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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
Doenças Infecciosas de Interesse Veterinário
Isabella de Souza Penna
Febre aftosa no Brasil 1960 - 2002 
1) Introdução 
A febre aftosa foi relatada no Brasil em 1895 após também ser descrita na Argentina e Uruguai. Coincidindo com a importação sistemática de reprodutores bovinos de raças europeias no surgimento da indústria frigorífica. Em 1950 foram estabelecidas as normas de profilaxia da doença. Nesta década ocorreu a Primeira Conferência Nacional de Febre Aftosa. 
A década de 60 foi marcada com campanhas de combate à febre aftosa. Com a implantação de infra estrutura laboratorial, o treinamento de pessoal e a conscientização dos produtores. Iniciou-se o controle da doença com a produção de vacina, notificação de focos e diagnóstico da doença. O marco da década de 70 foi a implementação do controle da qualidade das vacinas e a identificação das áreas mais afetadas. 
Nos anos 80 houve uma redução dos focos, com ênfase nas características do ecossistema e estrutura de produção como determinantes da doença. Nos anos 90 destaca-se a implantação da política de erradicação com regionalização das ações e meta de país livre, que deverá ocorrer em 2005.O último foco da doença na área livre com vacinação ocorreu em 2001 e as análises soroepidemiológicas foram ampliadas. 
O objetivo do estudo foi descrever a ocorrência da febre aftosa desde sua introdução no país, com indicadores obtidos da análise do programa oficial de 1960 a 2002. 
2) Material e métodos 
A metodologia usada foi a vigilância epidemiológica, que consiste em aplicar o método científico num sistema que é composto por uma fase descritiva da seleção de dados e outra fase analítica, onde os dados são compatibilizados e submetidos a tratamentos recomendados para cada caso, aplicando os princípios de associação de causa-efeito. 
Os dados foram obtidos nos Boletins de Defesa Sanitária Animal de 1950 a 1998 e nos relatórios do Programa de 1999 a 2002 como fonte oficial (Lyra, 2003). Para a reconstrução histórica da febre aftosa no Brasil, foram utilizados documentos oficiais como artigos científicos, teses e dissertações sobre a febre aftosa no Brasil. 
3) Resultados e discussão 
Desde o início do século XX a febre aftosa era endêmica no país. Na década de 60 não havia um programa fidedigno de vigilância epidemiológica, porém os dados obtidos identificaram 3 tipos. Tipo O (55%), A (26%) e C (19%). As taxas de morbidade eram de 60% em bovinos de até 2 anos e de 40% em bovinos acima de 2 anos de idade. 
Nos anos 70 pôde-se observar que a maior taxa de letalidade e mortalidade ocorria nos animais a baixo de 4 meses de idade. O programa oficial considerou que um dos principais fatores de difusão da doença foi a movimentação dos animais susceptíveis nas áreas delimitadas de acordo com o trânsito dos animais. Constatou-se que a frequência da doença aumentava com a movimentação dos animais. O número de focos na década de 70 aumentou consideravelmente. 
Entre os anos 1972-1974 a doença foi epidêmica em regiões de suinocultura no Rio Grande do Sul, sendo isolado o subtipo C3, e após foi difundido em propriedades que incluíam bovinos, suínos e ovinos. A passagem do vírus pelos suínos pode ter amplificado a virulência da amostra e a ocorrência em ovinos ocasionou portadores que aumentaram a disseminação da doença. Proporcionando 10.295 focos em bovinos em 1976. 
Esse fato sustenta que a espécie suína é de grande importância na epidemiologia da febre aftosa, graças a alta susceptibilidade e ação multiplicadora do vírus. Os suínos podem se infectar com doses reduzidas, e multiplicar e eliminar em doses muito maiores de vírus do que os ruminantes. Nos caprinos e ovinos essa doença pode passar despercebidos em razão da pouca aptidão do vírus em produzir lesões nessas espécies. Assim, pode ter ocorrido o aumento da disseminação do vírus com o trânsito de ovinos aparentemente sadios. 
O vírus tipo C foi o responsável pela epidemia nos anos de 1972- 1974. O tipo A foi presente nos anos 1975- 1977 e diminuiu em 1978 quando a incidência do tipo O aumentou. 
No ano de 1976 foi quando ocorreu a maior taxa de ataque, com letalidade de 13/1000, o que indicou maior virulência do tipo A. A frequência da doença foi relacionada a desestruturação do programa e a falta de vacinas, em qualidade e quantidade. O tipo C foi o menos diagnosticado, sugerindo uma possível erradicação em curto prazo. As taxas de mortalidade e letalidade diminuíram na década de 70 em comparação com a década anterior, constatando que um dos maiores efeito das vacinações foi a queda da mortalidade. O número de focos caiu de 10.295 em 1976 para 1.376 em 1989 devido a melhor qualidade das vacinas na década de 80. 
As ondas epidêmicas teve o ponto inicial nas áreas de reprodução de bovinos, nos setores de engorda e produção de leite, verificando a importância da forma de organização da produção e da movimentação dos animais na difusão da doença. Isto confirma a informação de que o trânsito de animais para abate e reprodução correlaciona-se com o aumento de focos. 
As unidades da federação onde o sistema estava implantado foram descritas como áreas endêmicas, com exceção do Rio Grande do Sul, área epidêmica. A maior parte do país era constituída em áreas sem informação. 
Houve redução das taxas de morbidade e mortalidade. As taxas de ataque manteve-se acima de 10% a partir de 1982, o que significa que a ocorrência da doença foi maior nas propriedades que não vacinação seus animais. 
A década de 90 houve uma redução de focos significativo. A maior ocorrência foi em 1994 com 2.093 casos. A aglomeração de animais de diferentes procedências favoreceu a difusão da doença. Em 1998 os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul foram considerados zona livre de febre aftosa com vacinação. Assim os anos 90 representou um marco ao combater a febre aftosa no Brasil com a implantação do programa de erradicação em 1992 e com previsão da erradicação para 2005. Em 2002 foi o primeiro ano sem a ocorrência de febre aftosa no Brasil. 
Estudos de 1978 revelaram que os três tipos de vírus da febre aftosa que ocorreram na América do Sul tem características próprias. O vírus tipo O tem ciclos epidêmicos a cada 4-5 anos, provavelmente relacionados a vida media da população bovina. O tipo A, devido a plasticidade, origina surtos irregulares. O tipo C ocasiona epidemias amplamente difundidas em longos intervalos e pouco se manifesta nos períodos interepidêmicos. 
A zona livre de febre aftosa com vacinação é composta por: Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Rondônia. Isso Representa 49% do território brasileiro, 81% dos criadores de bovinos, 79% da população bovina e, praticamente, 100% do rebanho comercial de suínos. A vigilância ativa realiza inspeções de trânsito em: postos fixos e volantes, propriedades rurais por ocasião da vacinação, propriedades de risco, granjas de suínos, frigoríficos e eventos agropecuários, e ampliação do monitoramento sorológico. 
Hoje, o programa de erradicação contempla o sistema de vigilância interpaíses, coordenado pelo Centro Panamericano de Febre Aftosa. Após sua erradicação, o sistema de vigilância deve ser mantido e ampliado, o que inclui o conhecimento da situação sanitária internacional, a manutenção da soroepidemiologia, a análise histórica dos fatores determinantes de sua ocorrência e a elaboração de planos de contingência.

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