Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
JULGAMENTO CASO DOS EXPLORADORES DE CAVERNA Janete Wilke Bacharela em Direito Mediadora e conciliadora O grupo perguntando aos responsáveis pelo salvamento foi informado que não seria possível resgatá-los antes de dez dias. Não tendo provisões perguntaram ao grupo de médicos se haveria alguma possibilidade de sobreviverem por este período sem alimentação e foram informados, pelo presidente da comissão, que não resistiriam por este período. O grupo fez uma reunião e acordaram que um dos membros do grupo se daria em sacrifício para a possibilidade de salvação dos outros, doando seu corpo para alimentá-los. Sendo assim, haveria uma probabilidade maior de quando o salvamento chegasse os outros ainda estivessem com vida. Foi acordado também que a escolha seria feita através da sorte lançada nos dados. Retornando o contato com o exterior solicitaram a presença do presidente da comissão e indagaram se sobreviveriam comendo carne humana e foram informados que sim. Comunicaram então da reunião e da decisão que tinham tomado e pediram aos representantes da sociedade sua opinião, os mesmos não quiseram opinar. Solicitaram então se haveria um juiz ou qualquer outra autoridade que representasse o governo e pudessem opinar sobre o assunto, ninguém se dispôs a assumir uma posição. Pediram então se haveria algum representante da igreja para o grupo se aconselhar, não houve nenhum sacerdote que se dispusesse dar qualquer tipo de aconselhamento. Quando foram encontrados, informaram que um deles tinha sido morto. Apesar de no último instante um deles ter desistido e negando-se a jogar os dados o colega fez por ele, que concordou com o procedimento e o mesmo foi sorteado com o azar de ter sido escolhido para o sacrifício. Portanto, eles encontrando-se presos e sem possibilidade de arrumar meios para sobreviver. Diante desta situação decidiram fazer o acordo, pois haviam sidos informados que não poderiam sobreviver, não restando alternativa ou morreriam todos ou dariam a possibilidade de alguns sobreviverem. Não possuíam referências de quais atitudes tomarem, tendo em vista que ninguém da sociedade consultado se pronunciou deixando-os, portanto, sem nenhum tipo de norma, lei ou regra que os conduzissem. Deste modo o que os legitimou foi o instinto de sobrevivência. Apesar das circunstâncias, encontraram uma maneira imparcial de decidir quem seria levado em sacrifício em prol do grupo. O escolhido deu seu aval quando disse ter sido correto o lançamento dos dados apesar de sua sorte contrária. Não se deve condenar uma atitude tomada diante de situações adversas, o grupo estava naquela situação não por livre escolha, mas por um acidente natural, ficaram lá presos no aguardo do salvamento externo. Se todos lá fora estavam tentando salva-los, eles mesmos teriam que, de alguma forma, tentar sobreviver pelo maior tempo possível e a única saída para salvar alguns integrantes do grupo seria essa. No momento em que a sociedade, os governantes, os médicos e os sacerdotes se omitiram acerca desta situação, não querendo se posicionar de qual maneira o grupo deveria ou poderia se comportar, se deveriam ou não jogar os dados à sorte, os deixou livres para agirem de acordo com as circunstâncias adversas que se encontravam. Agora como podem querer, então, tomar uma posição julgando-os como se lá estivessem? Mesmo que só por palavras, mas colocando a eles as normas que deveriam seguir sabendo-se que qualquer escolha seria de responsabilidade do grupo quando de lá saíssem. Acredito que sobre este acontecimento somente o grupo que lá estava teria condições de julgar devidamente o que ocorreu. Os momentos que antecederam a tão terrível escolha, os motivos que os levaram a isto. Estando eles em uma situação não por livre escolha, em circunstâncias provocadas por um acidente natural, não tendo eles nenhuma responsabilidade pelo ocorrido, estando à sociedade empenhada em salvá-los com equipes dos mais diversos setores, já no vigésimo dia em confinamento na caverna desabada, recebendo a informação de que levaria mais dez dias para o salvamento chegar, estando eles sem alimentos não resistiriam este período de espera. Se todos lá fora estavam tentando salvá-los, eles mesmos teriam que, de alguma forma tentar sobreviver pelo maior tempo possível. Tentaram trazer para este confinamento a aprovação do exterior, da sociedade, com o objetivo de solucionar o problema sendo que lhes foi negado. Porque agora esta mesma sociedade quer julgá-los e condená-los como se lhes tivessem dado outra escolha? Pelos motivos acima relatados e estando eles fadados para o resto de suas vidas a levar consigo os acontecimentos que somente a eles foi mostrado e que somente eles e ninguém mais, poderão mensurar e lembrar... Esta já é a própria condenação natural. Portanto peço a absolvição. JULGAMENTO CASO DOS EXPLORADORES DE CAVERNA Janete Wilke Bacharela em Direito Mediadora e conciliadora O grupo perguntando aos responsáveis pelo salvamento foi informado que não seria possível resgatá - los antes de dez dias. Não tendo pr ovisões perguntaram ao grupo de médicos se haveria alguma possibilidade de sobreviver em por este período sem alimenta ção e foram informados , pelo presidente da comissão, que não resistiriam por este período . O grupo fez uma reunião e acordaram que um dos membros do grupo se daria em sa crifício para a possibilidade de salvação dos outros, doando se u corpo para aliment á - los. Sendo assim , haveria uma probabilidade maior de quando o salvamento chega sse os outros ainda estivessem com vida. Foi acordado também que a escolha seria feita atravé s da sorte lançada nos dados. Retornando o contato com o exterior solicitaram a presença do presidente da comissão e indagaram se sobreviveriam comendo carne humana e foram informados que sim. Comunicaram então da reunião e da decisão que tinham tomado e pediram a os representantes da sociedade sua opinião , o s mesmos não quiseram opinar. Solicitaram então se haveria um juiz ou qualquer outra autoridade que representasse o governo e pudessem opinar sobre o assunto, ninguém se dispôs a assumir uma posição. Pe diram então se haveria algum representante da igreja para o grupo se aconselhar, não houve nenhum sacerdote que se dispusesse dar qualquer tipo de aconselhamento. Q uando foram encontrados, informaram que um deles tinha sido morto. Apesar de no último insta nte um deles ter desistido e negando - se a jogar os dados o colega fez por ele , que concordou com o procedimento e o mesmo foi sorteado com o azar de ter sido escolhido para o sacrifício. Portanto, eles encontra ndo - se presos e sem possibilidade de arrumar meios para sobreviver . Diante desta situação decidiram fazer o acordo, pois h aviam sidos informados que não poderiam sobreviver, não restando alternativa ou morreriam todos ou dariam a possibilidade de alguns sobreviverem. Não possuíam referências de quais atitudes tomarem, tendo em vista que ninguém da sociedade JULGAMENTO CASO DOS EXPLORADORES DE CAVERNA Janete Wilke Bacharela em Direito Mediadora e conciliadora O grupo perguntando aos responsáveis pelo salvamento foi informado que não seria possível resgatá-los antes de dez dias. Não tendo provisões perguntaram ao grupo de médicos se haveria alguma possibilidade de sobreviverem por este período sem alimentação e foram informados, pelo presidente da comissão, que não resistiriam por este período. O grupo fez uma reunião e acordaram que um dos membros do grupo se daria em sacrifício para a possibilidade de salvação dos outros, doando seu corpo para alimentá-los. Sendo assim, haveria uma probabilidade maior de quando o salvamento chegasse os outros ainda estivessem com vida. Foi acordado também que a escolha seria feita através da sorte lançada nos dados. Retornandoo contato com o exterior solicitaram a presença do presidente da comissão e indagaram se sobreviveriam comendo carne humana e foram informados que sim. Comunicaram então da reunião e da decisão que tinham tomado e pediram aos representantes da sociedade sua opinião, os mesmos não quiseram opinar. Solicitaram então se haveria um juiz ou qualquer outra autoridade que representasse o governo e pudessem opinar sobre o assunto, ninguém se dispôs a assumir uma posição. Pediram então se haveria algum representante da igreja para o grupo se aconselhar, não houve nenhum sacerdote que se dispusesse dar qualquer tipo de aconselhamento. Quando foram encontrados, informaram que um deles tinha sido morto. Apesar de no último instante um deles ter desistido e negando-se a jogar os dados o colega fez por ele, que concordou com o procedimento e o mesmo foi sorteado com o azar de ter sido escolhido para o sacrifício. Portanto, eles encontrando-se presos e sem possibilidade de arrumar meios para sobreviver. Diante desta situação decidiram fazer o acordo, pois haviam sidos informados que não poderiam sobreviver, não restando alternativa ou morreriam todos ou dariam a possibilidade de alguns sobreviverem. Não possuíam referências de quais atitudes tomarem, tendo em vista que ninguém da sociedade
Compartilhar