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A l u í s i a T a v a r e s – X X I I I 1 | 4 Pediatria Conceito e Marcos do Desenvolvimento Desenvolvimento x Crescimento • Desenvolvimento é diferente de crescimento. • Crescimento → ampliar os tecidos, órgãos, sistemas. Avaliado através de medidas objetivas. • Desenvolvimento → conjunto de mudanças físicas, cognitivas e psicossociais que resultam e, ao mesmo tempo, contribuem para a aquisição de habilidades e atitudes progressivamente complexas. ✓ Dependerá de estímulos sensoriais e da organização biológica e psíquica para responder ao estímulo. Desenvolvimento do SNC • Maturação do SNC é um processo dinâmico e contínuo, mas segue uma sequência fixa (mielinização – permite a criação de novas sinapses → sinaptogênese). Começa no intraútero e vai até o início da vida adulta. ✓ Céfalo-caudal ✓ Próximo-distal • Desenvolvimento do SNC → mudanças físicas, sociais, emocionais e mentais. Fatores Intervenientes no Desenvolvimento • Gestação → drogas, fármacos, tentativas de abortamento, traumatismos e sangramentos, infecções, hipertensão, diabetes, CIUR, prematuridade, alterações genéticas. • Perinatal → intercorrências de trabalho de parto (SFA), necessidade de intervenções para manter vitalidade (estímulos nociceptivos) → estímulos apresentados de forma rápida, simultânea. Vida no intraútero era de gratificação. • Pós-natal → nutrição, ambiente familiar, interação social, maturação, temperamento, nível socioeconômico. Crescimento Embrionário e Fetal • Considerado embrião até 8ª, 10ª semana de vida. • Estudos → vida psíquica no intraútero → reagindo a estímulos (principalmente auditivos). • Crescimento dos membros superiores e inferiores → 5ª semana. • 1° mês → lentes do placódio (olho em formação) e coração já bate. • 6ª semana (1 mês e meio) → tem o pavilhão auricular externo (interno já se formou). Aparecimento dos arcos branquiais, surgimento das gengivas / palato. • 8ª semana → formação da genitália. • Final dessa fase → peso de 9g e estatura de 5cm. • Crescimento cerebral acompanha → começa desde a separação dos tecidos (ectoderma, mesoderma e endoderma). Olho → próprio SNC fora da caixa craniana (4ª semana). ✓ Cérebro → formação em 3 partes básicas (ortogenética) → prosencéfalo, mesencéfalo e telencéfalo. • A partir da 8ª semana → crescimento em tamanho e em n° de células. • Sistema nervoso → migração dos neurônios → através da micróglia. A l u í s i a T a v a r e s – X X I I I 2 | 4 • 10ª semana → rosto humano já definido e intestino já fixado. • 12ª semana → definir o sexo do bebê. • 13ª semana → reflexos de deglutição e respiração (não utiliza o pulmão, mas tem movimentos respiratórios). • 17ª semana → bebê pode começar a chupar o dedo. • 20ª semana → surfactante pulmonar começa a ser produzido (marco importante → permite que bebê respire fora do útero caso ele nasça) → mesmo oferecendo surfactante exógeno, precisa ter algum grau de produção do endógeno. • 20ª a 24ª semana → encerra migração neuronal e inicia mielinização → começa sinaptogênese intensa. • 28ª semana → triplica o peso, duplica o comprimento e faz reserva Ca e P, proteínas e gorduras. • Responde a estímulos externos acústicos e visuais com aumento de frequência cardíaca e movimentos corporais → incentivo para que pais conversem com seus bebês, contem histórias, cantem = bebê identifique voz, histórias = remete ao conforto intrauterino e o tranquiliza. Embriologia e Desenvolvimento do SNC • Mielinização → termina por volta da 2ª década de vida (começo da vida adulta) → explica prognóstico bom dos bebês diante das adversidades que enfrentam quando sofrem estímulos nociceptivos (ex: trauma craniano, meningite) → grande grau de recuperação, compensação das lesões. • Sequência de maturação / mielinização ✓ Tronco encefálico → cérebro ✓ Occipital → frontal ✓ Central → parietal Parto e Desenvolvimento • Natural → traz mais estímulos benéficos que a cesária. Criança sendo preparada para o momento final do nascimento → estímulos da parede uterina e táteis, aumento do cortisol e adrenalina. • Contato pele com pele → estímulo benéfico. • Amamentação na primeira hora. • Regulação da atividade do tônus. • Adaptação circulatória, pulmonar, digestiva e sensorial. • Nascimento • Novas sensações → necessidade de manifestar → choro = única forma de comunicação com o meio. • Começa a desenvolver novas habilidades → motoras grosseiras (tônus, posicionamento de membros), motoras finas (olhos, mãos), linguagem (emissão de sons) e interage com ambiente. ✓ 1° ambiente → rosto humano → não faz diferença entre mamãe e papai (reconhece pela voz, não pela imagem visual). Imagem reconhecida como mãe = 7°, 8° mês. Escalas de Avaliação do Desenvolvimento em RN • Não há tempo hábil para desenvolver linguagem e relações sociais, então avalia habilidades sensório motoras. • PRECHTL → RN termo ou PT após 38 semanas de idade corrigida, aplicado após 3° dia de vida. ✓ Avalia → estado de consciência, comportamento, respiração, atividade motora, assimetria de respostas, reflexos e reações. ✓ Classifica em grupos → apatia, comatoso, hiperexcitabilidade e hemissíndrome. • BRAZELTOM → aplicável em RN de 36 a 44 semanas, no prematuro quando atingir 40 semanas. ✓ Não pode ser aplicado após eventos estressantes e dolorosos → interfere na resposta motora do RN. ✓ Avalia → estado de consciência, organização, reação a eventos perturbadores, processamento de eventos ambientais, reflexos neurológicos, controle de atividade motora. • DUBOWITZ ✓ Escala mais adotada em pesquisa. ✓ Exame neurocomportamental → 9 itens de neuro comportamento, 15 de tônus (angulação das articulações) e 6 de reflexos primitivos e profundos. ✓ Classificados → normais, limítrofes (leves alterações) ou anormais. • AMIEL TISON → avaliação a partir da 28ª semana, feitos com 3 dias e 1 semana de vida. ✓ Avalia → tônus, qualidade dos reflexos e funções sensoriais. ✓ Classifica anormalidades em leves moderadas e graves. • Escalas não são usadas para prognóstico → desenvolvimento não depende daquele momento unicamente. Bases do Desenvolvimento • Atividades básicas (vida do bebê nos primeiros meses) → dormir, acordar, mamar, olhar ou defecar A l u í s i a T a v a r e s – X X I I I 3 | 4 → dependem não somente do puramente orgânico, mas também das marcas simbólicas efetuadas por seus cuidadores (emoção conectada à ação). • Marcas simbólicas → impressas sobre o equipamento neuroanatômico do bebê → referência para seu funcionamento. Investiga-se o desenvolvimento da criança associado à constituição psíquica. • Bebê humano é caracterizado → seus instintos pré- formados são ressignificados por seu meio ambiente → distancia do funcionamento animal. Abertura para a linguagem → marcar e organizar as funções orgânicas, anatômicas, musculares e neurofisiológicas, a partir do laço que estabelece com outro humano. Atraso no Desenvolvimento • Atraso em 2 ou mais domínios do desenvolvimento, sendo considerado significativo quando há discrepância de 25% ou mais da taxa esperada ou uma diferença de 1,5 – 2,0 desvios-padrão da norma em 1 ou mais domínios. • 200 milhões de crianças menores de 5 anos → risco de não atingirem seu pleno desenvolvimento. • OMS 10% da população de qualquer país é constituída por pessoas com algum tipo de deficiência (4,5% com até 5 anos). • Aparelho perceptivo que funcione bem + evolução postural psicomotora + mãe carinhosa que brinca → determinam que criança possa evoluir psiquicamente de modo adequado ou não. Avaliação do Desenvolvimento • 2 etapas: 1. Triagem para detecção precoce → 3 primeirosanos de vida → rotina de atendimento à criança. 2. Encaminhamento para diagnóstico → equipe multiprofissional. Feito depois de atraso em 2 domínios no desenvolvimento. Instrumento de Triagem • Teste de Denver II. ✓ Instrumento de triagem rápida. ✓ Aplicado quando há suspeita de atraso no desenvolvimento ou a exposição a fatores de risco potenciais. ✓ Avalia → funções motoras axial e apendicular, linguagem e aspectos pessoais / sociais → 125 itens. ✓ Faixa etária → 1 a 72 meses (0 a 6 anos). • Vigilância do desenvolvimento (AIDPI) → Assistência Integral às Doenças Prevalentes da Infância. ✓ AIDPI → prioridade do MS com ênfase na atenção primária. ✓ Caderneta da criança. ✓ Inspirado no teste de Denver II, mas não é ele. O que dá para ser feito em uma UBS. ✓ Olhar quadrados amarelos para aquela idade. ✓ Olhar tabela de marcos do desenvolvimento e como pesquisar → marco pode ser registrado como marco presente (P), marco ausente (A) e marco não verificado (NV). ✓ Ausência no cumprimento de um só marco → é considerada desvio para tomada de providências. • Exame neurológico evolutivo (3 a 5 anos). ✓ Encontrado no livro da Maria Aparecida. ✓ Avalia → equilíbrio estático e dinâmico, coordenação motora apendicular, persistência motora, sensibilidade e agnosia, coordenação tronco-membros. ✓ Pode ser associado ao Denver. ✓ Emprega a partir dos 3 anos. • IRDI – Indicadores de Risco do Desenvolvimento Infantil. ✓ Indicadores presentes → desenvolvimento está indo bem. ✓ Indicadores ausentes → risco para o desenvolvimento. Instrumentos para Diagnóstico • Instrumentos neuropsicológicos → avaliam múltiplas áreas do desenvolvimento. • Escalas, medidas que avaliam ao comparar o desenvolvimento do bebê à norma padrão. • Escalas Bayley e Inventário Portage Operacionalizado → instrumentos de avaliação geral do desenvolvimento. • NANCY E BALEY → avaliação de crianças de 1 a 42 meses (com e sem deficiências) ✓ Reconhecidas e utilizadas em estudos. ✓ 3 versões → BSID I (1969), BSID II (1983), BSID III (2006, mais utilizada). ✓ Resultados confiáveis e válidos (comunidade científica). • IPO (Inventário Portage Operacionalizado) → adaptado para realidade brasileira. ✓ 580 comportamentos distribuídos em 5 áreas. Separados por faixa etária de 0 a 6 anos e uma área específica para bebês de 0 a 4 meses. A l u í s i a T a v a r e s – X X I I I 4 | 4 ✓ Avalia → cognição, socialização, autocuidado, linguagem e desenvolvimento. ✓ Vantagem → avaliar crianças de até 6 anos de idade. • Alguns instrumentos avaliam áreas específicas do desenvolvimento → Alberta Infant Motor Scale (AIMS) e a Movement Assessment Infant (MAI) → identificação de atraso motor em crianças em condição de risco. • Alberta Infant Motor Scale (AIMS) → construída em 1994. ✓ Objetivo → avaliar maturação motora de crianças até 18 meses, quando há locomoção independente. ✓ 58 itens. ✓ Final da avaliação → desempenho comparado com dados normativos. ✓ Utilizada para documentar desenvolvimento de aquisições motoras grossas e identificar atraso motor dos RN a termo e pré-termos. ✓ Indicada para suspeitas de atraso motor e para avaliar a eficácia de programas de intervenção precoce. • Movement Assessment Infant (MAI) → crianças até 12 meses. ✓ Objetivo → identifica bebês com risco para anormalidades neurológicas, entre elas a paralisia cerebral. Útil para subsidiar programas de estimulação precoce. ✓ Manipulação da criança e observação direta da mesma. Fatores Intervenientes já Determinados no Desenvolvimento • Mãe trabalhar fora propicia melhores escores na escala de HOME, talvez possa ser explicado pela escolarização. • Estudo evidenciou o impacto da escolaridade materna na qualidade do estímulo ambiental na família. • Presença de companheiro → interferiu positivamente na qualidade da estimulação. Marcos do Desenvolvimento • 0 a 2 meses: ✓ Fixação do olhar. ✓ Preferência pelo rosto humano. ✓ Regulação sono vigília. ✓ Rotina alimentar. • 2 a 6 meses: ✓ Sorriso social. ✓ Busca fonte do som. ✓ Se acalma com voz da mãe ✓ Explora próprio corpo. ✓ Explora ambiente. ✓ Inicia brincadeiras. • 6 a 12 meses: ✓ Manifestação dos desejos e intenções. ✓ Experimentação → acidentes. ✓ Persistência do objeto → esconde / acha. ✓ Ansiedade da separação. • 2° ano de vida: ✓ Compreensão do que lhe pertence e não pertence. ✓ Separação da mãe. ✓ Exploração e autonomia ambiental. ✓ Percebem causa e efeito. ✓ Fala não com frequência. ✓ Colocação de regras. • 2 aos 5 anos: ✓ Desenvolvimento da linguagem. ✓ Contato social. ✓ Fase simbólica / pensamento mágico. ✓ Métodos disciplinares educativos ✓ Conceito de temporalidade. ✓ Lateralidade é definida. ✓ Controle esfincteriano. ✓ Complexo de édipo. • 5 aos 12 anos: ✓ Pensamento concreto / pensamento abstrato. ✓ Desenvolvimento visuoespacial + visomotora + linguagem = alfabetização. ✓ Capacidade para abstração e uso de metáforas → alfabetização. ✓ Desenvolvimento de habilidades motoras, auditivas, visuais e atencionais. ✓ Dislexias, disgrafias e discalculias.
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