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QUESTAO SOCIAL 4

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01/12/2020 Questão Social no Contexto Brasileiro e Local
https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 1/24
QUESTÃO SOCIAL NO CONTEXTO
BRASILEIRO E LOCAL
CAPÍTULO 4 - QUAIS AS VIABILIDADES DE
AÇÃO DOS SUJEITOS POLÍTICOS DIANTE
DAS IMPLICAÇÕES SOCIOAMBIENTAIS
ATUAIS?
Suziane Hermes de Mendonça Soares
INICIAR
01/12/2020 Questão Social no Contexto Brasileiro e Local
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Introdução
Por meio de um breve relato histórico associado a observações sobre as viabilidades de
atuação do assistente social no domínio das questões socioambientais, inicialmente, e
iluminada pela teoria social crítica, mostra-se a discussão de que o atual sistema de
produção intensifica a desigualdade social e a depredação econômica objetivadas na
pobreza, degradação ambiental e outras formas em contradição, ora sobre um sistema
de dependência, ora sobre uma dominação e uma exploração do trabalho que
influenciam o cenário do país.
Como se manifestam na reprodução da pobreza e exclusão social as questões
socioambientais? De que forma a apreensão da questão social no serviço social
enfrenta a problemática ambiental diante da ordem econômica? O Projeto Ético-
Político profissional atende às questões socioambientais?
Para responder ao questionamento principal do capítulo a respeito das competências
teóricas, técnicas, éticas e relacionais que permitam uma intervenção qualificada no
seu objeto de trabalho profissional (a questão social) o primeiro tópico tratará das
demandas sociais presentes no cotidiano urbano e rural; o segundo se dedicará à
atividade profissional no cenário local e nacional; o terceiro se encarregará do modo de
produção desigual e dos problemas ambientais; e, por fim, no quarto tópico será
descrita a intervenção social face à temática ambiental. Acompanhe com atenção e
bons estudos!  
01/12/2020 Questão Social no Contexto Brasileiro e Local
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4.1 Demandas sociais presentes no
cotidiano urbano e rural
Uma análise acerca da historicidade dos processos sociais, no contexto contemporâneo,
levanta diversas inquietações sobre os rumos da sociedade capitalista que a cada dia
tende a esgotar mais e mais os recursos naturais e aumentar as desigualdades sociais e,
com isso, solicita à categoria profissional um debate e intervenção sobre o crescimento
do problema socioambiental e as problemáticas locais. E você, já pensou sobre o
contexto socioambiental brasileiro? Você sabe o que implicam questões
socioambientais?
Importa salientar que, ao estudar este tópico, você será capaz de projetar a dimensão
política do trabalho do assistente social no cotidiano socio-ocupacional de atuação.
O desenvolvimento econômico no Brasil ficou aquém do que ocorreu em outros países
da América Latina e América do Norte por diversos fatores, principalmente devido à sua
formação histórica de exploração. Devemos destacar que quando falamos em
crescimento no Brasil estamos tomando como referência os padrões econômicos de
exploração. Tal aspecto, ainda presente nos dias atuais, deixa marcas profundas de
degradação socioambiental. Para que as questões econômicas com reflexos nas
questões socioambientais sejam observadas e respeitadas, o modelo econômico deve
influenciar o desenvolvimento em vez de determiná-lo (BRANDÃO; SIQUEIRA, 2013).
Conforme Freitas (2013), para compreender as manifestações da questão
socioambiental, faz-se necessário vinculá-las ao modo de produção capitalista, pois
este modelo intensifica e destrói o meio ambiente e potencializa as desigualdades,
como condição para sua reprodução. 
4.1.1 Desenvolvimento igualitário
Para estudar a questão ambiental é fundamental vinculá-la à produção e à reprodução
da vida imediata. Nesse sentido é fundamental uma análise dos diferentes modos de
produção que marcaram a história humana, identificando as diferentes formas de
relação do homem com a natureza. É possível perceber que durante a organização
econômico-social pré-capitalista, quando se ultrapassa o estado de animal e se alcança
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o ser social, o homem apenas transformava a natureza pelo trabalho na tentativa de
sobreviver (FREITAS, 2013). A transformação da natureza é realizada pela capacidade
teleológica, isto é, a possibilidade de antecipar sua ação.
O modo de produção é a forma pela qual a sociedade consegue gerar bens e serviços,
como as utiliza e como realiza sua distribuição. Assim, é constituída na soma das forças
produtivas mais as relações de produção. Durante o modo de produção primitiva ainda
não existia a ideia de lucro e propriedade privada, a produção era coletiva e de
reciprocidade. No modo de produção feudal, os camponeses cultivavam as terras nos
feudos e recebiam o direito de utilizar parte deste feudo para morar e tinham sua
segurança garantida contra os bárbaros. No modo de produção escravista, tanto os
meios de produção quanto os escravos eram propriedade de alguém, as relações de
produção eram relações de domínio. Na sociedade socialista a base do modo de
produção é a propriedade coletiva, centralizada nos poderes estatais e com meios de
produção coletivos. Já na sociedade capitalista, a economia de mercado comanda as
empresas particulares e a ênfase está na propriedade privada, na qual a elite é a
detentora dos meios de produção.
As determinações econômicas influenciam decisivamente as questões socioambientais.
Os efeitos adversos do crescimento econômico sobre os ecossistemas vêm
determinando danos irreversíveis à vida no planeta. Um exemplo temos com a
mudança nas condições climáticas no mundo, que vêm provocando problemas
socioambientais e ameaçam o bem-estar das próximas gerações — uma realidade
resultante de um desenvolvimento econômico que nem sempre esteve atento, ou
preocupado, com questões ambientais.
Nesse sentido, podemos afirmar que a necessidade do desenvolvimento deve ser
compatível com a capacidade geradora de recursos do meio ambiente.  Frente a uma
realidade de degradação ambiental é urgente que se estabeleçam mecanismos de
preservação do meio ambiente e, por conseguinte, mecanismos de preservação da vida.
Nessa perspectiva, destacam-se algumas preocupações socioambientais. Vejamos a
seguir, de maneira detalhada, a situação ambiental e suas consequências. 
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É importante  observar as constantes situações de degradação do meio ambiente e os
reflexos das degradações de produção e reprodução da vida dos trabalhadores. Toda a
sociedade já sente os efeitos do meio ambiente degradado, os recursos naturais já são
entendidos como algo que pode ser finito e a busca por água potável, por exemplo,
pode ser uma grave consequência que a humanidade pode ter que enfrentar num
futuro não muito distante, principalmente alguns países pobres. Para os assistentes
sociais, este é um tema que não pode ser descartado, a cada ano que passa mais e mais
são exigidos conhecimentos sobre a temática socioambiental, a intervenção
profissional deve ocorrer de forma articulada, o projeto ético-político aliado às novas
demandas sociais (FREITAS, 2013).
Sobre o projeto ético-político profissional destaca-se relevante, nos dias de hoje, uma
abordagem que contemple a tradição marxista diante das questões socioambientais.
Enquanto isso, existem profissionais que percebem a questão socioambiental em todas
as relações entre as pessoas e a natureza não permitindo a reprodução adequada,
sendo uma das consequências do modo de produção capitalista e uma demanda a
receber intervenção.
Quando mencionamos questão socioambiental deve-se pensar nas mudanças
climáticas, no aquecimentoglobal, no efeito estufa, na redução da camada de ozônio,
no desflorestamento, na redução da biodiversidade, no descarte de resíduos sólidos, no
consumo excessivo de recursos não renováveis e nas outras problemáticas ambientais
que influenciam o cotidiano da sociedade com desdobramentos ambientais e sociais.
Ressaltamos ainda que as desigualdades sociais também são encontradas nas questões
ambientais, os efeitos da degradação ambiental provocado pelas indústrias, pelo
descarte indevido de excessivos bens de consumo sobre a natureza são apenas alguns
casos do esgotamento dos recursos naturais. Estes podem ocorrer em padrões
Quadro 1 - Questões socioambientais para suprir as necessidades atuais sem comprometer as próximas
gerações. Fonte: Elaborado pela autora, adaptado de MATOS (1998).
Deslize sobre a imagem para Zoom
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diferentes para aqueles que dominam e para os que são dominados, visto que relações
de dominação, poder e classe também se expressam como questão social nesse
cenário. Podemos afirmar que países pobres da África sofrem com a falta de água para
beber enquanto países ricos continuam contaminando seus mananciais e importando
água potável.
O debate sobre o desenvolvimento socioambiental é fundamental para pensar as
questões que surgem nesse contexto. Tal debate tem sido orientado por teorias cujos
pressupostos procuram fundamentar o processo de crescimento econômico e sua
relação com o meio ambiente. A exemplo temos a teoria do desenvolvimento endógeno
para quem o crescimento ocorreria em decorrência das melhorias tecnológicas
automáticas e não das questões exógenas que compreendiam as forças econômicas
apenas por trás do progresso tecnológico.
O paradigma do desenvolvimento endógeno consiste, de acordo com Matos (1998),
numa multiplicidade de fatores, nomeadamente, a mobilização integral dos recursos
humanos, naturais e institucionais, associada a uma forte mobilização da população,
assim como das suas estruturas políticas e sociais organizadas numa base territorial,
passando o território a ser entendido como um recurso de dimensões múltiplas ao
refletir as interdependências entre fatores desencadeadas e controladas numa base
territorial “de baixo para cima” mobilizando de forma integral os recursos disponíveis
(MATOS, 1998).
Na visão de Steinberger (2006), o desenvolvimento endógeno pode ser considerado o
mais igualitário. Ainda para este autor, pode ser denominado de economia regional,
este um conceito voltado para a geografia econômica.
O autor entende a localização da produção no espaço, ou seja, o ramo da economia que
se preocupa como e onde ocorrem as coisas. Nesse sentido adotado por Steinberger
(2006), a maior parte da economia regional e algumas questões da economia urbana
constituem a geografia econômica. 
VOCÊ SABIA?
Desenvolvimento regional é o apoio para que todas as regiões tenham possibilidades de
se desenvolver igualmente. As regiões que alcançaram um padrão de desenvolvimento
econômico mais alto auxiliam locais que ainda não obtiveram êxito em sua economia para
que todos sejam beneficiados. As políticas locais e sub-regionais precisam se articular e
encontrar nexo na política nacional (BRANDÃO; SIQUEIRA, 2013). 
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Sabendo que a questão do microespaço e do localismo ganharam sua importância nas
últimas décadas, podemos inserir o assistente social nesse cenário? Sim, essa é mais
uma área de intervenção do profissional se entendermos que a questão socioambiental
é uma forma de expressão da questão social.
A construção das cidades no país, por séculos, esteve voltada às regiões centrais ou de
destaque produtivo, a própria modernização recriou atrasos no desenvolvimento
(MARICATO, 1996). Para que a questão socioambiental sofra algum tipo de intervenção
por parte do assistente social, este deve contar com o apoio de atores locais integrados
à problemática, por meio de ações localistas, e com o intuito de solucioná-la, pois o
mero conhecimento superficial sobre a temática, ou a ação não articulada não
favorecem sua solução. 
 Figura 1 -
Características de ações localistas que podem ser alcançadas pelos assistentes sociais. Fonte: Elaborada
pela autora, adaptada de STEINBERGER (2006).
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As desigualdades sociorregionais no país, ainda nos dias atuais, não receberam o
devido enfrentamento. O avanço de estratégias territorializadas segue a passos lentos.
Se há anos poucas iniciativas obtiveram ações nacionais, nas ações de hoje, em que a
iniciativa localista é forte, as responsabilidades recaem sobre o regional, sem conexões
nas escalas para soluções de problemas sociais e implementação de políticas públicas
integradas nas diversas esferas de governo.
Santos (2012) ressalta a hierarquia existente que acumula as desigualdades entre as
formas dominantes e as formas dominadas. Segundo ele, “na dicotomia local-global em
que o local é a forma subordinada da realidade ou entidade com capacidade para se
autodesignar como global” (SANTOS, 2012, p. 78).
Tal reflexão nos leva a compreender que no plano macro, na esfera global, as promessas
assumidas por políticas públicas que visem o desenvolvimento regional são visíveis e
não perceptíveis no cotidiano das regiões, isto é, estão postas, porém a falta de
conhecimento não as deixa serem percebidas ou a falta de iniciativa pública não
promove intervenções para que sejam percebidas. Para que a sociedade perceba e até
mesmo seja protagonista das ações é preciso que as ações sejam em caráter local com
participação social ampla nas discussões, desde a elaboração até a avaliação. 
4.1.2 Desdobramentos políticos
No âmbito das questões políticas para intervenções nas expressões da questão social
como um todo, os assistentes sociais são chamados a contribuir também na questão
socioambiental, desde o campo teórico até o campo prático cotidiano. De que forma,
nesse contexto, ocorre a práxis do assistente social no espaço socioambiental? Ela deve
ocorrer de forma a ligar os eixos teórico-metodológico, ético-político e técnico-
operativo, para que o projeto ético-político do Serviço Social permaneça como um
instrumento primordial e indispensável a todos os assistentes sociais que optam por
uma ação comprometida com os movimentos sociais na luta pelo direito ao meio
ambiente e na responsabilidade com a defesa intransigente dos direitos dos
trabalhadores. 
VOCÊ QUER VER?
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O longa metragem O menino e o mundo (ABREU, 2013) traz reflexões sobre as condições de vida e trabalho na
área rural ao abordar a cidade. Na animação vemos todas as contradições entre a produção e o descarte, o
consumo e a escassez.  
Putnam (1995) também salienta que o modelo capitalista se alimenta da desigualdade,
em que uma parte é bem-sucedida, mas que sempre tem que conviver com um
contingente de miseráveis expressivo. Podemos afirmar que todo esse processo passa
por uma naturalização social com aceitação de competições e falta de cooperação no
convívio social. Como consequência, aqueles que são excluídos são julgados como
incapazes ou não merecedores, como se houvesse faltado esforço individual para a
superação das expressões da questão social e não uma inviabilidade de mobilidade
social. 
VOCÊ SABIA?
Reforçando a necessidade de ideais de relações de reciprocidade e cooperação, Putnam
(1995) defende o conceito de economia solidária — entendida como o conjunto das
relações de troca de mercadorias em que as pessoaspossuem um vínculo social, a partir
dos quais uma produção auxilia ou complementa as demais. 
É preciso que os assistentes sociais se apropriem do espaço de trabalho que se amplia.
No entanto, a intervenção social aliada à participação social e política, principalmente
no que tange às questões socioambientais, proporciona aos assistentes sociais uma
valorização da práxis. Para que isso ocorra de forma satisfatória, o profissional deve
dedicar-se ao aprofundamento das questões ambientais para encontrar o instrumental
adequado à intervenção e para que toda a instrumentalidade aplicada demonstre
eficácia na ação na demanda assistida. 
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4.2 Demandas urbanas, rurais ou locais
A questão social nos espaços rurais ainda é ligada à pobreza, apesar dessa limitação
interferir diretamente nas possibilidades de avanços para a população que vive nessas
localidades. Já na área urbana percebem-se facilmente as múltiplas expressões da
questão social.
É interessante acompanhar a literatura localista principalmente quando se busca
informação sobre o desenvolvimento, pois devemos considerar o foco local, as
demandas da localidade, seja no âmbito rural ou urbano, como o enfrentamento do
localismo, principalmente diante da grande difusão desse pensamento. Como
promover o desenvolvimento em sua dimensão local, territorial, urbana e rural? 
4.2.1 Espacialidade e desenvolvimento
No Brasil é comum identificarmos construções ideológicas que direcionaram o
desenvolvimento do país baseadas em simplificações que não solucionam a
problemática da população. “Eram feitas obras de saneamento básico e
embelezamento paisagístico, implantava-se um mercado imobiliário de corte
capitalista, ao mesmo tempo em que a população excluída desse processo era expulsa
para os morros e as franjas da cidade” (MARICATO, 1996).
Da mesma forma que a sociedade brasileira obteve seu desenvolvimento de forma
desigual, percebemos que não foi diferente em outros países, ainda mais hoje no
mundo globalizado em que vivemos. O espaço global (BRANDÃO; SIQUEIRA, 2013) foi
configurado por redes desiguais que são aglomeradas em diferentes escalas, e níveis se
misturam e são estendidos a outros de determinantes distintos culminando em forças
resistentes e hegemônicas. Contudo, só os atores influentes conseguem utilizar todas as
redes, e os territórios são frágeis e descontinuados. Todos os países podem ser afetados
pela ação de um único país, ou um único país pode ser desconsiderado também por
influência de um outro (podemos verificar isso em casos como a China e seu poder
econômico atual, ou Cuba que ainda sofre por sua relação com os Estados Unidos).
O Brasil foi configurado por capitanias hereditárias, forças hegemônicas e resistentes
que influenciaram de forma negativa as construções societárias atuais. Essa
configuração de famílias poderosas em determinado território permanece até hoje em
diversas regiões. O acesso às terras não pode ocorrer igualitariamente. Apesar de
resistências e algumas conquistas particulares de poucas pessoas, a distribuição de
terras permanece desigual. Somente por meio de ação governamental essa situação
pode mudar.
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A partir das contribuições para aprimorar a compreensão acerca das persistentes
contradições socioespaciais e ambientais na produção do espaço urbano e rural no
Brasil, contamos, inicialmente, com observações sobre o debate internacional e o
reescalonamento da reestruturação do Estado.
Podemos identificar uma urbanização dispersa no país. As novas construções e áreas
desenvolvidas estão intimamente ligadas ao consumo, como shoppings, condomínios
fechados com diversos atrativos, comércios, restaurantes etc. Tal progresso traz consigo
aumento de engarrafamentos, poluição do ar e sonora, aumento no consumo de
energia, a impermeabilização do solo, perda do espaço rural, desmatamento e perigo
para a fauna, além do abandono de antigas áreas centrais sem nenhum planejamento. 
O espaço torna-se cada vez mais o meio de reprodução das relações sociais, nele
podemos observar claramente as dominações que ocorrem. No quadro anterior é
possível identificar que o acesso é diferenciado entre os cidadãos da área urbana e os
cidadãos da área rural. Muitas vezes aqueles que vivem no meio urbano lidam com
naturalidade com a pobreza no meio rural como se “rural” fosse sinônimo de miséria ou
extrema pobreza. A relação urbano-rural foi alterada, a metropolização do espaço, isto
é, a vida em função de um grande centro urbano está sendo banalizada, como se fosse
algo corriqueiro e definitivo, ou até mesmo como se o espaço urbano fosse a evolução
do espaço rural.
Quadro 2 - Desigualdades entre o urbano e o rural no Brasil. Fonte: Elaborado pela autora, adaptado de IBGE
(2010).
VOCÊ O CONHECE?
Deslize sobre a imagem para Zoom
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Milton Santos, famoso geógrafo, dedicou os estudos na área de urbanização. Isso pode nos auxiliar a
compreender toda a metropolização ocorrida no Brasil, além do processo de globalização amplamente
discutido pelo autor. As críticas que faz ao sistema capitalista estão em plena consonância com o Serviço
Social pelo fato de ele utilizar um discurso marxista. 
A relação urbano-rural não é mera transformação, ocorre como uma metamorfose, pois
implica em profundas mudanças tanto na estrutura espacial quanto na natureza que
permanece. 
4.2.2 Desigualdade regional
Espaço urbano e espaço rural não são antônimos. Cada espaço representa uma vivência
cultural própria. Também não podemos apenas diferenciar o espaço rural do urbano
pela quantidade de pessoas que neles residem. Na área urbana podemos encontrar na
atualidade zonas periurbanizadas e na área rural podemos encontrar áreas altamente
desenvolvidas em termos urbanos.
É importante saber que nos dias atuais as estruturas espaciais não são apenas
promovidas pelo Estado, por fundos públicos. As produções dessas estruturas se
colocam cada vez mais como um negócio do capital. Consequentemente o progresso,
ou o processo de metropolização, se faz acompanhado pelo crescimento da
participação da iniciativa privada. Se determinada região não oferece algum atrativo ou
interesse do capital não receberá investimentos estruturais — esta relação fomenta a
desigualdade. 
O sertão vai virar mar (SCLIAR, 2003) faz parte da literatura brasileira que apresenta a história de uma cidade
próxima de Canudos, a qual passa por problemas semelhantes aos vistos até aqui, com a possibilidade
eminente de uma revolta. No livro são tratados temas transversais, como: a desigualdade, o sertão e o fatos
históricos.  
VOCÊ QUER LER?
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O Brasil é pensado cada vez menos como um todo, está repleto de interesses privados
nos quais se fazem investimentos enquanto áreas como o Nordeste permanecem
sofrendo as mesmas dificuldades dos séculos anteriores. Isso traz um grande desafio ao
assistente social quando a questão é pensar uma intervenção aliada a políticas públicas
que criem possibilidades efetivas de alteração da realidade e que caminhem na direção
oposta à do que temos deparado até então.
Diante de tantas transformações, algumas até positivas, quando pensamos no
desenvolvimento das regiões, no acesso aos serviços básicos, como luz e água, o futuro
ainda nos reserva muitos desafios, pois há muitas regiões sem assistência, inclusive
porque estão esquecidas. A desigualdade regional ainda não foi estancada no Brasil.
Ainda que suas raízes sejam históricas, o futuro ainda carregaráprofundas
consequências, a discrepância é percebida nas cidades, nos bairros, e a miséria é
separada da riqueza por poucos metros em diversos pontos do Brasil.
A diminuição da desigualdade social ainda é considerada um grande desafio para o
desenvolvimento brasileiro. O progresso contemporâneo só demonstra parte do que
realmente é a dimensão das expressões da questão social regional. Dessa forma, toda a
luta para fortalecer a inclusão social e agilizar o crescimento nos estados e regiões mais
vulneráveis é esperada, inclusive por transformar as perspectivas de uma inclusão
definitiva e não apenas transitória. 
O objetivo de mitigar as expressões da questão social com políticas públicas no
entrelaçar das contradições sociais emaranhadas pelas disputas de dominação
caminha a passos largos ao se inserir o desenvolvimento regional nessa questão. 
Quadro 3 - Implicações para a efetivação das políticas públicas no meio rural. Fonte: Elaborada pela autora,
adaptada de SANTOS (1990).
Deslize sobre a imagem para Zoom
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4.3 Modo de produção desigual e
problemas ambientais
No caso do Brasil se apresentam questões paradoxais. Dentro de uma perspectiva de
globalização hegemônica surgem conflitos e dilemas ressaltados pela diversidade do
país. Destacam-se questões orçamentárias e interesses setorialistas que não permitem
o crescimento de ações para a obtenção da qualidade no cotidiano da vida do
trabalhador. Brandão (2011) afirma: “[...] infelizmente os planos e os investimentos
realizados atualmente possuem insuficiente preocupação com a dimensão
regional/espacial”.
Quais medidas podem ser utilizadas no enfrentamento dos problemas ambientais? De
que maneira o Brasil tem se posicionado sobre o assunto?
Existe a necessidade de explorar as áreas socioambientais, identificar políticas sociais
aplicadas na região e reconhecer os problemas do modo de produção capitalista.
O ponto de destaque entre o local e o global perpassa pela esfera da cultura. O global
seria aquilo que atinge todas as culturas ultrapassando o modo de vida, mesclando-se
no local e passando a determinar valores e a interferir na dinâmica do indivíduo. 
4.3.1 A integração como solução
Na agenda de integração regional, as ações que mitigam a degradação ambiental em
todo o país têm sido tratadas apenas no campo do discurso. Quando nos defrontamos
com dados de pesquisas atuais sobre preservação e desmatamento é clara a falta de
políticas integradoras com possibilidades reais igualitárias independentemente da
região em que viva o cidadão e seja encontrado o bioma.
A permanência e o acesso a regiões distantes de centros urbanos com serviços de
qualidade variam conforme as possibilidades e redes do local em que se apresentam.
“O lugar é a expressão do singular que precisa ser captada nas ações públicas
emancipatórias e é o lócus último da efetivação e da efetividade dessas ações”
(BRANDÃO, 2011). Faz-se necessário permitir estratégias de desenvolvimento
promovendo de forma coesa o processo de transformação multidimensional nas
diferentes escalas espaciais. As políticas regionais devem adotar uma visão territorial
valorizando as culturas e saberes populares de cada localidade.
As políticas setoriais devem ser planejadas quanto ao seu investimento reconhecendo a
regionalização com indicador que prioriza os recortes territoriais.
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Falta no país uma visão integrada e coordenativa em que as escalas espaciais,
independentemente do seu nível de governo, possam avançar. A ampliação da ação
estatal com um reescalonamento passando de um planejamento nacional para um
planejamento local permitiria ações que favoreceriam a formulação de estratégias
socioambientais permitindo o desenvolvimento igualitário.
Em suma, analisar as desigualdades regionais com foco nas questões socioambientais é
demasiadamente complexo no contexto econômico e político atual, principalmente
quando consideramos os aspectos demográficos. Apesar de toda a redução que já
ocorreu nos últimos anos na direção das áreas de preservação e fomento na agricultura
familiar, entre outros avanços, a lacuna da garantia da qualidade e efetivação da
permanência dos programas e projetos deve ser relacionada à problemática territorial.
Temos como exemplo para a compreensão das sequelas da desigualdade regional a
falta de saúde de populações no Brasil que ainda hoje enfrentam problemas ambientais
que afetam diretamente sua saúde. 
Somente um planejamento fundamentado no conhecimento da realidade local
considerando os aspectos globais com uma atuação de forma regional pode ser
eficiente e atingir diretamente a saúde das pessoas. Parece que a poluição, por
exemplo, não está diretamente ligada à desigualdade social ou à pobreza, contudo, as
tribos indígenas sofrem constantemente a perda de suas terras por desmatamento, o
que afetará as futuras gerações de índios na produção de alimentos quando não afetará
toda a aldeia pela contaminação do solo e dos rios. Dessa forma, resultados esperados
de redução da desigualdade e melhoria na condição de vida, justiça social e saúde da
população brasileira teriam chances. Não podem ser parâmetros apenas duas regiões
do país. Todas as regiões, independentemente dos potenciais econômicos, devem
receber investimento. 
Quadro 4 - Riscos que comprometem a qualidade de vida, a cultura, as tradições, os direitos humanos e a
capacidade de organização e mobilização coletivas. Fonte: Elaborado pela autora, adaptado de FIOCRUZ
(2010).
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4.3.2 A importância dos recursos naturais na economia
Os recursos naturais não renováveis são a base do conceito de indústrias extrativas
mineral, e algumas de suas características são elementos centrais para o entendimento
da dinâmica e organização setorial (MARICATO, 1996). A primeira característica a se
assinalar: os recursos naturais não renováveis não são “por natureza” um recurso. Um
elemento ou produto em ocorrência na natureza só é um recurso se dessa forma ele for
definido por potenciais usuários. Assim, um recurso natural é, simultaneamente, uma
construção sociocultural e política, cujo significado e sentido se dão em um contexto
social específico e historicamente determinado. 
Embora tais números demonstrados no gráfico anterior sejam insuficientes para
explicar a contento todos os movimentos reais da economia brasileira e a configuração
resultante da decomposição do PIB, já é possível dimensionar os setores que mais têm
incentivos financeiros do governo brasileiro.
A inserção social de camadas antes excluídas da população tem sido aos poucos
garantida por políticas sociais paliativas e focalizadas. Especialmente nas últimas
décadas encontramos um cenário que ainda não resolve as exclusões e opressões
sofridas há séculos pelas camadas menos favorecidas, contudo mitiga o acesso de
alguns às tecnologias existentes, principalmente no que se refere à comunicação.
O desenvolvimento regional do país permite levantar algumas hipóteses mais precisas
sobre os impactos de investimentos e políticas localizadas em contextos territoriais
específicos e também sobre a dispersão regional dos indicadores agregados da
 Figura 2 - PIB distribuído por atividade
econômica. Fonte: Elaborada pela autora, adaptada de IBGE (2010).
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produtividade e do emprego. 
4.4 A intervenção social e a temática
ambiental
O mundo como um mercado único é definido pela nova ordemglobal. Apesar de
constantes iniciativas voltadas à preservação do meio ambiente, estatisticamente é
possível comprovar o aumento da degradação ambiental. As indústrias procuram se
moldar rapidamente dentro do ambiente tecnológico, objetivando o atendimento ao
consumidor na busca pela competitividade e deixando a desejar no quesito
responsabilidade ambiental.
Um mundo como mercado único não deveria estar voltado à preservação do meio
ambiente? Como a sociedade pode acompanhar os avanços trazidos pela tecnologia no
processo de produção sem degradar o meio ambiente? Podemos pensar em justiça
social aliada a responsabilidade ambiental?
Aprender que a gestão ambiental modifica o processo manufatureiro e insere o
potencial competidor do mercado de forma sustentável auxilia na identificação da
relevância do desenvolvimento regional em resposta às expressões da questão social
para a sobrevivência do mundo globalizado.
Neste próximo tópico, você conhecerá as características necessárias para a ampliação e
a intervenção dos espaços do Serviço Social e dos demais atores sociais
contemporâneos. 
4.4.1 Sustentabilidade e justiça social
Quando uma empresa explora, e até mesmo desmata, esta deve agir com uma ação
compensatória, podendo ser: reflorestamentos em outros pontos, investimentos
ambientais, entre outras ações. 
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CASO
O Arco Metropolitano do Rio de Janeiro é uma estrada que liga uma cidade com
características rurais a outra com um histórico de indústrias e um porto. A cidade
que é predominantemente rural está recebendo investimentos para se tornar um
polo petroquímico, assim gerará empregos e aumentará a renda na localidade.
Fica a dúvida sobre as questões socioambientais. A empresa responsável pelo
Arco Metropolitano plantou centenas de árvores para minimizar o impacto
ambiental de sua construção. 
O modelo de partilha das compensações financeiras pagas pelas empresas produtoras à
União, estados e municípios mostra nitidamente dois pontos polêmicos, apresentados
no quadro a seguir. 
A pulverização pretendida dos recursos pouco tem caminhado para uma justiça
distributiva e enfraquece, quando não aniquila, a possibilidade de execução de projetos
que contribuam efetivamente para o desenvolvimento regional no Brasil, tais como a
Quadro 5 - Financiamento compartilhado do Estado. Fonte: Elaborado pela autora, adaptado de BRANDÃO
(2011).
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melhoria da infraestrutura, a ampliação de alguns setores, a consolidação de cadeias
produtivas e investimentos sociais importantes, como saneamento, saúde e educação.
Para disseminar padrões de produção e instilar impulsos dinâmicos pela economia com
base em inovação, capacidade competitiva e novas formas de organização produtiva,
em todos os espaços nacionais, a melhor resposta é integrar as dimensões relevantes
das políticas sociais ao desenvolvimento.
De maneira aparentemente contraditória, nunca estivemos tão preparados para
deslanchar políticas de desenvolvimento regional e tão apartados dos meios
necessários para promovê-las. As políticas de promoção do desenvolvimento regional
no Brasil atual constituem uma alternativa promissora para deslanche de um ciclo
virtuoso de desenvolvimento. Assim, se quisermos ser capazes de adotar um conjunto
reconhecidamente eficaz de políticas sociais gerador de inclusão social e de impulsos
econômicos dinâmicos — ao menos por certo período de tempo — temos de
desencadear, agora, políticas de desenvolvimento para as indústrias agropecuárias,
setores de serviços, de pesquisa e inovação, de infraestrutura e logística para sustentar,
se possível, e ampliar nossa trajetória recente de desenvolvimento. 
4.4.2 A assistência social e as questões socioambientais
As relações humanas de trabalho envolvem recursos naturais renováveis ou não
renováveis, o que deveria ser acompanhado de responsabilidade ambiental para a
preservação da mesma atividade nos tempos futuros. Como esta não é a realidade
brasileira, a cada dia percebe-se o aumento do desmatamento e dos recursos não
renováveis, o que deveria ser motivo suficiente para ações e políticas públicas de
contenção da degradação. A formação do cidadão deveria contemplar a
conscientização sobre as questões ambientais, para que não ficasse no imaginário
coletivo da população a ideia de que o desenvolvimento deve acompanhar o
desmatamento. 
O livro A construção social da subcidadania: para uma sociologia política da modernidade periférica (SOUZA,
2003), apesar de exigir uma leitura atenta devido à complexidade teórica, traça problematizações sobre a
construção do que seria a cidadania no Brasil e toda a modernização capitalista.
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Várias foram as propostas ao longo da história que tentaram “amenizar” as disparidades
decorrentes dos processos de exclusão e desigualdades sociais provenientes dos
mecanismos econômicos mais diversos. É importante salientar que, segundo Marx
(2008), a fase mais radical desse processo é resultante daquele iniciado com a
Revolução Industrial (a partir do século XVIII, na Inglaterra), trazendo um cruel
movimento das relações sociais ditado pela óptica do capitalismo.
O aparecimento do operariado e de uma burguesia industrial que, de acordo com Marx
e Engels (2001), foram propulsores de um processo baseado na busca incessante ao
lucro e da alienação do trabalhador e de seus direitos básicos de sobrevivência, o que
acabou por resultar em um processo quase irreversível de uma postura negligenciada e
excludente para com grande parte da população em processo crescente de
pauperização.
De acordo com Iamamoto (2001), o caos social gerado com a nova relação de trabalho
resultante da Revolução Industrial intensificou uma série de disparidades coletivas que
atingiram da forma mais cruel os operários envolvidos na nova dinâmica ditada pela
exploração da mão de obra oriunda do campo, em meio a uma grande oferta de
trabalhadores que careciam de emprego e, portanto, se submeteram a anos de abuso
por parte dos donos de fábricas e um ritmo de produção que caminhava a passos largos
para a alienação do proletariado e sua situação de fragilidade diante do contexto
capitalista ao qual se inseriram.
A partir do início do século XX, percebe-se que a “questão social” se expandia em
convergência com os sistemas oriundos do imperialismo, e junto com os mecanismos
exploratórios das grandes nações imperialistas. Com a ampliação da noção da questão
social ligada à cidadania pode-se pensar na desigualdade social como algo proveniente
das contradições fomentadas pelo capitalismo industrial, este que demonstrava que
não tardaria para que intervenções fossem realizadas almejando uma melhoria nas
estruturas excludentes (IAMAMOTO, 2001).
O assistente social está inserido na dicotomia capital versus trabalho e ao mesmo tempo
atua para minimizar ou erradicar as mazelas oriundas dessa construção, com o intuito
de contar com a atuação crítica, propositiva e engajada, com estratégias que visem
melhorar as condições da sociedade a favor de desmantelar os problemas mais graves
do sistema capitalista. 
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Síntese
Concluímos o último capítulo. Agora podemos responder à questão: quais são as
viabilidades de ação dos sujeitos políticos diante das implicações socioambientais
atuais?
O debate aberto nos empurra para uma política territorial que dê conta de construir
uma ação eficaz de redução das desigualdades regionais e concilie objetivosde
inclusão social com a recuperação firme de uma dinâmica econômica de
desenvolvimento. Isso só será possível com a definição de uma estratégia inteligente
que esteja aberta à consideração das oportunidades mais promissoras nas áreas mais
densas de nossa economia, mas também especialmente atenta àquelas existentes nas
regiões mais frágeis do país. Cabe monitorar os projetos mais instigantes de
desenvolvimento que escapam a lógicas usuais da reprodução econômica nacional. É
necessário estabelecer pontes entre dimensões da nossa imensa diversidade biológica,
geomorfológica, socioeconômica e cultural, além de nossas capacidades científico-
tecnológicas e de inovação, com vistas a reformar e dinamizar as organizações
socioprodutivas do país. 
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
acompanhar as dinâmicas do urbano e do rural junto às intervenções locais;
identificar os desafios do assistente social no processo de integração das ações
locais;
relacionar as políticas sociais e as questões socioambientais;
identificar que os problemas ambientais também ocorrem de forma desigual;
conhecer mais um espaço de intervenção do assistente social, o socioambiental.
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