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REVISTA CEFOP FAPAZ DE EDUCAÇÃO, CULTURA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA Ano IV - Nº 02 - jul./dez.2017- Natal/RN - ISSN 2317-8841 1 REVISTA CEFOP/FAPAZ DE EDUCAÇÃO, CULTURA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA REVISTA CEFOP FAPAZ DE EDUCAÇÃO, CULTURA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA Ano IV - Nº 02 - jul./dez.2017- Natal/RN - ISSN 2317-8841 2 Correspondência: REVISTA CEFOP/FAPAZ DE EDUCAÇÃO, CULTURA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA Editor Responsável: José Flávio da Paz Caixa Postal 11 – Ag. Central Porto Velho - RN 76801-974 Tel. (69) 98103 8640 ou 99329 5034 REVISTA CEFOP/FAPAZ DE EDUCAÇÃO, CULTURA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA é uma publicação semestral da FAPAZ EVENTOS CIENTÍFICOS E CULTURAIS LTDA. - ME, mantenedora do CEFOP – CENTRO FAPAZ DE ENSINO E FORMAÇÃO DE PROFESSORES. As opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade exclusiva de seus autores não expressando necessariamente as ideias do CEFOP/FAPAZ nem de seus Colaboradores. REVISTA CEFOP/FAPAZ DE EDUCAÇÃO, CULTURA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA/publicação do CEFOP/FAPAZ. – Vol. 8 - Ano 4 - Número 01 - ( jul/dez 2017). José Flávio da Paz; Néstor Raúl González Gutiérrez (orgs.) – Natal: FAPAZ: 2017. ISSN 2317-8841 1.Letras; 2.Educação; 3.Pedagogia; 4.Transversalidade; 5. Linguística; 6.Meio Ambiente; 7.Ensino Superior; 8.Língua Brasileira de Sinais 9.Educação de Surdos 10.Didática 11.Semiótica 12.Ética. CDU – 372.83 REVISTA CEFOP FAPAZ DE EDUCAÇÃO, CULTURA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA Ano IV - Nº 02 - jul./dez.2017- Natal/RN - ISSN 2317-8841 3 SUMÁRIO A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: ANTECEDENTES HISTÓRICOS 05-09 Adriane Ribeiro Goulart Alex Sandro Tomazini CONTEXTO HISTÓRICO DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA: UMA ANÁLISE DO PAPEL DAS CONDICIONALIDADES 10-14 Alex Sandro Tomazini O ENSINO DA GESTÃO DE PESSOAS BASEADO NAS CARACTERÍSTICAS DOS CONFLITOS PESSOAIS, COM REFLEXÃO NA PSICANÁLISE E INTELIGÊNCIA ESPIRITUAL 15-26 Artur Coelho Jussara Fidelis Marcelo Rogério Zitta Osnei Francisco Alves COMPARAR, É PRECISO! 27-36 Boanerges da Silva Batista Flávio Pereira Moura BULLYING NO CONTEXTO ESCOLAR NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL EM ESCOLA MUNICIPAL DE MANAUS/AM 37-54 Dennys Gomes Ferreira Orientação: João Carlos da Silva Filho A IMPORTÂNCIA DA REELABORAÇÃO COLETIVA DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO NA ESCOLA 55-64 Edson Paiva Leite Rozimeire de Paiva Leite de Lima UM RETRATO DA SOCIEDADE MANAUARA NA OBRA DOIS IRMÃOS DE MILTON HATOUM: DIÁLOGO ENTRE LITERATURA E SOCIEDADE 65-71 Eulisson Nogueira de Sousa A ESCOLA E O ENSINO DA ARTE MODERNA 72-79 Fernando Rodrigues Tavares REVISTA CEFOP FAPAZ DE EDUCAÇÃO, CULTURA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA Ano IV - Nº 02 - jul./dez.2017- Natal/RN - ISSN 2317-8841 4 O QUE É O CONGADO? 80-92 Igor de Araújo Alves POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UMA ABORDAGEM SIGNIFICATIVA NA ESCOLA 93-107 Iris Maciel Pantoja A CONTRIBUIÇÃO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS PARA A REDUÇÃO DO ANALFABETISMO NO BRASIL 108-120 Izabel Pinheiro Andion Marcelo da Silva Andion A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO DE NÍVEL SUPERIOR NO BRASIL 121-131 Izabel Pinheiro Andion Marcelo da Silva Andion BREVE ANÁLISE DA OBRA"ROSAFLOR E A MOURA TORTA" - DE PEDRO BANDEIRA, NA PERSPECTIVA SEMIÓTICA DO AMOR E DA FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO 132-140 José Flávio da Paz ALBERTO DA CUNHA MELO: A PALAVRA E O OUTRO (UM OLHAR SOCIOLINGUÍSTICO) 141-154 Maria Elizabete Sanches José Eduardo Martins de Barros Melo DECAMERON: AS FRONTEIRAS ENTRE A FICÇÃO E HISTÓRIA 155-165 Maria José Alves de Assunção IDENTIDADE E CULTURA SURDA: A INFLUÊNCIA OUVINTISTA 166-173 Andreia Cristina Siqueira Neide Alexandre do Nascimento Júlio César Barreto Rocha PICHAÇÃO E GRAFITE: HISTÓRIA DOS PROCESSOS DE ASSIMILAÇÃO E OPOSIÇÃO 174 a 179 Patrícia Cardoso Augusto Barbosa Alex Sandro Tomazini Artigos recebidos durante o segundo semestre de 2017. Publicação em 06 de fevereiro de 2017, REVISTA CEFOP FAPAZ DE EDUCAÇÃO, CULTURA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA Ano IV - Nº 02 - jul./dez.2017- Natal/RN - ISSN 2317-8841 5 A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: ANTECEDENTES HISTÓRICOS Adriane Ribeiro Goulart1 Alex Sandro Tomazini2 INTRODUÇÃO Cumpre tecer inicialmente algumas considerações a respeito das relações familiares decorrentes com o passar dos anos, pois é fato notório que ocorreu uma mudança significativa nas relações familiares, onde a mulher atual possui grandes influências no mercado de trabalho, sendo que antigamente essas influências não existiam, pelo fato das mulheres estarem mais envolvidas aos afazeres domésticos. O século XXI foi um cenário de grandes transformações na estrutura da família, pois podemos observar que existem algumas marcas deixadas por suas origens, mas que acarretaram transformações marcantes na estrutura do modelo tradicional de uma família. Neste contexto, é importante destacar também que os problemas familiares surgiram das novas relações conjugais que se formaram com o decorrer do tempo. Sendo explicito que a mulher passou a ser, em muitos lares, a chefe da família, e isto acabou gerando certas consequências nas relações familiares. Feita esta breve abordagem, passamos a discorrer sobre a história, a evolução histórica e as violências advindas dessas transformações. EVOLUÇÃO HISTÓRICA A organização familiar de forma geral é o produto da organização histórica do ser humano, pois representa um grupo social primário, formado por um grupo doméstico ligado por sua descendência ou matrimônios, e devido à necessidade de reprodução da espécie existem diferentes formas de relações entre si. Segundo Narvaz e Koller3 uma destas formas centrou-se na figura masculina, e teve como denominação a chamada “família patriarcal”, 1 Mestre Linguística – PUC/SP - adrianeribeiro@bol.com.br 2 Mestre em Educação – UNIBRASIL - alextomazini2010@hotmail.com REVISTA CEFOP FAPAZ DE EDUCAÇÃO, CULTURA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA Ano IV - Nº 02 - jul./dez.2017- Natal/RN - ISSN 2317-8841 6 porém nem sempre a família foi patriarcal, pois “os papéis sexuais e sociais de homens e de mulheres não eram definidos de forma rígida e as relações sexuais não eram monogâmicas, tendo sido encontradas tribos nas quais as relações entre homens e mulheres eram bastante igualitárias”. Mas essa situação foi alterada com a descoberta da agricultura, da caça e do fogo, pois as comunidades precisavam se fixar em um território, e desta forma para os homens cabia à caça e para as mulheres cabia o cultivo da terra e principalmente o cuidado com as crianças. E com o passar do tempo às relações passaram a ser monogâmicas4, e as mulheres passaram a ser controladas, pois estas lhes garantiam a reprodução e, consequentemente, a hereditariedade. Segundo Narvaz e Koller5 “o corpo e a sexualidade das mulheres passou a serem controlados, instituindo-se então a família monogâmica, onde gerou a divisão sexual e social do trabalho entre homens e mulheres. Instaurando-se, assim, o patriarcado, uma nova ordem social centrada na descendênciapatrilinear e no controle dos homens sobre as mulheres”. E com base no entendimento de Pateman6, conclui-se que: “O poder natural dos homens como indivíduos (sobre as mulheres) abarca todos os aspectos da vida civil. A sociedade civil como um todo é patriarcal. As mulheres estão submetidas aos homens tanto na esfera privada quanto na pública”. Diante desses dois entendimentos é importante salientar que não se pode delegar somente ao patriarcado a culpa por todas as formas de desigualdades e de opressão a mulher, pois a posição da mulher, na família e na sociedade em geral, desde a colonização até hoje, demonstra que a família patriarcal foi uma das matrizes de nossa organização social e não o problema das desigualdades. Samara7 traz que no início dos séculos XVI e XVII as uniões legítimas, o papel dos sexos estavam bem definidos, por costumes e tradições apoiados nas leis, ou 3 NARVAZ, M.G.; KOLLER, S. H. op. cit. 4 Monogamia “é uma forma de relacionamento em que o indivíduo tem apenas um parceiro durante a sua vida”. 5 NARVAZ; KOLLER, op. Cit. 6 PATEMAN, C. O contrato sexual. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993, p.167. 7 SAMARA, E. de M. Op. cit. REVISTA CEFOP FAPAZ DE EDUCAÇÃO, CULTURA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA Ano IV - Nº 02 - jul./dez.2017- Natal/RN - ISSN 2317-8841 7 seja, o poder de decisão formal pertencia ao marido, como protetor e provedor da mulher e dos filhos, cabendo à esposa o governo da casa e a assistência moral à família. Contudo, algumas mudanças econômicas que ocorreram a partir dessa época afetaram a sociedade e provocaram alterações no estilo de vida de seus habitantes. Nesta mesma perspectiva, Samara8 entende que: “Foi com a descoberta das minas de ouro na década de 1690 que houve um deslocamento do eixo econômico o que culminou em uma vida urbana mais intensa. A sociedade que se formou era uma mescla de raças e origens diversas, proliferavam os concubinatos e a ilegitimidade era comum. Mulheres exerciam atividades econômicas fora do âmbito doméstico e as solteiras com prole natural chefiavam famílias”. Analisando este período da sociedade brasileira, percebe-se que o modelo imposto pela sociedade escravagista, muitas vezes tornava-se inatingível para as outras categorias sociais, e assim começou a surgir no contexto social brasileiro uma multiplicidade de modelos familiares, gerados através de um comportamento diferente do posto pela sociedade. E foi a partir do século XVIII, que o divórcio começou a ocorrer entre os casais de diversas classes sociais, e foi neste momento que ocorreu grandes mudanças no âmbito familiar, gerando relações insatisfatórias e por consequência violências psicológicas e físicas. Samara9 entende que “as mudanças que foram advindas no decorrer dos anos, se acentuaram ao longo do século XIX, e foi a partir do desenvolvimento econômico no Sul do país provocado pela cafeicultura, e pelas modificações políticas, que surgiram os reflexos de todas essas modificações foram distribuídos na população brasileira e também no mercado de trabalho”. BILAC10 esclarece que: “No final do século XIX foi observada a crise da família e do casamento, e alguns acontecimentos evidenciaram este fato, como por exemplo, o crescimento do número 8 SAMARA, op. cit. 9 SAMARA, op. cit. 10 BILAC, E. D. Famílias de trabalhadores estratégias de sobrevivência: a organização da vida familiar em uma cidade paulista. São Paulo: símbolo, 1970. P.17. REVISTA CEFOP FAPAZ DE EDUCAÇÃO, CULTURA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA Ano IV - Nº 02 - jul./dez.2017- Natal/RN - ISSN 2317-8841 8 de divórcios; o aumento da natalidade entre as famílias mais abastadas; a instável posição da mulher e a chamada revolução moral”. E foi no final do século XIX, que surgiram as mudanças nas organizações familiares, como por exemplo, “o aburguesamento da sociedade moderna, o divórcio, e as novas parentelas oriunda dos filhos de outros casamentos. Historicamente falando nota-se, que foi na segunda metade do século XIX, que surgiram novas oportunidades de emprego na indústria e na burocracia, e isto fez com que as mulheres passassem a ocupar uma parte desse mercado, pelos fatores advindos da desestruturação familiar. CONSIDERAÇÕES FINAIS O trabalho apresentado possui um objetivo didático e histórico de contribuir para o despertar de uma consciência crítica que se encontra adormecida perante a população, mostrando que a violência contra a mulher é um fenômeno mundial e que atinge todas as classes sociais e todos os países. Esse tipo de violência se originou pela submissão que as mulheres tinham diante aos homens, onde os papéis eram claramente marcados e diferenciados. Ocorre que hoje, pelo fato de não ter mais papéis demarcados a mulher em inúmeros casos não ocupa mais um papel de submissão ao homem, e isto foi um cenário de grandes transformações na estrutura familiar. E diante dessas transformações a mulher além de abandonar a posição de “rainha do lar”, fez com que o homem perdesse o seu lugar de submissão e a violência doméstica foi a consequência dessa atual realidade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS JESUS, DAMÁSIO. VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER, ASPECTOS CRIMINAIS DA LEI Nº 11.340/2006. 2ª EDIÇÃO. SÃO PAULO: EDITORA SARAIVA, 2015. RIBEIRO, Dominique de Paula. VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER, Aspectos gerais e questões práticas da Lei nº 11.340/2006. Brasília: Gazeta Jurídica, 2013. CABRAL, Karina Melissa. Manual de Direitos da Mulher. 1ª Edição. Blumenau: editora Mundi, 2008. CUNHA, Rogério Sanches e PINTO, Ronaldo Batista. Violência Doméstica. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. REVISTA CEFOP FAPAZ DE EDUCAÇÃO, CULTURA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA Ano IV - Nº 02 - jul./dez.2017- Natal/RN - ISSN 2317-8841 9 DIAS, Maria Berenice. A Lei Maria da Penha na Justiça: a efetividade da lei 11.340/2006 de combate à violência doméstica e familiar contra a mulher. 3ª Edição, revisada, atualiza e ampliada. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012. SOUZA, Sérgio Ricardo de. Comentários à Lei de Combate à Violência Contra a Mulher: Curitiba: editora Juruá, 2007. REVISTA CEFOP FAPAZ DE EDUCAÇÃO, CULTURA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA Ano IV - Nº 02 - jul./dez.2017- Natal/RN - ISSN 2317-8841 10 CONTEXTO HISTÓRICO DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA: UMA ANÁLISE DO PAPEL DAS CONDICIONALIDADES Alex Sandro Tomazini11 INTRODUÇÃO Este artigo inicia-se com um retrato das desigualdades de gêneros e etnias, onde poderemos constatar que a pobreza brasileira tem sua especificidade. O grande número de mulheres, entre a população pobre, é reflexo de um processo histórico de reprodução de desigualdades sociais. Essas desigualdades têm como eixos estruturantes os marcadores sociais como gênero e etnia, os quais orientam a construção da cidadania e a efetivação de direitos humanos. Neste contexto, sexo e etnia são também definidores das desigualdades sociais. Esse processo interfere diretamente na relação entre as mulheres e o Estado. Um ponto de ilustração a esse respeito é o modo como os grupos de mulheres estão sujeitos a obrigações impostas pelo Estado, ocasionando efeitos para o tempo e trabalho feminino. Tais obrigações se expressam no cumprimento de atividades e responsabilidades estipuladas pelas políticas sociais, com destaque para as políticas de desenvolvimento e, mais recentemente, para as de combate à pobreza. Esse fator deve ser colocado em evidência quando nos dedicamos a investigar o modo de inclusão das mulheres nas ações estatais, a exemplo Bolsa Família, uma vez que esse programaopera instituindo condições nas áreas de educação e saúde, que visam responder, ainda que de forma tímida e limitada, a essa histórica dívida social. Por meio de tais políticas, o Estado introduz instrumentos de distribuição de renda e inclusão social, cuja finalidade principal é combater a pobreza, distribuir renda e estimular os grupos socais excluídos a melhorarem suas condições de vida. A principal questão que norteia nossa reflexão neste trabalho, é compreender o modo como o Bolsa Família, tido como uma estratégia de combate à pobreza, desenvolve mecanismos que reforçam a tradicional associação da família, priorizando a mulher, e as tarefas pertencentes à clássica esfera reprodutiva. O Programa torna obrigatório que os alunos tenham um bom desempenho escolar em relação ao aproveitamento de ensino e onde o Estado 11 Mestre em Educação – UNIBRASIL - alextomazini2010@hotmail.com REVISTA CEFOP FAPAZ DE EDUCAÇÃO, CULTURA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA Ano IV - Nº 02 - jul./dez.2017- Natal/RN - ISSN 2317-8841 11 incorpora padrões de relações de gênero e concepções de família em seus programas que se dirigem ao âmbito das relações de cuidado. As mudanças econômicas, científicas, sociais, políticas e educacionais do mundo atual geram uma reflexão sobre o papel das políticas públicas de educação no Brasil, quanto à qualificação dos resultados no âmbito nacional. O conjunto social e, por consequência, as pessoas sofrem cotidianamente uma avalanche de transformações encaminhadas por um sistema globalizado que corrompe a individualidade de cada ser humano, os incluindo ou excluindo-os conforme o grau de oportunidades das quais possam estar inseridos. Esta mudança social desafia a educação a rever suas atitudes e metodologias didático-pedagógicas, adequando-as aos requisitos das novas necessidades sociais. CONHECENDO A REALIDADE CONCRETA Em relação ao desempenho escolar, deve-se reconhecer que o Programa Bolsa Família incide de forma positiva. Alguns fatores contribuem de forma direta tais como: o medo de perder o benefício como um dos fatores que auxiliam os alunos a permanecer na escola; o que não significa maior motivação por parte dos alunos em estudar (incentivo do Programa Bolsa Família) e terem mais condições financeiras de comprar materiais escolares, roupas e calçados. Para fins de concessão do benefício, o acompanhamento pelo MEC da frequência escolar de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade (Programa Bolsa Família) gera informações preciosas para o acompanhar a trajetória educacional dos beneficiários. Ao cruzarmos tais informações com dados da Pnad e do censo escolar, vemos, por exemplo, que a frequência à escola está contribuindo não apenas para melhorar a vida dos beneficiários, mas, também, a de vários indicadores educacionais. O fato é que, sobre isso, o programa tem se consolidado como uma das principais políticas públicas brasileiras, atingindo atualmente mais de 13 milhões de famílias em todas as regiões do país. Diferentes estudos e análises têm sido desenvolvidos sobre o Programa Bolsa Família, demonstrando que o mesmo tem contribuído de forma positiva. Houve redução da desigualdade social no Brasil. Tais condicionalidades operam como mecanismos de controle social sobre as famílias, obrigando-as a adotarem práticas cotidianas nem sempre comuns em seus cotidianos. A obrigatoriedade de manter frequência escolar correspondente a, no mínimo, 85% é fundamental, pois obriga as famílias a acompanharem os seus filhos cotidianamente. REVISTA CEFOP FAPAZ DE EDUCAÇÃO, CULTURA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA Ano IV - Nº 02 - jul./dez.2017- Natal/RN - ISSN 2317-8841 12 A presença regular na escola, independente das médias obtidas nas disciplinas que constituem a matriz curricular, assegura às crianças e aos jovens ambientes de convivência, de alimentação e de aprendizado que nenhum outro espaço oferece. Estar na escola naqueles dias e horários significa, na prática, não estar em outros, como na rua e em outros lugares de riscos acentuados. As diversas ações que envolvem o Programa Bolsa Família podem fornecer referências a uma atuação mais sistemática das próprias escolas com sentido a uma cobrança não só a frequência escolar, mas também, quanto ao rendimento escolar do aluno que recebe o auxílio. Cobrando do aluno vinculando as políticas públicas, à sua formação integrada, junto à cooperação com as escolas públicas, visando orientação mútua dos diferentes segmentos participantes de conselhos gestores de políticas são alguns exemplos de ações cujos principais traços em comum são exatamente o respeito e a formação do cidadão. É fundamental, entretanto, a discussão pública dessas experiências e de suas possíveis aproximações, com os êxitos que nessa empreitada envolvem, de antemão, a observação atenta dos desafios aí contidos. Precisa ser computada a favor de ações que se unam à fração das eficácias capazes de sustentar a cobrança dos alunos quanto a sua formação e um melhor desempenho escolar, junto a projetos de sentido diverso do instituído. Isso implica, inevitavelmente, alguma disposição em se discutir e enfrentar a tendência, hoje intensificada de atuarem corporativa e concorrencialmente. CONSIDERAÇÕES FINAIS Como demonstrado neste artigo, o Programa Bolsa Família é uma tentativa por parte do governo federal para amenização e erradicação da pobreza e evasão escolar no Brasil. O Programa hoje é de extrema importância no panorama das políticas sociais do Brasil. Tem um número de beneficiários comparável ao das grandes políticas, como a saúde e educação pública e a previdência social, que perfazem a espinha dorsal da política social brasileira. Pode-se afirmar que o Programa Bolsa Família cumpre uma importante função social. São conhecidos os impactos do Programa na redução da pobreza, na diminuição da desigualdade de renda, na maior frequência escolar e na garantia de que as crianças beneficiárias não se submetem ao trabalho infantil. Por um lado, sabemos que o contexto da pobreza é complexo e envolve diversas conjunturas governamentais. No entanto, por outro lado, os índices indicam mudanças significativas no cenário educacional e familiar. REVISTA CEFOP FAPAZ DE EDUCAÇÃO, CULTURA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA Ano IV - Nº 02 - jul./dez.2017- Natal/RN - ISSN 2317-8841 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Lei de diretrizes e bases da educação nacional: Lei nº 5692/71. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5692.htm. ________. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm. ________. Estatuto da Criança e do Adolescente: Lei 9096/90, de 19 de setembro de 1995. Disponível em http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/LEIS/L9096.htm. ________. INEP: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. Disponível em http://www. inep.gov.br. ________. Lei nº 10.219, de 11 de abril de 2001. Cria o Programa de Renda Mínima vinculada à educação, “Bolsa Escola” e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 14 abr. 2001. Seção I, p. 1. ________. Lei nº 10.836, de 09 de janeiro de 2004. Cria o Programa Bolsa Família e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 09 jan. 2004. Seção I, p. 1. ABRANCHES, Mônica. Colegiado escolar: Espaço de participação da comunidade. São Paulo: Ed. Cortez, 2003. ALGEBAILE, Eveline. As ações da sociedade civil e do Estado diante da pobreza. In: VALLA, V., STOTZ, E. e ALGEBAILE, E. (Orgs). Para compreender a pobreza no Brasil. Rio de Janeiro: Contraponto, 2005. p. 73-99. BUARQUE, Cristovam. Bolsa-Escola. História, Teoria e Utopia. Brasília: Editora Theasurus, 2012.CARVALHO, N. V. Autogestão: o governo pela autonomia. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1983. CASTRO, Abrahão Jorge. Bolsa Família: avanços e desafios. Brasília: Ed. Inep, 2010. CUNHA, Maria Cristina Amoroso A. de. O diretor: articulador do projeto da escola. São Paulo: Editora FDE, 1992. DÁVILA, Yaschine. Desempenho no Mercado de Trabalho. Brasília: Editora Horizontes, 2008. FRIGOTTO, Gaudêncio. A produtividade da escola improdutiva: um (re) exame das relações entre educação e estrutura econômico-social capitalista. 6ª edição. São Paulo: Editora Cortez, 2001. LAVINAS, Emmanuel. A ética da alteridade. São Paulo: Editora Cortez, 1998. LÜCK, Heloísa et al. A escola participativa: o trabalho do gestor escolar. Rio de Janeiro: Editora DP&A, 1998. MARTINS, José do Prado. Administração escolar: uma abordagem crítica do processo administrativo em educação. São Paulo: Editora Atlas, 1991. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5692.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/LEIS/L9096.htm REVISTA CEFOP FAPAZ DE EDUCAÇÃO, CULTURA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA Ano IV - Nº 02 - jul./dez.2017- Natal/RN - ISSN 2317-8841 14 MENEZES, Carlos Luiz. Gestão Democrática e Participativa. São Paulo: Editora Cortez, 1998. PARO, Vitor Henrique. Administração escolar: introdução crítica. São Paulo: Editora Cortez, 1990. SHEINVAR, Estela. Tensões entre o Conselho Tutelar e a escola. Rio de Janeiro: Editora DP&A, 2004. REVISTA CEFOP FAPAZ DE EDUCAÇÃO, CULTURA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA Ano IV - Nº 02 - jul./dez.2017- Natal/RN - ISSN 2317-8841 15 O ENSINO DA GESTÃO DE PESSOAS BASEADO NAS CARACTERÍSTICAS DOS CONFLITOS PESSOAIS, COM REFLEXÃO NA PSICANÁLISE E INTELIGÊNCIA ESPIRITUAL Artur Coelho12 Jussara Fidelis13 Marcelo Rogério Zitta14 Osnei Francisco Alves15 INTRODUÇÃO Uma organização bem-sucedida e que priorize atingir mercados globais necessitaria atentar às exigências que a adaptação a novas culturas demanda. As técnicas e estratégias que outrora fizeram sucesso entre os administradores, hoje precisam ser revistas e repensadas de modo a tornarem-se contingenciais. Não parece mais haver um caminho certo a ser seguido ou uma maneira correta de se administrar: é preciso estar atento às mudanças que se delineiam e agir proativamente. O objetivo deste artigo é romper os paradigmas da gestão de pessoas no cenário atual e estabelecer formas de compreensão da gestão de conflitos na ênfase psicanalítica e dentro da inteligência espiritual estabelecer um modelo de gestão que facilite a conquista de resultados satisfatórios para as organizações, na abordagem desse artigo foi estabelecido o conflito na visão psicanalítica da psicanálise e propor formas compreendê-los na ótica da inteligência espiritual. A justificativa do artigo é que apesar da necessidade de novas formas de gestão, ainda há um preconceito com novas abordagens de recursos humanos. Observa-se que as práticas utilizadas nas organizações, ainda têm como base uma filosofia mecanicista onde o ser humano é uma máquina que deve produzir a qualquer custo, e o trabalho é um mal necessário. 12 Docente do curso de Administração e Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos das Faculdades Santa Cruz de Curitiba-Paraná 13 Docente do curso de Administração e Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos das Faculdades Santa Cruz de Curitiba-Paraná 14 Docente do curso de Administração e Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos das Faculdades Santa Cruz de Curitiba-Paraná 15 Docente do curso de Administração e Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos das Faculdades Santa Cruz de Curitiba-Paraná REVISTA CEFOP FAPAZ DE EDUCAÇÃO, CULTURA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA Ano IV - Nº 02 - jul./dez.2017- Natal/RN - ISSN 2317-8841 16 Segundo Ribeiro (2005), a área de Recursos Humanos tem como objetivo principal administrar as relações da organização com as pessoas que a compõe, consideradas, hoje em dia, parceiras do negócio, e não mais meros recursos empresariais. Os indivíduos dentro da organização não são mais vistos como recursos dos quais a empresa dispõe; são pessoas que, a partir de sua complexidade, podem impulsionar os negócios ou mesmo proporcionar seu fracasso. O paradigma mecanicista agrupa todos os paradigmas que aceitaram a visão de mundo de Descartes, segundo qual o mundo natural é uma máquina carente de espiritualidade e, portanto, deveria ser dominada pela inteligência humana e ser colocada a seu serviço. Nessa visão mecanizada de mundo, a racionalidade é evidenciada, não se fala de emoções, de espiritualidade ou mesmo de arte. Tudo que vislumbrasse sensibilidade fugia dessa visão mecânica de controle. Para Russel (1970), a parte teórica da racionalidade consistirá em basear nossas crenças em relação aos fatos e não aos desejos, preconceitos ou tradições. O homem racional será aquele que se mostrar judicioso ou científico. Na prática, a racionalidade poderá ser definida como o hábito de considerar todos os nossos desejos relevantes, não apenas aquele que poderá ser o mais forte. Esse autor continua seu relato dizendo que todo progresso sólido no mundo consiste de um aumento de racionalidade, tanto prática como teórica. O ser humano é racional à medida que sua inteligência orienta e controla seus desejos. A racionalidade controla os atos, o ensino, a imprensa, a política e a religião. Zohar (2000), há lugar para a espiritualidade no novo paradigma. Essa autora defende a espiritualidade como uma inteligência humana e afirma que o coeficiente de inteligência espiritual (QS) é uma capacidade interna, inata, do cérebro e da psique humana, que extrai seus recursos mais profundos do âmago do próprio universo. Segundo Zohar teremos que usar nosso QS inato para abrir novos caminhos, descobrir novas manifestações de sentido, algo que possa nos conduzir a partir de dentro, ideias inconcebíveis que não poderíamos ter tempos atrás. Ela diz que a inteligência espiritual é a inteligência da alma. É a inteligência com a qual se provê a cura e se torna um todo integral. A metodologia utilizada foi pesquisa bibliográfica que é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com uma REVISTA CEFOP FAPAZ DE EDUCAÇÃO, CULTURA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA Ano IV - Nº 02 - jul./dez.2017- Natal/RN - ISSN 2317-8841 17 pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto. A pesquisa bibliográfica é interessante, pois estabelece a visão que muitos autores destacam sobre o tema, e forma uma base sólida para o estudo, propiciando uma discussão científica e pertinente abordando novas visões e capacidade crítica. Em conformidade com os propósitos da pesquisa bibliográfica, optou-se por esse tipo de pesquisa, para o desenvolvimento de uma reflexão sobre a influência da inteligência espiritual nos princípios da gestão de pessoas e a sua aplicabilidade nas organizações. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O conflito na visão da psicanálise Para compreender o papel do conflito em psicopatologia, deve-se prestar atenção às suas várias formulações a partir da formulação inicial freudiana. Em sentido geral, o conflito é colocado dentro da relação do indivíduo com a natureza e com a cultura, como indicativo da ligação entre as demandas internas (corpóreas) e as externas (ambientais). Como lembra Friedman (1977), o conflito psíquico, todavia, não pode ser tratado como equivalente a um conflito com o ambiente,mas refere-se à dinâmica intra e interpsíquica, em que assume destaque a dialética entre a característica do ser humano segundo a qual ele é um só ser com todos os outros seres, e outra característica segundo a qual ele está separado e é independente dos outros. Para compreender melhor a natureza do conflito, Freud propõe distinguir duas classes pulsionais, as pulsões do Ego (ou de auto conservação) e as sexuais, indicando também o conflito entre o Ego e as fantasias libidinais reprimidas. Em síntese, para a metapsicologia, o estado de saúde ou doença não depende tanto da disposição pulsional do indivíduo, porém mais da atitude do Ego com relação à sexualidade, ligada a estilos comportamentais e posturas morais contrastantes e conexas com derivações pulsionais anteriormente reprimidas. Na década de 1920, Freud (1977) Freud aperfeiçoa sua concepção do conflito psíquico graças à introdução de novas hipóteses metapsicológicas. Como de costume, ele não retoma de modo sistemático a teoria precedente, privilegiando uma análise mais completa do complexo edipiano e evidenciando o papel motivacional da angústia sinal na economia psíquica. Ele insiste, porém, que o conflito é sempre de natureza pulsional, através da oposição entre Eros e a pulsão de morte, mas se torna patológico quando se realiza entre as instâncias psíquicas pode- REVISTA CEFOP FAPAZ DE EDUCAÇÃO, CULTURA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA Ano IV - Nº 02 - jul./dez.2017- Natal/RN - ISSN 2317-8841 18 se assim falar de neuroses de transfert (conflito Ego/Id), de psicoses (conflito Ego/realidade externa) e de neuroses narcisísticas (conflito Ego/Superego). Tipologias do conflito Foi a psicologia do Ego que elaborou em detalhe as hipóteses metapsicológicas sobre o conflito psíquico, assumindo que ele "tem lugar entre impulsos, isto é, entre o Id e o Ego” (FENICHEL. 1945). Em particular, Heinz Hartmann indaga o conflito psíquico a partir da ideia de um “confronto do Ego, por um lado, com o mundo circundante e, pelo outro, com os estados profundos da psique” (HARTMANN 1927; trad. it. 1981, p. 225). Sua conceituação, que privilegia as relações quantitativas no seio da economia libidinal embora tenha perdido progressivamente crédito em razão da relutância por parte dos psicanalistas no emprego de noções de natureza energética, não foi jamais de todo superada, como mostra Sandler (1974), ao falar de aspectos peremptórios (Id) e protrogáveis (Ego) da psique. Partindo da distinção estrutural entre o Id como “parte biológica” e o Ego como “parte não biológica” do processo de apego, Hartmann (1939; trad. it. 1978, p. 13) afirma que, “embora o Ego se forme sem dúvida através dos conflitos, estes não são a única fonte de desenvolvimento daquele”. Disso deriva a necessidade de uma teoria genética da chamada esfera do Ego livre de conflitos, com a distinção entre estruturas conflituosas (conflict-full) e não conflituosas (conflict-free) da mente. O conflito, para os autores da escola hartmanniana, pertence, portanto, à economia psíquica interna, como nota Rapaport (1960; trad. it. 1977, p. 90), relevando que, “se tudo fosse real (externo), não haveria nenhum conflito”. Desse modo, isso diz respeito a uma estrutura psíquica, ou seja, o Ego, enquanto a função de estar em conflito (está) assim próxima à função do sentir o conflito que é eminentemente lógico, que entre ambos reside na mesma instância. A qualidade conflituosa do Ego é explicada, pois, pelo fato de que nessa instância subsiste sempre uma área problemática, a sexualidade, que interfere na “administração psíquica normal”; daqui vem a oposição permanente do Ego com relação ao mundo interno, a propósito da qual Anna Freud levantou a hipótese da existência de uma inimizade primária entre o Ego e as pulsões. Deve-se a Anna Freud a distinção entre conflitos externos, conflitos interiorizados e conflitos “verdadeiramente internos"; no primeiro caso (Ego + Id/realidade), “criança e ambiente estão em contraste entre si”, no segundo (Ego/Superego) o conflito “se instaura após a identificação com as forças externas e a introjeção de sua autoridade no Superego”, enquanto no terceiro (Id/Ego) os contrastes “derivam exclusivamente das relações entre o Id e o Ego e das diferenças intrínsecas às suas organizações” (FREUD 1965; trad. it. 1979, pp. 857-858). REVISTA CEFOP FAPAZ DE EDUCAÇÃO, CULTURA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA Ano IV - Nº 02 - jul./dez.2017- Natal/RN - ISSN 2317-8841 19 Enquanto as duas primeiras tipologias de conflito são clinicamente observáveis na relação entre o paciente e suas figuras significativas (conflito interpessoal), ou seja, entre os desejos e a necessidade de controle ou regulação moral (conflito intrapessoal), quanto ao conflito interno ou intrapsíquico, ele não corresponde quase nunca a condições clínicas específicas, mas diz respeito, sobretudo, às neuroses nucleares infantis sobre as quais se constrói o psiquismo humano; trata-se, portanto, de uma condição latente, que tem origem e se consolida na primeira infância e que permanece a referência metapsicológica obrigatória nos processos intra- e intersubjetivos do desenvolvimento. Desconsiderando o conflito externo, podemos distinguir diversas modalidades de conflito, por exemplo entre desejos infantis e representações internas do ambiente, entre pulsões em sentido lato, os conflitos internos ao Ego e ao Superego, e os conflitos entre pulsões e inibições inatas (NEMIAH 1963). Em cada caso, não está bem claro de que modo do conflito intra e interpsíquico se possa retornar ao conflito nuclear, porque o conflito, em razão de seu polimorfismo, “é fácil de descrever em suas modalidades clínicas, mas é difícil de enquadrar em uma teoria metapsicológica” (DORPAT 1976, p. 869). Todavia, ainda que se possam distinguir numerosas formas de conflito (PETRELLA 1989), existem também conflitos menos claramente definidos: apenas nas neuroses relação ‘‘interna/externa” (Id/realidade) para a satisfação das demandas pulsionais (conflito de defesa), quanto à relação “polo ideal/polo moral” da personalidade (ideal do Ego/Superego) para a relação objetai (conflito de ambivalência). A literatura micro e macroscópica permite, assim, compreender os conflitos intrassistêmicos a partir do contraste interno entre os interesses do Ego e entre os valores do Superego. No âmbito fenomenológico, também parece útil a distinção entre conflito-decisão e conflito-dilema , que ecoa aquela mais tradicional entre conflitos convergentes (ou de defesa) e conflitos divergentes (ou de ambivalência). Essas duas formas conflituosas dizem respeito a diferentes sistemas defensivos do Ego (fundados sobre a cisão ou então sobre o recalque), em que a conflituosidade do Ego tem relação com as contradições internas do Superego entre elementos psíquicos intoleráveis, ou então à oposição entre Superego e ideal do Ego. Desse modo, para compreender de que maneira as tensões intrassistêmicas criam efeitos intersistêmicos, que por sua vez influenciam novas condições intrassistêmicas chega-se a cogitar que o Superego teria alguma função de escolha e organização, mas menos central e dominante que o Ego, na construção do conflito intrapsíquico. Inteligência Espiritual REVISTA CEFOP FAPAZ DE EDUCAÇÃO, CULTURA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA Ano IV - Nº 02 - jul./dez.2017- Natal/RN - ISSN 2317-8841 20 Uma abordagem sobre inteligência espiritual de muita relevância é a percepção de Jung (2000). Ele não chega a descrevê-la como uma inteligência, mas dá respaldo para outros teóricos o fazerem, quando define espírito do ângulo psicológico como aspecto dinâmico do inconsciente. Pode-se conceber o inconsciente como algo semelhante à água parada, um lago passivo, mas também tem um aspecto dinâmico, de movimento, age espontaneamente, por sua livre vontade, por exemplo, compõe sonhos. Para Zohar (2000), a inteligência espiritual se faz presente na pessoa,quando ela consegue e compreende que nunca está sozinho, que faz parte de uma longa busca humana de sentido e de tradições, símbolos, associações, lugares sagrados e imagens que deram expressão a essa procura. A pessoa espiritualmente mais inteligente poderá ser ajudada de muitas maneiras, pela compaixão das pessoas, por um padre, rabino, por um terapeuta ou conselheiro experiente, por se viver próximo à natureza, por recorrer a uma interpretação pessoal de símbolos religiosos ou por aquilo que para nós significa algo como a Cruz, a Estrela de Davi, o Shema de Israel, a Árvore da Vida, uma estátua de Buda, a chama de uma vela, recordando um poema ou cantando uma melodia. Jung (2000), em suas pesquisas, mostrou que o desenvolvimento de uma espiritualidade e o desenvolvimento psicológico fazem parte do mesmo processo. Não existe, para ele, desenvolvimento psicológico sem o correspondente desenvolvimento espiritual, e esses dois caminhos levam ao desenvolvimento do sentido ético da vida. Gardner (2001), em suas pesquisas sobre a possibilidade de uma inteligência espiritual, diz que, para lidar com essa importante esfera da vida, é mais confortável falar de um potencial para refletir sobre questões cósmicas, que pode ser motivado por dor, experiências estéticas, experiências pessoais fortes ou pela vida numa comunidade em que destaquem o pensamento e as experiências espirituais. O autor diz que precisa ser sincero e admitir que às vezes fique alarmado com a perspectiva de ser confundido com fanáticos e charlatões que invocam a espiritualidade como se fosse uma verdade dada ou conhecida, quando na verdade é um fenômeno tremendamente complexo que exige uma análise cuidadosa e mais do que um toque de humildade. Conforme Morin (1997), hoje, a neurociência deu um grande salto ao descobrir que não há atividade intelectual, movimento da alma, delicadeza de sentimento, que não há o menor sopro do espírito que não corresponda a interações moleculares e que não dependa de uma química cerebral. Para esse autor, devemos reconhecer a unidade cérebro-espírito, inseparáveis, de forma que nenhuma operação do espírito escape a uma atividade local e geral do cérebro e que é preciso abandonar a ideia de que um fenômeno psíquico independe de um fenômeno biofísico. Para ele as duas coisas estão interligadas. REVISTA CEFOP FAPAZ DE EDUCAÇÃO, CULTURA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA Ano IV - Nº 02 - jul./dez.2017- Natal/RN - ISSN 2317-8841 21 Morin (1987) esclarece que o espírito emerge do próprio desenvolvimento cerebral. É continuamente gerado e regenerado pela atividade cerebral que, por sua vez, é gerada e regenerada pela atividade de todo ser e na qual o espírito desempenha o seu papel ativo e organizador de produzir uma espiritualidade, o que seria o espírito em ação. Esse autor afirma que o espírito não é nem uma emanação de um corpo nem um sopro que vem do alto, e sim a esfera das atividades cerebrais onde os processos computantes assumem formas de pensamento, linguagem, sentido e valor, e onde os fenômenos da consciência são atualizados, produzindo assim uma vivência de valores, princípios de uma ética natural, todos esses aspectos conduzindo a uma espiritualidade. Para James (1987), pessoas de vida espiritual profunda têm acesso mais fácil ao conteúdo da mente inconsciente do que outras pessoas. Assim, a porta para essa região estaria sempre escancarada, sempre aberta. Para Zohar (2000), a inteligência espiritual se mantém presente na pessoa, quando se percebe que esta pessoa busca um sentido para sua vida, ao fazer perguntas como: o que significa minha vida? O que significa meu trabalho? Esta autora relata que duas das dez principais causas de morte no mundo ocidental são o suicídio e o alcoolismo, e elas estão relacionadas com esse tipo de crise de sentido. Pessoas que viveram em sociedades mais antigas sequer teriam feito essas perguntas. Conforme Zohar (2000), a vida que levavam era culturalmente inserida em uma estrutura fixa. Tinham tradições vivas, deuses vivos, comunidades vivas, códigos de moral operantes, problemas que tinham limites conhecidos e metas fixas. Nos tempos modernos se perdeu aquilo que alguns filósofos denominam de certezas na vida. De acordo com Zohar (2000), o trabalho de usar a inteligência espiritual não é tarefa fácil, precisará de um grande esforço da pessoa. Usar a inteligência espiritual implica em forçar a imaginação humana. Significa transformar sua consciência, bem como descobrir no ser humano as camadas mais profundas do que as que usamos usualmente para viver. Uma inteligência espiritual desperta criará também na pessoa, segundo Zohar (2000), uma habilidade adicional de compreensão além da usual, uma capacidade de apreender o contexto global em que tudo está interligado com tudo. A essa capacidade de unificação das experiências Zohar chamou de pensamento unitivo. Essa capacidade unitiva constitui um aspecto essencial da consciência, capaz de unificar as experiências e dar respostas. Gestão de Pessoas REVISTA CEFOP FAPAZ DE EDUCAÇÃO, CULTURA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA Ano IV - Nº 02 - jul./dez.2017- Natal/RN - ISSN 2317-8841 22 As atividades desenvolvidas pela área de Gestão de Pessoas, tanto no Brasil quanto em todo o mundo, encontram-se em transformação. Diante da revolução motivada pelas tecnologias da comunicação, um dos desafios para os atuais gerentes é a configuração da administração das organizações em uma economia globalizada. As mudanças por que passam as organizações não estão limitadas a suas estruturas organizacionais, seus produtos ou seus mercados, mas afetam principalmente seus padrões comportamentais ou culturais e seus padrões políticos ou relações internas e externas de poder (DUTRA, 2002, p.23). Para Gil (2001), a Gestão de Pessoas é a função gerencial que visa à cooperação das pessoas que atuam nas organizações para o alcance dos objetivos tanto organizacionais quanto individuais. E um modelo de Gestão de Pessoas pode ser considerado como a forma de a organização se prepara a fim de gerenciar e nortear o comportamento dos sujeitos dentro da organização no trabalho. Com a introdução do uso da psicologia como base científica de apoio na compreensão e na intervenção da rotina organizacional, a mesma redirecionou e reorientou o foco de atuação da gestão de pessoas. Marras (2000) afirma que a função da área de Gestão de Pessoas na organização é a de assessorar e prestar subsídio cognitivo à cúpula da empresa (diretor presidente e demais diretores) , atuando como uma consultoria na própria organização, diferentemente da posição departamental anterior. A área passa a ser mais exigida em termos de pró-atividade e geração de valor, entre outros aspectos. Modelo de gestão de pessoas Segundo Dutra (2002), o modelo de gestão deve oferecer um conjunto de conceitos e referenciais que nos ofereçam a um só tempo condições de compreender a realidade organizacional e os instrumentos para agir nessa realidade a fim de aprimorá-la. Para o mesmo autor, a necessidade de um novo modelo de gestão advém do fato que os atuais modelos utilizados pelas organizações estão galgados nos princípios da Administração Científica, onde as pessoas são vistas como responsáveis por uma atividade ou um conjunto de atividades ou funções (DUTRA, 2002). Drucker (2003) argumenta, em sua obra, que a Administração Por Objetivos e Autocontrole mostra-se como instrumento de gestão dos resultados da empresa a partir de um REVISTA CEFOP FAPAZ DE EDUCAÇÃO, CULTURA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA Ano IV - Nº 02 - jul./dez.2017- Natal/RN - ISSN 2317-8841 23 processo de identificação e descrição precisas de objetivos a serem atingidos e criação de prazos para conclusão e monitorização. Tal processo exige que o gestor e o funcionário concordem com os objetivos propostos, mas é muito mais importante que este o aceite e desempenhe as suas funçõesem função dos objetivos, pois de outra forma não se conseguirá a noção de compromisso. A capacidade de entrega da pessoa refere-se àquilo que ela pode oferecer à organização e que vai contribuir para agregar valor ao negócio, de acordo com as competências organizacionais estabelecidas no planejamento estratégico. A entrega da pessoa pode ser compreendida como o saber agir responsável e reconhecido, que agrega valor para a organização (DUTRA, 2002). O modo de gestão dos gerentes diretos dos grupos de trabalho integra também o modelo de gestão de uma organização, ou seja, o jeito de atuar do gestor ao estabelecer limites ou incentivar determinados padrões de comportamento. Pela orientação dos processos de capacitação gerencial ou mesmo da simples divulgação dos perfis de comportamento desejados a empresa procura intervir no estilo gerencial praticado por suas chefias dando coerência ao modelo (FISCHER, 2002). METODOLOGIA Lakatos e Marconi (1991) alertam que o conhecimento pode ser verdadeiro e comprovável e nem por isso ser científico, já que a ciência não é o único caminho de acesso ao conhecimento. O que diferencia o conhecimento popular do científico é basicamente o contexto metodológico. Essa diferenciação é corroborada por Castro (1978), que distingue o processo científico da observação cotidiana pela preocupação em controlar a qualidade do dado e atenção ao processo utilizado em sua obtenção. A pesquisa é uma atividade voltada para a analisar e verificar a solução de problemas. Sendo assim, ela se inicia com uma dúvida ou de um problema, buscando uma resposta ou solução, com a utilização do método científico. Pesquisa também é uma forma de buscar conhecimentos e descobertas acerca de um determinado assunto ou fato. Para Gil (2007), os exemplos mais característicos desse tipo de pesquisa são sobre investigações sobre ideologias ou aquelas que se propõem à análise das diversas posições acerca de um problema. Em conformidade com os propósitos da pesquisa bibliográfica, foi elaborado esse artigo. Optou-se por esse tipo de pesquisa, para o desenvolvimento de uma reflexão sobre a REVISTA CEFOP FAPAZ DE EDUCAÇÃO, CULTURA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA Ano IV - Nº 02 - jul./dez.2017- Natal/RN - ISSN 2317-8841 24 importância de reconhecer as características dos conflitos e a influência da inteligência espiritual nos princípios da gestão de pessoas, bem como a sua aplicabilidade nas organizações. CONSDERAÇÕES FINAIS A espiritualidade nas organizações ainda é um tema polêmico com muitos preconceitos, ainda encaram a questão espiritual somente na visão teológica, porém ela pode ser mais abrangente e manifestar uma característica, prática, pois o ser humano pode de alguma forma aplicar métodos da inteligência espiritual no cotidiano. A organização espiritualizada é aquela onde prevalece o respeito mútuo e manifesta-se o espírito devido à preocupação com os colaboradores e toda a sociedade. Além da busca de resultados organizacionais positivos, se busca também satisfações coletivas, ou seja, como ser feliz no trabalho e ter o prazer de construir uma organização mais bem estruturada do ponto de vista de resultado social para a coletividade, onde a lucratividade é o resultado de um trabalho eficiente. Esse processo se inicia a partir das pessoas que sentem a necessidade de estarem cada vez mais ligadas entre si em um movimento de buscar a alegria e a satisfação pessoal e coletiva nas atividades diárias do trabalho, em contraposição a uma sociedade individualista e capitalista. Se hoje uma revolução subterrânea está ocorrendo no mundo dos negócios, em que exatamente consiste essa transformação? O elemento que primeiro se destaca é um forte senso de propósito. O trabalho precisa ser significativo, as pessoas precisam sentir que, de alguma forma, estão contribuindo para as suas vidas individuais e para a existência da sociedade. Um clima de abertura invade todas as companhias; as pessoas sentem-se livres para manifestar as suas opiniões e têm confiança no fato de serem notificadas a respeito de informações cruciais a suas vidas e empregos. Uma forte corrente de compensação democrática e justa é evidente em todos os exemplos prontamente disponíveis de empresas em transformação. Da mesma maneira, a expressão “as pessoas são o nosso mais importante recurso” não é apenas um chavão vazio. As companhias em transformação valorizam genuinamente os funcionários e como resultado disso, a confiança e o respeito transitam em ambas as direções. Por fim, uma sede inextinguível pela excelência caracteriza essas organizações, seu pessoal é enérgico e ambicioso. Esforçam-se para serem os melhores em suas indústrias. A busca de significado e propósito vem se tornando o foco principal de muitas e muitas pessoas neste início de século. O local de trabalho tornou-se a principal instituição da sociedade, substituindo em grande extensão a família, o local de devoção e a comunidade. A empresa (ou o empregador) é aquele que em geral ocupa a melhor posição para tornar-se a fonte de inspiração e propósito REVISTA CEFOP FAPAZ DE EDUCAÇÃO, CULTURA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA Ano IV - Nº 02 - jul./dez.2017- Natal/RN - ISSN 2317-8841 25 na vida do trabalhador. Está se tornando cada vez mais importante para as organizações chegarem a um acordo sobre essa necessidade inerente ao operário moderno. As pessoas estão em busca de um significado mais profundo para as suas vidas. As medidas de sucesso do passado, tais como ganhos materiais, status, ou posição, não satisfazem mais a necessidade de realização e preenchimento vivenciada por um contingente cada vez maior de indivíduos. A espiritualidade nas organizações visualiza somente o desenvolvimento das organizações e dos colaboradores, mas também de todos os interessados. Portanto, a espiritualidade nas organizações incorpora a capacidade administrativa de gerar o a efetividade o máximo possível a todos os interessados na organização que fazem parte da estrutura organizacional: clientes, fornecedores, governo, sociedade, mídia. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CASTRO, C. M. A prática da pesquisa. São Paulo: McGraw-Hill, 1978. DORPART, T.L. 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O conteúdo analisado e comparado foi o Princípio da Inércia ou Primeira Lei de Newton, através de uma avaliação qualitativa tendo como foco central o processo de ensino-aprendizagem da Física, e sua forma de contextualização numa abordagem metodológica inovadora; desta maneira, melhorando o esclarecendo do conteúdo estudado. As duas obras analisadas se encontram no guia de Livros Didáticos – PNLD 2012 e foram publicadas pela Editora Moderna: Conexões com a Física (SANT’ANNAet al,2010) e Física - Ciências e Tecnologia (TORRES et al, 2010). A Física se incorpora ao contexto cultural quando integrada como um instrumento tecnológico, capaz de transforma um indivíduo qualquer em um cidadão mais crítico/participativo, ela se encontrar sempre em processo de inovação e em acelerada evolução na sociedade moderna. Assim, esse conhecimento colabora para o desenvolvimento de uma cultura científica mais ativa, formando indivíduos formadores de opinião e capazes de compreender todo um “conjunto de equipamentos e procedimentos, técnicos ou tecnológicos, 16 Estudante do Curso de Física – Licenciatura, 7º período, vinculado ao Centro de Ciências Exatas e da Terra, da Secretária de Educação À Distância da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, Currais Novos - RN. bonzyn.fdt@gmail.com 17 Licenciado em Ciências Exatas – Habilitação em Química pela Universidade Federal de Campina Grande - UFCG e Estudante do Curso de Física – Licenciatura, 8º período, vinculado a Unidade Acadêmica de Ciências Exatas e da Natureza, do Centro de Formação de Professores da Universidade Federal de Campina Grande - UFCG, Cajazeiras – PB. flpmll@yahoo.com.br 18 Estudante do Curso de Física – Licenciatura, 7º período, vinculado ao Centro de Ciências Exatas e da Terra, da Secretária de Educação À Distância da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, Currais Novos – RN. marceloDJ38@hotmail.com 19 Licenciado em Física pela Universidade Federal de Campina Grande – UFCG, Cajazeiras – PB. robbyslandyo@gmail.com mailto:bonzyn.fdt@gmail.com mailto:flpmll@yahoo.com.br mailto:robbyslandyo@gmail.com REVISTA CEFOP FAPAZ DE EDUCAÇÃO, CULTURA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA Ano IV - Nº 02 - jul./dez.2017- Natal/RN - ISSN 2317-8841 28 do cotidiano doméstico, social e profissional” (BRASIL, 2000, p.29); valorizando o entendimento (cultural diverso) da Física para interpretação do “mundo” que está sempre em transformação. Diante disso, é necessário proporcionar aos estudantes uma aprendizagem significativa. Pelizzariet al (2001, p.38) afirmam que: “à medida que o novo conteúdo é incorporado às estruturas de conhecimento de um aluno e adquire significado para ele a partir da relação com seu conhecimento prévio”. Essa interação entre a nova informação e as concepções anteriores ao contexto escolar, servirá como base para ampliar o entendimento do aluno, possibilitando ao mesmo interagir com o meio no qual está inserido. Assim, a aprendizagem significativa pode ser construída ativamente pelo aprendiz, condicionando-o a englobar níveis de organização e de pensamento, relacionando os conhecimentos e as experiências, adquiridas na sua vivência cotidiana. Neste contexto, o livro didático assume um papel primordial auxiliando o professor no processo de ensino-aprendizagem tornando-se imprescindível para intermediar a relação entre conhecimento cientifico e o conhecimento popular; sendo uma ferramenta que se bem utilizada a favor da aprendizagem significativa é capaz de ajuda no processo ensino aprendizagem. Além disso, assume também uma função ideológica e cultural, pois dissemina valores na sociedade, o livro didático afirma-se como um dos instrumentos educativos essenciais na língua, na cultura e nos valores socioeconômico. Portanto, deve conter informações de fácil interpretação, coerentes, claras, condizendo com a diversidade de contextos culturais, sempre relacionando com a realidade do educando e considerando o conhecimento que ele traz de fora da sala de aula. De acordo com Freitas e Rodrigues (2004, p.2) apud Stray (1993, p.77-78) o Livro Didático pode ser definido: “como um produto cultural composto, híbrido, que se encontra no cruzamento da cultura, da pedagogia, da produção editorial e da sociedade”. Atualmente no contexto escolar, o mesmo, convive com diversos instrumentos tecnológicos de informação e comunicação como os softwares educativos, audiovisuais, internet, dentre outros, mas ainda assim continua ocupando um papel fundamental na sala de aula. Neste sentido esta pesquisa justifica-se pela necessidade de revisão da qualidade do material didático que está sendo utilizado nas escolas públicas e se o mesmo contribui para a melhoria do Ensino de Física. Cabendo ao professor o comprometimento no processo de escolha e sempre levando em “consideração à importância de ter um material didático de qualidade, pertinente e adequado aos objetivos educacionais”. (BRASIL, 2012, p. 09). Lopes(2009) apud Gaspar (2003)firma que o Livro Didático: REVISTA CEFOP FAPAZ DE EDUCAÇÃO, CULTURA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA Ano IV - Nº 02 - jul./dez.2017- Natal/RN - ISSN 2317-8841 29 Além do conhecimento científico e religioso, há outra forma de conhecimento chamado de costumeiramente de senso comum. É do conhecimento originário da cultura e das tradições de uma comunidade. (LOPES, 2009, p. 7) APUD (GASPAR, 2003, p. 17) Confirmando, ainda mais, a importância desta análise para enfatizar a necessidade da contextualização, fácil entendimento e objetividade presente nesta ferramenta educacional tão presente e utilizadas pelos professores. METODOLOGIA Este artigo é de cunho qualitativo no qual a ciência faz uso deste métodosegundo Terence e Filho (2006) apud Bartunek (2002) para: Identificar e explorar os significados dos fenômenos estudados e as interações que estabelecem, assim possibilitando estimular o desenvolvimento de novas compreensões sobre a variedade e a profundidade dos fenômenos sociais.(TERENCE E FILHO, 2006, p. 4) APUD(BARTUNEK, 2002) Os conteúdos dos livros Didáticos foram avaliados na perspectiva da interpretação dos contextos presentes em cada obra, normalmente os métodos qualitativos de acordo com Dias (2000) apud Liebscher (1998): São apropriados quando o fenômeno em estudo é complexo, de natureza social e não tende à quantificação. Normalmente, são usados quando o entendimento do contexto social e cultural é um elemento importante para a pesquisa. (DIAS, 2000, P. 1) APUD (LIEBSCHER, 1998) Torna-se fundamental para compreensão por parte daquele que aprende que o material didático possua algum significado e que seus elementos estejam organizados em estruturas que possam relaciona-se de modo que possibilite uma relação entra à nova ideia e a já existente no indivíduo. Inicialmente realizou-se um levantamento referente aos conceitos de aprendizagem significativa, livro didático, contextualização do ensino. Tendo como objetivo analisar comparativamente coleções presente no guia do livro didático – 2012, assim entendidas como adequadas para o uso em sala de aula. REVISTA CEFOP FAPAZ DE EDUCAÇÃO, CULTURA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA Ano IV - Nº 02 - jul./dez.2017- Natal/RN - ISSN 2317-8841 30 No segundo momento foram analisados os dois livros didáticos de Física do 1º Ano do Ensino Médio Regular, tendo como foco central o processo de ensino-aprendizagem da Física, e sua forma de contextualização numa abordagem metodológica inovadora; desta maneira, melhorando o esclarecendo do conteúdo estudado. Foi considerado como padrões de análise: O tradicionalismo dos textos, o método de abordagem do assunto, a contextualização com o dia-a- dia dos Discentes, a facilidade de entendimento do assunto através das imagens e gráficos presentes nos livros. O primeiro livro a ser avaliado foi o da coleção Conexão com a Física, o assunto comparado foi Primeira Lei de Newtonou Princípio da Inércia, observamos que os autores iniciam a discussão utilizando o exemplo de uma bicicleta para explicar o assunto, partindo do senso comum para melhor esclarecer um conceito cientifico (físico). O livro apresenta imagens do cotidiano com enfoque para todas as regiões do Brasil, associando o tradicionalismo a métodos mais inovadores. FIGURA 1 – Foto da capa do Livro analisado Conexões com a Física. Fonte: Acervo do autor. Conexões com a Física dos autores Blaidi Sant’anna, Licenciado em Física pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), professor de Física em escolas de Ensino Médio, diretor e coordenador pedagógico em escolas de Ensino Médio; Gloria Martini, Mestre em Ciências (área de concentração: Ensino da Física) pela Universidade de São Paulo (USP), professora de Física em escolas de Ensino Médio, coordenadora pedagógica em escolas de Ensino Médio; Hugo Carneiro Reis, Doutor em Ciências (área de concentração: Física das Partículas Elementares) pelo Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), professor de Física no Ensino Superior e em escolas de Ensino Médio e Walter Spinelli, Doutor em Educação (área de concentração: Educação – Ensino de Ciências e Matemática) pela Faculdade de REVISTA CEFOP FAPAZ DE EDUCAÇÃO, CULTURA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA Ano IV - Nº 02 - jul./dez.2017- Natal/RN - ISSN 2317-8841 31 Educação da Universidade de São Paulo (USP), professor de Física em escolas de Ensino Médio e consultor pedagógico. Já o segundo Livro Didático analisado foi Física - Ciências e Tecnologia no qual apresenta uma abordagem de característica totalmente tradicional; apegando-se muito a matemática formal, sem utilização de imagens visuais para melhor exposição do conteúdo; partindo do conhecimento global para local. Assim, o professor terá o papel demotivador para melhorar o interesse e a compreensão da temática pelo aprendiz. FIGURA 2 – Foto da capa do Livro analisado Física: Ciência e tecnologia. Fonte: Acervo do autor. Física - Ciências e Tecnologia dos autores Carlos Magno A. Torres, Bacharel em Física pelo Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), professor de Física no Ensino Superior e em cursos pré-vestibulares e professor de Física e Matemática em escolas do Ensino Médio; Nicolau Gilberto Ferraro, Licenciado em Física pelo Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), engenheiro metalurgista pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e professor de Física no Ensino Superior e Ensino Médio e em cursos pré- vestibulares; Paulo Antonio de Toledo Soares, médico pela Faculdade de Medicina de Universidade de São Paulo (USP) e lecionou Física em escolas do Ensino Médio e em cursos pré- vestibulares. Na etapa posterior foi selecionado para análise o conteúdo Princípio da Inércia ou Primeira Lei de Newton, localizado no Capítulo referente à Mecânica. Para isso, tendo como critérios as propostas apresentadas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais Para o Ensino Médio – PCNEM, referentes à área da Física, pois esse documento apresenta subsídios REVISTA CEFOP FAPAZ DE EDUCAÇÃO, CULTURA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA Ano IV - Nº 02 - jul./dez.2017- Natal/RN - ISSN 2317-8841 32 importantes à base teórico-metodológica para o trabalho docente. Rosa (2008) é claro ao afirmar: O livro didático é, sem dúvida, a ferramenta de apoio ao Ensino mais próxima do Professor. Apesar de algumas vozes na mídia anunciarem o seu fim, o livro didático é, ainda, a principal fonte de informação e, cremos nós, a principal influência sobre o Professor na elaboração dos currículos em geral, e os de Ciências em particular. (ROSA, 2008, p. 181) Levando em consideração o trabalho deste autor acima, a pesquisa considerou como padrões de análise do livro: o tradicionalismo dos textos, a contextualização com o dia-a-dia do estudante, a facilidade de entender o assunto através das imagens e gráficos presentes nos livros. Dessa forma, comparamos as discussões sobre a temática de cada livro, observando a abordagem de forma comparativa, destacando a falta de contextos com relação à diversidade cultural nos livros analisados. ANÁLISE E DISCUSSÃO Na obra Conexão com a Física identificamos uma maior preocupação com o entendimento das relações culturais, sociais, políticas e econômicas. Demonstrando concepções mais condizentes com a realidade, destacando situações de forma geral e em suas fotografias evidenciam situações nas quais a Física é mais bem utilizada para compreensão da matéria partindo do cotidiano do educando. Porém, o Livro Didático Física - Ciências e Tecnologia como se pode verificar na análise apresentada pelo PNLD2012 “as discussões ficam mais direcionadas para o meio urbano e para as regiões do país economicamente desenvolvidas”. O referido livro não tenta demonstrar exemplos de maneira que possam constituir elos entre o conhecimento cientifico e adversidade cultura existentes em todo território brasileiro; desta maneira, se revelou com uma abordagem pouco motivadora e não busca tratar o assunto partindo do conhecimento que o educando já possui em relação ao assunto abordado. O livro Conexões com a Física na página 182,começa a abordagem do conceito do Princípio Fundamental da Inércia a partir de exemplos do cotidiano como o movimento de uma bicicleta e em seguida já cita o conceito de atrito sem explorar o conceito de inércia nem fatos históricos da ciência que levaram a formulação do conceito de mudança de movimento ou inércia dos corpos, em seguida é colocado no capitulo aplicações do Princípio da Inércia como o REVISTA CEFOP FAPAZ DE EDUCAÇÃO, CULTURA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA Ano IV- Nº 02 - jul./dez.2017- Natal/RN - ISSN 2317-8841 33 uso de cinto de segurança e o deslocamento de uma sonda no espaço. Não há uma sequência lógica na apresentação dos conteúdos, pois força de atrito, força externa logo implica em mudança de movimento que é a 2ª lei poderia ser abordado depois da discussão da 1ª lei. Então os autores enunciam a 1ª lei da seguinte forma, sem erro, porém não é fiel ao texto original. Sant’anna et al. (2010, p.183).“Todo corpo permanece em seu estado de repouso ou de movimento uniforme em linha reta, a menos que seja obrigado a mudar de estado por forças nele aplicado”. Newton chamou o Princípio ou Axioma da Inércia de Primeira Lei do Movimento e neste momento transcrevemos do texto original: “Lex I: Corpus omne perseverare in statu suo quiescendi vel movendi uniformiter in directum, nisi quatenus a viribus impressis cogitur statum illum mutare”.20 O livro Física - Ciências e Tecnologia na página 94 já introduz, de maneira simplória, o conceito de força como agente físico responsável pela mudança do movimento. Também, a exemplo do livro citado anteriormente, não é feito uma abordagem histórica sobre a formulação e elaboração do conceito de Inércia ou o Princípio Fundamental da Inércia. É dado antes do conceito de inércia um tratamento matemático sobre componentes vetoriais e em seguida uma breve citação sobre a ideia de Aristóteles sobre força e Galileu com a realização de várias experiências para analisar o movimento dos corpos, discutindo o comportamento de uma esfera numa rampa. Os autores citam uma breve história da vida e obra de Newton quando então descreve a primeira lei de enfatizando a semelhança entre o que Newton e Galileu, muito embora, Galileu pensasse numa inércia no movimento circular, pois ainda estava sob forte influência do paradigma vigente da época de que o movimento circular era perfeito (COHEN, 1964, p. 133; DUTTON, 1999, p. 54). No século XVI, circulavam na Itália várias versões do conceito de ímpeto, tais como as utilizadas por Giam battista Benedetti e por Giordano Bruno; elas são muito semelhantes à ideia utilizada por Galileo no século seguinte (KOYRÉ, 1966, p. 47-106). A ideia era bem conhecida na época de Newton, e certamente teve alguma influência sobre seu conceito de inércia; mas essa não foi a principal influência no surgimento da sua primeira lei do movimento. (MARTINS et al., 2012, p.243). 20 Transcrição feita do texto original escrito por Sir Isaac Newton disponível em pdf na internet. Disponível em: http://astro.if.ufrgs.br/newton/principia.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2015. REVISTA CEFOP FAPAZ DE EDUCAÇÃO, CULTURA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA Ano IV - Nº 02 - jul./dez.2017- Natal/RN - ISSN 2317-8841 34 Na descrição da lei, no livro, não contém erros, porém não é fiel a texto original, Torreset al (2010, p. 96): “Todo corpo continua em seu estado de repouso ou de movimento em linha reta com velocidade escalar constante a menos que seja obrigado a alterar esse estado pela ação de uma força aplicada sobre ele. ” Roberto de Andrade Martins faz no seu artigo, Temas de História e Filosofia da Ciência no Ensino(MARTINS et al., 2012, p.291 - 300), uma abordagem histórica sobre o estudo do repouso e estado de movimento, nele é discutido as ideias de Galileu, René Descartes e as ideias de Newton que começou tratando o princípio da Inércias como uma força, e acredito que seria importante que essa abordagem, também fosse feita com os estudantes e que também deveria ser contemplada nos dois livros em comparação. Em uma discussão feita por Martins (2012) ele enfatiza que: Há vários outros indícios de que Newton se baseou em Descartes para formular a sua lei da inércia. Isaac Bernard Cohen analisou uma expressão curiosa, quantum in se est (tanto quanto lhe é possível) que é usada por Newton na sua primeira lei do movimento, e encontrou que ela havia sido utilizada anteriormente por Descartes em sua primeira lei da natureza (COHEN, 1964),(MARTINS et al., 2012, p.296) Segundo Martins (2012), Descartes: “A primeira [lei da natureza] é que cada coisa em particular permanece no mesmo estado, tanto quanto lhe é possível [quantum in se est], e que ele apenas muda ao encontrar outros corpos” (1644, p.54). De acordo com Martins (2012), Newton: “A força inerente da matéria é um poder de resistir, pelo qual cada corpo, tanto quanto lhe é possível [quantum in se est], continua em seu estado presente de repouso ou de movimento uniforme para frente em uma direção reta”. A dedução da chamada 1ª lei de Newton, foi influenciada pelas ideias de René Descartes e Galileu Galilei, porém Isaac Newton nunca reconheceu. A única referência que Newton faz a outros trabalhos foi a famosa citação (Ombros de gigantes) “Se enxerguei mais longe que outros homens, foi porque me ergui sobre ombros de gigantes.” Esta foi a única referência que ele fez a outros trabalhos. (BRENNA, 1998, p.12). CONSIDERAÇÕES FINAIS Podemos perceber a ausência de comprometimento dos autores em procurar sair dos moldes clássicos dos livros didático de Física, fazendo com que aconteça um rompimento da REVISTA CEFOP FAPAZ DE EDUCAÇÃO, CULTURA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA Ano IV - Nº 02 - jul./dez.2017- Natal/RN - ISSN 2317-8841 35 “estrutura rígida do “convencional” e permitindo, assim, que este se torne uma ferramenta efetiva de aprendizagem (LOPES, s.d., p.14) ”. O modelo capitalista de consumo é predominante na elaboração dos livros didáticos, pois os autores utilizam uma forma de linguagem aberta e agradável para todo o Brasil, tentado torná-lo mais vendável. Não se preocupando com as questões ligadas a contextualização da diversidade e regionalidades específicas. Dado o exposto podemos concluir que, com relação ao enfoque da análise entre os dois livros, a coleção Conexão com a Física tem mais interesse em relacionar a Física com a diversidade do conhecimento cultural criando assim um ambiente educativo. Entretanto, ainda revela um modelo tradicional de abordagem nos conteúdos. Em quanto que a coleção Física - Ciências e Tecnologia apresenta um formalismo matemático e pouca ênfase a contextualização através de situações atuais e também não centraliza com o meio em que o aluno se encontra, assim tornando difícil para o mesmo a assimilação do conteúdo proposto. Na análise percebemos que os livros ainda estão presos ao tradicionalismo, mesmo o conteúdo da coleção Conexões da Física, que se mostra mais adaptado ao cotidiano dos alunos, não deixam de ter uma abordagem “universal”, assim tenta explicar o conteúdo de forma que seja entendido em qualquer região. Dessa forma, ambos não tratam de maneira específica os conhecimentos prévios do aluno, cabendo ao professor fazer a transposição didática necessária para que aconteça o entendimento de maneira significativa. Esta pesquisa se assume como uma centelha inicial e esperamos que ela possa desencadear outras investigações levando como base as fundamentações e conclusões que aqui deixamos. Desta forma, salientamos que o verbo concluir não tem, no caso vertente, o sentido de fechar uma discussão; queremos com este artigo abrir portas e não fechá-las. REFERÊNCIAS BRASIL: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica. Guia de livros didáticos: PNLD 2012. 2011. BRASIL, Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino Médio-Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias- Brasília: MEC. 2000. Disponívelem:<http://www.deitu.pro.br/Planejamento/Anexos/Subsideos/PCN%20EM%20- %20Ci%EAncias%20Humanas.pdf>Acesso em: 06/abr./2012. BRENNAN, R. P. Gigantes da Física: uma história da Física Moderna através de oito biografias. Rio de Janeiro/RJ: Zahar, 1998. COHEN, I. B. ‘Quantum in se est’: Newton’s concept of inertia in relation to Descartes and Lucretius. Notes and Records of the Royal
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