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DESENVOLVIMENTO HUMANO NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

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DESENVOLVIMENTO HUMANO NA 
INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA
UNIDADE 1 – TEORIAS POR TRÁS DO 
DESENVOLVIMENTO HUMANO
Autoria: Taís Feitosa da Silva – Revisão técnica: Camila Moreno de Lima Silva
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Introdução
Estamos iniciando nossa disciplina de desenvolvimento humano na infância e adolescência. Mas você sabe o que
é desenvolvimento humano? Sabe quais são os principais acontecimentos da infância e da adolescência? Você
sabe quais são os principais estudiosos que buscaram ou buscam entender o processo de desenvolvimento
humano? Aqui você irá estudar e aprender sobre o início desse processo de desenvolvimento humano, de onde
vem as teorias do desenvolvimento nas perspectivas intrínsecas e extrínsecas, de onde elas surgiram e como
surgiram, assim como os princípios que embasam seus conhecimentos e como são entendidos na atualidade.
Iremos estudar também quais são os principais estudiosos da história que buscaram observar, analisar e
entender este complexo processo que é desenvolver um ser humano.
Você vai entender qual é a participação dos conhecimentos da psicologia, que é uma ciência que serviu de base
para os conhecimentos sobre o desenvolvimento humano, entendendo que todo o processo de desenvolvimento
humano acontece em fases que se relacionam e se completam, de forma que não podem ser ultrapassadas ou
passar de forma desapercebida. Além disso, vamos estudar as formas pelas quais os diferentes autores que
embasaram todo o conhecimento da psicologia do desenvolvimento humano falam sobre esse processo.
Aproveite todo esse conhecimento e entenda como acontece o processo de desenvolvimento humano durante a
infância e a adolescência e sua gigantesca importância para a formação do ser humano em diferentes aspectos,
como características psicológicas e cognitivas, sociais e interpessoais, físicas e motoras. Temos muito
aprendizado pela frente.
Bons estudos!
1.1 Bases ontogenéticas e filogenéticas do desenvolvimento
Quando falamos sobre bases filogenéticas e ontogenéticas, pensamos em observar a história do indivíduo, como
aconteceu seu processo de formação, que vem lá da origem de sua espécie, passa por seu processo de formação
embrionária e se finaliza quando esse indivíduo chega ao estado maduro da vida.
Neste tópico, vamos entender de onde vem estes termos, filogenia e ontogenia, como eles estão ligados a todo
esse processo de desenvolvimento humano e quanto são importantes para a formação do ser humano.
1.1.1 O que é filogenia?
A filogenia é uma ciência que iniciou seu desenvolvimento em 1966, e surgiu para estudar a história evolutiva
das espécies e seus conceitos de ancestralidade e descendência evolutiva. Esse estudo se baseou nas teorias
evolutivas de Charles Darwin, que afirmava que o ambiente seleciona aquele que estiver mais bem adaptado e
tiver melhor condição de sobrevivência nesse ambiente. Essa teoria se chama Teoria da Seleção Natural
(SANTOS, 2020).
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Os estudiosos dessa área afirmam que a melhor forma de representar graficamente a filogenia é por meio de
uma árvore filogenética, que possui uma raiz que vai representar quem é o ancestral de todas as outras espécies
derivadas dessa árvore ao longo do tempo. Da raiz surgem os ramos e novos ancestrais, que vão dar origem às
espécies chamadas espécies terminais, ou seja, as espécies que derivam da raiz da árvore filogenética.
Sendo assim, a raiz pode ser chamada de espécie A (ancestral), e ao longo do tempo os ramos e novos ancestrais
vão trazendo características que se associam às características da espécie A. Assim, dá-se origem às espécies B, C,
D e E (espécies terminais).
Figura 1 - Árvore filogenética
Fonte: Shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: a imagem apresenta uma ilustração da árvore filogenética, com sua base ou raiz, seus ramos e
espécies descendentes.
A partir do estudo da filogenia, observando todo esse processo que foi explicado, é possível identificar o grau de
VOCÊ SABIA?
Você sabia que Charles Darwin apresentava problemas com sua autoestima e não gostava da
sua aparência? Apesar de ser um homem brilhante, ele viveu em seu processo de
desenvolvimento humano muitos momentos que influenciaram seus sentimentos sobre si
mesmo, gerando essa baixa autoestima (LAURENTI, 2009).
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A partir do estudo da filogenia, observando todo esse processo que foi explicado, é possível identificar o grau de
parentesco das espécies terminais. Como observado na figura anterior, a base, que é a raiz da árvore, e os nós,
que são os círculos preenchidos de rosa, são os ancestrais e já não existem mais. Podemos dizer que os diferentes
tons de azul dos círculos maiores podem ser as diferentes características que surgiram ao longo do tempo e
fazem parte da constituição das espécies terminais, que são os próprios círculos grandes.
Pensando que a árvore filogenética é lida e interpretada de baixo para cima, representando a evolução ao longo
do tempo, podemos dizer que os primeiros ramos deram origem às espécies mais antigas, que são os círculos
posicionados nas laterais da árvore, enquanto o círculo mais centralizado e localizado no topo da árvore é a
espécie derivada mais recente.
No entanto, todas as espécies têm características em comum, como foi representado na figura anterior. Uma
dessas características é o formato em círculo e a cor azul. No entanto, existem características que vão surgindo e
não vieram do ancestral A, como o tom mais forte da espécie terminal mais recente. Além disso, cada uma das
espécies pode apresentar características exclusivas. Ou seja, as espécies descendentes podem apresentar três
tipos de características: as diferentes, as iguais e as exclusivas.
Sendo assim, podemos afirmar que a filogenia serve para entender o processo evolutivo de cada espécie, fazendo
com que possamos entender o processo de desenvolvimento humano, as mudanças que acontecem ao longo do
tempo e o possível surgimento de outras gerações. Nesse sentido, não podemos esquecer que todas as
características das gerações atuais vêm dos seus ancestrais, mas novas características também podem surgir só
nas gerações que descenderam.
1.1.2 O que é ontogenia?
Quando falamos de ontogenia, podemos dizer que esse termo se refere ao processo de desenvolvimento de um
organismo, ou seja, o processo de desenvolvimento que se inicia no momento da fertilização e vai até o momento
em que o organismo, ou o ser vivo, está em seu estado maduro e completamente desenvolvido. Sendo assim,
podemos entender que a ontogenia estuda o processo de desenvolvimento do indivíduo em seu próprio tempo,
ao contrário da filogenia, que estuda a evolução da espécie. Ontogênese é o estudo do desenvolvimento de um
indivíduo desde a concepção até a maturidade (VERGARA-SILVA, 2016).
Ontogenia Estuda o processo de desenvolvimento do indivíduo em seu próprio tempo.
Filogenia Estuda a evolução da espécie.
A ontogenia tem em muito se relacionado a diversas ciências, como: a zoologia, para tratar do processo de
desenvolvimento animal, de flores e vegetais; a embriologia, para tratar do processo de desenvolvimento celular;
a antropologia, para tratar sobre o processo pelo qual incorporamos nossa própria história ao longo de nosso
desenvolvimento; assim como a psicologia do desenvolvimento e a neurociência cognitiva e do desenvolvimento,
VOCÊ O CONHECE?
Charles Darwin nasceu na Inglaterra e se tornou naturalista, geólogo, biólogo e grande
estudioso da evolução das ciências biológicas. Aos 16 anos, iniciou o curso de medicina, que
abandonou um tempo depois. Esse estudioso observou diversas formas de vida e
compreendeu as mudanças ocorridas nas espécies (CHARLES…, 2020).
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desenvolvimento; assim como a psicologia do desenvolvimento e a neurociência cognitiva e do desenvolvimento,
que estudam as mudanças que acontecem e são influenciadas por diversos fatores externos e seus processos
biológicos envolvidos. Nesse sentido, a ontogenia pode ser aplicada a partir de escalas que observam e analisam
o desenvolvimento do organismo humano, de determinadas células e tecidos e todoo processo sequencial
envolvido (VERGARA-SILVA, 2016).
Zoologia
Desenvolvimento animal, de flores e vegetais.
Embriologia
Desenvolvimento celular.
Antropologia
Processo de incorporação da nossa própria história.
Psicologia e neurociência do desenvolvimento
Mudanças que acontecem e são influenciadas por diversos fatores externos e seus processos biológicos
envolvidos.
Ao longo da história, muitos estudiosos e cientistas estiveram envolvidos em seus estudos e formaram conceitos
e teorias que deram origem à ontogenia. No início do século XX, Johann Meckel e Antoine Serres deram origem à
Lei de Meckel-Serres, que afirma haver estágios sucessivos durante o desenvolvimento embrionário, e assim
identificaram deformidades em embriões. Outro marco identificado ao longo da história deu destaque ao nome
de Karl Baer, que trouxe sua proposta das quatro leis para explicar o processo embrionário; ele afirmou que esse
processo acontecia de forma ramificada, e cada organismo seguia seu processo ontogênico próprio.
Dando continuidade a esse processo histórico, em 1866, a Lei da Bioenergética foi proposta por Ernst Haeckel,
pela qual os estágios do desenvolvimento embrionário de um animal são iguais aos estágios ou formas adultas
de outros animais. Sendo assim, o desenvolvimento de um animal tem características do seu ancestral, fazendo
com que entendamos esta frase muito mencionada na ontogenia: “a ontogenia recapitula a filogenia”. Em
seguida, em 1922, Walter Garstang trouxe sua obra que fala sobre filogenias ancestrais, e, em 1977, Stephen
Gould publicou seu livro Ontogenia e filogenia, que reafirmava a teoria da recapitulação.
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Figura 2 - Ontogenia embrionária humana
Fonte: Shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: a imagem apresenta as fases do processo de desenvolvimento embrionário do ser humano, desde
a liberação do óvulo feminino, fertilização do óvulo e formação celular.
Nesse sentido, ao observarmos o desenvolvimento humano, observamos também a existência de processos
ontogênicos e a influência dos processos filogenéticos. Além disso, durante o processo de desenvolvimento
humano podemos utilizar os conhecimentos sobre ontogenia para entender o desenvolvimento humano, suas
fases e os acontecimentos sequenciais do processo.
A psicologia comportamental afirma que a personalidade é a soma da interação entre a filogenia, a ontogenia e o
contexto social, e elas atuam como base para a formação dos comportamentos de nossa espécie durante o
período de dependência e imaturidade que acontece durante a infância e a adolescência.
VAMOS PRATICAR?
Agora que você conhece a filogenia e a ontogenia, desenvolva um texto dissertativo de até uma
lauda, elencando e explicando três aspectos do desenvolvimento humano que podem ser
considerados resultantes da filogenia e três aspectos do desenvolvimento humano que podem
ser considerados resultantes da ontogenia.
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1.2 A participação da psicologia na infância e da 
adolescência
A ciência da psicologia que estuda a criança e o adolescente é a psicologia do desenvolvimento. Essa área propõe
perguntas sobre a interferência do tempo sobre os diferentes processos vividos, sejam eles ligados a aquisição
de conhecimento, socialização, experiências e formas como a pessoa adquire competências durante determinado
tempo (PRADO; BUIATTI, 2016).
A psicologia do desenvolvimento estuda o desenvolvimento cognitivo, que está ligado a razão e inteligência,
desenvolvimento afetivo, social e psicomotor. Nesse sentido, existe um processo que pode ser dividido em
etapas, e, ao passar por todas elas, determinada capacidade se torna propriedade da pessoa. Esse é o objeto de
estudo da psicologia do desenvolvimento (BARROS, 2014).
Essa é uma área que se preocupa com todas as mudanças que acontecem ao longo da vida e estuda os fatores
influenciadores desse processo e como se dá essa influência.
Sendo assim, dentro dessa área da psicologia, afirma-se a existência de etapas que não podem ser puladas, pois
uma antecede e influencia a outra. Por isso, não existem seres humanos que tenham conseguido pular etapas e
ter sucesso no processo de desenvolvimento.
1.2.1 Psicologia do desenvolvimento humano
A psicologia do desenvolvimento humano estuda o processo de desenvolvimento humano em seus diferentes
âmbitos, como aspectos intelectuais, sociais, físicos e emocionais. Esse estudo observa o desenvolvimento desde
o nascimento até a vida adulta e busca entender a cognição, seu desenvolvimento e os comportamentos
identificados durante as diferentes fases da vida (MIRANDA, 2020).
Essa ciência deu origem a diversas teorias hoje empregadas nas ciências que estudam o desenvolvimento
humano em diferentes áreas.
• Gestalt
Uma das primeiras correntes científicas que sugiram na área da psicologia, hoje é considerado um
conhecimento revolucionário. Segundo o autor, para que um indivíduo aprenda, ele utiliza uma série de
estruturas físicas que lhe dão qualidade. Ou seja, para Gestalt, o aprendizado e o desenvolvimento
acontecem a partir de estruturas biológicas que capacitam atividades cerebrais, as quais aprendemos a
usar quando crescemos (RINALDI; SANTOS, 2018).
• Psicanálise
Uma corrente de pensamento da psicologia crescente e que tem como pai Sigmund Freud, afirmava a
VOCÊ QUER LER?
A obra , de Jean Piaget (1973), fala sobre a construção do conhecimentoEpistemologia genética
dos homens sozinhos e em conjunto, a partir da teoria do equilíbrio, e pode ser considerada
uma leitura fundamental para o entendimento do processo de desenvolvimento humano aos
olhos deste estudioso. Leia o primeiro capítulo em: https://www.ufrgs.br/psicoeduc/piaget
./epistemologia-genetica/
•
•
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Uma corrente de pensamento da psicologia crescente e que tem como pai Sigmund Freud, afirmava a
existência de impulsos inconscientes com efeitos no comportamento do indivíduo em desenvolvimento.
As teorias de Freud causaram uma revolução no estudo da psicologia do desenvolvimento humano. A
psicanálise acredita que a criança necessita satisfazer suas necessidades, que surgem de acordo com seu
estágio de desenvolvimento. Freud colocou grande ênfase desses estágios nos aspectos da sexualidade,
por isso, até hoje causa polêmica em diversas discussões sobre o tema (MEZAN, 2020).
• Behaviorismo
Essa teoria surgiu como forma de contestar a psicanálise e trouxe características do positivismo. Sendo
assim, tudo o que não poderia ser mensurado não servia para o estudo da psicologia. Os teóricos dessa
linha tentavam entender a relação entre estímulos e comportamentos das pessoas e não se importavam
com intermediários dessa relação. Para os pensadores behavioristas, as crianças já nascem com várias
respostas inatas, e logo em seguida as associam respostas a estímulos de experiência vividas, dando
origem a múltiplos comportamentos complexos (BAUM, 2018).
• Psicologia cognitiva
Essa linha de pensamento da psicologia surgiu em reação à evolução behaviorista e estuda os processos
internos cognitivos que acontecem como resultado de diferentes estímulos, resultando em diferentes
comportamentos. Nesse sentido, dentro dessa área são estudados processos mentais que surgem de
conexões cerebrais, as quais fazem do indivíduo um produtor de informações (EYSENCK; KEANE, 2017).
Em conclusão, a psicologia do desenvolvimento humano é muito importante, uma vez que estuda e identifica
características em comum em cada fase da vida. Por isso, existem formas de entender e se comportar em cada
uma dessas fases. Mas estas podem ser influenciadas por diversos fatores, como: hereditariedade, crescimento
orgânico, maturação neurofisiológica e o meio em que o indivíduo está inserido (BARROS; COUTINHO, 2020).
1.2.2 Fatores influenciadores e aspectos do desenvolvimento humano, 
segundo a psicologia do desenvolvimento
O desenvolvimento humano acontece de forma que a base é a formação corporal, cognitiva, biológica e
fisiológica. No entanto, existem muitos fatores que podem modificar, interromper ou acelerar esse processo
sequencial, fazendo com que o serhumano que está sendo formado mude de comportamentos e, por isso, receba
resultados diferentes (PAPALIA; FELDMAN, 2013). Alguns desses fatores, de acordo com essa autora, são
descritos a seguir.
Hereditariedade
Quando falamos de hereditariedade, estamos falando das características genéticas e de toda a carga de DNA que
definem o indivíduo. Alguns aspectos deste podem ser resultado da carga genética; contudo, outros fatores
podem colocá-los em evidência ou fazer com que desapareçam.
Crescimento orgânico
Esse fator se refere a todas as características físicas ligadas ao crescimento humano e que possibilitam a
interação deste com o mundo. Por exemplo, quando falamos de crescimento ósseo, é ele que nos permite
estabilização esquelética para gerar comportamentos físicos que permitem nos relacionarmos com o ambiente.
Maturação neurofisiológica
Esse fator está ligado ao desenvolvimento de funções que o indivíduo tem, e a partir daí ele gera os
comportamentos e o desenvolvimento de habilidades e capacidades. Por exemplo: para que uma criança seja
alfabetizada, ela precisa desenvolver alguns aspectos da maturação neurofisiológica, pois, caso não estejam
desenvolvidos, o processo de alfabetização não acontecerá, por mais que o ensino esteja adequado para
•
•
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desenvolvidos, o processo de alfabetização não acontecerá, por mais que o ensino esteja adequado para
desenvolver essa habilidade.
Meio ambiente
O indivíduo que está no processo de desenvolvimento é influenciado por diversos fatores que modificam seus
próprios comportamentos. Nesse sentido, o ambiente pode estimular o indivíduo para que surjam
comportamentos que aceleram o desenvolvimento humano. Da mesma forma, a falta de estímulo ou um estímulo
negativo pode retardar esse processo.
Todos esses fatores influenciam o processo de desenvolvimento humano de forma contínua e em todos os seus
aspectos. Trata-se de um processo complexo, e as influências que geram modificação nesse desenvolvimento
também não acontecem isoladamente. Por isso, quando acontecem alterações no aspecto motor, estão
acontecendo alterações nos âmbitos da inteligência, emocional e social. E tudo isso dá origem a novos
comportamentos que criam a identidade do ser humano (PAPALIA; FELDMAN, 2013).
Figura 3 - Psicologia do desenvolvimento da inteligência
Fonte: Shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: a imagem apresenta uma fotografia que mostra uma mulher cientista e vários fatores ligado à
psicologia do desenvolvimento da inteligência, como símbolos científicos.
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Figura 4 - Psicologia do desenvolvimento afetivo
Fonte: Shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: a imagem apresenta uma fotografia que traz elementos simbólicos ligados à psicologia do
desenvolvimento afetivo: no que parece ser um consultório de psicologia, há uma paciente desfocada ao fundo e,
em primeiro plano, as mãos de um profissional fazendo anotações em um pequeno caderno.
Há quatro principais aspectos do desenvolvimento humano, diretamente relacionados à sua formação e ao
processo de desenvolvimento, segundo Papalia e Feldman (2013), descritos na sequência.
• Aspecto físico-motor
Crescimento orgânico, maturação neurofisiológica e desenvolvimento de capacidades e habilidades com
o corpo, como locomover-se e manipular objetos.
• Aspecto intelectual
Capacidade de pensamento e raciocínio, para que inteligência seja administrada e aprendizado gere
evolução em seus níveis.
• Aspecto afetivo-emocional
Sentimentos e comportamentos advindos deles, que surgem e são confirmados a partir das experiências.
• Aspecto social
Relacionamento com outras pessoas, reações e comportamento diante de situações e experiências com
os outros; aprendizados adquiridos que nos capacitam a lidar com os outros e com as diferenças.
Podemos dividir os aspectos da psicologia do desenvolvimento motor para se tornar um tema de fácil
compreensão. Entretanto, o ser humano é complexo, e todo o seu processo de desenvolvimento humano é ainda
mais. Por isso, ao observar situações em que enxergamos algum aspecto predominante, se as analisarmos, vamos
identificar todos os outros aspectos envolvidos. Sendo assim, não é possível separar o processo de aprendizagem
em aspectos, mas podemos estudá-los separadamente para entendê-lo melhor.
Se pararmos para pensar em uma criança que está aprendendo a escrever, observamos que nesta situação está
envolvido o aspecto físico-motor, pois, para que uma criança aprenda a escrever, que é uma habilidade motora
fina, primeiro ela aprende habilidades motoras grossas, como locomover-se e manipular grandes objetos com
movimentos pouco precisos. Mas, ao analisarmos a situação por completo, uma criança está também passando
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movimentos pouco precisos. Mas, ao analisarmos a situação por completo, uma criança está também passando
pelo desenvolvimento neurocognitivo de seu cérebro, o que gera diferentes evoluções de aprendizado, e assim
também estamos falando de aspecto intelectual.
Além disso, essa mesma criança pode ter vivenciado experiências anteriores que lhe geraram sentimentos
positivos ou negativos ao tentar escrever. Nesse sentido, estamos falando de aspectos intelectual e afetivo-
emocional, e esses sentimentos estão ligados aos incentivos vindos das pessoas que estão no ambiente dessa
criança, ou seja, que estão se relacionando com ela em seu aspecto social.
1.3 As perspectivas teóricas psicanalítica e cognitiva
Dentro do processo de desenvolvimento humano, você já aprendeu que existiram muitos pensadores que o
observavam tentando entendê-lo e descrevê-lo. Nesse sentido, esses estudiosos foram se direcionando para
linhas de pensamentos diferentes, gerando o que hoje chamamos de teorias psicanalíticas e teoria cognitiva.
Nos próximos passos, iremos entender melhor como foram criadas essas teorias, quais pensadores estão
envolvidos com elas e quais as observações que podemos identificar no processo de desenvolvimento humano
atual.
1.3.1 Teorias psicanalíticas
A teoria psicanalítica, que foi desenvolvida por Sigmund Freud, busca entender a origem dos transtornos
mentais, o processo de desenvolvimento humano, a motivação humana e a construção da personalidade durante
esse transcurso. Nesse sentido, a psicanálise, como também pode ser chamada tal teoria, consiste na
interpretação de conteúdos inconscientes de palavras, ações e produções imaginárias, em casos de neurose e
psicose.
Outras vertentes da psicologia foram influenciadas pela psicanálise, como a psicoterapia humanista, que tinha
como base o ser humano como ponto principal em uma escala de importância, e a psicoterapia reichiana. Além
disso, o próprio Freud fez algumas atualizações em sua teoria, quando começou a interpretar pacientes a partir
do tratamento com hipnose.
Atualmente, a psicanálise avançou do que foi criado por Freud e é amplamente utilizada em outros cenários e
temas. Assim, uma das mais recentes correntes criadas a partir da psicanálise é a neuropsicanálise, em que Eric
Kandel afirma que a neurociência pode fornecer aos profissionais fundamentos e explicações mais sólidas sobre
a psicanálise (MEZAN, 2020).
• Teoria de Freud
Sigmund Freud criou a psicanálise, ou teoria psicanalítica, que enfatiza a influência da mente inconsciente sobre
o comportamento. Ele acreditava que a mente humana é influenciada por três elementos, sendo eles: Id, ego e
superego. Esses conceitos serão desenvolvidos no decorrer deste texto.
Sua base para a construção da teoria foi a própria observação de seus casos clínicos e os estudos de caso. Apesar
disso, o material que Freud produziu mudou a forma como a humanidade enxerga a mente e o comportamento
humano.
Freud acreditava que, tornando-se conscientes dos pensamentos e das motivações inconscientes, as pessoas
poderiam ser curadas. Nesse sentido, a teoria psicanalítica tinha como objetivo liberar experiências e emoções
reprimidas, ou seja, conscientizar o inconsciente.
•
- -12
Figura 5 - Sigmund Freud
Fonte: Shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: a imagem mostra uma foto do rosto deSigmund Freud.
A mente inconsciente inclui todos os pensamentos que estão fora da nossa percepção consciente, incluindo
memórias da infância, desejos secretos e impulsos ocultos. Por outro lado, a mente consciente inclui tudo que
está dentro de nossa consciência, as informações que estamos cientes ou que podemos facilmente levar à
consciência (FREUD, 2017).
Ao estudar o desenvolvimento humano, Freud associou o processo de desenvolvimento com a existência do
inconsciente. Nesse sentido, ele fez a tentativa de ordenar um aparente caos, como ele próprio denominou,
propondo esses três elementos que compõem a psique.
O Id é o primeiro elemento da nossa mente e contém todos os elementos inconscientes, básicos e primitivos. O
ego, o segundo aspecto da personalidade, é o elemento que lida com exigências da realidade e ajuda a controlar
impulsos do Id, fazendo-nos ter comportamentos realistas e aceitáveis, ajudando a controlar impulsos básicos,
ideais e a realidade. Já o superego é o elemento final de nossa personalidade e contém nossos ideais, nossos
valores e nossas crenças, muitas vezes aprendidos na infância, e que servem de força orientadora, fazendo com
que nosso comportamento seja de acordo com a moral.
A partir da existência desses elementos, ele afirmou que nada é por acaso, muito menos os processos mentais,
trazendo de sua exploração no mundo inconsciente o tema da sexualidade e afirmando a existência de diferentes
fases envolvidas nesse processo. Ele chamou essas fases psíquicas de fases psicossexuais.
- -13
Quadro 1 - Fases do desenvolvimento humano segundo Freud
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
#PraCegoVer: a imagem apresenta um quadro formado por seis linhas e três colunas que trazem informações
sobre as cinco fases psicossexuais do desenvolvimento, o nome das fases e a faixa etária de cada uma delas: 1ª)
oral, 0-1 ano; 2ª) anal, 1-3 anos; 3ª) fálica, 3-5 anos; 4ª) latente, 5-11/12 anos; e 5ª) genital, a partir de 11/12
anos.
Conforme apresentado no quadro anterior, a primeira fase é chamada fase oral, que acontece no início da vida,
iniciando com o nascimento e apresentando modos de expressão concentrados na boca, nos lábios, na língua e
em outros órgãos relacionados com a cavidade oral. Nessa fase, a criança inicia com o elemento Id, ou seja, há a
primazia de elementos inconscientes, básicos e primitivos (FREUD, 2017).
Nesse sentido, a região do corpo que mais gera prazer para a criança é a boca, e não é por acaso que nesse
período a criança aprende o movimento da sucção e leva muitos objetos à boca para conhecê-los. Nessa fase, as
percepções visuais e auditivas são fundamentais, e os movimentos realizados são chamados movimentos
reflexos.
A segunda fase, chamada fase anal, tem esse nome pois existe uma relação de aprendizado do controle dos
esfíncteres, pela evolução do processo de maturação. O desenvolvimento psicomotor também contribui para o
aprendizado dos atos de reter e expulsar fezes. Então, por isso, a maior satisfação da criança é na região anal, e
nessa fase a criança começa a aprender a praticar hábitos de higiene e se comportar com mais autonomia. Nesse
momento também surgem o ego e os comportamentos egocêntricos (FREUD, 2017).
A fase fálica começa a surgir quando a criança começa a dar atenção a sua região genital e muitas vezes a
manipula. Como primeira percepção, a criança imagina que todas as crianças possuem pênis e que as meninas,
por não apresentarem o pênis, foram castradas. Isso se chama complexo de castração, e esse processo de
observar-se e observar o órgão genital chama-se teoria sexual infantil (FREUD, 2017).
Outro comportamento que surge nessa fase é o que os estudiosos chamaram de complexo de Édipo, em que o
menino sente mais atração pela mãe e tem o pai como rival. O mesmo acontece com a menina, e então esse
processo se chama complexo de Electra, em que ela sente atração pelo pai, colocando-se como rival de sua mãe.
A quarta fase é chamada latente, e nesse momento o superego é formado, fazendo com que a criança apresente
amnésia infantil, em que esquece alguns acontecimentos e certas sensações. Nessa fase, a criança também
desenvolve competências que a fazem evoluir em seus níveis escolares, na convivência social e no
desenvolvimento cultural. A criança não apresenta o impulso sexual da fase anterior, aumentando o foco em
outros âmbitos do desenvolvimento.
A última e quinta fase, chamada de fase genital, acontece no início da adolescência. Nesse momento, acontece a
reativação da sexualidade, pelos acontecimentos ligados à puberdade e a um aumento de relacionamentos com
pessoas externas ao ambiente familiar.
Essa fase é caracterizada por um período de mudança da identidade infantil, que está muito ligada aos pais, para
ir em direção à identidade adulta, sendo necessária grande adaptação às mudanças de ambiente,
comportamento, relacionamento e modo de ver do mundo externo.
- -14
• Teoria de Erickson
O estudioso Erick Erikson criou ao longo de sua trajetória o que hoje é conhecida como a Teoria Psicossocial do
Desenvolvimento, que propôs oito fases do desenvolvimento do ser humano, do nascimento até a morte. Em
cada fase, o indivíduo atravessa uma crise psicossocial, e cada uma contribui para a construção da personalidade
total do indivíduo, que é chamado de princípio epigenético (RICOU ., 2018).et al
Para ele, a formação da identidade acontece nas primeiras quatro fases do processo de desenvolvimento (GIRÃO 
, 2020). As oito fases incluídas por Erickson em sua teoria são:et al.
• Confiança desconfiança (até 1 ano):acontece durante o primeiro ano de vida, momento em que a 
criança é muito dependente de outras pessoas e precisa de cuidados para alimentar-se, ter higiene, 
locomoção, aprendizado de palavras e alguns significados.
• Autonomia vergonha ou dúvida (2 a 3 anos): é nesse período que a criança adquire controle das 
necessidades fisiológicas, comportamentos higiênicos, autonomia e certo grau de liberdade. Nessas fases, 
a criança pode desenvolver a vergonha, se passar por situações de ridicularização.
• Iniciativa culpa (4 a 5 anos): nessa fase a criança passa a perceber diferenças sexuais entre homens 
e mulheres, além de curiosidades intelectuais e culturais, que, caso sejam reprimidas ou castigadas, 
podem dar origem a um sentimento de culpa e uma falta de proatividade no futuro.
• Construtividade inferioridade (6 a 11 anos): essa fase é comumente utilizada para a alfabetização, 
proporcionando convívio com outras crianças, fazendo-a melhorar em termos de socialização, trabalho 
em grupo e cooperatividade.
• Identidade confusão de papéis (12 a 18 anos): é uma fase chamada Identidade Vênus, que pode 
identificar polos positivos ou negativos.
• Intimidade isolamento (jovem adulto): essa fase é voltada para atividades profissionais e 
construção de relações mais duradouras, com grau elevado de intimidade e apego afetivo. Por outro lado, 
em muitas situações, quando acontecem decepções afetivas nessa fase da vida, as pessoas tendem a se 
colocar em condições de isolamento.
• Produtividade estagnação (meia idade): nessa fase da vida muitas pessoas tendem a mostrar 
comportamento de dedicação à sociedade e grande interesse sobre o conforto físico e material.
• Integridade desesperança (velhice): já nesse momento da vida, em que se intensifica o processo de 
envelhecimento, as pessoas tendem a mostrar comportamentos de gratidão pelo que foi vivido, em 
muitos casos, sem apresentar arrependimentos. Nos casos em que o arrependimento predomina, as 
pessoas se comportam com tristeza, desesperança e amargura (NUNES, 2018).
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1.3.2 Teoria behaviorista
A teoria behaviorista tem como base o termo do inglês , que significa em sua tradução comportamento ebehavior
de forma geral é conceituado como algo bem geral, o que inclui os mais diversos conceitos sobre essa teoria.
Sendo assim, as principais vertentes dessa teoria são o behaviorismo radical e o behaviorismo metodológico ou
clássico (CARRARA, 2005).Essa teoria se baseia em comportamentos apresentados que não surgem em consequência de características
biológicas. Por isso, acreditou-se que a causa do comportamento não poderia estar vinculada à mente, mas à
existência de fatores extrínsecos, ou seja, fatores e estímulos ambientais que modificam o comportamento da
criança. De acordo com esse ponto de vista, as mudanças geradas pelo ambiente foram consideradas
comportamento.
Sendo assim, o behaviorismo abordava a ocorrência de cinco frases que se baseavam nos comportamentos.
Eu estou falando.
Eu escrevi esta palestra.
Eu vejo vocês.
Eu estou com sede.
Eu estou com dor de dente.
Por um lado, o behaviorismo metodológico ou clássico está ligado a comportamentos que podem ser constatados
e medidos por outras pessoas. Por isso, utiliza a metodologia da observação, que busca um alto nível de
concordância entre os avaliadores, partindo do ponto de que o comportamento é resultado de princípios em
forma de respostas. Por outro lado, o behaviorismo radical foi proposto por Burrhus Skinner e afirma que, ao
analisar o comportamento, é necessário analisar o contexto em que ele ocorre e os acontecimentos envolvidos
nessa conduta (SANTOS ., 2019).et al
A proposta de John B. Watson de behaviorismo clássico dizia que o comportamento era determinado pelo
estímulo somado à ação, processo o qual foi chamado de condicionamento clássico. Esse autor foi defensor da
importância do ambiente na construção do indivíduo (LOPES JUNIOR, 2012).
Somando-se a isso, Skinner afirmava que o behaviorismo radical se propunha a explicar o comportamento por
meio da seleção por consequências, ou seja, um condicionamento não linear.
1.3.3 Teoria cognitiva de Jean Piaget
Jean Piaget é de origem suíça e se tornou cientista ao longo de sua vida. Foi responsável por modificar a maneira
de entender a educação e o desenvolvimento de crianças. Ele nos fez enxergar o fato de que crianças não são
miniadultos, ao contrário, possuem características únicas. Sua grande influência aconteceu em meados do século
XX, quando ficou conhecido na área da pedagogia, apesar de nunca ter atuado como pedagogo. Sua formação foi
em biologia, e ele dedicou-se a observar o processo de aquisição de conhecimento durante a infância.
Piaget observava a relação das crianças com tempo, espaço, causalidade física, movimento e velocidade e, a
partir disso, criou o que ele mesmo chamou de epistemologia genética, teoria do conhecimento centrada no
desenvolvimento natural da criança. Ele mesmo explicou essa teoria como tendo quatro estágios que duravam
desde o nascimento até o início da adolescência, quando o indivíduo conclui o desenvolvimento de sua
capacidade de raciocínio plena (ABREU, 2010).
VOCÊ O CONHECE?
Henri Wallon foi político, psicólogo, filósofo e médico psiquiatra que aprofundou seus estudos
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Dentro dessa concepção de Jean Piaget, a criança aprende por descobertas vivenciadas por ela mesma, e, por
isso, ele acreditava que educar é provocar a atividade. Nesse sentido, esse estudioso trouxe à tona a existência de
dois mecanismos de inserção de informações durante o processo de aprendizagem infantil, uma vez que crianças
não aprendem da mesma forma que adultos. Esses mecanismos são: assimilação e acomodação.
Assimilação pode ser definida como o processo de incorporar objetos externos por meio de esquemas mentais
formados anteriormente, ou seja, utilizando experiências e conhecimento prévio para aprender. Enquanto isso, o
processo da acomodação acontece de maneira que já é possível modificar os sistemas de assimilação a partir de
informações externas.
Nesse sentido, podemos pensar em um exemplo. A criança conhece um cachorro e assimila as características
desse animal; ao conhecer um cavalo, a partir do processo de assimilação, vai acreditar que o cavalo late igual ao
cachorro. Isso porque o esquema de aprendizagem anterior está ligado às características do cachorro. Porém, ao
aprender que o cavalo não late, a criança modifica seu esquema mental geral pré-existente, para entender a
diferença de características, então ela passa pelo processo de acomodação.
Figura 6 - Uma estátua do suíço Jean Piaget no Parc des Bastions, em Genebra, Suíça
Fonte: Shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: a imagem mostra a estátua do busto de Jean Piaget que se localiza em uma praça da Suíça.
Henri Wallon foi político, psicólogo, filósofo e médico psiquiatra que aprofundou seus estudos
na influência das emoções no processo evolutivo do ser humano. Segundo Wallon, a
afetividade se expressa por meio da emoção, do sentimento e da paixão e regula o processo de
desenvolvimento humano (HENRI…, 2020).
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Outro conceito interessante trazido por Piaget é o fato de a criança apresentar um egocentrismo vindo como
conceito da epistemologia genética, que está envolvido com um raciocínio pré-lógico e toda a magia que a
envolve. A partir do momento em que o cérebro inicia seu processo maturacional e vai ganhando consciência
lógica, a criança vai perdendo essa característica egocêntrica, muito comum em crianças em torno de 2 a 3 anos
de idade, que não querem dividir seus brinquedos, seus espaços e a atenção de seus pais com outras atividades
ou pessoas (ABREU, 2010).
Nesse sentido, essa mudança de raciocínio mágico para raciocínio lógico é consequência do processo de
mudanças que acontecem durante o desenvolvimento da criança. Segundo o autor, a criança passa por quatro
estágios de desenvolvimento, sendo eles: sensório-motor, pré-operacional, de operações concretas e de
operações formais. Vamos entender como acontece esse desenvolvimento e quais são as principais
características de cada um desses estágios.
Quadro 2 - Estágios do desenvolvimento humano segundo Jean Piaget
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
#PraCegoVer: a imagem mostra um quadro formado por cinco linhas e duas colunas, que traz as informações
sobre nomes e faixas etárias de cada um dos estágios de desenvolvimento humano segundo Jean Piaget: sensório-
motor, 0 a 2 anos; pré-operatório, 2 a 7 anos; operações concretas, 7 a 11/12 anos; operações formais, acima de
12 anos.
O primeiro estágio do desenvolvimento humano, segundo Piaget, é chamado de estágio sensório-motor e tem
como características iniciar a partir do nascimento e dar prioridade aos movimentos reflexos no repertório
motor da criança. Esse período é anterior ao desenvolvimento da linguagem, no qual também começa a
acontecer a percepção de si mesmo e da existência de objetos em sua volta (LA TAILLE; OLIVEIRA; DANTAS,
2019).
O segundo estágio, chamado de pré-operatório, é o momento do surgimento e do domínio da linguagem e
representação do mundo pela utilização de símbolos. Nesse momento, a criança ainda apresenta
comportamentos egocêntricos e não sabe se colocar no lugar do outro, sendo assim não consegue entender a
CASO
Maria, uma criança de 5 anos de idade, está sendo acompanhada pela sua pediatra e por seus
pais que querem verificar se o seu processo de desenvolvimento humano está acontecendo de
forma adequada. Sua pediatra indicou que uma terapeuta a avaliasse, e ela apresenta as
seguintes características: desenvolvimento da fala com boa qualidade e desenvoltura, brinca
bastante de faz-de-conta, já está começando a tomar banho sozinha e desenvolver alguns
aspectos de independência. Nesse cenário, a terapeuta observou que a criança apresenta um
bom desenvolvimento, pois está apresentando comportamentos adequados para sua faixa
etária, de acordo com as classificações de Jean Piaget, Eric Erickson e Freud.
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comportamentos egocêntricos e não sabe se colocar no lugar do outro, sendo assim não consegue entender a
situação do ponto de vista de outras pessoas (LA TAILLE; OLIVEIRA; DANTAS, 2019).
O terceiro momento é denominado estágio de operações concretas e se caracteriza pelo aparecimento de uma
noção de reversibilidade das ações que realiza e, também, pelo surgimento da capacidade de diferenciar objetos
por suas características semelhantes e diferentes. Uma capacidade que a criança começa a apresentarnesse
momento é uma boa noção de tempo e espaço (LA TAILLE; OLIVEIRA; DANTAS, 2019).
O quarto e último é chamado estágio de operações formais, e seu principal marco é a transição da infância para a
adolescência, que serve de preparação para a fase adulta. Nesse momento, o adolescente tem domínio dos
pensamentos lógicos e dedutíveis, possibilitando a experimentação mental e a relação com conceitos abstratos e
hipóteses (LA TAILLE; OLIVEIRA; DANTAS, 2019).
Sendo assim, toda a teoria criada por Jean Piaget pode nos levar à conclusão de que a criança não aprende
simplesmente pela transmissão de conteúdos, mas a partir de vivências e experiências com o mundo. Por isso,
são tão importantes as brincadeiras e os jogos, que são formas de colocar a criança em diversas situações de
aprendizado a partir da vivência de determinadas situações.
1.3.4 A psicologia do desenvolvimento humano e o movimento
Quando falamos sobre o processo de desenvolvimento humano, você já aprendeu que existem diversos fatores
que o influenciam e diversos aspectos que sofrem influência dele durante seu transcurso. Um desses aspectos é o
físico-motor, que está ligado ao crescimento do corpo e à capacidade de utilizá-lo, ao se locomover e/ou
manipular objetos.
Nesse sentido, o processo de desenvolvimento só acontece de forma adequada e eficiente em seu aspecto físico-
motor se a criança realizar movimento. Essa relação com o movimento se inicia na gestação, quando a criança
realiza movimentos dentro da barriga da mãe e o faz para se preparar para os movimentos que irá realizar fora
de lá.
Ao nascer, a criança começa a sua vivência motora no ambiente externo e durante algum tempo é totalmente
VAMOS PRATICAR?
Agora que você já conheceu alguns dos grandes estudiosos que desenvolveram seus
conhecimentos sobre psicologia do desenvolvimento, faça um quadro listando cada um deles, a
principal característica que sua teoria apresenta e qual a sua semelhança com os outros
estudiosos que você conheceu neste conteúdo.
VOCÊ QUER VER?
A série (2016), dirigida por Estela Renner, é um documentário que fala sobreO começo da vida 
o processo de desenvolvimento durante o primeiro ano de vida e como os pais e as pessoas em
volta se relacionam com o bebê. Se você quer saber mais sobre este tema, vale a pena assistir.
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Ao nascer, a criança começa a sua vivência motora no ambiente externo e durante algum tempo é totalmente
dependente de outras pessoas para se mover. Porém, à medida que ela vai crescendo e maturando, ela vai
desenvolvendo suas capacidades para aprender a utilizar seu corpo sozinha, então ela treina e repete todos os
movimentos que aprende.
Figura 7 - Criança engatinhando
Fonte: Shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: a imagem mostra uma criança engatinhando no chão.
Ao longo do processo de crescimento, a criança então vai aprendendo mais e mais movimentos, e esse
aprendizado sofre grandes influências do ambiente, das pessoas com as quais a criança se relaciona, da forma
como ela aprende a se enxergar e das suas características genéticas. Continuando esse processo evolutivo, a
criança aprende então seus movimentos básicos, que são os chamados movimentos fundamentais, para depois
aperfeiçoá-los, e aprender a realizar movimentos mais complexos, que devem ser praticados durante toda a vida,
para que o corpo desenvolvido mantenha suas capacidades locomotoras e manipulativas.
Nesse sentido, será que o movimento faz parte do desenvolvimento humano? Sim. O movimento é
imprescindível para que o ser humano se desenvolva com alta qualidade, e o corpo serve de ferramenta para que
o movimento aconteça, permitindo ao indivíduo uma boa qualidade de vida como resultado de uma boa
utilização do corpo em diferentes situações que exigem movimento humano de qualidade.
Conclusão
Nesta unidade, iniciamos nossos estudos sobre o processo de desenvolvimento humano, abordando as teorias do
desenvolvimento nas perspectivas intrínsecas e extrínsecas, bem como os princípios e teóricos que embasam
seus conhecimentos.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• conhecer como acontece o desenvolvimento humano a partir das concepções filogenéticas e 
ontogenéticas;
• entender como a psicologia iniciou todo o conhecimento acerca do processo de desenvolvimento 
humano;
• conhecer diversos autores e suas teorias acerca do processo de desenvolvimento em diferentes 
•
•
•
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• conhecer diversos autores e suas teorias acerca do processo de desenvolvimento em diferentes 
perspectivas.
Bibliografia
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, v. 20, n. 2, p. 361-366, 2010.Development
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