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NATHÁLIA LAFFIN Professor autor/conteudista É vedada, terminantemente, a cópia do material didático sob qualquer forma, o seu fornecimento para fotocópia ou gravação, para alunos ou terceiros, bem como o seu fornecimento para divulgação em locais públicos, telessalas ou qualquer outra forma de divulgação pública, sob pena de responsabilização civil e criminal. SUMÁRIO Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 Unidade 1 – Visão geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 1.1 Financiamento da infraestrutura rodoviária no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6 1.2 Financiamento da infraestrutura ferroviária no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9 1.3 Financiamento da infraestrutura portuária no Brasil. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12 1.4 Financiamento da infraestrutura aérea no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 2.1 Contabilidade de custos no cetor de transportes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19 2.1.1 O que é a contabilidade de custos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 2.1.2 Custos no setor de transportes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 2.2 Conceituando custos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 2.2.1 Conceitos básicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 2.2.2 Classificação de custos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 2.2.3 Critérios de rateio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 2.2.4 Tipos de custos no setor de transporte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 2.2.5 Custo marginal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 2.2.6 Custo-padrão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 2.3 Métodos de custeio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 2.3.1 Custeio por absorção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 2.3.2 Custeio por variável . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 2.3.3 Custeio ABC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 2.4 Utilização dos custos no planejamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31 2.4.1 Margem de contribuição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 2.5 Ponto de equilíbrio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 Unidade 3 – Visão geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 3.1 Formação de custos para transportes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 3.1.1 Custo direto e indireto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 3.1.2 Custo fixo e variável . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 3.1.3 Apuração de custos para tarefas para transportes . . . . . . . . . . . . . 45 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 Unidade 4 – Custos: elaboração e gestão do orçamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 4.1 Orçamento de Produção. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .51 4.1.1 Elaboração do Orçamento de Produção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 4.1.2 Métodos de Produção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 4.1.3 Método de Produção no nível das vendas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 4.1.4 Método de Produção por ciclos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 4.1.5 Método de Produção constante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 4.1.6 Controle de estoques . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 4.2 Plano de Custos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 4.2.1 Métodos de Rateio do CIF - Custo Indireto de Fabricação . . . . . . . . . 58 4.2.2 Custos de Produção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 4.2.3 Custos de Compras e Materiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 4.2.4 Custos com Vendas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 4.3 Orçamentos de investimentos, de despesas e financeiro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .62 4.3.1 Orçamento de investimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 4.3.2 Orçamento de despesas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64 4.3.3 Orçamento financeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 4.4 Gestão de custos na área de transportes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .67 4.4.1 Custos na área de transportes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 4.4.2 Receitas na área de transportes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68 4.4.3 O orçamento na área de transportes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68 Pág. 5 de 17 GESTÃO DE CUSTOS NO TRANSPORTE INTRODUÇÃO Olá! Seja bem vindo(a) ao primeiro capítulo da disciplina Gestão de Custos no Transporte. Nesse capítulo, denominado Infraestrutura de transportes, você irá estudar o financiamento da infraestrutura de transportes no Brasil, compreendendo as principais características e fonte de recursos utilizadas nos diferentes setores de transporte brasileiro: rodoviário, ferroviário, portuário e aéreo. A ideia de estudar o financiamento da infraestrutura dos setores rodoviário, ferroviário, portuário e aéreo brasileiro busca fazer com que o aluno entenda a concepção de financiamento de infraestrutura e sua relação com a competitividade nesses setores sob o âmbito produtivo. Vamos lá?! Pág. 6 de 17 UNIDADE 1 -INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES UNIDADE 1 – VISÃO GERAL 1.1 Financiamento da infraestrutura rodoviária no Brasil A infraestrutura de transportes brasileira corresponde a toda a rede física disponível para o transporte de pessoas e de bens e abrange diferentes modais – dentre eles, o rodoviário. O Brasil possui 1.563,6 mil quilômetros de malha rodoviária, distribuídas em rodovias estaduais e municipais (94,7% de toda a quilometragem) e federais (5,3% de toda a quilometragem). Nesse contingente, apenas 213,5 mil quilômetros encontram-se pavimentados, conforme dados apresentados pelo Ministério da Infraestrutura (2020a). Tabela 1: Infraestrutura de transportes rodoviários brasileira Estadual e municipal Federal Total Malha rodoviária 1.480,7 mil km 82,9 mil km 1.563,6 mil km Malha rodoviária pavimentada 148 mil km 65,5 mil km 213,5 mil km Fonte: Adaptado de Ministério da Infraestrutura (2020). A infraestrutura rodoviária representa todos os elementos que possibilitam o tráfego de carros, ônibus, caminhões e motocicletas.Certamente, você já andou por uma rodovia brasileira. A nomenclatura das rodovias federais é definida pela sigla BR e seguida por três algarismos, sendo que o primeiro remete à categoria da rodovia (radial – 0, longitudinal – 1, transversal – 2, diagonal – 3 e de ligação – 4) e os outros dois algarismos referem-se à posição (definida a partir da orientação geral da rodovia) relativamente à Capital Federal e aos limites do país (Norte, Sul, Leste e Oeste). A BR-101 é, portanto, uma rodovia federal e trata-se de uma rodovia longitudinal. As rodovias estaduais e municipais seguem a mesma lógica, sendo a sigla do estado a nomenclatura utilizada (SC–401). Pág. 7 de 17 A BR–101 é a mais famosa dentre as rodovias, mas a mais extensa é a BR-116, que perpassa 10 estados brasileiros e possui 4.660 km de extensão. Apesar de os investimentos realizados pelo Governo Federal no âmbito de todos os modais, o transporte rodoviário ainda é o mais representativo no deslocamento de cargas no Brasil. De acordo com dados do Ministério da Infraestrutura (2020), o investimento realizado, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no setor rodoviário, em 2017, foi de R$ 8.046 bilhões VOCÊ SABIA? Você sabia que o Ministério da Infraestrutura brasileiro possui um Radar Anticorrupção dedicado à prevenir as ações de condutas fraudulentas que possam vir a ocorrer no mesmo?! Se quiser saber mais sobre o assunto, você pode acessar o site do Ministério da Infraestrutura e conferir: www. infraestrutura.gov.br/radar-anticorrupcao.html O Governo é, portanto, um grande financiador da infraestrutura de transportes, mas quando se fala em financiamento da infraestrutura rodoviária no Brasil, antes de mais nada, devemos observar o que está disposto no decreto que regulamenta esse fundo de financiamento: por intermédio do Decreto-Lei nº 8.463 de 27 de dezembro de 1945 foi criado o Departamento de Estradas e Rodagem e para administrar os recursos utilizados na manutenção e criação de estradas, foi criado o Fundo Rodoviário Nacional. Com o passar do tempo, o Brasil passou por um processo de desaceleração do crescimento e isso culminou na redução drástica de investimentos públicos para o setor de rodovias. Por conta desse impacto, o Estado decidiu transferir a responsabilidade dos investimentos em infraestrutura do setor rodoviário, para a iniciativa privada. Prosdocimi e Linhares (2006), apontam que o Brasil passou a seguir um modelo internacional de parceria público-privado e, neste sentido, a partir da década de 90, o Estado iniciou o processo de transferência de responsabilidade. http://www.infraestrutura.gov.br/radar-anticorrupcao.html http://www.infraestrutura.gov.br/radar-anticorrupcao.html Pág. 8 de 17 Figura 1: Infraestrutura rodoviária Fonte: Plataforma Deduca (2020). Essa transferência de responsabilidade passou a ser chamada de Parcerias Público Privadas, realizadas principalmente por meio de concessão, na qual, empresas nacionais e estrangeiras passaram a participar de licitações propostas pelo governo e a empresa que estivesse dentro dos padrões exigidos assumia a responsabilidade pela infraestrutura das rodovias. A Confederação Nacional de Transportes (CNT), esclarece os motivos pelos quais o Estado adotou essa medida: Diante das dificuldades de realização de investimentos diretos pelo governo na manutenção e expansão das rodovias, adotou-se a alternativa de participação da iniciativa privada no provimento de infraestrutura de transporte via concessões. Desde a década de 1990, o país passou a adotar esse instrumento como forma de oferecer os investimentos necessários nas rodovias. Concomitantemente, o instrumento auxiliou no controle do resultado fiscal, com a diminuição de obrigações para com esses ativos como custos de manutenção e conservação, entre outros. (CNT, 2017). Compreende-se que no primeiro momento, a abertura das concessões para investimentos em infraestrutura rodoviária foi uma estratégia do governo, visando reduzir a carência orçamentaria. Portanto, o setor rodoviário nacional pode contar com dois diferentes mecanismos de financiamento de sua infraestrutura, incluindo os recursos destinados recuperação e manutenção: 1. Orçamento Fiscal, como principal fonte de recursos; e 2. As concessões comuns, alternativa que o governo federal já vem utilizando desde a segunda metade da década de 1990, e que, conforme visto, está próxima de seu limite. https://delinea.deduca.com.br/mediabank/3860 Pág. 9 de 17 Figura 2: Rodovias brasileiras Fonte: Plataforma Deduca (2020). Sempre encerrar um tópico com algum texto. Exemplo: Agora que você compreendeu como ocorre o financiamento da infraestrutura rodoviária no Brasil, vamos estudar os principais aspectos do financiamento da infraestrutura ferroviária no Brasil. 1.2 Financiamento da infraestrutura ferroviária no Brasil Assim como a infraestrutura rodoviária, o financiamento da infraestrutura ferroviária esteve durante anos sob a responsabilidade do poder público, tendo o seu financiamento incluído nos orçamentos de diversos governos. A partir 1992 o Brasil aprovou o decreto de desestatização, o Decreto nº 473, de 10 de março de 1992, visava incluir o Programa Nacional de Desestatização da Rede Ferroviária. O objetivo principal desse programa era ampliar a oferta de serviços e expandir a melhoria dos mesmos. Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) os principais objetivos da desestatização estavam relacionados a desoneração do estado, melhorias na alocação de recursos, aumento da eficiência operacional, além de fomentar o desenvolvimento dos transportes e melhorar a qualidade do serviço. https://delinea.deduca.com.br/mediabank/4452 Pág. 10 de 17 Figura 3: Infraestrutura ferroviária Fonte: Plataforma Deduca (2020). Mais uma vez o governo aposta na parceria público-privado para equilibrar o orçamento público, entrando, diferente do setor rodoviário, as ferrovias estão em processo de concessão, ou seja, nem todas as ferrovias nacionais estão sob responsabilidade de empresas privadas. De acordo com dados publicados pela CTN (2017), o setor ferroviário apresentou crescente aumento no transporte de carga. Todavia, esse aumento significativo não se relaciona diretamente com as concessões fornecidas pelo governo. Após a parceria público-privado, o governo federal continuou investindo em infraestrutura da malha ferroviária, porém em proporções menores ao da iniciativa privada. Tal investimento envolveu a ampliação das linhas férreas, locomotivas e novos vagões. Um dos pontos relevantes do contrato de concessão é a obrigação do concessionário de prestar serviço de transporte ferroviário a todos os usuários interessados, mediante pagamento de uma tarifa. Além disso, só estabelecidas tarifas máximas para a prestação destes serviços. O gráfico obtido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada mostra o crescimento no investimento no setor ferroviário. https://delinea.deduca.com.br/mediabank/3773 Pág. 11 de 17 Figura 1: Investimentos em ferrovias no Brasil (em milhões de reais) 6,00 5,00 4,00 3,00 2,00 1,00 0,00 0,69 0,22 0,17 PúblicoPrivado Total 0,32 0,43 0,61 1,01 1,111,11 1,80 1,89 2,83 4,50 3,31 3,73 1,67 2,66 4,19 4,48 5,49 3,88 5,53 2,88 2,77 2,98 3,12 2,55 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Fonte: Brasil (2012) Tais investimentos visavam ampliar a demanda do transporte ferroviário, e melhorar a capacidade do atendimento aos usuários do serviço. Figura 4: Ferrovias brasileiras Fonte: Plataforma Deduca (2020). https://delinea.deduca.com.br/mediabank/3754 Pág. 12 de 17 As ferrovias em construção pelo governo federal têm, em princípio, o propósito de complementar os investimentos do setor privado, nos casos em que não existam condições de risco e retorno suficientes para atrair investidores neste setor. Entretanto, a maior parte das ferrovias previstas no PAC,e em outros planos de investimento do governo, atende a regiões que são grandes produtoras de bens agrícolas e minerais ou que tem forte potencial de produção Com isso, é bem provável que estas ferrovias sejam interessantes para o investidor privado, podendo liberar o recurso público para outras aplicações. Na década de 2000, a maior parte do investimento em ferrovias no Brasil foi realizada pelo setor privado, tendo em vista que um dos objetivos do processo de privatização para transferir para a iniciativa privada a obrigatoriedade dos investimentos. Os investimentos privados permitiram recuperar a malha ferroviária, que estava em grande parte deteriorada, devido aos vários anos de baixo investimento durante a crise fiscal dos anos 1980 e 1990. A partir de 2008 os investimentos públicos voltaram a ter participação relevante. Com base nessa preocupação, o órgão regulador do setor, a ANTT, está propondo uma regulamentação que permite que usuários invistam nas malhas ferroviárias existentes com direito à utilização da capacidade gerada por seus investimentos. Esta proposta de regulamentação permite que a infraestrutura ferroviária (linhas, pátios e sistemas de controle de tráfego) seja operada por uma entidade que venderia a capacidade de tráfego a diversos prestadores de serviços ferroviários. Tal arranjo permite maior transparência do processo de alocação da capacidade de transporte ferroviário, evitando a discriminação do operador ferroviário em relação aos usuários. Evita-se também que a ferrovia fique ociosa, na medida em que se evidencia a capacidade adquirida por um operador ferroviário que não a utilize, seja por falta de usuários interessados em seu serviço, seja por uma reserva de capacidade – efetuada para utilização futura ou mesmo para impedir que concorrentes de seus produtos utilizem a ferrovia. Agora que você compreendeu como ocorre o financiamento da infraestrutura ferroviária brasileira, vamos estudar os principais aspectos do financiamento da infraestrutura portuária no Brasil. 1.3 Financiamento da infraestrutura portuária no Brasil Ao longo do território nacional, existem aproximadamente 235 instalações portuárias no país, dividas entre públicas e privadas, essa estrutura está dividida entre marítimas e fluviais. A infraestrutura Pág. 13 de 17 portuária brasileira constitui-se como a base para o comércio internacional. Quantas instalações portuárias existem, aproximadamente, no Brasil? Deste total, 18 são delegados, concedidos ou tem sua operação autorizada por parte dos governos estaduais e municipais. Existem ainda 42 terminais de uso privativo e três complexos portuários que operam sob concessão. A gestão da política do setor está sob a responsabilidade da Secretaria Especial de Portos (SEP), vinculada à Presidência da República, exceto quanto aos portos fluviais e lacustres, que são de competência do Ministério dos Transportes (MT). No Brasil temos 8,5 mil quilômetros de costa navegáveis. Ao todo são 37 Portos Organizados, 52 Instalações Portuárias de Pequeno Porte (IP4), 51 Portos Públicos, 13 Eclusas e sete Companhias Docas. Ao todo foram R$ 2,2 bilhões investidos para dragagem e infraestrutura brasileira. As obras de dragagem foram para o Porto de Santos (SP), Vitória (ES), Paranaguá (PR), Rio de Janeiro (RJ) e Itajaí (SC). Infraestrutura foi para Itaqui (MA), Fortaleza (CE), Salvador (BA), Vitória, Santos, Itajaí e de Rio Grande (RS). Figura 5: Infraestrutura portuária Fonte: Plataforma Deduca (2020). https://delinea.deduca.com.br/mediabank/2126 Pág. 14 de 17 Em 2016, o investimento realizado no setor aquaviário (portuário + hidroviário) pelo Ministério via o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) foi de R$ 495,6 milhões. A Hidrovia de São Francisco possui 2.354 quilômetros de extensão, o que faz com que seja o maior trecho navegável do país. Ela passa pelos rios São Francisco, Paracatu, Grande e Corrente. A Bacia do Rio São Francisco, com 641 mil km² de área, representa cerca de 7,5% do território nacional, e se distribui por Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas, Goiás e Distrito Federal. A Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP) apresentou uma proposta para ampliação da infraestrutura dos portos brasileiros. De acordo com a proposta, o objetivo principal está relacionado a ampliação e manutenção dos portos. De acordo com o gráfico divulgado pela ABTP entre os anos de 2002 a 2013, os maiores aportes financeiros para investimentos seriam da iniciativa privada. Figura 2: Comparação dos investimentos público-privados (em bilhões de reais) Privado Público 0202 0303 0404 0505 0606 0707 0808 0909 1010 1111 1212 1313 0,50,5 1,51,5 2,52,5 00 11 33 22 1,281,28 1,871,87 1,861,86 1,131,13 1,441,44 1,741,74 1,231,23 1,711,71 1,681,68 2,662,66 1,641,64 0,660,660,740,74 1,191,191,551,55 1,121,12 1,371,37 0,690,69 0,370,370,370,370,330,330,040,040,810,81 Fonte: ABTP (2014) Atualmente, a infraestrutura de transportes portuários recebe investimentos relevantes advindos do setor privado. Qual foi o principal motivo que fez as empresas privadas aportarem quantias volumosas de investimentos nos portos? O estudo mostra que a iniciativa privada aportou quantias volumosas, visando conseguir as concessões para administrar os portos brasileiros. A partir de 2013 o governo federal sanciona a Lei dos Portos (Lei nº 12.815, de 5 de junho de 2013), visando estimular a concorrência entre as empresas do setor privado, sem perder o direito a exploração dos portos. Vale ressaltar que, as empresas que contempladas com as licitações para administrar os portos brasileiros, necessitam de capital público para implementar obras de expansão e infraestrutura. Os principais financiadores desses recursos são o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Caixa Econômica Federal (CEF). Pág. 15 de 17 Para obtenção do crédito, as empresas precisam licitar os projetos e passar por análises de risco, uma vez que os valores concedidos são quantias extremamente elevadas. SAIBA MAIS Em janeiro de 2020, o governo brasileiro assinou um memorando de cooperação internacional com a Coreia do Sul. O documento define termos de cooperação para incentivar o crescimento econômico e inclui projetos de parques logísticos e desenvolvimento portuário. A iniciativa busca aumentar os negócios entre os países a partir do estímulo entre os setores de serviços do Brasil e do país asiático (BRASIL, 2020). Figura 6: Portos brasileiros Fonte: Plataforma Deduca (2020). 1.4 Financiamento da infraestrutura aérea no Brasil Assim como os demais setores de transportes já mencionados, o setor aéreo também recebe uma atenção especial, quando se refere a financiamento e infraestrutura. https://delinea.deduca.com.br/mediabank/7958 Pág. 16 de 17 O Brasil possui 99 aeroportos espalhados pelo território nacional, o que gera ao orçamento público destinação de grandes quantias de financiamentos para a manutenção e funcionamento. Figura 7: Infraestrutura aérea Fonte: Plataforma Deduca (2020). Neste sentido, o setor aéreo passa pelo processo de privatização, segundo dados fornecidos pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), os leiloes realizados pelo governo geraram uma arrecadação na casa dos bilhões de reais. O governo federal arrecadou cerca de US$ 14 bilhões – cinco vezes mais do que o esperado - com a concessão à iniciativa privada dos aeroportos internacionais de Guarulhos, de Viracopos, em Campinas, e de Brasília, em leilão realizado em fevereiro de 2012, na sede da Bolsa de Valores de São Paulo. (ITA, 2019). A demanda e a oferta de serviços de transporte aéreo continuarão crescendo e pressionando as infraestruturas existentes nos próximos anos. Isto exigir. Respostas mais rápidas dos gestores públicos e privados em relação à adequação de aeroportos são necessárias melhorias no controle de tráfego aéreo e ao aumento da eficiênciadas empresas áreas. Para que haja desenvolvimento do setor aéreo brasileiro, é necessário fomentar acordos bilaterais e abrir novas concessões para empresas nacionais e estrangeiras administrarem os aeroportos brasileiros. https://delinea.deduca.com.br/mediabank/3769 Pág. 17 de 17 CONCLUSÃO Assim, encerramos esse E-book. Esperamos que você tenha aproveitado. Realize as atividades e exercícios para fixar os conceitos e conteúdos – isso é fundamental para sua aprendizagem! A integração modal, caracterizada pela integração da cadeia de transporte através da utilização de diversos modais, se apresenta como uma importante forma de investimento em infraestrutura de transporte, uma vez que a utilização de mais de um modal de transporte traz incrementos na eficiência de cada modal, e pode ser aplicada para para garantir um sistema logístico de transporte mais eficiente ou para otimizar os sistemas de transporte urbano. A disponibilidade de infraestrutura adequada, eficiente e segura é um importante elemento para a determinação do padrão e qualidade de vida de uma região ou País, uma vez que facilita as atividades produtivas, auxiliando na obtenção de uma maior produtividade econômica. Até a próxima! https://politicaspublicas.almg.gov.br/temas/infraestrutura_transporte/entenda/informacoes_gerais.html?tagNivel1=309&tagAtual=10224 Pág. 18 de 33 GESTÃO DE CUSTOS NO TRANSPORTE INTRODUÇÃO De forma inicial, podemos identificar que o transporte nada mais é que a movimentação de produtos de um local de origem para o seu destino, minimizando ao máximo os custos financeiros, temporais e ambientais (BOWERSOX; CLOSS, 2007). Assim, o transporte deve atender às expectativas do cliente, por meio da qualidade de entrega, ou seja, do perfeito estado da mercadoria e do tempo, principalmente produtos com data de validade curta. Portanto, deve-se entregar as demandas conforme foi acordado inicialmente. O transporte pode ocorrer de diversas maneiras, os conhecidos modais. Modais são formas de transporte, como rodoviário, aquaviário, ferroviário e aeroviário. O mais comum, no país, é o rodoviário, devido à facilidade de acesso e à pulverização da malha viária (ARAÚJO; BANDEIRA; CAMPOS, 2014). Além disso, alguns transportes ocorrem de forma multimodal, ou seja, da origem até o destino a carga passa por diferentes tipos de modais. Um exemplo comum é o embarque de carga para cidades do estado do Amazonas. Em nosso exemplo, a carga saiu do estado de São Paulo em um caminhão, modal rodoviário, mas para chegar ao seu destino há a necessidade de percorrer um trecho por meio de uma balsa, ou seja, transporte aquaviário. A troca do meio de transporte torna o transporte como multimodal. O setor de transportes no Brasil é de fundamental importância para o PIB do país, por influenciar diretamente na produção, no comércio e no consumo. O setor de transportes tem algumas particularidades, e uma delas é ser uma métrica para analisar a economia do país. Se a economia está bem, prosperando, existem mais transações entre as empresas e entre empresas e cidadãos. Isso faz com que haja mais deslocamentos de matérias-primas e mercadorias. Por ser um componente importante no preço dos produtos e serviços dos demais setores, percebe-se a importância do transporte. Pág. 19 de 33 UNIDADE 2 - GESTÃO DE CUSTOS NO TRANSPORTE 2.1 Contabilidade de custos no cetor de transportes 2.1.1 O que é a contabilidade de custos A contabilidade de custos surgiu como uma forma de resolver problemas de mensuração monetária dos estoques e resultado, não como uma forma de proporcionar informações para a tomada de decisão (MARTINS, 2016). Assim, o seu desenvolvimento a tornou uma ferramenta que tinha como objetivo simplesmente fornecer informações para cálculo de estoque em uma fonte de informações para a administração, diretamente ligada ao preço do produto e ao lucro. O seu uso foi difundido em empresas de todos os setores, de indústrias a comércios e prestadoras de serviços. Esse último exemplo, inclusive, era tido como o setor com menos necessidade de avaliação de custos, mas que, devido à utilidade da gestão de custos, também passou a usufruir dos benefícios de tal prática. Um dos motivos desse avanço é o aumento dos custos indiretos (veremos seu conceito a seguir), o que acresceu complexidade da gestão de custos (CAIXETA-FILHO; MARTINS, 2001). Se antigamente tratava-se de uma operação simples, como no caso de um sapateiro, apenas com couro, pregos e cola, o desenvolvimento dos produtos e linhas de produção, com diferentes matérias-primas e produtos, trouxe diversas complexidades à formação do preço de venda. Assim, a necessidade de direcionar todos os custos de forma eficiente e retratando a realidade fez com que o gerenciamento de custos fosse aprimorado. Essa evolução trouxe ao dicionário das empresas uma nova terminologia, a gestão estratégica de custos, que nada mais é do que a integração entre o processo de gestão de custos com a gestão da empresa como um todo (MARTINS, 2016). Isso ocorre para alcançar níveis de qualidade, eficiência e produtividade superiores, por meio da redução de custos e eliminação de desperdícios. Portanto, a contabilidade de custos tem o intuito de gerar informações para auxiliar no planejamento e na tomada de decisão. Um gerenciamento de custos bem executado tem a capacidade de tornar o preço do produto e/ou serviço da empresa mais atraente, aumentando a vantagem competitiva frente a concorrentes. Pág. 20 de 33 2.1.2 Custos no setor de transportes Assim como todas as outras áreas, o setor de transporte vem avançando por meio das tecnologias. Com isso a necessidade e a capacidade de apurar os custos logísticos fazem com que as empresas se esforcem para desenvolver cada vez mais o seu gerenciamento de custos, a fim de gerar informações para a tomada de decisão. Nota-se, dessa forma, a importância de investir em tecnologia de informação e contratação de profissionais especializados na área de logística (LIVATO; SOUZA, 2010). O contexto atual das empresas de transporte permite que haja uma medição de consumo e rastreio de desperdícios e perdas de formas inimagináveis há alguns anos, realizada graças ao desenvolvimento da tecnologia. Por meio de todos os avanços e do desenvolvimento da logística, percebeu-se que as informações geradas a partir da análise de custos subsidiavam de forma mais completa a tomada de decisão. Uma análise correta e confiável dos custos permite às empresas melhores tomadas de decisão quanto ao preço e serviço, dando vantagens competitivas frente a concorrentes. O crescimento de análise de custos no setor de transporte também ocorreu pela diversidade de serviços, além da carga convencional. Atualmente, transportadoras lidam com transportes internacionais, multimodais, armazenagem de produtos e serviços customizados para determinado cliente (CAIXETA-FILHO; MARTINS, 2001). Assim, todo esse desenvolvimento abre imensas possibilidades e cria a necessidade do gerenciamento de custos. 2.2 Conceituando custos 2.2.1 Conceitos básicos Para compreender de forma completa os valores desembolsados pelas empresas no decorrer de suas atividades, deve-se aprender três conceitos básicos: gasto, custo e despesa. Apesar de parecerem sinônimos, essas três nomenclaturas têm diferenças e são fundamentais para o gerenciamento de custos de qualquer empresa. O gasto é o sacrifício financeiro arcado pela empresa para a obtenção de um produto ou serviço qualquer (MARTINS, 2016). Esse conceito vem de forma antecessora ao custo e à despesa, já que o gasto pode se dar pela compra de pneus sobressalentes que permanecem no estoque e, Pág. 21 de 33 posteriormente, viram custos para a transportadora conforme o seu uso no dia a dia, assim como materiais de expediente, que serão usados nas atividades administrativas da empresa. O custo está diretamente relacionado com a execuçãoefetiva de um serviço, no caso das empresas de transporte (CAIXETA-FILHO; MARTINS, 2001). Dentro desse conceito, diversos exemplos podem ser mencionados, como pneus, combustível, financiamento dos caminhões e salário dos motoristas, todos relacionados à prestação do serviço. Além disso, o custo pode ser segmentado de várias maneiras, tais como os diretos ou indiretos e os fixos ou variáveis. Essas segregações são conceituadas a seguir. Por fim, a despesa difere-se do custo por não se associar ao serviço. É um bem ou serviço consumido para obtenção de receita, mas não relacionadas à atividade-fim (MARTINS, 2016). Por exemplo, em uma empresa de transportes, o setor administrativo e/ou de recursos humanos tem atribuições que não são partes integrantes da realização do transporte de carga, como a contratação/ demissão de funcionários, assim como o consumo de material de expediente. Isso faz com que os valores relacionados à atividade desses setores sejam despesas e não custos. Assim, é importante compreender o setor e a atividade da empresa a fim de separar os custos e as despesas. Imagem 1: Esquema e fluxo das definições de gastos, custos, despesas e investimentos Gastos DespesasCustos Investimentos AdministraçãoAdministraçãoProduçãoProdução ComunsComuns Depreciação Amortização Depreciação Amortização Fonte: Bernardi (2004). 2.2.2 Classificação de custos Conforme citado anteriormente, existem diferentes formas de segregar os tipos de custos. Duas formas são muito comuns na literatura e na prática: os custos diretos ou indiretos e os fixos ou Pág. 22 de 33 variáveis. As duas formas, apesar de terem semelhanças, são distintas e apresentam conceituações diferentes, exemplificadas a seguir. Os custos diretos são aqueles facilmente identificáveis nos produtos ou serviços, necessitando apenas de uma medida de consumo (MARTINS, 2016). De forma prática, pode-se observar os custos diretos no transporte de cargas ao analisar o que é necessário para um caminhão realizar o transporte de cargas. Ao realizar o percurso da entrega de uma mercadoria, há diversos custos na prestação do serviço, entre os quais podemos citar o consumo de combustível, que é facilmente mensurado e está relacionado diretamente com o serviço prestado. A sua mensuração é diretamente medida por meio da quilometragem por litro, permitindo à empresa registrar esse custo de forma simples e sem realizar nenhuma alocação. De forma contrária, os custos indiretos não proporcionam a mesma facilidade na análise do consumo no serviço prestado. Pela subjetividade, a alocação desses custos se dá de forma arbitrária (MARTINS, 2016), ou seja, a empresa necessita decidir quanto do valor do custo é alocado para cada serviço. Por exemplo, o IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículo Automotor) é um custo por estar relacionado com o serviço e não possui a mesma capacidade de ser medido que o combustível. Assim, por ser um valor anual e apenas poder ser rateado, de forma arbitrária, a empresa que decide se a alocação desse custo será diluída e de qual forma. Imagem 2: Custos fixos e variáveis. Custos Fixos x VariáveisCustos Fixos x Variáveis Variação em relação à produçãoVariação em relação à produção valor quantidade produzida Custo FixoCusto Fixo Custo VariávelCusto Variável Fonte: Gestão Click. Outra forma de classificação de custos que, apesar de possuir certa semelhança com os diretos e indiretos, não pode ser confundido com estes são os fixos e variáveis. A diferença entre esses dois tipos depende de quanto determinado item de custo se alterará como resultado de mudanças Pág. 23 de 33 na quantidade produzida ou de serviço prestado. Os itens denominados como custos variáveis são aqueles que variam de forma diretamente proporcional às variações no direcionador de custos, e os itens de custo fixos, por sua vez, são aqueles que não são afetados pelas variações nos direcionadores de custos (WANKE; FLEURY, 2014). De forma prática nota-se que os custos variáveis são relacionados diretamente com o serviço prestado, ou seja, quanto mais serviços prestados, mais custo haverá. No caso de um transporte de cargas, quanto mais longo o percurso, maior será o consumo de combustível. Quanto aos custos fixos, estes independem do quanto de serviço prestado foi realizado. Uma transportadora que tem um centro de distribuição ou uma garagem alugada terá o mesmo custo fixo mensal, conforme contrato. Se a empresa realizar ou não transportes durante o mês, o seu custo será o mesmo. Lembre-se que o aluguel apenas será um custo se for relacionado ao produto; caso o aluguel seja de uma sala comercial utilizada pelo setor administrativo, trata-se de uma despesa, conforme vimos o conceito anteriormente. SAIBA MAIS Apesar da classificação parecida, custos diretos e indiretos são diferentes de custos fixos e variáveis. Por exemplo, o combustível é um custo direto e variável, pois ele é facilmente mensurado e varia conforme a quilometragem da entrega. Contrariamente, o aluguel do centro de distribuição por não poder ser relacionado facilmente com o serviço e não ser alterado pela demanda de transportes, torna-se um custo indireto e fixo. No entanto, não necessariamente essa relação será sempre das formas citadas. 2.2.3 Critérios de rateio Devido ao fato de os custos indiretos necessitarem de critérios para alocação dos seus valores, o rateio é de fundamental importância para um gerenciamento de custo eficiente, mas como funciona essa prática nas empresas? Primeiro ponto é saber que todos os custos indiretos necessitam dessa prática. No entanto, é imprescindível que se tome cuidado ao adotar um método, já que a escolha pode distorcer dos custos unitários, levando a empresa a más decisões gerenciais e afetando os resultados, por meio de prejuízo ao vender um produto ou realizar um serviço abaixo do seu custo, ou elevar o preço e perder clientes para concorrentes. Pág. 24 de 33 Seguindo as dicas de (MARTINS, 2016), o primeiro passo é separar os custos das despesas. Lembre-se de que existem gastos que podem estar relacionados com ambos, como o aluguel. Suponhamos que uma transportadora alugue um espaço que sirva como garagem para os caminhões e tenha uma sala comercial em que são realizadas as funções administrativas. Esse aluguel pode ser rateado a fim de que os custos e as despesas representem mais fidedignamente o uso do espaço. O próximo passo é a definição das bases, ou seja, os critérios que serão utilizados. De maneira geral, é comum a utilização de horas-máquinas como base para produções, assim como a mão de obra direta ou consumo de matéria-prima. Na prestação de serviço, as bases citadas anteriormente podem não revelar uma alocação eficiente para o gerenciamento de custos. Critérios que podem ser utilizados na prestação de serviço são fundamentados em custos alocados diretamente, como a mão de obra, mesmo não sendo o ideal. No caso do transporte, a quilometragem rodada pode ser utilizada. Cada caso deve ser analisado especificamente, essa sugestão não condiz com a realidade de todas as transportadoras. Imagem 3: Critérios de rateio • Fixo • Variável • Desembolsável • Não desembolsável • Custos diretos • Custos indiretos Critérios • Unidades produzidas; • Horas-máquinas utilizadas; • Horas de mão-de-obra utilizadas; • Valor material empregado; • Quantidade de ATR proces- sada; Custos • Álcool / Açúcar • Cana / Soja • Veículo • Calçados • Carne Custo por produto ou serviço Rateio Fonte: Indústria hoje (2014) 2.2.4 Tipos de custos no setor de transporte Após compreender a conceituação de custos e despesas, estamos prontos a nos aprofundar nos tipos de custos presentes em empresas de transporte. Primeiramente, é preciso distinguir pequenos transportadores de grandes multinacionais que realizam serviços complexos de logística. Assim, algumas empresas de portes menores podem não reconhecer todos os custos discutidosa seguir Pág. 25 de 33 ou não possuir um gerenciamento de custo que os analise. Os conceitos a seguir foram descritos por Oliveira et al. (2010): Quadro 1: Tipos de custos no transporte Custos de administração Salários e/ou treinamentos do setor de logística. Custos de armazenagem Todos os valores relacionados à estrutura do armazém, de forma a comportar as mercadorias. Exemplo: aluguel do armazém e salários dos colaboradores dessa atividade. Custo de embalagem Materiais empregados para que seja possível realizar o transporte da mercadoria. Exemplo: pallets para deslocamento da mercadoria. Custos de manutenção do estoque No caso das empresas que realizam o seu próprio transporte de mercadorias, como grandes distribuidoras, o custo de seguro do estoque. Custo de transporte Combustível, depreciação de veículos, pneus e demais itens necessários para a realização do transporte. Custo tributário Incidência de impostos na prestação de serviço de transporte. Fonte: Oliveira et al. (2010). Além dos custos evidentes do transporte, como o combustível, citado diversas vezes anteriormente, é importante analisar os diversos outros tipos de custos. O tributário, por exemplo, é fundamental para um preço de frete competitivo. Cada estado possui seu Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviço (ICMS), que incide no serviço de transporte. Assim, uma análise detalhada da constituição de filiais no estado pode ser um fator fundamental para que o custo tributário do transporte não seja excessivo. 2.2.5 Custo marginal Entrando mais a fundo nos custos, o custo marginal é um conceito que pode ser aplicado ao setor de transportes. Para as transportadoras, o custo marginal é visto na prática. Vamos analisar cenário exemplificado por Caixeta-Filho e Martins (2001). Uma empresa realiza o transporte de cargas da cidade A para a cidade B e o retorno é sem carga, ou com percentual reduzido. Há um custo de retornar à cidade A que é originado do transporte. Como formas de reduzir o custo pleno, Pág. 26 de 33 a transportadora deve buscar cargas da cidade B para a cidade A. No entanto, mesmo com isso ocorrendo, ainda há a possibilidade incorrer em custos entre o local de entrega da mercado na cidade B e o local de recolhimento do novo transporte, também na cidade B. No setor de transportes, esse custo é muito comum. O custo marginal é a soma de todos os acréscimos de custos devido ao aumento da prestação de serviços, no exemplo anterior, como os deslocamentos para obter a carga no transporte seguinte. Se compararmos as duas operações, a primeira em que há o custo pleno da volta sem carga e o segundo com o custo marginal para a realização de um novo transporte, nota-se que a segunda opção possui uma relação custo-benefício, em tese, muito melhor. Em virtude disso, o gerenciamento de custo no transporte deve levar em considerações tais particularidades e buscar forma de diminuir tais custos sem afetar o preço de venda, mantendo a empresa em um patamar competitivo. 2.2.6 Custo-padrão Dentro do gerenciamento de custos existe uma ferramenta chamada custo-padrão. De forma simples, pode-se dizer que se trata do custo ideal para produção ou realização de um serviço (MARTINS, 2016). No entanto, a sua aplicação prática não obteve o sucesso desejado, pois na maioria dos casos atingir o custo ideal acaba sendo utópico. Apesar disso, o custo-padrão pode ser utilizado como uma forma de analisar o aumento e/ ou redução dos custos no processo produtivo ou na prestação de serviço, ou seja, uma forma de análise das decisões tomadas ao tratamento dos custos. Assim, essa ferramenta nada mais é do que a fixação de uma base para comparação entre o ideal e o realizado. EXPLORE MAIS O custo-padrão pode ser usado como uma meta a ser alcançada, assim o gerenciamento de custos buscaria formas de reduzir os custos a fim de atingir a meta esperada. Portanto, podemos entender o custo-padrão como uma forma de planejamento e controle dos custos. A utilização como meta ocorre principalmente quando o custo-padrão é difícil de ser atingido (MARTINS, 2016). Pág. 27 de 33 Devido a alterações de preços de mercado, ainda mais em setores como o transporte, com o combustível como custo direto e que possui bastante flutuação de preços, o custo-padrão precisa ser revisto frequentemente, para que não se tenha um valor defasado que não auxilie no planejamento de custos da empresa. Nesses casos, há a possibilidade de trabalhar com expectativa de preços para os próximos períodos. Imaginemos uma situação em que há uma expectativa de aumento de preço do combustível, o custo-padrão deve subir para acompanhar a realidade do mercado. Portanto essa ferramenta possui diversas formas de auxiliar o processo de gerenciamento de custos na fase de planejamento, principalmente nos casos em que for alinhado com orçamentos. 2.3 Métodos de custeio 2.3.1 Custeio por absorção Dentro da gestão de custos, existem os métodos de custeio, em que são aplicados todos os conceitos visualizados até então de forma a apropriar o custo dos produtos e/ou serviços. Para a legislação brasileira, apenas o custeio por absorção é aceito para elaboração e divulgação das demonstrações financeiras. ATENÇÃO Grandes companhias costumam adotar a contabilidade societária, registrando os custos por outros métodos, como custeio variável ou ABC, além do custeio por absorção (este apenas para atender a legislação). O objetivo é demonstrar aos seus acionistas, ao mercado ou demais interessados o custo apurado de forma gerencial. O custeio por absorção é derivado da aplicação dos princípios de contabilidade geralmente aceitos, consistindo na apropriação de todos os custos de produção (MARTINS, 2016). Por meio dele, todos os custos fixos e variáveis são alocados aos produtos e/ou serviços. No caso dos custos fixos, esses são rateados conforme prerrogativa da empresa, devido a sua subjetividade. Podemos imaginar o seguinte exemplo, tanto o custo dos combustíveis quanto o aluguel do centro de distribuição, esse último rateado, são alocados para o preço do serviço. Desse modo, o valor rateado do custo do aluguel, que faz parte do produto, permanece no estoque até a sua venda, mesmo que já tenha ocorrido o pagamento. Pág. 28 de 33 Uma crítica comum a esse sistema de custeio na literatura perpassa pela sua potencialidade a falhas, perdendo sua função como instrumento gerencial (MARTINS, 2016). Isso ocorre por causa do rateio, ou seja, uma escolha subjetiva de alocação dos custos indiretos, fazendo com que, se este for mal elaborado, cause distorção no custo unitário e afete a tomada de decisão da empresa. Imagem 4: Fluxo dos custos diretos e indiretos Custos Despesas Vendas Resultado Indiretos Diretos Rateio Estoque Produto A Produto B Produto C Custo dos Produtos Vendidos Fonte: Martins (2016). 2.3.2 Custeio por variável O custeio variável foi criado a partir das críticas elaboradas ao custeio por absorção. Esse método tem maior capacidade de oferecer informações gerenciais por meio de um critério mais apurado de análise, em que os custos indiretos são tratados como despesas (MARTINS, 2016). Essa diferenciação ocorre pelo fato de os custos indiretos serem periódicos e independentes da quantidade produzida. Um bom exemplo é o aluguel: independentemente da quantidade de serviços de carga prestados por uma transportadora, esse custo indireto será o mesmo. Diferentemente do custeio por absorção, que distribui todos os custos, o método de custeio variável aloca aos produtos e/ou serviços somente os custos variáveis. Assim, os custos fixos são tratados como despesas e apresentados no resultado do exercício independentemente da sua realização. Na prática, isso significa que o combustível, por ser um custo variável, seria alocado ao serviço, enquanto custos fixos, como o salário do motorista, são alocados ao resultado. Isso faz Pág. 29 de 33 comque nenhum custo fixo referente ao mês anterior permaneça em estoque se não for consumido por meio da venda do produto ou prestação de serviço, apenas os custos diretos. Assim como o custeio por absorção, o custeio variável também sofre com críticas. De acordo com a literatura, ele fere o princípio contábil da competência, já que todos as receitas devem ser deduzidas pelos custos quando ocorrerem (MARTINS, 2016). É importante salientar que, mesmo sem ser aceito na elaboração das demonstrações financeiras, esse método pode ser utilizado internamente pela empresa para fins de controle gerencial, fornecendo informações mais precisas para a tomada de decisão. Imagem 5: Custeio variável em uma prestadora de serviços CustosDespesas Demonstração de Resultados Receita (-) Custo dos Serviços Prestados = Margem de Contribuição (-) Despesas Operacionais = Lucro Operacional Prestação de serviços Fonte: Peralta (2016). 2.3.3 Custeio ABC Por fim, o custeio ABC foi desenvolvido para permitir a apropriação mais correta dos custos pela atividade da empresa e aos serviços (CAIXETA-FILHO; MARTINS, 2001). O seu nome vem de Activity Based Costing (Custeio Baseado em Atividades). Comparado ao custo de absorção, o ABC tem o intuito de alocar seus custos conforme as atividades da empresa, buscando um resultado mais preciso. Imaginemos o seguinte cenário: uma empresa de logística possui centro de distribuições e realiza transporte de cargas. Cada atividade possui seus próprios custos, em que alguns podem estar relacionados e outros não. Pág. 30 de 33 SAIBA MAIS O ABC, devido à maior complexidade comparativamente aos custeios anteriores, apenas é vantajoso em casos de organizações com setores ou centros de custos com elevados custos indiretos. Esse custeio é indicado para empresas com consumos diversificados, o que é observado quando a não utilização desse método causa distorção relevante no custo calculado (MARTINS, 2016). Para a elaboração de um custeio ABC que atenda aos objetivos propostos por esse método, são necessários direcionadores, já que na ausência destes o ABC se tornaria um custeio por absorção. Assim, os direcionadores atuam como alocadores eficientes dos custos por meio das atividades e objetos de custeio. Conforme o exemplo, a atividade de descarregar caminhão consome diversos recursos, como empilhadeiras, combustível e pessoal (CAIXETA-FILHO; MARTINS, 2001). Assim, para cada atividade-recurso, o ABC busca o melhor direcionador, que nesse caso, pode ser o tempo consumido em horas operando a empilhadeira. Portanto, diferente de um custeio simples, em que todos os custos são rateados para todos os produtos, os direcionadores do método ABC efetuam uma alocação mais fidedigna e que elimina potenciais distorções das atividades que geram custos. Imagem 6: Custeio ABC. Direcionamento de custos de recursos Direcionamento de custos de atividades Recursos utilizados Atividade Objeto de custo Fonte: Dicionário financeiro. Pág. 31 de 33 2.4 Utilização dos custos no planejamento 2.4.1 Margem de contribuição Afinal, o que é feito com o custo apurado? Para que é feito todo esse processo? Além do que já foi destacado anteriormente de forma genérica, que é a busca por um preço mais competitivo, um dos principais motivos que levam à execução de toda essa atividade de encontrar o custo dos produtos e serviços é a margem de contribuição. A margem de contribuição unitária nada mais é do que o valor que cada produto vendido ou serviço prestado traz a empresa, ou seja, a diferença entre a receita obtida menos os custos variáveis (MARTINS, 2016). Com esse valor, são pagos todos os custos e as despesas. Essa ferramenta gerencial é de grande importância, por meio dela a empresa pode optar por produzir mais determinado produto ou focar em um serviço específico, por ter uma margem de contribuição melhor. Imagem 7: Margem de contribuição Margem de Contribuição Custos Fixos Margem de LUCRO Ponto de equilíbrio Fonte: Façanha (2017). Além da margem de contribuição, os cálculos de ponto de equilíbrio são formas de a gestão utilizar os custos para o planejamento da empresa. Existem três cálculos diferentes: o ponto de equilíbrio contábil, o econômico e o financeiro. Cada um deles tem a capacidade de medir diferentes formas da empresa vender produtos ou realizar serviços para ao menos pagar seus custos fixos e despesas, ou então adicionando o lucro desejado, para atingir um resultado meta. Os três cálculos possuem um desenho semelhante e precisamos dos seguintes conceitos base. Os custos fixos representam uma reta paralela, isso porque independentemente da quantidade produzida ou de serviços realizado, será sempre o mesmo. Os custos variáveis, por sua vez, acrescentam Pág. 32 de 33 conforme a quantidade produzida ou realizada, ou seja, quanto maior a produção, maior o valor do custo no final do período. Portanto, somando os dois, temos o custo total. E não menos importante a receita, representada pela quantidade de unidades vencidas ou serviços prestados multiplicada pelo valor unitário. A seguir temos uma ilustração. Imagem 8: Ponto de equilíbrio. Ponto de Equilíbrio Ponto de Equilíbrio Custo FixoCusto Fixo Custo fixo + variável Custo fixo + variávelCusto de Equilíbrio Custo de Equilíbrio Qtde. de Equilíbrio Qtde. de Equilíbrio Custo em R$ Custo em R$ Produção em unidades Produção em unidades ReceitaReceita Fonte: Ávila (2016). 2.5 Ponto de equilíbrio O Ponto de Equilíbrio (PE) nada mais é do que a quantidade de produtos que devem ser vendidos ou de serviços que devem ser realizados para que a empresa pague todos os seus custos variáveis e fixos. Há três formas de calcular esse ponto: O PE Contábil refere-se à quantidade de venda necessária para que a empresa não tenha lucro ou prejuízo na sua Demonstração de Resultado. O PE Econômico é semelhante ao contábil, mas adiciona o lucro esperado pelos acionistas e/ ou administração. Assim, a sua quantidade de vendas será superior ao PE Contábil, já que engloba a quantidade que gera o lucro esperado. O PE Financeiro difere dos anteriores pelo fato de a quantidade de vendas ser referente apenas à cobertura dos desembolsos financeiros. Os três cálculos revelam informações importantes para a tomada de decisão da empresa e, principalmente, para demostrar informações relevantes, o gerenciamento de custos deve ocorrer de forma eficiente. Uma gestão de custos que resulte em valores distorcidos fará com que o Pág. 33 de 33 planejamento da empresa ocorra de forma errada, afetando os resultados e, em um grau muito elevado, a continuidade da empresa. Para concluir o assunto de gestão de custos no transporte, verificamos durante esse e-book os conceitos básicos, as formas de custeio e a sua utilidade dos custos após a sua apuração, por meio da margem de contribuição e dos pontos de equilíbrio. Assim, podemos perceber que os custos são um fator de extrema importância dentro de uma empresa, auxiliando a tomada de decisão. Pág. 34 de 49 GESTÃO DE CUSTOS NO TRANSPORTE INTRODUÇÃO Olá, caro(a) aluno(a)! Você terá a oportunidade de aprender temas importantes sobre gestão e custos, especialmente no que diz respeito à classificação dos gastos em relação às variações ocorridas nos volumes de produção (fixos e variáveis) e também em relação à facilidade de atribuição aos produtos (diretos e indiretos). Nas empresas industriais, a elaboração das demonstrações contábeis claras depende da avaliação do custo dos produtos fabricados, dos produtos que foram vendidos, bem como daqueles que permanecem dentro da empresa sob a forma de produtos acabados ou em fabricação. Por isso, você estudará nesta unidade a apuração do custo para transportes e também o sistema de custeio direto ou variável, que serve para auxílio gerencial. Parecem muitos assuntos? Não se preocupe, apresentaremos exemplos que facilitarão seu entendimento.Vamos aos estudos? Acompanhe! Pág. 35 de 49 UNIDADE 3 - FORMAÇÃO DE CUSTOS PARA TRANSPORTES UNIDADE 3 – VISÃO GERAL 3.1 Formação de custos para transportes 3.1.1 Custo direto e indireto Segundo Perez Jr., Oliveira e Costa (2012), a empresa industrial é aquela que adquire determinada matéria-prima e a transforma em um novo produto acabado por meio de um processo que conta com o auxílio de máquinas, equipamentos e mão de obra especializada. Conforme Ribeiro (2013, p. 3), “quando falamos em Custo Industrial estamos nos referindo aos procedimentos contábeis e extracontábeis necessários para se conhecer quanto custou para a empresa industrial a fabricação dos seus produtos, por meio do processo industrial”. Dessa forma, todos os custos necessários para o processo de transformação de um produto deverão compor o seu custo. REFLITA DA UNIDADE 3 Nas empresas industriais, a preocupação com custos é constante, pois, em todo processo produtivo, é necessário buscar alternativas viáveis para maximizar o resultado da organização. Mas será que é somente nas indústrias que se calculam os custos? Nas organizações, os custos são efetuados para a realização das tarefas do dia a dia. Esses gastos são registrados, analisados e codificados pela Controladoria, nos setores de Contabilidade Geral e de Custos (PEREZ JR.; OLIVEIRA; COSTA, 2012). A nomenclatura, quanto aos termos e à função desse setor, separa os gastos em três grandes grupos: Pág. 36 de 49 1. Investimento: todo gasto que a empresa faz com o intuito de obter algum rendimento no futuro ou receita, como a construção de uma nova unidade fabril. A empresa está desembolsando um valor no presente, mas futuramente obterá novas receitas e aumentará sua lucratividade. 2. Despesas: gastos necessários para manter a fábrica funcionando, portanto não ligados ao processo produtivo. Exemplo: salário do pessoal do departamento administrativo. É necessário manter o controle administrativo, pois é preciso organizar as finanças, efetuando cobranças de clientes, pagando os fornecedores, emitindo notas fiscais, enfim, inúmeras atividades desempenhadas por esse setor. No entanto, essas atividades não estão diretamente relacionadas com a fabricação do produto, servem somente para a manutenção das atividades. 3. Custos: gastos ligados à produção. Por exemplo: matéria-prima, mão de obra direta e custos indiretos de fabricação. De acordo com Perez Jr., Oliveira e Costa (2012), os custos de produção são os gastos necessários para a produção de bens e serviços e as despesas são os gastos necessários para a geração de receitas. Portanto, o que compõe o custo do produto é classificado pela contabilidade no grupo de custos. Figura 1: Controle de custo Fonte: Plataforma Deduca (2018). Para Martins (2010, p. 5): Custo e Despesa não são sinônimos; têm sentido próprio, assim como Investimento, Gasto e Perda. A utilização de uma terminologia homogênea simplifica o entendimento e a comunicação. Nesse livro de Martins (2010), Custo só se refere ao sacrifício na produção, salvo quando expressamente alertada a modificação da terminologia utilizada. Logo, temos Custos de Produção e Despesas de Administração, de Vendas e Financeiras. http://www.deduca.com.br/mediabank/7038 Pág. 37 de 49 Além disso, ele questiona as terminologias: “Gastos, Custos e Despesas são três palavras sinônimas ou dizem respeito a conceitos diferentes? Confundem-se com Desembolso? E Investimento tem alguma similaridade com elas? Perda se confunde com algum desses grupos?” (MARTINS, 2010, p. 5). Ainda para o autor: [...] no meio desse emaranhado todo de nomes e ideias, normalmente o principiante se vê perdido, e às vezes o experiente, embaraçado; por isso, passamos a utilizar a seguinte nomenclatura: a. Gasto – Compra de um produto ou serviço qualquer, que gera sacrifício financeiro para a entidade (desembolso), sacrifício esse representado por entrega ou promessa de entrega de ativos (normalmente dinheiro). (MARTINS, 2010, p. 5) O autor afirma que o conceito é extremamente amplo e que: [...] se aplica a todos os bens e serviços adquiridos; assim, temos Gastos com a compra de matérias-primas, Gastos com mão de obra, tanto na produção como na distribuição, Gastos com honorários da diretoria, Gastos na compra de um imobilizado etc. Só existe gasto no ato da passagem para a propriedade da empresa do bem ou serviço, ou seja, no momento em que existe o reconhecimento contábil da dívida assumida ou da redução do ativo dado em pagamento. (MARTINS, 2010, p. 5) Martins (2010, p. 5) explica ainda que: [...] não estão aqui incluídos todos os sacrifícios com que a entidade acaba por arcar, já que não são incluídos o custo de oportunidade ou os juros sobre o capital próprio, uma vez que estes não implicam a entrega de ativos. Note que o gasto implica desembolso, mas são conceitos distintos. b. Desembolso – Pagamento resultante da aquisição do bem ou serviço. Pode ocorrer antes, durante ou após a entrada da utilidade comprada, portanto defasada ou não do momento do gasto. c. Investimento – Gasto ativado em função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a futuro(s) período(s). É importante notarmos que os investimentos serão levados ao custo dos produtos por meio da depreciação mensal. Ou seja, a cada mês será distribuída uma parcela do valor investido para os produtos, os custos. Já as despesas serão levadas ao resultado da empresa, diminuindo o seu lucro. De forma bem resumida, será feito o seguinte cálculo: Lucro = receitas – custos – despesas. Pág. 38 de 49 Caso essa operação seja negativa, diz-se que a empresa teve prejuízo; do contrário, sendo positiva, obteve lucro. (-) custos (-) despesas (-) lucro ou prejuízo O relatório que evidencia esse cálculo é o Demonstrativo de Resultado Econômico (ou do Exercício) – DRE. Essa demonstração também é de responsabilidade do setor de contabilidade. REFLITA DA UNIDADE 3 Podemos dizer que essa separação dos gastos é necessária para que o resultado final da empresa seja apurado corretamente. Em (-) custo, verificamos somente o custo dos produtos efetivamente vendidos – o custo dos produtos que ficaram em estoque não será deduzido das receitas. É importante que o resultado (lucro ou prejuízo) esteja corretamente calculado, pois é a partir desse valor que se determina: • a participação da diretoria e dos demais executivos nos resultados da empresa; • a remuneração dos acionistas, em forma de dividendos; • a distribuição de lucros para os sócios; • o Imposto de Renda e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido; • os índices de lucratividade para fins de análise das demonstrações contábeis, visando à participação da empresa em processos de concorrência ou captação de recursos na rede bancária (PEREZ JR.; OLIVEIRA; COSTA, 2012, p. 4). Podemos assim classificar os custos (RIBEIRO, 2013, p. 11): Parte direta – composta pelos gastos com aquisição dos ingredientes utilizados integralmente na fabricação (tecnicamente conhecidos por materiais) mais o custo das horas de trabalho (tecnicamente conhecido por mão de obra). A soma desses gastos é também denominada Custo Direto de Fabricação, pois suas quantidades e seus valores são facilmente identificados em relação ao produto. Pág. 39 de 49 Parte indireta – composta pelos gastos com outros elementos que concorreram indiretamente na fabricação do doce, como: aluguel, depreciação, gás e energia elétrica (tecnicamente conhecidos por gastos gerais de fabricação). Figura 1 – Formação de custos Fonte: Plataforma Deduca (2018). Geralmente os custos diretos de fabricação são facilmente identificados em relação ao produto, pois se trata dos materiais utilizados (matéria-prima) e da mão de obra direta, ou seja, das pessoas que trabalharam diretamente na produção. Para os custos indiretos de fabricação, é necessário efetuar cálculos que permitam distribuir seu valor de forma adequada para cada unidade produzida. Deacordo com Perez Jr., Oliveira e Costa (2012, p. 17), os custos indiretos são “os custos que, por não serem perfeitamente identificados nos produtos ou serviços, não podem ser apropriados de forma direta para as unidades específicas”. Em nosso exemplo, o custo de gás (que é indireto) terá um valor total, e deverá ser feito um cálculo para que esse valor total possa ser distribuído para cada unidade de doce produzido. REFLITA DA UNIDADE 3 A distribuição do custo indireto total para as unidades produzidas chama- se rateio. A forma ou critério que será adotado para essa distribuição chama-se base de rateio. Pág. 40 de 49 Dando sequência ao nosso exemplo, se quisermos atribuir o custo dos utensílios (mesa, panela, fogão etc.) utilizados na fabricação dos doces, para cada unidade produzida devemos levar em consideração o custo da depreciação desses produtos. Depreciação refere-se ao desgaste natural dos bens durante o tempo. Por meio dela, considera-se uma parcela do valor pago por um bem como o custo do período de duração desse bem. SAIBA MAIS DA UNIDADE 3 No exemplo da fabricação do doce de abóbora, quando consideramos a depreciação dos utensílios, estamos supondo que eles serão utilizados para a fabricação de muitas receitas de doces, e cada uma delas receberá uma parcela de seus custos de depreciação. A contabilidade de custos abrange todos os tipos de empresa, seja ela comercial, industrial ou prestadora de serviços. Nas empresas industriais, essa área exige mais atenção, pois todos os detalhes do processo devem ser levados em consideração. Figura 2: Análise dos custos Fonte: Plataforma Deduca (2018). Logo, essa é a principal característica que diferencia a empresa industrial dos demais tipos de empresas: as atividades operacionais de produção, responsáveis pelo processo de transformação de matérias-primas em produtos acabados (RIBEIRO, 2013). Porém, a produção industrial caracteriza- http://www.deduca.com.br/mediabank/7038 Pág. 41 de 49 se não somente pela transformação, mas também pelo beneficiamento, pela montagem de peças e pela restauração. Vamos conhecer com mais detalhes cada tipo de indústria. • Indústrias de transformação – transformam matéria-prima em produtos acabados. Pode ocorrer a transformação por processo mecânico, térmico ou químico. Exemplo: empresas que, a partir da madeira, produzem mesas, dormitórios, cadeiras etc. Elas são as chamadas indústrias de móveis de madeira. Além destas, temos também as indústrias siderúrgicas, petrolíferas etc. • Indústrias de beneficiamento – nesse caso não há transformação, mas uma modificação ou aperfeiçoamento do estado inicial do produto. Exemplo: empresas beneficiadoras de arroz, que apenas tiram as cascas e impurezas do produto. Também existem empresas que fazem o beneficiamento de peças para outras indústrias, como polimento, limagens etc. • Indústrias de montagem de peças – como o próprio nome diz, essas indústrias montam as peças produzidas pelas indústrias de transformação. Por exemplo: indústrias automobilísticas, de rádios, de aparelhos de televisão, de relógios etc. • Indústrias de restauração ou recondicionamento – recuperam produtos usados ou deteriorados. Exemplo: recondicionar um motor, reparar uma peça de um eletrodoméstico ou outro objeto, deixando-o pronto para o uso. Dentro das categorias de indústria apresentadas anteriormente, pode-se encontrar diversos tipos de indústrias, de acordo com a natureza dos produtos que fabricam, tais como: • Indústrias de produtos metalúrgicos: ◊ ferro e aço; ◊ produtos metalúrgicos não ferrosos; ◊ estruturas metálicas; ◊ utensílios domésticos. • Indústrias de produtos mecânicos: ◊ motores de combustão interna; ◊ rolamentos; ◊ câmaras e balcões frigoríficos; ◊ exaustores, aspiradores e ventiladores industriais; ◊ máquinas, aparelhos industriais. Pág. 42 de 49 • Indústrias de material elétrico e de comunicações: ◊ motores, geradores e transformadores; ◊ lâmpadas; ◊ pilhas elétricas. • Indústrias de produtos de madeira: ◊ móveis; ◊ tacos para assoalho. • Indústrias de móveis de aço; • Indústrias de alimentos e congelados; • Indústrias automobilísticas; • Indústrias de papéis e derivados; • Indústrias de vidro; • Indústrias de materiais plásticos; • Indústrias farmacêuticas; • Indústrias de cimento; • Indústrias têxteis. (RIBEIRO, 2013, p. 18). Veremos que em todas essas indústrias teremos um grande campo de aplicação da contabilidade e da gestão de custos. Figura 3: Fechamento do preço competitivo Fonte: Plataforma Deduca (2018). http://www.deduca.com.br/mediabank/7038 Pág. 43 de 49 Nas indústrias, o controle de custos deve ser visto e entendido como uma ferramenta que complementa os processos produtivos e gerenciais, pois cada detalhe do processo é importante e poderá ser determinante para o fechamento de um preço competitivo. 3.1.2 Custo fixo e variável Controlar os itens em estoque é algo necessário para as organizações, e para isso existem duas formas de controle: inventário periódico e permanente. Esse tema gerencial da área de custos trata do custo departamental e do custo padrão. Departamentalizar uma empresa significa criar departamentos que recebam os próprios custos e também os de outros departamentos. É uma espécie de troca de informações até que o custo seja alocado para os produtos. Essa é a forma que apropria custos indiretos de fabricação de forma mais coerente para os produtos: primeiro, os custos são identificados em relação ao departamento e posteriormente transferidos para os produtos que passarem por esses departamentos. Você verá que o custo padrão está bastante ligado ao processo de planejamento de custos, ou seja, é estipulado por meio de cálculos prévios que a empresa é capaz de atingir utilizando corretamente os seus recursos disponíveis. O custo padrão deve ser acompanhado a cada período e suas variações devem ser investigadas. Esse é um assunto bem prático sobre a gestão de custos, o qual você terá a oportunidade de aprender. Então nos perguntamos: qual nosso papel como gestores de negócios, sabendo-se que cada ato praticado ou cada negociação fechada junto aos clientes e fornecedores poderá afetar significativamente todos os setores envolvidos no processo produtivo e administrativo? Essa e outras questões passarão a ser apresentadas no decorrer desta unidade. De acordo com Ribeiro (2013, p. 60), “[...] os materiais compreendem os bens utilizados no processo de fabricação, podendo ou não integrar o produto fabricado”. Dessa forma, em uma empresa industrial, o principal material que compõe um produto chama-se matéria-prima. Alguns materiais que integram o produto, devido ao pequeno valor que representam em relação ao custo total, podem também ser classificados como materiais indiretos para facilitar a apropriação dos custos. Assim, algumas empresas industriais consideram somente a matéria-prima como Pág. 44 de 49 material direto, deixando os demais materiais (material secundário, material de embalagem, de acabamento, de limpeza etc.) como materiais indiretos. Custeio variável (também conhecido como custeio direto) é um tipo de custeamento que considera como custo de produção do período apenas os custos variáveis incorridos. Os custos fixos, pelo fato de existirem mesmo que não haja produção, não são considerados custo de produção, e sim despesas, sendo encerrados diretamente contra o resultado do período. Desse modo, o custo dos produtos vendidos e os estoques finais de produtos em elaboração e produtos acabados só conterão custos variáveis. Já o sistema de custeio fundamenta-se na separação dos gastos em variáveis e fixos, isto é, em gastos que oscilam proporcionalmente ao volume da produção/vendas e gastos que se mantêm estáveis perante volumes de produção/vendas oscilantes dentro de certos limites (GARRISON; NOREEN, 2003). O termo gastos variáveis designa os custos e despesas que, em valor absoluto,são proporcionais ao volume da produção, isto é, oscilam na razão direta dos aumentos ou reduções das quantidades produzidas. Tomando como exemplo a mesma situação anterior, só que dessa vez identificando os custos em fixos e variáveis, teríamos a seguinte situação: A empresa JJ Tecidos produziu, em determinado mês, 80.000 unidades de um determinado produto. Os custos totais do período atingiram $ 1.400.000,00, dos quais $ 400.000,00 são custos variáveis e $ 1.000.000,00 são custos fixos do período. Qual é o custo unitário do produto, de acordo com o custeio variável? Resposta: $ 400.000,00 80.000 unidades = $ 5,00 por unidade produzida O valor de $ 1.000.000,00 correspondente à parcela fixa dos custos e é lançado diretamente no resultado do exercício como custo do período. Notemos que os $ 400.000,00 foram considerados custos dos produtos, então foram distribuídos entre as unidades produzidas. O custo restante, correspondente aos custos fixos, foi lançado como custo do período e não dos produtos. Pág. 45 de 49 3.1.3 Apuração de custos para tarefas para transportes Para atribuir os custos aos produtos, devemos passar por duas etapas, denominadas por Ribeiro (2013) de atribuição dos custos diretos e rateio dos custos indiretos. Vejamos o que Ribeiro (2013) tem a dizer sobre isso. • Para atribuir os custos diretos aos produtos, precisaremos de controles extracontábeis que identificarão a quantidade e o valor dos gastos com materiais, mão de obra e gastos gerais de fabricação que incidem diretamente sobre os produtos. • Para atribuir os gastos de materiais, mão de obra e gastos gerais de fabricação, que não são facilmente identificados em relação ao produto, chamados de custos indiretos, deverá ser adotado um critério coerente de rateio ao custo de cada produto. O critério mais indicado é o custo departamental, que, de acordo com Ribeiro (2013, p. 182), “[...] é um sistema de atribuição dos Custos Indiretos de Fabricação aos produtos por departamentos”. Alguns exemplos de como a empresa pode ser organizada por unidades administrativas (departamentos) são: ambulatório médico, conservação e manutenção, almoxarifado, controle de qualidade, administração geral e recrutamento, estudos e projetos, corte, usinagem, seleção e treinamento de pessoal, montagem, acabamento, entre outros. Todos esses departamentos possuem uma classificação. De acordo com Ribeiro (2013, p. 182), podem ser: • Departamentos produtivos – compostos por homens e máquinas, responsáveis pela fabricação dos produtos. Nesses departamentos são gerados, em relação aos produtos, Custos Diretos e Indiretos. • Departamentos de serviços – compostos por homens e máquinas (geralmente apenas por homens) que prestam serviços para toda a empresa industrial, inclusive para os departamentos produtivos. No que se refere aos departamentos produtivos, os custos diretos são atribuídos aos produtos sem maiores complicações, pois são facilmente identificados em relação a esses produtos. Os custos indiretos dos departamentos produtivos são atribuídos por meio de critérios de rateio para os produtos, mas sua apropriação é feita diretamente, pois eles passam por esses departamentos. Pág. 46 de 49 SAIBA MAIS Saiba que, no caso dos departamentos de serviços, chamados também de auxiliares, os custos gerados por eles são considerados diretos em relação aos outros departamentos, mas indiretos em relação aos produtos. Portanto, cada departamento deve ser tratado pela contabilidade como centro de custos, que “[...] é a unidade mínima utilizada para acumulação dos Custos Indiretos de Fabricação” (RIBEIRO, 2013, p. 182). É importante destacar que os departamentos produtivos e de serviços poderão ser divididos em dois ou mais centros de custos, se isso for viável para a empresa. O método de hierarquização é o mais utilizado pelas empresas, visto que ele apresenta mais coerência na atribuição dos custos indiretos de fabricação aos produtos. Para compreender melhor essa discussão, veja a seguir um exemplo do cálculo da apropriação dos custos indiretos dado pelo método de hierarquização, adaptado de Perez Jr., Oliveira e Costa (2012). Para entendermos a análise dos autores, precisamos acompanhar a explicação da aplicação do método de hierarquização no cálculo da atribuição dos custos indiretos a partir do seguinte exemplo: A Indústria de Ventiladores ABC Ltda. possui os seguintes departamentos auxiliares de produção, cujos custos em novembro foram: • Compras: R$ 25.000,00. • Almoxarifado: R$ 60.000,00. • Recursos humanos: R$ 35.000,00. Nesse exemplo, é importante ressaltar que, durante o mês, os departa- mentos auxiliares prestaram serviços aos demais departamentos, gerando, assim, dados para apropriação dos gastos dos departamentos auxiliares para os departamentos produtivos, conforme mostra a tabela a seguir: Pág. 47 de 49 Tabela 1 – Serviços prestados pelos departamentos auxiliares para outros departamentos Departamentos Auxiliares % de serviços prestados para outros departamentos (a ordem dos departamentos foi estabelecida do menos relevante para o mais relevante) Total dos Custos Indiretos do mês (R$)Departamentos auxiliares Departamentos produtivos Compras RH Almoxarifado Laminação Funilaria Compras 0 4% 85% 6% 5% 25.000,00 Rec. Humanos 0 0 12% 60% 28% 35.000,00 Almoxarifado 0 0 0 42% 58% 60.000,00 Total dos custos indiretos 120 .000,00 Fonte: Perez Jr., Oliveira e Costa (2012, p. 54). A apropriação dos custos indiretos da empresa toda passa a ser efetuada da seguinte forma: • A princípio, é necessário apropriar o total dos custos indiretos do departamento auxiliar de compras para os demais departamentos, proporcionalmente ao percentual de utilização de seus serviços. • Para tanto, é preciso ratear os custos indiretos do departamento auxiliar de compras a partir de seus custos indiretos totais, pois, nos meses apresentados, esses eram menos representativos em relação ao total dos custos indiretos. • Em seguida, é necessário fazer a apropriação dos custos indiretos do departamento auxiliar de RH para os demais departamentos, levando em consideração que foram recebidos R$ 1.000,00 de custos pelos serviços prestados por compras, totalizando R$ 36.000,00 de custos indiretos para rateio aos demais departamentos. • Finalmente, é preciso apropriar-se dos custos indiretos do departamento de almoxarifado para os departamentos produtivos, levando-se em consideração que foi recebido R$ 21.250,00 de custos pelos serviços prestados por compras, e R$ 4.320,00 de custos pelos serviços prestados pelo RH, totalizando R$ 85.570,00 de custos indiretos para rateio aos departamentos produtivos de laminação e funilaria. Para que você entenda melhor, veja a explicação detalhada dos cálculos da apropriação de compras: • Os R$ 25.000,00 de custos do departamento de compras foram assim distribuídos aos demais departamentos: RH – R$ 25.000,00 x 4% = R$ 1.000,00; Almoxarifado – R$ 25.000,00 x 85% = R$ 21.250,00; Laminação – R$ 25.000,00 x 6% = R$ 1.500,00; Funilaria – R$ 25.000,00 x 5% = R$ 1.250,00. Pág. 48 de 49 • O departamento de RH, que apresentava custo inicial de R$ 35.000,00, recebeu mais R$ 1.000,00 de custos referentes aos serviços do departamento de compras. Logo, ele terá agora R$ 36.000,00 para serem apropriados aos demais departamentos. Essas apropriações dos custos indiretos da empresa geraram valores que estão detalhados na seguinte tabela: Tabela 2 – Apropriação dos custos indiretos dos departamentos auxiliares para os departamentos produtivos Departamentos Auxiliares Valor dos custos indiretos que devem ser apropriados para outros departamentos, com base no percentual de serviços prestados Total dos custos indiretos do mês (R$) Departamentos auxiliares Departamentos produtivos Compras RH Almoxarifado Laminação Funilaria Custos (R$) 25 .000 35 .000 60 .000 120 .000 Apropriação dos custos de compras Compras %
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