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Seção 3 - PEÇA PENAL - Reclamação Constitucional

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
	
	RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL
	 
 
	Com pedido de medida liminar
NONO NINHO, brasileiro, casado, CPF, vendedor, residente na cidade de Vargem/SP, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência; tempestivamente, por intermédio de seu advogado que esta subscreve, com fundamento na alínea l) do inciso I do art. 102 e no art. 103-A, da Constituição da República, apresentar a presente RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL (com pedido de medida liminar) em face da decisão proferida pelo Juiz da 1ª Vara Criminal da Comarca de Extrema/MG, que nos autos do processo crime violou a autoridade da Súmula nº 524 desse Egrégio Supremo Tribunal, conforme exposição de fatos e fundamentos a seguir:
	 
 
 
 
	 I- DOS FATOS
Encaminhado o feito ao Ministério Público, optou por não oferecer a inicial acusatória, representando, assim, pelo trancamento do inquérito policial em razão da ausência de elementos mínimos de autoria (insuficiência de provas), com base nos arts. 18 e 28 do CPP, fato que não sofreu qualquer tipo de oposição após o cumprimento de todos os trâmites previstos em lei (art. 28 do CPP). Já no dia 20 de janeiro de 2020 (segunda-feira), o Ministério Público, após a aposentadoria do membro que anteriormente oficiou nestes autos e se manifestou pelo arquivamento do feito, agora, através de seu novo representante, requereu o desarquivamento do inquérito. Encaminhado o feito à autoridade policial de Vargem/SP, manifestou novamente pela ausência de novos fatos ensejadores do indiciamento de NONO NINHO, em razão da suposta prática do crime descrito no §2º-A do art. 157 do CPB, não trazendo ao feito qualquer elemento de convicção diverso. Mesmo ausentes fatos novos, o Ministério Público ofertou nova denúncia, alegando para tanto que entendeu acerca da existência de prova da materialidade e indícios suficientes da autoria por parte de NONO NINHO (justa causa Desta feita, recebida à denúncia por parte do Juiz da 1ª Vara Criminal da Comarca de Extrema/MG, NONO NINHO foi citado, nos termos dos arts. 396 e 396-A do CPP para se manifestar.
Apresentados todos os argumentos acerca da impossibilidade de oferecimento de nova inicial acusatória, em razão da ausência de fatos novos, nenhum deles foi acatado pelo Magistrado da 1ª Vara Criminal da Comarca de Extrema/MG, que acabou por agendar Audiência de Instrução e Julgamento embasada no caput do art. 399 do CPP.
 II – DA TEMPESTIVIDADE
Vejamos que o prazo estabelecido para propor Reclamação Constitucional é até o trânsito em julgado da decisão que se visa atacar do ponto de vista que esta fere um enunciado sumular 16 NPJ Direito Constitucional - Livro didático - Seção 6 do STF ou de Tribunal de Justiça Estadual.
Nesses termos a Súmula 734 (STF):
“Não cabe reclamação quando já houver transitado em julgado o ato judicial que se alega tenha desrespeitado decisão do Supremo Tribunal Federal.”
A sentença fora proferida em 18 de fevereiro de 2016, no que concernem os prazos processuais, conforme artigo 219 do NCPC computar-se-ão somente os dias úteis, sendo à presente protocolada dentro do prazo legal
III – DA LEGITIMIDADE ATIVA
Quanto à legitimidade para ajuizamento da Reclamação Constitucional, conforme artigo 13 da Lei nº 8.030/90, estende-se a particulares ou não atingidos em sua esfera jurídica pelo descumprimento da decisão ou ato que descumpriu a autoridade do Supremo, vejamos:
"Art. 13 - Para preservar a competência do Tribunal ou garantir a autoridade das suas decisões, caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público."
Ademais o artigo 156 do Regimento Interno do STF aduz que:
“Art. 156. Caberá reclamação do Procurador-Geral da República, ou do interessado na causa, para preservar a competência do Tribunal ou garantir a autoridade das suas decisões.”
	 
	IV-CABIMENTO E VIOLAÇÃO À SÚMULA
A Reclamação Constitucional se presta ao combate do descumprimento da súmula vinculante, e consequentemente: da autoridade das decisões do Supremo, a garantir a autoridade das súmulas vinculantes perante órgãos judiciais e administrativos; e ainda, quando um juiz ou tribunal processa uma ação de competência do STF, nos termos do art. 102, I, a da CRFB/88 c/com art. 130-a, § 3º.
No presente caso, utiliza-se o instituo da Reclamação Constitucional, para combater o descumprimento da súmula vinculante e consequentemente da autoridade das decisões do Supremo. 
DA CONCESSÃO DA MEDIDA LIMINAR
A demonstração efetiva de que houve violação da autoridade de decisão do Supremo Tribunal Federal, adotada na Súmula nº 524 do STF, é suficiente para autorizar a concessão do provimento judicial liminar consistente na suspensão dos efeitos da decisão atacada. Todavia, Excelências, inegável a ameaça à liberdade do recorrente por ilegalidade ou abuso de poder, sanável por habeas corpus, com fundamento no art. 5º, LXVIII, da Constituição Federal. Isso porque as hipóteses de prisão em flagrante estão no art. 302 do Código de Processo Penal. Considerando que o recorrente se apresentou espontaneamente, não presentes os requisitos que autorizam a preventiva, com fulcro nos artigos 312 e 313, ambos do Código de Processo Penal. Como se verifica na decisão não unânime, em que o voto vencido concede ordem, tendo em vista a ausência de demonstração de real perigo gerado pelo estado de liberdade do então, indiciado, bem como, a possibilidade de aplicação de medidas cautelares diversas da prisão (artigo). É inegável que a sua prisão em flagrante foi ilegal, devendo ser relaxada.
 VI-DO DIREITO 
No dia 24 de janeiro de 2020 o acusado interpôs recurso Habeas Corpus perante Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (TJMG), aduzindo não estarem presentes negada a liminar, com fundamentação genérica nos termos do art. 93,inciso IX, 6o do art. 282 e art. da CF, e artigo 315, c/c artigo 282 § 2º do Código de Processo penal a no mesmo dia da interposição, os autos do HC foram encaminhados à julgamento pelo colegiado da 10a Câmara Criminal do TJMG, a qual, de forma não unânime, isto é, 2 a 1, denegou a ordem requerida, mantendo a prisão preventiva do paciente (NONO NINHO) com base nos fundamentos lançados pelo Magistrado de Extrema/MG. Logo, em virtude da ilegalidade da prisão em flagrante, o recorrente ajuizou relaxamento da prisão em flagrante, denegado pelo juiz da 1ª Vara Criminal da Comarca de Extrema- MG, da decisão, impetrou habeas corpus, ao Tribunal de Justiça do Estado- MG, que denegou a ordem por entender legal a prisão em flagrante.
Nessa hipótese, sendo mantido o arquivamento do inquérito policial e o consequente não oferecimento da acusação estatal, nos termos do art. 16 do CPP, “o Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito à autoridade policial, senão para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia” (BRASIL, 1941, [spp.]). A Súmula nº 524 desta Suprema Corte, aprovada em 3 de dezembro de 1969 e publicada em 10 de dezembro de 1969, estabelece que, "arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas" (BRASIL, 1969, [spp.]). À elaboração da Súmula, que teve como referência legislativa o art. 18 do Código de Processo Penal de 1941, citam-se os precedentes HC 44270, Publicações: DJ de 20/12/1967, RTJ 43/737; RHC 43541, Publicações: DJ de 08/03/1967, RTJ 40/111; RHC 42472, Publicações: DJ de 01/09/1965, RTJ 34/32; HC 42015, Publicações: DJ de 05/08/1965, RTJ 33/618; RHC 40421, Publicação: DJ de 29/05/1964. Sobre o assunto, os tribunais superiores se deparam cotidianamente com situações nas quais o Ministério Público, através de algum de seus representantes, oferta nova denúncia, deixando de apresentar qualquer fato novo (elemento de prova/convicção). Nesse passo, ver Ag. Reg. na Reclamação 20.132/SP, de lavra do Min. Teoria Zavascki e com redação para o acórdão o Min. Gilmar Mendes, datada de 23 de fevereiro de 20165. Segundo esse voto condutor, “o Ministério Público nãopode simplesmente arrepender-se do arquivamento de investigação, mesmo por falta de provas. Sem que surjam novas provas, ou ao menos meios de obtê-las, não é cabível retomar as pesquisas”. Assim, a ementa colacionada a seguir, de lavra do Min. Marco Aurélio Belize, nos autos do RHC 27.449/SP6, datada de 28 de fevereiro de 2012, é bem clara ao reafirmar a vigência da Súmula nº 524 do STF: HABEAS CORPUS. AÇÃO PENAL. CONTINUIDADE DA PERSECUÇÃO PENAL. ARQUIVAMENTO PROMOVIDO A PEDIDO DO MINISTÉRIO PÚBLICO, EM RAZÃO DA AUSÊNCIA DE PROVA DA MATERIALIDADE DELITIVA. DESARQUIVAMENTO. OFERECIMENTO DE DENÚNCIA. NECESSIDADE DE NOVAS PROVAS. INEXISTÊNCIA.ENUNCIADO 524 DA SÚMULA DO STF. ORDEM CONCEDIDA. 1. Arquivado o inquérito por falta de indicativos da materialidade delitiva, a persecução penal somente pode ter seu curso retomado com o surgimento de novas provas. Enunciado 524 da Súmula do STF. Precedentes do STJ. 2. Por novas provas, há de se entender aquelas já existentes, mas não trazidas à investigação ao tempo em que realizada, ou aquelas franqueadas ao investigador ou ao Ministério Público após o desfecho do inquérito policial. 3. Na hipótese, o que ensejou o reinício da persecução penal foram declarações de testemunha que, em processo cível, expôs os fatos que já havia indicado no inquérito policial arquivado. Não houve ineditismo de prova que se exige para a retomada da persecução penal. 4. Recurso provido. Extinção da ação penal. Portanto, por prova nova, “há de se entender aquelas já existentes, mas não trazidas à investigação ao tempo em que realizada, ou aquelas franqueadas ao investigador ou ao Ministério Público após o desfecho do inquérito policial” (trecho retirado do voto citado). Por outro lado, convencendo-se o Ministério Público pela existência da justa causa, ofertar-se-á inicial acusatória (denúncia), a qual será imediatamente enviada ao magistrado, conforme preconizado no art. 396 do CPP, que, nos procedimentos sumário e ordinário, poderá rejeitá-la liminarmente ou recebê-la, ordenando a citação do acusado para responder por escrito à acusação no prazo de 10 dias corridos, na forma do art. 798 do CPP e das Súmulas nos 310 e 710 do STF, ou seja, o prazo deve ser contado em dias corridos, não se dispensando feriados e finais de semana, devendo ter como termo inicial o primeiro dia útil subsequente à citação ou intimação (e não da juntada aos autos da citação ou intimação cumpridas), sempre findando em dia útil, aplicando-se o mesmo art. 396 que se aplica à queixa-crime. Importante anotação merece ser realizada no que se refere à existência de normas procedimentais diversas relacionadas ao assunto. (Sobre os instrumentos a serem utilizados a fim de combater a ilegalidade narrada no enunciado, é válido o estudo da Reclamação Constitucional (alínea l) do inciso I do art. 102 da Constituição Federal e art. 998 do CPC).
A Reclamação Constitucional se presta ao combate do descumprimento da súmula vinculante, e consequentemente: da autoridade das decisões do Supremo, a garantir a autoridade das súmulas vinculantes perante órgãos judiciais e administrativos; e ainda, quando um juiz ou tribunal processa uma ação de competência do STF, nos termos do art. 102, I, a da CRFB/88 c/com art. 130-a, § 3º.
No presente caso, utiliza-se o instituo da Reclamação Constitucional, para combater o descumprimento da súmula vinculante e consequentemente da autoridade das decisões do Supremo, vejamos:
“Art. 102”. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - Processar e julgar, originariamente:
(“l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões.”.
As súmulas vinculantes são enunciadas aprovadas por dois terços, ou seja, maioria qualificada do Supremo Tribunal Federal, em matérias constitucionais de relevante interesse em termos de resolução de dissídios jurisprudenciais. Representam a visão do STF quanto a questões relevantes e que deverão ser observadas no âmbito dos Poderes Administrativo, Executivo e Judiciário.
O intuito da súmula vinculante está conectado à celeridade e efetividade processuais, escopos da Emenda Constitucional nº 45/2004, também conhecida como Emenda da Reforma do Poder Judiciário, uma vez que ao retratar o entendimento sedimentado do STF sobre um determinado tema, evita com que recursos e decisões tanto no âmbito judicial ou administrativo a contrariem.
Assim, o Juiz de Direito da Vara Única:
	 
	Ante o exposto, requer, após a concessão da medida liminar mencionada, que seja julgada procedente a presente reclamação para, nos termos do art. 161 do RISTF, “cassar decisão exorbitante de seu julgado, ou determinar medida adequada à observância de sua jurisdição” (BRASIL, 2020, [spp.]), medida que, com toda certeza, fará valer a autoridade dos julgados deste Colendo Supremo Tribunal.
Requer, ainda:
a) A intimação da autoridade para prestar informações, no prazo de 10 (dez) dias, nos termos do inciso I do art. 989 da Lei nº 13.105/15.
b) A intimação do Ministério Público Federal, para que conteste os pedidos aqui contidos, no prazo máximo de 15 (quinze) dias, nos termos do inciso III do art. 989 da lei citada.
	 
 
	Nestes termos,
 Pede e aguarda deferimento.
Local, data.
_________________________
ADVOGADO.
OAB/UF

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