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Clínica de Pequenos Animais 1 Camilla Teotonio Pereira PATOLOGIAS DO SISTEMA URINÁRIO AZOTEMIA Elevação na concentração plasmática de produtos nitrogenados como ureia e creatinina. UREMIA Reunião dos sintomas clínicos e das anormalidade bioquímicas que se relacionam à insuficiência renal, e que incluem manifestações renais e extra-renais. AFECÇÕES RENAIS INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA (IRA) Deterioração abrupta e sustentada da função renal, resultando em azotemia e sintomas clínicos renais e extra renais (uremia) com perda de ¾ dos rins (>70%). Pode haver recuperação. Espera níveis altos de ureia e creatinina comparado com DRC. DOENÇA RENAL CRÔNICA (DRC) Perda progressiva e irreversível das funções de conservação, de excreção e endócrinas, resultando em azotemia sintomas clínicos renais e extra-renais (uremia) com perda de mais 65%. Não ocorre recuperação. INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA (IRA) ETIOLOGIA Maior parte dos pacientes apresentam hipotensão, gerando baixa perfusão (principal consequência). FISIOPATOGENIA Paciente apresenta hipotensão, uremia + oligúria ou anúria, gastroenterite, redução do debito urinário (densidade baixa, pois perde a capacidade de reabsorver água), hiperfosfatemia e hipercalemia e acidose metabólica. Não apresenta anemia por deficiência de eritropoietina, pois há perda funciona abrupta. IDENTIFICAÇÃO Não tem perfil e acomete espécie canina e felina. ANAMNESE EXAME FÍSICO Palpação abdominal - retroperitonial. EXAMES COMPLEMENTAES 1. Urinálise Densidade urinária baixa + desidratação no exame físico. Relação PU:CU Cilindrúria 2. Bioquímico Azotemia (> creatinina). 3. Pressão arterial Hipotensão. 4. Hemogasometria Acidose metabólica. 5. Eletrólitos Hipercalemia (forma imediata) e hiperfosfatemia. 6. US abdominal Sem alteração morfológica. TRATAMENTO 1. Manutenção do volume Fluidoterapia com solução fisiológica, intensa/agressiva (alto volume em tempo curto) nos casos de hipotensão. 2. Manutenção do débito urinário Sondagem uretral para monitoração. Aplicar diuréticos somente em normotensão. Débito urinário: 1 a 2 ml Kg/hora ou 50ml/Kg/dia. 3. Correção da hipotensão Drogas vasoativas noradrenalina e Dopamina (vasoconstrição periférica). Fica em infusão continua no soro fisiológico. 4. Controle da azotemia / compostos nitrogenados Hemodiálise. Terapia coadjuvante para melhorar o paciente clinicamente. 5. Correção da acidose metabólica Administração de bicarbonato de sódio e controlar com hemogasometria. 6. Controle da gastroenterite DOENÇA RENAL CRÔNICA (DRC) ETIOLOGIA Adquirida > 4 anos de idade. FISIOPATOGENIA Paciente apresenta uremia PU/PD, gastroenterite, redução do debito urinário (densidade baixa) hiperfosfatemia, e hipercalemia e anemia arregenerativa, diminuição da absorção de cálcio e aumento de fosforo pode causar hiperparatireoidismo secundário renal – osteodistrofias. IDENTIFICAÇÃO Incidência maior em felinos do que canina. Idade: maior frequência superior a 7 anos. ANAMNESE EXAME FÍSICO Paciente tende a hipertensão arterial sistêmica, e sobrecarga o coração, podendo progredir para cardiopatias. Palpação abdominal – retroperitonial. EXAMES COMPLEMENTAES 1. Urinálise Densidade urinária: isostenúria/ urina minimamente concentrada + desidratação no exame físico. Relação PU:CU Cilindrúria: céreos deteorados e solidificados nos túbulos (crônico). 2. Bioquímico Azotemia (> creatinina). 3. Pressão arterial Hipertensão arterial sistêmica. Contribui para a lesão dos glomérulos evoluindo para glomeruloesclerose e proteinúria. Sobrecarga ventricular (hipertrofia de V.E) / AVC/ lesões de retina. Prevalência 4. Eletrólitos Hipercalemia, hiperfosfatemia e hipocalcemia. 5. SDMA 6. US abdominal Alteração morfológica, perda da relação cortico medular. Rim normal DRC terminal Cistos renais ESTADIAMENTO DA DOENÇA RENAL (IRIS) Creatinina valor sérico mais estável do que a ureia, pois não ocorre alteração pela dieta, jejum prolongado e etc. SDMA não classificar estadiamento sozinha e sim em conjunto com a creatinina. Além disso, pode indicar processo de progressão. Indicativo precoce de lesão renal. Classificar o estadiamento só em paciente normohidratado através da fluidoterapia. 1. Estágio 1 (não azotêmico) Assintomático, não azotêmico, mas há alguma alteração renal presente (isostenúria, proteinúria, alteração morfológica pela imagem e biopsia) podendo desenvolver a doença. 2. Estágio 2 (azotemia de grau leve) Caracteriza-se pela presença de discreta azotemia em avaliações seriadas com alguma PU e PD. 3. Estágio 3 (azotemia moderada) Manifestações sistêmicas da perda de função renal como PU, PD, isostenúria, proteinúria, presença de cilindros, sedimento ativo, oligúria, desidratação, êmese, letargia, prostração, hiporexia, anorexia e alteração em imagem. 4. Estágio 4 (azotemia intensa). Intensa azotemia com falência renal e alterações gastrointestinais, neuromusculares ou cardiovasculares como êmese, diarreia, letargia, prostração, anorexia, apetite seletivo, taquipneia. SUB-ESTADIAMENTO Deve ser realizados sempre em todos os estágios da DRC. PROTEINÚRIA Não há manifestação clínica e realização do exame PU:CU para identificar o grau de proteinúria. HIPERTENSÃO Sobrecarga renal alta e maior possibilidade de progressão da DRC e sobrecarga cardíaca. TRATAMENTO 1. Correção da desidratação Fluidoterapia com solução ringer lactato (fígado transforma em bicarbonato e auxilia no controle de acidose metabólica). Controle da velocidade da fluidoterapia em relação a pressão arterial (hipertensão). Paciente no estágio 3 ou 4 com anemia é realizar muita fluidoterapia, hemodiluição do sangue com piora do quadro clínico. 2. Alimentação / Dieta hipercalórica Restrição proteica (proteína de alto valor biológico). Diminuição dos teores de fósforo. Diminuição dos compostos nitrogenados derivados do catabolismo proteico. Minimizar os distúrbios eletrolíticos, vitamínicos e minerais. 3. Quelantes intestinais de fósforo Competir pelo mesmo sítio de absorção do fósforo (atrapalha absorção de P). Limita a progressão de hiperfosfatemia / hiperparatireoidismo secundário renal. Administrados junto com as refeições. Avaliar com a monitorização do fósforo sérico a cada 15 dias. Suplementação vitamina D (calcitriol): aumentar absorção de Ca à nível intestinal. 4. Protetores de mucosa / Antieméticos Utilizado com pacientes com síndrome urêmica evidente nos estágios 3 e 4. 5. Anti hipertensivos Inibidores da ECA: bloqueadores conversão de angiotensina 2. Hipertensão superior 180 mmHg usa os bloqueadores de canais de cálcio como amlodipina. Casos de animais com hifema que é o acúmulo de sangue na câmara anterior do olho. 6. Correção da acidose metabólica Administração de bicarbonato. Casos de estágios de 3 a 4 com paciente com taquipneia. Manter as concentrações de bicarbonato em torno de 17 – 22 mEq/L. 7. Correção da anemia arregenerativa a) Eritropoietina recombinante humana Doses: 50 – 150 UI/Kg/ 3 vezes por semana até que atinjam os valores de 37 - 45% para cães e 30 – 40% para gatos. Resposta à terapia: 2 a 8 semanas. b) Sulfato ferroso Recomenda-se suplementar antes da administração de eritropoietina, pois há animais que melhoram apenas com suplementação de ferro. 8. Reversão do catabolismo proteico Anabolizantes com Nandrolona. Comum em estágios 3 e 4. 9. Reposição eletrolítica GATO Mais frequente hipocalemia (<3,5 mEq/L).19 a 29% dos gatos com IRC. Associada a anorexia pela baixa ingestão alimentar a disponibilidade de K é menor e pela suspeita de perda urinária. Suplementação de potássio pela IV separada da fluidoterapia ou VO (comprimidos). CÃO Hipercalemia: insuficiência secreção do potássio. Principal sinal clínica: bradicardia. Tratamento por fluidoterapia com solução glicofisiológica e aplicação de insulina. UROLITÍASE Plug uretral tem associação de mucoproteínas inflamatórias e cristais e pode causar obstrução uretral. PREDISPOSIÇÃO Maior em felinos pela urina mais concentrada e uretra mais estreita. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Hematúria, disúria, polaquiúria, estrangúria e iscúria (retenção urinária). Obstrução uretral: êmese, diarreia e anorexia. Tipos de urolitíases EXAME FÍSICO Obstrução uretral: azotemia pós-renal, êmese, diarreia e anorexia. DIAGNÓSTICO EXAMES LABORATORIAIS Cristalúria: formação de urólitos e pH. Análise da composição dos cristais (quantitativa e qualitativa). DIAGNÓSTICO POR IMAGEM Rx simples e contrastados UROLITÍASE DE ESTRUVITA (PH ALCALINO) Composição de fosfato de magnésio e amônia. Forma mais frequente de urolitíase em cães e gatos. CAUSAS PREDISPONENTES 1. Gatos Urina alcalina. Excesso de magnésio, amônia e/ou fosfato na dieta e na urina formação de urina muito concentrada e retenção de urina. Maior frequência de cálculos estéreis / assépticos. Muito difícil felino ter cistite bacteriana só em condição iatrogênica (sondagem). 2. Cães Saturação da urina com magnésio, amônia e/ou PO, observável em infecções com bactérias produtoras de uréase (Staphylococcus e Proteus pp) que converte ureia da urina em amônia ou urinas alcalinas. Maior frequência relacionadas à infecções bacterianas. Predisposição maior em fêmeas. DIAGNÓSTICO Identificação, anamnese e exame físico. EXAMES COMPLEMENTARES TRATAMENTO Aumentar a ingestão hídrica para gatos como comida pastosa, água corrente. 1. Gatos Dietas calculolíticas, com objetivo de reduzir a concentração de ureia, magnésio e fosfato. Dieta úmida, acidificantes, baixo teor Mg (0,058% MS) e maior teor de NaCl (0,79% MS), proteínas de alto valor biológico e em concentração reduzida. 2. Cães Dietas calculolíticas e acidificantes + terapia antimicrobiana. UROLITÍASE DE OXALATO DE CÁLCIO (PH ÁCIDO) É a segunda forma mais frequente de urolitíase em cães e gatos. Gatos: 26,6% e cães: 26,5%. 1. Gatos Urina ácida, hipercalcemia, hipercalciúria e hipomagnesemia (está última geralmente induzida por dietas). 2. Cães Urina ácida, hipercalciúria normocalcemia (absorção intestinal e excreção tubular elevadas), deficiência de proteína inibidora da formação de oxalato de cálcio (nefrocalcina). DIAGNÓSTICO Identificação, anamnese e exame físico. TRATAMENTO 1. Gatos Dietas alcalinizantes com concentração reduzida de proteínas, cálcio e sódio (dietas com alto teor de fibras – vegetal). Suplementação com Vit B6 que transforma oxalato em glicina. Alcalinizante como citrato de potássio (90 mg/kg/ dia) forma sais solúveis com cálcio. 2. Cães Dietas alcalinizantes com concentração moderadamente reduzida de proteínas, cálcio e sódio. Suplementação com Vit. B6 que transforma oxalato em glicina. Alcalinizante como citrato de potássio (100 mg/Kg/dia) e diuréticos tiazídicos. UROLITÍASE DE CISTINA (PH ÁCIDO) Defeito congênito do metabolismo que se caracteriza pelo aumento da excreção urinária de cistina. Cães jovens a meia idade. Hereditário: Dachshunds, Basset Hounds e Rottweilers. TRATAMENTO Dietas alcalinizantes para reduzir a concentração urinária de cistina e aumentar a solubilidade desse aminoácido. Tiol é um fármaco de diminui a concentração de cistina por uma reação de troca de dissulfeto do tiol, resultando em um composto mais solúvel na urina, o dissulfeto de cisteína-2-MPG. Infelizmente não se encontra disponível no Brasil. INFECÇÃO TRATO URINÁRIO (ITU) – CISTITE Mais comum acometer cães com exceção de gatos idosos principalmente se associado à DRC. PREDISPOSIÇÃO Machos são mais acometidos do que as fêmeas. CLASSIFICAÇÃO MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Hematúria, disúria, polaquiúria e estrangúria. DIAGNÓSTICO 1. Urinálise Presença de leucócitos e bactérias. pH ácido ou neutro não descarta possibilidade de ITU. pH ácido: E.coli, Klebsiella. Cistite bacteriana não altera densidade urinária só em casos de ascensão de bactérias para trato urinário superior como pielonefrite. Densidade urinária baixa tem comprometimento renal. 2. Cultura da urina Realizar sempre que possível principalmente em ITU redicivantes ou complicadas (obrigatório). 5 a 7 dias após terapia antimicrobiana. Método de Cistocentese e avaliação qualitativa e quantitativa. Padrão de crescimento < 300.00 UFC/mL não necessário realizar tratamento só no caso de presença sintomas. TRATAMENTO 1. ITU não complicada Antibióticos de eleição Antibioticoterapia de 3 a 5 dias. Persistência de sintomas e recidivas suspender antibiótico e realizar cultura e antibiograma. 2. ITU complicada Antibióticos de eleição Antibioticoterapia de 7 a 14 dias. Os Gatos podem utilizar o antibiótico de amoxicilina associado clavulanato. Realizar a cultura e antibiograma e espera o resultado do exame para escolher o antibiótico adequado.
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