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unid_1A ética do Cuidado

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Autora: Profa. Renata Christina Leandro
Colaboradoras: Profa. Amarilis Tudela Nanias
 Profa. Maria Francisca S. Vignoli
 Profa. Karina Dala Pola
Supervisão da 
Formação Profissional
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Professora conteudista: Renata Christina Leandro
Residente do município de Campinas/SP e graduada em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de 
Campinas – PUCCAMP, em 2002, possui especialização em Violência Doméstica Contra Criança e Adolescente, pelo 
Laboratório da Criança (Lacri) do Instituto de Psicologia (IP) da Universidade de São Paulo (USP) – 2005. Especializou‑se 
também em Sexualidade Humana, pela Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em 
2009, e é pós‑graduanda em Formação em EaD, pela UNIP. Atualmente, é docente na UNIP, Campi de Sorocaba e 
de Campinas, e atua com Consultoria em Gestão Pública, Captação de Recursos e Responsabilidade Social. Possui 
experiência em Gestão Social, como gestora municipal de São Thomé das Letras/MG e na Secretaria Estadual de 
Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, no Estado do Rio de Janeiro. Atuou, também, em Centros de Referência 
de Assistência Social – Cras – em atendimento matricial com famílias e, na área de criança e adolescente e suas 
respectivas famílias, no município de Campinas, no Programa Municipal de Enfrentamento à Exploração Sexual 
Infantojuvenil de 2003 a 2007. 
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
L437s Leandro, Renata Cristina.
Supervisão de estágio em serviço social / Renata Cristina 
Leandro. ‑ São Paulo: Editora Sol, 2015.
184 p. il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n. 2‑014/15, ISSN 1517‑9230.
1. Ética do cuidado. 2. Competência. 3. Habilidade. I. Título.
CDU 364
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice‑Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice‑Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice‑Reitor de Pós‑Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez
Vice‑Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial:
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Rose Castilho
 Cristina Zordan Fraracio
 Valéria Nagy
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Sumário
Supervisão da Formação Profissional
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................9
Unidade I
1 A ÉTICA DO CUIDADO .................................................................................................................................... 13
1.1 Carta da Terra – Código de ética planetário ............................................................................. 14
1.2 O ethos profissional do serviço social .......................................................................................... 15
1.2.1 O que é ética profissional? .................................................................................................................. 15
1.2.2 A construção do ethos profissional ................................................................................................. 16
1.2.3 Trajetória do ethos profissional em serviço social ..................................................................... 19
1.2.4 O ethos conservador do serviço social ........................................................................................... 19
1.2.5 O ethos de ruptura ................................................................................................................................. 22
1.2.6 Serviço Social: uma profissão liberal .............................................................................................. 23
1.2.7 Regulamentação do serviço social: contextualização histórica .......................................... 24
2 COMPETÊNCIA E HABILIDADE DO ASSISTENTE SOCIAL ................................................................... 28
2.1 Código de Ética de 1993: algumas considerações .................................................................. 28
2.2 Princípios fundamentais do Código de Ética de 1993 .......................................................... 29
2.2.1 1º Princípio ................................................................................................................................................ 29
2.2.2 2º Princípio ................................................................................................................................................ 30
2.2.3 3º Princípio ................................................................................................................................................ 30
2.2.4 4º Princípio ................................................................................................................................................ 31
2.2.5 5º Princípio ................................................................................................................................................ 31
2.2.6 6º Princípio ................................................................................................................................................ 32
2.2.7 7º Princípio ................................................................................................................................................ 32
2.2.8 8º Princípio ................................................................................................................................................ 33
2.2.9 9º Princípio ................................................................................................................................................ 33
2.2.10 10º Princípio ........................................................................................................................................... 33
2.2.11 11º Princípio ............................................................................................................................................ 34
2.3 Direitos e responsabilidades gerais do assistente social ...................................................... 34
3 COTIDIANO: ESPAÇO DE ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL ......................................................... 36
3.1 Práxis: categoria essencial no fazer profissional ..................................................................... 37
3.2 O que vem a ser o Projeto Ético‑Político? .................................................................................. 39
3.3 Então, qual seria o caminho? ..........................................................................................................42
3.4 O serviço social e a relação teoria/prática ................................................................................. 42
3.5 Atitude investigativa e o serviço social ....................................................................................... 44
3.6 Atitude de mediação: desmistificando o significado ............................................................ 46
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4 PRECEDENTES DA GESTÃO SOCIAL .......................................................................................................... 49
4.1 Em que consiste a gestão social ..................................................................................................... 51
4.2 Atribuições de um gestor social ..................................................................................................... 56
4.2.1 O que é ser um gestor e um gestor social? .................................................................................. 56
4.3 Eminência de novos princípios à gestão social ........................................................................ 59
4.4 Ferramentas de gestão social .......................................................................................................... 60
4.4.1 Descentralização na gestão social ................................................................................................... 61
4.4.2 A pertinência da intersetorialidade e das redes na gestão social ....................................... 62
4.4.3 A participação cidadã como aliada da gestão social ............................................................... 65
4.5 Metodologia ZOPP (planejamento de projetos orientado por objetivos) ..................... 67
4.6 Planejamento: por que planejar? ................................................................................................... 69
4.6.1 Programas e projetos: do planejamento à avaliação ............................................................... 70
4.7 Financiamento ....................................................................................................................................... 73
4.7.1 Fatores que impulsionam a doação ................................................................................................ 73
4.7.2 Quesitos para captação de recursos ................................................................................................ 74
4.7.3 As formas mais frequentes de concessão de financiamento ............................................... 80
4.8 Monitoramento e avaliação ............................................................................................................. 81
4.8.1 O Monitoramento ................................................................................................................................... 81
4.8.2 A Avaliação ................................................................................................................................................ 83
4.8.3 Monitoramento e avaliação ............................................................................................................... 84
Unidade II
5 AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS: DIFERENTES CONCEPÇÕES ............................................................. 91
5.1 Avaliação de programas: diferentes abordagens .................................................................... 92
5.2 Avaliações em função do momento de realização ................................................................. 94
5.3 Avaliações em função de quem a realiza ................................................................................... 95
5.4 Avaliações em função da escala ou dimensão dos projetos .............................................. 97
5.5 Avaliações em função dos destinatários da avaliação .......................................................... 98
5.6 Outros enfoques ................................................................................................................................... 99
5.6.1 Critério do conteúdo ou objeto da avaliação ............................................................................. 99
5.6.2 Critério do mérito, razões ou justificativas ................................................................................100
6 AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS E PROJETOS..........................................................................................100
6.1 Metodologia de avaliação de programa e projetos ..............................................................100
6.1.1 A definição de limites e análise do contexto da avaliação ..................................................100
6.1.2 A identificação de perguntas e critérios de avaliação ...........................................................101
6.1.3 O planejamento e a condução de uma avaliação ...................................................................102
6.1.4 Aspectos políticos, éticos e interpessoais da avaliação .........................................................103
6.1.5 Coleta, análise e interpretação de informações quantitativas e qualitativas ..............105
6.1.6 A apresentação do relatório da avaliação ..................................................................................106
6.1.7 Aspectos metodológicos da avaliação .........................................................................................106
6.1.8 Sobre métodos e técnicas .................................................................................................................108
6.2 Avaliação de programas e projetos: alguns elementos fundamentais ........................110
6.2.1 Os objetivos ............................................................................................................................................. 110
6.2.2 As metas ....................................................................................................................................................111
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6.2.3 As atividades ...........................................................................................................................................112
6.2.4 Os indicadores ........................................................................................................................................ 112
6.2.5 Elementos em ação ..............................................................................................................................113
6.2.6 Análise de custo‑eficácia (ACE) ......................................................................................................114
6.2.7 Análise de custo‑utilidade (ACU) ...................................................................................................117
6.3 Avaliação econômica de programas e projetos .....................................................................118
6.3.1 Análise de custo‑benefício (ACB) ...................................................................................................118
6.3.2 Premissas importantes ....................................................................................................................... 122
6.3.3 O marco lógico ...................................................................................................................................... 122
6.3.4 Avaliação e monitoramento de programas e projetos sociais: um encontro 
com o serviço social ....................................................................................................................................... 124
Unidade III
7 TRABALHO E INFORMALIDADE: A DESESTABILIZAÇÃO DOS ESTÁVEIS ....................................132
7.1 O mundo do trabalho mudou .......................................................................................................1327.2 Flexibilização e trabalho ..................................................................................................................133
7.3 O perfil demandado ao assistente social diante das múltiplas expressões 
da questão social .......................................................................................................................................137
7.3.1 Novas demandas profissionais ....................................................................................................... 138
7.3.2 As principais demandas do serviço social .................................................................................. 140
7.3.3 Demanda profissional: aumento da seletividade no âmbito das políticas sociais .... 142
7.3.4 Os desafios para a atuação profissional ..................................................................................... 143
7.3.5 Reordenamento dos serviços sociais ........................................................................................... 147
7.3.6 Terceirização da gestão da questão social ................................................................................ 148
7.3.7 Novas formas de enfrentamento da questão social para o assistente social ............. 149
7.4 Matrizes do processo de trabalho do assistente social .......................................................149
7.4.1 Formação profissional: exigências e perspectivas ...................................................................151
7.4.2 Resgate da assistência social como espaço do exercício profissional............................ 152
7.4.3 Demandas profissionais e os espaços sócio‑ocupacionais ................................................. 154
8 INTERDISCIPLINARIDADE ...........................................................................................................................156
8.1 Interdisciplinaridade e a prática profissional do serviço social .......................................158
8.2 Dialogando sobre a interdisciplinaridade entre o psicólogo social e o 
assistente social ..........................................................................................................................................161
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APRESENTAÇÃO
Caro aluno,
Você está recebendo o material referente à disciplina de Supervisão da Formação Profissional.
Gostaríamos de convidá‑lo a uma reflexão acerca da importância do estágio supervisionado 
para a formação profissional do assistente social. O estágio permite ao aluno apreender o cotidiano 
do profissional inserido no espaço sócio‑ocupacional de trabalho, conhecendo e compreendendo as 
estratégias e técnicas da ação profissional, os instrumentais técnicos operativos, como também as 
técnicas imprescindíveis pertinentes ao exercício profissional.
Analisaremos como a reflexão faz parte do campo de estágio e subsidia a ruptura com o estigma de 
que teoria e prática são elementos divergentes.
Nessa perspectiva, apresentaremos os diversos campos de estágio, algumas características das 
políticas implementadas nas diversas áreas em que o assistente social se insere e as legislações pertinentes 
aos direitos sociais que se materializam por meio dessas políticas.
Você conhecerá as mudanças ocorridas no mundo do trabalho em virtude da reestruturação 
produtiva e como essas alterações nas relações de trabalho afetam os trabalhadores e os profissionais 
do serviço social. Terá ainda a oportunidade de conhecer os precedentes da gestão social, as diferentes 
concepções de avaliação e monitoramentos de programas e projetos, que são programas e projetos 
de intervenção do estágio supervisionado voltados para diversas políticas públicas e sociais em que se 
inserem os profissionais assistentes sociais. Discutiremos também as mudanças no mundo do trabalho, 
as novas e principais demandas profissionais e os desafios para a atuação profissional e, por fim, a 
interdisciplinaridade e a prática profissional do serviço social, objetivando a busca de soluções para as 
demandas coletivas apresentadas aos assistentes sociais.
Esperamos que você tenha um bom aproveitamento dos assuntos distribuídos para formação 
profissional, assim como uma ótima apreensão do exercício profissional no campo de estágio.
INTRODUÇÃO
Ao longo deste livro‑texto, trataremos do tema da biodiversidade, sustentabilidade do planeta, 
ecologia e ética, que fazem parte da maioria de seus livros. Em seu pensamento aparece de modo 
significativo o conceito de cuidado. O cuidado, segundo Boff (2003b), pertence à essência do ser 
humano e é, inclusive, anterior à racionalidade e à liberdade humanas. Atualmente, a humanidade, 
dado o processo de degradação generalizado, só sobreviverá se a categoria do cuidado for introduzida 
em todas as atividades humanas.
Para se inserir na divisão social e técnica do mercado de trabalho, toda profissão precisa ser 
regulamentada por lei específica. O serviço social como profissão institucionalizada surge no Brasil na 
década de 1930, com a criação das primeiras escolas em São Paulo e no Rio de Janeiro. Abordaremos o 
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serviço social como profissão liberal, apontando algumas fragilidades e possibilidades para o exercício 
autônomo do assistente social. Apresentaremos as leis que regulamentaram a profissão no Brasil e, por 
fim, faremos uma introdução da Lei de Regulamentação da Profissão de Assistente Social vigente no 
país (Lei n° 8.662/93).
Os princípios fundamentais do Código de Ética do Assistente Social com seus valores ético‑políticos 
direcionam a identidade profissional do assistente social na luta pela defesa dos direitos humanos, os 
direitos e as responsabilidades desse profissional, presentes no Código de Ética. Pensar a ética profissional 
consiste em fazer uma retomada da discussão sobre Ética Geral. Dessa forma, o assistente social precisa 
conhecer a realidade social e, por meio de uma práxis transformadora, contribuir para a emancipação 
dos usuários do serviço social. Conhecer a realidade quer dizer conhecer também o espaço de atuação 
profissional, isto é, o cotidiano das instituições. A vida cotidiana se constitui como espaço de trabalho do 
assistente social, por isso é alvo de estudos na categoria profissional. Vamos discutir o cotidiano como 
espaço de atuação do assistente social e a práxis como categoria do fazer profissional.
O desempenho do exercício profissional pede a utilização de estratégias e técnicas que estejam 
subsidiadas pela bagagem teórico‑metodológica acumulada pelo acadêmico durante sua formação 
na universidade. É importante que essa formação inicial seja realimentada continuamente pela busca 
incessante de novos conhecimentos que venham a subsidiar a prática profissional. Para tanto, o 
profissional de serviço social deve ser capaz de estabelecer objetivos e finalidades profissionais e, para 
tal exercício, é fundamental a relação teoria/prática. Esses dois elementos, conectados, permitem uma 
mediação que resulta na construção de atividades que venham a criar respostas para as demandas 
impostas aos assistentes sociais.
Nesse sentido, o amadurecimento teórico‑metodológico do serviço social tem em seu bojo a 
contribuição hegemônica do materialismo dialético. Essa contribuição é percebida no esforço de vários 
autores que se arvoram a trazer, para o debate do serviço social, diversas categorias da dialética. A 
mediação, como categoria teórica que tem um papel teórico‑metodológico imprescindível para a 
intervenção profissional do assistente social, é uma das categorias que passa a fazer parte do instrumental 
de trabalho dessa profissão.
Veremos como o profissional de serviço social deve distinguir as perspectivas profissionais,o que é 
mais do que um desafio, visto que a realidade é dinâmica e, consequentemente, o exercício profissional 
também é. Além de destacar alguns desafios profissionais frente à questão social, a fim de despertar 
em você a reflexão sobre sua atuação futura. Ela deve ser baseada na construção de investigações 
acerca das complexas realidades apresentadas. Após compreendê‑la, é necessário que você escolha 
e utilize corretamente os instrumentais na proposição de ações de enfrentamento das expressões da 
questão social. É fundamental saber posicionar‑se eticamente no exercício profissional, pois a realidade 
atual está permeada de transformações que lesam as classes subalternas, imputam os direitos sociais e 
reestruturam as condições de trabalho de todos, inclusive dos assistentes sociais.
Com esses conteúdos que vamos estudar, você, aluno, conhecerá em quais espaços sócio‑ocupacionais 
atuam o profissional de serviço social e compreenderá a atuação profissional da categoria exercida nos 
espaços em que os assistentes sociais se inserem e como contribuem para a formação profissional 
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do acadêmico. E, ainda, realizará uma leitura sobre a supervisão profissionalizante, conhecendo como 
deve ser o perfil do profissional de serviço social diante do processo de reprodução das relações sociais, 
das novas necessidades do mercado de trabalho. Esses fatos demandam uma formação profissional 
que propicie aos assistentes sociais subsídios teóricos, éticos, políticos e técnicos que auxiliem no 
desenvolvimento de suas competências e habilidades, o que possibilitará uma ação crítica, criativa e 
comprometida.
Para tanto, faz‑se necessário estar familiarizado com as demandas para a atuação profissional, que 
pressupõem conhecer a realidade, fazendo uso de uma visão de mundo crítica e, ao mesmo tempo, 
compreensiva. Para analisar as demandas profissionais, é preciso considerar as mudanças que ocorrem 
em velocidade acelerada na nossa sociedade e algumas situações com que se depara o assistente social 
na sua atividade profissional, pois há de se levar em conta o contexto em que ele está inserido. Tais 
situações não representam o todo profissional, são tendências no cenário da categoria, vinculadas ora 
pela burocracia, ora pelo próprio profissional, ora pela realidade.
E, por fim, a interdisciplinaridade no serviço social e sua importância para a articulação das ações 
profissionais necessárias para que o profissional do serviço social atue em diferentes áreas e espaços 
sócio‑ocupacionais; como exerce suas atividades em conjunto com diversos profissionais e desenvolve 
a reciprocidade e a interação com variadas áreas, além de estudar a articulação entre os saberes da 
profissão para conseguir estabelecer um planejamento na atuação dos profissionais. Essa ação tem 
como meta buscar efetividade nas propostas de trabalho pretendidas por profissões que atuam juntas. 
Segundo Severino (2000), interdisciplinaridade é uma tentativa de unidade do saber, seja no ensino, na 
pesquisa ou na prática social.
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SUPERVISÃO DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL
Unidade I
1 A ÉTICA DO CUIDADO
O que é o cuidado? Como surge? Como se estrutura uma ética fundada no cuidado? Essas são 
algumas das indagações que vamos investigar a partir de agora.
Boff (2003b) introduz a sua reflexão sobre o cuidado fazendo referência à fábula‑mito número 22 
de Higino (43 a.C. – 17 d.C.), escravo liberto de César Augusto.
Certo dia, Cuidado, passeando nas margens do rio, tomou um pedaço de 
barro e moldou‑o na forma do ser humano. Nisso apareceu Júpiter e, a 
pedido de Cuidado, insuflou‑lhe espírito. Cuidado quis dar‑lhe um nome, 
mas Júpiter lho proibiu, querendo ele impor o nome. Começou uma discussão 
entre ambos. Nisso apareceu a Terra, alegando que o barro é parte de seu 
corpo e que, por isso, tinha o direito de escolher um nome. Gerou‑se uma 
discussão generalizada e sem solução.
Então todos aceitaram chamar Saturno, o velho deus ancestral e senhor 
do tempo, para ser o árbitro. Este tomou a seguinte sentença, considerada 
justa: – Você, Júpiter, que lhe deu espírito, receberá o espírito de volta 
quando essa criatura morrer. Você, Terra, que lhe forneceu o corpo, 
receberá o corpo de volta, quando essa criatura morrer. E você, Cuidado, 
que foi o primeiro a moldar a criatura, acompanhá‑la‑á por todo o tempo 
em que ela viver. E, como vocês não chegaram a nenhum consenso sobre 
o nome, decido eu: chamar‑se‑á homem, que vem de húmus, que significa 
“terra fértil” (BOFF, 2003b, p. 28‑29).
Portanto, antes do espírito e do corpo, é o cuidado que é a característica originária e essencial do 
ser humano. Cuidado conferiu dedicação, ternura, devoção, sentimento e coração à criatura humana. 
E com isso criou responsabilidades e fez surgir a preocupação no ser que ele plasmou. Essas dimensões 
são princípios e fazem parte da constituição do ser humano.
No ventre materno e após nascermos, nossos pais ou outras pessoas dispensaram‑nos todo cuidado. 
Sem ele, não existiríamos. O cuidado é, segundo Boff (2003b, p. 30), aquela condição prévia que permite 
o eclodir da inteligência e da amorosidade, é o orientador antecipado de todo comportamento para que 
seja livre e responsável, enfim, tipicamente humano. Sem cuidado, nada que é vivo sobrevive. O cuidado 
é a força maior que se opõe à lei da entropia, o desgaste natural de todas as coisas, pois tudo de que 
cuidamos dura muito mais.
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A dimensão do cuidado deve ser resgatada, hoje, como ética mínima e universal se quisermos 
preservar a herança que recebemos do universo e da cultura e garantir nosso futuro comum.
1.1 Carta da Terra – Código de ética planetário
Em 2000, a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) lança a 
Carta da Terra, com base em princípios e valores fundamentais que deverão nortear pessoas e Estados no 
que se refere ao desenvolvimento sustentável. A Carta da Terra trata da nova consciência ecológica e ética 
da humanidade. Nela, a categoria do cuidado é central. A seguir seguem os princípios da Carta da Terra.
I. Respeito e cuidado com a comunidade de vida
• Respeitar a Terra e a vida em toda sua diversidade.
• Cuidar da comunidade da vida com compreensão, compaixão e amor.
• Construir sociedades democráticas que sejam justas, participativas, sustentáveis e 
pacíficas.
• Garantir a generosidade e a beleza da Terra para as atuais e as futuras gerações.
II. Integridade ecológica
• Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra, com especial 
preocupação pela diversidade biológica e pelos processos naturais que sustentam a vida.
• Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de proteção ambiental e 
quando o conhecimento for limitado, tomar o caminho da prudência.
• Adotar padrões de produção, consumo e reprodução que protejam as capacidades 
regenerativas da Terra, os direitos humanos e o bem‑estar comunitário.
• Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover a troca aberta e uma 
ampla aplicação do conhecimento adquirido.
III. Justiça social e econômica
• Garantir que as atividades econômicas e instituições em todos os níveis promovam 
o desenvolvimento humano de forma equitativa e sustentável.
• Afirmar a igualdade e a equidade de gênero como pré‑requisitos para o 
desenvolvimento sustentável e assegurar o acesso universal à educação, ao cuidado 
da saúde e às oportunidades econômicas.
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• Defender, sem discriminação, os direitos de todas as pessoas a um ambiente natural 
e social, capaz de assegurar a dignidade humana, a saúde corporal e o bem‑estar 
espiritual, dando especial atenção aos direitos dos povos indígenas e minorias.
• Defender, sem discriminação, os direitos de todas as pessoas a um ambiente natural 
e social, capaz de assegurar a dignidade humana, a saúde corporal e o bem‑estar 
espiritual, dando especial atenção aos direitos dos povos indígenas e minorias.
IV. Democracia, não violência e paz
• Fortalecer as instituições democráticas em todos os níveis e proporcionar‑lhes 
transparência e prestação de contas no exercício do governo, a participação inclusiva 
na tomada de decisões e no acesso à justiça.
• Integrar na educação formal e aprendizagem, ao longo da vida, os conhecimentos, 
valores e habilidades necessárias para um modo de vida sustentável.
• Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração.
• Promover uma cultura de tolerância, não violência e paz.
Adaptado de: A Carta (2000).
 Saiba mais
Você pode ter mais informações sobre a Carta da Terra na internet no site:
<http://www.cartadaterrabrasil.org/>.
Para Boff (2003b, p. 75), a Carta da Terra expressa a confiança na capacidade regenerativa da Terra 
e na responsabilidade dos seres humanos de aprender a amar e a cuidar do lar comum. A Carta da Terra 
é, segundo Boff, uma proposta de ética mundial, e, se ela for assumida e efetivada universalmente, 
mudará o estado de consciência da humanidade.
1.2 O ethos profissional do serviço social
1.2.1 O que é ética profissional?
Quando se faz uma discussão sobre ética profissional, por mais que não se tenha uma noção 
sistematizada do seu significado, todos têm algo a dizer: via de regra, as respostas estariam voltadas 
para a discussão acerca da forma como determinado profissional deve comportar‑se em seu exercício 
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profissional. Logo vem à tona a noção do que é certo ou errado, do conjunto de normas, princípios, 
direitos e deveres que orientam uma determinada profissão.
A ética profissional implica, a priori, no direcionamento filosófico e ético‑valorativo que uma 
determinada profissão escolhe para nortear sua conduta profissional. Esclarecemos de antemão 
que são vários os elementos constitutivos de um ethos profissional. O debate da ética profissional 
faz uma reflexão em dois níveis: numa dimensão técnico‑normativa, voltada para os aportes 
teórico‑filosófico‑ideológicos, e numa dimensão prático‑operativa, que implica no direcionamento 
ético‑político das respostas profissionais.
Tais dimensões estão interligadas e o elo que as sustenta é tanto de natureza teórica (fundamentos 
que orientam a profissão), quanto ideocultural (visão de mundo dos profissionais). Essa abordagem é 
melhor esclarecida por Motta:
Assim, enquanto a dimensão política da prática encontra‑se imbricada 
nos objetivos e finalidades das ações, principalmente nas possibilidades 
de interferir nas relações e situações geradoras das desigualdades e nos 
mecanismos institucionais para elas voltadas, a dimensão ética reclama 
por princípios e valores humanos, políticos e civilizatórios; e a dimensão 
prático‑operativa consiste na capacidade de articular objetivamente os 
meios disponíveis e os instrumentos de trabalho para materializar os 
objetivos com base nos valores (MOTTA, 2003, p. 11).
Essa abordagem nos instiga a refletir que a ética profissional, apesar de se pautar num conjunto de 
princípios éticos e políticos presentes no ideário da profissão, vai muito além disso. No item posterior, 
essa discussão será melhor aprofundada.
1.2.2 A construção do ethos profissional
A ética das profissões faz parte de um contexto sociocultural e remete sempre a um debate filosófico. 
Não existe separação entre a ética profissional e a ética social, tendo em vista que o homem, como ser 
que vive a sociabilidade, constrói valores que passam a nortear as relações consigo mesmo e com os 
outros, sendo sujeito ético, cuja consciência foi construída coletivamente.
Sobre isso, Brites e Sales enfatizam:
Não há, portanto, um hiato entre a ética profissional e a ética social, pois 
seria cindir a própria vida do homem na sua totalidade, isto é, em seus 
diversos pertencimentos: trabalho, gênero, família, ideologia, cultura, 
desejos etc. (2000, p. 8).
Isso implica dizer que o homem, como ser social, ser de consciência, que fornece valor, que projeta 
sua ação, constrói‑se como ser na relação que estabelece com seus pares. Essa noção de indivíduo social 
só pode ser produzida na relação com o coletivo. Caso contrário, ele não passaria de um ser meramente 
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biológico. Nessa perspectiva, “é a existência ética que qualifica, enriquece e torna complexo o processo 
de (re)produção da coletividade humana” (BRITES; SALES, 2000, p. 8).
Nesse contexto, a ética profissional tende a receber determinações que antecedem a escolha 
pela profissão, pois, como parte de uma socialização primária, produz valores dominantes que são 
reproduzidos cotidianamente mediante relações sociais mais amplas.
Essas determinações que interferem na construção do ethos profissional são permeadas pelo 
conhecimento e, mais precisamente, pela base filosófica que orienta a profissão. Ao adquirir um 
conhecimento filosófico capaz de orientar suas escolhas éticas, a profissão assume posicionamento 
e compromisso políticos fundamentados em determinados valores e princípios que se referenciam 
num posicionamento teórico, “que expressam uma dada concepção de homem e de sociedade, que 
se traduzem em normas e diretrizes para a atuação profissional presentes no código de ética” (BRITES; 
SALES, 2000, p. 9).
Seguindo essa linha de raciocínio, compreende‑se que a ética profissional é resultado histórico 
do “rumo” que uma determinada categoria profissional segue na construção de seus fundamentos 
valorativos, que vão repercutir na qualidade do exercício profissional.
A ética profissional configura‑se num cenário social a partir do direcionamento que lhe é dado pelos 
profissionais que dela fazem parte. O que, nos termos de Brites e Sales (2000, p. 9), seria:
A profissão constrói, historicamente, uma identidade e adquire uma 
legitimidade social tanto a partir da explicação da função social da profissão 
quanto dos contornos éticos que assume o trabalho profissional. Esse 
processo é atravessado por contradições e tensões que envolvem disputas 
políticas e ideológicas na sociedade. Não esqueçamos que o nosso exercício 
profissional realiza‑se numa sociedade capitalista, logo há demandas 
diferenciadas ou entendimentos diversos do que seja função social da 
profissão, no que concerne aos interesses das classes em relação. Desse 
modo, há vários projetos societários em confronto e o posicionamento 
da categoria, ao qual nos referimos, expressa exatamente a opção por um 
determinado projeto social.
Nessa perspectiva, Barroco (2005) vem corroborar com essa reflexão, ao afirmar que a ética 
profissional é permeada por conflitos e contradições e suas determinações fundadoras extrapolam a 
profissão, remetendo às condições mais gerais da vida social. E prossegue:
A natureza da ética profissional não é algo estático; suas transformações, 
porém, só podem ser avaliadas nessa dinâmica, ou seja, em sua relativa 
autonomia em face das condições objetivas que constituem as referências 
ético‑morais da sociedade e rebatem na profissão de modo específicos 
(BARROCO, 2005, p. 69).
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Nesse sentido, o ethos profissional se configura como modo de ser construído na relação que ocorre 
entre as necessidades ideoculturais e socioeconômicas e as possibilidades de escolhas que permeiam 
as ações ético‑morais nos aspectos diversos, mutáveis e contraditórios das relações sociais que são 
estabelecidas na sociedade em que se insere.
Para corroborar essa discussão, citamos mais uma vez a Barroco, que brilhantemente compreende o 
ethos profissional.
Como um modo de ser construído a partir das necessidades sociais 
inscritas nas demandas postas historicamente à profissão e nas respostas 
ético‑morais dadas por ela nas várias dimensões que compõem a ética 
profissional (BARROCO, 2005, p. 69).
Isso implica dizer que a construção de um ethos profissional extrapola o caráter normativo da profissão 
e sua composição se dá no campo de diversas esferas, ora assinaladas por Barroco (1999, p. 129):
Esfera teórica: trata‑se das orientações filosóficas e teórico‑metodológicas 
que servem de base às concepções éticas e profissionais, com valores, 
princípios, visão de homem e de sociedade.
Esfera moral prática: diz respeito: a) ao comportamento prático individual 
dos profissionais relativo às ações orientadas pelo que se considera bom/
mau, aos juízos de valor, à responsabilidade e compromisso social, à 
autonomia e consciência em face das escolhas e das situações de conflito; 
b) ao conjunto das ações profissionais em sua organização coletiva, 
direcionada para a realização de determinados projetos com seus valores 
e princípios éticos.
Esfera normativa: expressa‑se no Código de Ética Profissional, exigido, por 
determinação estatutária, de todas as profissões liberais. Trata‑se de um 
código moral que prescreve normas, direitos, deveres e sansões determinadas 
pela profissão, orientando o comportamento individual dos profissionais e 
buscando consolidar um determinado projeto profissional com uma direção 
social explícita.
Diante do exposto, reitera‑se a discussão de que um ethos profissional não se restringe meramente 
ao conjunto de normas e princípios que orientam determinada profissão. Essa visão que relaciona a 
ética profissional exclusivamente ao código de ética e ao conjunto de obrigações formais é equivocada 
e possui caráter ético meramente legalista.
A dimensão da ética profissional extrapola o caráter endógeno da profissão: ela é o retrato daquilo 
que uma profissão escolheu para adquirir uma certa legitimidade social, que implica também em 
direcionamento teórico‑filosófico, posicionamento ético‑político e o modo de ser e viver dos profissionais, 
sujeitos individuais e coletivos que participam ativamente na construção desse ethos.
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O conteúdo da ética profissional é construído na prática cotidiana da categoria profissional perante as 
necessidades sociais que perpassam a sua trajetória sócio‑histórica, dando‑lhe legitimidade exatamente 
pelo posicionamento ético‑político que esta assume diante da sociedade e, mais precisamente, no 
compromisso assumido com o projeto profissional que orienta seu agir profissional.
1.2.3 Trajetória do ethos profissional em serviço social
Abordar a trajetória histórica da ética profissional em serviço social implica em fazer uma breve 
abordagem do processo de construção da profissão. O serviço social é construído no seio de relações 
sociais e, mais especificamente, no bojo do processo de consolidação do capitalismo monopolista, 
em que o caráter contraditório da divisão capital‑trabalho gera uma série de “mazelas sociais”. Igreja, 
burguesia e Estado vão aliar‑se para tentar apaziguar as situações de “caos social” e paralelamente 
conter os avanços da classe operária que reivindicava seus direitos.
O serviço social configura‑se como fruto de múltiplas determinações que lhe conferem significado 
histórico e social. A construção de seu ethos não poderia estar descolada da forma como essa profissão 
vem se configurando no cenário capitalista.
Seguindo essa linha de raciocínio, a Ética do serviço social pode ser dividida em duas etapas: um 
ethos conservador ou tradicional, que vai até meados dos anos 1970, e um ethos de ruptura, que tem 
seu marco inicial nessa mesma década.
1.2.4 O ethos conservador do serviço social
O ethos conservador do serviço social expressa a moral burguesa articulada com a cristã e a 
positivista. Dessa forma, podemos afirmar que a ética tradicional em serviço social preconiza a defesa 
da autoridade, da ordem e da tradição.
Essa abordagem traz uma visão de homem e de sociedade expressa na tríade: neotomismo, pensamento 
conservador e positivismo. Não compete aqui fazer uma explanação dessas três teorias, visto que isso 
implicaria em uma acirrada discussão, no entanto, é necessário retomar, brevemente, cada uma delas.
O neotomismo significou uma retomada da filosofia de Santo Tomás de Aquino (teólogo/filósofo 
do século XIII) a partir das primeiras décadas do século XX. Essa filosofia restauradora teve repercussão 
(aliás, ainda tem) nas doutrinas da Igreja. Seus pressupostos se referenciam no princípio de que Deus é a 
fonte de todos os seres e que a pessoa humana, sendo à imagem e semelhança de Deus, é caracterizada 
como um ser de dignidade, perfectibilidade e sociabilidade humana. O foco central dessa corrente teve 
forte repercussão na formação moral dos primeiros assistentes sociais, com a ideia primordial de bem 
comum e harmonia da sociedade.
No tocante ao pensamento conservador, pode‑se afirmar que este constitui um conjunto de ideias 
que traz a herança do pensamento intelectual europeu do século XIX, que, reinterpretado, transforma‑se 
em uma ética de explicação e em projetos de ação favoráveis à manutenção da ordem capitalista. Suas 
principais características implicam a defesa da tradição social, com origem medieval.
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Vejamos o que diz em Brites e Sales (2000, p. 25), acerca desse pensamento:
Daí a valorização dos seguintes elementos: status, hierarquia, tradição, 
autoridade, corporativismo, ritualismo, simbologismo religioso e de 
pequenos grupos, como família, vizinhança, comunidade, entre outros.
O conservadorismo no serviço social significou o período que vai desde a gênese profissional, na década 
de 1930, até meados da década de 1960, e foi contestado a partir do Movimento de Reconceituação. 
Essa fase já foi discutida na disciplina de Fundamentos do Serviço Social.
O positivismo se configura como corrente filosófica de pensamento, sistematizada por Auguste 
Comte (século XIX), que parte do princípio de que a vida social é regida por leis que são similares às leis 
da natureza. A filosofia positivista inspira‑se no método de investigação das ciências da natureza para 
explicar a vida social. Na concepção positivista, a sociedade é um todo orgânico, constituído por partes 
integradas e coesas que funcionam harmonicamente, seguindo um modelo físico ou mecânico. Durante 
anos, a prática do serviço social ficou sob esse entendimento, seja na visão de homem e de sociedade, 
seja nas práticas cotidianas dos primeiros assistentes sociais.
O caráter ajustador e a visão clientelista da profissão são duas dessas características que durante 
muito tempo vão orientar os assistentes sociais. Entre os objetivos da profissão, estaria presente o 
papel de eliminar as disfuncionalidades do indivíduo. Os problemas sociais eram considerados como 
anormalidades e competia ao profissional tratar as condutas desviadas.
Nessa perspectiva, a tríade pensamento conservador/neotomismo/positivismo vai eliminardo âmbito 
da formação e do exercício profissional a compreensão sobre:
• a substância profundamente desigual da sociedade capitalista, considerada como natural, 
harmônica e capaz de realizar as necessidades individuais e sociais;
• as condições da exploração capitalista e as relações sociais que sustentam o trabalho alienado, 
inerentes ao processo de dominação e manutenção da ordem burguesa;
• o caráter contraditório da prática profissional e sua participação no processo de reprodução social dos 
interesses de classes contrapostas que convivem em tensão (IAMAMOTO; CARVALHO, 2000, p. 167);
• a dimensão ético‑política da prática profissional, em nome de uma neutralidade axiológica, 
afinada com a necessidade de legitimar a suposta “face humanitária do Estado e do empresariado” 
(BRITES; SALES, 2000, p. 27).
Diante dessa breve contextualização faz‑se a seguinte indagação: como tudo isso vem repercutir na 
ética profissional dos assistentes sociais? E qual a relação dessa tríade com os códigos de ética?
Pois bem. A história da ética em serviço social traz em seu bojo cinco códigos de ética: a primeira 
formulação em 1947; uma reformulação em 1965; uma reelaboração em 1975 (esses três primeiros 
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códigos são o que denominamos de ethos tradicional); uma reformulação de 1986; e o código de 1993 
(ethos de ruptura).
Os três primeiros códigos – compreendendo código de ética como “uma dimensão da ética 
profissional que remete para o caráter normativo e jurídico que regulamenta a profissão no que concerne 
as implicações éticas de sua ação” (BONETTI, 1996, p. 171) – ao longo de seus artigos e alíneas, vêm 
corroborar essa proposta de uma ética valorativa voltada para as ideias de bem comum, pessoa humana, 
integração social etc.
Para uma abordagem ilustrativa, vejamos alguns artigos do código de 1965:
Artigo 7º – Ao assistente social cumpre contribuir para o bem comum 
esforçando‑se para que o maior número de criaturas humanas dele se 
beneficiem, capacitando indivíduos, grupos e comunidades para sua melhor 
integração social.
Artigo 8º – O assistente social deve colaborar com os poderes públicos na 
preservação do bem comum e dos direitos individuais, dentro dos princípios 
democráticos, lutando inclusive para o estabelecimento de uma ordem 
social justa (CFESS, 1965, p. 02).
O Código de 1975 também não foge a essa fundamentação, vejamos: Artigo 5º, inciso II, alínea b, 
dos deveres do assistente social:
Esclarecer o usuário quanto a diagnóstico, prognóstico, plano e objetivos do 
tratamento, prestando à família ou aos responsáveis os esclarecimentos que 
se fizerem necessários (CFESS, 1975, p. 04).
Ainda no artigo 5º, inciso VI, alíneas a e b:
a) zelar pela família, defendendo a prioridade dos seus direitos 
e encorajando as medidas que favoreçam sua estabilidade e 
integridade;
b) participar de programas nacionais e internacionais destinados à 
elevação das condições de vida e correção dos desníveis sociais 
(CFESS, 1975, p. 04‑05).
Em suma, o ethos conservador do serviço social, observado nos códigos de ética, anteriormente 
apresentados, vai perpassar toda a constituição histórica da profissão que, até meados dos anos 1970, 
trazia um perfil legitimador da ordem capitalista. O processo de ruptura vai ocorrer pouco depois do 
Movimento de Reconceituação.
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1.2.5 O ethos de ruptura
Já dissemos anteriormente que a ética de uma profissão não se restringe a um código de ética, 
que sua construção se configura na própria construção da profissão inserida em uma determinada 
sociedade. Pois bem, a construção de uma nova moralidade profissional do serviço social está 
voltada para o “novo” direcionamento interventivo que essa profissão assume no cenário brasileiro 
nos anos 1980 e 1990.
O novo ethos profissional do serviço social é mediado por um comprometimento político com a 
classe trabalhadora e com as lutas populares. Busca garantir uma ética profissional voltada para uma 
nova moralidade profissional, que implica valores emancipatórios, como a defesa da democracia, da 
liberdade e dos direitos.
Com respaldo teórico na vertente marxiana de pensamento, o serviço social vai adentrar os anos 
1980 com certa maturidade teórico‑metodológica e ideológico‑política, que tende a se consolidar 
nos anos 1990 com o novo Projeto Ético‑Político Profissional. Sobre esse projeto, aprofundaremos a 
discussão em módulos posteriores.
O Código de Ética de 1986 implica em uma ruptura com os códigos anteriores e vai trazer uma nova 
abordagem dos fundamentos ético‑filosóficos da profissão ao negar definitivamente as ideias abstratas, 
metafísicas e idealistas do real (da sociedade e do homem), dos códigos anteriores.
A nova ética é resultado da luta da classe trabalhadora e, consequentemente, de uma nova visão da 
sociedade brasileira. Nesse sentido, a categoria, por meio de suas organizações, faz uma opção clara por 
uma prática profissional vinculada aos interesses desta classe (CFESS, 1986, p. 7).
O Código de 1986 trouxe avanços significativos para a história de um novo ethos da profissão, 
principalmente no que diz respeito aos aspectos políticos e educativos. Todavia, apresentou fragilidade 
quanto à sua operacionalização no cotidiano profissional, ou seja, era preciso valorizar os aspectos 
educativos e políticos, sem deixar de dar a mesma importância aos aspectos normativos e jurídicos, que 
praticamente não foram enfatizados no novo código, sendo necessária uma nova revisão, que culminou 
com o novo Código de 1993.
Paiva e Sales (2000, p. 176) vêm embasar essa discussão:
O código precisa tematizar, na verdade, o dever ser: como a prática pode 
ser realizada de acordo com os princípios éticos definidos pelo projeto 
político‑profissional, recusar o que não é aceitável dentro do exercício do 
serviço social, ou seja, o que é proibido e vedado ao assistente social fazer. Tais 
parâmetros não ficavam, porém, suficientemente claros no texto anterior, 
em termos de possibilidades de respostas e situações e dilemas profissionais, 
demonstrando a presença mais de uma entonação teórico‑metodológica do 
que de uma configuração normativa.
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Apesar das críticas levantadas em torno do Código de 1986 no tocante a essa limitação normativa, 
houve reconhecimento de que ele representou um extraordinário avanço ao expressar, no plano 
da reflexão ética, boa parte do conjunto de conquistas que a categoria vinha acumulando desde o 
Movimento de Reconceituação.
A nova reformulação com o Código de 1993 vai se apropriar desse conjunto de conquistas já 
assinaladas com o Código de 1986, como a luta pela democracia e pela cidadania, o que culminou com o 
reconhecimento pelo serviço social dos usuários e dos seus direitos. Sobre isso, remete‑se à Terra (2000, 
p. 2) que afirma: “O novo Código de Ética desponta como instrumento de defesa não só para a categoria 
como, também, para o usuário”.
O novo Código Profissional vai configurar uma acirrada postura profissional respaldada por princípios 
e valores que preconizam uma defesa intransigente “da democracia, da equidade, da liberdade, da defesa 
do trabalho, dos direitos sociais e humanos, contestando discriminações de todas as ordens” (NETTO, 
1999, p. 12), numa perspectiva de fortalecer cada vez mais a identidade profissional articulada com um 
projeto de sociedade mais justa e democrática, em que a emancipação humana esteja acima de tudo.
1.2.6 Serviço Social: uma profissãoliberal
Podemos começar com a seguinte pergunta: o que é uma profissão liberal?
Conforme preconiza o Estatuto da Confederação Nacional das Profissões Liberais (CNPL) no seu 
artigo 1º, “profissional liberal é aquele legalmente habilitado à prestação de serviços de natureza 
técnico‑científica de cunho profissional com a liberdade de execução que lhe é assegurada pelos 
princípios normativos de sua profissão, independente de vínculo da prestação”.
De acordo com a CNPL, profissão liberal é aquela que se constitui como uma profissão legalmente 
reconhecida e regulamentada por lei específica. O profissional deve ter uma formação técnica ou 
superior. A formação deve propiciar a aquisição de conhecimentos teóricos, técnicos e metodológicos, 
todos de cunho científico.
Quando o Estatuto da Confederação Nacional das Profissões Liberais se refere à liberdade do 
profissional na execução de suas atribuições, está garantindo a autonomia profissional. No entanto, é 
cada vez menor o número de profissionais que exercem suas atividades de forma autônoma. No caso 
do serviço social, a maioria dos assistentes sociais atua no âmbito do serviço público (União, Estado e 
Município), na condição de assalariado‑vendedor de sua força de trabalho.
Ao referir‑se aos princípios normativos, a CNPL preconiza que o exercício profissional deve ser 
orientado pelas normativas estabelecidas em lei que regulamentam a profissão. O serviço social é 
regulamentado pela Lei n° 8.662, de 07 de junho de 1993 (BRASIL, 1993) e o fazer profissional do 
assistente social é norteado pelo Código de Ética do Assistente Social. O exercício profissional é ainda 
fiscalizado pelas entidades representativas da categoria: Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e 
Conselhos Regionais de Serviço Social (CRESS).
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Unidade I
O serviço social foi enquadrado como profissão liberal pela Portaria n° 35, de 19 de abril de 
1949, do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, no 14º grupo de profissões liberais (BRASIL, 
1949). Apesar de o serviço social ser considerado como uma profissão liberal, autores dessa área 
discutem sobre a fragilidade da autonomia do assistente social no exercício profissional. Vamos 
pontuar as observações feitas por Marilda Vilella Iamamoto, no livro Relações Sociais e Serviço 
Social no Brasil.
Para Iamamoto e Carvalho (2000), o serviço social não tem uma prática peculiar às profissões liberais. 
O assistente social não tem exercido a profissão de forma independente, não dispondo de condições 
materiais e técnicas para exercer o seu trabalho de forma autônoma. Ele se constituiu como vendedor 
de sua força de trabalho, em uma relação de assalariamento.
Esse profissional não tem o completo controle sobre o seu trabalho, especialmente no que se refere 
às questões de caráter administrativo, como a jornada de trabalho a ser cumprida, o valor da sua 
remuneração e, ainda, o público a ser atendido. Na maioria das vezes, quando o assistente social se 
insere na instituição empregadora, essas questões já estão predefinidas.
A fragilidade da autonomia profissional do assistente social não implica na eliminação do caráter 
liberal do serviço social, visto que a profissão é regulamentada por lei.
Outra característica a ser ressaltada é a existência de uma relação singular 
no contato direto com os usuários, o que reforça um certo espaço para 
a atuação técnica, abrindo a possibilidade de se reorientar a forma de 
intervenção conforme a maneira de se interpretar o papel profissional 
(IAMAMOTO; CARVALHO, 2000, p. 80).
Portanto é preciso ter claro que há uma definição jurídico‑legal que assegura o caráter de profissão 
liberal ao serviço social e que possibilita e garante ao assistente social o exercício independente da sua 
profissão. A profissão tem uma Lei de Regulamentação que estabelece atribuições que são privativas do 
assistente social. A seguir, faremos uma contextualização histórica do processo de regulamentação do 
serviço social.
1.2.7 Regulamentação do serviço social: contextualização histórica
Na década de 1930, surgem no Brasil as primeiras escolas de serviço social, fundamentadas 
na doutrina cristã da Igreja Católica e na filantropia e caridade, praticadas pelos agentes leigos 
da Igreja. Nessa época, o serviço social tinha um caráter conservador e atuava para legitimar a 
ordem estabelecida pelas classes dominantes em detrimento da defesa dos direitos das classes 
trabalhadoras.
Somente na década de 1950, especificamente em 13 de junho de 1953, foi criada a Lei n° 1.889, 
regulamentada pelo Decreto n° 35.311 de 1954. A referida lei dispunha sobre os objetivos do ensino 
do serviço social, sobre sua estruturação e ainda sobre as prerrogativas dos portadores de diploma de 
assistente social e agente social.
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Ainda na década de 1950, foi instituída a Lei n° 3.252, de 27 de agosto de 1957, regulamentada 
pelo Decreto n° 994, de 15 de maio de 1962. Essa lei regulamentou o exercício da profissão de 
assistente social e criou o Conselho Federal de Assistentes Sociais (CFAS) e os Conselhos Regionais 
(CRAS).
De acordo com o art. 3° da Lei n° 3.252, são atribuições do assistente social:
• direção de escolas de serviço social;
• ensino das cadeiras ou disciplinas de serviço social;
• direção e execução do serviço social em estabelecimentos públicos e particulares;
• aplicação dos métodos e técnicas específicos do serviço social na solução de problemas sociais.
Na década de 1990, especificamente em 07 de junho de 1993, foi sancionada a Lei n° 8.662/93 de 
Regulamentação da Profissão de Assistente Social. Esta regulamenta a profissão e representa um avanço 
no serviço social, pois contempla as conquistas da categoria no que diz respeito à ampliação da atuação 
profissional. Além disso, a nova legislação revoga a Lei n° 3.252/57.
A Lei 8.662/93 estabelece atribuições que são privativas do assistente social. Altera as 
denominações de Conselho Regional de Assistentes Sociais (CRAS) para Conselho Regional de 
Serviço Social (CRESS) e de Conselho Federal de Assistentes Sociais (CFAS) para Conselho Federal 
de Serviço Social (CFESS).
A seguir, vamos conhecer aspectos introdutórios da lei atual de regulamentação da profissão e as 
atribuições privativas do assistente social.
1.2.7.1 Conhecendo a Lei de Regulamentação da Profissão de Assistente Social
A Lei n° 8.662, de 07 de junho de 1993, dispõe sobre a profissão de assistente social e assegura que “é 
livre o exercício da profissão de Assistente Social em todo o território nacional, observadas as condições 
estabelecidas nesta lei” (Art. 1º).
No artigo 2º, a Lei n° 8.662/93 preconiza que somente poderão exercer a profissão de assistente 
social os possuidores de diploma em curso de graduação em serviço social, oficialmente reconhecido e 
expedido por estabelecimento de ensino superior existente no país, devidamente registrado no órgão 
competente. O parágrafo único do referido artigo dispõe que “o exercício da profissão de assistente 
social requer prévio registro nos Conselhos Regionais que tenham jurisdição sobre a área de atuação do 
interessado nos termos desta lei”.
O art. 3º deixa explícito que a designação profissional de assistente social é privativa dos habilitados 
na forma da legislação vigente, não devendo ser usado para indicar práticas assistenciais.
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Unidade I
No artigo 5º da Lei n° 8.662/93, estão estabelecidas as atribuições privativas do assistente social:
• coordenar, elaborar, executar, supervisionare avaliar estudos, pesquisas, planos, programas e 
projetos na área de serviço social;
• planejar, organizar e administrar programas e projetos em Unidade de serviço social;
• prestar assessoria e consultoria em órgãos da Administração Pública direta e indireta, empresas 
privadas e outras entidades, em matéria de serviço social;
• realizar vistorias, perícias técnicas, laudos periciais, informações e pareceres sobre a matéria de 
serviço social;
• assumir, no magistério de serviço social, tanto em nível de graduação como de pós‑graduação, 
disciplinas e funções que exijam conhecimentos próprios e adquiridos em curso de formação 
regular;
• fazer treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários de serviço social;
• dirigir e coordenar unidades de ensino e cursos de serviço social, de graduação e pós‑graduação;
• dirigir e coordenar associações, núcleos, centros de estudo e de pesquisa em serviço social;
• elaborar provas, presidir e compor bancas de exames e comissões julgadoras de concursos ou 
outras formas de seleção para assistentes sociais, ou onde sejam aferidos conhecimentos inerentes 
ao serviço social;
• coordenar seminários, encontros, congressos e eventos assemelhados sobre assuntos de serviço 
social;
• fiscalizar o exercício profissional por meio dos Conselhos Federal e Regionais;
• dirigir serviços técnicos de serviço social em entidades públicas ou privadas;
• ocupar cargos e funções de direção e fiscalização da gestão financeira em órgãos e entidades 
representativas da categoria profissional.
Somente o assistente social pode exercer essas funções sob pena de medidas judiciais cabíveis ao 
exercício ilegal da profissão. O artigo 15º da Lei de Regulamentação da Profissão de Assistente Social 
determina que “é vedado o uso da expressão serviço social por quaisquer pessoas de direito público ou 
privado que não desenvolvam atividades previstas nos art. 4º e 5º da Lei n° 8.662/93”. O parágrafo único 
do mesmo artigo atesta que:
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As pessoas de direito público ou privado que se encontrem na situação 
mencionada neste artigo terão o prazo de noventa dias, a contar da data 
de vigência desta lei, para processarem as modificações que se fizerem 
necessárias a seu integral cumprimento, sob pena das medidas judiciais 
cabíveis (BRASIL, 1993).
Percebe‑se um avanço no serviço social desde a promulgação da Lei n° 3.252 de regulamentação da 
profissão em 1957, que só se referia a atribuições do assistente social em termos de prática da docência, 
direção, secretaria e supervisão nas escolas de serviço social, bem como somente à função de direção e 
execução de serviços sociais.
A Lei n° 8.662/93 trouxe avanços, na medida em que trata também de coordenação, elaboração, 
execução e avaliação de programas e projetos sociais e, na área do ensino, acrescenta o magistério de 
serviço social tanto em nível de graduação como de pós‑graduação e a supervisão direta de estagiários 
de serviço social.
1.2.7.2 Contextualização do serviço social
O serviço social surge durante a implantação do sistema capitalista, quando da instauração da 
Revolução Industrial, no século XIX. Nesse contexto histórico, emerge na sociedade a luta de classes 
entre burguesia e proletariado.
Com a consolidação do sistema capitalista surge a chamada questão social, que exige a intervenção 
do Estado nas relações entre empresariado e operários, para minimizar os problemas sociais advindos da 
exploração da força de trabalho para acumulação de lucros.
O lucro é a mola propulsora do modelo capitalista. Para alcançá‑lo, os donos do capital exploram 
a força de trabalho da classe operária, que produz riquezas para as classes dominantes. Nesse 
cenário, em que uma classe que detém todos os meios de produção e todo o poder econômico, 
para se legitimar como classe hegemônica, explora uma classe subalterna que só detém sua força 
de trabalho na luta pela sobrevivência, gestam‑se as condições para o surgimento do serviço social 
como profissão.
O serviço social teve, no início da sua profissionalização, a missão de contribuir para a legitimação 
do capitalismo. Para isso, desenvolveu uma prática profissional pautada pelos ditames da burguesia 
industrial, com vistas a atender aos interesses das classes dominantes. Com essa missão, o serviço social 
se inseriu na divisão social e técnica do mercado de trabalho, na organização e prestação de serviços 
sociais, por meio de políticas públicas e sociais para o enfrentamento da questão social como resposta 
do Estado às condições de miséria por que passava a classe operária.
Na atualidade, o serviço social atua sob novas perspectivas, na defesa intransigente dos direitos 
humanos e na recusa do autoritarismo. Assume o compromisso profissional em favor da ampliação e 
consolidação da cidadania, da democracia, da equidade e da justiça social, com vistas à construção de 
uma nova ordem societária, sem dominação‑exploração de classe, etnia e gênero.
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Na contemporaneidade, o serviço social vem traçando um fazer profissional na formulação 
de propostas criativas frente às expressões da questão social. Sobre o serviço social na 
contemporaneidade, Iamamoto (2001, p. 75) afirma que o desafio é redescobrir alternativas e 
possibilidades para o trabalho profissional no cenário atual; traçar horizontes para a formulação de 
propostas que façam frente à questão social e que sejam solidárias com o modo de vida daqueles 
que a vivenciam, não só como vítimas, mas como sujeitos que lutam pela preservação e conquistas 
da sua vida, da sua humanidade. Essa discussão é parte dos rumos perseguidos pelo trabalho 
profissional contemporâneo.
Na sociedade vigente, o assistente social necessita estar revestido do conhecimento teórico e 
metodológico para conseguir decifrar a realidade na qual está inserido para, assim, intervir de forma 
propositiva e criativa, em uma perspectiva emancipatória dos usuários da profissão, com vistas à 
transformação social.
Para contribuir na construção de uma nova ordem societária, mais justa e equânime, a atuação do 
assistente social é norteada pelo Código de Ética do Assistente Social. O desafio para o profissional é 
materializar os princípios fundamentais do Código de Ética no cotidiano da prática laboral.
2 COMPETÊNCIA E HABILIDADE DO ASSISTENTE SOCIAL
Pensar a ética profissional consiste em fazer uma retomada da discussão sobre ética geral. 
A ética “como filosofia crítica interfere diretamente na realidade, contribui para a ampliação 
das capacidades ético‑morais” (BARROCO, 2005, p. 55). Sob esta ótica, a ética perpassa todas as 
dimensões da vida social, daí a “fragmentação” em diversas éticas: ética social, ética religiosa, ética 
familiar, ética profissional.
Você, naturalmente, pode pensar que a ética é uma coisa bem presente na sua vida cotidiana. E o é, já 
que os nossos comportamentos são recheados de valores morais que foram construídos historicamente 
e que por sua vez são alvo de reflexão ética. Pois bem, nesse momento vamos abordar o tema da ética, 
e mais precisamente a sua relação com a ética profissional, levando‑o a compreender que não há um 
hiato entre elas. Por isso, queremos convidá‑lo a refletir sobre essa relação.
2.1 Código de Ética de 1993: algumas considerações
O Código de Ética do Assistente Social de 1993, com seus valores ético‑políticos, direciona a 
identidade profissional do assistente social na luta pela defesa dos direitos humanos. Essa luta 
se dá na relação entre o público e o privado, isto é, entre as instituições públicas e privadas e o 
“desafio é transformar espaços de trabalho, especialmente estatais, em espaços de fatopúblicos, 
alargando as possibilidades de apropriação da coisa pública por parte da coletividade” (IAMAMOTO, 
2001, p. 79).
O Código de Ética fornece respaldo jurídico à profissão e se constitui como referência ético‑política 
para o assistente social. Estabelece um conjunto de regras jurídico‑legais para a atuação profissional, 
traduzidos em forma de artigos.
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Os artigos são, portanto, dotados da capacidade seja de orientar as melhores 
escolhas, seja de detectar e combater as infrações à ética profissional. A partir 
daí, tais infrações tornam‑se passíveis de denúncia por qualquer pessoa 
que se sinta lesada em seus direitos, decorrente da atuação profissional do 
assistente social e, portanto, de ser alvo da apreciação e ação dos órgãos 
fiscalizadores da categoria, os Conselhos Regionais de Serviço Social – 
CRESS (PAIVA; SALES, 2000, p. 180).
O Código de Ética cita onze princípios fundamentais que materializam o Projeto Ético‑Político do 
serviço social e os compromissos ético‑profissionais do assistente social com os usuários da profissão. 
Os princípios perpassam os artigos e as alíneas do código e se configuram ao longo dos títulos e 
capítulos.
Sua estrutura é composta de quatro títulos. O primeiro trata das disposições gerais sobre a competência 
do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS). O título II se reporta aos direitos e às responsabilidades 
gerais do assistente social. No título III, abordam‑se as relações profissionais do assistente social com 
os usuários, com as instituições empregadoras, com outros profissionais, com entidades da categoria 
e demais organizações da sociedade civil. Além disso, refere‑se ao sigilo profissional e às relações do 
assistente social com a justiça. O título IV trata da observância, das penalidades, da aplicação e do 
cumprimento do Código de Ética.
O Código de Ética do Assistente Social de 1993, nos seus quatro títulos, é composto por seis capítulos 
e trinta e seis artigos que asseguram os direitos do assistente social, bem como estabelecem os seus 
deveres profissionais. Defende muito mais os interesses dos usuários do serviço social do que os interesses 
do assistente social, por isso se constitui como um código peculiar na história das profissões liberais.
2.2 Princípios fundamentais do Código de Ética de 1993
Os princípios fundamentais do Código de Ética de 1993 articulam‑se e complementam‑se entre si 
para nortear os caminhos a serem percorridos pelo assistente social na sua atuação profissional, a partir 
dos compromissos assumidos pela categoria com os usuários do serviço social. Apresentaremos agora os 
princípios do Código de Ética, trazendo algumas considerações sobre cada um deles.
2.2.1 1º Princípio
O 1º Princípio traz o “reconhecimento da liberdade como valor ético central e das demandas políticas 
a ela inerentes – autonomia, emancipação e plena expansão dos indivíduos sociais” (CFESS, 1993, p. 23).
Segundo Paiva e Sales (2000), o conceito de liberdade defendido pelo Código de Ética refere‑se 
ao indivíduo como sujeito com direito à liberdade, contrário à liberdade defendida pelo sistema 
capitalista, a qual diz respeito ao livre arbítrio ou individualismo. No modo de produção capitalista, 
o indivíduo é livre para usufruir de todas as oportunidades e possibilidades oferecidas pelo Estado. 
O sucesso e o fracasso no trabalho são atribuídos ao indivíduo. O sistema abstém‑se de qualquer 
responsabilidade.
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Unidade I
A liberdade referenciada pelo Código de Ética faz menção ao “indivíduo como fonte de valor, mas 
dentro da perspectiva de que a plena realização da liberdade de cada um requer a plena realização de 
todos” (PAIVA; SALES, 2000, p. 182). A liberdade deve ser regida pela autonomia dos indivíduos sociais, 
conforme estabelece o Código de Ética.
2.2.2 2º Princípio
O 2º Princípio faz menção à “defesa intransigente dos direitos humanos e recusa do arbítrio e do 
autoritarismo” (CFESS, 1993, p. 23).
Esse princípio deixa explícito o posicionamento da categoria profissional na luta em prol da defesa 
dos direitos humanos e da recusa de toda forma de dominação, autoritarismo, violência, exploração, 
opressão e crueldade contra a pessoa humana.
Trata‑se de empreendermos uma recusa e um combate nos espaços institucionais e nas relações 
cotidianas, diante de toda as situações que ferem a integridade dos indivíduos e que os submetem 
ao sofrimento, à dor física e à humilhação. Como contraponto a essa lógica da perversidade e da 
omissão, os assistentes sociais devem imbuir‑se pelo Código de Ética, que sinaliza um espírito e 
uma postura assentados numa cultura humanística e essencialmente democrática (PAIVA; SALES, 
2000, p. 185).
O assistente social deve orientar os usuários do serviço social sobre os seus direitos e buscar 
alternativas e possibilidades de atendimento para que esses direitos sejam garantidos e efetivados de 
fato, pois sabemos que eles estão assegurados em leis, no entanto, precisam alcançar os cidadãos, como 
forma de proteção e promoção social.
2.2.3 3º Princípio
O 3º Princípio discorre sobre a “ampliação e consolidação da cidadania, considerada tarefa primordial 
de toda sociedade, com vistas à garantia dos direitos civis sociais e políticos das classes trabalhadoras” 
(CFESS, 1993, p. 23).
O assistente social é um profissional que atua no espaço de viabilização de direitos, intervindo 
nas políticas públicas sociais, em programas institucionais e na prestação de benefícios aos 
usuários da profissão. Sua atuação deve primar pela ampliação e consolidação da cidadania. 
Comprometermo‑nos
[...] com a cidadania implica apreendê‑la na sua real significação, o que 
seguramente exige a ultrapassagem da orientação civil e política imposta 
pelo pensamento liberal e, como tal, a superação dos limites engendrados 
pela reprodução das relações sociais no capitalismo. A cidadania, de acordo 
com a nova acepção ético‑política proposta, consiste na universalização 
dos direitos sociais, políticos e civis, pré‑requisito este fundamental à sua 
realização (PAIVA; SALES, 2000, p. 187).
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SUPERVISÃO DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL
O assistente social como profissional criativo e propositivo deve constantemente buscar estratégias 
teórico‑metodológicas e políticas para viabilizar o acesso do cidadão aos bens e serviços oferecidos 
pelas instituições públicas.
Para contribuir na universalização dos direitos civis, sociais e políticos das classes trabalhadoras, 
o assistente social tem de ultrapassar os entraves e limites impostos pela burocracia existente nas 
instituições públicas, a partir da prestação de serviços que possibilitem aos usuários a garantia de seus 
direitos que são assegurados em leis vigentes no país. Acredita‑se que, só por meio da efetivação dos 
direitos, os indivíduos poderão usufruir da plena cidadania.
2.2.4 4º Princípio
O 4º Princípio menciona a “defesa do aprofundamento da democracia, enquanto socialização da 
participação política e da riqueza socialmente produzida” (CFESS, 1993, p. 23).
Esse princípio diz respeito à necessidade de socialização da riqueza socialmente produzida no país 
e da participação política dos trabalhadores nas decisões institucionais. Diante desse princípio, importa 
relembrar que vivemos em uma sociedade regida por um modo de produção que tem como interesse 
maior a acumulação de lucro e riquezas em benefício de uma classe que, apesar de ser minoria, detém 
todos os meios de produção e explora uma classe que, apesar de

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