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Tutoria 1 Módulo I Desnutrição carencial infantil Pediatria 2 - livro colorido - pg 1399 https://nutmed.com.br/storage/resources/5/2228/Avalia%C3%A7%C3%A3o%20em%20Pedi atria%20-%20Avalia%C3%A7%C3%A3o%20Nutricional,%20Anemia,%20Diarreia%20e%20 Alergia.pdf https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_docman&view=download&alias=285-manu al-atendimento-da-crianca-com-desnutricao-grave-em-nivel-hospitalar-5&category_slug=sau de-familiar-e-comunitaria-996&Itemid=965 Descrever o metabolismo das proteínas e o processo de digestão e absorção desses nutrientes DEFINIÇÃO DE PROTEÍNAS: As proteínas são macromoléculas formadas por α- aminoácidos unidos entre si por ligações peptídicas (Condensação de um grupo amino de um aa com o grupo carboxílico de outro aa com a liberação de uma molécula de água). DEFINIÇÃO DE AMINOÁCIDOS: São compostos orgânicos que apresentam em sua estrutura molecular um grupo funcional amino(NH2) e uma carboxila terminal (COOH); Conforme ligação do grupo amina em determinado carbono, teremos aminoácidos do tipo alfa, beta, gama... Existem 20 formas diferentes de aminoácidos que formam proteínas, mas existem mais de 300 aminoácidos; Os aminoácidos excedentes não podem ser armazenados — eles são oxidados e seu nitrogênio, excretado. Os aminoácidos presentes nas células animais originam-se das proteínas exógenas (as da dieta, hidrolisadas no trato digestório) e das proteínas endógenas (hidrolisadas intracelularmente. CLASSIFICAÇÃO DOS AMINOÁCIDOS: QUANTO A NECESSIDADE ORGÂNICA: Essenciais: Não são sintetizados pelo nosso organismo. ◦ Arginina, fenilalanina, leucina, isoleucina, lisina, metionina, treonina, triptofano, histidina e valina; Não essenciais: Sintetizados pelo nosso organismo ◦ Alanina, Aspartato (ácido aspártico), cisteína, glutamato (ácido glutâmico), glutamina, glicina, prolina, serina e tirosina. DIGESTÃO DE PROTEÍNAS: ESTÔMAGO: A partir da mastigação, o estômago começa a se preparar para receber o alimento, liberando o suco gástrico. A digestão de proteína começa no estômago pela ação do suco https://nutmed.com.br/storage/resources/5/2228/Avalia%C3%A7%C3%A3o%20em%20Pediatria%20-%20Avalia%C3%A7%C3%A3o%20Nutricional,%20Anemia,%20Diarreia%20e%20Alergia.pdf https://nutmed.com.br/storage/resources/5/2228/Avalia%C3%A7%C3%A3o%20em%20Pediatria%20-%20Avalia%C3%A7%C3%A3o%20Nutricional,%20Anemia,%20Diarreia%20e%20Alergia.pdf https://nutmed.com.br/storage/resources/5/2228/Avalia%C3%A7%C3%A3o%20em%20Pediatria%20-%20Avalia%C3%A7%C3%A3o%20Nutricional,%20Anemia,%20Diarreia%20e%20Alergia.pdf https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_docman&view=download&alias=285-manual-atendimento-da-crianca-com-desnutricao-grave-em-nivel-hospitalar-5&category_slug=saude-familiar-e-comunitaria-996&Itemid=965 https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_docman&view=download&alias=285-manual-atendimento-da-crianca-com-desnutricao-grave-em-nivel-hospitalar-5&category_slug=saude-familiar-e-comunitaria-996&Itemid=965 https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_docman&view=download&alias=285-manual-atendimento-da-crianca-com-desnutricao-grave-em-nivel-hospitalar-5&category_slug=saude-familiar-e-comunitaria-996&Itemid=965 gástrico, pela ação da pepsina e do HCl, que desnaturam as proteínas. (Desnaturar seria quebrar as ligações de ponte de hidrogênio nas formas 2a, 3a, 4a) As proteínas são degradadas à polipeptídeo, oligopeptídeos e aa livres. DUODENO: As moléculas originadas da primeira etapa do processo digestivo, chegam ao duodeno com o pH baixo, estimulando a secreção da secretina produzida pelas células S do intestino. A secretina por sua vez, estimula a liberação de bicarbonato pelo pâncreas e fígado, elevando o pH para 7,8 e 8,2. Além disso, também será liberado o suco pancreático e entérico. Suco pancreático: composto por tripsina, quimotripsina e carboxipeptidase. Suco entérico: aminopeptidase e dipeptidase A partir dai, os aminoácidos livres começam a ser absorvidos pelos enterócitos, podendo passar alguns peptídeos que serão quebrados pelas dipeptidases e tripeptidases, para serem levados ao fígado para o processo de metabolização. METABOLIZAÇÃO ETAPAS: Transaminação – transferência do grupamento amino de um aminoácido para um cetoácido por ação de transaminases; Desaminação: retirada do grupamento amino pelas desaminases e produção de amônia; Ciclo da ureia (fígado): conversão da amônia em ureia. CICLO DA UREIA: Realizada no fígado; Converte a amônia produzida pela desaminação oxidativa dos aminoácidos em ureia. Amônia é uma substância tóxica e quando em grandes concentrações na circulação, causam alterações neurológicas associada com letargia, retardo mental, edema cerebral e visão borrada; A principal função do ciclo da ureia é eliminar a amônia tóxica do corpo. Ou seja, tem a função de eliminar o nitrogênio indesejado do organismo. Aproximadamente 10 a 20 g da amônia são removidos do corpo de um adulto saudável cada dia. De modo resumido, o ciclo ocorre da seguinte forma: Definir desnutrição, identificar as principais formas de desnutrição carencial infantil e suas características epidemiológicas, fisiopatológicas, clínicas, diagnósticos diferenciais, diagnóstico, tratamento e prognóstico Definir desnutrição ● Pode ser definida como uma condição clínica decorrente de uma deficiência ou excesso, relativo ou absoluto, de um ou mais nutrientes essenciais (macro ou micro), como proteínas, carboidratos, vitaminas, lipídios e sais minerais de modo geral. Também pode ser causada pela incapacidade do organismo de absorver corretamente os nutrientes dos alimentos que ingere (anorexia, por exemplo). ● Normalmente a desnutrição atinge pessoas de baixa renda e, sobretudo, crianças dos países mais pobres. Os países em desenvolvimento respondem por 95% do total de desnutridos do planeta. A desnutrição é uma das principais causas de nascimentos de crianças abaixo do peso normal, crianças que têm mais chances de adoecer durante a infância, adolescência e vida adulta. Nos países desenvolvidos,é mais comum em idosos institucionalizados e naqueles com distúrbios que afetam a digestão, absorção ou metabolismo dos nutrientes. ● No Brasil, embora a prevalência da desnutrição na infância tenha caído nas últimas décadas, o percentual de óbitos por desnutrição grave em nível hospitalar, se mantém em torno de 20%, muito acima dos valores recomendados pela OMS (inferiores a 5%). ● Há estudos recentes que indicam a existência de vínculos entre desnutrição infantil e o surgimento de doenças como hipertensão, diabetes e doenças coronárias. Até manifestações leves de desnutrição podem limitar o desenvolvimento físico e intelectual de uma criança, fazendo com que esta tenha maiores chances de evadir-se da escola com tenra idade, fato que pode contribuir para manter o atual índice de analfabetismo entre as populações de baixa renda. ● As complicações decorrentes da desnutrição podem ser: anemia severa, diminuição da secreção do ácido clorídrico no estômago e, em função disso, proliferação de bactérias, resposta muito lenta do sistema imunológico, visto que o organismo não possui nutrientes para produzir células de defesa e perda de massa por parte de vários músculos, no caso do coração, isto pode acarretar em morte. ● Quando há casos de desnutrição não grave o paciente deve ser tratado em casa (principalmente no caso de crianças), visto que o ambiente hospitalar propicia, através de contágio, o aparecimento de doenças em organismos debilitados. Quando, porém, o quadro do paciente é crônico ou ele habita um lugar com condições deploráveis de vida, ele deve ser imediatamente hospitalizado, neste caso, a pessoa pode apresentar sintomas como: hipotermia, hipoglicemia, anemia grave, taquicardia, tendências hemorrágicas, pneumonia, desidratação, sarampo, e sinais de colapso circulatório (mãos e pés frios, pulso fraco e consciência diminuída) ● CONSEQUÊNCIAS: A desnutrição leva a uma série de alterações na composição corporal e no funcionamento normal do organismo. Quanto mais grave for o caso, maiorese também mais graves serão as repercussões orgânicas. As principais alterações são: - Grande perda muscular e dos depósitos de gordura, provocando debilidade física. - Emagrecimento: peso inferior a 60% ou mais do peso ideal (adultos) ou do peso normal (crianças). - Desaceleração, interrupção ou até mesmo involução do crescimento. - Alterações psíquicas e psicológicas: a pessoa fica retraída, apática, estática, triste. - Alterações de cabelo e de pele: o cabelo perde a cor, a pele descasca e fica enrugada. - Alterações sanguíneas, provocando, dentre elas, a anemia. - Alterações ósseas, como a má formação. - Alterações no sistema nervoso: estímulos nervosos prejudicados, número de neurônios diminuídos, depressão, apatia. - Alterações nos demais órgãos e sistemas respiratório, imunológico, renal, cardíaco, hepático, intestinal etc. ● Fatores de risco: pobreza, vulnerabilidade de lactentes à infecção, desagregação familiar, estado nutricional da mãe durante gestação, baixo peso ao nascer, escolaridade materna, desmame precoce Classificação ● Quanto à causa ○ Primária ■ Quando não há outra doença associada, relacionada à insegurança alimentar ○ Secundária ■ Quando há doença relacionada, geralmente por inadequada ingestão alimentar, alteração na absorção ou necessidades nutricionais aumentadas ou grandes perdas de nutrientes, que geram catabolismo das reservas de proteína, carboidrato e gordura. ● Quanto ao tempo ○ Indivíduos emagrecidos (wasted), e/ou ○ Parada de crescimento (stunted) ■ Déficit estatural ● Quanto à gravidade - classificação é determinada calculando-se a porcentagem do peso esperado em relação à estatura ou à altura esperada utilizando-se padrões internacionais (normal, 90 a 110%; leve, 85 a 90%; moderada, 75 a 85%; grave, < 75%). ○ Leve ○ Moderada ○ Grave ■ Marasmo ■ Kwashiorkor ■ Kwashiorkor-marasmático ■ A inanição total é fatal em 8 a 12 semanas. Assim, certos sintomas da DPE não têm tempo de se desenvolver. ● Quanto à apresentação clínica - primárias - A criança com DEP (desnutrição energética-proteica) vive um delicado equilíbrio homeostático, limítrofe ao colapso endócrino‑metabólico. A intrínseca relação das vias de utilização energética promove mudanças intensas em múltiplos sistemas orgânicos: endócrino, imune, nervoso central, gastrointestinal, cardiovascular e renal. A escassez de nutrientes, na DEP moderada e grave, favorece hipoglicemia, lipólise, glicólise, glicogenólise e neoglicogênese, secundárias às alterações nos eixos da insulina, com diminuição da produção e aumento da resistência periférica pela ação dos hormônios contrarreguladores (hormônio de crescimento, epinefrina e corticosteroides); além disso, há redução no metabolismo com alterações na via tireoidiana de aproveitamento de iodo e conversão hormonal (formas ativas), a fim de reduzir o gasto de O2 e conservar energia. A redução na oferta de fosfatos energéticos promove alterações nas bombas iônicas de membrana celular, cursando com sódio corporal elevado e hiponatremia, hipopotassemia, hipercalcemia e maior tendência a edema intracelular. - A forma depende do equilíbrio de energia de fontes proteicas e não proteicas ○ Marasmo ou Desnutrição seca: Falta de fontes de energia causando perda ponderal e depleção de músculos e gordura ○ Kwashiorkor ou Desnutrição molhada: Falta de proteína e vitaminas (micronutrientes em geral) que cursa com edema; ○ Marasmo-kwashiorkor ou Desnutrição mista: Falta de todos nutrientes. Diagnóstico ● Anamnese ○ Foco em antecedentes neonatais, nutricionais, aspectos psicossociais, condições de saneamento e moradia, presenca ou nao de doenças associadas ● Exame físico ○ Medidas antropométricas ■ OMS define desnutrição grave como circunferência braquial <11,5cm, escore Z de peso para estatura (ZPE) abaixo de -3dp, ou pela presença de edema nos pés bilateral em crianças com kwashiorkor ○ Presença de emagrecimento intenso visível, alterações dos cabelos, dermatoses (+K), hipotrofia muscular e redução do tecido celular subcutâneo ○ Importante aferir a pressão arterial em pacientes >3 anos, levando em consideração o sexo, idade e estatura ○ Débito cardíaco diminuem; o pulso torna-se mais fraco e a pressão arterial cai. A frequência respiratória e a capacidade vital diminuem. A temperatura corporal cai, às vezes provocando a morte. Edema, anemia, Podem ocorrer falências renais, hepáticas, ou cardíacas. ● Exames laboratoriais ○ Para determinar a gravidade: Índice de Massa Corporal (IMC), medidas de albumina sérica, contagem total de linfócitos, linfócitos CD4+, transferrina sérica ○ Para diagnosticar as complicações e as consequências: hemograma completo, eletrólitos, nitrogênio ureico sanguíneo, glicose, cálcio, magnésio, fosfato ○ O uso desses indicadores em pacientes hospitalizados permite verificar a massa proteica somática, a integridade das proteínas viscerais e plasmáticas (albumina, pré‑albumina, transferrina e proteína fixadora de retinol) e a competência imunológica do indivíduo. Nesses pacientes, destaca‑se a participação dos indicadores bioquímicos para verificar a massa magra (massa muscular sem gordura), pela relação entre creatinina urinária e altura. Também servem para avaliar a desnutrição grave, por meio da análise de proteínas totais e albumina, para diagnosticar anemia ferropriva, realizando‑se a avaliação da hemoglobinemia e de reservas de ferro séricas (ferritina) ou, ainda, para diagnosticar a recuperação nutricional em situações hospitalares, utilizando‑se a análise das proteínas de meia‑vida curta, a pré‑albumina, que é a proteína transportadora do retinol, e de outras ○ Os níveis séricos de glicose e eletrólitos (especialmente potássio, ocasionalmente sódio), fosfato, cálcio e magnésio costumam ser baixos. O nitrogênio ureico sanguíneo com frequência é baixo, a menos que haja falência renal. Pode haver acidose metabólica. Em geral, realiza-se hemograma completo; anemia normocítica (decorrente de deficiência proteica) ou microcítica (devido a deficiência de ferro simultânea) costuma estar presente. ○ ● Composição corpórea ○ Método de avaliação de mais difícil acesso, mas relevância na avaliação nutricional e na orientação de condutas que incluam o controle do peso. Não tem o mesmo inconveniente do peso isolado que não representa a diferente distribuição de tecidos e células ○ bioimpedância, pesagem hidrostática, densitometria corpórea total (DXA), também chamada de absorciometria de duplo feixe de raios X, ressonância magnética (RM), ultrassonografia, tomografia computadorizada (TC) e infravermelho (Futrex). Tratamento 1ª fase - Estabilização ● Tratar as morbidades associadas com risco de morte, corrigir as deficiências nutricionais especificas, reverter anormalidades metabólicas, iniciar a alimentação ● Após estabilização hemodinâmica, hidrelétrica e acidobásica, inicia-se alimentação: ○ fornecer no máximo 100 kcal/kg/dia (iniciando com taxa metabólica basal acrescida de fator de estresse que varia de 10 a 30%, fornecendo de 50 a 60 kcal/kg/dia no primeiro dia e aumentando de acordo com a avaliação clínica e laboratorial da criança), 130 mL/kg/dia de oferta hídrica e 1 a 1,5 g de proteína/kg/dia, dieta com baixa osmolaridade (< 280 mOsmol/L) e com baixo teor de lactose (< 13 g/L) e sódio. ○ Se a ingestão inicial for inferior a 60 a 70 kcal/kg/dia, indica‑se terapia nutricional por sonda nasogástrica. De acordo com os dias de internação e a situação clínica da criança, são recomendados aumento gradual de volume e diminuição gradativa da frequência. Nessa fase, pode ser utilizado um preparado alimentar artesanal contendo 75 kcal e 0,9 g de proteína/100 mL ou fórmula infantil polimérica isenta de lactose. ● Não é prevista recuperação do estado nutricional, e sim sua conservação e a estabilização clínico‑metabólica!!! 2ª fase - Reabilitação ● progredir a dieta de modo mais intensivo, visando a recuperar grande parte do peso perdido, estimular física e emocionalmente, orientar a mãe ou cuidador da criança e prepararpara a alta. ● Devem ser ofertadas 1,5 vez a recomendação de energia para a idade (cerca de 150 kcal/kg/dia), oferta hídrica de 150 a 200 mL/kg/dia e proteica de 3 a 4 g/kg/ dia e menor teor de lactose. ● Nesta fase, pode‑se utilizar preparado artesanal sugerido pela OMS contendo 100 kcal e 2,9 g de proteína para cada 100 mL, fórmula infantil com menor conteúdo de lactose ou dieta enteral polimérica pediátrica isenta de lactose para crianças com idade inferior a 1 ano (1 kcal/mL). Para ajuste da densidade energética de fórmulas infantis (0,7 kcal/mL), podem ser utilizados módulos de polímeros de glicose e lipídios (óleos vegetais), adição máxima de 3%. Esse procedimento permite que a dieta oferecida apresente melhor densidade energética, mas compromete o fornecimento de minerais e micronutrientes. É importante o fornecimento de preparados com multivitaminas (2 vezes a recomendação para crianças saudáveis) e de magnésio, fósforo, manganês, iodo, flúor, molibdênio, selênio, zinco, cobre e ferro; ● A distribuição energética entre os macronutrientes deve ser: 16% de proteínas, 50% de gorduras e 34% de carboidratos. Um exemplo é a combinação de leite desnatado em pó (110 g), sacarose (100 g), óleo vegetal (70 g) e água (900 mL). Muitas outras fórmulas (p. ex., leite fresco integral com óleo de milho e maltodextrina) podem ser utilizadas. O leite em pó utilizado em fórmulas é diluído em água. 3ª Fase - Acompanhamento ambulatorial ● Prosseguir na orientação, monitoração do crescimento (vigilância dos índices pesoXestatura e estaturaXidade) e desenvolvimento da criança, especialmente da estaturaXidade e intensificação do trabalho da equipe multiprofissional Complicações do tratamento ● Síndrome da realimentação ○ Sobrecarga de líquidos, déficits eletrolíticas, hiperglicemia, arritmias cardíacas e diarreia (que pode levar a morte). ● Como a DPE pode prejudicar as funções renais e cardíacas, a super-hidratação pode ocasionar sobrecarga de volume intravascular. O tratamento diminui os níveis extracelulares de magnésio e potássio e pode causar arritmias. O metabolismo de carboidratos que ocorre durante o tratamento estimula a liberação de insulina, o que direciona o fosfato para as células. Hipofosfatemia pode causar fraqueza muscular, parestesias, convulsões, coma e arritmias. Como os níveis de fosfato podem mudar rapidamente com a alimentação parenteral, eles devem ser dosados regularmente. ● Durante o tratamento, a insulina endógena pode se tornar ineficaz, causando hiperglicemia. Pode haver desidratação e hiperosmolaridade. Arritmias ventriculares fatais podem ocorrer, possivelmente causadas por intervalo QT prolongado. Prognóstico ● Em crianças, a mortalidade varia de 5 a 40%. As taxas de mortalidade são mais baixas para crianças com DPE mais leve e aquelas em cuidados intensivos. Morte nos primeiros dias de tratamento decorre geralmente de déficit de eletrólitos, sepse, hipotermia ou falência cardíaca. Consciência prejudicada, icterícia, petéquias, hiponatremia e diarreia persistente são sinais desfavoráveis. Resolução de apatia, edema e anorexia são sinais favoráveis. A recuperação é mais rápida em kwashiorkor que no marasmo ● Algumas crianças desenvolvem má absorção e insuficiência hepática crônicas. Crianças muito jovens podem desenvolver deficiência intelectual, que pode persistir pelo menos até a idade escolar. Pode haver prejuízo cognitivo permanente dependendo da duração, gravidade e idade de instalação da DPE. KWASHIORKOR: Epidemiologia ● É um tipo de doença decorrente da falta de nutrientes, principalmente de proteínas, mas também de fósforo, zinco e magnésio. ● Seu nome é originado de um dos dialetos de Gana e significa “mal do 1º filho, quando nasce o segundo”, indicando o aumento dos casos em que a criança mais velha foi desmamada precocemente, assim que seu irmão mais novo nasceu. ● Tipo mais comum na região norte ● Acomete crianças >2 anos Fisiopatologia ● Como a ingesta de proteínas está baixa, várias das funções corporais ficam comprometidas. Por exemplo, as membranas ficam mais permeáveis, possibilitando a fuga de líquido para o interstício além da diminuição de albumina, gerando o edema. Quadro clínico ● Descoloração dos cabelos tornando-os brancos ou avermelhados, mudança na textura e alopecia ● Dermatose ○ Pele torna-se fina, seca e enrugada, e depois pode ser tornar hiperpigmentado com fissuras e depois hipopigmentada, friável e atrofiada. ● Tristeza e apatia ● Abdome distendido - ascite devido a permeabilidade dos capilares e hepatomegalia por esteatose ● Face de lua ● Edema em MMII ou anasarca - normalmente bilateral simétrico, na ordem pé-mão e podem envolver até a face ● Olhos avermelhados ● Perda de peso menos severa, pode ser até normal ● Preservação de massa muscular ● Níveis baixos de cortisol, e níveis de insulina elevados ● Redução na concentração de proteínas plasmáticas produzidas pelo fígado (Reduzido essenciais, normal ou elevado número de não-essenciais) ● Perda do apetite ● Comprometimento do crescimento MARASMO: Epidemiologia ● O marasmo é a forma seca de desnutrição proteico-calórica. ● É o tipo mais comum na região nordeste, principalmente causada por ingestão de muita pouca comida; a pessoa fica extremamente magra e com baixa gordura corporal. ● Acomete mais crianças abaixo dos 12 meses Fisiopatologia ● provocada pela ingestão quase nula de comida e de leite. Geralmente acomete crianças lactantes, ou seja, com menos do que 3 anos de idade. ● A resposta metabólica inicial é a diminuição da taxa metabólica. Para suprir energia, primeiro o organismo quebra o tecido adiposo. Entretanto, depois que esse tecido é depletado, o corpo pode utilizar proteínas para produzir energia, o que resulta em balanço nitrogenado negativo. Órgãos viscerais e tecidos musculares também são quebrados, com consequente diminuição do peso. A perda ponderal dos órgãos é maior no fígado e no intestino, intermediária no coração e nos rins e menor no sistema nervoso central. Quadro clínico ● O longo período de desnutrição deixa a criança apática, fraca e alta irritabilidade ● Emagrecimento acentuado com perda de tecido muscular e de tecido subcutâneo ○ Desaparecimento da bola de Bichat - último local a ser consumido - confere o aspecto envelhecido - fácies senil ou simiesca ○ Costelas visíveis e nádegas hipertróficas ● Abdômen pode ser globoso, mas raramente com hepatomegalia - pode ser por gases em excesso devido a intolerância alimentar secundária a desnutrição ● O paciente apresenta fome ● Pele fina e frouxa Diagnóstico ● No exame físico é possível perceber que a criança possui pouca gordura corporal e quase nenhum tecido muscular ● O peso e a altura são muito baixos quando comparado aos de uma criança normal KWASHIORKOR-MARASMÁTICO: Epidemiologia ● Criança com ingestão inadequada de todos os macronutrientes, que, subsequentemente, desenvolve doenças infecciosas comuns da infância Quadro clínico ● Perda de peso - apenas 60% da massa corporal desejada ● Edema Diagnóstico ● Hipoalbuminemia e edema ● Resposta inflamatória superimposto à depleção crônicas de massa lipídica e muscular Estudar a classificação de desnutrição segundo a OMS e outros scores O crescimento é definido pelo aumento linear contínuo mas não constante, das estruturas que o compõem e resulta da interação de fatores intrínsecos ou orgânicos (genéticos, neuroendócrinos), e extrínsecos ou ambientais (nutricionais, condições geofísicas, atividades físicas, vínculo mãe-filho). Para o estudo dessas situações, utiliza‑se um conjunto de técnicas e medidas que permitem avaliar indicadores que irão definir o estado nutricional do indivíduo ou caracterizar distúrbios de ordem nutricional, com vistas a estabelecer os riscos de morbidade e mortalidade. Ao serem aplicadas, essas técnicas irão compor a avaliação do estado nutricional, cujo objetivo é identificar modificações no perfil nutricional individual, associadas ou não a situações de doença, permitindo, assim, uma intervençãoadequada no sentido de promover a recuperação ou a manutenção da saúde. Dentro dessas categorias, vários métodos de avaliação podem ser utilizados, dependendo das características da avaliação a ser realizada. Alguns deles são: antropometria, peso, estatura, circunferências corporais (crânio, abdominal, braço, pescoço), dobras cutâneas, índice de massa corpórea, inquéritos alimentares, fora o exame clínico e exames adicionais como os bioquímicos e os de composição corpórea. Para crianças: STRONG Kids - Screening Tool for Risk on Nutritional Status and Growth - (HUYSENTRUYT et al., 2013) é método de triagem nutricional que possibilita mensurar o risco nutricional e determinar qual a intervenção a ser realizada na criança hospitalizada dependendo do escore de risco. Existem vários tipos de Desnutrição que recebem sua denominação relacionada aos sinais circunstanciais e a classificação por peso/idade e peso/altura. A classificação mais usada talvez seja a de COSTE, baseada no déficit de peso em relação ao padrão normal para idade. - Desnutrição de 1º grau – déficit de peso superior a 10% - Desnutrição de 2º grau – déficit de peso superior a 25% - Desnutrição de 3º grau – déficit de peso superior a 40% Discutir sobre o combate à fome e sobre nutrição materna e infantil A elaboração de fluxos e procedimentos para o acolhimento adequado às demandas espontâneas e aos casos identificados por busca ativa, no âmbito da atenção básica e em articulação com os demais pontos de atenção, que contemplem a identificação das causas, avaliação e classificação do risco, estabelecimento de Projeto Terapêutico Singular e de articulação com outros setores e políticas sociais, é fundamental para o cuidado integral e resolutivo dessa população vulnerável. Além disso, outras ações já comprovadas e fundamentais para prevenção e controle da desnutrição, apoiadas pela CGAN/MS e que podem ser implantadas e incorporadas aos fluxos e procedimentos estabelecidos para a atenção às crianças desnutridas em seu município, incluem: - A promoção ao aleitamento materno exclusivo até os 6 meses e da alimentação complementar saudável, com continuidade do aleitamento materno até os 2 anos, fortalecida pela Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil; - A prevenção de deficiências nutricionais específicas, com a Suplementação de Ferro e Ácido Fólico e Vitamina A; - O acompanhamento do estado nutricional de crianças menores de cinco anos, com a utilização do SISVAN, com especial atenção às crianças pertencentes a famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família; - A promoção e implantação de ações intersetoriais, por meio da Articulação Intersetorial, tendo em vista a determinação multifatorial da desnutrição. A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), aprovada no ano de 1999, integra os esforços do Estado Brasileiro que, por meio de um conjunto de políticas públicas, propõe respeitar, proteger, promover e prover os direitos humanos à saúde e à alimentação. A alimentação e nutrição estão presentes na legislação recente do Estado Brasileiro, com destaque para a Lei 8.080, de 19/09/1990 (BRASIL, 1990), que entende a alimentação como um fator condicionante e determinante da saúde e que as ações de alimentação e nutrição devem ser desempenhadas de forma transversal às ações de saúde, em caráter complementar e com formulação, execução e avaliação dentro das atividades e responsabilidades do sistema de saúde. Responsabilidade na orientação sobre o aleitamento materno, que deve ser a primeira pratica alimentar necessária para a garantia da saúde e do desenvolvimento adequado de crianças. O desmame deve ocorrer de forma gradual, com alimentos que fornecem os nutrientes necessários para a criança, com quantidade e qualidade adequadas a cada fase de desenvolvimento. Deve acontecer a partir do 6º mês de vida e continuar até o 2º ano. A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) tem como propósito a melhoria das condições de alimentação, nutrição e saúde da população brasileira, mediante a promoção de práticas alimentares adequadas e saudáveis, a vigilância alimentar e nutricional, a prevenção e o cuidado integral dos agravos relacionados à alimentação e nutrição. Entender a desnutrição no adulto e suas principais características fisiopatológicas ● A maioria dos casos de desnutrição no adulto e no idoso são por causas secundárias, como doenças neurológicas, oncológicas, gastrointestinais, etc. ● Em adultos, a DPE pode resultar em morbidade e mortalidade (p. ex., perda ponderal progressiva aumenta a taxa de mortalidade para idosos institucionalizados). Em idosos, a DPE aumenta o risco de morbidade e mortalidade decorrente de cirurgia, infecções ou outros distúrbios. ● A menos que ocorra falência de órgãos, o tratamento é bem-sucedido.
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