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Accountability e Transparência na Administração Pública

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ENSAIO SOBRE ACCOUNTABILITY E TRANSPARÊNCIA 
 
Luciana Vasconcelos da Costa 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 Este ensaio irá tratar da accountability e da transparência na administração 
pública tendo como base em alguns pontos abordados nos artigos “Accountability: 
quando poderemos traduzi-la para o português?”, de Anna Maria Campos, 
“Accountability: já podemos traduzi-la para o português?”, de José Antonio Gomes de 
Pinho e Ana Rita Silva Sacramento, e “Transparência e controle social na administração 
pública”, de Vanuza da Silva Figueiredo e Waldir Jorge Ladeira dos Santos. 
 
2 ACCOUNTABILITY 
 
 O artigo de Campos, “Accountability: quando poderemos traduzi-la para o 
português?”, produzido em 1987 e publicado nos anos 1988 e 1990, em uma coletânea 
de textos e na Revista de Administração Pública respectivamente, aborda a 
accountability a partir de uma preocupação em explicar seu conceito, significado e 
aplicação, para que o termo seja compreendido, uma vez que, até aquele momento, não 
havia uma tradução para a língua portuguesa. 
 A fim de contribuir para a compreensão de accountability, dezenove anos após a 
publicação do artigo de Campos, José Antonio Gomes de Pinho e Ana Rita Silva 
Sacramento publicaram na Revista de Administração Pública um artigo que dialoga 
com o de Campos, intitulado “Accountability: já podemos traduzi-la para o português?”. 
 Campos (1990), ao traçar sua busca pelo significado de accountability, 
fundamenta-se na compreensão de Frederich Mosher do termo como sinônimo de 
responsabilidade objetiva, embutindo também um caráter de obrigação no conceito. 
Além disso, a autora relaciona accountability com o estágio democrático, afirmando que 
quanto mais avançado esse estágio, maior é o interesse pela accountability e que há um 
acompanhamento no avanço dos valores democráticos. 
 Por outro lado, Pinho e Sacramento (2009, p. 1347-1348) procuram compartilhar 
a compreensão sobre o tema e abordam a accountability afirmando que o termo carrega 
a ideia de responsabilização pessoal pelos atos praticados e de prontidão para a 
prestação de contas, conceituando então como “a responsabilidade, a obrigação e a 
responsabilização de quem ocupa um cargo em prestar contas”. 
 Campos (1990, p. 35) afirma ainda que a qualidade das relações entre governo e 
cidadão, por exemplo, determina o exercício da accountability. Assim, a autora 
condiciona a democracia e a accountability do serviço público à participação e ao 
controle pela sociedade. Pinho e Sacramento (2009, p. 1356) trazem como um exemplo 
do exercício da accountability no Brasil o impedimento do presidente Fernando Collor 
de Mello em 1992, em que a sociedade exerceu seu controle social sobre o governante. 
 Pinho e Sacramento (2009, p. 1365) mostram no artigo um avanço significativo 
pela busca de uma palavra equivalente à accountability na língua portuguesa, entretanto 
concluem que a perspectiva de aplicação da accountability no Brasil, apresentada por 
Campos em 1990, não teve muita evolução em duas décadas, afirmando que o país 
ainda está longe de consolidar a cultura de accountability. 
 
3 TRANSPARÊNCIA E CONTROLE SOCIAL 
 
 O controle social, abordado por Campos (1990) e por Paulo e Sacramento (2009) 
como uma ferramenta necessária para a accountability, é discutido por Figueiredo e 
Santos (2013) a partir da transparência. 
 Para facilitar o controle pela sociedade, é importante que os cidadãos saibam 
como os recursos públicos são utilizados, a transparência das informações permite uma 
participação maior desses cidadãos e o controle social. Sendo assim, Figueiredo e 
Santos (2013) apresentam como exemplos de mecanismos para facilitação do controle 
social a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, e a Lei Complementar nº 101, de 4 
de maio de 2000, conhecidas, respectivamente, como Lei de Acesso à Informação e Lei 
de Responsabilidade Fiscal, entre outros exemplos legais citados pelo autor. 
 Esse controle social direciona a discussão para a accountability e, para isso, é 
debatida a governança, conceituada por Bizerra (2011 apud Figueiredo e Santos, 2013) 
como um conjunto de princípios e práticas que dirigem a administração pública para a 
obtenção de eficiência, eficácia e efetividade nos resultados, através da melhoria no 
gerenciamento dos processos e atividades, para promover a prestação de contas 
responsável e a transparência das ações. Com isso, a transparência e a accountability 
são princípios tomados pela governança para que haja o controle. 
 
4 CONCLUSÃO 
 
 Nos três artigos vemos uma evolução, ainda que pequena, da democracia 
brasileira e da participação social no país. Por mais que existam as ferramentas para 
colocar em prática a responsabilização – possível tradução que Pinho e Sacramento 
(2009) apresentam para o termo accountability – e o controle social. 
 A partir das leituras anteriores dos textos de Norberto Bobbio e Marilena Chauí, 
já se tinha a percepção do quanto a democracia brasileira tem a evoluir e se consolidar, 
entretanto com as reflexões sobre transparência, accountability e controle social 
compreende-se que essa evolução e consolidação está longe. 
Essa falta de perspectiva de alcançar um estágio avançado de democracia, no 
que se refere à accountability e ao controle social, talvez se dê pela falta de 
conhecimento, de conscientização ou de interesse da sociedade da necessidade de 
analisar, controlar e buscar respostas. 
 Quanto à transparência, atualmente o que se vê é um retrocesso, tendo em vista 
que o atual governo está se mostrando autoritarista e não tem interesse que a sociedade 
saiba de dados importantes e relevantes para o exercício do controle social. 
Além disso, a sociedade brasileira passa por um momento de fragmentação e 
inércia. E isso nos leva à afirmação de Campos (1990, p. 7) quanto aos períodos 
alternados de autoritarismo e populismo da história da democracia brasileira e ao fato 
do traço cultural brasileiro ser marcado pela submissão do cidadão. 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
FIGUEIREDO, V. S. & dos SANTOS, W.J.L. Transparência e controle social na 
administração pública. Temas de Administração Pública, 8(1), 2013. 
 
CAMPOS, Anna Maria. Accountability: quando poderemos traduzi-la para o português? 
Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, fev./abr. 1990. 
 
PINHO José Antonio Gomes de; SACRAMENTO, A. R. S. Accountability: já podemos 
traduzi-la para o português? RAP, Rio de Janeiro 43(6):1343-1368, nov./dez. 2009.

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