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Comunicação não verbal

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9
A Comunicação Não Verbal na Clínica Psicanalítica
Referência bibliográrica
A escuta psicanalítica – métodos, limites e inovações. Editora Blucher. Salman Akhtar.
“O paciente não recorda coisa alguma do que esqueceu e reprimiu, mas expressa-o pela atuação ou atua-o. Ele o reproduz não como lembrança, mas como ação.” (Freud 1914, P. 150)
- A fala e o silêncio são importantes para se revelar o inconsciente 
- Mas o comportamento também comunica. O autor está preocupado com o comportamento dentro da situação clínica.
- O autor embasa suas considerações em 3 conceitos: 1) comunicação não verbal; 2) acting in; 3) enactment.
Comunicação não verbal
- A ideia de que o paciente se comunica de outras formas além de palavras está presente desde os primórdios da psicanálise.
-Nos estudos sobre a histeria Freud, em uma passagem, dá especial atenção às feições da Sra. Emmy Von N. na primeira vez que a viu, deitada num sofá (tensa, pesarosa, etc.).
-Em várias passagens do Homem dos Ratos, de 1909, Freud menciona as expressões faciais do paciente.
- Em 1917 Freud interpreta a ação de um paciente que deixa a porta da sala de espera aberta como se dissesse que acredita que o analista não receberá outros pacientes.
- Em recordar, repetir e elaborar Freud diz que o paciente não recorda que era crítico com os pais, mas se comporta dessa forma com o analista.
- Analistas pós freudianos continuaram a dar importância à comunicação via ação. Foram muitos os que estudaram e enfatizaram a comunicação não verbal na clínica.
- Por exemplo:
· Roupas
· Maneiras de falar
· Maneira de sentar 
· Expressões faciais, etc.
Acting in
- Expressão criada para diferenciar ações que ocorrem dentro da sala de análise (acting in), das que ocorrem fora (acting out).
- É uma ação no lugar de um processo de pensamento.
- Algo é colocado em ação ao invés de palavras.
- Pode ser, portanto, uma forma de resistência.
- Mas pode ser também a única forma de algo irrepresentável vir à tona.
-Pode ser, portanto, uma comunicação importante.
-Por exemplo, paciente se levanta e vai embora.
Enactement 
- É um termo popular na clínica contemporânea.
- O termo é utilizado de muitas formas diferentes.
- Pode significar uma atuação do paciente, e nesse sentido se assemelha ao acting in.
- Pode significar uma atuação da dupla.
- Um ponto central de enactment parece ser o fato dele parecer algo real e normal, quando está no lugar de fantasias inconscientes.
Autor dividirá seus exemplos em:
(i) enquanto organiza a primeira sessão.
(ii) quando o paciente chega para a primeira sessão, 
(iii) durante a consulta inicial. 
(iv) durante a fase inicial da análise, 
(v) durante a fase intermediária da análise, e 
(vi) durante a fase de término da análise.
Enquanto organiza a primeira sessão
- O primeiro contato com um paciente é geralmente por telefone. Aqui já há elementos de ação.
-Ao fazer uma observação ou pergunta o paciente está fazendo algo com o analista. Deposita algo nele que pode levá-lo a regredir, sentir vergonha, etc.
Vinheta clínica 1
- Por telefone o paciente pergunta duas vezes se prédio do analista tinha um nome. E dá como exemplo dois nomes de prédios de NY, apesar de estarem na Filadélfia.
-Analista responde educadamente que não. Mas ficou intrigado.
-Na primeira sessão fica sabendo que o paciente tinha padrão de desvalorizar as próprias conquistas.
-Parecia levar muita culpa inconsciente. Para explorá-la, o analista explorou a infância do paciente.
-Descobre que apesar de o paciente ter irmão mais velho, foi ele que recebeu nome do pai. Paciente concorda que é incomum, mas desconhece motivo. Informa que seu irmão tinha atraso no desenvolvimento.
-Analista formula hipótese: teria o irmão recebido nome do pai e depois que souberam que tinha atraso no desenvolvimento teria recebido outro nome?
-Paciente fica mobilizado, relata tristeza com a situação e culpa de ter sucesso.
-Analista entende que querer que seu prédio tivesse um nome, em vez de apenas um número, era uma forma disfarçada de devolver ao irmão mais velho o nome que sentia ter pego emprestado, além de reparar o dano que pensava ter causado.
-Paciente chora e se sente compreendido como nunca antes.
Ao chegar ao consultório 
-A comunicação não verbal na primeira sessão pode ser muito forte. A roupas (formais, informais, decotadas) contam uma história. Atrasos, confusões acerca da hora, de endereço, também revelam informações importantes.
Vinheta clínica 2
-Após esperar por 20 minutos pela paciente para primeira consulta, ela liga perguntando onde era mesmo o consultório. Estava perdida.
-Remarcaram a sessão.
-Um dia antes da consulta dela o analista a encontra em sua sala de espera. Acusando-o de tê-la deixado esperando por uma hora, enquanto atendia outro paciente. Acusava-o de ter abusado dela. Por fim percebeu que tinha ido no dia errado.
-Havia agora duas atuações.
-Na primeira consulta relata suas principais dificuldades: raiva dos homens, desinteresse sexual, pensamentos suicidas.
-Seu pai havia abandonado a família quando tinha 5 anos.
-Ela vivia “procurando” por ele.
-Seu padrasto “abusou” dela dos 8 aos 13 anos.
-Analista pensa que o procurar por ele da primeira vez e o sentir-se abusada por ele da segunda, era uma forma dela colocá-lo no lugar de seu pai e padrasto. 
-Analista diz isso a ela. E que ele precisava ocupar primeiramente um desses papeis, para que ela pudesse se relacionar com ele. Talvez ela precisasse de uma nova chance, uma nova experiência.
-Paciente começa a chorar e depois revela mais dados de sua vida.
Vinheta clínica 3
- Paciente entra para a entrevista com uma revista na mão, coloca a revista na mesa ao seu lado.
- Analista fica se questionando sobre a revista.
- Paciente relata que tinha dificuldade em manter as mulheres que conquistava. Elas sempre o deixavam, queixando-se de sua indiferença e autossuficiência.
- Seu pai havia saído de casa quando ele tinha 4 anos, sua mãe trabalhava muito para sustentar a casa. E ele e suas irmãs aprenderam a se comportar e ser autossuficientes.
- Ele se tornou um jovem cortês, que era repetidamente abandonado por mulheres que o achavam simpático mas desinteressado.
- Nesse momento o analista o questiona sobre a revista.
- Ele fica surpreso diz que era para ler na sala de espera.
- Analista mostra que esse comportamento denunciava sua ansiedade acerca de dependência e vínculo. Acrescenta que talvez fosse esse tipo de autossuficiência que era rejeitada pelas namoradas.
- Ele se surpreendeu, chorou e disse que não conseguia evitar; que “sempre dependeu de si mesmo”.	
	A confusão da paciente sobre o horário e o fato de o paciente trazer uma revista à consulta são pistas comportamentais para aspectos emocionais importantes.
	O diálogo durante a entrevista forneceu material que podia ser ligado ao comportamento apresentado.
	Mas e se na entrevista nenhum conteúdo apoiasse a interpretação do comportamento?
	Nesses casos as observações teriam que ser arquivadas.
Durante a consulta inicial
- Pistas importantes podem ser oferecidas a partir da forma como a pessoa se senta, a postura durante a sessão.
Vinheta clínica 4
- Um jovem de 24 anos buscou terapia após enfrentar problemas disciplinares em sua faculdade.
- Estava vestido casualmente e chegou na hora.
- Já sentado, retira do bolso um maço de cigarros e um isqueiro sujo, colocando-os na mesa que, em diagonal, ficava entre ele e o analista.
- Analista fica levemente incomodado com a “coisa suja” em sua mesa limpa.
- Paciente conta que os professores o consideravam provocativo. A partir desse relato, analista pergunta se ele acha que brandir cigarros em um consultório é provocativo.
- O paciente sorriu e disse “touché”
Vinheta clínica 5
- Paciente vem para consulta com enorme decote e saia bem curta.
- Senta de forma quase deitada. Seus pés esticados quase tocam o do analista.
- Analista fica desconfortável e pensa que ela pode ter sido abusada quando criança. Mas não recuou o pé imediatamente.
- A história de abuso pelo pai logo veio à tona.
- Analista retira o pé e diz que suaforma de sentar, criando a possibilidade de contato físico, tinha a ver com o que tinha acontecido em seu passado.
- Talvez estivesse induzido no analista uma situação de desconforto devido a uma proximidade indevida, para que ele pudesse saber como ela se sentia.
- Talvez estivesse o testando, para saber se era seguro estar com o analista.
- Ela sentou mais ereta, chorou e revelou gradativamente uma história de muitas explorações sexuais, incluindo 2 estupros durante a vida adulta.
Os seguintes pontos devem ser observados:
(i) Analista percebeu quase que de imediato que a paciente estava tentando comunicar algo através de uma ação, 
(ii) aguardou um pouco para ver como isso de desdobraria,
(iii) não respondeu com uma contra-atuação, 
(iv) fez um comentário interpretativo na forma de um questionamento gentil, e 
(v) referiu-se à ação somente após um material que apoiasse sua hipótese se tornou disponível nas palavras faladas da paciente. 
Durante a fase inicial do tratamento
- A tendência de comunicar sentimentos por meio de ações se intensifica quando o paciente decide sair da poltrona para o divã. A perda de contato visual amplia a distância.
- O analista precisa estar atento às estratégias do paciente para compensar sua distância.
- Por exemplo: falar rápido e incessantemente; encolher-se como uma bola para se conter; resmungar ou algo mais para incitar resposta do analista.
Vinheta clínica 6
- Paciente deita no divã de forma que parte de seu rosto fica virado para o analista.
- Analista não consegue evitar olhar para o rosto.
- Analista entende isso como uma necessidade exibicionista relacionada a ter sido exposta demais à nudez parental na infância. E à angustia de perder contato visual com o analista.
- Mas como a paciente não falava disso, nem direta nem indiretamente, analista não disse nada e aguentou tensão.
- Esse exemplo nos traz algo importante. Não é porque o analista foi capaz de descobrir algo a partir da ação do paciente que isso significa que ele deve fazer uma interpretação. Em alguns casos interpretar pode ser catastrófico.
“Fases iniciais do tratamento demandam especial cautela e é melhor que o analista restrinja sua interpretação a um conceito “próximo da experiência” e contextualmente aos aspectos imediatos da ação do paciente. Mesmo para isso, tem-se que geralmente esperar por uma oportunidade; esta pode vir sob a forma de comentários do próprio paciente sobre a ação, de associações que aproximem a hipótese que a análise tem desenvolvido ao longo do tempo, ou de parapraxias ou sonhos com conexões com a ação em questão”. (P. 119)
Vinheta clínica 7
- Enfermeira de 36 anos procura análise, pois estava ansiosa porque um relacionamento com um homem estava se aprofundando.
- O homem era bom ela gostava dele. Estava se apaixonando e tinha medo de perdê-lo e sofrer.
- Estava se envolvendo devagar.
- Conta que havia sido abusada pelo tio. Contou à mãe, mas esta se recusou a acreditar.
- Analista percebe que ela não deitava por completo no divã. Uma perna ficava para fora, com o pé firme no chão. Isso indicava o medo de “render-se” (e de ser abusada), e de que se envolvia com o analista devagar, em pequenas doses.
Vinheta clínica 8
- No fim de uma consulta, no segundo mês de análise uma paciente jovem sempre propensa a avaliar eventos do ponto de vista psicológico, oferece ao analista uma sacola cheia de maças.
- Analista agradeceu mas disse que não poderia aceitar. Lamentou caso isso a ferisse e disse que sua intenção não era magoá-la.
- E acrescentou: o que lhe vêm à mente sobre maçãs? Ela respondeu: “A fruta proibida”.
- Paciente fica corada e diz: “eu entendi”.
- Essa sessão demonstra como a firme manutenção da estrutura terapêutica e o convite à paciente para se tornar mais curiosa podem estabelecer as bases de uma boa aliança.
- Quando e como interpretar permanece uma questão central.
Vinheta clínica 9
- um paciente de 50 anos, sempre antes de ir embora, parava diante da porta, olhava para o analista e dizia o dia e a hora da próxima consulta. Falava em tom questionador: terças 14h?
- Analista se sente 100% obrigado a acenar com a cabeça em concordância. Mover a cabeça estava fora de seu controle. Era muito poderosa a pressão.
- O analista questionou sua supervisora: devo acenar? Ela riu e disse que deveria fazer aquilo que lhe parecesse natural. Existiam, disse ela, dois aspectos mais importantes: 1) O que motiva o paciente a fazer isso?; 2) Por que o analista está ansioso em responder sua necessidade?
- E sugeriu que ele deveria esperar até que algum material envolvendo perda, ansiedade de separação, etc., aparecesse de forma verbal, antes de interpretar.
Vinheta clínica 10
- Lembro-me de um paciente que lidava muito mal com rupturas e frustações de qualquer natureza. Certa vez, tive que mudar seu horário, de quinta para sexta feira. Eu sabia que, de acordo com sua fragilidade, tirá-lo de seu horário seria vivido por ele como um abandono e desafeto. Eu achava que ele sentiria que eu estava oferecendo seu horário a outro paciente. Quando informei ao paciente da necessidade de mudança, ele aceitou de “bom grado”. Não havia, afirmava, problema algum. De qualquer forma, seu horário era flexível e seria bom experimentar um horário diferente.
- Contudo. Por várias semanas, antes de ir embora ele dizia, “até quinta-feira”.
Durante a fase intermediária do tratamento
Vinheta clínica 11
- Uma paciente borderline que fazia 5 sessões de análise por semana, de vez em quando se sentia mais segura de que era aceita pelo analista.
- Cinco sessões não lhe pareciam suficiente, e ela dizia que gostaria de ver o analista ainda mais.
- Quando criança havia sido rejeitada severamente pela mãe.
- Certo dia revela que havia descoberto onde o analista morava, e que havia ido ver a casa dele.
- Analista relaciona isso com seus desejos de tocar a mãe. Ela concorda mas não se aprofunda.
- Interpretações de seu desejo de ver o analista de forma mais completa, etc., não tinham eficácia.
- Começou a visitar a casa do analista com frequência. Às vezes o analista a via passar e reduzir a velocidade do carro. Se sentia invadido e incomodado.
- Era isso uma necessidade desenvolvimental, de vê-lo mais vezes? Ou teria ela medo de tê-lo matado durante os intervalos? Ou seja, era uma defesa contra uma hostilidade reprimida ou uma forma de ter “mais sessões”? 
- Analista acabou entendendo como uma busca necessária para uma satisfação que lhe havia sido negada (na vida e pelo analista, que não podia lhe ver todo dia).
- A paciente se sentiu compreendida e com o tempo parou de passar pela casa do analista.
Vinheta clínica 12
- Paciente vinha relatando crueldade e egoísmo de sua mãe.
- Após contar um incidente desses, analista pergunta a ela como achava que a mãe estava se sentindo quando agiu assim.
- Paciente tentou responder, mas ficou apática, imóvel, suas mãos, que até então gesticulavam, ficaram imóveis.
- Analista chama a atenção dela e pergunta se seu comportamento estava ligado à sua pergunta.
- Acusa analista de estar mais preocupado com a mãe do que com ela. Além disso, ele parecia estar criticando-a: “Pare de reclamar e entenda sua mãe”.
- Analista percebe que de certa forma fizera isso. Havia tentado ajudar a paciente a lidar com o comportamento da mãe, entendendo os sentimentos que estavam subjacentes ao mesmo. Mas sem perceber estava sendo impaciente com a paciente e dizendo para ser mais compreensiva.
- Agora a paciente estava crítica em relação ao analista, como estivera em relação à mãe. Todo esse contexto pôde ser trabalhado.
Vinheta clínica 13
- Empresária infeliz no casamento procura análise após desastre financeiro de sua empresa.
- Havia sido roubada pelo contador. Ficou surpresa e sofreu muito de descobrir essa traição.
- No decorrer da análise surgiu um padrão de ser enganada e explorada.
- Era vulnerável a acidentes frequentes, pequenos e grandes.
- Parecia ter necessidade inconsciente de punição. Era filha de sobreviventes do holocausto.
- Seus sofrimentos, sentia desde pequena, eram semprepequenos comparados aos de seus pais.
- Sentia culpa por ter necessidades e desejos.
- Havia se envolvido com drogas.
- Esquecia das sessões, faltava, chegava atrasada. Essas atitudes foram interpretadas como forma de se punir.
- Perdia chaves, identidade, celular. Mais uma vez parecia uma identificação na forma de culpa com os pais sobreviventes do holocausto.
- Conforme o analista foi interpretando, fantasias acerca do sofrimento de seus pais foram emergindo.
Vinheta clínica 14
- Advogada de sessenta e poucos anos desenvolveu doença grave enquanto estava em análise.
- Em sessão, na qual falava de sua saúde e dos efeitos colaterais do tratamento contra o câncer, pegou um objeto da mesa que ficava entre ela e o analista e ficou “brincando” com ele.
- Ela não tinha parentes próximos, marido ou filhos; e o analista pensou que essa atitude significava que ela queria ficar em contato com ele, mais próxima.
- Será que ela queria um conforto físico? Um abraço?
- Analista achou que aquela era uma forma aceitável de deixar ela sentir essa proximidade. E achou que não deveria interferir com uma interpretação.
Durante a fase de término do tratamento
Vinheta clínica 15
- Paciente inicia análise devido a seus conflitos com figuras de autoridade e instabilidade profissional.
- Exigia excelência moral e profissional de seus superiores. Quando o desapontavam ficava bravo.
- Orgulhava-se por ser confiável, por admitir errar, e por ser exigente consigo mesmo.
- Ele tinha uma história de idealizar e se frustrar com pai. Este sempre lhe prometia grandes gratificações, mas nunca cumpria.
- Esperava o máximo do analista, e se frustrou ao ter um analista comum, não sedutor.
- Prometia coisas ao analista e não “cumpria”.
- Tudo isso era interpretado e relacionado a sua relação com pai. E também com os chefes, pois exigia destes a perfeição. Isso ajudou a melhorar suas relações no trabalho.
- No último mês de análise fez um cheque para pagar o analista num valor 10 vezes maior.
- Havia atuado o papel bombástico do pai. Analista interpretou, pois se sentiu como ele era ludibriado com as promessas do pai.
Observações finais
- Ações podem “falar” mais alto do que palavras, e palavras podem ser ditas para se evitar comunicação.
- Que tipo de ação necessita maior atenção? São 3: 1) Comportamento incomum ou bizarro. (paciente se recusa a sentar ou vem sem camisa). 2) Comportamento ameaça quebrar a estrutura terapêutica (paciente não conta seu nome ou cancela demais as consultas). 3) Comportamento é o único dado disponível.
- A maneira e a forma em que os significados dos comportamentos devem ser comunicados variam de acordo com a fase do tratamento entre outros fatores. No início são sempre extra transferenciais e visam ser gentis e ampliar a narrativa. Com o tempo dá para adentrar a transferência. Às vezes, interpretações transferenciais podem ser necessárias logo de cara.
- Nem todas as ações devem ser abordadas e decifradas, muitas precisam ser apenas toleradas, respeitadas.
- Cada analista escuta e interpreta a seu modo, motivo pelo qual a supervisão é fundamental.
- No presente capítulo, as ações do analista receberam muito pouca atenção.

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