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Distúrbios do sistema venoso É importante lembrar que, a função das veias é trazer o sangue de volta ao coração, após ter o mesmo cumprido sua função de trocas metabólicas e térmicas a nível dos tecidos. A rede venosa para os MMSS, 80% passa superficialmente e 20% profundamente; para os MMII é o contrário. Essa separação superficial/profundo se dá pela fáscia muscular, porém estão conectados pelas veias comunicantes/perfurantes. As veias profundas acompanham as artérias em todo o seu trajeto e são duplas para as pernas e antebraço, se tornando únicas para a coxa e o braço. Esse sistema é valvulado, possui um sentido de fluxo de superficial para profundo, que evitam o retorno do sangue. Duas veias importantes do membro inferior é a safena magna e a safena parva. Varizes São dilatações e tortuosidades das veias superficiais, com alterações em suas paredes, válvulas e função. Se uma região está mais dilatada, com maior turbilhonamento do sangue, as válvulas não funcionam e ocorre o refluxo, aumentando a pressão e a tortuosidade do vaso. Quadro clínico: sensação dolorosa, prurido e edema. Complicações: tromboflebite superficial, varicorragia e úlcera varicosa. Microvarizes são veias dilatadas de fino calibre (2-4mm) de localização subcutânea; Telangiectasias são vasos de fino calibre, de coloração avermelhada ou azulada e localização dérmica. É uma micro fístula arteriovenosa. Por um aumento da pressão, os vasos se rompem (varicorragia) ou começam a criar vasos colaterais que se encontram e se ligam com arteríolas, passando a receber sangue arterial. Etiologia Primárias: fator pré-disponente como hereditariedade (vasos mais frágeis, tecido com menos tensão e resistência) e fatores desencadeantes como idade, gravidez, profissão, obesidade, alterações posturais, tabagismo (aumentos de pressão...) Secundárias: TVP (aumento de pressão que causa refluxo), fístula arteriovenosa (ligação entre artéria e veia) (congênita ou adquirida). Classificação clínica (CEAP) C (clínica) Classe 0 – sem sinais visíveis ou palpáveis de doenças venosas; Classe 1 – telangiectasias e/ou veias reticulares; Classe 2 – veias varicosas (tortuosas); Classe 3 – edema; Classe 4 – alteração da pele: hiperpigmentação (dermatite ocre), eczema (dermatite em função da estase circulatória), lipodermatofibrose (enrijecimento da pele devido aumento da pressão e escape de líquido, que carrega ferro que impregna nas células dérmicas, onde causa irritação e prurido; tem cicatrização interna sem bom metabolismo de pele e boa produção de fibras, ficando mais rígida e fina); Classe 5 – classe 4 com úlcera curada; Classe 6 – classe 4 com úlcera ativa. E (etiológica) Ec: congênita; Ep: primária; Es: secundária. A (anatômica) As: sistema superficial; Ad: sistêmico; Ap: veias perfurantes. P (patofisiologia) Pr: refluxo, quando há disfunção valvular; Po: obstrução, quando há impedimento do fluxo, como no caso de TVP. Pro: refluxo + obstrução. Exames complementares · Flebografia (injeta iodo – está em desuso) · Doppler em ondas contínuas; · Eco doppler (duplex) · Eco doppler color (triplex) · Pletismografia. Motivo da consulta · Dor · Cãibras · Edema · Varizes · Transtornos tróficos (cianoses, dermatites, dermatite ocre, eczema, ulceração); · Varicorragia; · Varicoflebite; · Estética · OBS: descartar outras dores de MMII, como: artrose, mialgia, neuralgia, etc. Anamnese: 1. Identificação 2. Sexo: mulheres 3:1 homem 3. Idade: > 40 anos, maior risco de TVP; 4. Cor e procedência: caucasianos; 5. Profissão: ortostatismo. Exame físico · Inspeção (telangiectasia, microvarizes, varizes, cianoses, varicorragias, dermatite ocre com pele mais fina, úlceras...); · Palpação (avaliar consistência do edema, temperatura...); · Edemas com sinal de cacifo, mas que tem retorno rápido, é de acometimento venoso; quando demora bastante para voltar, é linfático. · Avaliação postural (relação com bombas impulso-aspirativas); · Avaliação da marcha e do calçado; · Testes especiais (avaliar se está acometido sistema profundo ou superficial); · Mensuração: perimetria/goniometria. Tratamento · Medidas preventivas Combater a obesidade; Realizar atividade física; Evitar ortostatismo prolongado; Evitar o uso de estrógeno; Evitar peças de vestuário apertadas; Paciente tem que se comprometer com o tratamento. Tratamento médico Escleroterapia (telangiectasias): introdução de líquido esclerosante que queima os vasos; Microcirurgia de varizes (agulha de crochê); Cirurgia de varizes (fleboextrator); Laser endovenoso; Terapia medicamentosa (melhora sintomas). Fisioterapia Elevação do membro; DLM; Pressoterapia; Contenção elástica; Cinesioterapia; Hidroterapia; Termoterapia; Orientações de AVDs. Fisioterapia Pós-operatória · Escleroterapia Evitar o sol 30 dias; DLM dia seguinte. · Microvarizes Uso de micropore; Caminhada após 15 a 20 dias; Academia após trinta dias; DLM após aproximadamente 7 dias + US baixa intensidade; Uso de meia elástica (até 30 dias); 60 dias sem sol (microcirurgia). · Cirurgia (com e sem retirada de safena) DLM após 7 dias com duração de dois meses; Evitar sol por 90 dias; US (fonoforese); Utilizar creme para clareamento das manchas após trinta dias da cirurgia Utilizar meia no pós-cirúrgico – mínimo 1 mês. Taping cola e levanta a pele, abrindo os capilares, favorecendo a drenagem local e a reabsorção. Trombose Venosa Profunda (TVP) Processo trombótico agudo que ocorre no sistema venoso profundo de forma oclusiva ou não. Fisiopatologia Tríade de Virchow: composta por estase (sangue caminhando mais devagar, pacientes com gesso, acamados...), lesão endotelial (por cirurgias, fraturas, lesões locais...) e alterações da coagulação (em PO, hereditário...). A diminuição do fluxo faz começar uma agregação de plaquetas, principalmente na proximidade das válvulas onde o fluxo é mais lento, formando trombinas, fazendo com que ocorra aderência do núcleo do trombo à parede do vaso/válvula, começando a formação de trombose secundária, agregando mais plaquetas locais, aumentando a formação do trombo. Fatores de risco · Idade; · Imobilização; · Obesidade; · Tromboembolismo prévio; · Varicosidades; · Infecções; · Neoplasias; · Gravidez e puerpério; · Anticoncepcionais (diminuição da ação de antitrombina III e plasminogênio); · Traumatismo; · Causas genéticas. Quadro clínico · Dor (sintoma mais frequente); · Edema (empastamento); · Taquicardia; · Aumento da temperatura; · Aumento da circulação colateral; · Palidez e cianose. Complicações · Embolia pulmonar: quando o trombo se solta e cai na corrente sanguínea indo para o pulmão, havendo um déficit importante dessa região vascular-pulmonar que dificulta as trocas gasosas (insuficiência venosa crônica, hipertensão pulmonar). · Características: dispneia, taquipneia, dor pleurítica, hemoptise, insuficiência cardíaca esquerda, síncope e colapso cardiovascular. Diagnóstico clínico · Observado dor, edema, aumento da consistência; · Dor a palpação muscular; · Dor no trajeto venoso; · Sinal de Homans (palpação profunda na região poplítea com dor); · Dilatação de veias superficiais; · Cianose; · Aumento de 2 a 3ºC no membro acometido. Tratamento TVP e EP Prevenção: medicamentos anti-coagulantes, fisioterapia motora no leito, deambulação, meias, compressão pneumática intermitente, exercícios respiratórios. Cuidados: esperar liberação para realização de exercícios após a TVP (24-48h); uso de meia após a TVP: 1 ano. Úlceras As causas de ulcerações de MMII são várias, como: · Arterial: arteriosclerose, tromboangiíte aguda, úlcera hipertensiva, doença autoimune; · Venosa: sequela da trombose venosa profunda, varizes primárias, reação pós injeção esclerosante; · E ainda de origem infecciosa, hemopática, neoplásica, traumática, neuropática. Úlceras de origem arterial são mais graves, podendo evoluírem para amputação. Úlceras de pressão são causadas por pressão local, fechando vasos, impedindo a chegada de sangue. Evoluem em 4 graus: · Grau I – eritema não branqueável: ruborização da pele, que não branqueia sob pressão, já que, com o fechamentodo vaso, não há liberação de oxigênio para o tecido pela hemoglobina, havendo uma hipóxia tecidual e o oxigênio fica concentrado dentro do sangue (que torna o sangue mais vermelho). Em indivíduos de raça negra pode-se notar a presença de descoloração, calor, edema ou dureza da epiderme. · Grau II – flictema ou abrasão: perda parcial de pele que envolve a epiderme e/ou a derme. · Grau III – perda da espessura total da pele até fáscia subjacente, mas sem atingir totalmente. Por outras palavras, a destruição estende-se até a película que envolve os músculos. · Grau IV – desnutrição extensa, necrose dos tecidos ou lesão mucular, óssea ou das estruturas de apoio. A destruição atinge tecidos profundos, como sejam os músculos e ossos. Tratamento Analgesia, Diagnóstico etiológico (saber de onde vem, para fazer o tratamento adequado); Limpeza, proteção; Elevação (exceto na isquêmica); Tratar as varizes senão as úlceras não melhoram; Estimular a proliferação (fase proliferativa do reparo); Uso de pomadas/fármacos; Curativos biológicos; Recursos terapêuticos: US/ Laser/ UV/ DLM/ Pressoterapia/ microcorrentes/ correntes de alta voltagem; Laser: pontual nas bordas e varredura no centro; Microcorrentes: aplicação diretamente sobre a úlcera; i= 50uA; f= 0,5Hz. Corrente pulsada de alta voltagem: analgésica e ajuda na cicatrização; voltagens mais altas ignoram a impedância da pele, permitindo a utilização de baixas amplitudes. Polo negativo (cátodo) é bactericida e o polo positivo (ânodo) atrai fibroblastos. Técnica de aplicação: gaze estéril no leito da ferida.
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