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Relatorio Estágio Bernadete Gatti (1)

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO 
 ATIVIDADE 2: 
FORMAÇÃO DO PROFESSOR DA EDUCAÇÃO BÁSICA: UM PANORAMA DAS QUESTÕES FUNDAMENTAIS E INICIATIVAS DIFERENCIADAS
Trabalho elaborado à obtenção de nota na disciplina Estágio Supervisionado, carga horária 50h, vinculado a Prática de Ensino no Ambiente Escolar, ministrado pela Prof.ª: ​Maria Sirleide de Lima Melo. 
 
MANAUS/AM
Outubro - 2020
O presente relatório refere-se à Atividade 2, que consiste em uma avaliação crítica de palestras online: Formação do Professor da Educação Básica: Um panorama das questões fundamentais e iniciativas diferenciadas, ministrada pela Professora Bernadete Gatti, especialista em formação de professores da Fundação Carlos Chagas. A palestra foi divulgada na plataforma Youtube no dia 19 de maio de 2019 e organizada pelo Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo.
Primeiramente a professora Bernadete Gatti embasa sua palestra em uma série de estudos e pesquisas algumas suas e do Libânio, Nofredine e Selma Pinheiro a qual fez um estudo muito interessante sobre: As fragilidades do curso de pedagogia publicado pela revista da Faculdade da Educação da USP em 2017. 
Essas pesquisas mostram que o currículo para formação de docentes tem pouca vocação para essa formação. Segundo a professora, quando se observam as ementas bibliográficas, as disciplinas oferecidas contribuem muito pouco para o perfil claro do docente para Educação Básica, que segundo ela são cursos muitos fragmentados, sem integração e sem eixo.
Afirma que nas grandes universidades essa fragmentação é muito grande, porque no geral a formação do conteúdo é feita no Instituto e a formação em educação é feita ou no Departamento de Educação ou na Faculdade de Educação e não há tanta integração entre essas instâncias, consequentemente a formação propriamente educacional desses licenciados torna-se fragilizada.
Ressalta que foi constatado por amostragem nesses vários estudos que há uma redução curricular de modo geral na formação do professor, pois ao comparar o universo de instituições públicas e privadas, as instituições privadas são as mais procuradas dentro de um universo de 80% das matrículas, as públicas correspondem apenas por 20% das matrículas, mesmo com a expansão de interiores de novos Institutos Federais.
Nas instituições privadas onde estão a maioria dos licenciados em pedagogia, cerca de 86% fazem Educação à Distância. Precisa-se examinar a consequência futura, de professores que serão educadores da Educação Infantil e alfabetizadores, professores polivalentes no Ensino Fundamental I. Além disso, os professores que estão adentrando nas escolas não recebem uma formação superior adequada para trabalharem com crianças e adolescentes, bem como criar ambientes de aprendizados e se posicionarem diante de circunstâncias. Os professores são despreparados para avaliar e inexistem disciplinas de avaliação nesses cursos. 
Ao considerar oferta de formação de professores neste país, tem-se um problema social dos mais graves. A professora cita em seus estudos que as instituições públicas se diferenciam um pouco na formação dos conteúdos específicos em geral, mas propõe uma pobre formação na educação. Quando ela afirma uma “pobre educação”, refere-se as metodologias e práticas no ensino.
Sobre o conceito de prática, segundo Gatti, existe uma definição que se confunde com tecnicismo. Sua crítica ao ensino, incide em destacar que a prática educacional escolar é uma prática cultural, um ato cultural de relações humanas. Não reconhecer este fato, proporciona inadequada práticas profissionais inerentes a ação do professor nas escolas. 
Para complementar este agravo, enfatiza os estágios como calcanhar de Aquiles desses cursos. Os estágios não são projetados no universo de quase 8 mil cursos, 4 ou 5 planejam os estágios e no curso de Pedagogia 5% oferecem disciplina de Educação Infantil e quando oferecem, é História da Educação Infantil, História da Criança, você não vê nada relativo ao trabalho do professor na educação infantil.
Nos estágios, observa-se que eles são programados, mas não integrados. Várias instituições que propõe estágios, o fazem dentro de disciplinas, e então o aluno fica com o estágio na disciplina de Didática, estágio na disciplina de Metodologia, acarreta-se dessa forma um estágio “todo picadinho.”
Outra falha na formação de professores é a inexistência de uma psicologia do desenvolvimento e de compreensão da juventude, ou seja, o professor sai sem saber com quem ele vai falar. Também não encontrarmos métodos de alfabetização discutidos, pois método exige fundamento, não é tecnicismo muito menos técnica.
Qualquer método utilizado e oferecido pelo professor aos seus alunos apresenta fundamentos teóricos, como podemos encontrar nas teorias: Psicologia, Comunicação, Desenvolvimento, Sociologia Cultural, Antropologia. Entretanto, esses alunos saem sem repertório, não tem condições de escolher com consciência e filosofia educacional o que fazer na sala de aula.
Para a professora esse professor que entra em uma sala de aula acaba se tornando um herói, não se dá planejamento e nada disso entra na formação do professor, através de uma inconsciência política e uma inconsequência ética.
O professor é o esteio de uma nação, a missão do professor não é só ensinar, é ensinar educando. A educação ocorre na maneira como o professor se apresenta na sala de aula, como fala com os alunos, como se comporta, pois a presença também educa.
A responsabilidade social na formação de professores não é assumida e depois discute-se abstratamente a valorização do professor. Como pensar em valorização de professores se não refletimos em uma nova maneira de formar professores de modo integrado.
As universidades propõe uma relação entre universidades e escolas, ela afirma que é muito bonito no discurso. Contudo, sua visão na prática não condiz, pois “Essa satisfação que os acadêmicos têm em fazer um certo discurso aparentemente revolucionário, mas que não transforma em prática, parece que resolve tudo e não resolve nada”.
Bernadete Gatti resgata a visão de mudar essa consciência. Por meio do Plano Nacional de Educação Básica (PNE) em algumas instâncias discutiu-se a necessidade de reformular os cursos de Licenciaturas. Além do PNE e por causa dele e de estudos, mostra em sua palestra que existem muitos outros, que devido à precariedade de formação de professores nas licenciaturas o Conselho Nacional emitiu um Parecer de Nº 2, de junho de 2015, onde analisa essa situação e propõe uma nova proposta para formar professores pautados na filosofia educacional, ética, diversidade e consistência de formação. Sugere que a escola seja o foco dessa formação. Eles definem no Capítulo 2 desta Resolução, a Base Curricular Nacional Comum – BNCC, cujo objetivo é formar professores. 
Afirma também que há poucas universidades, discutindo sobre essa resolução, além disso, ninguém ou grande maioria se desinteressa em formar professores para a Educação Básica, a formação é feita nos nichos, isso não quer dizer que a formação é desqualificada quanto aos conhecimentos que são postos ali. Mas é desqualificada quanto ao perfil de formação que você tem.
Alguns estudos, da UNICAMP por exemplo mostram a evasão nos cursos de licenciaturas ou nos cursos de nível superior. A evasão causada pelo desentendimento da fala dos professores, muitas vezes, observa-se professores do Ensino Superior que não “sabem comunicar” ou repassar os assuntos aos seus jovens alunos. Tanto que há uma demanda muito grande destes professores, especialmente nos cursos de medicina e engenharia, eles estão começando a tomar consciência de sua falta de didática no falar com seus alunos. O problema é grave e temos que nos mobilizar em relação a isso.
Quanto a Educação Continuada, a autora ressalta que é um curso supletivo. Não é uma formação que pega um professor que já tem uma base educacional, que sabe traduzir o seu conteúdo em termos pedagogicamente comunicável. O que fazemos na educação continuada? A análise mostra que o Ministérioda Educação apresentou na última década inúmeros programas da educação continuada. A professora enfatiza a existência de 992 “tudo picadinho”. Existe também os grandes programas em nível nacional. O que fazem esses programas? Pelas Diretrizes Curriculares Nacionais de 2006, isto é missão do curso de Pedagogia.
Todavia, corrobora a estudiosa, não há nenhum método de alfabetização. Nesses cursos se fala em Vygotsky, as vezes de Piaget, mas Vygostsky nunca se preocupou em entender como a criança aprende, como ela desenvolve sua cognição e como ela vai se relacionar com o mundo, daí você pode derivar uma pedagogia, mas não é isto que leva o aluno saber entrar em uma sala de aula e desenvolver ambiência de aprendizagem nas disciplinas.
Segundo a professora, nos resultados nacionais 45% das crianças de 6 a 8 anos não sabem escrever uma frase, as vezes não sabem reproduzir quando se dá uma figura, ou até mesmo a palavrinha que representa aquela figura.
Nossa consciência de pesquisadores e de educadores precisa bater dentro da realidade, nós precisamos saber que 18% dos nossos adolescentes, não terminam o Ensino Fundamental, e os que terminam quase a metade não vai para o Ensino Médio, dos que vão para o Ensino Médio 51% não terminam, é essa nossa situação.
Então, ela ressalta, qual é o papel das universidades? Não é dá uma contribuição social efetiva na questão de formação de professores, das escolas, da trajetória desses alunos da educação básica ou é ficar no elitismo apenas. Precisa-se de pesquisadores, de produção de alto nível, mas também, precisamos desta outra parte que renegada a terceiro e quarto plano. O que vemos hoje, isso em nossos estudos recentes mais de 1 milhão de vagas ociosas nas licenciaturas. A maior parte dessas vagas ociosas proporcionalmente está nas escolas públicas.
O que se observa na didática desses professores? Repetição de modos informativos que foram institucionalizados no início do século XX. As práticas e didáticas do ensino superior não é motivadora, a maioria discute um texto em pequenos grupos, às vezes os professores não propõem um trabalho de abertura ou fechamento no texto discutido. Se as práticas e didáticas no Ensino Superior na maioria delas não é motivadora, como aquele aluno terá a capacidade de usar novas tecnologias na sua sala de aula?
Aponta Gatti, a existência de pesquisas que mostram de modo informativos a discordância com a realidade escolar e suas demandas. Diferentes vozes de gestores (CONSED/UNDIME), pesquisadores, egressos, mídias etc. Ela mostra que há docentes em licenciaturas que têm iniciativas individuais o que trabalham com pares produzindo alguma inovação, mas isso é bem localizada e essa inovação que ele produz não é incorporada aos currículos, nas propostas pedagógicas do curso, aliás não existe proposta pedagógica no curso e nem é pensada nas universidades.
Um exemplo destacado são as iniciativas institucionais por exemplo nas realizações de estágios, experiência da residência pedagógica da UNIFESP, de Guarulhos, experiência de Rio Claro que todo estágio é baseado na interação integracional. O aluno é acompanhado pelo professor na escola, tem a experiência da diretoria de ensino de São Carlos que resolveu articular os estágios em toda a região com instituições da região, eles fazem uma programação de estágio seguindo critérios e projetos para cada aluno e o professor que vai receber esse aluno no ano seguinte já está preparado para recebe-lo, sabe qual é a programação e o coordenado e pedagógico das escolas acompanham os estágios e o professor do aluno vai uma vez por mês lá nas escolas.
Tem-se iniciativas, isto revela o incômodo, mas revela também que há pouca capacidade institucional no ensino superior de propor inovações. A professora Gatti finaliza sua palestra com a afirmando que se elabora muitas soluções para problemas abstratos e continuamos sem soluções para os problemas concretos das redes de ensino. O problema educativo é que as crianças não aprendem e que temos enormes níveis de desigualdades nos resultados de aprendizagem de nossos alunos”.
REFERÊNCIAS
GATTI. B Formação do Professor da Educação Básica: Um panorama das questões fundamentais e iniciativas diferenciadas. Palestra ministrada pelo Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo. 19 de março de 2019. https://www.youtube.com/watch?v=NnZXyDT4PDM&t=36s. Acesso em 30/10/2020.

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