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INSTITUTO DE COMUNICAÇÃO E ARTES CURSO DE GRADUAÇÃO EM MODA O PROCESSO DE CURTIMENTO DO COURO ALUNA: VANESSA MATOS DE PAIVA PROFESSOR: FRANCISCO PEDRO BATISTA BELO HORIZONTE 2017 / 2º Semestre “O PROCESSO DE CURTIMENTO DO COURO” Este trabalho aborda o processo de curtimento de couro em suas etapas e é apresentado como requisito de avaliação do Curso de Graduação em Moda do Centro Universitário Una para aprovação parcial na disciplina Acessórios. Professor: Francisco Pedro Batista BELO HORIZONTE 2017 / 2º Semestre INTRODUÇÃO O couro é a pele do animal que passa por etapas como processamento, limpeza, estabilização e acabamento sendo assim preservada da decomposição por um processo denominado curtimento. Esse processo envolve vários estágios onde estão presentes diversas áreas como a ambiental, a química e a industrial. A pele que passa pelo processo de curtimento se torna flexível e macia, tornando-se assim pronta para ser utilizada na confecção de calçados, bolsas, carteiras, roupas e malas, no revestimento de estofados, na produção de chapéus, tapetes e vários outros produtos. Segundo o Centro das Indústrias de Curtumes no Brasil – CICB o Brasil tem o maior rebanho comercial do mundo, exporta mais de 2 bilhões de dólares ao ano para 80 países e emprega mais de 40 mil pessoas. Os atributos naturais do couro, aliados à tecnologia, à pesquisa e à moda, resultam invariavelmente em artigos com a marca da beleza, da sofisticação e da qualidade. A indústria curtidora brasileira concebe, estação após estação, produtos cada vez mais eficientes e ligados à sustentabilidade para os mais exigentes mercados nacionais e internacionais. O couro brasileiro tem status qualitativo e também quantitativo, uma vez que país é um dos maiores produtores do mundo, com forte inserção nos segmentos moveleiro, calçadista e automotivo. O interessante é que embora o processo de curtimento de couro seja mais comum a espécie animal bovina não se reduz somente a essa classe, além destes podem ser curtidas as peles de bezerros (pertencentes a classe bovina), mas também ovelhas, cabras, lhamas, vicunhas, camelos, porcos, cobras, cavalos, búfalos, cangurus, crocodilos, peixes, rãs, aves, como o avestruz, e outros animais. Ao decorrer deste trabalho serão explicadas cada uma das etapas do processo de curtimento de couro, bem como mostrados dados, curiosidades e as diversas aplicações envolvendo o couro. O PROCESSO DE CURTIMENTO DE COURO E SUAS ETAPAS Pode-se dizer que tudo começa na conservação e armazenamento das peles, deve ser levado em conta que a qualidade dos couros depende de uma série de fatores, que se iniciam com cuidados já durante a criação dos rebanhos, como o controle de parasitas e formas adequadas de identificação, condução confinamento e transporte dos animais. A partir do seu abate, deve-se evitar que suas peles se degradem por ação de microrganismos, para que seu processamento seja eficiente e se obtenha couros de boa qualidade. Isto se obtém por meio de manuseio, conservação e armazenamento adequados das peles. Seguido isso normalmente o processo de transformação de peles em couros é dividido em três etapas principais, conhecidas por ribeira, curtimento e acabamento. O acabamento, por sua vez, é usualmente dividido em “acabamento molhado”, “pré-acabamento” e “acabamento final”. PROCESSAMENTO E ETAPAS INICIAIS Para ser utilizada na confecção de calçados, bolsas e outros produtos, a pele tem que passar por um processo de tratamento desde o momento em que é retirada do animal até ficar pronta para o uso. O processamento mantém a natureza fibrosa da pele e, com o uso de produtos químicos, retira o tecido interfibrilar, passível de putrefação. O processamento tem uma série de etapas e operações, e se inicia com a esfola, que consiste na remoção da pele do animal. Ao ser retirada, a pele é submetida a processos de conservação com sal comum (cloreto de sódio) ou por secagem. Também podem ser utilizados sistemas de conservação de curta duração, mais modernos, com o emprego de agentes antissépticos, sem a utilização de sal, que é muito poluente. A finalidade da conservação é impedir a decomposição da pele até o início dos processos que irão transformá-la pelo curtimento em um material resistente. Figura 1 – Funcionários recebem a matéria-prima (peles) já salgadas Figura 2 – As peles são separadas e pesadas RIBEIRA A etapa denominada Ribeira tem por finalidades a limpeza e a eliminação das diferentes partes e substâncias das peles que não irão constituir os produtos finais - os couros -, bem como preparar sua matriz de fibras colagênicas (estrutura proteica a ser mantida), para reagir adequadamente com os produtos químicos das etapas seguintes, o curtimento e o acabamento. Em geral, a ribeira compreende as etapas desde o pré-remolho onde a pele é colocada em fulão (cilindro horizontai fechado, normalmente de madeira, dotado de dispositivos para rotação em torno de seu eixo horizontal, com porta na superfície lateral para carga e descarga das peles, bem como para adição dos produtos químicos) com água para retirar parte das sujidades, do sal e sofrer uma leve hidratação. Figuras 3 e 4 - Fulões (espécie de cilindros usados no processamento e tratamento do couro) O pré-remolho é importante para que o pré-descarne seja realizado com a pele úmida sem sofrer danos até a lavagem após a descalcinação (onde o cálcio é retirado) e purga (purificação através da eliminação de impurezas) ou até o píquel que tem por objetivo preparar as fibras colágenas para uma fácil penetração do curtente cromo. Para tal, o píquel deve acidificar a pele. A operação de píquel é muito importante para a etapa seguinte que é o curtimento. CURTIMENTO O curtimento normalmente também é realizado em fuloes sendo um processo que consiste na transformação das peles, pré-tratadas na ribeira, em materiais estáveis e imputrescíveis, ou seja, a transformação das peles em couros. Devido à grande variedade de couros, é fácil supor que são muitos os tipos possíveis de curtimento existentes, embora seja dividido em três tipos principais: mineral, vegetal e sintético, sendo que os mais utilizados são o vegetal e o mineral, sendo este último o mais utilizado. Figura 5 - Couros diversos No curtimento mineral, o processo ao cromo ainda é o principal processo de curtimento, utilizado mundialmente, pelo tempo relativamente curto de processo e pela qualidade que confere aos couros em suas principais aplicações. A fonte de cromo normalmente utilizada é o sulfato básico de cromo, onde este se encontra no estado trivalente. No entanto, esforços crescentes para sua substituição são verificados, devido ao seu impacto ambiental potencialmente negativo. Este curtimento pode ser realizado no mesmo banho do píquel ou formulado em banho novo, à parte. O curtimento vegetal (aos taninos, contidos em extratos vegetais) é geralmente utilizado para produção de solas e de alguns tipos especiais de couro, bem como em combinação com os outros tipos de curtimento. Devido ao seu alto custo, os taninos são utilizados o máximo possível - na maioria das vezes, faz-se apenas a reposição de solução para o lote de peles seguinte, para compensar a parte absorvida pelas peles do lote anterior. Com o aumento do uso de materiais sintéticos na fabricação de solas, o curtimento vegetal de couro para este fim diminuiu significativamente. No curtimento sintético, são empregados curtentes, em geral orgânicos (resinas, taninos sintéticos, por exemplo), que proporcionam um curtimentomais uniforme e aumentam a penetração de outros curtentes, como os taninos e de outros produtos. Isto propicia, por exemplo, um melhor tingimento posterior. Geralmente, são mais caros, relativamente aos outros curtentes e são mais usados como auxiliares de curtimento. TIPOS DE CURTUME O curtimento envolve a reação de sais de metais ou de extratos tanantes vegetais ou sintéticos com grupos reativos na estrutura proteica. Existem muitos tipos de curtimento, mas o mais utilizado é o curtimento com sais de crômio. Também pode-se fazer o curtimento com taninos naturais para obtenção de couros pesados, como couros industriais e solas. Os produtos inorgânicos mais utilizados como curtentes são os sais de crômio, de zircônio, de alumínio e de ferro, e os produtos orgânicos utilizados são os curtentes vegetais, curtentes sintéticos, aldeídos e parafinas sulfocloradas. Os curtumes são normalmente classificados em função da realização parcial ou total destas etapas de processo. Desta forma, tem-se os seguintes tipos de curtumes: - Curtume Integrado: capaz de realizar todas as operações descritas nas figuras anteriores (Figuras 2 e 3), desde o couro cru (pele fresca ou salgada) até o couro totalmente acabado. - Curtume de “Wet-Blue”: processa desde o couro cru até o curtimento ao cromo ou descanso / enxugamento após o curtimento “wet-blue”, devido ao aspecto úmido e azulado do couro após o curtimento ao cromo. - Curtume de Semi-Acabado: utiliza o couro “wet-blue” como matéria-prima e o transforma em couro semi-acabado, também chamado de “crust”. Nas Figuras 2 e 3, sua operação compreenderia as etapas desde o enxugamento ou rebaixamento até o engraxe ou cavaletes ou estiramento. - Curtume de Acabamento: transforma o couro “crust” em couro acabado. Na Figura 3, corresponde às operações desde cavaletes ou estiramento ou secagem até o final (estoque / expedição de couros acabados). Há quem também inclua nesta categoria os curtumes que processam o “wet-blue” até o seu acabamento final. Os couros curtidos com crômio são comumente chamados de wet blue. São couros prontos para serem submetidos a tingimentos, recurtimento e acabamento, que irão conferir as características desejadas ao produto final. Atualmente, cerca de 98% dos couros produzidos no Brasil são curtidos com sais de crômio. Figura 6 - Máquina da seção de rebaixadeiras – rebaixamento dos couros recém- curtidos ao cromo (“wet-blue”), para ajuste de sua espessura. Na sequência, tem-se um quadro com a descrição geral das principais etapas do processo como um todo: ACABAMENTO O acabamento praticamente constitui a última etapa do processamento. São aplicadas composições de produtos por meio de pistolas ou equipamento especial sobre a flor do couro que consiste na camada superior do couro. A flor contém o desenho da superfície da pele formado pelas aberturas dos folículos pilosos e poros após a retirada dos pelos (depilação). O desenho é mantido após o curtimento e cada tipo de pele possui sua característica própria. Assim, o couro de boi apresenta uma flor característica e o de ovelha tem outra, por exemplo. Considera-se que a principal finalidade do acabamento é a de melhorar o aspecto e servir, ao mesmo tempo, como proteção para o couro. O acabamento pode ser subdividido em três etapas: acabamento molhado, pré-acabamento e acabamento final. Concluindo na etapa de acabamento são executados tratamentos complementares às operações anteriores, que darão o aspecto final ao couro pronto. O acabamento inclui as operações de recurtimento , quando são feitas correções da flor para reparar arranhões e defeitos e definir características como maciez, elasticidade, enchimento, toque e tamanho do poro da flor, tingimento, que confere cor, engraxe, que influi em características como resistência à tração, impermeabilidade, maciez, flexibilidade, toque e elasticidade, secagem, lixamento e acabamento propriamente dito, última etapa do processamento, quando são aplicados produtos sobre a flor para melhorar seu aspecto e aumentar a proteção para o couro. O CURTIMENTO DE COURO AO LONGO DO TEMPO Estudam mostram que as antigas civilizações já conheciam técnicas de preparação e curtimento de peles e couros. Existem registros do uso de couros para confecção de sandálias no Antigo Egito, Pérsia, China e durante o império romano. Hoje a indústria do couro emprega alta tecnologia, e começa a adotar práticas de produção que levam em conta a preservação do meio ambiente. Figura 7 – Registram Comprovam que Desde a Antiguidade o Curtimento de Couro já Era Realizado As peles de animais vêm sendo usadas há milênios pelo homem para proteger o corpo do frio e da chuva, construir moradias e produzir artefatos com tiras amarradas a pedras e paus. Ao longo do tempo, nossos antepassados foram descobrindo os elementos necessários para dar resistência, flexibilidade e durabilidade às peles, para que atendessem às necessidades humanas. É possível que a evolução dos processos de curtimento tenha seguido a seguinte ordem: ação da fumaça sobre as peles; uso de graxas e óleos de animais; exposição simultânea à fumaça e ao calor do fogo; uso de restos de vegetais e plantas sobre as peles, dando origem ao curtimento vegetal; descoberta de que o contato com o solo provocava alguns efeitos sobre as peles. Há mais de 5 mil anos os antigos egípcios já curtiam os couros e com eles produziam objetos de arte e sandálias que eram usadas por nobres e faraós. Os chineses também aproveitavam as peles dos animais que caçavam e curtiam o couro com barro e sais de alúmen de crômio. Figura 8 - Homens da Antiguidade Trabalhando no Processo de Curtimento do Couro Ainda durante a Antiguidade, em Pérgamo, na Grécia, foram desenvolvidos os pergaminhos usados para escrita, feitos com peles de ovelha, cabra ou bezerro. O couro era usado também para confecção de elmos, escudos, e nas velas de navios. Durante o Império Romano, peles e couros tinham grande valor, e eram negociados nos intercâmbios comerciais. Os romanos assimilaram as técnicas de curtimento dos povos conquistados, e foram aperfeiçoando os procedimentos. O COURO NO BRASIL Dados do Centro das indústrias de curtumes do Brasil mostram que o Brasil conta atualmente com 310 curtumes que movimentam a indústria no país com exportação para 80 países como China, Itália e Estados Unidos. O setor coureiro no país emprega todo o ano mais de 40 mil pessoas destacando que o Brasil possui o maior rebanho bovino comercial do mundo. Figura 9 - Rebanho Bovino Os esforços se mantêm sempre constantes para que o país continue como uma referência em couros, mesmo lidando com possíveis reduções na competitividade internacional, oriundas principalmente de questões cambiais, créditos não devolvidos, altos tributos e juros, falhas na infraestrutura, a burocracia entre outros. Para os próximos anos, uma série de projetos serão executados pelo CICB, contando com a coesão da indústria brasileira. Aliado com uma eficiente equipe de inteligência internacional, grupo de marketing e comunicação, além de profissionais para suporte em design e sustentabilidade, o CICB pretende expandir mercados, aprimorar produtos e crescer com a economia mundial. Missões empresariais em países considerados promissores para a compra de couro estão entre os projetos a serem executados ainda este ano, e que devem se repetir com a participação cada vez maior das companhias brasileiras. COURO E SUAS APLICAÇÕES O processo de curtimento é cheio de etapas e cuidados a serem seguidos. Toda parte do processo tem sua importância desde o produtor pecuarista até o acabamento final, a cadeia produtiva do couro envolve muitas técnicas, maquinas e profissionais e movimentandoa economia, abaixo um quadro mostrando mais precisamente a cadeia produtiva do couro, o seu caminho percorrido para que ele chegue até o consumidor sendo como forma de vestuário, bolsas, sapatos e outros acessórios na indústria da moda, ou em diversas outras como a automobilística e mobiliária. Figura 10 – Cadeia Produtiva do Couro Abaixo imagens das inúmeras aplicações do couro: Figura 11 – Diversas Aplicações do Couro REFERÊNCIAS PACHECO, José Wagner Faria. CURTUMES. São Paulo: CETESB Série P + L, 2005. Disponível em:<http://www.crq4.org.br/downloads/curtumes.pdf> Acesso em: 29/08/2017 http://www.crq4.org.br/downloads/curtumes.pdf MENDA, Mari. QUÍMICA VIVA: COUROS E PELES. Conselho Regional de Química – IV Região, 2012. Disponível em:<http://www.crq4.org.br/couros_e_peles> Acesso em: 29/08/2017 CICB – Centro de Industrias de Curtumes do Brasil. O COURO E O CURTUME BRASILEIRO. 2016. Disponível em:<http://www.cicb.org.br/cicb/sobre-couro> Acesso em: 29/08/2017 Projeto Fluxograma. PROCESSAMENTO DE PELE EM COUROS. UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Disponível em:http://www.ppgeq.ufrgs.br/projetos/curtumes/projeto_fluxograma_under.htm Acesso em: 29/08/2017 CRQ4- Conselho Regional de Química 4ª Região. Química Viva: TRATAMENTO QUÍMICO DE COUROS E PELES NA HISTÓRIA. Disponível em:<http://crq4.org.br/default.php?p=texto.php&c=couros_e_peles_historia> Acesso em: 29/08/2017 PROCHMANN, Angelo. CADEIAS PRODUTIVAS APRESENTAÇÃO. Slide Share, 2012. Disponível em:< https://pt.slideshare.net/angeloprochmann/cadeias-produtivas-apresentao- angelo-prochmann> Acesso em: 29/08/2017 http://www.crq4.org.br/couros_e_peles http://www.cicb.org.br/cicb/sobre-couro http://www.ppgeq.ufrgs.br/projetos/curtumes/projeto_fluxograma_under.htm http://crq4.org.br/default.php?p=texto.php&c=couros_e_peles_historia https://pt.slideshare.net/angeloprochmann/cadeias-produtivas-apresentao-angelo-prochmann https://pt.slideshare.net/angeloprochmann/cadeias-produtivas-apresentao-angelo-prochmann
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