Buscar

Metabolismo e Digestão de Proteínas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Tutoria 1
Módulo I
Desnutrição carencial infantil
Pediatria 2 - livro colorido - pg 1399
https://nutmed.com.br/storage/resources/5/2228/Avalia%C3%A7%C3%A3o%20em%20Pedi
atria%20-%20Avalia%C3%A7%C3%A3o%20Nutricional,%20Anemia,%20Diarreia%20e%20
Alergia.pdf
https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_docman&view=download&alias=285-manu
al-atendimento-da-crianca-com-desnutricao-grave-em-nivel-hospitalar-5&category_slug=sau
de-familiar-e-comunitaria-996&Itemid=965
Descrever o metabolismo das proteínas e o processo de digestão e absorção desses
nutrientes
DEFINIÇÃO DE PROTEÍNAS:
As proteínas são macromoléculas formadas por α- aminoácidos unidos entre si por ligações
peptídicas (Condensação de um grupo amino de um aa com o grupo carboxílico de outro aa
com a liberação de uma molécula de água).
DEFINIÇÃO DE AMINOÁCIDOS:
São compostos orgânicos que apresentam em sua estrutura molecular um grupo funcional
amino(NH2) e uma carboxila terminal (COOH);
Conforme ligação do grupo amina em determinado carbono, teremos aminoácidos do tipo
alfa, beta, gama...
Existem 20 formas diferentes de aminoácidos que formam proteínas, mas existem mais de
300 aminoácidos;
Os aminoácidos excedentes não podem ser armazenados — eles são oxidados e seu
nitrogênio, excretado. Os aminoácidos presentes nas células animais originam-se das
proteínas exógenas (as da dieta, hidrolisadas no trato digestório) e das proteínas
endógenas (hidrolisadas intracelularmente.
CLASSIFICAÇÃO DOS AMINOÁCIDOS:
QUANTO A NECESSIDADE ORGÂNICA:
Essenciais: Não são sintetizados pelo nosso organismo.
◦ Arginina, fenilalanina, leucina, isoleucina, lisina, metionina, treonina, triptofano, histidina e
valina;
Não essenciais: Sintetizados pelo nosso organismo
◦ Alanina, Aspartato (ácido aspártico), cisteína, glutamato (ácido glutâmico), glutamina,
glicina, prolina, serina e tirosina.
DIGESTÃO DE PROTEÍNAS:
ESTÔMAGO:
A partir da mastigação, o estômago começa a se preparar para receber o alimento,
liberando o suco gástrico. A digestão de proteína começa no estômago pela ação do suco
https://nutmed.com.br/storage/resources/5/2228/Avalia%C3%A7%C3%A3o%20em%20Pediatria%20-%20Avalia%C3%A7%C3%A3o%20Nutricional,%20Anemia,%20Diarreia%20e%20Alergia.pdf
https://nutmed.com.br/storage/resources/5/2228/Avalia%C3%A7%C3%A3o%20em%20Pediatria%20-%20Avalia%C3%A7%C3%A3o%20Nutricional,%20Anemia,%20Diarreia%20e%20Alergia.pdf
https://nutmed.com.br/storage/resources/5/2228/Avalia%C3%A7%C3%A3o%20em%20Pediatria%20-%20Avalia%C3%A7%C3%A3o%20Nutricional,%20Anemia,%20Diarreia%20e%20Alergia.pdf
https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_docman&view=download&alias=285-manual-atendimento-da-crianca-com-desnutricao-grave-em-nivel-hospitalar-5&category_slug=saude-familiar-e-comunitaria-996&Itemid=965
https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_docman&view=download&alias=285-manual-atendimento-da-crianca-com-desnutricao-grave-em-nivel-hospitalar-5&category_slug=saude-familiar-e-comunitaria-996&Itemid=965
https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_docman&view=download&alias=285-manual-atendimento-da-crianca-com-desnutricao-grave-em-nivel-hospitalar-5&category_slug=saude-familiar-e-comunitaria-996&Itemid=965
gástrico, pela ação da pepsina e do HCl, que desnaturam as proteínas. (Desnaturar seria
quebrar as ligações de ponte de hidrogênio nas formas 2a, 3a, 4a)
As proteínas são degradadas à polipeptídeo, oligopeptídeos e aa livres.
DUODENO:
As moléculas originadas da primeira etapa do processo digestivo, chegam ao duodeno com
o pH baixo, estimulando a secreção da secretina produzida pelas células S do intestino. A
secretina por sua vez, estimula a liberação de bicarbonato pelo pâncreas e fígado, elevando
o pH para 7,8 e 8,2.
Além disso, também será liberado o suco pancreático e entérico.
Suco pancreático: composto por tripsina, quimotripsina e carboxipeptidase.
Suco entérico: aminopeptidase e dipeptidase
A partir dai, os aminoácidos livres começam a ser absorvidos pelos enterócitos, podendo
passar alguns peptídeos que serão quebrados pelas dipeptidases e tripeptidases, para
serem levados ao fígado para o processo de metabolização.
METABOLIZAÇÃO
ETAPAS:
Transaminação – transferência do grupamento amino de um aminoácido para um cetoácido
por ação de transaminases;
Desaminação: retirada do grupamento amino pelas desaminases e produção de amônia;
Ciclo da ureia (fígado): conversão da amônia em ureia.
CICLO DA UREIA:
Realizada no fígado;
Converte a amônia produzida pela desaminação oxidativa dos aminoácidos em ureia.
Amônia é uma substância tóxica e quando em grandes concentrações na circulação,
causam alterações neurológicas associada com letargia, retardo mental, edema cerebral e
visão borrada;
A principal função do ciclo da ureia é eliminar a amônia tóxica do corpo. Ou seja, tem a
função de eliminar o nitrogênio indesejado do organismo.
Aproximadamente 10 a 20 g da amônia são removidos do corpo de um adulto saudável
cada dia.
De modo resumido, o ciclo ocorre da seguinte forma:
Definir desnutrição, identificar as principais formas de desnutrição carencial infantil e
suas características epidemiológicas, fisiopatológicas, clínicas, diagnósticos
diferenciais, diagnóstico, tratamento e prognóstico
Definir desnutrição
● Pode ser definida como uma condição clínica decorrente de uma deficiência ou
excesso, relativo ou absoluto, de um ou mais nutrientes essenciais (macro ou micro),
como proteínas, carboidratos, vitaminas, lipídios e sais minerais de modo geral.
Também pode ser causada pela incapacidade do organismo de absorver
corretamente os nutrientes dos alimentos que ingere (anorexia, por exemplo).
● Normalmente a desnutrição atinge pessoas de baixa renda e, sobretudo, crianças
dos países mais pobres. Os países em desenvolvimento respondem por 95% do
total de desnutridos do planeta. A desnutrição é uma das principais causas de
nascimentos de crianças abaixo do peso normal, crianças que têm mais chances de
adoecer durante a infância, adolescência e vida adulta. Nos países desenvolvidos,é
mais comum em idosos institucionalizados e naqueles com distúrbios que afetam a
digestão, absorção ou metabolismo dos nutrientes.
● No Brasil, embora a prevalência da desnutrição na infância tenha caído nas últimas
décadas, o percentual de óbitos por desnutrição grave em nível hospitalar, se
mantém em torno de 20%, muito acima dos valores recomendados pela OMS
(inferiores a 5%).
● Há estudos recentes que indicam a existência de vínculos entre desnutrição infantil e
o surgimento de doenças como hipertensão, diabetes e doenças coronárias. Até
manifestações leves de desnutrição podem limitar o desenvolvimento físico e
intelectual de uma criança, fazendo com que esta tenha maiores chances de
evadir-se da escola com tenra idade, fato que pode contribuir para manter o atual
índice de analfabetismo entre as populações de baixa renda.
● As complicações decorrentes da desnutrição podem ser: anemia severa, diminuição
da secreção do ácido clorídrico no estômago e, em função disso, proliferação de
bactérias, resposta muito lenta do sistema imunológico, visto que o organismo não
possui nutrientes para produzir células de defesa e perda de massa por parte de
vários músculos, no caso do coração, isto pode acarretar em morte.
● Quando há casos de desnutrição não grave o paciente deve ser tratado em casa
(principalmente no caso de crianças), visto que o ambiente hospitalar propicia,
através de contágio, o aparecimento de doenças em organismos debilitados.
Quando, porém, o quadro do paciente é crônico ou ele habita um lugar com
condições deploráveis de vida, ele deve ser imediatamente hospitalizado, neste
caso, a pessoa pode apresentar sintomas como: hipotermia, hipoglicemia, anemia
grave, taquicardia, tendências hemorrágicas, pneumonia, desidratação, sarampo, e
sinais de colapso circulatório (mãos e pés frios, pulso fraco e consciência diminuída)
● CONSEQUÊNCIAS: A desnutrição leva a uma série de alterações na composição
corporal e no funcionamento normal do organismo. Quanto mais grave for o caso,
maiorese também mais graves serão as repercussões orgânicas. As principais
alterações são:
- Grande perda muscular e dos depósitos de gordura, provocando debilidade física.
- Emagrecimento: peso inferior a 60% ou mais do peso ideal (adultos) ou do peso
normal (crianças).
- Desaceleração, interrupção ou até mesmo involução do crescimento.
- Alterações psíquicas e psicológicas: a pessoa fica retraída, apática, estática, triste.
- Alterações de cabelo e de pele: o cabelo perde a cor, a pele descasca e fica
enrugada.
- Alterações sanguíneas, provocando, dentre elas, a anemia.
- Alterações ósseas, como a má formação.
- Alterações no sistema nervoso: estímulos nervosos prejudicados, número de
neurônios diminuídos, depressão, apatia.
- Alterações nos demais órgãos e sistemas respiratório, imunológico, renal, cardíaco,
hepático, intestinal etc.
● Fatores de risco: pobreza, vulnerabilidade de lactentes à infecção, desagregação
familiar, estado nutricional da mãe durante gestação, baixo peso ao nascer,
escolaridade materna, desmame precoce
Classificação
● Quanto à causa
○ Primária
■ Quando não há outra doença associada, relacionada à insegurança
alimentar
○ Secundária
■ Quando há doença relacionada, geralmente por inadequada ingestão
alimentar, alteração na absorção ou necessidades nutricionais
aumentadas ou grandes perdas de nutrientes, que geram catabolismo
das reservas de proteína, carboidrato e gordura.
● Quanto ao tempo
○ Indivíduos emagrecidos (wasted), e/ou
○ Parada de crescimento (stunted)
■ Déficit estatural
● Quanto à gravidade
- classificação é determinada calculando-se a porcentagem do peso esperado em
relação à estatura ou à altura esperada utilizando-se padrões internacionais (normal,
90 a 110%; leve, 85 a 90%; moderada, 75 a 85%; grave, < 75%).
○ Leve
○ Moderada
○ Grave
■ Marasmo
■ Kwashiorkor
■ Kwashiorkor-marasmático
■ A inanição total é fatal em 8 a 12 semanas. Assim, certos sintomas da
DPE não têm tempo de se desenvolver.
● Quanto à apresentação clínica - primárias
- A criança com DEP (desnutrição energética-proteica) vive um delicado equilíbrio
homeostático, limítrofe ao colapso endócrino‑metabólico. A intrínseca relação das
vias de utilização energética promove mudanças intensas em múltiplos sistemas
orgânicos: endócrino, imune, nervoso central, gastrointestinal, cardiovascular e
renal. A escassez de nutrientes, na DEP moderada e grave, favorece hipoglicemia,
lipólise, glicólise, glicogenólise e neoglicogênese, secundárias às alterações nos
eixos da insulina, com diminuição da produção e aumento da resistência periférica
pela ação dos hormônios contrarreguladores (hormônio de crescimento, epinefrina e
corticosteroides); além disso, há redução no metabolismo com alterações na via
tireoidiana de aproveitamento de iodo e conversão hormonal (formas ativas), a fim
de reduzir o gasto de O2 e conservar energia. A redução na oferta de fosfatos
energéticos promove alterações nas bombas iônicas de membrana celular, cursando
com sódio corporal elevado e hiponatremia, hipopotassemia, hipercalcemia e maior
tendência a edema intracelular.
- A forma depende do equilíbrio de energia de fontes proteicas e não proteicas
○ Marasmo ou Desnutrição seca: Falta de fontes de energia causando perda
ponderal e depleção de músculos e gordura
○ Kwashiorkor ou Desnutrição molhada: Falta de proteína e vitaminas
(micronutrientes em geral) que cursa com edema;
○ Marasmo-kwashiorkor ou Desnutrição mista: Falta de todos nutrientes.
Diagnóstico
● Anamnese
○ Foco em antecedentes neonatais, nutricionais, aspectos psicossociais,
condições de saneamento e moradia, presenca ou nao de doenças
associadas
● Exame físico
○ Medidas antropométricas
■ OMS define desnutrição grave como circunferência braquial <11,5cm,
escore Z de peso para estatura (ZPE) abaixo de -3dp, ou pela
presença de edema nos pés bilateral em crianças com kwashiorkor
○ Presença de emagrecimento intenso visível, alterações dos cabelos,
dermatoses (+K), hipotrofia muscular e redução do tecido celular subcutâneo
○ Importante aferir a pressão arterial em pacientes >3 anos, levando em
consideração o sexo, idade e estatura
○ Débito cardíaco diminuem; o pulso torna-se mais fraco e a pressão arterial
cai. A frequência respiratória e a capacidade vital diminuem. A temperatura
corporal cai, às vezes provocando a morte. Edema, anemia, Podem ocorrer
falências renais, hepáticas, ou cardíacas.
● Exames laboratoriais
○ Para determinar a gravidade: Índice de Massa Corporal (IMC), medidas de
albumina sérica, contagem total de linfócitos, linfócitos CD4+, transferrina
sérica
○ Para diagnosticar as complicações e as consequências: hemograma
completo, eletrólitos, nitrogênio ureico sanguíneo, glicose, cálcio, magnésio,
fosfato
○ O uso desses indicadores em pacientes hospitalizados permite verificar a
massa proteica somática, a integridade das proteínas viscerais e plasmáticas
(albumina, pré‑albumina, transferrina e proteína fixadora de retinol) e a
competência imunológica do indivíduo. Nesses pacientes, destaca‑se a
participação dos indicadores bioquímicos para verificar a massa magra
(massa muscular sem gordura), pela relação entre creatinina urinária e
altura. Também servem para avaliar a desnutrição grave, por meio da análise
de proteínas totais e albumina, para diagnosticar anemia ferropriva,
realizando‑se a avaliação da hemoglobinemia e de reservas de ferro séricas
(ferritina) ou, ainda, para diagnosticar a recuperação nutricional em situações
hospitalares, utilizando‑se a análise das proteínas de meia‑vida curta, a
pré‑albumina, que é a proteína transportadora do retinol, e de outras
○ Os níveis séricos de glicose e eletrólitos (especialmente potássio,
ocasionalmente sódio), fosfato, cálcio e magnésio costumam ser baixos. O
nitrogênio ureico sanguíneo com frequência é baixo, a menos que haja
falência renal. Pode haver acidose metabólica. Em geral, realiza-se
hemograma completo; anemia normocítica (decorrente de deficiência
proteica) ou microcítica (devido a deficiência de ferro simultânea) costuma
estar presente.
○
● Composição corpórea
○ Método de avaliação de mais difícil acesso, mas relevância na avaliação
nutricional e na orientação de condutas que incluam o controle do peso. Não
tem o mesmo inconveniente do peso isolado que não representa a diferente
distribuição de tecidos e células
○ bioimpedância, pesagem hidrostática, densitometria corpórea total (DXA),
também chamada de absorciometria de duplo feixe de raios X, ressonância
magnética (RM), ultrassonografia, tomografia computadorizada (TC) e
infravermelho (Futrex).
Tratamento
1ª fase - Estabilização
● Tratar as morbidades associadas com risco de morte, corrigir as deficiências
nutricionais especificas, reverter anormalidades metabólicas, iniciar a alimentação
● Após estabilização hemodinâmica, hidrelétrica e acidobásica, inicia-se alimentação:
○ fornecer no máximo 100 kcal/kg/dia (iniciando com taxa metabólica basal
acrescida de fator de estresse que varia de 10 a 30%, fornecendo de 50 a 60
kcal/kg/dia no primeiro dia e aumentando de acordo com a avaliação clínica e
laboratorial da criança), 130 mL/kg/dia de oferta hídrica e 1 a 1,5 g de
proteína/kg/dia, dieta com baixa osmolaridade (< 280 mOsmol/L) e com baixo
teor de lactose (< 13 g/L) e sódio.
○ Se a ingestão inicial for inferior a 60 a 70 kcal/kg/dia, indica‑se terapia
nutricional por sonda nasogástrica. De acordo com os dias de internação e a
situação clínica da criança, são recomendados aumento gradual de volume e
diminuição gradativa da frequência. Nessa fase, pode ser utilizado um
preparado alimentar artesanal contendo 75 kcal e 0,9 g de proteína/100 mL
ou fórmula infantil polimérica isenta de lactose.
● Não é prevista recuperação do estado nutricional, e sim sua conservação e a
estabilização clínico‑metabólica!!!
2ª fase - Reabilitação
● progredir a dieta de modo mais intensivo, visando a recuperar grande parte do peso
perdido, estimular física e emocionalmente, orientar a mãe ou cuidador da criança e
prepararpara a alta.
● Devem ser ofertadas 1,5 vez a recomendação de energia para a idade (cerca de 150
kcal/kg/dia), oferta hídrica de 150 a 200 mL/kg/dia e proteica de 3 a 4 g/kg/ dia e
menor teor de lactose.
● Nesta fase, pode‑se utilizar preparado artesanal sugerido pela OMS contendo 100
kcal e 2,9 g de proteína para cada 100 mL, fórmula infantil com menor conteúdo de
lactose ou dieta enteral polimérica pediátrica isenta de lactose para crianças com
idade inferior a 1 ano (1 kcal/mL). Para ajuste da densidade energética de fórmulas
infantis (0,7 kcal/mL), podem ser utilizados módulos de polímeros de glicose e
lipídios (óleos vegetais), adição máxima de 3%. Esse procedimento permite que a
dieta oferecida apresente melhor densidade energética, mas compromete o
fornecimento de minerais e micronutrientes. É importante o fornecimento de
preparados com multivitaminas (2 vezes a recomendação para crianças saudáveis)
e de magnésio, fósforo, manganês, iodo, flúor, molibdênio, selênio, zinco, cobre e
ferro;
● A distribuição energética entre os macronutrientes deve ser: 16% de proteínas, 50%
de gorduras e 34% de carboidratos. Um exemplo é a combinação de leite desnatado
em pó (110 g), sacarose (100 g), óleo vegetal (70 g) e água (900 mL). Muitas outras
fórmulas (p. ex., leite fresco integral com óleo de milho e maltodextrina) podem ser
utilizadas. O leite em pó utilizado em fórmulas é diluído em água.
3ª Fase - Acompanhamento ambulatorial
● Prosseguir na orientação, monitoração do crescimento (vigilância dos índices
pesoXestatura e estaturaXidade) e desenvolvimento da criança, especialmente da
estaturaXidade e intensificação do trabalho da equipe multiprofissional
Complicações do tratamento
● Síndrome da realimentação
○ Sobrecarga de líquidos, déficits eletrolíticas, hiperglicemia, arritmias
cardíacas e diarreia (que pode levar a morte).
● Como a DPE pode prejudicar as funções renais e cardíacas, a super-hidratação
pode ocasionar sobrecarga de volume intravascular. O tratamento diminui os níveis
extracelulares de magnésio e potássio e pode causar arritmias. O metabolismo de
carboidratos que ocorre durante o tratamento estimula a liberação de insulina, o que
direciona o fosfato para as células. Hipofosfatemia pode causar fraqueza muscular,
parestesias, convulsões, coma e arritmias. Como os níveis de fosfato podem mudar
rapidamente com a alimentação parenteral, eles devem ser dosados regularmente.
● Durante o tratamento, a insulina endógena pode se tornar ineficaz, causando
hiperglicemia. Pode haver desidratação e hiperosmolaridade. Arritmias ventriculares
fatais podem ocorrer, possivelmente causadas por intervalo QT prolongado.
Prognóstico
● Em crianças, a mortalidade varia de 5 a 40%. As taxas de mortalidade são mais
baixas para crianças com DPE mais leve e aquelas em cuidados intensivos. Morte
nos primeiros dias de tratamento decorre geralmente de déficit de eletrólitos, sepse,
hipotermia ou falência cardíaca. Consciência prejudicada, icterícia, petéquias,
hiponatremia e diarreia persistente são sinais desfavoráveis. Resolução de apatia,
edema e anorexia são sinais favoráveis. A recuperação é mais rápida em
kwashiorkor que no marasmo
● Algumas crianças desenvolvem má absorção e insuficiência hepática crônicas.
Crianças muito jovens podem desenvolver deficiência intelectual, que pode persistir
pelo menos até a idade escolar. Pode haver prejuízo cognitivo permanente
dependendo da duração, gravidade e idade de instalação da DPE.
KWASHIORKOR:
Epidemiologia
● É um tipo de doença decorrente da falta de nutrientes, principalmente de proteínas,
mas também de fósforo, zinco e magnésio.
● Seu nome é originado de um dos dialetos de Gana e significa “mal do 1º filho,
quando nasce o segundo”, indicando o aumento dos casos em que a criança mais
velha foi desmamada precocemente, assim que seu irmão mais novo nasceu.
● Tipo mais comum na região norte
● Acomete crianças >2 anos
Fisiopatologia
● Como a ingesta de proteínas está baixa, várias das funções corporais ficam
comprometidas. Por exemplo, as membranas ficam mais permeáveis, possibilitando
a fuga de líquido para o interstício além da diminuição de albumina, gerando o
edema.
Quadro clínico
● Descoloração dos cabelos tornando-os brancos ou avermelhados, mudança na
textura e alopecia
● Dermatose
○ Pele torna-se fina, seca e enrugada, e depois pode ser tornar
hiperpigmentado com fissuras e depois hipopigmentada, friável e atrofiada.
● Tristeza e apatia
● Abdome distendido - ascite devido a permeabilidade dos capilares e hepatomegalia
por esteatose
● Face de lua
● Edema em MMII ou anasarca - normalmente bilateral simétrico, na ordem pé-mão e
podem envolver até a face
● Olhos avermelhados 

● Perda de peso menos severa, pode ser até normal
● Preservação de massa muscular
● Níveis baixos de cortisol, e níveis de insulina elevados
● Redução na concentração de proteínas plasmáticas produzidas pelo fígado
(Reduzido essenciais, normal ou elevado número de não-essenciais)
● Perda do apetite
● Comprometimento do crescimento
MARASMO:
Epidemiologia
● O marasmo é a forma seca de desnutrição proteico-calórica.
● É o tipo mais comum na região nordeste, principalmente causada por ingestão de
muita pouca comida; a pessoa fica extremamente magra e com baixa gordura
corporal.
● Acomete mais crianças abaixo dos 12 meses
Fisiopatologia
● provocada pela ingestão quase nula de comida e de leite. Geralmente acomete
crianças lactantes, ou seja, com menos do que 3 anos de idade.
● A resposta metabólica inicial é a diminuição da taxa metabólica. Para suprir energia,
primeiro o organismo quebra o tecido adiposo. Entretanto, depois que esse tecido é
depletado, o corpo pode utilizar proteínas para produzir energia, o que resulta em
balanço nitrogenado negativo. Órgãos viscerais e tecidos musculares também são
quebrados, com consequente diminuição do peso. A perda ponderal dos órgãos é
maior no fígado e no intestino, intermediária no coração e nos rins e menor no
sistema nervoso central.
Quadro clínico
● O longo período de desnutrição deixa a criança apática, fraca e alta irritabilidade
● Emagrecimento acentuado com perda de tecido muscular e de tecido subcutâneo
○ Desaparecimento da bola de Bichat - último local a ser consumido - confere o
aspecto envelhecido - fácies senil ou simiesca
○ Costelas visíveis e nádegas hipertróficas
● Abdômen pode ser globoso, mas raramente com hepatomegalia - pode ser por
gases em excesso devido a intolerância alimentar secundária a desnutrição
● O paciente apresenta fome
● Pele fina e frouxa
Diagnóstico
● No exame físico é possível perceber que a criança possui pouca gordura corporal e
quase nenhum tecido muscular
● O peso e a altura são muito baixos quando comparado aos de uma criança normal
KWASHIORKOR-MARASMÁTICO:
Epidemiologia
● Criança com ingestão inadequada de todos os macronutrientes, que,
subsequentemente, desenvolve doenças infecciosas comuns da infância
Quadro clínico
● Perda de peso - apenas 60% da massa corporal desejada
● Edema
Diagnóstico
● Hipoalbuminemia e edema
● Resposta inflamatória superimposto à depleção crônicas de massa lipídica e
muscular
Estudar a classificação de desnutrição segundo a OMS e outros scores
O crescimento é definido pelo aumento linear contínuo mas não constante, das estruturas
que o compõem e resulta da interação de fatores intrínsecos ou orgânicos (genéticos,
neuroendócrinos), e extrínsecos ou ambientais (nutricionais, condições geofísicas,
atividades físicas, vínculo mãe-filho).
Para o estudo dessas situações, utiliza‑se um conjunto de técnicas e medidas que permitem
avaliar indicadores que irão definir o estado nutricional do indivíduo ou caracterizar
distúrbios de ordem nutricional, com vistas a estabelecer os riscos de morbidade e
mortalidade.
Ao serem aplicadas, essas técnicas irão compor a avaliação do estado nutricional, cujo
objetivo é identificar modificações no perfil nutricional individual, associadas ou não a
situações de doença, permitindo, assim, uma intervençãoadequada no sentido de promover
a recuperação ou a manutenção da saúde.
Dentro dessas categorias, vários métodos de avaliação podem ser utilizados, dependendo
das características da avaliação a ser realizada. Alguns deles são: antropometria, peso,
estatura, circunferências corporais (crânio, abdominal, braço, pescoço), dobras cutâneas,
índice de massa corpórea, inquéritos alimentares, fora o exame clínico e exames adicionais
como os bioquímicos e os de composição corpórea.
Para crianças: STRONG Kids - Screening Tool for Risk on Nutritional Status and Growth -
(HUYSENTRUYT et al., 2013) é método de triagem nutricional que possibilita mensurar o
risco nutricional e determinar qual a intervenção a ser realizada na criança hospitalizada
dependendo do escore de risco.
Existem vários tipos de Desnutrição que recebem sua denominação relacionada aos sinais
circunstanciais e a classificação por peso/idade e peso/altura. A classificação mais usada
talvez seja a de COSTE, baseada no déficit de peso em relação ao padrão normal para
idade.
- Desnutrição de 1º grau – déficit de peso superior a 10%
- Desnutrição de 2º grau – déficit de peso superior a 25%
- Desnutrição de 3º grau – déficit de peso superior a 40%
Discutir sobre o combate à fome e sobre nutrição materna e infantil
A elaboração de fluxos e procedimentos para o acolhimento adequado às demandas
espontâneas e aos casos identificados por busca ativa, no âmbito da atenção básica e em
articulação com os demais pontos de atenção, que contemplem a identificação das causas,
avaliação e classificação do risco, estabelecimento de Projeto Terapêutico Singular e de
articulação com outros setores e políticas sociais, é fundamental para o cuidado integral e
resolutivo dessa população vulnerável.
Além disso, outras ações já comprovadas e fundamentais para prevenção e controle da
desnutrição, apoiadas pela CGAN/MS e que podem ser implantadas e incorporadas aos
fluxos e procedimentos estabelecidos para a atenção às crianças desnutridas em seu
município, incluem:
- A promoção ao aleitamento materno exclusivo até os 6 meses e da alimentação
complementar saudável, com continuidade do aleitamento materno até os 2 anos,
fortalecida pela Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil;
- A prevenção de deficiências nutricionais específicas, com a Suplementação de Ferro e
Ácido Fólico e Vitamina A;
- O acompanhamento do estado nutricional de crianças menores de cinco anos, com a
utilização do SISVAN, com especial atenção às crianças pertencentes a famílias
beneficiárias do Programa Bolsa Família;
- A promoção e implantação de ações intersetoriais, por meio da Articulação Intersetorial,
tendo em vista a determinação multifatorial da desnutrição.
A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), aprovada no ano de 1999, integra os
esforços do Estado Brasileiro que, por meio de um conjunto de políticas públicas, propõe
respeitar, proteger, promover e prover os direitos humanos à saúde e à alimentação.
A alimentação e nutrição estão presentes na legislação recente do Estado Brasileiro,
com destaque para a Lei 8.080, de 19/09/1990 (BRASIL, 1990), que entende a
alimentação como um fator condicionante e determinante da saúde e que as ações
de alimentação e nutrição devem ser desempenhadas de forma transversal às ações
de saúde, em caráter complementar e com formulação, execução e avaliação dentro
das atividades e responsabilidades do sistema de saúde.
Responsabilidade na orientação sobre o aleitamento materno, que deve ser a primeira
pratica alimentar necessária para a garantia da saúde e do desenvolvimento adequado de
crianças. O desmame deve ocorrer de forma gradual, com alimentos que fornecem os
nutrientes necessários para a criança, com quantidade e qualidade adequadas a cada fase
de desenvolvimento. Deve acontecer a partir do 6º mês de vida e continuar até o 2º ano.
A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) tem como propósito a melhoria
das condições de alimentação, nutrição e saúde da população brasileira, mediante a
promoção de práticas alimentares adequadas e saudáveis, a vigilância alimentar e
nutricional, a prevenção e o cuidado integral dos agravos relacionados à alimentação
e nutrição.
Entender a desnutrição no adulto e suas principais características fisiopatológicas
● A maioria dos casos de desnutrição no adulto e no idoso são por causas
secundárias, como doenças neurológicas, oncológicas, gastrointestinais, etc.
● Em adultos, a DPE pode resultar em morbidade e mortalidade (p. ex., perda
ponderal progressiva aumenta a taxa de mortalidade para idosos
institucionalizados). Em idosos, a DPE aumenta o risco de morbidade e mortalidade
decorrente de cirurgia, infecções ou outros distúrbios.
● A menos que ocorra falência de órgãos, o tratamento é bem-sucedido.

Outros materiais