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Extensivo Essencial Carreiras Jurídicas (Estúdio) - Diurno 
CARREIRAS JURÍDICAS 
Damásio Educacional 
MATERIAL DE APOIO 
 
Disciplina: QSJ – Direito Penal Geral 
Professor: André Estefam 
Aula: 01 | Data: 11/02/2016 
 
 
ANOTAÇÃO DE AULA 
SUMÁRIO 
 
1. Questão 1 
2. Questão 2 
3. Questão 3 
4. Questão 4 
5. Questão 5 
6. Questão 6 
7. Questão 7 
8. Questão 8 
9. Questão 9 
 
Boa parte das perguntas aborda a aplicação dos princípios constitucionais pelos tribunais superiores e boa parte 
trazem aspectos teóricos. 
 
Para recordar: 
O princípio da legalidade abrange o crime e a pena. Frisamos que o propósito maior desse princípio é propiciar 
segurança jurídica. Há 3 desdobramentos: reserva legal (exigência de lei no aspecto formal), anterioridade (a lei 
não atinge fatos anteriores) e taxatividade (lei deve conter conteúdo determinado). 
 
O princípio da insignificância, quando aplicada, implica atipicidade material. Na jurisprudência do STF, a 
insignificância só é aplicada com análise de 4 vetores ("prol"): periculosidade social, reprovabilidade do ato, 
ofensibilidade da conduta e lesão jurídica. São elementos a serem sopesados. 
Se o indivíduo é reincidente, a reincidência afasta a aplicação da insignificância. 
Não é aplicado quando há grave ameaça. 
Se houver qualificadoras em crimes patrimoniais, também não se aplica (ex: não se aplica a furto qualificado). 
 
Crime de descaminho (indivíduo importa produtos lícitos, mas não paga impostos. Logo, tem natureza 
tributária): o STF diz que se o valor do tributo e acessórios não ultrapassar R$20.000,00, não haverá 
responsabilidade penal. Na opinião do Professor, trata-se de aspecto do princípio da intervenção mínima (direito 
penal como ultima ratio) e não do princípio da insignificância. Esse pensamento não é válido para o crime de 
contrabando que tem natureza não somente tributária, posto que envolve produtos ilícitos. 
 
Como consequência do princípio da intervenção mínima, temos a fragmentariedade do direito penal, porque só 
se ocupa de uma pequena parcela dos comportamentos ilícitos (mais graves). 
 
O princípio da adequação social sustenta que se a conduta é socialmente adequada, não merece ser 
criminalmente punida. Aquele que pratica a venda ou exposição de CD e DVD pirata era alvo de questionamentos. 
Há entendimento sumulado do STJ (Súmula 502) a respeito. 
 
Súmula 502: presentes a materialidade e a autoria, afigura-se típica, 
em relação ao crime previsto no artigo 184, parágrafo 2º, do Código 
Penal, a conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas. 
 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10615003/artigo-184-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10614914/par%C3%A1grafo-2-artigo-184-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
 
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1. Questão 1 
(2015 – CESPE - TJ-PB - Juiz Substituto) 1. Acerca dos princípios e fontes do direito penal, assinale a opção correta. 
(A) Segundo a jurisprudência do STJ, o princípio da insignificância deve ser aplicado a casos de furto qualificado 
em que o prejuízo da vítima tenha sido mínimo. 
(B) Conforme entendimento do STJ, o princípio da adequação social justificaria o arquivamento de inquérito 
policial instaurado em razão da venda de CDs e DVDs. 
(C) Depreende-se do princípio da lesividade que a autolesão, via de regra, não é punível. 
(D) Depreende-se da aplicação do princípio da insignificância a determinado caso que a conduta em questão é 
formal e materialmente atípica. 
(E) As medidas provisórias podem regular matéria penal nas hipóteses de leis temporárias ou excepcionais. 
 
Letra A: Incorreta. O fato de se tratar de crime qualificado demonstra maior reprovabilidade da conduta. Além 
disso, o prejuízo deve ser ínfimo e não mínimo. 
Letra B: Incorreta. O STJ diz o contrário na Súmula 502. 
Letra C: De fato, a autolesão via de regra não é punível, mas isso decorre do princípio da alteridade e não do 
princípio da lesividade. A alternativa é a correta, mas contém essa imprecisão. 
Letra D: Incorreta. Com a insignificância, a conduta é materialmente atípica, mas formalmente típica. 
Letra E: Incorreta. Não pode haver medida provisória sobre matéria penal. 
 
2. Questão 2 
(2015 – FCC - TJ-SC - Juiz Substituto) 2. A afirmação de que o Direito Penal não constitui um sistema exaustivo de 
proteção de bens jurídicos, de sorte a abranger todos os bens que constituem o universo de bens do indivíduo, 
mas representa um sistema descontínuo de seleção de ilícitos decorrentes da necessidade de criminalizá-los ante 
a indispensabilidade da proteção jurídico-penal, amolda-se, mais exatamente, 
(A) ao conceito estrito de reserva legal aplicado ao significado de taxatividade da descrição dos modelos 
incriminadores. 
(B) à descrição do princípio da fragmentariedade do Direito Penal que é corolário do princípio da intervenção 
mínima e da reserva legal. 
(C) à descrição do princípio da culpabilidade como fenômeno social. 
(D) ao conteúdo jurídico do princípio de humanidade relacionado ao conceito de Justiça distributiva. 
(E) à descrição do princípio da insignificância em sua relativização na busca de mínima proporcionalidade entre 
gravidade da conduta e cominação de sanção. 
 
Isso é uma proposição que se relaciona com o princípio da intervenção mínima (direito penal como ultima ratio). 
Somente se criminalizam os ilícitos mais graves. 
 
Letra A: Incorreta. 
Letra B: Correta. 
Letra C: Incorreta. Culpabilidade é a exigência de que a imputação penal se baseia na culpabilidade do indivíduo. 
Letra D: Incorreta. 
Letra E: Incorreta. 
 
 
3. Questão 3 
(2015 – FCC - TCM-RJ - Auditor-Substituto de Conselheiro) 3. Determinada lei dispõe: “Subtrair objetos de arte. 
Pena: a ser fixada livremente pelo juiz de acordo com as circunstâncias do fato". Para um fato cometido após a 
sua vigência, é correto afirmar que a referida lei 
 
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(A) fere o princípio da legalidade. 
(B) fere o princípio da anterioridade. 
(C) fere os princípios da legalidade e da anterioridade. 
(D) não fere os princípios da legalidade e da anterioridade. 
(E) é uma norma penal em branco. 
 
O defeito da norma está na pena. Viola-se o princípio da taxatividade, que é um desdobramento da legalidade. A 
letra A está correta. 
 
Norma penal em branco 
 É aquela cujo preceito primário se mostra incompleto. 
 Os tipos penais têm composição básica: preceito primário (descrição da conduta incriminada); preceito 
secundário (tópico do dispositivo que comina a pena). 
 Na norma penal em branco, o preceito primário se mostra incompleto. O seu complemento localiza-se em 
outra norma jurídica. Se esta norma jurídica tem mesma hierarquia, teremos norma penal em branco homogênea 
(ou em sentido lato). É possível que o complemento se encontre em outra norma jurídica de hierarquia diferente. 
Nesse caso, a norma penal em branco será heterogênea (ou em sentido estrito). Ex: substâncias ilícitas estão 
previstas em portaria da Anvisa. Logo, as normas penais em branco da Lei de Drogas são heterogêneas. 
 
 
4. Questão 4 
(2015 – CESPE - Prefeitura de Salvador-BA - Procurador do Município – 2ª Classe) 4. Acerca dos princípios 
aplicáveis ao direito penal, assinale a opção correta à luz do entendimento do STF e do STJ. 
(A) Conforme entendimento do STF, os dois únicos requisitos necessários para a aplicação do princípio da 
insignificância são nenhuma periculosidade social da ação e inexpressividade da lesão jurídica provocada. 
(B) A aplicação do princípio da insignificância implica reconhecimento da atipicidade formal de perturbações 
jurídicas mínimas ou leves, as quais devem ser consideradas não só em seu sentido econômico, mas também em 
relação ao grau de afetação à ordem social. 
(C) O princípio da adequação social surgiu como uma regra de hermenêutica, ou seja, possibilitaa exclusão de 
condutas que, embora se ajustem formalmente a um tipo penal — tipicidade formal —, não são mais 
consideradas objeto de reprovação social e, por essa razão, se tornaram socialmente aceitas e adequadas. 
(D) O princípio da insignificância propõe ao ordenamento jurídico uma redução dos mecanismos punitivos do 
Estado ao mínimo necessário, de modo que a intervenção penal somente se justificaria nas situações em que 
fosse definitivamente indispensável à proteção do cidadão. 
(E) O agente que pratica constantemente infrações penais que tenham deixado de ser consideradas perniciosas 
pela sociedade poderá alegar que, em conformidade com o princípio da adequação social, o qual tem o condão 
de revogar tipos penais incriminadores, sua conduta deverá ser considerada adequada socialmente. 
 
Letra A: Incorreta. São 4 vetores. Estão faltando a ofensividade e reprovabilidade. 
Letra B: Incorreta. A insignificância implica atipicidade material. 
Letra C: Correta. 
Letra D: Incorreta. Isto se relaciona com o princípio da intervenção mínima. 
Letra E: Incorreta. O princípio da adequação social diz respeito a condutas que se tornaram adequadas. Uma coisa 
é a leniência em relação a conduta que deixou de ser perniciosa, outra coisa é esta conduta tornar-se adequada. 
 
 
 
 
 
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5. Questão 5 
(2015 – CESPE - TRF - 5ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto) 5. No que tange aos princípios básicos do direito penal e 
à interpretação da lei penal, assinale a opção correta. 
(A) Embora o princípio da legalidade proíba o juiz de criar figura típica não prevista na lei, por analogia ou 
interpretação extensiva, o julgador pode, para benefício do réu, combinar dispositivos de uma mesma lei penal 
para encontrar pena mais proporcional ao caso concreto. 
(B) Do princípio da culpabilidade procede a responsabilidade penal subjetiva, que inclui, como pressuposto da 
pena, a valoração distinta do resultado no delito culposo ou doloso, proporcional à gravidade do desvalor 
representado pelo dolo ou culpa que integra a culpabilidade. 
(C) O princípio do ne bis idem está expressamente previsto na CF e preconiza a impossibilidade de uma pessoa ser 
sancionada ou processada duas vezes pelo mesmo fato, além de proibir a pluralidade de sanções de natureza 
administrativa sancionatórias. 
(D) A infração bagatelar própria está ligada ao desvalor do resultado e (ou) da conduta e é causa de exclusão da 
tipicidade material do fato; já a imprópria exige o desvalor ínfimo da culpabilidade em concurso necessário com 
requisitos post factum que levam à desnecessidade da pena no caso concreto. 
(E) O princípio da ofensividade ou lesividade não se presta à atividade de controle jurisdicional abstrata da norma 
incriminadora ou à função político-criminal da atividade legiferante. 
 
Letra A: o juiz pode combinar leis penais? Estudamos isso no tema da aplicação da lei penal. Quando sobrevier 
nova lei, que tem preceito benéfico, é possível aplicar somente este preceito com outros preceitos benéficos da 
lei revogada? Para a doutrina majoritária, é possível a combinação de leis penais, mas o STJ e o STF negam esta 
possibilidade. A súmula 501 do STJ veda a combinação de leis penais. Logo, a afirmativa está incorreta. 
 
Súmula 501: é cabível a aplicação retroativa da Lei 11.343/06, desde 
que o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja 
mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei 6.368/76, 
sendo vedada a combinação de leis. 
 
Letra B: Incorreta. Dolo ou culpa não integram a culpabilidade. A culpabilidade é composta por 3 elementos 
("Impoex"), quais sejam, imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa. 
Dolo ou culpa integram o fato típico e não a culpabilidade. 
Letra C: Incorreta. O princípio não está previsto na CF. Além disso, não tem a ver com a pluralidade de sanções. O 
ne bis in idem impede que a pessoa seja processada ou condenada criminalmente pelo mesmo fato. Poderá 
sofrer processo criminal e processo administrativo, por ex. 
Letra D: Um setor da doutrina, ao examinar o princípio da insignificância (ou bagatela), faz uma divisão entre 
princípio da bagatela própria e princípio da bagatela imprópria. O princípio da bagatela própria é o famoso 
princípio da insignificância, nos moldes que estudamos. A bagatela imprópria é a tese segundo a qual deve-se 
reconhecer a irrelevância penal de condutas sempre que se verificar a desnecessidade da pena. Isso seria 
admitido somente se fosse adotada a teoria funcionalista da culpa (que leva em conta a necessidade da pena), 
não adotada por nosso código. O STJ já disse que não se aplica o princípio da bagatela imprópria, sobretudo nos 
crimes de violência doméstica contra a mulher. A alternativa está incorreta à luz da jurisprudência do STJ. 
Letra E: O princípio veda os crimes de perigo abstrato. STJ não acolhe, mas está correta à luz da doutrina. 
 
 
6. Questão 6 
6. Carlos, primário e de bons antecedentes, subtraiu, para si, uma mini barra de chocolate avaliada em R$ 2,50 
(dois reais e cinquenta centavos). Denunciado pela prática do crime de furto, o defensor público em atuação, em 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/95503/lei-de-t%C3%B3xicos-lei-11343-06
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103305/lei-de-drogas-de-1976-lei-6368-76
 
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sede de defesa prévia, requereu a absolvição sumária de Carlos com base no princípio da insignificância. De 
acordo com a jurisprudência dos Tribunais Superiores, o princípio da insignificância: 
(A) funciona como causa supralegal de exclusão de ilicitude; 
(B) afasta a tipicidade do fato; 
(C) funciona como causa supralegal de exclusão da culpabilidade; 
(D) não pode ser adotado, por não ser previsto em nosso ordenamento jurídico; 
(E) funciona como causa legal de exclusão da culpabilidade. 
 
Letra A: Incorreta. 
Letra B: Correta. 
Letra C: Incorreta. 
Letra D: Incorreta. 
Letra E: Incorreta.

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