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1 PEDIATRIA 4 Marina Prietto DESNUTRIÇÃO ENERGÉTICO PROTÉICA DEFINIÇÃO: Desnutrição é um desbalanço entre a demanda e a quantidade de nutrientes necessários do organismo. Sendo que esses nutrientes podem ser tanto macro quanto micronutrientes. Ela é dividida em tipos: » Primários: É decorrente da baixa ingesta. » Secundários: devido a alterações no organismo, tanto que dificultam a absorção (intestino curto, prematuros) ou que aumentem o consumo (doenças cardíacas); CLASSIFICAÇÃO: Ela se limita a dissociação da análise da intensidade e do tempo; Intensidade: » Pode ser dividido em leve/moderada ou grave; E o tempo divide-se em dois padrões: » Wasted: Mais agudo, paciente vai ter alterações visíveis de massa muscular, gordura corporal etc.; » Stunned: Algo mais crônico, que já afetou tanto a estatura quanto o peso. Formas de classificação: Gomez: Analisa o peso do paciente em relação ao peso/idade previsto e assim graduava os graus de desnutrição; 90 – 100% = normais 90 – 76 % = leve (1º grau); 76 – 60 % = moderado (2º grau); Menor que 60 % = grave (3º grau); Waterlow: Analisava de uma forma muito mais detalhada: Estatura/ idade (95) por Peso e estatura (90) Conseguia avaliar a temporalidade (padrões stunned e wasted); OMS: Peso e Estatura – 3dP = desnutrição gravíssima; Fisiologia: ▪ A escassez de nutrientes gera uma alteração no metabolismo de forma intensa, promovendo lipólise e uma hipoglicemia ▪ Começa a ocorrer um hipotireoidismo relativo, pra tentar se proteger, causando uma hipotermia; ▪ Além disso, devido a baixa de ATP, existe uma ação menor da bomba de sódio e potássio, causando uma hiponatremia relativa, desencadeando edema e com isso uma hipotensão (sem força osmótica pra estabelecer a pressão interna); ▪ E por fim, um aumento de infecções, devido a uma maior dificuldade de combate do organismo; ▪ A secreção ácida gástrica, reduzida na criança com desnutrição, facilita a colonização do estômago por bactérias intestinais fecais. 2 PEDIATRIA 4 Marina Prietto ACHADOS CLÍNICOS: KWASHIORKOR ▪ As alterações nos cabelos incluem alterações na textura, na coloração e a facilidade em soltá-lo do couro cabeludo; ▪ Sinal da bandeira: Consiste na alteração segmentar da cor dos cabelos, traduzindo períodos alternados de pior e melhor nutrição; ▪ A grande característica do Kwashiorkor forma grave de desnutrição é a presença de edema. O edema geralmente é bilateral simétrico, começa nos pés, progride para os pés e as mãos baixas e, em casos graves, pode envolver a face MARASMO ▪ Acomete crianças menores de 12 meses de idade; ▪ Aparece como emagrecimento acentuado, baixa atividade, irritabilidade, atrofia muscular e subcutânea, com desaparecimento da bola de Bichat (último depósito de gordura a ser consumido localizado na região malar); ▪ Favorece o aspecto envelhecido (fácies senil ou simiesca), com costelas visíveis e nádegas hipotróficas MARASMO KWASHIORKOR PADRÃO Não tem comida; Não ingere proteína (não toma leite materno) IDADE Menor 12 meses Menores que 2 anos MAGREZA Sim Não HEPATOMEGALIA - Esteatose ALBUMINA Normal Baixa EDEMA - Presente DERMATOSE - Pele e cabelo 3 PEDIATRIA 4 Marina Prietto TRATAMENTO: 1º FASE: Estabilização (H); » O principal objetivo nesse momento é evitar o óbito, sem se preocupar com a recuperação nutricional, mas sim tratar as descompensações metabólicas, hidroeletrolíticas, infecciosas, instabilidade hemodinâmica e ou hipotermia. » Sempre ficar atento a hipoglicemia e hipotermia = CORRIGIR. » Toda criança que está com infecção grave, você deve partir do pressuposto que ela também está infectada = ATB para gram positivos e negativos (ceftriaxone + ampicilina ou então ampicilina com um aminoglicosídeo como a gentamicina) » Deve-se fornecer um total de 120 a 140 ml/kg/dia de líqudios ao dia, incluindo a alimentação e os soros (oral e venoso). Nutrição enteral x parenteral. − NÃO se deve alimentar essa criança a qualquer custo. Ela está “estabilizada” dentro da sua gravidade – síndrome de realimentação. − Se o aporte de alimento for muito intenso do nada, ela pode descompensar e agravar o quadro. − A escolha entre enteral e parenteral vai da analise de se a paciente é capaz de comer sem outros sintomas. Conduta: Total de cal a ser fornecido nesta etapa é de 80 a 100 kcal / kg / dia Dieta tem que ser rigorosamente sem sódio, proteína e osmolaridade (vai gerar uma desidratação rebote); Deve ser intensa em potássio (K) e fósforo (PO4) para terem subsídios na produção de ATP e estrutural das células. 2º FASE: Reabilitação; » É feita normalmente após 20 dias da primeira fase; » O intuito principal dessa fase é o ganho de peso. » Com isso, a indicação alimentar torna-se intensa: 150 kcal/kg (não tem restrição alimentar); » Indicar: Mega dose de vitamina A + doses dobradas de zinco, cobre, ferro etc.; As deficiências de zinco e de vitamina A prejudicam a função do sistema imunológico e têm efeito sobre a estrutura e a função da mucosa. A deficiência de ferro se caracteriza pela neutropenia e anemia microcítica. A suplementação com zinco reduz a incidência de diarreia e pneumonia e melhora o crescimento 3º FASE: Acompanhamento: O intuito dessa fase é a orientação, o monitoramento e a controle para evita reincidiva; SÍNDROME DE REALIMENTAÇÃO. » Ocorre especificamente no Kwashiorkor; » Duração: 20 dias à 12 semanas; » Durante o período de desnutrição, o organismo promove uma transição de atividade celular de: Catabolismo para anabolismo; » Ao ofertar um pico intenso de calorias, em meio a um processo de desnutrição, ocorrerá um pico insulínico intenso, que acaba consumindo toda reserva de potássio, fósforo e magnésio do organismo; » Gera uma PCR devido todo o consumo de potássio e de fósforo interno; » Achados: ▪ Aumento do edema já existente; ▪ Hepatomegalia aumenta (transforma toda a glicose circulante no momento em gordura para armazenar energia); ▪ ICC e piora a face de lua cheia.
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