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Ensaio sobre "Estado, Governo e Sociedade: para uma teoria geral da política" de Norberto Bobbio

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ENSAIO SOBRE “ESTADO, GOVERNO E SOCIEDADE: PARA UMA TEORIA 
GERAL DA POLÍTICA” DE NORBERTO BOBBIO 
 
Luciana Vasconcelos da Costa 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Este ensaio versará sobre os três primeiros capítulos do livro “Estado, governo e 
sociedade – para uma teoria geral da política”, escrito por Norberto Bobbio, intitulados 
“A grande dicotomia: público/privado”, “A sociedade civil” e “Estado, poder e 
governo” respectivamente. Esses capítulos abordam as origens do direito público, do 
direito privado e da sociedade civil, além de apresentar uma compreensão sobre o 
Estado e a Sociedade. 
 
2 ESTADO, GOVERNO E SOCIEDADE 
 
No primeiro capítulo, intitulado “A grande dicotomia: público/privado”, Bobbio 
apresenta a origem do Direito Público e do Direito Privado na história do pensamento 
político e social do ocidente através da obra jurídica Corpus iuris. Além disso, o autor 
os expõe como uma grande dicotomia, traçando comparações e objetivos das 
dicotomias, como delimitação e representação. Inclusive, ao versar sobre as definições 
das dicotomias, bem com as do Público e do Privado, Bobbio (2007, p. 14) diz que “os 
dois termos de uma dicotomia condicionam-se reciprocamente, no sentido de que se 
reclamam continuamente um ao outro” e conclui que os termos de uma dicotomia se 
delimitam reciprocamente. 
Ainda dentro do campo da definição e da delimitação, Bobbio (2007, p. 14-15) 
explana que nessa grande dicotomia público/privado a supremacia do primeiro sobre o 
segundo acompanha “a diferenciação entre aquilo que pertence ao grupo enquanto tal, à 
coletividade, e aquilo que pertence aos membros singulares”. 
Também no primeiro capítulo, Bobbio traz outras dicotomias das ciências 
sociais relevantes que complementam a público/privada. Segundo o autor, essas 
dicotomias podem até mesmo substituir a dicotomia em questão no capítulo. Como 
exemplo disso, a distinção carregada pela dicotomia “Sociedade de iguais e sociedade 
de desiguais” é uma representação da dicotomia público/privada. Outras dicotomias 
apresentadas por Bobbio como complementares e substitutivas à dicotomia 
público/privada são “lei e contrato”, onde a lei é uma fonte do direito público e o 
contrato do direito privado, e “justiça comutativa e justiça distributiva”. 
O valor atribuído a essa dicotomia, bem como uma explanação sobre os seus 
significados também são debatidos por Bobbio no primeiro capítulo. 
Essas abordagens de Bobbio trazem uma compreensão do direito público e do 
direito privado, além de ampliar o entendimento através de outras dicotomias. 
O título do segundo capítulo, “A sociedade civil”, já sugere uma discussão sobre 
as origens, características, definições e interpretações do termo. Bobbio, ao falar sobre a 
sociedade civil, ainda aborda dicotomias, trazendo um entendimento sobre Estado para 
então versar sobre o tema basilar do capítulo. 
Bobbio explana sobre a sociedade civil, fazendo referência e apresentando 
abordagens de diversos autores, como August Ludwig von Schlozer, Thomas Paine, 
Hegel, Marx, Hobbes, Ferguson, Kant, Rousseau. O autor, nesse capítulo, procura 
diferenciar a sociedade civil de Estado, traçando comparações entre as definições de 
filósofos e historiadores acerca do assunto, tendo em vista que o termo “sociedade civil” 
foi tratado muitas vezes como sinônimo de Estado. De acordo com Bobbio, para 
Maquiavel, por exemplo, o Estado deixou de ser definido como uma forma de 
sociedade, se tornando um Estado-máquina. 
 
O autor defende a contraposição entre a sociedade civil e o Estado, apesar de 
debater a estatização da sociedade. Segundo Bobbio (2007, p, 49), 
 
A ideia de que a sociedade civil é o anteato (ou a contrafação) do Estado 
entrou de tal maneira na prática cotidiana que é preciso fazer um grande 
esforço para se convencer de que, durante séculos, a mesma expressão foi 
usada para designar aquele conjunto de instituições e de normas que hoje 
constituem exatamente o que se chama de Estado, e que ninguém poderia 
mais chamar de sociedade civil sem correr o risco de um completo mal-
entendido. 
 
Sendo assim, Bobbio (2007, p. 52) conclui o segundo capítulo afirmando que 
“sociedade e Estado atuam como dois momentos necessários, separados mas contíguos, 
distintos mas interdependentes”, reafirmando a contraposição defendida por ele como 
de uso corrente. 
No terceiro capítulo, “Estado, poder e governo”, Bobbio primeiramente 
apresenta duas fontes de estudo do Estado: a história das instituições políticas e a 
história das doutrinas políticas. Quando o autor versa sobre o estudo, faz divisão através 
de óticas diferentes. Primeiro, aborda a filosofia política, trazendo três tipos de 
investigação, a da melhor forma de governo, a do fundamento do estado e a da essência 
da categoria do político ou da politicidade. 
Em seguida, Bobbio apresenta a ciência política como uma investigação no 
campo da vida abrangendo como condições o princípio da verificação como critério de 
aceitabilidade dos resultados, o uso de técnicas da razão para uma explicação causal do 
fenômeno investigado e a abstenção de juízos de valor. 
Após, o autor expõe o ponto de vista sociológico e jurídico do Estado, 
apresentando a distinção entra as doutrinas sociológica e jurídica, de Jellinek. Bobbio 
(2007, p. 56) afirma que essa distinção se tornou “necessária em seguida à tecnicização 
do direito público e à consideração do Estado como pessoa jurídica, que dela derivara”, 
acrescentando que, através do direito, o Estado era uma forma de organização social que 
não podia ser dissociado da sociedade e das relações sociais subjacentes. Corroborando 
essa ideia de Estado social, Bobbio (2007, p. 57) finaliza a abordagem dessa ótica 
sociológica e jurídica afirmando que as teorias jurídicas do Estado foram abandonadas e 
que os estudos de sociologia política adquiriram força, tendo em vista o Estado como 
uma forma complexa de organização social, em que o direito é apenas um elemento 
constitutivo. 
Com esse fecho, Bobbio abre espaço para introduzir as teorias marxista e 
funcionalista, que se diferenciam no conceito de ciência, no método e na colocação do 
Estado no sistema social. O autor ainda utiliza a sociedade, os governantes e os 
governados para explanar sobre o estudo do Estado. 
Ainda no terceiro capítulo, Bobbio expõe a história do Estado, desde a origem 
do nome ao nascimento do Estado no início da era moderna, apresentando também uma 
ampla discussão acerca da descontinuidade e da continuidade do termo “Estado”. 
 
Em outras palavras, o termo "Estado" deveria ser usado com cautela para as 
organizações políticas existentes antes daquele ordenamento que de fato foi 
chamado pela primeira vez de "Estado": o nome novo nada mais seria do que 
o sinal de uma coisa nova. O debate freqüentemente assumiu a forma de uma 
resposta a perguntas do seguinte gênero: "Existiu uma sociedade política 
passível de ser chamada "Estado" antes dos grandes Estados territoriais com 
os quais se faz começar a história do Estado moderno?" Ou então: "O 
adjetivo 'moderno' é necessário para diferenciar uma realidade que nasceu 
com o nome de 'Estado' e para a qual portanto qualquer outra especificação é 
inútil?" Ou ainda: "O que é que o adjetivo 'moderno' acrescenta ao 
significado já rico de 'Estado' que já não esteja no substantivo que de fato os 
antigos não conheciam?" 
 
 Ainda sobre o Estado, Bobbio apresenta o poder através de três aspectos: 
substancialista, interpretação de Hobbes de que o poder é possuído e utilizado como 
um bem qualquer; subjetivista, interpretação de Locke de que o poder é a capacidade 
de obter certos efeitos, e relacional, em que o poder deve ser entendido como uma 
relação entre sujeitos. O autor segue a discussão sobre poder apresentando suas formas 
(poderes político, econômico e ideológico) e fundamentos. 
 Em seguida o autor aborda os elementos constitutivos do Estado –o povo, o 
território e a soberania –, além do governo das leis e os limites internos, em que temos 
como exemplo a separação dos poderes, e externos, em que a relação entre Estados é 
abrangida. 
Ao versar sobre as formas de governo, Bobbio explica que há distinção entre 
elas e os tipos de Estado. O autor traz então as tipologias clássicas de governo conforme 
filósofos de suma importância para entendimento do Estado, como Aristóteles 
(monarquia, aristocracia, democracia), Maquiavel (monarquia e república) e 
Montesquieu (monarquia, república e despotismo). 
Sobre os tipos de Estado, o autor afirma que 
 
podem-se distinguir as diversas formas de Estado à base de dois critérios 
principais, o histórico e o relativo à maior ou menor expansão do Estado em 
detrimento da sociedade (um critério que inclui também aquele fundado 
sobre as diversas ideologias). 
 
 No critério histórico, o autor apresenta os Estados feudal, estamental, absoluto e 
representativo. A partir do Estado representativo, que coincide com as fases de 
expansão dos direitos políticos, Bobbio explana sobre os Estados socialistas, o não-
Estado, o Estado máximo e mínimo, além do Estado liberal. 
Bobbio encerra o terceiro capítulo com uma ampla discussão sobre a 
importância do Estado, através de uma contraposição entre concepção positiva e 
concepção negativa do Estado. 
 
3 CONCLUSÃO 
 
Já no primeiro capítulo, quando Bobbio trata sobre a sociedade de iguais e 
sociedade de desiguais, pode-se traçar um paralelo com as relações de horizontalidade e 
verticalidade do Direito Administrativo no Brasil. Além disso, o Direito Administrativo 
brasileiro também é lembrado através do princípio da indisponibilidade do interesse 
público e do princípio da supremacia do interesse público sobre o privado quando o 
autor versa sobre o primado do público. Esses paralelos iniciais são importantes para o 
entendimento da origem da res publica e de sua presença no estudo do Direito 
Administrativo brasileiro. 
Quando se trata do terceiro capítulo, em que deveria ser possível traçar paralelos 
com o contexto atual, nota-se que a sociedade e o Estado brasileiro presenciam 
atualmente uma grande desordem no pensamento, sendo difícil entender a 
desconstrução que se vê no Brasil. 
 
REFERÊNCIA 
 
BOBBIO, Norberto. Estado, governo e sociedade: para uma teoria geral da política. Rio 
de Janeiro: Paz e Terra, 2007.

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