vila Pereira carneiro Vila Pereira carneiro Entre os núcleos e vilas operárias de fábricas erguidos no Brasil, o movimento pitoresco se evidencia entre o final do século XIX e 1950, inicialmente pela proliferação de chalés com jardins e praças, e depois pela difusão de bangalôs e cottages, de parques e praças e de alguns planos de conjunto filiados à urbanística das Cidades-Jardim. Neste movimento de projetos e realizações, o mais fiel à urbanística das Cidades-Jardim é, sem dúvidas, o elaborado por Ângelo Bruhns para a Companhia Comércio e Navegação, em Niterói. Tendo tido seu projeto encomendado e sua construção realizada a partir da iniciativa do diretor-presidente da empresa - o Conde Pereira Carneiro - esta vila operária, era dotada de excepcionais qualidades projetuais vinculadas ao tema do pitoresco: articulava um plano de viés Cidade-Jardim com moradias em forma de cottages e chalés. O projeto foi elaborado em 1919 pelo arquiteto Ângelo Bruhns, fato que o situa entre os primeiros projetos de vila operária no Brasil concebidos por especialista. História dos Estaleiros Estabelecimento de Fundição e Estaleiros da Ponta d'Areia (1846) O Estabelecimento de Fundição e Estaleiros Ponta da Oca, mais tarde rebatizado como Estabelecimento de Fundição e Estaleiros da Ponta d'Areia foi uma das primeiras indústrias de construção naval do Brasil, tendo sido criada por Charles Colman, em 1844 e adquirida em 1846 por Irineu Evangelista de Sousa, futuro Barão e Visconde de Mauá. Após a abertura dos portos em 1808, surgiram no Brasil pequenos estaleiros privados. Com a independência do Brasil, o setor naval se reestrutura aos poucos para lidar com a crescente demanda por meios de locomoção de cargas e passageiros por via fluvial e marítima. Até meados de 1840 os estaleiros e pequenas fundições dedicadas à construção naval, estavam concentradas nos arredores do arsenal da Marinha e na Ponta d'Areia, em Niterói. Em meados de 1844, o britânico Charles Colmann inaugura uma pequena fundição na Ponta d'Areia, em Niterói. A fundição vai de mal a pior e, em 11 de agosto de 1846 Colmann vende essa pequena empresa para Irineu Evangelista de Sousa que a rebatiza Estabelecimento de Fundição e Estaleiros da Ponta d'Areia. Em 1846, Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, inaugurou o primeiro estaleiro do País, em Ponta d'Areia, Niterói (RJ). Construído com capital privado de terceiros em uma modelagem de captação próxima ao Project finance moderno. O estaleiro é considerado um marco do processo de industrialização do país. Construiu cerca de um terço dos navios de guerra utilizados no conflito com o Paraguai. Em 1905 o estaleiro foi incorporado pela CCN – Cia. Comércio e Navegação. No segmento de construção naval ocorreram curtos períodos de atividade, especialmente na década de 1930, relacionados a encomendas pontuais e de curta duração. https://www.google.com/url?q=https://pt.wikipedia.org/wiki/1844&sa=D&source=editors&ust=1621907213686000&usg=AOvVaw0p3LejZHEpQWUP8JbfYo_w https://www.google.com/url?q=https://pt.wikipedia.org/wiki/1846&sa=D&source=editors&ust=1621907213686000&usg=AOvVaw2fnAAfci04ziORooRMbeSJhttps://www.google.com/url?q=https://pt.wikipedia.org/wiki/Irineu_Evangelista_de_Sousa&sa=D&source=editors&ust=1621907213686000&usg=AOvVaw3T0EbBn4Uvfd45a76KJYy1 https://www.google.com/url?q=https://pt.wikipedia.org/wiki/Decreto_de_Abertura_dos_Portos_%25C3%25A0s_Na%25C3%25A7%25C3%25B5es_Amigas&sa=D&source=editors&ust=1621907213686000&usg=AOvVaw0VQUCgbTRK7e8V3E7qbpIP Pelos 30 anos seguintes os Estaleiros de Ponta da Areia produziram 72 embarcações para as mais variadas finalidades como cabotagem, transporte de cargas, passageiros, navios de guerra, além de pequenas embarcações, com destaque para as doze embarcações encomendadas pela Marinha Imperial do Brasil entre 1849 e 1869. Com a crise econômica que atingiu o império empresarial do Barão de Mauá, o estaleiro tem decretada sua falência em 1877, tendo sido fechado definitivamente em meados de 1890. Suas instalações foram integradas à Companhia Comércio e Navegação (CCN) em 1905, ano em que foi fundada esta companhia, especializada em construção e reparo de navios. Na época, a CCN era também uma das maiores companhias de construção e reparos da América Latina. Plataformas de petróleo As plataformas de petróleo, atualmente um importante segmento de mercado da indústria de construção naval, foram construídas no Brasil de forma gradativa, para atender as descobertas de petróleo na bacia marítima de Campos (RJ). No início as plataformas eram fixas, com suas pernas apoiadas no leito do mar em profundidades de 100 a 200 metros. A primeira plataforma, a P-1, foi construída em 1968 no Estaleiro Mauá, em Niterói (RJ). Atualmente está em construção a P-63, no estaleiro Quip em Rio Grande (RS). APAUs O Plano Diretor de Niterói (Lei 1157/92) define a Área de Preservação do Ambiente Urbano (APAU) como "aquela que testemunha a formação da cidade e cujo significado se identifica ainda com a escala tradicional, devendo, por essa razão, ter protegidas e conservadas as principais relações ambientais dos seus suportes físicos, constituídos pelos espaços de ruas, praças e outros logradouros, bem como a volumetria das edificações em geral, e, ainda, para a qual deverão ser criados mecanismos de estímulo para atividades típicas ou compatíveis com objetivos de revitalização destas áreas, preservando e estimulando seus aspectos sócio-econômicos e culturais." Nessa perspectiva, a APAU consiste em um instrumento legal municipal, que procura ‘’guardar’’ os lugares representativos da cultura local. Ele envolve três conceitos fundamentais, a saber: ambiência, lugar e conjunto urbano. ● O conceito de ambiência deve ser entendido como conjunto de elementos físicos e vivenciais que configuram um determinado lugar. ● O lugar deve ser compreendido como um espaço diferenciado por características peculiares e por uma escala local, uma escala de vizinhança. ● O conceito de conjunto que se refere ao conceito de todo, diferenciando-se ao conceito de individual. O conjunto é formado por partes que só tem sentido se estiverem ligadas. DEPAC Com o intuito de preservar o patrimônio com valores culturais para a cidade, foi decretada em 1990 a lei do Patrimônio, que gerou a criação do tombamento municipal e a partir disso, foram criados os órgãos que protegem tais patrimônios, como o CMPC - Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural e o DePAC- Departamento de Preservação do Patrimônio. Ao passo que, foram feitas pesquisas acerca do patrimônio discorrido nesse trabalho, a Casa Verde, obtendo documentos que comprovam a integração desse bem ao DePac, como pode ser entendido a seguir. Em 20 de maio de 1997, um ofício de número 015/DePAC/97 foi redigido para o então Secretário Municipal de Cultura, o Prof. Marcos Gomes. Cujo o assunto era o envio das fichas sumárias relacionadas a bens culturais, localizados no bairro da Ponta d’ Areia, para serem analisados pelo Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural - CMPC. São três imóveis que possuíram destaque, a partir do Plano Diretor que criou a Área de Preservação do Ambiente Urbano, onde esses bens estavam listados como de “interesse para a preservação” pela lei 1.446/95. Situados, na localidade chamada de Portugal Pequeno, na rua Barão de Mauá: a Igreja Nossa Senhora de Fátima nº 274, o Sobrado Verde nº 296 e parte da vila do nº322, o Cortiço. Fonte da imagem: Departamento de Preservação do Patrimônio de Niterói. DEPAC No dia 21 de maio de 1997, ocorreu uma assembleia que o Secretário Marcos Gomes, informou sobre o projeto feito pela Prefeitura de Niterói que escolheu Portugal Pequeno como prioridade para o trabalho de preservação, este seria realizado em comemoração a relação entre Portugal e Brasil em abril de 1998. A seguir, listou as modificações arquitetônicas que o projeto previa e ressaltou o perfil de reabilitação arquitetônica e social do mesmo. Discorreu também sobre a inclusão do tombamento de 3 edifícios de importância em relação a sua arquitetura, história e aspectos afetivos a área da Ponta d’ Areia. O então conselheiro, Luís Eduardo, destacou que estes bens já estavam sendo preservados mediante a lei de 14.47 de 1995 e detalhou os imóveis localizados na rua Barão de Mauá. “São eles: Um sobrado de dois andares (sobrado verde - Rua Barão de Mauá, nº 296), que mantém características arquitetônicas tradicionais do início do século; uma igreja ( Barão de Mauá, nº274) e um conjunto de quartos de avenida (Barão de Mauá, nº322), que assumem as características físicas de um cortiço, mantendo ainda muito bem preservadas suas características arquitetônicas da década de 1920.” (Fonte: DePAC, 2019.) Francisco de Albuquerque, conselheiro, parabenizou a iniciativa da Secretaria de Cultura por liderar este projeto e a professora Ismênia de Lima Martins ressaltou a importância do projeto no âmbito de visão cultural e social. Se colocou à disposição para contactar esforços para obtenção de recursos e sugeriu que fizesse o possível para a orla marítima pudesse tornar-se uma opção de lazer. Retomando a palavra o Secretário Marcos Gomes relatou todo o trabalho que a secretaria estava tendo na procura de de parcerias com a comunidade portuguesa, inclusive uma viagem a Portugal estava sendo prevista para junho de 1997. Carlos Mônaco, também conselheiro, sugeriu que fosse incluído no processo de tombamento do projeto o prédio da banda portuguesa, Fonte das imagens: Departamento de Preservação do Patrimônio de Niterói. DEPAC “Saliente-se que o tombamento definitivo desses bens mereceu parecer favorável, por unanimidade, do Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural de Niterói, em reunião realizada no dia 21 de maio de 1997, de acordo com o que consta no processo administrativo nº 110/014/97.” (Fonte: DePAC, 2019.) o Doutor Cláudio Valério opinou que essas alterações não prejudiquem o futuro da região e novamente o conselheiro insinuou que fosse feito o tombamento do castelinho do Conde Pereira Carneiro. O conselheiro Francisco de Albuquerque indaga sobre como a comunidade da região está recebendo este projeto e o secretário Marcos Gomes afirma que sua equipe teria feito visitas regulares ao local. Deixou claro que a postura tem sido de respeito às expectativas da população e as relações de propriedade, ao passo que a área já era preservada por lei. Carlos Mônaco faz uma observação relacionada a uma propriedade localizada na esquina da rua Saldanha Marinho e Visconde de Itaboraí, que tinha sido colocada à venda, afirmou que a mesma possuía um notório interesse histórico, cultural e questiona sobre o estado da Casa Norival Freitas. Marcos Gomes volta a palavra, esclareceu que a prefeitura buscou fazer um acordo com os proprietários e as negociações estavam em andamento. Propôs que fosse feito um regime interno para o conselho, com reuniões em toda a segunda quarta do mês e a proposta foi aceita por unanimidade. Por fim, ficou acertado que no próximo encontro, seriam apresentadas os estudos preliminaressobre o edifício da banda portuguesa pelo DePAC. Fonte da imagem: Departamento de Preservação do Patrimônio de Niterói. Lei número 1628 de 30 de dezembro de 1997. BENS TOMBADOS NO ENTORNO IGREJA NOSSA SENHORA DE FÁTIMA Localizada na região conhecida como Portugal Pequeno, no bairro da Ponta d’Areia. A igreja é um símbolo da influência dos portugueses nnas primeiras décadas do século xx, considerada também uma das igrejas mais antigas dedicadas a santa no Brasil. Foi tombada em dezembro de 1997, por meio da lei n° 1628, pela prefeitura municipal de Niteroi. “Este tombamento foi efetivado no âmbito do projeto de recuperação e revitalização do bairro de Portugal Pequeno, coordenado pela Secretaria de Cultura.” HISTÓRIA No ano de 1932, o vigário da catedral de São João Batista ( o padre Conrado Jacaranda), ficou interessado em construir a igreja e Manuel Fernandes da Costa, um devoto português cedeu parte de sua propriedade para servir de capela. Em 1935, foi realizada uma festa que contribuiu para a aquisição do terreno onde a mesma começou a ser construída em 1940 e sendo inaugurada em 16 de novembro de 1941. FONTE: Igreja Nossa Senhora de Fátima, Cultura Niteroi Fonte das imagens: Secretaria de Urbanismo e Mobilidade de Niterói BENS TOMBADOS NO ENTORNO IGREJA NOSSA SENHORA DE FÁTIMA A construção de meados do século xx, típico de periferia, conta com “torre sineira única e central, a igreja possui nave única precedida por nártex, no qual se encontra o antigo batistério. Sobre o nártex, localizam-se o coro e a escada de acesso à torre. A nave é separada da capela-mor por colunas que sustentam três arcos à maneira de arcos cruzeiros. O seu forro é uma abóbada de berço. A capela-mor é muito simples. Uma sacristia situa-se transversalmente ao eixo da nave, nos fundos da construção; por sobre ela, foi edificada o consistório. Toda a edificação foi feita em alvenaria de tijolos e estrutura de concreto armado. Sua fachada, revestida por pó-de-pedra, apresenta um corpo estilizado de fachada templo, com uma porta central de arco pleno ladeada por duas janelas e com um óculo na altura do coro. Por sobre este, um pequeno painel de azulejos retrata a aparição de Nossa Senhora de Fátima. A torre é de concreto, em forma piramidal, coroada por uma cruz.” ARQUITETURA Fonte das imagens: Secretaria de Urbanismo e Mobilidade de Niterói BENS TOMBADOS NO ENTORNO IGREJA NOSSA SENHORA DE FÁTIMA Fonte das imagens: Secretaria de Urbanismo e Mobilidade de Niterói BENS TOMBADOS NO ENTORNO CORTIÇO Localizado na rua Barão de Mauá, 322, no bairro da Ponta d’Areia. Foi tombado em 30 de dezembro de 1997, pelo processo 110/014/1997 e lei de nº 1628/97, pela prefeitura de Niterói. HISTÓRIA Na década de 1930, num período onde os cortiços que eram residências destinadas às famílias de menor poder aquisitivo, já então banidos por lei, o conjunto foi construído com o nome de “quartos de alugar” para camuflar sua existência. ARQUITETURA FONTE: Cortiço, Cultura Niteroi O imóvel compreende as unidades de números I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII, IX e X da vila número 322, com banheiro e lavanderia coletivos. Cada unidade tombada se constitui de um único cômodo, construído em alvenaria de tijolos maciços revestidos por argamassa, com uma porta e uma janela de madeira e caixilharia de vidro e veneziana. O seu interior é bastante simples: paredes lisas sem decoração e forro de madeira do tipo saia e camisa. A cobertura de telhas francesas apresenta um leve beiral sustentado por mãos francesas de madeira, localizada acima de um inusitado friso. FONTE: Cortiço, Cultura Niteroi Fonte das imagens: Secretaria de Urbanismo e Mobilidade de Niterói CASA VERDE FONTE: Cortiço, Cultura Niteroi FONTE: Cortiço, Cultura Niteroi Fonte das imagens: Secretaria de Urbanismo e Mobilidade de Niterói “Niterói, 20 de maio de 1997. (...) O sobrado verde destaca-se do conjunto por seu porte elegante e suas características arquitetônicas ainda preservadas, apesar de pequenas alterações terem sido perpetradas sem alterar-lhe, contudo, sua importância. É um símbolo de uma época e da ocupação. É, por isso um verdadeiro ícone da paisagem, tendo sido objeto de fotografia por parte de quem quer que vá ao local, inclusive a imprensa, a qual vem, sistematicamente, repetindo sua imagem em publicações sobre a área, a ratificar-lhe, assim o conceito de cartão postal.” LINHA DO TEMPO DOS PROPRIETÁRIOS 1922 Illydio Affonso Soares 1960 Irmãos Mendonça e Cia LTDA ● O primeiro proprietário do imóvel constatado foi Illydio Affonso Soares, onde o mesmo em 1960 vendeu a firma pelo preço de 1.000 cruzeiros. Uma entrada de 300 cruzeiros foi feita com mais 7 parcelas de 100 cruzeiros para a empresa IRMÃOS MENDONÇA E CIA LTDA. ● No ano de 1963 a firma Irmãos Mendonça foi transformada em sociedade anônima com o nome de Casa Neno Niterói. 1976 ● Em 1976 foi averbada e no mesmo ano foi incorporada a Casa Neno S.A Importação e Comércio. 1991 José Miranda Santos ● José Miranda Santos recebeu a empresa pelo valor de 80.000 cruzeiros, por conta de uma dívida da antiga Casa Neno S.A Importação e Comércio. 2009 José Miranda Santos e Paulo Cesar Lopes Santos ● Após o ocorrido em, 2009, José Miranda Santos, advogado, e Paulo César Lopes Santos, comerciante, (residentes de Montes Claros, MG), receberam como herança 50% do valor do imóvel referente a R$143.697,04. 2017 Alexandre Ribeiro Pereira e Paulo Cesar Lopes Santos ● Há 2 anos atrás, em 2017 passou para o nome de Alexandre Ribeiro Pereira, dono da Super Pés Perfeitos LTDA-ME e Paulo Cesar Lopes Santos pelo valor de R$300.000. 2019 1922 1960 ● Primeiro proprietário. ● Uso misto: Comercial/Residencial ● No ano de 1963 a firma Irmãos Mendonça foi transformada em sociedade anônima com o nome de Casa Neno Niterói. ● Uso misto: Comercial/Residencial 2017 ● Em 2017 passou para o nome de Alexandre Ribeiro Pereira, dono da Super Pés Perfeitos LTDA-ME e Paulo Cesar Lopes Santos. ● Uso misto: Comercial/Residencial 2019 ● E atualmente funciona uma Oficina. ● Uso misto: Serviços/Residencial LINHA DO TEMPO DOS PROPRIETÁRIOS Fonte das imagens: Declaração de Inteiro Teor retirada no Cartório do 6º Ofício de Niterói. Análise Arquitetônica Situação e ambiência: O imóvel encontra-se em uma rua de pequena caixa, fronteiro à enseada de São Lourenço e à ilha do caju. Sua implantação é tradicional, ocupando os limites frontal e laterais do lote urbano. Destaca-se da paisagem por seu porte elegante e pela preservação das linhas de composição arquitetônica. Descrição: O sobrado é composto por dois pavimentos, geminado, localizado de frente para a rua, suas atividades são divididas por pavimentos, onde o térreo é ocupado por funções comerciais e serviços, e as residências ficam localizadas no pavimento superior (uma característica do período colonial). A fachada é composta de simetria, onde cinco portas com cercaduras de pedras gnaiss se situam no térreo e, no peguntou superior, quatro janelas de avental emoldurando assim um balcão rasgado com guarda corpo ligeiramente sacado, envolto por um gradil de ferro fundido. Fachada com inspiração classicista, é enriquecida de elementos decorativos de carácter eclético. Além disso, molduras e guirlandas pintadas complementam a fachada. Conforme as edificações luso-brasileiras, o acesso ao sobrado é através de uma porta, fica no primeiro tramo da fachada, que leva a uma estreita e longa escada de madeira. As esquadrias foram modificadas, mas aindase mantém caracterizadas: no térreo duas portas foram fechadas, duas interligadas com a retirada das ombreiras aclopadas; portas de enrolar em ferro são vistas na entrada de serviços e uma porta de madeira para a entrada do sobrado. Análise Arquitetônica Citando um trecho de Nestor Goulard Reis em seu livro ‘’Quadro da arquitetura no Brasil’’ (1970), no capítulo intitulado como ‘A implantação da arquitetura no século XIX (1800-1850)’, podemos entender um pouco que a arquitetura desenvolvida no monumento é um misto entre estilos, não sendo uma casa de porão alto, mas também não um clássico sobrado colonial. “Considerando-se as formas de habitar dependentes do trabalho escravo, (...) a presença da Missão Cultural Francesa e a fundação da Academia de Belas-Artes iriam favorecer o emprego de construções mais refinadas. Um novo tipo de residência, a casa de porão alto representava uma transição entre os velhos sobrados e as casas térreas.” Neste trecho, conseguimos compreender que o estilo de construção sobrado como a ‘Casa Verde’ é tradicional do período colonial, mesmo ele tendo sido construído no século XX. Suas decorações porém já apresentam características ecléticas. Como não foi possível acesso à planta original do monumento,, retiramos a planta padrão de um sobrado colonial também do livro já citado. Assim podemos ter ideia de como seria o original construído. LEVANTAMENTO ICONOGRÁFICO Rua Barão do Amazonas, posto São Cristóvão, e ao lado a loja Lucas que vendia peças para carros ingleses, em 1960 Escola Portugal Pequeno na Rua Visconde de Itaboraí, em 1953, Rua Miguel de Lemos, na década de 1950 Rua Santa Clara, na década de 1950 LEVANTAMENTO ICONOGRÁFICO Imagens da Rua Barão de Mauá e Casa Verde LEVANTAMENTO ICONOGRÁFICO Rua Miguel de Lemos, subida do morro da penha em 1953 As imediações do mercado de peixes, antes do aterro, na década de 1950. Mostrando um pouco da atividade pesqueira do local, e ao fundo do lado esquerdo, pode ser visto a Estação das Barcas e o prédio dos Correios. LEVANTAMENTO ICONOGRÁFICO Lançamento do Navio Ponta D'Areia em 07 de Novembro de 1960, panorâmica momentos antes de ser lançado ao mar Estaleiro Guanabara CONCLUSÃO Concluímos que, apesar de transformações e com o passar dos anos, esse monumento sempre terá um valor histórico e emocional para a população local. Pois conta um pouco da história dos imigrantes portugueses, que com certeza influenciaram o entorno e a arquitetura local. BIBLIOGRAFIA ● ● https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rj/niteroi/historico ● https://infograficos.oglobo.globo.com/rio/expansao-urbana-do-rio-de-janeiro.html ● http://culturaniteroi.com.br/blog/?id=453 ● http://culturaniteroi.com.br/blog/?id=454 https://www.google.com/url?q=https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rj/niteroi/historico&sa=D&source=editors&ust=1621907219067000&usg=AOvVaw3FXAlj5Tov95GBX2Z6c1uj https://www.google.com/url?q=https://infograficos.oglobo.globo.com/rio/expansao-urbana-do-rio-de-janeiro.html&sa=D&source=editors&ust=1621907219068000&usg=AOvVaw3-P1jYa_cn2CoHup-Wjb5M https://www.google.com/url?q=http://culturaniteroi.com.br/blog/?id%3D453&sa=D&source=editors&ust=1621907219068000&usg=AOvVaw0jawD3LJCaFsFAlm7z9fdj https://www.google.com/url?q=http://culturaniteroi.com.br/blog/?id%3D454&sa=D&source=editors&ust=1621907219068000&usg=AOvVaw3DEF-j9jWohczJQ64jI0yQ
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