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Excitabilidade Neuronal 1 Excitabilidade Neuronal Introdução Reflexo → informação → sistema nervoso → coleta → distribua → integre A carga elétrica é transportada pelos axônios através de íons = átomos eletricamente recarregados. Potencial: separação da carga elétrica através da membrana Potencial de repouso da membrana: é quando o neurônio não está transmitindo impulsos nervosos, isto é, o lado interno da membrana predominam cargas negativas em relação ao exterior. Potencial de ação; inversão rápida das cargas através da membrana (lado interno fica positivo) e são sinais de tamanho e duração fixos. Principais componentes do potencial de repouso da membrana Fluido salino Excitabilidade Neuronal 2 O fluido salino é o líquido presente nos compartimentos intracelular e extracelular. Em ambos os lados, a água é o principal componente deste fluido e os íons estão dissolvidos nela. Água: solvente polar em que seus átomos estão ligados covalentemente. Os elétrons compartilhados entre o oxigênio e o hidrogênio estão mais próximos do oxigênio (fila da eletronegatividade). Dessa forma, o oxigênio possui carga elétrica líquida negativa e o hidrogênio positiva. Íons: possuem carga elétrica líquida. Podem estar ligados por uma atração eletrostática de átomos com cargas opostas, chamada ligação iônica e em meio aquoso se dissociam. Por exemplo, o cloreto de sódio que na presença de água se dissocia em Na+ e Cl-. O íon carregado positivamente é circundado pelo oxigênio e o carregado negativamente, pelo hidrogênio. A carga elétrica de um depende da diferença entre seu número de prótons e elétrons, podendo ser monovalente, divalente e assim por diante. Cátions possuem carga elétrica líquida positiva e ânions negativa. Os íons de particular importância para a neurofisiologia celular são os cátions monovalentes Na+ (sódio) e K (potássio), o cátion divalente Ca2 (cálcio) e o ânion monovalente Cl– (cloreto). Membrana Fosfolipídica Os fosfolipídios possuem longas cadeias de átomos de carbono ligados a átomos de hidrogênio e um grupo fosfato polar ligado na extremidade da cadeia (voltada para o meio aquoso). Portanto, as cabeças hidrofílicas estão voltadas para o meio aquoso interno ou externo e as caudas hidrofóbicas estão em contato umas com as outras. Proteínas Os potenciais de repouso e de ação são dependentes de proteínas especiais que atravessam a bicamada lipídica permitindo a passagem de íons. Estrutura proteica (revisão): são formadas pela combinação dos diferentes aminoácidos. A estrutura básica de uma geladeira é a seguinte: possuem um carbono central ligado covalentemente a um radical, um grupamento amino NH3, um átomo de hidrogênio e um grupo carboxila COO. O que difere os aminoácidos é o tamanho e o radical. Para formar uma ligação peptídica, um aminoácido se liga através de seu grupamento amino com o grupo carboxila de outro próximo a cadeia. Excitabilidade Neuronal 3 Os quatros níveis da estrutura proteica: estrutura primária → alfa hélice → estrutura terciária → estrutura quaternária. Canais proteicos: Canais iônicos: são proteínas que se estendem pela membrana que formam canais altamente seletivas, isto é, os canais para K só vai permitir a passagem desse íon pelo canal. Os canais iônicos possuem portões, que se abrem ou fecham conforme as modificações no ambiente. Bombas iônicas: são enzimas que usam como energia a quebra do ATP para transportar os íons. Movimento iônico O movimento dos íons através da membrana depende de dois fatores: difusão e eletricidade. Um canal iônico pode estar aberto, mas dependendo do ambiente, não ocorre a passagem dos íons. Difusão: ocorre movimento direcionado dos íons do meio com maior concentração para o de menor concentração, até que estejam igualmente distribuídos entre os meios. Normalmente, os íons não passam diretamente pela membrana, sendo necessário os canais iônicos para permitir a difusão. Excitabilidade Neuronal 4 Para ocorrer a difusão é necessário um gradiente de concentração = diferença de concentração. Por conseguinte, o movimento de íons pela membrana por difusão acontece caso haja um gradiente de concentração e canais iônicos. Eletricidade: Uma vez que os íons são partículas carregadas eletricamente, outra forma de induzir o movimento dos íons é através do campo elétrico. Corrente elétrica: movimento de carga elétrica e a corrente é definida como positiva no sentido de movimento de cargas positivas. Fatores que determinam quanta corrente fluirá: potencial elétrico e condutância elétrica. Potencial elétrico: força exercida sobre uma partícula carregada Voltagem), assim como a diferença de carga entre o cátodo e o ânodo. Quanto maior a diferença, mais corrente fluirá. Condutância elétrica: habilidade relativa de uma carga elétrica migrar de um ponto para o outro. Resistência elétrica: dificuldade relativa de uma carga elétrica migrar. A relação entre o potencial V, condutância (g) e a quantidade de corrente que fluirá I é determinada pela Lei de Ohm I gv, ou seja, a corrente é o produto da condutância pela diferença de potencial. Analisando a fórmula é possível tirar a seguinte conclusão: 1 se a condutância for zero, nenhuma corrente passará, igualmente acontece se a diferença de potencial for zero. Assim, forçar eletricamente íons a atravessar a membrana requer que 1 a membrana possua canais permeáveis àquele íon (para gerar a condutância) e 2 exista uma diferença de potencial elétrico através da membrana. Excitabilidade Neuronal 5 Portanto, Os íons podem atravessar a membrana somente pelos canais proteicos, que podem ser altamente seletivos para íons específicos. O movimento de qualquer íon através de seu canal depende do gradiente de concentração e da diferença no potencial elétrico através da membrana. As bases iônicas do potencial de repouso da membrana Potencial de membrana (Vm): é a voltagem através da membrana neuronal em qualquer momento. Potencial de repouso: é medido quando o neurônio não está produzindo impulsos, em que a parte da membrana voltada para o interior está dotada de cargas negativa e a voltada para o exterior de cargas positivas. Valor aproximado: 65mV. O potencial de membrana é medido por meio da fórmula: Vm = Vi - Ve, em que Vi é o potencial do lado interno e Ve do lado externo. Potencial de equilíbrio Potencial de equilíbrio é quando a diferença de potencial elétrico contrabalança exatamente o gradiente de concentração ("as duas forças sejam iguais) e assim cessando o movimento das cargas em análise. Exemplo: Hipoteticamente, o interior da célula contém uma solução com sal de potássio (fornecendo cátions e ânions) com alta concentração e no exterior da célula, uma solução mais diluída com o mesmo sal. Inicialmente, ocorrerá difusão do K pelos canais permeáveis a este íon inseridos na membrana. Porém os ânions ficaram dentro da célula tornando o interior da membrana mais negativo e, assim, é criado uma diferença de potencial elétrico. A força elétrica criada começa a atrair o K de volta para célula até que se atinja uma determinada diferença de potencial que contrabalança a difusão atingindo o equilíbrio. O potencial de equilíbrio de um íon é o potencial de membrana que resultaria se a membrana fosse seletivamente permeável àquele íon isoladamente. Excitabilidade Neuronal 6 Distribuição de íons através da membrana Importante: K em maior concentração no meio intracelular e Na+ e Ca2 em maior concentração no meio extracelular. Os gradientes de concentração são mantidos através das bombas iônicas na membrana neuronal. As duas bombas importantes na neurofisiologia celular são: Bomba de sódio e potássio: enzima que hidrolisa ATP e a energia química liberada da reação impele a bomba, trocando Na+ intracelular por K extracelular. Dessa forma, permite que o Na+ continue mais concentrado no meio extracelular e o K intracelular e, portanto, a bomba atua contra o gradiente de concentação.Bomba de cálcio: é uma enzima que transporta ativamente o Ca2 para o ambiente extracelular. A concentração de Ca2 muito baixa no citosol pode ter outros mecanismos para ser mantida como: proteínas ligantes de cálcio e organelas, como a mitocôndria e alguns tipos de retículo endoplasmático que sequestram os íons de cálcio do citosol. Permeabilidades Iônicas relativas da membrana em repouso Os neurônios são permeáveis a vários íons e o potencial de repouso da membrana é calculado através da equação de Goldman, uma fórmula que leva em consideração a permeabilidade da membrana a vários íons. Excitabilidade Neuronal 7 A membrana neuronal é altamente permeável aos canais de potássio o que explica o potencial de membrana ser próximo do potencial de equilíbrio dos íons K. A sensibilidade do potencial de membrana a K+]e promoveu a evolução de mecanismos que regulassem firmemente as concentrações extracelulares de potássio no encéfalo. Um desses mecanismos é a barreira hematoencefálica, uma especialização das paredes dos capilares no encéfalo que limita o movimento de potássio (e outras substâncias do sangue) para dentro do líquido extracelular do encéfalo. Os astrócitos possuem papel importante ne regulação da concentração do K extracelular. Quando a concentração de K sobe no meio extracelular, os astrócitos captam esse "excesso" através das bombas de sódio e potássio = tamponamento espacial do potássio. Potencial de Ação Excitabilidade Neuronal 8 Potencial de ação é a rápida inversão da carga intracelular da membrana, isto é, o meio interno da membrana fica carregado positivamente em relação ao meio externo. O potencial de ação, resumidamente, possui as seguintes partes: fase ascendente, caracterizada pela rápida despolarização da membrana (valor máximo de pico = 40mV; pico de ultrapassagem, que é o momento que o lado interno da membrana fica positivo em relação ao lado externo; a fase rápida de repolarização é chamada fase descendente e a última parte da curva descendente é a hiperpolarização pós-potencial. Por fim, ocorre o restabelecimento do potencial de repouso normal da membrana. Características de um Potencial de Ação A geração de um potencial de ação Tomando como exemplo a penetração da pele por uma tachinha: Tachinha entra na pele → estiramento dos terminais nervosos (as membranas) → abertura para canais de Na+ → devido ao gradiente de concentração e à carga negativa no interior da membrana, o sódio entra → despolarização da membrana → se atingir o limiar → disparo do potencial de ação Vale ressaltar que a despolarização da membrana pode ser causada por diferentes formas, dependendo do neurônio. A geração de múltiplos potenciais de ação A frequência de disparos aumente com a quantidade de corrente despolarizante, porém existe um limite de disparos uma vez que um potencial Excitabilidade Neuronal 9 de ação é iniciado, é impossível iniciar outro durante cerca de 1 ms. Esse período de tempo é chamado de período refratário absoluto. Além disso, pode ser relativamente difícil iniciar outro potencial de ação durante diversos milissegundos após o fim do período refratário absoluto. Durante esse período refratário relativo, a quantidade de corrente necessária para despolarizar o neurônio até o limiar do potencial de ação é maior do que a normal. Potencial de ação: teoria x prática Neurônio ideal: Alterando a permeabilidade dominante da membrana de K para o Na+, somos capazes de reverter o potencial de membrana rapidamente (conceitos explicados no potencial de equilíbrio). Na teoria, a fase ascendente do potencial de ação poderia ser explicada se, em resposta à despolarização da membrana além do limiar, os canais de sódio da membrana se abrissem. Isso permitiria ao Na+ entrar no neurônio, causando uma despolarização massiva até o potencial de membrana se aproximar do ENa. A fase descendente pode ser explicada pelo efluxo de potássio até que o potencial de membrana atinja o potencial de equilíbrio do potássio. Portanto, o potencial de ação, portanto, pode ser explicado simplesmente pelo movimento de íons através de canais que são acionados por mudanças no potencial de membrana. Na prática: As alterações na condutância do sódio, mediante as alterações, podem ser explicadas pelos canais com portão na membrana axonal. Os portões se abrem quando ocorre despolarização acima do limiar e fechados quando a membrana atinja o potencial positivo O canal de sódio dependente de voltagem A proteína forma um poro na membrana e são altamente seletivas e se abrem ou fecham mediante as alterações na voltagem da membrana axonal. Em outras palavras, o poro fica fechado quando a membrana está em seu potencial de repouso negativo. Quando a membrana é despolarizada até o limiar, entretanto, a molécula sofre uma alteração conformacional para permitir a passagem de Na+ através do poro. Excitabilidade Neuronal 10 A abertura rápida dos canais em resposta à despolarização explica por que a fase ascendente do potencial de ação ocorre tão rapidamente. Toxinas que interferem no canal de sódio: a tetrodotoxina TTX, toxina encontrada no baiacu, obstrui o poro do canal permeável ao Na+, bloqueando todos os potenciais de ação dependentes de sódio, podendo ser fatal. Outra toxina que também fecha o canal é a saxitoxina, encontrada em mariscos, mexilhões e outros moluscos que se alimentam dos protozoários que produzem essa toxina. Outras proteínas produzem o efeito contrário, ou seja, permitem que os canais de sódio se abrem em potenciais de membrana mais negativo e permaneçam abertos por mais tempo. Nesta categoria entra como exemplos: batracotoxina (pele de uma espécie de rã colombiana), veratridina (lírio) e aconitina (ranúnculos). Os canais de potássio dependentes de voltagem Experimentos demonstram que existem portões de potássio na membrana que, assim como os portões de sódio, abrem em resposta à despolarização da membrana. Porém, diferente dos canais de sódio, eles não se abrem imediatamente após a despolarização, sendo necessário cerca de 1 ms para que eles se abram. De forma semelhante aos canais de sódio, essas proteínas são sensíveis às mudanças no campo elétrico presente na membrana. Quando a membrana é despolarizada, as subunidades parecem mudar de conformação, permitindo que o K passe através do poro. Em resumo: Excitabilidade Neuronal 11
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