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APG - SOI III Bianca Cardoso - Medicina 3 o Período EPIDEMIOLOGIA, FISIOPATOLOGIA, MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS (EVC), FATORES DE RISCO, COMPLICAÇÕES (úlceras de estase e dermatite), DIAGNÓSTICO, TRATAMENTO DA INSUFICIÊNCIA VENOSA CRÔNICA IVC • Doença venosa crônica que representa o conjunto de alterações decorrentes da dilatação das veias das extremidades e alterações funcionais das mesmas, por uma incompetência valvular, associada ou não à obstrução do fluxo venoso • Já o termo insuficiência venosa crônica é usado para doenças mais graves. Obs: a presença de veias varicosas é indicativa de doença venosa crônica e não necessariamente insuficiência venosa. Existem três apresentações comuns da doença: • Telangiectasia: vênulas dilatadas (1mm) na porção intradermal da pele que aparecem em tons avermelhados ou azulados; • Microvarizes (veias reticulares): veias do subcutâneos dilatadas (1-3 mm) que aparecem em tons de vermelho, verde ou roxo; • Varizes (veias tronculares): veias superficiais dilatadas e tortuosas (> 3 mm). Fisiopatologia • Mecanismos como: função inadequada do músculo esquelético (como bomba); obstrução ou trombose venosa e incompetência das válvulas venosas levam a uma série de mudanças anatômicas, fisiológicas e histológicas que culminam em dilatação venosa; alteração na cor e textura da pele e até mesmo úlcera cutânea. Válvulas de sentido único nas veias: As válvulas de sentido único são compostas por dois folhetos (cúspides) cujas margens se unem. Elas ajudam as veias a transportar o sangue de volta ao coração. Quando o sangue se desloca para o coração, ele faz com que as cúspides se abram como portas giratórias de sentido único (representadas à esquerda). Se a gravidade puxar o sangue para trás momentaneamente ou se sangue começar a se acumular em uma veia, as cúspides são empurradas e se fecham imediatamente, impedindo o fluxo retrógrado (mostrado à direita). Em alguns casos, a força gravitacional faz com que as paredes das veias das pernas se dilatem com o tempo, o que tende a separar essas válvulas. Se essas válvulas não fecharem corretamente, elas podem permitir que o sangue retorne e se acumule nas veias, o que pode fazer com que mais válvulas estiquem e falhem. Sendo assim o refluxo de sangue faz com haja uma hipertensão no sistema venoso. Já para outras pessoas esta incompetência valvular se deve ao trauma ou alterações congênitas. A hipertensão venosa também pode ser devida à obstrução do fluxo venoso ou falha da bomba muscular da panturrilha. Durante a contração muscular, o sangue flui corretamente, de baixo para o coração. Durante o relaxamento muscular, devido à incompetência das válvulas, o sangue flui para baixo, aumentando a pressão e sobrecarregando as veias superficiais. Obs: Nas va r i zes há p rob lemas es t ru tu ra is e hemodinâmicos: a incompetência das válvulas gera inversão de fluxo, de cima para baixo e do sistema venoso profundo para o superficial com aumento da pressão, já que a parede da veia tem uma pequena quantidade de músculo elástico e liso e é incapaz de lidar com o aumento da pressão, fazendo com que as veias superficiais se tornem tortuosas e dilatadas (veias varicosas). a) A insuficiência venosa crônica pode provocar desconforto e inchaço nas pernas e erupção, descoloração e/ou úlceras na pele. b) A síndrome pós-flebite é uma insuficiência venosa crônica decorrente de um coágulo de sangue nas veias (trombose venosa profunda). c) Manter a perna elevada, usar meias de compressão e tratar cuidadosamente qualquer ferimento são medidas necessárias para o tratamento. Manifestação clínica Anamnese Principais sintomas: desconforto em membros inferiores, dor e inchaço. - Dor em peso, queimação ou desconforto nos membros inferiores (principalmente no final do dia) e pode estar associado a pruridos e câimbras; - Fator de piora: calor e períodos prologados em ortostatismo ou sentado; - Fator de melhora: repouso e elevação do membro inferior. - a dor pode ser generalizada ou localizada em determinada veia, úlcera ou área de lipodermatoes- clerose. - o inchaço piora ao longo do dia em pacientes que permanecem de pé ou sentados por muito tempo. INCHAÇO: Piora ao longo do dia em pacientes que permanecem de pé ou sentados por muito tempo. O inchaço pode não originar outros sintomas, porém, algumas pessoas sentem as pernas pesadas, latejantes, cansadas, volumosas e com formigamento.) Se o edema for grave e persistente, forma-se um tecido cicatricial que retém líquido nos tecidos. Por conseguinte, a panturrilha aumenta de tamanho de modo permanente e endurece. Nesses casos, há maior probabilidade de que se desenvolvam úlceras e de que estas cicatrizem menos facilmente. PELE AVERMELHADA: A pele da parte interna do tornozelo fica descamada e pruriginosa, podendo ganhar um tom vermelho escuro. Essa alteração da cor é causada pelos glóbulos vermelhos que escapam das veias https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-do-cora%C3%A7%C3%A3o-e-dos-vasos-sangu%C3%ADneos/dist%C3%BArbios-venosos/trombose-venosa-profunda-tvp APG - SOI III Bianca Cardoso - Medicina 3 o Período inchadas (distendidas) para a pele. A pele despigmentada é vulnerável e mesmo uma pequena lesão, como um arranhão ou uma pancada, pode rompê-la, resultando em uma úlcera. Também podem surgir úlceras sem nenhuma lesão conhecida, normalmente na parte interior do tornozelo. No geral, elas são apenas levemente desconfortáveis. Caso sejam muito doloridas, existe a chance de elas estarem infectadas. A dermatite ocre é resultado da lise das hemácias, que libera hemoglobina que no espaço extracelular e é degradada a um subproduto, a hemossiderina, que dá coloração castanha à pele. Por fim ocorre um processo de lipodermatoesclerose secundário à grande concentração de líquido e principalmente proteínas que ficaram retidas no interstício celular, levando primeiro ao endurecimento e aumento do poder oncótico intersticial e posterior à fibrose da pele e principalmente do tecido celular subcutâneo. Avaliar a presença de comorbidades: Doença arterial periférica; doença coronariana; insuficiência cardíaca; diabetes; artrite e outros. - são condições geralmente associadas à doença venosa crônica e que costumam contribuir para casos mais graves. Sintomas: • Os sintomas do paciente também podem ser altamente variáveis, incluindo dor, coceira, queimação, desconforto posicional e até mesmo "claudicação venosa". • A gravidade dos sintomas e sinais de doença venosa tende a se correlacionar com o grau de disfunção valvar venosa subjacente e obstrução venosa. No entanto, evidência visível mínima de doença venosa pode estar associada à incompetência valvar venosa. • Os sintomas de dor nos membros, peso e inchaço podem ser de origem venosa, mesmo quando não associados a varizes visíveis ou palpáveis. Pearls & Pitfalls Usado para diferenciar a dor por doença venosa de membros inferiores da dor da doença arterial periférica • A doença venosa crônica causa dor, tipicamente, com o paciente em pé ou sentado, com os membros inferiores pendentes, por um longo período , melhorando com a elevação do membro e o andar (ou seja, melhora com manobras que favorecem o retorno venoso); • A doença arterial periférica causa dor durante o caminhar (claudicação intermitente), podendo causar dor também em repouso nos casos mais graves, porém alivia com o repouso e piora com a elevação do membro isquemiado (ou seja, melhora com a diminuição da demanda metabólica do membro e piora com seu aumento). Exame Físico Nessa etapa, é preciso correlacionar os sintomas do paciente com achados do exame clínico consistentes com doença venosa dos membros inferiores (cerca de 20% dos pacientes podem apresentarsintomas típicos sem alteração clínica visível e outros podem ter seus sintomas atribuídos a outras doenças). Telangiectasias e/ou veias reticulares: Achado clínico mais comum, presente em pacientes com dilatação venosa leve. São mais comuns no sexo feminino. Veias varicosas: Veia subcutâneas dilatadas e tortuosas com mais de 3 mm de diâmetro. • Edema: Inicialmente, aparece como edema perimaleolar no fim do dia. Com a progressão, a doença evolui com aparecimento do edema e progressão ascendente do edema ao longo de todo o dia. • O edema é um sinal clínico inespecífico, no entanto, alguns achados favorecem o diagnóstico de insuficiência venosa na presença de edema: • Edema limitado aos membros inferiores (inicialmente unilateral ou bilateral), sendo acompanhado por outros achados de doença venosa (hiperpigmentação da pele, veias varicosas, reticulares e telangiectasias); • Edema melhora com o decúbito e elevação do membro (embora outras causas de edema hidrostático também melhorem nesse caso); • Pressão venosa central normal (clinicamente se manifesta pela ausência de turgência jugular), embora a presença desta não descarte edema por insuficiência venosa; • Baixa resposta ao diurético (visto que o mecanismo fisiopatológico não é hipervolemia), podendo cursar inclusive com hipotensão. Hiperpigmentação da pele: Ocorre hiperpigmentação gradual da pele, inicialmente na região perimaleolar medial, progredindo para o dorso do pé e perna. Dermatite por estase: Sinal precoce da doença venosa funcional crônica, apresentando-se como um rash eczematoso com eritema, prurido, erosões e crostas. O prurido intenso pode levar a escoriações por coçadura. Lipodermatoesclerose: Manifestação tardia e grave da insuficiência venosa crônica. Paniculite fibrosante do tecido celular subcutâneo acometendo regiões perimaleolares e perna distal, com hiperpigmentação evoluindo com fibrose e enduração da pele e com comprometimento venoso e linfático. Úlcera venosa: Úlceras de localização no trajeto das veias safenas magna e parva, sendo muito comum sua localização perimaleolar (especialmente medial), de aparecimento espontâneo ou decorrente de trauma. Podem ser múltiplas ou única, são dolorosas, superficiais, exsudativas e com tecido de granulação. Testes - Teste de Brodie-Trendelenburg; - Teste de Perthes; APG - SOI III Bianca Cardoso - Medicina 3 o Período - Teste de Schwartz; - Manobra de Valsalva. Classificação CEAP De acordo com a classificação conhecida como CEAP, as varizes podem ser classificadas clinicamente como: • C0 – Ausência de sinais de doença venosa; • C1 – Teleangiectasias e veias reticulares; • C2 – Veias varicosas; • C3 – Edema; • C4a – Pigmentação, eczema; • C4b – Dermatoesclerose ou atrofia branca; • C5 – Ulcera venosa cicatrizada; • C6 – Ulcera venosa aberta. Fatores de Risco - Idade avançada - Sexo feminino - Número de gestações - Obesidade - Trombose venosa - Permanência de longas horas em pé ou sentado - Histórico familiar Complicações I. Tromboflebite superficial II. Trombose venosa profunda III. Dermatite ocre IV. Lipodermatoesclerose V. Úlceras de estase: ao redor no maléolo medial, bordos irregulares, rasas, com base vermelha e exsudato serohemático ou seropurulento e pigmentação ao redor. Estas geralmente não são dolorosas, a não ser que haja infecção. Diagnóstico • O diagnóstico de insuficiência venosa é clínico, na presença de sinais clínicos sugestivos e exclusão de outras causas de edema (especialmente hipervolemia e insuficiência cardíaca). • Em casos duvidosos, no entanto, um doppler de membros inferiores pode confirmar o diagnóstico e ajuda na avaliação da gravidade da doença e na indicação de intervenções terapêuticas. • Doppler venoso de membros inferiores: Indicado em quase todos os casos de doença venosa crônica, seja para confirmação diagnóstica dos casos duvidosos ou refratários, ou para avaliação da natureza e extensão do refluxo venoso que define a proposta terapêutica. Pode avaliar a presença de insuficiência venosa funcional (refluxo venoso), hipertensão venosa e trombose venosa profunda. • Venografia/ Flebografia: Padrão ouro no diagnóstico de trombose venosa profunda. Permite um diagnóstico anatômico e avaliação hemodinâmica de todo o sistema venoso do membro. - indicada somente quando os métodos não-invasivos não forem decisivos para esclarecimento diagnóstico e/ou orientação de tratamento nas angiodisplasias venosas e na possibilidade de cirurgia do sistema venoso profundo - seu alto custo e invasão não justificam seus benefícios adicionais quando comparado ao doppler Tratamento Abordagem Terapêutica A terapia de compressão continua a ser a pedra angular para pacientes com doença venosa crônica. O mecanismo pelo qual a terapia de compressão produz efeitos benéficos é multifatorial. A compressão melhora a hemodinâmica venosa, aumentando a velocidade do fluxo venoso profundo e o retorno venoso, melhorando o fluxo linfático e a microcirculação cutânea e diminuindo as pressões venosas • As meias de compressão estão disponíveis em cinco gradientes de pressão (< 20, 20-30, 30-40, 40-50 e > 50 mmHg). • As meias de compressão utilizadas no tratamento da doença venosa crônica necessitam exercer uma pressão mínima de 20-30 mmHg no tornozelo para serem eficazes. • As meias brancas "antiembolismo", comumente administradas aos pacientes no hospital, exercem compressão variável (variando de 6-19 mmHg de pressão no tornozelo) e não são um tratamento adequado de insuficiência venosa. • Um grau mais alto de meias de compressão (30-40 mmHg) pode ser necessário com doença venosa crônica mais grave. As roupas de compressão de grau mais alto (ex.: 40-50 mmHg ou 50-60 mmHg) estão disponíveis, mas normalmente são reservadas para pacientes com linfedema crônico ou no tratamento de cicatrizes de queimadura. Bandagens compressivas: Devem ser aplicadas por pessoal treinado e alteradas dependendo do grau de drenagem. Têm a mesma função das meias compressivas. Elevação das pernas: Elevação simples dos pés até, pelo menos, o nível cardíaco, durante 30 minutos, 3 ou 4x/dia, melhora a microcirculação cutânea e reduz o edema. APG - SOI III Bianca Cardoso - Medicina 3 o Período Exercício: Caminhada diária e simples exercícios de flexão do tornozelo, enquanto sentado, são estratégias baratas e seguras no tratamento da doença venosa crônica. Drogas venoativas: São derivados flavanoides, em que a maioria das drogas venoativas tem demonstrado aumentar o tônus venoso por um mecanismo relacionado com a via da norepinefrina. Outras ações incluem redução da hiperpermeabilidade capilar, drenagem linfática melhorada, efeitos anti-inflamatórios e diminuição da viscosidade do sangue. Estes agentes podem ser úteis para o tratamento de qualquer classe de doença venosa. Hidroxietilrutosídeo: É uma mistura padrão de flavonoides semissintéticos que atuam, principalmente, sobre o endoté l io da microvasculatura para d iminui r a permeabilidade, reduzindo, assim, o edema e os sintomas. Extrato de sementes de castanha de cavalo: Estimula a liberação de prostaglandinas da série F (PGF2-alfa), que induzem a venoconstrição, diminuindo a permeabilidade das paredes dos vasos a proteínas de baixo peso molecular, água e eletrólitos. Dose de 300 mg 2x/dia. Fração flavanoide purificada micronizada — Diosmin® e Daflon®: pode também ser útil como um adjuvante à terapia de compressão para melhorar a cicatrização de úlceras. Existem poucos efeitos secundários associados a estes agentes. Agentes que auxiliamno fluxo e cicatrização de úlceras: • Aspirina®: na dose de 300 mg/dia (comprimido revestido) pode acelerar a cicatrização de úlceras venosas crônicas; - útil em pacientes que não tenham contraindicação para seu uso; • Estanozolol: esteroide anabólico oral que estimula a fibrinólise do sangue e foi avaliado para o tratamento das mudanças mais avançadas da pele associadas a lipodermatosclerose; • Pentoxifilina: cicatrização completa ou parcial de úlcera venosa na dose de 800 mg/dia. Efeitos colaterais comuns são os gastrointestinais; • Análogo sintético da Prostaciclina: I loprosta (Carboprostaciclina, administração parenteral a 0,5-2 nanogramas/kg/minuto), é um potente vasodilatador que inibe a agregação e adesão plaquetária, aumenta a deformabilidade dos glóbulos vermelhos, altera a função dos neutrófilos radicais e permeabilidade capilar e pode ajudar a reparar o endotélio danificado; • Sulodexida: glicosaminoglicano altamente purificado. Tem atividade antitrombótica e profibrinolítica relacionada com sua afinidade para a antitrombina III e o cofator de heparina II, entre outros efeitos farmacológicos. Cuidados com a Pele Limpeza da pele: Lavar suavemente as pernas diariamente com sabonetes hidratantes para remover bactérias e crostas. Não usar sabão para não ressecar mais a pele. Emolientes: Fornecem uma película de óleo para lubrificar a pele, que limita a secura, prurido e subsequente fissura da pele. Emolientes são mais bem aplicados com a pele úmida (ou seja, imediatamente após tomar banho). Barreiras tópicas — vaselina e óxido de zinco creme ou pomada: Bloqueiam fisicamente irritantes químicos e umidade de entrar em contato com a pele e são usados para proteger a pele da drenagem da úlcera exsudativa. Ajudam a reduzir o prurido da pele seca e prevenir a avaria da pele. Corticoide tópico: Os sintomas específicos de dermatite de estase, incluindo eritema, inflamação, prurido e formação de vesículas, podem exigir tratamento das bordas da ferida com corticosteroides tópicos do grupo III ou IV (ex.: Triancinolona, Fluocinolona, Betametasona). Tratamento Cirúrgico • As varizes primárias com sintomas persistentes e doppler documentando refluxo venoso têm indicação cirúrgica. • As opções menos invasivas constituem ablação térmica (indicada para veias safenas grandes) ou não térmica (endovenosa, preferencial ao tratamento cirúrgico pelo pós-operatório mais rápido e menos sintomático) da veia acometida. • Nos casos de insuficiência e/ou dilatação de safenas, pode-se considerar a excisão parcial ou total do vaso afetado. Tratamento das Complicações Tromboflebite superficial: • Trombose de veia superficial; seu diagnóstico é clínico (dor, hiperemia, edema local e cordão venoso palpável), mas um doppler deve ser solicitado sempre que houver suspeita de quadro ascendente que acometa terço proximal de safena interna de coxa; • Se esse segmento for acometido, recomenda-se ligadura e secção da crossa da safena; • Nos casos em que o processo inflamatório for exuberante e com maior extensão de trombos, pode-se lançar mão da anticoagulação com HBPM; • Nos casos não complicados, recomenda-se uso de AINE por 5-7 dias, associado a compressa morna e heparinoides tópicos. Varicorragia: Elevação do membro e compressão manual por 10 minutos, seguidos de curativo compressivo por 24-48 horas. A sutura do cordão varicoso sangrante é proscrita pelo risco elevado de desenvolvimento de úlcera e infecção secundária. Úlcera venosa: Ecodoppler colorido é essencial na avaliação desses pacientes, indicando a possibilidade de tratamento cirúrgico. A associação a terapia compressiva e curativos diários é mandatória. Quando necessário deve ocorrer o debridamento da ferida. Antibióticos tópicos não apresentam benefício e os sistêmicos devem ser utilizados apenas nas seguintes situações: - Febre; - Aumento do eritema da pele circundante; - Calor local e aumento da temperatura; - Linfangite; - Aumento rápido do tamanho da úlcera. Tratamento Farmacológico Drogas venoativas • Diosmina + hesperidina (450 mg/cp + 50 mg/cp) 450 + 50 mg VO de 12/12 horas, uso contínuo; • Castanha-da-índia (100 mg/cp) 100 mg VO de 8/8 ou 12/12 horas, uso contínuo; • Dobesilato de cálcio (500 mg/cp) 250-500 mg VO de 12/12 horas, uso contínuo; • Castanha-da-índia composta 1 drágea VO de 8/8 até 6/6 horas, uso contínuo; • Cumarina + troxerrutina (105 mg/cp) 105 mg VO de 8/8 horas, uso contínuo. Drogas que auxiliam na cicatrização de úlceras • Pentoxifilina (400 mg/cp) 400 mg VO de 8/8 ou 12/12 horas até a cicatrização da úlcera; APG - SOI III Bianca Cardoso - Medicina 3 o Período • Ácido acetilsalicilíco (100 mg/cp) 300 mg VO de 24/24 horas até a cicatrização da úlcera; • Contractubex passar no local 2x/dia até a cicatrização da úlcera. Tratamento da dermatite de contato: • Triancinolona passar na lesão 2x/dia até melhora da lesão; • Fluocinolona passar na lesão 2x/dia até melhora da lesão; • Betametasona passar na lesão 2x/dia até melhora da lesão Tratamento não Farmacológico Medidas comportamentais: • Elevação dos membros inferiores, por 30 minutos, de 3-4x/dia; • Prática regular de atividades físicas que envolvam contração dos músculo das pernas. Meias de compressão elástica: • Classe I: Compressão leve (18-25 mmHg/15-21 mmHg). - Indicação: Prevenção de trombose venosa profunda (TVP) e para pequenas veias varicosas, com sintomas leves; • Classe II: Compressão moderada (26-34 mmHg/23-32 mmHg): - Indicação: Uso na insuficiência venosa moderada; após tratamento cirúrgico de varizes, úlcera varicosa, tromboflebites e prevenção de TVP; • Classe III: Compressão alta (37-49 mmHg/34-46 mmHg): - Indicação: Uso na insuficiência venosa avançada, com edema reversível; • Classe IV: Compressão máxima (> 50 mmHg/> 49 mmHg): - Indicação: Uso no linfedema ou na insuficiência venosa com edema irreversível. Inchaço origem venosa X Inchaço origem por linfedema O inchaço das extremidades inferiores devido ao linfedema é frequentemente confundido com isso devido à origem venosa. Origem venosa: - O edema relacionado apenas à presença de doença venosa geralmente ocorre no tornozelo e pode se estender até a perna, mas menos comumente se estende ao pé e aos dedos dos pés, distinguindo-o do linfedema. - tem como característica ser resolutiva e melhorar durante a noite quando o paciente dorme (pernas elevadas). Origem linfedema: - o inchaço por linfedema é mais recalcitrante e geralmente persiste e ainda está presente pela manhã. - se estende ao pé e aos dedos dos pés. - O flebolinfedema é talvez a forma mais comum de linfedema nas sociedades ocidentais e resulta de alterações anatômicas e fisiológicas no sistema linfático que surgem secundárias a formas avançadas de doença venosa crônica que levam à sobrecarga linfática. C L A S S I F I C A Ç Õ E S D E A C O M E T I M E N T O E COMPLICAÇÃO DA EVC A estase ocorre quando o sangue se estagna na veia, quando há uma inatividade prolongada Úlcera venosa Definição: Ferida crônica secundária ao comprometimento do fluxo venoso local. Fisiopatologia • Devido ao distúrbio no fluxo venoso local, o tecido fica com oxigenação e celularidade prejudicadas, dificultando o processo de cicatrização. • A pele, comumente "esgarçada" pelo edema do subcutâneo, fica fina e frágil, podendo ocorrer pontos de perda de solução de continuidade e transudação do edema. • A associação de isquemia venosa com as alterações cutâneas favorece o aparecimento das úlceras e dificulta o processo cicatricial. • Outra forma das úlceras surgirem é a partir de ferimentos simples ou pequenos traumas cutâneos. Quadro clínico • São lesões ulceradas, únicas ou múltiplas, bordas irregulares (podem atingir toda a circunferência do membro), fundo amarelado e cruento,composto por exsudato fibrinoso e tecido de granulação. • Sua localização mais comum é terço inferior dos membros inferiores, principalmente região maleolar medial. • É comum encontrarmos na região ao redor da úlcera sinais de insuficiência venosa (edema, veias varicosas, lipodermatoesclerose, hiperpigmentação pelo acúmulo de hemossiderina, presença de vênulas dilatadas na região submaleolar, que dão aspecto de "transparência" na região, chamadas de corona phlebectasica). Fatores de risco: - Insuficiência cardíaca; - Trombose venosa prévia; - Distúrbios musculares; - Insuficiência venosa crônica. Abordagem Diagnóstica • Anamnese e exame físico devem ser detalhados, para buscar causas associadas ainda não tratadas: hipertensão arterial sistêmica; insuficiência cardíaca; coagulopatias; tromboses. • O diagnóstico da úlcera venosa é obtido através de suas características clínicas e achados associados compatíveis como sinais de insuficiência venosa: dermatite de estase, e d e m a , v e i a s v a r i c o s a s , d e r m a t i t e o c r e , lipodermatoesclerose, entre outros. • Biópsia da úlcera deve ser realizada na dúvida diagnóstica e com o intuito de excluir causas infecciosas (enviar material para cultura de bactérias, micobactérias e fungos) e malignidades (úlceras crônicas podem evoluir para carcinoma basocelular ou espinocelular, chamada úlcera de Marjolin). • Recomenda-se avaliar a biópsia após 4-6 semanas de tratamento sem melhora e para todas as úlceras com características atípicas (ex.: produção excessiva de exudato, presença de tecido necrótico, aprofundamento progressivo, tempo prolongado de evolução). Exames de rotina: • Exames de sangue: Hemograma, coagulograma, glicemia, função renal, marcadores de coagulopatias APG - SOI III Bianca Cardoso - Medicina 3 o Período (anticoagulante lúpico, anticardiolipina, proteína C e S, mutação do fator V de Leiden); • Ecodoppler vascular (com avaliação do sistema venoso superficial, comunicante e profundo); • Biópsia (quando houver suspeita de infecção crônica, com envio de material para cultura de bactérias, micobactérias e fungos ou suspeita de transformação neoplásica); • Radiografia (quando houver suspeita de osteomielite associada). Abordagem Terapêutica • O pilar principal do tratamento da úlcera venosa é reverter os efeitos da insuficiência venosa crônica. • Além disso, cuidados com a cicatrização e prevenção de infecções devem ser tomados. • É importante reconhecer complicações associadas, que podem atrapalhar o tratamento e fechamento completo da úlcera, tais como: infecção local ou adjacente (celulite e erisipela), dermatite de contato (muitas vezes causada por uso inadequado de antibióticos tópicos na lesão), osteomielite e transformação neoplásica. • Sinais de infecção do leito da lesão: piora da dor local, aumento da quantidade de exudato e odor fétido, crostas melicéricas; Sinais de infeção de partes moles adjacente: febre, edema, calor, dor e rubor no tecido adjacente à úlcera; Sinais de dermatite de contato perilesional: área eritematosa, descamativa, podendo conter bolhas, sensibilidade e prurido associados; Sinais de osteomielite: febre prolongada, exposição do tecido ósseo na base da úlcera. Melhoria do fluxo venoso: - Deve-se excluir insuficiência arterial antes de se indicar medidas compressivas. Índice tornozelo braquial (ITB) abaixo de 0,9 indica que existe componente de insuficiência arterial, ITB < 0,5 contraindica medidas compressivas; - Elevação de membros inferiores acima do nível do coração, principalmente à noite, ao dormir; - Bandagens: faixas elásticas; bota de Unna. Cuidados com curativo: Lavagem com soro fisiológico; Realizar curativos semioclusivos (manter o leito úmido); Avaliar o leito da úlcera e a presença de tecidos inviáveis (ex.: necrose, fibrina): indicar desbridamento (autolítico, químico e/ou mecânico); Avaliar sinais de infecção bacteriana no leito da ferida ou adjacente: se possível colher material da região para cultura e reservar antibioticoterapia sistêmica quando houver sinais c l ín icos de in fecção. Ant ib iót icos tópicos não demonstraram eficácia; Opções de tratamento sistêmico: Pentoxifilina (400 mg/cp): 1-2 comprimidos VO, de 8/8 horas; Diosmina + hesperidina (450 + 50 mg/cp): 1-2 comprimidos VO 1x/dia; Antibióticos orais: se houver sinais de infecção secundária (a infecção não tratada dificulta a cicatrização da úlcera). Na Atenção Primária à Saúde Quando encaminhar: O paciente com úlcera venosa se beneficia de acompanhamento com equipe multidisciplinar, incluindo consulta com o cirurgião vascular; São indicações de cirurgia úlceras que não apresentam melhora com tratamento conservador e que possuem como causas varizes primárias. REFERÊNCIAS: • Moore, Keith L.; DALLEY, Arthur F.. Anatomia orientada para a clínica. 8 ed. Rio De Janeiro: Editora Guanabara Koogan S.A., 2011. • TORTORA, G. J. Princípios de Anatomia Humana. 10 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. • GUYTON, A.C. e Hall J.E.– Tratado de Fisiologia Médica. Editora Elsevier. 13ª ed., 2017.
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