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Estudo de caso- Hip Hop

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O hip-hop é um movimento cultural que surgiu nos Estados Unidos nos anos 1970, no Bronx de Nova York, resultado dos confrontos e trocas culturais entre negros norte-americanos, jamaicanos e porto-riquenhos. Em um contexto de excessiva violência urbana e alta criminalidade, os jovens tinham apenas as ruas como forma possível de lazer. Assim, conseguiam se expressar nesse ambiente por meio da música, da dança e da pintura, manifestando e contestando a realidade em que viviam. Significou dessa forma a organização espontânea de uma conversa intercultural de jovens marginalizados no interior da grande cidade norte-americana.  Os pilares da cultura do Hip Hop eram definidos por quatro pontos principais, sendo eles o DJ, o MC, o B-boy/breakdance (dança) e o Graffitti. Dessa maneira, o Hip Hop se tornava uma cultura inclusiva da qual todos poderiam participar, contribuindo com criatividade e arte. 
O hip-hop chegou ao Brasil na década de 80 a cidade de São Paulo, quando os jovens começaram a receber informações do movimento que estava acontecendo em Nova York. Naquela época, o rap ainda era considerado um estilo musical violento e tipicamente periférica. Em 1984, o grupo norte-americano Public Enemy veio ao Brasil para fazer seu primeiro show em São Paulo, impactando muitos pessoas com aquela nova cultura. Assim o rap começou a se difundir rapidamente entre as periferias da cidade, mexendo com a autoestima de jovens que buscavam um meio de se integrar à juventude da sua época, dentro de uma sociedade minada de preconceitos e que vivia em um regime de ditadura.
Neologismo é o nome que se dá a uma palavra recém-criada ou a uma palavra já existente que adquire um novo significado. Assim, cria-se uma palavra ou dando outro sentido a uma já existente, com o intuito de expressar pensamentos de forma mais eficaz. 
Viviane- “Letra V” - VACILÃO.
Hoje no Brasil o Hip Hop conta com sonoridades mistas, que, apesar de ser diferente das tracks antigas, a essência permanece, sempre com o objetivo de relatar vivências e denunciar injustiças que ocorrem nas periferias das cidades grandes. A cultura hip hop não é composta apenas pelo estilo de danças e pelos rappers, o grafite e a vestimenta também são importantes manifestações dessa forma de expressão artística. 
Infelizmente enquanto cursava o ensino médio pouco se percebia a diversidade cultural desses movimentos. Acredito que na época ele ainda era visto com preconceito e não como uma forma de manifestação cultural urbana rica, a ser explorada no contexto escolar.
O hip-hop, através de ações artísticas, culturais e políticas, constituiu-se como exemplo de cultura contemporânea de resistência negra, possibilitando a expressão da voz do marginalizado, do excluído, além de uma reflexão acerca daquilo que reprime as classes menos favorecidas. Observa-se especificamente a construção do estilo rap como relato da exclusão, da violência, e também da riqueza cultural e da resistência. Neste sentido, o conhecimento pode provocar interferência e expandir os sentidos, a visão de mundo, aguçando o espírito crítico. “É nesse contexto de exclusão e de marginalização que o rap se encaixa como meio de luta e de sobrevivência no Brasil”. (RIGHI, 2011, p. 53).
Expressar arte e política através da rima, dos beats, dos movimentos do corpo ou dos sprays nos muros é um dos desafios do Hip Hop, movimento cultural que tem origem na comunidade negra das periferias urbanas. Nas grandes capitais do país, a luta por direitos como moradia, transporte, educação, igualdade de gênero e raça trouxe embates entre a sociedade e os governos. Salvador Ba, especialmente nos anos 90, foi lócus de conflituosas relações nas quais movimentos sociais, ONG’s e poder público constituíram os principais atores. Entre os anos de 2005 e 2012 iniciou um maior canal de diálogo entre poder público e população com os movimentos sociais. Outra constatação importante é a participação das mulheres na história de constituição do hip-hop baiano, encontros baianos de Gênero e Hip-Hop. Os I e II Encontros Estaduais de Gênero e Hip-Hop são realizados, desde 2003. O encontro tem como objetivo refletir sobre a importância da mulher no hip-hop como vetor de transformação social. A programação incluiu oficinas de rap, grafite, break e DJ, são debatidos temas como A Importância da Mulher Negra nas Matrizes Africanas; Saúde, sexualidade. Na Bahia, há que se destacar o papel que as ONGs e o Movimento Negro, tiveram na formação política/artística/cultural dos ativistas do hip-hop baiano. Particularmente, o Movimento de Mulheres Negras e algumas das suas atividades contribuíram com que as mulheres negras jovens da geração hip-hop construam uma consciência feminista através da arte.
PROTOCOLO: 2021041215778082C2BE1A503D
12/04/21 15:18

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