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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA LARISSA SANTOS DA SILVA MACHADO MONIQUE DA SILVA FERRAZ AUDIÊNCIA CÍVEL DE INSTRUÇÃO 10: Ação Acidentária contra o INSS https://audienciasonline.com.br/#/audiencia/5c82bb1b78b3e14e47219062 Rio de Janeiro- RJ 2021 1. Resumo da obra No vídeo analisado a audiência se trata de um processo ajuizado por parte de Edgar Santos de Souza em desfavor do INSS (Instituto Nacional de Seguro Social). O autor era funcionário de uma empresa e cumpria o cargo de serviços gerais, em 2009 sofreu um acidente no local de trabalho, e alega que ficou com o tornozelo comprometido, consequentemente afetando seu desempenho no trabalho, pois sente dores na parte acidentada. Porém o INSS somente foi notificado após três anos do ocorrido, por este motivo o representante legal do instituto alega pontos controversos e descarta um possível acordo entre as partes. Ocorre uma audiência de instrução, o juiz colhe provas orais ouvindo duas testemunhas, além de interrogar o próprio autor da ação. 2. Resenha Crítica Edgar Santos de Souza é o autor de uma ação acidentaria em desfavor do INSS (Instituto Nacional de Seguro Social). O requerente alega que no ano de 2009, quando exercia a função de serviços gerais sofreu um acidente ao suspender uma mercadoria, comprometendo um dos tornozelos. Ao início da sessão, o Juiz, em luz do artigo 359 do Código de Processo Civil, tenta uma conciliação entre as partes. “Art. 359. Instalada a audiência, o juiz tentará conciliar as partes, independentemente do emprego anterior de outros métodos de solução consensual de conflitos, como a mediação e a arbitragem.” No artigo citado anteriormente permite que o Juiz de ofício tente conciliar as partes, mesmo que a mediação, método utilizado quando há um vínculo entre as partes e o mediador tem a função de conduzir a negociação, ou a arbitragem, método de solução de conflito onde utiliza-se de um arbitro para solucionar a controvérsia, já tenham sido oferecidos e negados anteriormente. Com isto é questionado se há possibilidade de acordo, porém ambos negam esta alternativa. O procurador do INSS alega que existem pontos controversos, e por este motivo não aceitará uma conciliação, e requer do juiz uma colheita de provas. Porém é importante ressaltar que se houvesse resposta positiva das partes em relação a conciliação, esta seria homologada por sentença e a audiência de instrução e julgamento seria finalizada. Inicia-se uma audiência instrução, que é um ato processual solene e tem o objetivo de colher provas orais das partes e testemunhas. É presidida por um juiz competente contando com a presença das partes, dos advogados e testemunhas. As AIJ, como são chamadas, são convocadas quando não há concesso entre as partes e o juiz precisa obter provas orais (depoimento pessoal do autor e testemunhas) para, por fim, dar o veredito do processo. O amparo legal das audiências de instrução encontra-se no artigo 358 do Código de Processo Civil. “Art. 358.No dia e na hora designados, o juiz declarará aberta a audiência de instrução e julgamento e mandará apregoar as partes e os respectivos advogados, bem como outras pessoas que dela devam participar.” O juiz, primeiramente, colhe o depoimento pessoal do autor, não ouvindo as provas orais na ordem que é preferencialmente descrita no artigo 361 do mesmo dispositivo legal, “Art. 361.As provas orais serão produzidas em audiência, ouvindo-se nesta ordem, preferencialmente: I- o perito e os assistentes técnicos, que responderão aos quesitos de esclarecimentos requeridos no prazo e na forma do art. 477, caso não respondidos anteriormente por escrito; II- o autor e, em seguida, o réu, que prestarão depoimentos pessoais; III- as testemunhas arroladas pelo autor e pelo réu, que serão inquiridas.” a fim de esclarecer as questões contestáveis, um desses pontos é a data do fato e do aviso ao INSS. O questionamento principal é o motivo de haver três anos de diferença, o acidente ocorreu em 2009 e apenas em 2012 o autor entrou com o pedido de aposentadoria por invalidez, o motivo seria que a empresa empregadora se negou a expedir o CAT (Comunicado de Acidente de Trabalho). É de suma importância ressaltar que o empregador é obrigado a emitir este documento, mesmo que não houver necessidade de afastamento por parte do empregado, o CAT serve para controles estatísticos por parte de órgãos competentes, além de garantir um auxílio acidentário ou, em casos mais graves, uma possível aposentadoria por invalidez. Além do não cumprimento da emissão obrigatória do CAT, a empresa não fornecia equipamentos de segurança, informação dada pelo autor quando o representante legal do INSS o questiona a respeito. A primeira testemunha e funcionário da empresa, William Renato Paixão Vieira, é chamado e o juiz o interroga a respeito do dia do acidente, este confirma que o autor não apresentava problemas no tornozelo e que conseguia completar com êxito trabalhos que exigiam esforço físico antes do fato. Também é confirmado que a empresa empregadora não emite o comunicado de acidente de trabalho para os funcionários, informação que a segunda testemunha, ex-funcionária da empresa, ratifica. A terceira testemunha é dispensada pelo juiz, sem a oposição de nenhuma das partes, pois este conclui que não há necessidade de colher o depoimento. Ao homologar a dispensa, também encerra a instrução processual em relação a colheita de provas orais. Ambos advogados se abstêm de falar quando o juiz passa a palavra, como é de direito de acordo com o artigo 364 do Código de Processo Civil, apenas o advogado do Instituto Nacional de Seguro Social faz um requerimento. O representante do INSS requer do órgão empregador um perfil profissiográfico previdenciário do autor, isto é, um documento que engloba todas as informações, registros e dados administrativos do empregado no período que exerceu função na empresa, A fim de complementar a produção de prova. A parte autora não se opõe ao pedido, e desta forma, o juiz defere o requerimento com base no artigo 369 do Código de Processo Civil, que abre a possibilidade de empregar os meios legais para provar o fato, e concede-se o prazo de 10 dias para o efetivo cumprimento por parte da empresa empregadora. “Art. 369.As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz.” O intuito é esclarecer, com a ajuda do perito o nexo de causalidade entre o acidente e a incapacidade constatada. Por fim, o juiz aguardará uma nova conclusão por parte do perito judicial nomeado para dar prosseguimento na ação. Em toda a audiência, tem um escrivão que lavra o que é falado pelas partes, ao final o juiz dita os despachos, desta forma respeitando o artigo 367 do código citado anteriormente. “Art. 367.O servidor lavrará, sob ditado do juiz, termo que conterá, em resumo, o ocorrido na audiência, bem como, por extenso, os despachos, as decisões e a sentença, se proferida no ato.” Lembrando que as audiências podem ser gravadas em áudio e imagem, além de serem públicas (ressalvas as exceções legais). Como não houve possibilidade do juiz proferir uma sentença, este tem o prazo de 30 dias, como previsto no artigo 366 do CPC, para concluir o veredito em audiência. Este encerra liberando as partes. “Art. 366. Encerrado o debate ou oferecidas as razões finais, o juiz proferirá sentença em audiência ou no prazo de 30 (trinta) dias.” A audiência de instrução e julgamento é de extrema importância quando se trata do ato processual, é a forma do juiz ouvir as partes, debater os conflitos e declarar a sentença. Ao passar a palavra para os advogados das partes, conforme o artigo 364 do Códigode Processo Civil, “Art. 364. Finda a instrução, o juiz dará a palavra ao advogado do autor e do réu, bem como ao membro do Ministério Público, se for o caso de sua intervenção, sucessivamente, pelo prazo de 20 (vinte) minutos para cada um, prorrogável por 10 (dez) minutos, a critério do juiz.” os mesmos podem argumentar e trazer novas informações, sendo assim de suma importância para o entendimento de todo o conflito presente no processo. O magistrado exercer a função de polícia com o intuito de manter a ordem e decoro, a previsão legal encontra-se no artigo 360 do mesmo código citado. “Art. 360. O juiz exerce o poder de polícia, incumbindo-lhe: I - manter a ordem e o decoro na audiência; II - ordenar que se retirem da sala de audiência os que se comportarem inconvenientemente; III - requisitar, quando necessário, força policial; IV - tratar com urbanidade as partes, os advogados, os membros do Ministério Público e da Defensoria Pública e qualquer pessoa que participe do processo; V - registrar em ata, com exatidão, todos os requerimentos apresentados em audiência.” No caso exposto a empresa empregatícia não cumpre corretamente com os direitos trabalhistas, sendo uma obrigação legal da empregadora de cumprir e fazer cumprir as normas de saúde e segurança do trabalho, instruindo os empregados quanto às precauções a tomar no sentido de evitar acidentes, doenças ocupacionais, prestando informações sobre os riscos da operação a executar, nos termos do artigo 157, incisos I e II da CLT e artigo 7, inciso XXII da Constituição Federal. Ao se negar a oferecer o CAT, a empresa comete uma falta grave, pois impossibilitou o autor de informar ao INSS, e consequentemente privando-o de conseguir o seguro acidentário que é de direito. Deste modo, um motivo favorável para o requerente autor. Na audiência exposta, o Juiz seguiu corretamente as etapas referidas nos artigos 358 a 366 do Código de Processo Civil. Após a audiência de instrução, terá uma nova sessão para o Juiz declarar a decisão, após uma análise de laudos por parte de um perito judicialmente indicado para o caso.