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Guia de provas e concursos - Martha Vergine

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101 dicas para estudar
e passar
Martha Vergine
GUIA de
PROVAS e
CONCURSOS
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.instagram.com/marthavergine/
https://www.youtube.com/MarthaVergine?sub_confirmation=1
http://euestudocerto.com.br/link-ebook
 
 
Vamos tentar? 
 
 
8 
 
Sumário 
O primeiro passo é sempre o 
mais difícil 9 
 
Manter o foco para não ter um futuro 
embaçado 24 
 
Estratégia, em grego strateegia, em latim 
strategi, em francês stratégie 37 
 
 
Autoconfiança, amor próprio e resiliência 
ou como não ser o ator da peça alheia 59 
 
 
Determinação, disciplina, entusiasmo e 
mais uma fórmula mágica para ser aprovado 71 
 
 
Família, namorada, amigos, professores e 
televisão: aliados ou vilões? 88 
 
 
Ferramentas: nas mãos de quem não sabe 
dirigir, um carro é uma arma 108 
 
 
O fim não tem 
fim 123 
 
 
Antes de dizer 
adeus 129 
 
 
 
9 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O corpo de João Pedro balançava, seguindo os movimentos 
nada sutis que o motorista impunha ao ônibus. Aos 25 anos, 
seu cérebro também se movimentava, tentando entender sua 
primeira grande crise. Tudo bem, aos 15 também teve a crise 
das espinhas, aos 18 a do vestibular, mas nada tão profundo 
como a que tinha agora. “Já se passou quase um terço da minha 
vida, e o que fiz com ela?”, pensava. 
- Licença, licença, vou descer. 
 
10 
 
A senhora com as sacolas empurrava os passageiros. João 
Pedro, então, percebeu que já havia passado do seu ponto. 
Voltava do escritório de advocacia no qual trabalhava há dois 
anos, mas onde não era feliz. Nunca quis trabalhar com direito 
de família, contudo sua vida tinha seguido essa direção. O pai 
de um colega havia indicado aquela vaga e ele aceitou, 
pensando ser algo temporário, mas que já havia durado muito 
para ele. 
“Você tem objetivos na vida?”. Essa era a pergunta que um dia 
tinha lhe feito Daniela, uma colega da faculdade, e que agora 
ecoava na sua cabeça. Aliás, Daniela era alguém que ele 
admirava. Sempre soube o que queria e traçou passo a passo o 
caminho que seguiu para hoje se tornar uma das mais 
respeitadas juízas de sua cidade. 
Entrando em casa, começou a pensar. Como deixou que as 
coisas chegassem a esse ponto, sem nunca se questionar se era 
isso mesmo que queria. “A estratégia de vida que estava usando 
até ali era satisfatória? Seu sentimento era de realização ou ainda 
se sentia um pouco perdido?”. As respostas eram claras: a 
estratégia não era satisfatória e estava completamente perdido. 
Aonde pretendia chegar dessa forma? Ao 
observar as respostas que vinham à sua 
mente, percebeu que estava 
completamente fora do caminho. Ele 
nunca havia parado para decidir para 
onde gostaria ir. “Se você não sabe aonde quer 
chegar, qualquer caminho serve”, também dizia sua amiga 
magistrada. 
João Pedro tinha que tentar colocar sua vida novamente no 
rumo certo. Então, resolveu desenterrar um velho sonho: prestar 
 
11 
 
concurso para advogado geral da União. Sempre protelou esse 
objetivo, achando que era muito difícil, que não passaria. Mas, 
antes que ele perca mais um ponto na sua vida, e o caminho 
fique ainda mais longe, ele vai seguir o rumo desejado. 
 
DICA 
 
Devemos avaliar se estamos agindo da melhor forma e, as-
sim, decidir se devemos continuar do mesmo jeito ou, quem 
sabe, mudar alguns hábitos. Esse é o primeiro passo para 
nos colocarmos no rumo certo. E mesmo se em algum 
momento perdermos o ponto, sempre há chance de 
voltarmos atrás e recomeçarmos. 
 
DICA 
 
Se deixar para o acaso o comando de sua vida, nem sempre 
ele levará você para dentro dos seus sonhos. Uma das mi-
nhas filosofias é acreditar que o universo sempre conspira a 
nosso favor, desde que façamos a nossa parte. Para isso, 
precisamos definir nossos objetivos. Fica difícil acreditar em 
ajuda se nem nós temos ciência do que queremos. 
 
DICA 
 
Em seu livro What They Don’t Teach You at Harvard 
Business School, o escritor Mark McCormack citou uma 
pesquisa realizada em Harvard. Em 1979, a seguinte 
pergunta foi feita aos formandos: “Você estabeleceu metas 
claras, por escrito, para o seu futuro e fez planos para 
concretizá-las?” O resultado foi que apenas 3% dos 
formandos tinham escrito planos e metas. Que tal tentar 
fazer parte da minoria? Trace suas metas a curto, médio e 
longo prazo. Monte seu plano de ação. 
 
12 
 
 
DICA 
 
Não adianta escrever um plano de ação, deixar guardado em 
uma gaveta e nunca mais se lembrar dele. Faça a sua lista 
no seu celular, na sua agenda ou em qualquer outro lugar 
que você tenha acesso fácil. Durante o ano, releia e, se 
necessário, ajuste e redirecione o caminho, pois você sabe 
aonde quer chegar e decidiu ir nessa direção. 
Já era sábado. O plano inicial era acordar cedo, procurar editais 
com a vaga desejada, buscar um material de estudo, planejar... 
Então, o toque do celular acordou João Pedro. Era sua 
namorada, Laura. O relógio mostrava que já era quase meio-dia. 
Sabia que, se quisesse mudar de vida, tinha muito a fazer, mas 
aquilo era mais forte que ele. Era como se a gravidade na Terra 
tivesse aumentado na última noite e o empurrasse para cama. 
Laura queria ir ao cinema. Com isso, preparação para o 
concurso ficaria para outro momento. No dia seguinte, claro, ele 
acordaria morrendo de culpa. 
Mesmo trabalhando, cuidando da casa, cozinhando, lavando 
roupa, praticando esporte, João Pedro ainda se sentia um 
preguiçoso em dias como aquele. Nesses poucos momentos em 
que dava um break na vida, ficava até um pouco perdido, pois 
achava que desperdiçava um tempo precioso. Estava tão viciado 
na adrenalina, que, fora desse contexto de prazos e correria, não 
sabia direito o que fazer. 
Depois do cinema, João Pedro parecia se sentir melhor. No dia 
seguinte, era domingo, e poderia planejar seus estudos com 
mais calma e ânimo. Isso se conseguisse se levantar da cama. 
 
13 
 
 
DICA 
 
Há situações em que usufruir da preguiça é essencial. Por 
exemplo, se você está completamente envolvido na meta de 
passar em uma prova e estuda diariamente por horas, 
abdicou da prática de atividade física, e diversão é apenas 
uma palavra no seu dicionário, está mais do que na hora de 
parar um pouquinho e refletir. 
 
DICA 
 
Temos a ideia de que sentir preguiça é coisa de vagabundo. 
Porém, ter alguns momentos de ócio é importantíssimo para 
a sua saúde mental e de seu organismo. Não estou 
defendendo a bandeira de largar tudo e viver na sombra e 
água fresca, mas, sim, inserir na sua rotina alguns 
momentos de “preguiça boa”. Afinal, tudo o que é demais 
não é saudável. Se não refletirmos sobre como estamos 
levando a nossa vida, o estresse chegará muito antes do que 
podemos imaginar. 
 
DICA 
 
Precisamos nos conscientizar da importância dessa parada 
para recarregar a bateria e melhorar o nosso rendimento 
mental e físico. Caso a sua agenda diária seja muito 
atribulada, e separar um dia ou dois interferirá em muito o 
seu cronograma de estudos, tente ao menos preservar suas 
sete ou oito horas de sono. O seu corpo não é uma máquina 
e precisa de cuidados. No início, você pode não sentir, mas, 
com o passar do tempo, com certeza ele sofrerá 
consequências dessa falta de atenção. 
 
 
14 
 
- Eu não sei o que faço! Odeio trabalhar naquele banco, é muita 
pressão, odeio meus colegas, minha vida, odeio tudo! 
As lágrimas de Laura sempre partiam o coração de João Pedro. 
- Você já tem um dinheiro guardado, certo? Somando com a 
grana que você vai pegar da rescisão de sua saída no banco, 
pronto. Você abre aquela franquia de sapatilhas que tanto 
queria. Eu já até pesquisei um ponto bacana, que está vago lá 
naquele shopping do centro... 
Nesse momento, João Pedro pensou que deveria ser 
psicólogo, pois conseguia facilmente encontrar 
soluções para os problemas dos outros, mas 
não para os seus próprios. E qual seria o 
motivode tanta discrepância quando se 
trata de resolver problemas que por vezes são 
tão similares? Quando era ele que estava no meio do furacão, as 
decisões, as dúvidas, os sentimentos pareciam que brigavam 
entre si. Afinal, quando era a sua pele que estava em risco, tudo 
parecia mais complicado. 
Não, não seria psicólogo, mas tinha que se tornar terapeuta de 
si mesmo. E se aconselhasse a si mesmo, chamando-se de 
Laura? Ok, melhor não, poderia criar uma crise de identidade 
que só pioraria as coisas. Era melhor conseguir um amigo 
imaginário, como a bola Wilson, do filme O Náufrago. Talvez 
fosse uma boa. Partiu para a loja de artigos esportivos... 
 
 
15 
 
 
DICA 
 
Dar palpite na vida dos outros sempre é mais tranquilo. Mas, 
então, como tratar os seus problemas com essa mesma 
serenidade? Selecione três problemas que você acredita que 
lhe atrapalham no processo de estudo e consequente 
preparação para a prova. Se está difícil encontrá-los, vai 
uma ajudinha: identifique quais desculpas você está se 
dando para não estudar? De posse dessas três situações-
problema, atribua-as ao nosso personagem João Pedro. 
Agora, dê conselhos a ele. Isso mesmo, faça como se vocês 
fossem amigos de longa data. Dê sugestões sobre como ele 
poderia solucionar cada uma das desculpas, quer dizer, dos 
problemas que tem. Pode parecer bobo, quase uma 
brincadeira, mas, quando deslocamos a situação-problema 
de nós, atribuindo a um terceiro imaginário, fica mais fácil 
encontrar as melhores opções de soluções.
 
DICA 
 
Analise os fatos de maneira mais afastada, como se fosse 
um terceiro na relação e, assim, tenha o panorama mais real 
do evento, de forma mais objetiva, sem estar se afogando 
nos sentimentos. 
 
– João Pedro, o chefe está chamando – disse a secretária, com 
a mesma entonação que usaria para avisar o falecimento da sua 
avó. Ou seja, ele poderia tanto ganhar uma promoção como 
levar mais uma chamada por ter redigido de forma incorreta uma 
 
16 
 
petição, esquecido de anexar algum documento a certo processo 
etc. A segunda opção era sempre a mais provável. 
Dorneles Jardim Dutra, da Dutra & Martins Associados, estava 
com a pele tão vermelha quanto à capa dos livros que 
compunham aquela tradicional estante do lado esquerdo de sua 
sala. “Será que ele havia lido todos aqueles livros”, pensava João 
Pedro, sem escutar a saraivada de palavrões que saíam dos 
lábios do chefe. 
Sabia que não aguentava mais aquilo. Definitivamente, tinha 
que fazer algo, e logo, muito logo, quando chegasse à sua casa. 
Pegaria os livros que já tem, pesquisaria na internet - tinha que 
estudar desde já. Mas ele ainda nem tinha encontrado nenhum 
edital de algum concurso que lhe interessava, iria estudar para 
quê? Será que deveria esperar ser publicado o edital ou já iniciar 
os estudos o quanto antes? 
Claro que seu instinto inicial mandava que 
aguardasse o edital ser lançado. Afinal, 
as provas de um concurso para outro 
sempre sofrem a inserção de novas 
matérias e a dispensa de outras. Não queria 
correr o risco de estudar disciplinas que não iriam cair, assim 
como não estudar outras que passariam a ser cobradas. Com o 
edital em mãos, já saberia as regras específicas do certame, as 
disciplinas e as fases exigidas. Mas e se milhares de outros 
candidatos já estivessem estudando? Sairia muito atrás e 
recuperar poderia não ser tão fácil, não? Sim. Tinha que pegar 
os livros e começar naquele mesmo instante. 
Resolvido isso, por onde iria começar? Que livro iria adotar? A 
que horas se deve estudar? Por quanto tempo? Qual, enfim, deve 
ser o meu próximo passo? Tinha que manter a calma, o 
 
17 
 
desespero só o levaria a ficar ainda mais paralisado, em um ciclo 
vicioso que nunca o iria tirá-lo do lugar. 
 
DICA 
 
Mesmo que o edital novo venha com a inclusão de alguma 
disciplina, será mais tranquilo nesse hiato de tempo se 
dedicar com mais afinco a essa nova matéria do que ter que 
aprender o conteúdo de todas em um tempo menor. E se a 
novidade for a exclusão de alguma matéria que você tenha 
estudado, tudo bem, não considere esse tempo como 
desperdício. Atingir o nível de preparo suficiente para ir com 
segurança para a prova demanda um tempo considerável de 
estudo, por isso é arriscado demais deixar para começar a 
se preparar só após o edital ser lançado. Normalmente, o 
tempo médio entre a publicação do edital e a data da 
primeira prova leva em torno de 60 a 90 dias, com algumas 
exceções. Portanto, se você é um “concurseiro” iniciante, a 
resposta para a pergunta “Posso esperar o edital sair para 
começar a estudar?” é “Não”. Comece agora.
 
DICA 
 
A maneira mais utilizada pelos “concurseiros” experientes é 
o estudo baseado no edital do concurso anterior. Há um 
padrão seguido pelas instituições que aplicam esse tipo de 
prova e a tendência é seguir o mesmo método. Mas, como 
eu disse, é uma tendência, e às vezes pode haver 
mudanças, como o órgão responsável contratar outra 
empresa para elaborar a prova ou simplesmente alterar o 
seu método para a seleção. Isso não é tão comum, mas 
acontece. E quanto mais tempo tiver passado do último 
concurso para o cargo pretendido, maior é a chance de 
 
18 
 
mudança. Se esta é a sua situação, fique atento às 
disciplinas mais comuns nos concursos da área escolhida.
 
DICA 
 
Você já decidiu a qual prova irá se submeter? Pode parecer 
estranha essa pergunta, mas muitas pessoas não sabem ao 
certo qual prova irão fazer. Alguns desconhecem realmente 
as opções existentes e outros, por sua vez, são novatos no 
assunto e estão perdidos. Sem identificar o que deseja fazer, 
fica mais difícil alcançar o seu objetivo de vida. Analise quais 
opções mais lhe agradam e qual tem o melhor custo-
benefício. Claro que o retorno financeiro é importante e deve 
ser levado em conta, mas lembre-se: dependendo da sua 
escolha, essa atividade irá lhe acompanhar, se não por toda 
vida, por boa parte dela.
 
– Ahhhh... Meu pé, caramba – gritou, sozinho, naquele 
quartinho em que quase não entrava. Por que livro de Direito é 
tão grosso? Só para os autores mostrarem como conseguem 
escrever de forma prolixa o que poderiam resumir em 100 ou 
150 páginas? Não, não era verdade. Só estava com raiva porque 
aquele calhamaço de 600 páginas de Direito Penal acertou em 
cheio sua unha do pé. Fazia tempo que não mexia nos livros da 
faculdade, que já estavam empoeirados e esquecidos, junto com 
revistas antigas, brinquedos da infância, boletins do colégio. 
Com o ânimo que agora lhe tomava o corpo, João Pedro tirou 
tudo o que ainda tinha guardado, imprimiu uns artigos da 
Internet e, depois de algumas horas, ele se via ali, sentado no 
chão, com aquele monte de páginas à sua frente. 
Só de olhar aquilo, batia um desânimo, que depois se 
transformava em pânico, que desaguava na decepção de saber 
 
19 
 
que nunca iria conseguir organizar tudo aquilo. Já tinha decidido 
que não iria esperar o edital, que começaria a estudar já, mas 
por onde? 
Uma vez, Daniela – sempre ela – havia lhe dito: “Os estudos 
funcionam da mesma forma que a prática da corrida. Ninguém 
começa correndo uma maratona. Mesmo se estiver inteiramente 
disposto a ser um corredor, a pessoa iniciará seu treinamento de 
forma amena, para aos poucos condicionar 
seu corpo para um avanço saudável e 
duradouro”. Ele iria seguir seu conselho, 
começaria aos poucos e pelas matérias 
que tinha mais facilidade. 
Nesse exercício de reflexão, João Pedro se lembrou de quando 
era uma criança, quando cada nova descoberta se transformava 
numa fonte de prazer. No entanto, na época da escola e 
estudando para o vestibular, o aprendizado acabou se tornando 
um fardo, talvez pela obrigação, pela falha do método de ensino, 
pela dificuldade em compreender coisas que não sabia o motivo 
de saber. Era quase um castigo. 
A ideia era, então, restabelecer a paixão que tinha em aprender. 
E foi no meio daqueleslivros todos que João Pedro achou uma 
luz. Na faculdade, ele adorava Direito Constitucional, e pegar 
novamente aquele livro esquecido, no qual já havia se afundado 
por noites e mais noites, acendeu algo que estava adormecido 
dentro dele. 
 
 
20 
 
 
DICA 
 
No início da preparação para uma prova, não devemos 
começar os estudos pelas matérias e tópicos mais áridos e 
dos quais menos gostamos. Precisamos antes condicionar o 
nosso cérebro, que é a parte do corpo que será mais exigida, 
para ser fortalecido nesse treinamento. Assim, devemos 
fazer isso de forma saudável, para que esse novo hábito seja 
duradouro. Alguns estudantes, de forma afoita e 
equivocada, quando decidem começar a jornada do estudo, 
se jogam de cabeça. Começam pelas matérias que 
acreditam não ter nenhum conhecimento, isolados na 
biblioteca por infinitas horas, e nem percebem que, apesar 
da boa intenção, o resultado é, na grande maioria dos casos, 
improdutivo.
 
DICA 
 
É preciso tomar cuidado com alguns pensamentos: "Coitado 
de mim, estudo tanto, a minha vida é tão difícil... só por isso 
mereço passar". Ninguém passa em nenhuma prova por ser 
um coitadinho. Na verdade, você poderá até ser um "coitado 
dedicado", mas ter pena de si mesmo e acreditar que porque 
está se matando de estudar merecerá aprovação é ilusão. 
Claro que a dedicação é um dos elementos-chave para a 
aprovação, mas ela dever ser feita com inteligência, para 
assim, maximizar os resultados.
 
DICA 
 
O estudante tem que se conscientizar de que o processo de 
estudo demandará um tempo considerável da sua vida, e 
que por isso deve ser feito da forma mais agradável possível. 
Lembre-se de que estamos nessa vida para sermos felizes, 
 
21 
 
e não apenas para buscar a felicidade. A felicidade está em 
cada ato, cada fase que vivemos. Alguns acreditam que só 
serão felizes quando conseguirem a aprovação e se 
esquecem que o caminho até atingi-la também pode 
proporcionar momentos inesquecíveis.
 
Ao abrir a porta do closet, sempre a mesma dúvida: o que vestir 
hoje? Antes de escolher dentre as opções de vestidos e tailleurs, 
Daniela consultou seu celular, quando notou um SMS de um 
antigo colega da faculdade. “Olá, Dani, tudo bem? É o João 
Pedro. Queria conversar com você, topa um café?” Fazia tempo 
que não falava com ele. Sugeriu na terça, às 18h, em um café 
perto do seu Fórum. 
Naquela terça, João Pedro deu um jeito de sair do trabalho mais 
cedo e quando chegou ao local combinado, apenas cinco 
minutos atrasado, Daniela já estava ali. Como ela podia ser tão 
pontual, eficiente e fazer bem tudo o que se propunha a fazer? 
João, então, contou-lhe sobre seus planos de prestar concurso e 
Daniela falou como, aos poucos, foi o processo para conseguir 
se tornar juíza. E na sua história, tudo parecia se encaixar: 
encontrar as pessoas certas na hora certa, ter um incentivo bem 
quando ele era necessário, ter tempo para se dedicar quando 
mais precisava... –Você deu sorte, hein, menina – disse João. 
– Sabe o Tiger Woods, aquele campeão de golfe? Uma vez, 
quando lhe perguntaram qual era o segredo para ser o esportista 
 
22 
 
mais bem pago do planeta, e ter ganhado tudo o que ganhou, 
ele respondeu: ‘Quanto mais eu treino, mais 
sorte eu tenho’. 
João Pedro tentou retrucar, mostrar como 
não tinha essa sorte, como era o último dos 
mortais a ser lembrado pelas combinações 
favoráveis do universo, e que sabia que a chance dele passar na 
prova era quase nula... Daniela logo o interrompeu. – Pensa 
comigo aqui, João, em um edital de concurso que tenha dez 
disciplinas. O candidato ‘X’ estuda apenas 20% dos assuntos. A 
chance de cair o que ele sabe é pequena, certo? Mas, se por 
uma aberração da combinação cósmica, apenas for cobrado o 
que ele estudou, é melhor ele desistir de concurso e jogar na 
loteria. Já o candidato ‘Y’ estudou 80% do edital. A 
probabilidade de a sorte lhe acompanhar é maior, entende? 
Ele concordou balançando a cabeça. – Até porque – ela 
continuou – será maior a chance de cobrarem os temas que ele 
tenha estudado. Resumindo, é mais ou menos assim que 
funciona a sorte. 
Saindo do encontro, João viu que seu ônibus tinha acabado de 
deixar o ponto. É, não poderia mesmo contar com a sorte. 
 
 
23 
 
 
DICA 
 
Será que podemos dar uma ajudinha para a sorte? Claro que 
sim. Como disse o atleta Tiger Woods, quanto mais 
treinarmos – no nosso caso estudarmos – mais sorte 
teremos. Será que o candidato “Y” é mais sortudo que o “X”? 
Nada disso, o universo conspirará a favor dos dois, apenas 
o segundo ampliou seu leque de possibilidades. Pense nisso 
quando ficar reclamando da vida e da sorte. Estude mais. 
Prepare-se mais. Faça exercícios, resumos, responda provas 
anteriores e assim a sua sorte também aumentará.
 
 
 
24 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A louça já estava limpa e guardada. Agora faltava só dar uma 
olhadinha nas redes sociais, responder algumas mensagens de 
WhatsApp, tomar um banho quente, assistir à final daquele 
reality show, ligar para Laura para desejar boa noite e dormir, 
pois amanhã tinha que acordar cedo para trabalhar. 
Depois de três semanas de empolgação, separando livros, lendo 
editais antigos, pesquisando material na internet, a rotina 
mostrou sua força a João Pedro, que novamente se via 
acorrentado em sua zona de conforto. Só que as correntes eram 
 
25 
 
macias, não machucavam. Pelo contrário, traziam aquela velha 
sensação de segurança, de que a mudança já não era tão 
urgente assim. 
Sabia que tinha que manter o ritmo, mas 
qualquer dificuldade em entender um 
capítulo, ou mesmo uma frase, fazia com que 
ele voltasse para o PlayStation. Qualquer 
imprevisto fazia a motivação despencar. E a volta ao antigo 
comportamento foi inevitável. 
Daqui a alguns dias, estudar com afinco seria apenas uma vaga 
lembrança e aquele objetivo de ser aprovado no concurso 
voltaria a ser apenas um desejo, pois as atitudes necessárias 
para alcançá-lo praticamente iriam evaporar. 
Deitado na cama, João Pedro se lembrou da frase de sua amiga 
Daniela: “Tudo é culpa da nossa mente, amigo. Ela pode ser o 
nosso veneno, limitar nossos pensamentos, mas também pode 
ser a nossa cura. Se você mudar o conteúdo daquele papo 
interno com você mesmo, suas crenças e atitudes mudam 
também, vai por mim”. 
– Mas isso não é o suficiente – retrucou João Pedro, na ocasião. 
– Ok, pode não ser tudo, mas vamos combinar que já é um bom 
começo – ele pensou, agora de forma mais racional. 
Não conseguiu dormir bem naquela noite. Sabia que se quisesse 
atingir o seu objetivo, tinha que agir. E rápido. 
 
 
26 
 
 
DICA 
 
Esperar o momento certo e ter as condições propícias para 
um grande salto é uma tremenda ilusão, pois esse instante 
perfeito raramente chega. E caso surja, em regra, não vem 
com legendas, o que o torna quase invisível aos nossos 
olhos. Assim, resta a nós implementar pequenas mudanças. 
E o grande segredo está em manter a mudança e procurar 
agir de forma contínua. Se a cada dia melhorarmos 10% a 
nossa atitude, após o total de 10 atitudes, geramos uma 
mudança de 100% naquilo que parecia impossível de ser 
alterado.
 
DICA 
 
Segundo Élson Teixeira e Andrea Machado, especialistas em 
leitura e memorização, concentração e atenção não são 
sinônimos. Para eles: "atenção é estar com os sentidos 
voltados para o foco de uma questão, enquanto que 
concentração é se envolver no foco da questão". Já 
aconteceu com você de chegar ao final da leitura de uma 
página e não se lembrar de nada do que acabou de ler? 
Fique tranquilo, pois não é só com você que isso acontece, 
isso é mais comum do que imagina. Para reter informações, 
é preciso concentração, que é a forma prolongada de 
atenção na atividade desempenhada.
 
DICA 
 
A melhor notícia para quem acredita não ter uma boa 
concentração é que ela pode ser desenvolvida. Tudo é 
questão de treino.Da mesma forma que se faz exercícios 
para fortalecer os músculos, deve-se treinar o cérebro para 
 
27 
 
desenvolver a concentração. E para mantê-la, evite que o 
cansaço, o estresse, o sono de má qualidade e o abuso de 
substâncias como álcool ou drogas dificultem seu estudo. 
Elimine a ansiedade, a preocupação excessiva e a busca 
desenfreada pelo perfeccionismo, que em nada irão 
colaborar com o seu desempenho. E lembre-se de que nem 
todos se concentram da mesma forma, há aqueles para 
quem o silêncio total no ambiente é essencial, e outros para 
quem o acompanhamento de uma música tranquila é 
altamente produtivo. Descubra qual é a melhor forma para 
você. 
 
– Cuidado, assim você vai riscar todo o chão com essa mala. 
Não, não jogue as roupas sujas aí; esse tênis imundo no sofá, 
não. Não posso, agora estou estudando, ahhhhh!!!! 
Não bastasse toda a crise pela qual estava passando, João Pedro 
agora, tinha que aguentar seu irmão caçula, Arthurzinho, que 
ficaria uns meses em sua casa. Embora eles se parecessem 
fisicamente, não tinham muito em comum: um era popular no 
colégio, outro era antissocial; um gostava de esportes, outro era 
fã de música e cinema; um preferia o pai, o outro, a mãe; e 
assim por diante. Mas, para alegria dos pais, ambos eram 
relativamente estudiosos e se davam bem na escola. 
Arthurzinho teve que se mudar para São Paulo para fazer 
cursinho pré-vestibular. Seus pais moram no interior e não teria 
como ele percorrer 300 km na ida e na volta todos os dias. 
Queria morar em uma república, com amigos ou até sozinho, 
mas Dona Alda e seu Otávio, pais muito zelosos, não 
permitiram. Aliás, Arthurzinho admirava João Pedro, mas a 
recíproca não era tão verdadeira. 
 
28 
 
Agora os dois estavam ali, tentando criar o hábito para estudar, 
um para o vestibular, outro para o concurso público, enfrentando 
todos os mitos e lendas que percorrem o imaginário dos 
estudantes acerca das provas que estavam por vir: “Precisa ser 
muito inteligente, quase um Einstein para aprender tudo...”; “é 
um jogo de cartas marcadas, está tudo comprado...”; “só os 
apadrinhados conseguem uma vaga...” e por aí vai. 
Será que eles, pessoas normais, que não possuem nenhuma 
dessas facilidades, conseguiriam passar no vestibular mais 
disputado do país e num concurso ainda mais concorrido que 
um vestibular? 
Folheando o dicionário aleatoriamente, Arthurzinho abriu na 
letra P, no qual fincou os olhos na palavra “privilegiado”. Dentre 
os significados, alguns lhe chamaram a atenção: singularmente 
dotado, excepcional, único. Distinto, elevado, superior. 
– É isso! – gritou, e saiu correndo pela casa com o Houaiss na 
mão. – A gente tem que ser dotado, excepcional e único pra 
passar na prova. Deitado, João Pedro colocou o travesseiro sobre 
a cabeça para tentar dormir. 
 
DICA 
 
Prestam uma prova as pessoas que não trabalham e só 
estudam; as que trabalham e também estudam; e as que 
nem trabalham e nem estudam. Qual delas passará na 
prova primeiro? De cara você pode responder: aquelas que 
só estudam. Errado. Qualquer uma delas é capaz, mas é 
preciso se comprometer e agir. Não basta querer passar, tem 
 
29 
 
que decidir. Não basta estudar de vez em quando, tem que 
ter planejamento. Não basta fazer uma prova pra ver como 
é, tem que acreditar. Não bastar apenas começar e na 
primeira dificuldade desistir, tem que persistir. Em resumo, 
o estudo demandará planejamento adequado e dedicação 
diária, e tudo isso precisa acontecer independentemente das 
atividades e compromissos assumidos na sua rotina.
 
Din-don, din-don, din-don… Toc, toc, toc… Laura tentou o 
celular, a campainha, bateu várias vezes na porta e nada. Será 
que aquele safado falou que ia ficar em casa estudando e saiu 
com alguma garota por aí? Toc, toc, toc, toc, toc... Bateu mais 
uma vez com força, e quando já estava se virando para ir 
embora, ouviu passos de uma corrida atrapalhada em direção à 
porta. 
Logo visualizou um menino de 18 anos, com bermuda de 
surfista, sem camisa e o fone de ouvido envolvendo seu pescoço, 
como se fosse um colar. Olhou novamente para o número da 
porta, para se certificar que estava no apartamento certo, e logo 
se lembrou de que João Pedro tinha mencionado que seu irmão 
passaria um tempo ali. 
– Arthur, certo? 
– Isso. 
– O João Pedro está? 
– Lá no quarto – respondeu. Colocou novamente o fone de 
ouvido, deu as costas para a garota, jogou-se no sofá e voltou a 
pegar seu livro de geografia. 
 
30 
 
A casa estava uma bagunça, com roupas jogadas para tudo que 
é lado e todos os aparelhos eletrônicos ligados. Laura entrou no 
quarto e logo ouviu o som alto que vinha da TV. João Pedro nem 
notou a presença da namorada e revezava sua atenção entre o 
livro e o notebook. Olhando para os dois irmãos, Laura 
visualizou na prática o conceito de 
multitasking, ou o famoso “tudo ao mesmo 
tempo agora”. Será que aqueles dois 
estavam conseguindo manter o foco 
naquele ambiente inóspito e selvagem no 
qual se encontravam? Laura foi aos poucos se 
aproximando e abraçou o namorado por trás. 
– O que é isso, seu pent... Ah, oi, Laurinha, você está aqui? – 
disse, fechando rapidamente as abas do Facebook e do Twitter. 
Laura tinha vindo pedir desculpa pela última briga, por bobeira, 
que os dois tinham travado há dois dias. Sabia que não podia 
distrair João Pedro com essas besteiras, que atrapalharia seus 
estudos, mas, ao presenciar aquela cena, percebeu que a briga 
não era a única distração para os dois irmãos. 
– Como vocês conseguem estudar assim, aliás, como 
conseguem viver dessa maneira? – falou, enquanto desligava a 
televisão, sob o protesto do namorado. – Se quiser se 
desconcentrar, pode contar comigo, mas, enquanto isso, foco! E 
Laura deu um beijo no namorado e foi até a cozinha, preparar 
um lanche, sem que Arthurzinho pudesse notar o que havia 
acontecido. 
 
31 
 
 
DICA 
 
Avise os familiares e os amigos que durante o seu estudo 
não atenderá ao telefone. A exceção será apenas para 
situações de emergência. Se não for usar computadores 
para aprender, fique longe deles também. Mas se faz 
pesquisas e anotações em um computador, resista às mídias 
sociais. E a televisão deve estar sempre desligada, claro. 
Pode parecer muito pesado, mas essas pequenas alterações 
na sua rotina irão produzir resultados excepcionais no seu 
aproveitamento de estudos.
 
DICA 
 
Programe-se para estudar por blocos de tempo e faça um 
breve intervalo entre eles. Cuidado: são intervalos breves, 
não corra no erro de inverter, ou seja, ter mais tempo de 
folga do que de estudo.
 
DICA 
 
A Técnica Pomodoro pode ajudar na divisão do tempo de 
estudos. Criada por Francesco Cirillo, esse método utiliza 
um cronômetro para dividir o estudo (ou qualquer tarefa) em 
períodos de 25 minutos chamados de “pomodoros”. 
Funciona da seguinte maneira: você escolhe a tarefa a ser 
executada, ajusta o alarme para 25 minutos, trabalha na 
tarefa até que o alarme toque e registra com um "x". Aí, é 
hora de fazer uma pausa de 3 a 5 minutos. A cada quatro 
"pomodoros", faz-se uma pausa mais longa, de 15 a 30 
minutos. A ideia é que essas pausas frequentes possam 
aumentar a agilidade mental e amenizar os efeitos da 
ansiedade.
 
32 
 
Quando chegou do trabalho, João Pedro percebeu que sua 
camisa estava molhada de suor. Não havia sido um dia fácil. 
Reuniões e mais reuniões, mais gritos do Dr. Dorneles. À noite, 
não conseguia se concentrar, ao pensar no que teria que encarar 
no dia seguinte. Isso sem contar o verão especialmente quente 
que fazia naquele ano. Quando lia duas ou três páginas sobre 
qualquer assunto, tinha que se levantar para beber água. Muita 
água. Mais três páginas, tinha que ir ao banheiro eliminar um 
pouco daquela água, e o estudo parecia não render. 
Tinha inveja de Arthurzinho que podia ficar ali estudando o dia 
inteiro, após voltar do cursinho pelamanhã, sem se preocupar 
com outras coisas, e não aproveitava. Dormia das 14h às 17h, 
jogava um pouquinho do videogame do irmão, ia rever velhos 
amigos do colégio, voltava tarde, acordava tarde, nesse eterno 
ciclo. E claro, separava algumas poucas horas para o estudo. 
Em um breve insight, João Pedro pensou que pudesse estar 
influenciando mal o irmão, ou vice-versa, e que, embora a 
empatia entre os dois não fosse das melhores, podia tentar 
reverter essa situação. Propôs um pacto: – Ô mala, chega mais. 
Seguinte: você quer passar no vestibular, certo? E eu quero 
passar no meu concurso, certo? 
O irmão, assustado, concordou com a cabeça. 
– Então, vamos definir prioridades na nossa rotina aqui em casa. 
Quando eu chegar do trabalho, nada de TV, PlayStation, redes 
sociais... Até minha namorada eu vou vetar em dia de semana. 
Vamos definir quantas horas de estudo, as matérias de cada dia. 
Cara, porque se a gente continuar desse jeito, não temos a 
 
33 
 
mínima chance. Então, se você quiser ficar aqui comigo, vai ter 
que ser assim. Minha casa, minhas regras, ok? 
Ao ouvir o discurso do irmão, Arthurzinho percebeu que 
precisava de uma autoridade que o fizesse estudar. Seus pais 
não estavam ali, e talvez essa liberdade havia tirado seu foco 
para o que realmente interessava naquele momento: passar no 
vestibular. E ver seu irmão, que tinha mil coisas para fazer 
durante o dia, ainda tentando manter o entusiasmo no estudo 
era uma inspiração. Mas é óbvio que ele não iria admitir isso. 
– Fechado – foi sua única resposta, mas satisfatória para João 
Pedro. 
 
DICA 
 
Quando queremos abraçar o mundo, um resultado é certo: 
perdemos o foco, que é o elemento primordial para se 
alcançar um objetivo. Se isso também acontece na sua vida, 
a sugestão é parar e analisar com carinho se todos os seus 
afazeres extras estão mais atrapalhando você do que 
ajudando no desempenho do que é principal para alcançar 
o seu objetivo. Caso a sua intenção seja ser aprovado em 
alguma prova de concurso público ou vestibular, verifique 
quais atividades na sua rotina estão dificultando ou até 
mesmo impossibilitando o seu estudo. Foque a sua energia 
principalmente em estudar. Lembre-se de que após a sua 
aprovação todas as demais atividades que foram 
temporariamente suspensas poderão ser retomadas a todo 
vapor.
 
 
34 
 
DICA 
 
Evite estudar com fome, sede, sono, calor, frio ou com 
vontade de ir ao banheiro. Por se tratar de uma tarefa longa, 
evite a monotonia, procure alterar o método de estudo, leia, 
faça resumos, mapas mentais, dê aulas para um colega e 
por aí vai. 
 
DICA 
 
Mantenha em ordem as outras atividades diárias. Para isso, 
a organização é fundamental. Escolha também um 
ambiente de estudo adequado. E tenha com você todo o 
material que vai utilizar, dessa forma evitará ficar levantando 
a cada cinco minutos para pegar um livro, uma folha, 
canetas etc.
 
Depois daquela conversa, o mundo de João Pedro havia caído. 
Não tinha mais ânimo para trabalhar, estudar, viver. Para que 
queria ter um emprego bom, se não tinha mais a mulher da sua 
vida? Pois é. Sua namorada tinha terminado com ele. Não sabe 
nem como começou aquela briga e como desaguou na sua 
convicção de que deviam acabar com aquele relacionamento. 
Ele sabia que era o resultado do conjunto de inúmeras partes, 
um complexo emaranhado de vontades, desejos, sonhos, 
dúvidas, inseguranças, sentimentos, interesses... Mas, naquele 
momento, ele era apenas um coração partido. E dentro do seu 
corpo eclodia uma grande guerra interna, que o forçava a 
marchar e bombardear tudo que havia construído até agora. 
Os efeitos colaterais eram sentidos por todos. Seus amigos, seu 
irmão, seus pais, o chefe, os colegas de trabalho... Na última 
reunião, até o Dr. Dorneles sentiu pena daquele jovem desolado, 
 
35 
 
perdido na vida. Analisando de fora, Arthurzinho pensou que 
tinha que fazer alguma coisa. João Pedro não podia jogar para 
o alto todo o tempo já dedicado aos estudos. Pois, com o tempo, 
quando ele retomasse a consciência do que aconteceu e as 
coisas entrassem nos eixos, iriam aparecer o arrependimento por 
ter desistido e todo o tempo perdido. Entrou no quarto do irmão, 
que estava atônito, olhando para o vazio, o mesmo vazio que 
assolava sua alma naquele momento. Como se fosse o irmão 
mais velho, Arthurzinho começou, com sua voz mansa: 
– Cara, posso conversar com você. 
Com o olhar, João Pedro apontou a beirada da cama. 
– Uma vez, lá no colégio, eu tinha sido cortado do time da 
escola. Você sabe como aquilo era importante pra mim. Tive 
vontade de largar tudo, nunca mais jogar basquete na vida. E 
naquele mesmo mês a vovó morreu, lembra? 
Estava tudo de cabeça pra baixo. Aí o 
professor Mário veio falar comigo, lembra 
dele? O que ele me disse nunca esqueço, 
está até anotado aqui, olha só: “há fases que 
somos bombardeados por mísseis de todos os lados ou 
até mesmo uma bomba atômica cai em nossos ombros; parece 
que a vida nos testa nessas horas. E aqui está a grande chance 
de mostrar o quanto o nosso sonho existe e queremos alcançá-
lo a todo custo. Aprender a superar desafios é uma lição que não 
se pode fugir”. Pois é, eu não desisti, e dois meses depois estava 
no time de basquete novamente. Sei que são situações 
diferentes, nem imagino o que você está sentindo, mas não 
desiste, mano. A morte da vovó me deu energia pra voltar a 
treinar como nunca, tente usar esse seu “luto” pra isso também. 
Bom, qualquer coisa eu estou na sala. 
 
36 
 
Fechou a porta. O olhar de João Pedro continuava atônito, mas 
um pequeno brilho já havia brotado ali. 
 
DICA 
 
A capacidade do cérebro de se concentrar com diversos 
estímulos fica limitada quando temos um problema, seja ele 
físico ou emocional. O nosso sistema biológico é 
programado para nossa preservação e, nesse conflito 
interno, ele prejudicará a concentração em nome da dor. 
Racionalize ou emocione-se. Esfrie os ânimos ou dê-se gás. 
Busque seu autocontrole ou a sua motivação. Equilibre-se! 
Todos os recursos dos quais você precisa estão aí dentro. 
Encontre suas respostas e a força necessária para superar 
cada desafio. Eles sempre aparecerão na sua vida e você 
estará pronto para derrubá-los. Olhe para dentro, você 
sempre sabe o que deve fazer.
 
 
 
37 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Não lembrava por que tinha aquela bola de tênis. Nunca havia 
praticado o esporte. Mas estava ali, na cama, jogando aquele 
objeto felpudo verde-marca-texto na parede, em um movimento 
tedioso e contínuo que já durava horas. Sabia que tinha que 
reagir. Tinha que colocar o foco em algo para que parasse de 
pensar na sua ex-namorada. 
Como seu trabalho não era a melhor das válvulas de escape, a 
melhor coisa era voltar ao seu projeto de passar em concurso 
 
38 
 
público. Mas no dia seguinte pensaria nisso. À noite, resolveu 
assistir novamente ao filme Tropa de Elite, que passava na TV. 
Em certo momento, o Capitão Nascimento explicava aos 
candidatos do Bope sobre estratégia, traduzindo a palavra em 
várias línguas. Nisso, teve um insight: precisava de uma 
estratégia, até porque não tinha todo o tempo para estudar tudo. 
Durante os anos da escola e da faculdade, João Pedro sempre 
estudou de qualquer jeito, sem nenhuma orientação e muitas 
vezes, após passar horas sobre os livros, ele se sentia totalmente 
despreparado, como se não tivesse aprendido nada. Tinha medo 
que isso acontecesse novamente, mas dessa vez não podia 
falhar. Sua vida dependia daquilo. 
Ele tinha que aprender a aprender. Após dar uma rápida 
pesquisada na internet, encontrou muitos textos sobre esse 
assunto, alguns muito técnicos, sobre programação 
neurolinguística e a capacidade de programar a mente. Leu 
diversas pesquisas sobre o funcionamento do cérebro que são 
realizadas mundo afora. Umas diziam que a repetição de 
informações éuma forma de gravar melhor o conteúdo, outras 
sugeriam relacionar coisas novas com o que já é conhecido. 
Porém, poucos materiais explicavam, de maneira didática, como 
podemos colocar em prática todas essas conclusões. Em um dos 
sites, havia a dica para procurar um teacher coach. Nunca havia 
ouvido falar disso. O site descrevia esse profissional como a 
combinação perfeita entre ser professor e também treinador de 
um estudante. Dizia que “sua função é estimular, impulsionar e 
ensinar os alunos a conquistarem seus objetivos por meio do 
estudo”. 
 
39 
 
Achou interessante. Poderia ser o primeiro 
caminho. Resolveu sair do marasmo e ter 
uma atitude de aprendiz mais proativa. 
Mandou uma mensagem para Daniela, 
perguntando se ela não queria ser sua 
teacher coach. João contou cada segundo, 
esperando a resposta. Depois de mais de duas horas: “Claro, 
João, adoraria”. E começaram a trocar e-mails para combinar 
como fariam isso. Em meio a várias mensagens, uma frase o 
animou: “Assim, eu vou orientar você para se tornar cada vez 
mais responsável pelo próprio aprendizado, igual fizeram 
comigo, ok?”. 
Era isso. Ele queria aprender, e não apenas decorar. Daniela lhe 
falou de técnicas para ter qualidade no estudo, como a 
metodologia da Aprendizagem Acelerada, e de várias maneiras 
que iriam trabalhar até a chegada do concurso. 
 
DICA 
 
A ideia é que o teacher coach mostre o passo a passo desse 
processo de estudos. Ele irá acompanhar o seu processo de 
formação. Se você não tem acesso a nenhum teacher coach, 
procure um professor que tenha uma excelente didática e 
peça para que o ajude a aprender a estudar melhor. E ainda, 
se não tiver nenhum professor com esse perfil, veja se algum 
amigo mais experiente poderá fazer esse papel.
 
 
40 
 
– Putz, caramba, o Dr. Dorneles vai me matar! – disse João 
Pedro, enquanto jogava todos os papéis de sua pasta no chão, 
no meio do hall de entrada do Fórum. Não era possível, tinha 
esquecido o documento mais importante para a audiência que 
teria daqui a pouco. Ligou para o escritório, o motoboy havia 
saído, tiveram que contratar outro, chegou em cima da hora. Ele 
voltou e ouviu novamente aquela singela bronca de toda 
semana. Mas nada daquilo importava. No final do expediente, 
iria se encontrar com Daniela. Estava animado para começar 
sua caminhada rumo ao maior objetivo da sua vida. Marcaram 
na casa dela, que nem era tão longe. Ao chegar no portão, João 
Pedro logo percebeu que era uma bela casa, principalmente 
para quem morava sozinha. 
Tudo era incrível. A decoração, o bom gosto, os móveis, aquela 
TV gigante, tudo naquela casa despertava admiração, mas 
também um pouco de inveja e frustração em João. Afinal, eles 
tinham se formado no mesmo ano e hoje ela já tinha 
praticamente “se feito na vida”. 
– Água, refrigerante? Ah, café, você era viciado, né? 
Ainda é. Pegou um café e começaram a falar do que interessava. 
Daniela fazia com que João Pedro contasse sobre suas 
dificuldades, o que mais lhe afligia, até que chegaram ao 
problema do “branco”. – Desde sempre, tentava prestar atenção 
às aulas e ainda dava uma estudada depois, mas era só chegar 
a prova, que num passe de mágica toda a matéria desaparecia. 
– Você já ouviu falar de CAT, João Pedro? 
– Cat, gato? 
 
41 
 
– Não, CAT é acrônimo que irá ajudá-lo a lembrar da “tríade do 
estudante profissional”. Significa 
Conhecimento, Ação e Tempo – respondeu 
Daniela, e começou a escrever no seu 
caderno para que João Pedro fixasse 
aquilo. – O conhecimento é necessário para 
saber como funciona o cérebro e o processo de 
aprendizagem; a ação é a atitude diária, dedicar-se efetivamente 
ao estudo; e o tempo é para persistir no estudo até alcançar a 
bagagem de conteúdo suficiente para a prova. Esse é o primeiro 
passo. E garanto a você, quanto mais preparado você estiver, 
baseado nesses três princípios, menos chances do tal “branco” 
aparecer. Vamos aprofundar isso... 
E ficaram por duas horas conversando sobre diversos conceitos, 
e a cada um era como se a mente de João Pedro se iluminasse, 
e o caminho até a saída dessa longa caverna estivesse cada vez 
mais claro. 
 
DICA 
 
Tudo o que decidimos fazer na vida para obtermos os 
melhores resultados deve ser profissionalizado. Com o 
estudo não é diferente. Infelizmente, a maioria das pessoas 
não veem semelhanças entre o estudo e o exercício da 
profissão. Só que temos muito a incorporar na nossa rotina 
de estudo espelhando e aprendendo com as atividades 
profissionais. 
 
 
42 
 
DICA 
 
A tríade do estudante profissional é composta por três 
comportamentos que fazem a diferença nos resultados que 
serão alcançados por ele na hora da prova: Conhecimento, 
Ação e Tempo. Dose bem cada um desses fatores e o 
sucesso é garantido. 
 
– Cara, eu odeio física. Odeio com todas as minhas forças! 
Calorimetria, pra que eu vou usar isso na minha vida!? – bradava 
Arthurzinho, enquanto esmurrava sua apostila do cursinho. 
– Chega aí, mala. 
João Pedro tinha acabado de tirar um bolo do forno. 
– Pega esse pedacinho. 
Arthurzinho provou. O bolo de laranja, igual ao que a avó 
Mathilde fazia, estava realmente bom. Quando esticou a mão 
para pegar mais um pedaço, o irmão mais velho levantou 
repentinamente a forma e queimou o braço do caçula. 
– Está vendo. Isso é calorimetria. Por que você acha que 
conseguiu pegar o bolo, mas não consegue pegar a forma? 
– Sei lá, porque senão queimo minha mão. 
– Exato. O metal é condutor térmico. A transferência de calor 
entre a forma e a mão é mais rápida que entre o bolo e a mão. 
Ou seja, é melhor você começar a aprender isso, antes que 
queime toda sua mão. E por que você está com esse moletom? 
Está frio, certo? E você só sente frio porque seu organismo está 
a uma temperatura maior do que a do ambiente, e por isso cede 
calor. Esse moletom não permite que isso aconteça, pois é um 
 
43 
 
isolante térmico. Sacou? Agora pega mais um bolo e volte a 
estudar. 
 
DICA 
 
De acordo com o dicionário, a palavra contextualizar 
significa entender, analisar ou interpretar o significado de 
algo, levando em conta as circunstâncias em que ele ocorre. 
Com isso, uma das melhores formas para aprender é 
envolver o conteúdo do aprendizado em situações úteis do 
dia a dia, pois estudar uma matéria que aparentemente não 
tem nenhuma serventia não é estimulante para ninguém. 
Como alguns estudantes no período de preparação estão 
apenas no campo da teoria, é preciso encontrar uma forma 
de levar a doutrina para a prática. 
 
DICA 
 
Fica mais fácil treinar a contextualização na forma de 
questionamentos, em que os conteúdos são postos em 
situações práticas. Também é importante responder 
questões de concursos e provas anteriores, pois, dessa 
forma, você conhecerá como a instituição e a banca 
elaboram as perguntas, qual a metodologia utilizada e quais 
são os conteúdos preferidos do edital. 
 
DICA 
 
Ao fazer simulados ou responder questões de provas de 
concursos anteriores para treinar, é bom tomar certo 
cuidado: não leia as questões já respondidas. Isso é ruim, 
pois cria a ilusão de que você sabe sobre o assunto, quando, 
 
44 
 
na verdade, não treinou o raciocínio para resolver aquela 
pergunta. Veja o gabarito apenas depois de tentar solucionar 
sozinho a prova. 
 
DICA 
 
Outra estratégia para contextualizar o conteúdo é elaborar 
redações ou questões dissertativas sempre que possível. 
Imagine como aplicar na vida real o conteúdo estudado e 
produza um texto explicando o que estudou. Esse 
treinamento forçará você a pensar no conteúdo estudado 
como um todo e, naturalmente, fará com que entenda na 
prática como usá-lo. E mais: ainda preparará o seu cérebro 
a raciocinar com vários conceitos para responder as 
perguntas mais elaboradas. 
 
– Cara, que olheiras são essas? 
Aquela noite não tinha sido fácil. Depois de ajudar seu irmão em 
algumasquestões de física e matemática – aliás, não sabia por 
que não tinha seguido para área de exatas -, João Pedro ficou 
debruçado durante a noite e a madrugada inteiras sobre os livros 
de Direito. Dormiu cerca de três horas, foi trabalhar e agora 
estava ali, em frente à sua teacher coach, com olheiras tão fortes 
que parecia que havia sido golpeado várias vezes nessas lutas 
de vale-tudo. 
– Não adianta, eu estou muito defasado. Muita coisa que eu 
sabia na faculdade eu nem lembro mais, e outras eu nem sei se 
eu já soube... 
– Para com isso, João! Desse jeito, quando chegar o dia da 
prova, é capaz de você cair pregado em cima da carteira. Não é 
assim. Deixe eu contar a você uma coisa: quando resolvi prestar 
 
45 
 
concurso para juíza, eu trabalhava, fazia academia, inglês e 
ainda arrumava tempo para sair com minhas amigas. Mas todos 
os dias eu tinha meu horário de estudo. Tirava três horinhas 
sagradas para isso e não havia nada que me tirasse da frente 
dos livros nesse período. E você viu o resultado. Claro que cada 
um é cada um, mas se você continuar nesse ritmo... 
Nisso, os olhos de João Pedro pesaram, como se tivessem 
pequenas bigornas amarradas nos cílios. Poderia jurar que, 
naquele décimo de segundo, até sonhou. 
– João, acorda! Semana que vem nós continuamos. A tarefa 
para esta é você não estudar quando tem que dormir, e vice-
versa, combinado? 
 
DICA 
 
Uma dúvida muito comum entre os estudantes é descobrir 
o período de tempo ideal para cada prática diária de estudo. 
A maioria tem a falsa impressão de que, para ter bons 
resultados, é preciso permanecer infinitas horas dedicadas 
aos livros. O mais importante é que o estudo seja constante. 
Será mais produtivo estudar duas horas diariamente, se esta 
for a sua disponibilidade, porém de forma contínua, do que 
ter a esperança de que, em algum momento, terá muito 
tempo disponível e postergar o início dos estudos. Sabemos 
que é muito raro acontecer esse tipo de oportunidade. 
 
 
 
46 
 
DICA 
 
A falta de planejamento e a sensação de não estar evoluindo 
no aprendizado após madrugadas em claro fará com que a 
motivação seja atingida. E estando cansado e estressado, o 
resultado já conhecemos: o estudante se irrita e nunca mais 
volta a pegar nos livros. 
 
DICA 
 
Sinto informar, mas infelizmente não existe resposta padrão 
para o título desse tópico. Claro que quem estuda quatro 
horas de forma comprometida tem mais aprendizado do que 
aquele que faz isso por duas horas. Porém, se as quatro 
horas não forem bem aproveitadas, aquele que estudou 
duas, com método e eficiência, levará vantagem. Tudo 
depende da sua vida, dos seus compromissos, do seu 
condicionamento para ficar sentado estudando e do seu 
conhecimento das técnicas de aprendizado. Por isso, evite 
se comparar com os outros. Cada um tem a sua cadência, 
seu tempo, sua rotina. 
 
– Cara, são dez livros, dez livros, sabe o que é isso!? – 
esperneava Arthurzinho, sacudindo a lista que teria que dar 
conta, além de ter que estudar física, química, geografia... 
– Vou mostrar para você o tamanho dos meus livros. Só esse de 
Direito Constitucional garanto que vale por todos esses dez. E 
me passa essa lista, vou dar uma olhada. 
Ao ver obras de Machado de Assis, Guimarães Rosa, Mario de 
Andrade, Rubem Fonseca e Dalton Trevisan, João Pedro sentiu 
inveja do irmão. Ele queria reler algumas daquelas obras, dessa 
vez por prazer, e não obrigado como fora na escola. 
 
47 
 
– Qual o último livro que você leu? – perguntou ao irmão caçula. 
– Sei lá, O Guia do Mochileiro das Galáxias, talvez. 
– Mas é um nerd mesmo. Então, aposto que terminou em um 
ou dois dias cada volume daquele, não? E aposto que, quando 
você lê esses blogs que gosta, consegue já dar um monte de 
opiniões a respeito. Se forem sobre esses super-heróis que curte 
então, devora os textos. É isso, rapaz. 
Pegue esse Grande Sertão: Veredas e leia dessa mesma forma, 
tente se envolver com a história. Você tem 
tempo, não se preocupe em decorar as 
nuances de cada obra para o vestibular. 
Apenas se entregue à leitura. 
– Mas, mano, isso é muito chato. 
– Talvez você esteja lendo com olhos viciados. Faz o seguinte: 
tente se colocar na pele do Riobaldo, como se estivesse vivendo 
aquelas condições daquele grande sertão. Pô, o livro tem até 
pacto com o demônio e você não gosta? Sério, tente ver a coisa 
com outros olhos, tudo fica mágico. 
– Você, por acaso, faz isso com essa sua “bíblia” de Direito aí? 
João Pedro olhou para aquele calhamaço que estava em suas 
mãos, entortou os lábios, e respondeu, não com tanta 
convicção: 
– É, acho que vou tentar também. 
 
 
48 
 
 
DICA 
 
Para quem protela até o último momento a preparação para 
aquela prova difícil que irá se submeter e quer ler tudo o que 
conseguir o mais rápido possível, saiba que a qualidade da 
apreensão do conteúdo acaba sendo quase nula. 
 
DICA 
 
Porque reagimos de forma tão diferente quando a leitura é 
para estudos e quando é por diversão? Basicamente porque 
colocamos uma carga emocional muito pesada no momento 
de estudos e, com isso, perdemos a naturalidade. Temos a 
falsa crença de que estudar, aprender e memorizar é um 
processo difícil. Só que o nosso cérebro absorve tudo o que 
de fato aprendemos. Tem música que você escutou na sua 
infância e se tocar agora garanto que sairá cantando, não? 
O desafio é ler o seu livro para a próxima prova com a 
mesma vontade que teria se fosse a um show ouvir as 
músicas de sua banda favorita. 
 
Em poucas semanas, os dois irmãos pareciam aquelas duplas 
de nado sincronizado. Um imitava e influenciava o outro. 
Usavam a mesma metodologia, com dicas que Daniela passava 
para João Pedro, que passava para Arthurzinho. Esse, por sua 
vez, também pegava dicas de professores e alunos do cursinho, 
e passava para o irmão mais velho. 
 
49 
 
Tudo parecia caminhar bem, até que João Pedro, ao olhar seu 
irmão mais novo, lembrou quando também prestou vestibular e 
tudo parecia mais fácil. Será que, ao juntar forças com 
Arthurzinho, acabaria em desvantagem, já que o concurso que 
iria prestar seria muito mais difícil? Pensou que aquilo podia 
estar funcionando como uma âncora, que não o deixava rumar 
para mais longe, e ficava preso em um método que talvez só 
servisse para vestibulandos. 
No meio da sua reflexão, olhou à sua volta para as pessoas do 
escritório em que trabalhava. Aquele chefe estúpido, que 
compensava sua quase nula competência com um autoritarismo 
insano; aqueles advogados sem grande perspectiva na vida; 
aquelas secretárias quase robóticas com pavor de perder o 
emprego e nunca mais conseguirem uma recolocação... Aquela 
rotina só funcionaria ali, se é que funcionava. Se fosse aplicada 
em outra empresa, esta iria à falência em um instante. 
Resolveu levar essa questão para sua teacher coach. Daniela 
pensou um pouco, deu um gole no seu cappuccino, com a 
elegância de sempre, e respondeu: 
– Se o que você está me perguntando é se a pessoa deve estudar 
com a mesma metodologia e estratégia para qualquer tipo de 
prova, a resposta certamente é não. As exigências serão 
distintas. E nem estou dizendo sobre a óbvia diferença entre as 
matérias que são cobradas, mas sim sobre os padrões dos testes 
e os graus de profundidade e complexidade na elaboração dos 
questionamentos. 
– Como assim, Dani? 
– Em primeiro lugar, você tem que saber como será a sua prova. 
Ela pode ser objetiva ou dissertativa, e tem alguns casos em que 
 
50 
 
há a possibilidade até de exames orais e entrevistas, como na 
prova para juiz que eu prestei. Sabe aquela história que está no 
livro do Sun Tzu, A Arte da Guerra, que eu emprestei a 
você, que diz que conhecer o adversário é o 
primeiro passo para enfrentá-lo. É isso! 
Mas aí você me pergunta: de que forma 
vou conhecer meu inimigo ou minha 
prova? 
João Pedro assentiu com a cabeça.– Sendo proativo, conhecendo as suas habilidades e 
capacidades. Não adianta você ter todo conhecimento na ponta 
da língua e não saber como isso vai ser exigido. A forma é tão 
importante quando o conteúdo, e você tem que treiná-la 
também. Estudar com seu irmão talvez não seja ruim, mas seria 
legal de vez em quando você se juntar a pessoas que estão se 
preparando para a mesma prova que a sua, que tal? 
 
DICA 
 
Para identificar qual método traz mais resultados para você, 
tente diversos métodos e tente adequá-los ao que a prova 
irá exigir. Se tiver exame oral, por exemplo, treine falar o 
conteúdo, e não apenas decorá-lo. Aplique em si mesmo 
vários testes e verifique se você adquire maior aprendizado 
fazendo leituras, redigindo resumos, fichas, mapas mentais, 
ensinando outras pessoas... Aja. Não espere passivamente. 
Construa o seu conhecimento. Como bem disse Albert 
Einstein: "Aprendizado é ação. Do contrário, é só 
informação". 
 
51 
 
 
DICA 
 
Estudar com os amigos é bom, principalmente com pessoas 
que irão prestar a mesma prova que você e também estão 
focadas no aprendizado. Só é preciso ficar atento para que 
essas reuniões de estudo não virem apenas diversão e 
conversa sobre outros assuntos. Não pode virar bagunça. O 
mesmo foco que precisamos ter quando estamos sozinhos, 
no quarto, deve ser mantido com os amigos. 
 
Na varanda, João Pedro via o sol se por entre os prédios da 
metrópole. O barulhinho do seu WhatsApp não parava. No dia 
seguinte, sairia para encontrar seus novos amigos. Seguindo o 
conselho de Daniela, encontrou no Facebook um grupo de 
estudantes para o mesmo concurso que o seu, que se reunia a 
cada quinze dias para trocar dicas e experiências. Logo já trocou 
contatos. Não sabia se seu irmão iria receber bem aquele 
pequeno afastamento, mas era necessário. 
Mas ainda restava aquela noite e não sabia o que iria fazer 
exatamente. Aliás, em quase nenhuma noite sabia. Ok, iria 
estudar. E fazer a janta. E comer. E tomar banho. Não 
necessariamente nessa ordem. Apenas era levado pelas horas e 
ia cumprindo seus afazeres de acordo com o que ia lembrando 
e aparecendo. 
Desde pequeno, João Pedro nunca foi organizado. Deixava seus 
bonecos jogados pelo chão aos 6, os jogos do videogame 
espalhados aos 12, seus discos em cima do sofá ou da cama 
aos 18. Também não planejava. Estudava na hora que dava ou 
 
52 
 
quando não tinha que se divertir. Até aqui, tinha dado certo. 
Mas sabia que para esse seu próximo grande desafio, a coisa 
poderia ser diferente. Ainda mais porque vivia inundado de 
tarefas do trabalho, quase sempre com prazos exíguos e pressão 
de tudo quanto é lado. 
Para ele, manter em dia as obrigações de casa, do trabalho e 
consigo mesmo era uma missão para herói. E nem sempre ele 
estava com seus superpoderes carregados. Estava cansado 
disso. Entrou no computador e resolveu montar uma planilha. 
Das 9h às 17h: trabalho. Das 18h às 19h30: preparar a janta 
e comer. Às 20h: encontro com o grupo de estudos... Pela 
primeira vez, sentiu que estava controlando o tempo, e não 
sendo atropelado por ele. 
 
DICA 
 
As desculpas para não conseguir dar conta de tudo em seu 
devido tempo são infinitas, e até acredito que às vezes sejam 
reais. Porém, dentre os diversos motivos que tornam alguém 
desorganizado, tem um, em especial, que quero chamar a 
atenção: a procrastinação. Quando deixamos de fazer 
determinada obrigação e empurramos para depois, a nossa 
lista vai se avolumando, pois as novas tarefas não deixam 
de surgir. E quando percebemos, o choque é inevitável, não 
damos conta nem da metade dos deveres. 
 
 
 
 
53 
 
DICA 
 
Para quem está estudando e se preparando para um 
concurso público ou vestibular, caso não tenha nascido com 
o “gene da organização”, precisa adquiri-lo. Uma ideia, para 
começar, é fazer uma lista de tudo que precisa fazer no dia, 
e a cada empreitada cumprida retirá-la da lista. A sensação 
de alívio ao perceber que o seu dia está rendendo é 
reconfortante. Como dizem: quando não se sabe o destino, 
qualquer vento serve. Escolha e defina o seu destino, e 
ajuste as vela para os bons ventos. Para ter sucesso na sua 
prova, você precisa programar o seu caminho de estudo, e 
para poder cumpri-lo, a maior parte da sua vida também 
precisa estar organizada. 
 
DICA 
 
Alcançar a aprovação demanda dedicação diária. Como 
pode ser difícil mudar completamente a sua rotina de uma 
hora para a outra e somente se dedicar aos estudos, 
precisamos garimpar espaço na nossa agenda para esse fim 
e, aos poucos, ir alargando esse espaço. Para isso 
acontecer, repito: organize-se. Com as obrigações divididas 
em seu espaço de tempo adequado, será possível encontrar 
mais tempo para os estudos. 
 
– Cara, eu já fiz isso também, coloquei tudo o que tenho para 
fazer no papel. Mas cumprir é que é difícil, né? Ando pecando 
em alguns aspectos, por exemplo, eu me propus a caminhar três 
vezes por semana para emagrecer, estou indo uma vez. Para o 
concurso, apenas comecei a ler um dos livros, mas não avanço. 
Profissionalmente, preciso mudar de emprego. E os ensaios com 
minha banda, que estavam marcados ali, todo sábado, às 15h, 
 
54 
 
não estão rolando por mil motivos. Colocar no 
papel é fácil, meu chapa, difícil é fazer. 
Pablo falava bastante. Seus 115 kg 
pareciam não pesar naquele 1,65m, e era 
mais ágil do que muitos magrinhos por aí. 
João Pedro o conheceu no grupo de estudos e parecia que já 
eram os melhores amigos desde os tempos de colégio. 
Aquelas últimas palavras ficaram ressoando na cabeça de João 
durante boa parte da noite. Nesses primeiros dias, até estava 
dando conta das tarefas que planejou, mas será que daqui a 
alguns dias também estaria nessa situação? 
Resolveu, mais uma vez, apelar à sua amiga Daniela, que 
parecia que tinha a solução para tudo. 
– Boa, João, estou orgulhosa que resolveu estudar com gente 
com objetivos mais parecidos que o seu. Agora, pelo que você 
me falou desse Pablo, é fácil perceber que ele tem vários 
objetivos e planos, e tudo ele julga importante. Claro, isso é bom, 
melhor do que não ter metas na vida. Ele sabe que precisa 
melhorar a sua saúde, estudar, mudar de emprego. Entretanto, 
há um detalhe. Ele diz que está "pecando" em alguns aspectos, 
é isso? 
– Pois é, Dani, e eu também tenho medo de virar esse pecador 
e ser excomungado da igreja dos concursos públicos – disse 
soltando um riso envergonhado. 
– Eu só acho que quanto mais abrangentes são as nossas metas, 
é mais difícil torná-las realidade. E ele quer meio que mudar 
tudo ao mesmo tempo agora, como diz aquela música dos Titãs. 
E não adianta, o ser humano não funciona assim. Já é tão difícil 
mudar. Imagina se você decide fazer um curso de fotografia, 
 
55 
 
para fazer bicos de fotógrafo por aí; de culinária, para cozinhar 
melhor, porque está enjoado de sua comida; e ainda quer passar 
no concurso e aprender alemão. É impossível. Tem que ser uma 
coisa por vez. Mesmo no universo dos estudos tem que ir com 
calma. Primeiro você cria o hábito de estudar, depois de fazer 
simulados, depois de trocar experiências, e assim por diante. Se 
você fizer tudo ao mesmo tempo, você pira, meu amigo. 
– É, talvez seja melhor eu adiar meu curso de alemão – brincou 
João. 
Ele não era o Pablo. Não precisava se preocupar. Estava indo 
bem. Dormiu muito bem naquela noite, como se os fantasmas 
que estava acostumado a ver estivessem cada vez mais tomando 
a forma que sempre devessem ter: invisíveis. 
 
DICA 
 
Dependendo das escolhas que fazemos, pode chegar um dia 
que cansamos e decidimos dar um basta. Queremos 
mudanças! Nós somos o que repetidamente fazemos, 
somos o resultado dos nossos hábitos. Então, é muito difícil 
querer trocar todos eles de uma vez só. É como querer ser 
outra pessoa, completamente diferente de uma hora para 
outra. Uma boa opção é tentar uma mudança por vez. 
Escolhao que é mais importante na sua lista de objetivos e 
concentre-se nesse item. Empenhe todas as forças para 
tornar essa meta realidade em sua vida. Somente após 
conseguir que esse objetivo seja um novo hábito instalado 
na sua rotina, passe para outro. Um a um, pouco a pouco, 
degrau por degrau. 
 
 
56 
 
– Sério, cara, toda segunda-feira, ao acordar, eu falo pra mim 
mesmo que vou perder peso. Só como legumes, verduras e 
frutas e tudo que é coisa light, diet. Até cheguei a me matricular 
na academia, acredita? 
– Acred... 
– E você acha que eu mantive por muito tempo? Fui só por dois 
meses na academia, ficava todo dolorido, suado e cansei – 
emendou Pablo. Era difícil interrompê-lo. – A mesma coisa agora 
para o concurso. Comprei aquele livro enorme com material de 
estudo na banca, caneta marca-texto e o escambau. Mas não 
sei por quanto tempo vou manter esse pique. E também... 
– Pablo, Pablo. Espera aí, é minha vez de falar. Na boa, todo 
mundo é assim. No primeiro momento está tudo certo, você está 
mais do que motivado, mas, conforme o tempo vai passando, 
perde a empolgação. Pô, até com alguns namoros e casamentos 
é assim. 
Com bom humor, João Pedro tentou falar para 
o seu amigo que boa intenção é importante, 
porém não é suficiente. Que era preciso dar 
continuidade. Dessa vez, Pablo ouviu 
calado. 
– Depender da força de vontade é bem arriscado, cara, até 
porque acredito que nós temos um estoque finito dela. E o que 
vejo de mais grave é essa tentativa de revolucionar sua vida de 
uma vez só, tentar alcançar todas essas metas de uma hora para 
a outra e ao mesmo tempo. Isso é loucura. Força de vontade 
gasta energia, e se depois de um dia de trabalho você não tiver 
 
57 
 
essa energia, provavelmente não irá pegar seu material e encarar 
duas horas de estudo. 
– Ok, saquei, mas o que eu faço? 
– Não sei, mas acho que a melhor estratégia é conseguir fazer 
com que tudo que você tenha que fazer de importante não seja 
um grande fardo. Tentar estudar como se estivesse indo ao 
cinema, sabe? 
Ouvindo suas próprias palavras, João Pedro percebeu como sua 
cabeça já tinha mudado, e que sua teacher coach ficaria muito 
orgulhosa se ouvisse isso. 
 
DICA 
 
Um bom exercício para reforçar o "músculo" da continuidade 
é se propor a terminar as coisas. Comece com as mais 
simples. Quando encontrar um amigo que não vê a longa 
data e com quem quase sempre a conversa termina com a 
promessa de marcar um encontro para matar as saudades 
e colocar do papo em dia, de fato marque esse dia. Se sabe 
que isso não irá acontecer, nem se comprometa, então. 
Termine a leitura daquela revista ou livro que está enrolando 
faz um tempo. Definitivamente, arrume o armário do qual 
você está fugindo há meses. Enfim, treine o seu poder de 
finalizar as coisas. Com o tempo será muito mais fácil dar 
continuidade e concluir os seus objetivos maiores. 
 
 
 
 
58 
 
DICA 
 
Tente incorporar tudo que é relevante em sua vida como um 
hábito. Assim, apenas no início será necessário contar com 
a disposição interna, pois, com o tempo, o hábito se instala 
e naturalmente será mais fácil cumprir aquilo com o que 
você se comprometeu. Seja se exercitar diariamente, manter 
a reeducação alimentar, ir para a sua aula de inglês, como 
também estudar para o concurso do seu interesse. 
 
DICA 
 
Não existe um prazo certo para continuar estudando. A 
intenção é conseguir estudar pelo tempo necessário para 
alcançar a preparação suficiente para ser aprovado. Uma 
vez que você decida começar, avalie todas as possibilidades 
e, quando acreditar que é momento certo, comece para 
valer. Lembre-se de que interromper um sonho por falta de 
energia o deixará descrente de sua capacidade. E nós 
sabemos que dentro de você há todas as habilidades para 
alcançar o seu sonho, só depende de dar o primeiro, o 
segundo, o terceiro e todos os outros passos necessários até 
a sua conquista. 
 
 
 
59 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Um dos clichês mais conhecidos no futebol é que é mais fácil 
destruir do que construir uma jogada. E, nesse sentido, há muito 
mais jogadores capazes de desarmar um drible do que aqueles 
gênios que criam lances extraordinários. Essa máxima vale para 
muitos aspectos na vida. João Pedro, ao ver seu time do Santos 
não conseguir ultrapassar a barreira defensiva de um time 
pequeno do interior, percebeu que a vitória vai muito além de 
um bom preparo físico e técnico. 
 
60 
 
Já havia se passado cinco meses desde que começou a se 
preparar para o concurso, mas seus sentimentos pareciam 
atrapalhar qualquer progresso racional que tinha feito até então. 
E assim como acontecia no jogo ao qual assistia, sabia que a 
construção do caminho para atingir seu sonho era muito mais 
fácil de ser destruída do que construída. 
Tinha que entender direito o que eram aqueles sentimentos que 
estavam afetando todas as facetas de sua vida, que no seu caso 
se resumia a estudar, estudar e estudar mais um pouco. Não 
havia ninguém com quem pudesse conversar a respeito. Daniela 
era muito prática, não entenderia; seu irmão menos ainda; 
Laura, com quem falava sobre essas coisas, não estava mais 
com ele; Pablo, seus amigos, colegas e pais estavam fora de 
cogitação. Tinha que entender isso sozinho, até porque, para 
falar com alguém, precisava saber exatamente o que se passava. 
Pensou que talvez o que tivesse atrapalhando fosse o maior de 
todos os sentimentos. Isso mesmo, o amor. Nesse caso, não o 
amor que sentia por sua família, seus amigos ou que já sentiu 
por suas namoradas. Era o amor por ele próprio. Em vez de 
pensar no famoso ditado bíblico “não faça com os outros aquilo 
que não gostaria que fizessem com você”, refletia sobre a 
sentença ao contrário: “Será que estou fazendo comigo aquilo 
que não faria nem com os meus inimigos?” 
Isso porque estava se cobrando além do normal. Se não 
entendia algum capítulo, já se desesperava, achava que estava 
sendo passado para trás, que seu destino era mesmo um 
emprego do qual não gostava. Essa falta de amor-próprio estava 
comprometendo um dos fatores que poderia ser a chave para 
seu bom desempenho: a autoconfiança. 
 
61 
 
Embora estivesse se dedicando, ele já tinha criado dúvidas sobre 
a sua real capacidade de estudar e aprender e se iria conseguir 
a aprovação. Mesmo estudando cada vez mais, ainda achava 
pouco. Na sua cabeça, os fantasmas voltavam a perturbar, e 
aquela voz que havia sumido por um período ficava dizendo que 
não valia a pena tamanho sacrifício, que é muito difícil, que só 
passa na prova quem tem padrinho importante e toda aquela 
bobagem de sorte. 
O pior é que, no encontro à noite com seu grupo de estudos, a 
situação não melhorou muito. Douglas e Melissa, dois de seus 
colegas, discutiam tópicos de Direito Administrativo os quais ele 
nem tinha noção do que se tratava. Sua vontade era correr para 
casa e pegar seu livro e ler tudo aquilo que falavam. Mas aí, 
provavelmente, na outra reunião, debateriam outro tópico do 
qual não teria nenhum conhecimento. Nessa hora, bateu o 
desespero, e sua vontade de destruir tudo que havia construído 
até agora era quase inevitável. 
 
DICA 
 
Temos essa mania de nos desvalorizar de tal maneira que, 
por vezes, acabamos desistindo de importantes planos, de 
tanto que minamos a nossa autoconfiança. E, no final, 
chegamos a acreditar que para o outro tudo é possível, mas 
para nós não. Pare de se olhar no espelho e se criticar 
duramente. Cada um de nós, com nossas características, 
virtudes e até defeitos, somos capazes de ir além sempre. 
Tenho comigo três palavrinhas como um mantra pessoal: 
foco, força e fé. De uma vez por todas, confie no seu 
 
62 
 
potencial, ele é que levará você à aprovação. Faça as pazes 
consigo e declare guerra àquela voz interna que tenta 
boicotá-lo. 
 
DICA 
 
No embalo de conciliar a vida corrida com os estudos,parar 
e refletir sobre os nossos sentimentos não é uma tarefa que 
damos a devida atenção. Porém, ao fazê-la, potencializamos 
a nossa produtividade. 
 
– Como assim desistir, você está louco cara? 
Arthurzinho, que, ao contrário do irmão mais velho, estava 
empolgado com seus resultados nos simulados para o 
vestibular, não entendia o desânimo do irmão. 
– Não, cara, você não pode desistir assim. Eu me inspirei em 
você para estudar para o vestibular, usando vários de seus 
ensinamentos, e você vai largar tudo?! 
– É diferente, mano. Lá nas reuniões do grupo vão de dez a 
quinze pessoas. Pelo menos metade tenho certeza que irá bem 
na prova, na minha frente. Imagine isso em proporção com 
todos os candidatos do país. Eu não tenho a mínima chance. 
– João, esse é só o meio do caminho. Já viu alguém perder antes 
do torneio começar? 
– Mas a diferença é grande, não vai dar pra 
tirar a vantagem até a prova. 
O conselho de Daniela para que João Pedro 
encontrasse pessoas com o mesmo interesse 
 
63 
 
que o seu em relação ao concurso acabou virando contra ele. 
Em vez de usar esses encontros para ajudar na sua empreitada, 
a tomada de conhecimento das experiências dos outros o 
desanimou. 
Depois de conversar com o irmão, tentou achar o motivo pelo 
qual estava se sentindo tão atrás dos outros concurseiros. Será 
que era por que não tinha tanto tempo disponível quanto seus 
colegas? Não era tão inteligente quanto eles? Não tinha pais 
ricos que o sustentasse enquanto estudava como alguns deles? 
Ou será que era uma dificuldade pessoal e não conseguia 
aprender na mesma velocidade que seus amigos? 
Tinha que tomar uma atitude naquele momento. Ou largava 
tudo ou tentava continuar. Se escolhesse a segunda opção, não 
era para se contorcer em crise, mas para retomar sua confiança 
e passar. Antes de decidir, ligou à noite para Daniela. Se ela 
também dissesse para ele desistir, não teria mais jeito. 
Com muita calma, Daniela pediu para que João Pedro se 
sentasse, caso estivesse de pé. E estava, andando de um lado 
para o outro, com uma agitação incomum. – É normal todo 
candidato ter essas crises, mas o negócio é seguir em frente. Eu 
já falei, João, pare de hipervalorizar a vantagem do outro e não 
enxergar as suas próprias vantagens. Uma vez escutei uma frase 
que resume bem essa situação: "Tendemos a comparar os 
nossos bastidores com o palco do outros”. Pense nisso e não 
desista, senão, irá se arrepender. Isso é certeza. 
 
 
64 
 
 
DICA 
 
Quando olhamos a vida do outro, apenas percebemos e 
ampliamos a parte boa, e muitas vezes, por desconhecer as 
dificuldades enfrentadas por eles, acreditamos que elas não 
existem. É a velha história de que o jardim do vizinho 
sempre é mais verde. Mera ilusão. Todos têm problemas. A 
diferença é que algumas pessoas aprenderam a encarar as 
contrariedades da vida com mais leveza, e sem dramas e 
alvoroço resolvem as situações e dificuldades com a energia 
necessária para a sua solução. 
 
DICA 
 
Em vez de deixar se abater por um problema, às vezes 
insolúvel, que tal se espelhar nas pessoas que parecem viver 
em um mar de rosas (e que, claro, também têm seus 
problemas). Para tudo existe solução, apenas nos cabe 
encontrar a melhor. Se o estudo comprometido é importante 
para você, encontre a melhor saída para o que lhe atrapalha 
e crie as melhores condições para realizar o seu objetivo. 
 
– Bom dia, Jailton. 
– Bom dia, Dr. Dorneles 
O advogado, chefe do escritório, era sempre muito cordial com 
o porteiro, o manobrista... Até mesmo com os funcionários, 
 
65 
 
quando estava calmo. Mas a chance de perder o equilíbrio em 
um dia qualquer de trabalho, por alguma coisa que saísse do 
planejado, era muito grande. 
Com seu terno bege, um pouco amarrotado, a pasta marrom, 
sapato e cintos caramelo, em um visual quase monocromático, 
ele atravessou o escritório, cumprimentando a todos. Olhou, 
então, para o lugar em que ficava João Pedro. A cadeira estava 
vazia, e apenas alguns papéis se embaralhavam na mesa. 
– Onde está o Oliveira? – perguntou à secretária. Ele tinha por 
hábito chamar a todos pelo sobrenome. 
– Não chegou ainda, Dr. Dorneles. 
As bochechas, já naturalmente rosadas, ganharam um grau de 
rubor um pouco maior. Então, ele se sentou em sua poltrona de 
couro, também marrom, esperando qual seria a justificativa para 
um atraso de mais de uma hora. A poucos metros dali, João 
Pedro corria, esbaforido, sabendo que qualquer história que 
contasse seria em vão. E, na realidade, não havia desculpa: 
apenas o despertador não tinha tocado e ele não tinha 
conseguido acordar no horário. Já esperava gritos e mais gritos 
do chefe, afinal, seria um dia cheio, daqueles que não era 
recomendável atrasar nem dez minutos. 
– Desculpe, Dr. Dorneles, não sei nem o que dizer, não tenho 
desculpa mesmo, eu tento compensar... 
Estranhamente, o chefe não esboçava reação. Apenas deu um 
sorriso e disse: – Pode voltar para casa, rapaz. Aqui está sua 
carta de demissão. Não precisa cumprir nem o aviso prévio. 
João Pedro jurou que, ao sair da sala, podia notar um sorriso 
sádico no canto dos lábios do seu ex-chefe. Chegou à sua casa 
arrasado. O que estava fazendo com sua vida? Colocou todas 
 
66 
 
suas fichas em um negócio que nem sabia se ia dar certo, e 
agora estava ali, sem namorada, sem emprego e com um irmão 
de 17 anos na casa que antes era só sua. 
Antes de deixar o escritório, enquanto recolhia suas coisas, Ana, 
uma das advogadas que trabalhava com ele, falou que ele devia 
exercitar sua resiliência. Na hora, não deu muita bola e 
agradeceu o conselho, sem entender bem o que era aquilo. Na 
frente do computador, já que não tinha nada a fazer, resolveu 
então procurar o significado daquela palavrinha. A melhor 
definição que achou foi: "é a capacidade de voltar ao seu estado 
natural, principalmente após alguma situação crítica e fora do 
comum". 
Continuou não entendendo bem o que sua colega havia 
sugerido. Tentou, então, aprofundar-se um pouquinho mais e 
descobriu que essa expressão foi emprestada da Física, onde é 
definida como: "a propriedade dos materiais que acumulam 
energia quando são submetidos a situações de estresse como 
rupturas, logo após um momento de tensão podem ou não 
serem danificados, e caso sejam, terão a capacidade de voltar 
ao normal". 
Começou a entender, e realmente fazia sentido. Mais do que 
nunca, precisaria ser resiliente. 
 
 
67 
 
 
DICA 
 
Quando as coisas saem do que consideramos "normal", a 
nossa autoconfiança e a capacidade em perseverar devem 
ser exercitadas. Qual estudante pode afirmar que, na sua 
história, não passou por uma verdadeira crise durante seus 
estudos? Pressões, tensões, decepções... Impossível definir 
todos os contratempos que podem acontecer durante o 
processo de preparação. A diferença estará em como você 
vai encarar esses eventos e como irá reagir. O "normal" da 
vida é ir em busca da solução para cada problema que surge 
e a melhor estratégia é ter a capacidade de voltar ao perfeito 
estado para resolvê-lo o quanto antes. Logo em seguida, é 
preciso retomar as rédeas para continuar na busca dos seus 
sonhos. Em resumo: devemos ser resilientes. 
 
Por mais difícil que a situação tenha chegado, João Pedro sentiu 
que então tinha algo que há muito havia lhe escapado: o tempo. 
A questão era o que fazer com ele. Primeiro, resolveu planejar 
suas finanças. Com o dinheiro da rescisão, talvez conseguisse 
viver de quatro a cinco meses, economizando bastante. Era 
tempo suficiente para se dedicar aos estudos da maneira devida. 
Resiliência. Era isso. Tinha que, apesar de todos os problemas 
que estava vivendo, voltar ao seu estado inicial, com um objetivo 
a ser alcançado. Já visualizava seus dias mergulhado de cabeça 
 
68 
 
nos livros. Seriam horas, dias, meses intensos nessa busca, sem 
mais nada para atrapalhar.

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