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- -1 ÉTICA E PROFISSIONALISMO EM ESTÉTICA UNIDADE 2 – MARKETING, MERCADO DE TRABALHO E DIREITOS/DEVERES Márcia Moreno - -2 Introdução Olá! Seja bem-vindo à segunda unidade da disciplina Ética e Profissionalismo em Estética. Ao longo desta unidade, você verá alguns pontos importantes para sua vida profissional, ou seja, conceitos e práticas que farão parte do seu dia a dia. Você já se perguntou de que forma fazer o marketing do seu trabalho sem expor os pacientes? Como avaliar o mercado de trabalho e conseguir se colocar de forma ética nele? Como ofertar os serviços? Para iniciar, precisamos fazer uma reflexão: até que ponto sua vida pessoal e profissional andam juntas? Você consegue separar uma da outra? Saiba que essas questões não são tão simples quanto aparentam. Os avanços tecnológicos nos permitem ficar ligados o tempo todo, dando-nos condições de checar nossos e-mails e mensagens no trabalho. Ao conseguir dividir seu tempo de forma equilibrada entre vida profissional e pessoal, você aumentará a qualidade do seu tempo livre, o que garantirá menos estresse. O mundo perfeito seria aquele em que você pudesse acordar, engajar-se com alguns afazeres pessoais, ir trabalhar, almoçar com a família, retornar ao trabalho, voltar para casa ao final do expediente e descontrair, deixando sua profissão em um arquivo fechado na sua mente. Se fosse assim, você conseguiria separar seu perfil virtual pessoal e profissional tranquilamente, não é verdade? Temos, contudo, que aceitar que somos um único indivíduo, e que essa divisão entre pessoal e profissional é tênue, mas necessária. É nesse ponto que você precisa focar sua atenção neste momento: separar sua liberdade pessoal e sua responsabilidade como profissional. Vamos imaginar que você tem o perfil profissional de seu médico nas redes sociais. Ao segui-lo, você o vê em diversas ocasiões diferentes no dia a dia, como na academia, praia, festas etc. Em uma das postagens, você o vê num bar, segurando um copo vazio, sem camisa, com muitas bebidas em cima da mesa. Pode parecer uma cena rotineira para qualquer pessoa que goste de curtir a vida, mas será que é algo adequado ao perfil profissional de um médico? Como profissional da Estética, você também poderá curtir a vida, mas não necessariamente deverá expor tudo que faz em seu perfil profissional. Essa atitude corresponde ao ato de cuidar da sua imagem pessoal perante os pacientes. Quer saber mais sobre esse assunto? Então, prossiga com atenção. 2.1 Marketing Segundo Kotler (2000), devemos entender o marketing como a tarefa de criar, promover e fornecer bens e serviços a clientes (pessoas físicas ou jurídicas). Como você já deve saber, “os profissionais de marketing envolvem-se no marketing de bens, serviços, experiências, eventos, pessoas, lugares, propriedades, organizações, informações e ideias” (KOTLER, 2000, p. 25). Para o autor, a tarefa do marketing é encontrar meios de conectar os benefícios do produto ofertado às necessidades e aos interesses naturais das pessoas. Saiba mais sobre o marketing aplicado ao mundo da Estética a seguir! 2.1.1 Marketing aplicado à Estética Assim como no mercado de produtos, o marketing é uma peça fundamental no imenso leque de serviços da Estética, fazendo com que o público sinta a necessidade do que você oferece. Ele vai também monitorar o que o paciente deseja e, dessa forma, tornar possível a satisfação desses desejos por meio de serviços. Kotler (2000, p. 34) diz que “o marketing consiste na tomada de ações que provoquem a reação desejada de um público-alvo.” E complementa afirmando que “as empresas têm maiores chances de se saírem bem quando escolhem seus mercados-alvo com cuidado e preparam programas de marketing customizados” (KOTLER, 2000, p. 42). É importante ressaltar que o marketing na Estética deve ser realizado com ética. E muitas vezes o marketing não - -3 É importante ressaltar que o marketing na Estética deve ser realizado com ética. E muitas vezes o marketing não é em cima do produto ou serviço, mas sim do profissional que está atuando. Muitos consumidores vão desejar fazer o serviço X com você, porque de alguma forma, “vendeu” sua imagem de bom profissional. E para isso, é necessário cuidar da sua imagem pessoal. 2.1.2 Imagem pessoal Com certeza, há dias em que você se olha no espelho e pensa: “Uau, estou um arraso!”, e outros em que pensa “Nossa, nada fica bom em mim!”. Isso é normal, todos passam por essas situações. Mas precisamos ter em mente que a imagem refletida no espelho mostra quem somos e como as pessoas vão nos ver. Clique nas setas abaixo e aprenda mais sobre o tema. A imagem pessoal é a forma como você mostra para outras pessoas o que está sentindo. Ao estar bem, com certeza, a sua imagem será de segurança, boa autoestima e sucesso. Ou seja, é essencial que você se aceite e goste de si mesmo(a) como é. Lembre-se de que o belo está no equilíbrio, o conjunto do que você é. Todos somos belos, e precisamos acreditar nisso a fim de transmitir essa mensagem aos nossos interlocutores. A imagem pessoal, no âmbito profissional, deve passar aos seus pacientes que você é uma pessoa competente e que sabe o que faz. Dessa forma, o tratamento que você decidir será aceito pelo(a) paciente. Também a sua honestidade vai ser levada em conta. O sucesso de uma pessoa não vem apenas de uma boa ideia ou de trabalho árduo. É preciso planejar. Você deve mapear os concorrentes e analisar seus pontos fortes e fracos, estabelecer seus objetivos e implementar uma estratégia baseada em ações. Isso é marketing pessoal! Essas ações vão divulgar sua melhor imagem e investir em suas qualidades. Em outras palavras: você é o produto ou serviço que vende. Visibilidade é um fator fundamental para desenvolver sua carreira. Tome as rédeas de seu futuro e siga em frente. Lembre-se de que a imagem pessoal e profissional deve ser genuína. Não adianta construir uma imagem que não mostre quem você é, porque você não vai conseguir sustentar isso por muito tempo. Então seja ético e mostre a genuína expressão de quem você é. Para Ritossa (2012, p. 21), “sob o ponto de vista profissional, contamos com ingredientes como seus valores e ética profissional, a qualidade de seu trabalho e o seu nível de desempenho. De nada adianta sermos pessoas de conduta irrepreensível se nossas habilidades e competências profissionais não nos qualificarem.” 2.1.3 Mercado de trabalho e oferta de serviços A estética é um setor que envolve diversas áreas. Existem muitas possibilidades de trabalhar como esteticista, não apenas em uma cabine de estética. Saiba que é possível trabalhar em SPAs, salões de beleza, ao lado de médicos dermatologistas ou cirurgiões plásticos, em academias de ginástica, em navios de cruzeiros, em empresas de cosméticos, como professor em cursos livres, técnicos ou superiores, em hospitais, promovendo bem-estar e conforto aos pacientes etc. São muitas opções e, para se encontrar, é crucial ler, estudar, pesquisar até descobrir em que área atuar. VOCÊ QUER VER? “O filme Patch Adams, o amor é contagioso”, de 1998, do diretor Tom Shadyac, conta a história de um médico com visão humanista, lembrando que sempre existe um ser humano por trás da doença. Um filme que toca o coração e nos faz refletir sobre temas importantes da área da Saúde. - -4 bem-estar e conforto aos pacientes etc. São muitas opções e, para se encontrar, é crucial ler, estudar, pesquisar até descobrir em que área atuar. Contudo, não podemos esquecer o principal: o (a) profissional de estética sabe tudo sobre os cuidados com a pele, pois é treinado para prestar serviços especializados e personalizados. Para cumprir com essa função, o profissional deve agir com responsabilidade, honestidade e confiança. Tenha em mente que a credibilidade vem com demonstração de competência. Portanto, o profissional deve seguir as normas vigentes em sua área. Figura 1 - São várias as opções de atuação do profissional da Estética. Fonte: Anzhelika Voloshyna, iStock, 2019. No Brasil, existem diferenças sobre a atuaçãoda Estética, então é necessário que você procure a legislação do seu estado para identificar o que poderá ou não fazer. As regras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e de outros órgãos de defesa do consumidor devem ser seguidas. Existem punições, por exemplo, para falsas propagandas, pois sabemos que na Estética não existe milagre, apesar de muitos profissionais apelarem para esse conceito. De que forma podemos conquistar os nossos pacientes e fidelizá-los? Gerson et al. (2011, p. 29-30) mostram algumas diretrizes para manter a credibilidade e confiança, que citamos aqui. Clique e confira! 1) Obter credenciais necessárias para trabalhar na sua região. 2) Participar de organizações profissionais com uma abordagem imparcial. 3) Manter a integridade, garantindo que suas ações correspondam aos seus valores. Exemplo: se acredita ser antiético vender produtos para obter lucro, não o faça. Mas se você acredita que essa é uma atitude que vai ajudar seu cliente a se comprometer com o tratamento, então faça. 4) Não fazer comentários pejorativos com relação aos colegas de trabalho. 5) Não “roubar” pacientes de outros profissionais. 6) Conhecer seus limites, fazendo o que foi treinado(a) para fazer. 7) Não dar conselhos que não sejam da sua área de atuação. 8) É importante saber quando recusar um serviço ou uma opinião — encaminhando o paciente para o profissional adequado. 9) Manter com o paciente uma relação de amizade e profissionalismo. Muitas vezes, o paciente vai falar de situações pessoais. É essencial praticar o hábito de ouvir, manter o limite profissional e não fazer fofocas, além de não dar conselhos ou repassar informações pessoais. 10) Não fazer alegações falsas sobre alguma técnica, ser honesto(a) e verdadeiro(a). Se não souber a resposta, pesquisar. 11) Não acreditar apenas no material promocional do fabricante. Fazer sua própria pesquisa, testando os produtos para verificar a eficácia. Defender os produtos que você usa e acredita. 12) Estar aberto(a) a consultar profissionais mais experientes. - -5 produtos para verificar a eficácia. Defender os produtos que você usa e acredita. 12) Estar aberto(a) a consultar profissionais mais experientes. 13) Manter-se informado(a). 2.2 Ética profissional: o esteticista nas redes sociais Esse é um tema polêmico e que requer atenção e autoconhecimento. Se você é adepto(a) às redes sociais mais famosas, como Facebook e Instagram, já deve ter notado diferentes postagens com as quais concorda ou não, não é verdade? Saiba que a atração de novos pacientes por meio das redes sociais hoje é obrigatória, pois é fato que as redes sociais tornam a comunicação mais fácil e acessível. Contudo, deve ser feita a partir de alguns critérios. Saiba mais a seguir! 2.2.1 O destaque nas redes sociais Tenha em mente que a falta de conhecimento impede muitos profissionais de atrair mais pacientes. Afinal de contas, como se destacar nas redes sociais, que já estão repletas de ofertas? A primeira questão a ser analisada é o conteúdo da postagem. Seja especialista em assuntos específicos dentro da Estética, assim, você se tornará autoridade numa área. Entregue o conteúdo pensando em seu consumidor final e não em seu concorrente. Não tema exposições, mas preze por sua imagem. Torne-se uma “grife”, um produto que os consumidores queiram consumir. VOCÊ QUER LER? A ética requer um processo reflexivo acerca dos princípios, valores, direitos e deveres que regem a prática dos profissionais de Saúde – incluindo o cuidado humanizado. “A humanização ” artigo científico de Backes, Lunardi e Lunardi Filhohospitalar como expressão da ética (2006), tem como objetivo refletir sobre considerações éticas que necessitam fundamentar as ações de humanização, destacando a importância da dimensão humana nas relações profissionais. Confira: .http://www.scielo.br/pdf/rlae/v14n1/v14n1a18 http://www.scielo.br/pdf/rlae/v14n1/v14n1a18 - -6 Figura 2 - As redes sociais são fundamentais para divulgação do seu trabalho, mas devem ser usadas com critérios. Fonte: Rawpixel.com, Shutterstock, 2019. Planejar seu conteúdo é o primeiro passo. Crie um calendário de postagens e ações promocionais. Um exemplo é se basear nas datas comemorativas, como dia dos namorados, dia das mães, dia dos pais etc. Entenda que o consumidor não compra apenas sua técnica, mas um atendimento em que ele se sentirá único e especial. Quanto mais você mostrar que sabe, mais seu trabalho se tornará confiável. Fotos e vídeos sempre chamam atenção, portanto, não tenha medo de utilizar um conteúdo de paciente para endossar seu trabalho. Por exemplo, se você atende alguém famoso, uma celebridade, que publica nas redes sociais algo positivo sobre você, divulgue. Mas jamais faça o contrário, ou seja, divulgar suas clientes famosas para conseguir pacientes. A melhor propaganda será aquela gratuita, em que seu cliente exalta suas qualidades. Tenha um ou com um canalsite blog de depoimentos de pacientes, pois isso endossará seu trabalho. Contudo, lembre-se de que tudo deve ser autorizado pelo paciente, por escrito. Por fim, crie experiências únicas em seu atendimento. Você precisa focar 100% em qualidade! - -7 2.3 Direitos, deveres, erro profissional e sigilo do esteticista No relatório de denúncias sobre Serviços de Interesse para a Saúde, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2016), a categoria de Estética e Embelezamento concentra o maior número de denúncias recebidas (151 durante o ano de 2016), alcançando 52% das demandas. A maior parte vem dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Ceará e do Paraná, sendo que os dois primeiros são os que possuem o maior número de estabelecimentos do setor. Cerca de 80% das denúncias registradas contra profissionais de Estética e Embelezamento estão classificadas como de alto médio risco (ANVISA, 2016). Aqui, cabe uma observação: a categoria de Estética e Embelezamento engloba dois universos diferentes, que são os salões de beleza (que incluem atividades como cabeleireiro, manicure, pedicuro, depilação com cera etc.) e os centros de estética (atuação só de estética corporal e facial), onde se realizam procedimentos especializados ou com uso de aparelhos e equipamentos. “No Brasil, a Anvisa é responsável por criar normas e regulamentos e dar suporte para todas as atividades da área” (PIATTI, 2016, p. 25). A maior concentração de denúncias relativas a centros de estética é relativa a falhas em procedimentos internos — como a menção do uso incorreto de materiais e equipamentos em conjunto com a aplicação de produtos irregulares. Nesse item, o que chama atenção são casos de queimaduras. Isso constitui um problema sério no segmento da beleza e estética, já que muitos estabelecimentos funcionam sem alvarás emitidos pelos municípios ou sem receberem visitas de inspeção. Em estudo com profissionais sobre as práticas de biossegurança no segmento de Estética, muitos não demonstram estar muito preocupados em relação à limpeza e desinfecção, não realizando como rotina as normas de segurança (GABARCCIO; OLIVEIRA, 2012). Moreno (2018, p. 234) afirma que: [...] diante da realidade do mercado e da responsabilidade que nós esteticistas temos, com os cuidados com a vida, devemos redobrar a atenção e alertar a sociedade para esta questão. A regulamentação da profissão de esteticista, cosmetólogo e técnico em estética, torna ainda mais necessária e urgente a conscientização da biossegurança. Na nossa profissão, temos muita proximidade física com os clientes - seja em uma massagem - onde estamos em contato permanente com cliente ou em uma limpeza de pele, onde teremos contato com fluídos corporais - como conteúdo de pústulas, comedões e sangue. Há também a possibilidade do cliente ou profissional espirrar ou tossir nos atendimentos. Nestes casos, há risco de contaminação. Se não seguirmos as normas de biossegurança, as chances de se contrair doenças infectocontagiosas aumentam muito. Conforme Garner (apud GABARCCIO; OLIVEIRA, 2012), para reduzir riscos duranteos serviços prestados em que profissionais possam ficar expostos a doenças infecciosas, deve-se aplicar as precauções padrão. Essas precauções compreendem um conjunto de medidas utilizadas pelos profissionais no atendimento aos clientes quando há a possibilidade de contato com sangue, fluidos corpóreos, pele não íntegra e mucosa, fazendo o uso combinado de equipamentos de proteção individual (EPIs). 2.3.1 Ética Em relação ao não cumprimento da Lei da Ética, a legislação sanitária federal, disposta na Lei n. 6.437 (BRASIL, 1977), em seu segundo artigo, diz que: [...] sem prejuízo das sanções de natureza civil ou penal cabíveis, as infrações sanitárias serão punidas, alternativas ou cumulativamente, com as penalidades de: I – advertência; - -8 I – advertência; II – multa; III - apreensão do produto; IV – inutilização de produto; V – interdição de produto; VI – suspensão de vendas e/ou fabricação de produtos; VII – cancelamento de registro de produto; VIII – interdição parcial ou total do estabelecimento; IX – proibição de propaganda; X – cancelamento de autorização para funcionamento de empresa; XI – cancelamento do alvará de licenciamento. Para aprender mais sobre o tema, clique nas abas abaixo. Deveres e responsabilidades No âmbito dos deveres e responsabilidades, a ética precisa ser coerente com os objetivos da sua profissão e com os valores universais próprios de uma ética geral, válida para todas as pessoas, dando legitimidade às práticas profissionais. Com esses aspectos unidos, o exercício profissional será de excelência. Código de Ética O esteticista que tem como opção o trabalho na área da Estética não deve se afastar da sua formação básica, nem do Código de Ética da classe, o qual aponta seus direitos e deveres. Também deve observar o Código de Ética da classe de acordo com o seu município. Lembre-se de que a ética profissional é de interesse e importância para o profissional que busca o melhor desenvolvimento de sua carreira. Quem apresenta conduta ética conquista mais credibilidade, confiança e reconhecimento. Segundo o Código de Ética dos esteticistas, a Febrape (2003) diz que são de responsabilidades fundamentais: Art. 2º – O esteticista deve prestar assistência, sem restrições de ordem racial, religiosa, política ou social, promovendo procedimentos estéticos específicos que beneficiem a saúde, higiene e beleza do Homem. I – o esteticista presta serviços de estética facial, corporal e capilar, programando e coordenando todas as atividades correlatas; II – o esteticista deve autoavaliar periodicamente sua competência, aceitando e assumindo procedimentos somente quando capaz do desempenho seguro para o cliente; III – ao esteticista cabe a atualização e aperfeiçoamento contínuos de seus conhecimentos técnicos, científicos e culturais, visando o benefício de seus clientes, bem como o progresso de sua profissão. A ética no âmbito profissional diz que procedimentos aplicados por profissionais de forma incorreta, que não sejam pertinentes à classe, que usem títulos que não possuam, ou que anunciem especialidades nas quais não estão habilitados, vão contra o Código de Ética, e o profissional que atuar dessa forma será punido pelo órgão competente. Além de estar atuando de forma irregular, ele ainda coloca a vida do paciente em risco. Não podemos fechar os olhos para uma situação que, infelizmente, existe, que é a de profissionais que atuam pensando apenas no lucro, enganando o paciente. - -9 Figura 3 - Responsabilidade é uma peça fundamental do quebra-cabeças de ética. Fonte: Mathias Rosenthal, Shutterstock, 2019. A mentira demonstra uma postura antiética, uma vez que quem a elaborou conhece a verdade. Quem age dessa forma prejudica os colegas de profissão e os pacientes. De acordo com Pereira (2012), essa dinâmica inclui divulgar resultados e métodos de pesquisas não realizadas por si e atrair clientes mediante pesquisa falsa, pondo em risco a credibilidade da classe. Essas atitudes são consequências da ambição humana de querer sempre mais do que se tem e de nunca estar contente com sua situação. Por isso, há a necessidade de impor limites e normas que valorizem a ética e o respeito. O espaço de trabalho deve dispor de um código de conduta ética, que é criado justamente para orientar o comportamento de seus colaboradores de acordo com as normas e posturas da organização. Devemos nos lembrar sempre que lidamos com vidas, ou seja, com pacientes que merecem nosso respeito e atenção. O sigilo profissional do que é conversado na cabine de estética também deve ser cultivado. Villas-Bôas (2015, p. 516) explica que: [...] há de se ter em mente o tratar o outro como se gostaria de ser tratado, sem esquecer que isso não faz do profissional juiz do que deve ou não ser alvo de segredo, vez que, mesmo informações que a outrem pareçam pessoalmente banais e para quem sua revelação seria irrelevante, podem ser consideradas extremamente sigilosas pelo paciente, haja vista sua escala de valores. Assim sendo, a regra há de ser a manutenção do segredo em relação a todos os dados a ele referentes, coibindo-se comentários desnecessários. O segredo pertence ao paciente, e somente ele decide o que e a quem revelá-lo, sendo o profissional mero e fiel guardião. O dever de guardar sigilo não é apenas ético, mas legal. No âmbito internacional, a Declaração Universal dos VOCÊ O CONHECE? A professora e esteticista Maria de Fátima Lima Pereira fala sobre o início da sua carreira, as dificuldades e vitórias conquistadas. Uma vida dedicada à Estética e à promoção da ciência com ética e responsabilidade. Uma verdadeira inspiração para os profissionais da Estética. Confira em: .https://www.youtube.com/watch?v=_jB9YtPgU-Q https://www.youtube.com/watch?v=_jB9YtPgU-Q - -10 O dever de guardar sigilo não é apenas ético, mas legal. No âmbito internacional, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, prevê em seu artigo XII que “ninguém será sujeito a interferência em sua vida privada, sua família, seu lar ou sua correspondência, nem ataques à sua honra e reputação. Todo homem tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques.” Figura 4 - O sigilo profissional deve ser cultivado na área da estética. Fonte: Olga Altunina, Shutterstock, 2019. - -11 O Código Internacional de Ética Médica, adotado pela Associação Médica Mundial (WMA) em 1949, estabelece que o médico deverá manter segredo absoluto sobre tudo o que sabe de um paciente, dada a confiança que nele depositou (VILLAS-BÔAS, 2015). A Constituição Brasileira de 1988 assegura, em seu artigo quinto, que “X – São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.” Já o Código Penal qualifica como crime a violação do segredo profissional, nos seguintes termos: “Art. 154 – Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem. Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa.” Por fim, os artigos 6, 9, 10 e 14, do Código de Defesa do Consumidor (CDC) asseguram que é direito do consumidor ser protegido e avisado a respeito dos produtos ou serviços que podem oferecer riscos à saúde e à segurança. O Código Civil também oferece semelhante proteção. VOCÊ SABIA? O dever ético e legal dos profissionais de saúde tem origem justamente na garantia da privacidade e confidencialidade das informações dos pacientes, mantendo o sigilo das informações. O segredo profissional no trabalho de assistência à saúde é evidenciado no pensamento de Hipócrates, que afirmava: “As coisas que eu verei ou ouvirei dizer no exercício da minha arte, ou fora de minhas funções, no comércio dos homens, e que não deverão ser divulgadas, eu calarei, percebendo-as como segredos invioláveis”. Como você deve saber, Hipócrates é considerado o pai da Medicina. O juramento de Hipócrates é uma declaração solene tradicionalmente feita por médicospor ocasião de sua formatura. Acredita-se que o texto é de autoria de Hipócrates, ou de um de seus discípulos. CASO Uma cliente famosa frequenta uma clínica de estética. Uma das funcionárias do lugar decide tirar proveito e oferece umas fotos da cliente em momentos particulares para uma revista de fofoca em troca de dinheiro, mas pede sigilo absoluto sobre sua identidade. A revista aceita e publica fotos da famosa trocando de roupa na clínica. A famosa, inconformada, processa a clínica e pede que a dona tome providências. A clínica conta com oito funcionárias. A dona conversa com cada uma em particular, mas não consegue descobrir quem foi. Uma das funcionárias, a faxineira, viu quando a gerente, que é amiga da dona, tirou as fotos. O que você faria, se fosse a faxineira, nessa situação? É uma decisão difícil e um caso delicado, pois envolve ética e amizade. A faxineira pode ficar insegura de dedurar uma amiga da dona, mas também pesa a falta de sinceridade com a pessoa que lhe deu o emprego. Temos que lembrar do sigilo profissional, mas também levar em conta a questão de honestidade. Não cabe, aqui, bater o martelo sobre o que ela faria, mas sugerimos que você se coloque no lugar dela e reflita sobre o caso. - -12 3.4 Limites de atuação do profissional no âmbito da tecnologia O Projeto de Lei n. 2332, de 2012, que deu origem à Lei 13.643 (BRASIL, 2018), que regulamenta a profissão de esteticista cosmetólogo, diz no Artigo V, inciso VII, que cabe ao profissional de Estética utilizar recursos eletroterápicos básicos autorizado pela ANVISA, desde que tenha o curso de eletroterapia para fins estéticos. Clique para conhecer esses recursos! Equipamento de alta frequência. Equipamento de vapor de ozônio. Equipamento de corrente contínua ou galvânica. Equipamento de corrente alternada ou excitomotora. Peeling mecânico (cristal, diamantado e ultrasônico). Lâmpada de wood. Ultrassom de 3 mhz. Vacuoterapia. Termoterapia. O artigo sexto, inciso III, afirma que o esteticista e cosmetologista pode executar recursos eletroterápicos avançados, tais como: • hidrozônioterapia; • radiofrequência para estética; • luz intensa pulsada para estética. Síntese Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • entender sobre marketing e imagem pessoal; • saber como a esteticista deve se colocar nas redes sociais; • pensar sobre o direito, deveres, erros e sigilo profissional; • refletir sobre os limites de atuação do profissional no âmbito da tecnologia. Bibliografia AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. - Denúncias em Serviços de InteresseRelatório Semestral para a Saúde, n. 4, dez. 2016. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Referência Técnica para o funcionamento dos serviços de . Brasília, DF: Anvisa, 2009.estética e embelezamento sem responsabilidade médica BACKES, D. S.; LUNARDI, V. 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Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras . Brasília, DF: DOU, 1990. Disponível em: . providências http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078.htm Acesso em: 13/08/2019. BRASIL. , de 5 de outubro de 1988. Brasília, DF: DOU, 1988.Constituição da República Federativa do Brasil Disponível: . Acesso em: 13/08http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm /2019. BRASIL. Lei n. 6.437, de 20 de agosto de 1977. . Configura infrações à legislação sanitária federal [...] Brasília, DF: DOU, 1977. Disponível em: https://www20.anvisa.gov.br/segurancadopaciente/index.php/legislacao/item . Acesso em: 13/08/2019./lei-n-6-437-de-20-de-agosto-de-1977 BRASIL. Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940. . Brasília, DF: DOU, 1940. Disponível: Código Penal Brasileiro . Acesso em: 13/08/2019.http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm GARBACCIO, J. L.; OLIVEIRA, A. C. 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