Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
Reinádissa Brito 2021.1 @medicinareina A média da duração da gravidez humana única é de 280 dias (40 semanas) contados a partir do primeiro dia do último período menstrual, sendo definida a gravidez a termo como o período de 259 dias até 293 dias, após o último ciclo (37 a 41 e 6/7 semanas). Trabalho de parto (TP), é um processo fisiológico que envolve uma sequência de eventos integrados e de modificações no miométrio, decídua e colo uterino, que ocorrem gradualmente em período de dias ou de semanas seguidas. O TP é caracterizado por aumento da atividade miometrial ou, mais precisamente, mudança dos padrões contráteis de baixa frequência e intensidade, para um modelo de contrações de alta intensidade e frequência, resultando em esvaecimento progressivo e dilatação do colo uterino. Clinicamente, o TP é definido por: Uma mudança na atividade uterina; Que em nenhum momento durante o ciclo gestatório é absolutamente quiescente ou ausente. Aumento progressivo de contrações, de maior duração, intensidade e ritmicidade; Progressivo esvaecimento; Afinamento e dilatação do colo uterino. Elementos que se combinam para desencadear os fenômenos passivos indicadores de seu início. Os processos fisiológicos que regulam o processo de parturição e do parto continuam em estudo para serem definidos claramente. Está assentado que o início do evento representa o ápice de uma série de mudanças bioquímicas no colo e no corpo do útero, que provêm de sinais endócrinos e parácrinos emitidos da mãe e do feto de modo simultâneo. Contratilidade uterina; Trabalho de parto; Trajeto; Fases Clínicas do Parto; Mecanismo de parto e Partograma Reinádissa Brito 2021.1 @medicinareina O conceito de que a contratilidade é a principal mentora do sucesso desse evento não encontra suporte na literatura científica. Segundo Norwitz et al. a parturição mais rápida resultaria muito mais da diminuição progressiva da resistência de tecidos moles da pélvis do que da alta atividade miometrial. O TP a termo é evento de natureza multifatorial e seu determinismo envolve vários mecanismos que ocorrem gradualmente por vários dias e semanas, no interior dos tecidos uterinos maternos. As principais mudanças incluem aumento da biossíntese de PG (prostaglandina) e sua liberação no útero, aumento das junções GAP (comunicações intercelulares) e da liberação dos receptores de ocitocina. Quando o miométrio e a cérvix estão preparados, os fatores endócrinos, parácrinos e autócrinos da unidade fetoplacentária modificam seu padrão irregular para regular, iniciando-se a ativação miometrial compatível com a parturição. O feto parece estar no controle do início do TP, coordenando a ligação da produção dos hormônios esteroides sexuais sobre: atividade miometrial, mecanismo de distensão do útero, secreção de hormônios da neuro- hipófise e estimulação da síntese de PGs. GESTAÇÃO Até 28 semanas de gestação atividade uterina é muito baixa diminutas contrações que se restringem a pequenas áreas uterinas, são indolores e se confundem com os movimentos fetais variam de 2 a 8 mmHg Após 30 semanas se tornam mais frequentes e perceptíveis até que quatro semanas antes do parto, chamado de período pré-parto, ganham intensidade e se difundem por área maior no globo uterino denominam-se contrações de Braxton-Hicks intensidade chega a 8 mmHg em média, com frequência de 3 contrações por hora No período pré-parto As contrações do pré-parto adaptam e insinuam a apresentação fetal na bacia O orifício externo cervical atinge em média 2 cm de dilatação com apagamento de 70% nas nulíparas, e 2,5 cm de dilatação e pagamento de 50%, nas multíparas. Têm a função de: encurtar o corpo uterino tracionar longitudinalmente o segmento e o colo uterino, que progressivamente se apaga e gradativamente se dilata OBS: a cada contração do corpo uterino, o segmento inferior é estirado no sentido longitudinal. Há adelgaçamento de suas paredes As contrações só passam a ser percebidas à palpação abdominal depois que sua intensidade ultrapassa o valor de 10 mmHg. As contrações são habitualmente indolores até que a sua intensidade ultrapasse 15 mmHg (valor médio para parturientes sem analgotocia). Contratilidade uterina Reinádissa Brito 2021.1 @medicinareina Curioso pensar que, apesar de existir atividade uterina durante a gestação, não há descolamento placentário em condições fisiológicas. Isso ocorre pelo fenômeno chamado de “bloqueio progesterônico”. Na área de inserção placentária, há alto nível de progesterona, produzida pela placenta que acaba sendo absorvida pelo miométrio antes de ser levada pela circulação sanguínea. A progesterona tem ação local sobre a condução elétrica e consequentemente a contração uterina, especificamente no sítio placentário. Isso protege a paciente de um descolamento placentário durante a gestação, trabalho de parto e durante o próprio período expulsivo. A fase preparatória, denominada de pré-parto, precede esses eventos em alguns dias ou semanas. Os sinais mais importantes dessa fase são: descida do fundo uterino geralmente de 2 a 4 cm, eliminação do muco pelas glândulas cervicais podendo vir acompanhado ou não de pequena perda sanguínea, amolecimento do colo com posterior apagamento, modificação do direcionamento do colo para o centro do eixo da vagina, contrações uterinas dolorosas, incoordenadas e irregulares. PARTO No trabalho de parto, as contrações uterinas são frequentes, intensas e dolorosas. Ocorre transição gradativa com acréscimo da intensidade e da frequência, de forma a passar do período pré-parto para o franco trabalho de parto. Em média: contrações atingem 30 mmHg, com frequência de 2-3 em 10 minutos duração média de 30 segundos, durante o Período inicial da dilatação (2 a 3 cm) Até atingir: 40 mmHg de intensidade com frequência de 4-5 contrações em 10 minutos Período final da dilatação Durante o período expulsivo, as contrações chegam a 5 em 10 minutos, com duração média de 50 segundos e intensidade de 50 mmHg. Também, somam-se às contrações uterinas movimentos involuntários de fechamento da glote com retesamento dos músculos abdominais, os chamados “puxo”. Tais puxos tem intensidade de 50mmHg, que então, somados (contrações do período Reinádissa Brito 2021.1 @medicinareina expulsivo e puxos), chegam à incrível intensidade de 100 mmHg. OBS: puxos são como uma vontade incontrolável de fazer força como nas evacuações. Também durante o trabalho de parto, o útero vai encurtando e espessando na região do fundo, à medida que as contrações vão evoluindo e o colo uterino dilatando. O istmo é tracionado para cima e, em conjunto com a pressão exercida pela bolsa amniótica ou pelo polo cefálico, contra o colo, atuando em forma de cunha, constitui também fator determinante para a dilatação cervical. Em média, o trabalho de parto de uma primípara demora 10 a 12 horas e o de multíparas 6 a 8 horas. OBS: A sensação dolorosa se deve à hipóxia das fibras musculares do útero durante as contrações. Essas contrações, ditas efetivas, provocarão a dilatação do colo devido à tração que as fibras musculares do corpo uterino exercem sobre o segmento inferior e pela apresentação fetal insinuada, que exerce pressão hidrostática sobre a cérvix SECUNDAMENTO Após a expulsão do feto, as contrações uterinas se mantêm, a fim de promover o desprendimento da placenta da sua área de inserção, para que ocorra a dequitação. PUERPÉRIO Após 12 horas de ocorrido o parto, as contrações uterinas diminuem até a frequência de 1 a cada 10 minutos. A atividade uterina nessa fase é indispensável para inibir a hemorragia pós-parto, sendo as contrações uterinas que selam os vasos sangrantes da zona de inserção placentária, sem as quais, a mulher sangraria até a morte. São também as contrações uterinas responsáveis pela expulsão dos coágulos e dos lóquios durante o puerpério. Após as primeiras 24 horas, em geral, essas contrações são perceptíveis no momento do aleitamento, quando a puérpera sente cólicas, chamadas de dores de tortos. São responsáveis pelo retorno uterino gradativo para a pelve feminina durante o transcurso das fases puerperais. Reinádissa Brito 2021.1 @medicinareina FASES DA FISIOLOGIA DA ATIVIDADE CONTRÁTIL UTERINA De modo didático, a atividade miometrial ao longo da gravidez poderia ser dividida nas seguintes fases. Fase 0: inibição ativa A atividade miometrial inibida: durante a maior parte do período gestacional o útero tem sua cinética quiescente, decorrente da ação atribuída a várias substâncias inibidoras, a saber: Progesterona; Prostaciclinas (prostaglandina – PG – 1 e 2); Relaxina; Óxido nítrico; Peptídeos relacionados ao gene da calcitonina; Peptídeos relacionados ao hormônio da paratireoide; Adrenomodulina; Peptídeo vasoativo intestinal. OBS: útero apresenta atividade contrátil durante toda a gravidez, embora a frequência, localização e intensidade das contrações, não são suficientes para deflagrar o processo da parturição. Fase 1: Atividade miometrial Período próximo ao termo, quando o útero começa a reagir às ações de substâncias com poder uterotrópico, por exemplo, os estrogênios. A fase é reconhecida pela ativação dos receptores associados a proteínas (CAP), principalmente os de ocitocina e de PGs, dos canais de íons e aumento das chamadas conexinas-43, que fazem parte das GAP (comunicações intercelulares). Esse processo aumenta a sincronia elétrica miometrial e facilita a efetiva coordenação das contrações. PROSTAGLANDINAS São hormônios predominantemente parácrinos/autócrinos, isto é, atuam no próprio sítio de produção ou em células contínuas. O aumento de sua biossíntese é observado tanto nos partos a termo como nos pré-termo, particularmente as PGs das séries de subtipos E e F, dentro do compartimento uterino, com predomínio para as decíduas e para as membranas fetais. As evidências da importância e do papel das PGs podem ser sumariadas: Os tecidos do útero humano são seletivamente ricos em ácido araquidônico, precursor fundamental para a biossíntese das PGs; Há aumento das concentrações de PGs durante o parto no líquido amniótico, plasma e urina maternos; A administração vaginal, intravenosa e intra- amniótica de PG exógena pode iniciar o parto em qualquer época da gravidez e em qualquer espécie animal. Estão envolvidas em três importantes eventos: sincronização das contrações, esvaecimento cervical e aumento da responsividade uterina à ação da ocitocina, devido ao aumento da produção das GAP e da concentração dos receptores da ocitocina. Reinádissa Brito 2021.1 @medicinareina OCITOCINA A ocitocina é um hormônio peptídeo produzido no hipotálamo e liberado pela neuro-hipófise, com meia-vida curta de 3 ou 4 minutos, que parece se encurtar ainda mais quando doses grandes são infundidas. É inativada no fígado e nos rins, embora durante a gravidez seja degradada por ação da ocitocinase placentária. Por ser bem conhecida sua capacidade de induzir com sucesso o TP, considerou-se que essa ação fosse a maneira lógica de explicar o seu início. Além do mais, é uma uterotonina potente e é encontrada naturalmente em todos os seres humanos. As evidências de seu papel na parturição que se conhecem estão sumariadas abaixo: É o mais potente agente uterotônico de produção endógena; A frequência e amplitude de suas contrações induzidas são idênticas às do TP; Contrações uterinas podem ser provocadas pela estimulação elétrica da hipófise posterior ou por estimulação dos mamilos (o controverso reflexo de Fergunson), com aumento de sua circulação no sangue; Os análogos de ocitocina que competem por seus receptores, bloqueando-os, inibem o TP; O número de seus receptores aumenta ao final da gestação nos tecidos deciduais e no miométrio; A ocitocina age na decídua para promover a liberação de PGs; Há dados abundantes para sustentar seu papel no segundo estágio do TP, no puerpério imediato e durante o aleitamento Fase 2 Fase de estimulação, quando o útero, “devidamente preparado”, pode ser estimulado pelos agonistas uterotônicos como as PGs E2 e F2-alfa, as endotelinas-1 e a ocitocina Em humanos: é razoável considerar que o feto, alcançando suficiência na maturidade de seus órgãos, “sinalizasse” para o processo de parturição se iniciar. O “sinal” que seria emitido pelo concepto não é conhecido ou foi identificado no ser humano, sendo apenas sugerido. Em ovelhas: o “sinal” emitido pelo feto suspenderia a fase zero de completa inibição, fato que coincidiria com a queda vertiginosa da progesterona em circulação; O circuito desse processo caminharia a partir do cérebro, hipófise, adrenais, sangue fetal e trofoblasto. A interrupção da fase zero se faria pelo aumento do cortisol produzido na adrenal fetal, geneticamente codificada para ativar enzimas responsáveis pela esteroidogênese. Nos humanos, o “sinal de partida” poderia ser transmitido dos pulmões ou rins, por meio de secreções ou excreções desses órgãos, para o interior do líquido amniótico – o braço parácrino do sistema de comunicação do binômio mãe-feto; Esta fase do processo poderia ser dividida em três estágios individualizados: a. O primeiro deles: começa quando podem ser identificadas contrações com frequência, intensidade e duração suficientes para provocar demonstráveis esvaecimento e dilatação do colo uterino. Terminaria quando a dilatação atingisse suficiente espaço para permitir a passagem do feto, havendo importante liberação da ocitocina no plasma materno nesse momento, mas predominam os níveis de PGs no líquido amniótico e na corrente sanguínea materna, que aumentam de modo significativo durante todo o processo; b. O segundo estágio começaria quando a dilatação atingisse seu máximo e terminaria quando o feto é expulso do ventre materno. Neste momento, a ocitocina plasmática aumenta de modo dramaticamente intenso; c. O terceiro estágio inicia-se imediatamente após o parto do feto, terminando com a expulsão completa da placenta e das membranas e, ao contrário do que se considera em geral, com o prosseguimento regular Reinádissa Brito 2021.1 @medicinareina da atividade uterina, com contrações muito fortes e de alta intensidade, agora desacompanhadas de dores ou desconforto maiores, mas passíveis de serem demonstradas ou até percebidas pela mãe. Há forte retração do volume uterino com a saída de seu conteúdo principal e a placenta se separa, em mecanismo originado pela desproporção de dimensões entre o sítio de sua implantação e do músculo uterino encolhido, clivagem ademais facilitada pela natureza da estrutura esponjosa da decídua subjacente. Acompanhando de modo passivo o processo de redução da superfície uterina, as membranas começam a se descolar submetidas gravitacionalmente pelo peso da placenta, com tração de seu conjunto de páreas e pela forte contração da massa muscular uterina, terminando por serem expulsas, quando, então, se aproximam mais as paredes do útero, restando em aposição, quase obliterando por completo a cavidade. O processo, realizado de modo espontâneo e fisiológico, auxilia de modo poderoso a primeira fase do tamponamento uterino, evitando perdas sanguíneas maiores e desnecessárias. Fase 3 A involução uterina pós-parto é mediada primariamente pela ocitocina. De modo geral, esse neuro-hormônio está em níveis elevados no segundo período do TP (final da fase 3), no início do pós-parto e durante a maior parte do tempo de aleitamento. Sua necessidade torna-se mais evidente no processo final de contração e retração uterinas firmes e persistentes, providências essenciais para evitar as hemorragias pós- parto, após a saída do feto, placenta e membranas. A ocitocina garantiria contrações persistentes e por mecanismos mais complexos, a involução uterina até o fim do puerpério tardio. Para a ejeção láctea, sua presença é fundamental e a amamentação estimula sua presença permanente e prolongada na circulação, assegurando mais rápido o processo de involução uterina. Trajeto duro ossos da bacia Trajeto mole músculos da região pélvica (diafragma pélvico e diafragma urogenital), útero e vagina, formam o trajeto ou canal do parto. As partes moles do canal do parto são sustentadas pela bacia óssea (trajeto duro). O trajeto mole é constituído pelo segmento inferior do útero, colo do útero, vagina e região vulvoperineal. OBS: Anomalias no trajeto mole podem dificultar o parto, causando distocias. Essas anomalias podem se localizar em quaisquer porções do canal do parto (útero, colo, vagina, vulva) e podem decorrer da presença de tumores extrauterinos. Trajeto TRAJETO: duro & mole Reinádissa Brito 2021.1 @medicinareina ANATOMIA DA PELVE ÓSSEA A pelve obstétrica/bacia obstétrica está dividida em grande (pelve falsa) e pequena bacia ou escavação. Os ossos são: dois ilíacos, o sacro e o cóccix, que, por sua vez, são constituídos pela união do ílio, ísquio e púbis. Esses ossos se articulam entre si dando origem às articulações denominadas: sínfise púbica, articulações sacroilíacas e sacrococcígea. PELVE FALSA ou pelve grande Se localiza acima da linha terminal, tendo como limite lateral as fossas ilíacas, posteriormente à coluna vertebral e anteriormente à porção inferior da musculatura abdominal. PELVE VERDADEIRA É a parte da bacia mais importante do ponto de dista da parturição. Localiza-se abaixo da linha terminal. Reinádissa Brito 2021.1 @medicinareina Seus limites são constituídos superiormente pela linha terminal, posteriormente pela superfície anterior do sacro, lateralmente pela superfície interna dos ísquios, ligamentos e fendas sacrociáticas e anteriormente tem como limite o púbis, o ísquio e o forame obturador. DIÂMETROS DA BACIA Do ponto de vista obstétrico, para a avaliação da via de parto, é necessário apenas o conhecimento das dimensões da bacia menor. A bacia menor é também denominada escava, escavação ou bacia obstétrica. Didaticamente, ela é dividida nos estreitos superior, médio e inferior e consideram-se seus respectivos diâmetros. OBS: Esses estreitos são denominados no sentido da progressão do produto conceptual e a divisão tem importância na diferenciação dos tipos de distocias ósseas, que são causadas por alterações na bacia obstétrica. Reinádissa Brito 2021.1 @medicinareina Estreito superior Diâmetro anteroposterior, de interesse obstétrico, traçado do promontório até a borda superior da sínfise púbica, cujo nome é diâmetro promonto suprapúbico (conjugata vera anatômica) e mede 11 cm. a. Estreito superior da bacia, visto de cima Estreito médio Delimitado no sentido posteroanterior pelo ápice do sacro (precisamente entre as vértebras S4 e S5), passa pelo processo transverso da S5, pela borda inferior dos ligamentos sacroisquiáticos e pelas espinhas isquiáticas e segue anteriormente até a margem inferior da sínfise púbica. c. estreito médico, visto de baixo Dois diâmetros devem ser citados: o sacromediopúbico (anteroposterior), que vai do meio da concavidade do osso sacro (S4/S5) até o meio da face posterior da sínfise púbica, medindo 12 cm; e o bi-isquiático (transverso), que se estende de uma espinha isquiática à outra, mede 10,5 cm e é o ponto de maior estreitamento do canal de parto. Estreito inferior É delimitado, no sentido posteroanterior, pelo promontório e pela ponta do cóccix; estende-se pela borda inferior do grande ligamento sacroisquiático, pela face interna da tuberosidade isquiática e pela borda inferior do ramo isquiopúbico, até atingir a sínfise púbica. Esse estreito é representado por dois triângulos, tendo como base uma linha que passa pela tuberosidade isquiática. O anterior tem seu ápice no meio da borda inferior da sínfise púbica e o posterior o tem na ponta do cóccix. d. estreito inferior, visto de baixo Existe um diâmetro anteroposterior traçado da ponta do cóccix ao meio do diâmetro bituberoso denominado diâmetro sagital posterior (com 7,5 cm), que não possui interesse obstétrico. Contudo, odiâmetro cóccix-subpúbico, que se estende da ponta do cóccix à borda inferior da sínfise púbica e mede 9,5 cm é de interesse obstétrico e, na fase final da expulsão fetal, após a retropulsão do sacro, amplia-se em 2 a 3 cm, recebendo o nome de conjugata exitus. Já o diâmetro transverso se situa entre as duas faces internas da tuberosidade isquiática, mede 11 cm e é chamado biisquiático ou bituberoso. Reinádissa Brito 2021.1 @medicinareina TIPOS DE BACIA Para o entendimento do mecanismo que envolve o parto vaginal e suas distocias, faz- se necessária a compreensão dos diversos tipos de bacia existentes na espécie humana. OBS: A raça, as condições socioeconômicas, a atividade física, as características nutricionais da infância e da adolescência, além de o habitat interferem na formação da bacia. A classificação realizada no século passado por Caldwell et al. (1934) propõe quatro tipos de bacia: 1. Ginecoide 50% das mulheres estudadas apresenta o estreito superior arredondado 2. Antropoide bacia dos macacos tem estreito superior alongado no sentido anteroposterior OBS: As bacias das negras tendem para o tipo antropoide, sendo a conjugata vera obstétrica mais longa que o diâmetro transverso do estreito superior. Esse tipo de bacia é favorável ao parto graças à maior amplitude da hemipelve posterior. 3. Androide é a masculina estreito superior é levemente triangular OBS: As mulheres urbanas têm uma tendência maior a bacias ovaladas, ao passo que as campestres têm tendência a bacias arredondadas. 4. Platipeloide estreito superior ovalado com o diâmetro anteroposterior reduzido Reinádissa Brito 2021.1 @medicinareina OBS: Dessa forma, em virtude da miscigenação e das mudanças de hábito, sabe-se hoje que existem outras formas mistas de bacias obstétricas, e não apenas as quatro formas típicas. A pélvis feminina atinge sua morfologia obstetricamente mais adequada entre 25-30 anos. A forma da bacia feminina torna-se mais redonda (mais ginecoide) até cerca de 40 a 45 anos, e mais oval a partir de então. O ângulo subpúbico diminui em fêmeas após 40 a 45 anos PARTURIÇÃO O parto é caracterizado por contrações das fibras miometriais, cujas principais funções são a dilatação cervical e a expulsão do feto através do canal de parto. Essas contrações são dolorosas, porém, antes do seu início, o útero sofre modificações fisiológicas e bioquímicas locais concomitantes ao aumento da frequência de contrações indolores (contrações de Braxton Hicks), até que o verdadeiro trabalho de parto seja deflagrado. O processo fisiológico que regula tais modificações não possui um marco bem definido como as fases clínicas do parto, contudo, pode ser dividido em quatro etapas: 1º período ou fase de dilatação 2º período ou fase de expulsão 3º período ou secundamento 4º período ou 1ª hora pós-parto O Zugaib trás como: Fases clínicas do parto Reinádissa Brito 2021.1 @medicinareina QUIESCÊNCIA- fase 1 É caracterizada por relativa ausência de resposta a agentes que determinam a contratilidade uterina. Ela se inicia com a implantação do zigoto e perdura por quase toda a gestação. Apesar de algumas poucas contrações serem observadas nesse período, elas não modificam a estrutura cervical nem causam dilatação do colo uterino. ATIVAÇÃO – fase 2 Prepara o útero e o canal cervical para o trabalho de parto e dura aproximadamente 6 a 8 semanas. Esta preparação determina algumas modificações cervicais e caracteriza- se pela descida do fundo uterino ESTIMULAÇÃO- fase 1 Que pode ser clinicamente dividida em três períodos (1º Pdilatação, 2ºPexpulsão e 3ºP dequitação) e cujo fenômeno mais importante são as contrações uterinas efetivas. Para um adequado trabalho de parto, essas contrações devem apresentar uma frequência regular entre duas e cinco contrações a cada 10 minutos, intensidade de 20 a 60 mmHg (média de 40 mmHg) e duração entre 30 e 90 segundos (média de 60 segundos). 1º período DILATAÇÃO Inicia-se com as primeiras contrações dolorosas, cuja principal ação é a modificação da cérvix; Assim, esse período começa com as primeiras modificações cervicais e termina com a dilatação completa do colo uterino (10 cm) de modo a permitir a passagem fetal; Essas modificações abrangem dois fenômenos distintos: o esvaecimento cervical e a dilatação propriamente dita; O esvaecimento e a dilatação cervical são fenômenos distintos. Nas primíparas, ocorrem nessa ordem, sucessivamente: primeiro o esvaecimento, de cima para baixo, e depois a dilatação do orifício externo; já nas multíparas, são simultâneos; O esvaecimento ou apagamento do canal cervical consiste na incorporação do colo à cavidade uterina, terminando com a formação de um degrau ao centro da abóbada cervical. Reinádissa Brito 2021.1 @medicinareina O padrão de dilatação cervical durante as divisões de aceleração e de dilatação é representado por uma curva sigmoide dividida em duas fases. A fase latente, que corresponde à divisão de preparação, e a fase ativa, que corresponde à dilatação, sendo esta composta, segundo Friedman, em fase de aceleração, fase de aceleração máxima e fase de desaceleração. Reinádissa Brito 2021.1 @medicinareina Fase latente Friedman (1972) definiu essa fase como o momento em que a parturiente percebe as contrações uterinas regulares, pouco dolorosas. Normalmente, é o período até a dilatação de 3 a 5 cm, definido como limite de dilatação da fase latente e o início da fase ativa. A dilatação nessa fase é em média de 0,35 cm por hora, com duração variável, de difícil delimitação. A fase latente é considerada prolongada quando se estende por mais de 20 horas nas nulíparas e 14 horas nas multíparas. Fase ativa Fase caracterizada por contrações dolorosas, com aumento gradual de frequência e intensidade, levando à rápida dilatação do colo. As taxas de dilatação cervical, segundo Friedman (1972), variam de 1,2 a 6,8 cm por hora. A fase ativa tradicionalmente se inicia com entre 3 e 4 cm; multíparas evoluem, em média, 1,5 cm por hora, com 2,4 horas(máximo de 5,2 horas) de duração, e nulíparas, 1,2 cm por hora, com 4,6 horas (máximo de 11,7 horas) de duração. 2º período EXPULSÃO O feto é expelido do útero através do canal de parto por meio da ação conjugada das contrações uterinas e das contrações voluntárias dos músculos abdominais (puxos). Nesse período, ocorre a maioria dos fenômenos mecânicos do parto e o canal de parto é completamente formado, ou seja, o segmento inferior do útero, o canal cervical totalmente dilatado e a vagina formam uma única cavidade; O útero fica imobilizado pela ação de contenção dos ligamentos largo (lateralmente), redondo (superiormente) e uterossacro (posteriormente); e a resultante de força das contrações miometriais converge sobre o orifício interno do colo uterino, contra o qual a apresentação fetal é impelida. A evolução de descida do polo cefálico é representada por uma curva hiperbólica e divide-se em fase pélvica e fase perineal. Reinádissa Brito 2021.1 @medicinareina 3º período DEQUITAÇÃO Também chamado secundamento; A dequitação ocorre entre 10 minutos e 1 hora após o parto; O útero expele a placenta e as membranas (após o nascimento do feto); Assim, após descolamento de seu leito uterino, a placenta desce através do canal de parto e é expelida pela rima vulvar; Seu descolamento ocorre em virtude da diminuição do volume uterino depois da expulsão fetal, associada às contrações uterinas vigorosas e indolores; Fisiologicamente, sabe-se que ela deve ocorrer dentro de 20 a, no máximo, 30 minutos. Porém, em 80% dos partos a dequitação se dá nos primeiros 10 minutos. Baudelocque-Schultze (BS): mecanismo central de decedura, em que a placenta se encontra inserida posteriormente no fundo do útero: no momento do descolamento, ocorrerá primeiro a exteriorização pela face fetal da placenta, para então haver a eliminação do coágulo (hematoma retroplacentário). Acontece em 85% dos casos; Baudelocque-Duncan (BD): mecanismo periférico, menos comum, de secundamento, a placenta se encontra inserida na parede lateral do útero: no momento do descolamento pela face materna, ocorre primeiro o sangramento e logo em seguida a exteriorização da placenta. O processo de dequitação dá-se em média de 5 a 10 minutos em 80% dos casos, sendo considerado prolongado se acima de 30 minutos, quando complicações hemorrágicas se tornam mais frequentes Reinádissa Brito 2021.1 @medicinareina INVOLUÇÃO- fase 4 Destaca-se pelo retomo ao estado pré -gravídico (puerpério ); Seu início ocorre após a dequitação e é caracterizado por uma contração persistente que promove a involução uterina. Dá-se o nome de mecanismo de parto ao conjunto de movimentos e fenômenos ativos e, principalmente, passivos do feto durante sua passagem pelo canal de parto. RELAÇÕES UTEROFETAIS Para descrever e estudar o mecanismo de parto, é necessário conhecer as relações espaciais entre o organismo materno e o produto conceptual, utilizando-se para isso nomenclatura e definições convencionadas. Mecanismos de parto Reinádissa Brito 2021.1 @medicinareina ATITUDE A atitude ou hábito fetal diz respeito às relações das diversas partes do feto entre si. Assim, a atitude fetal depende da disposição dos membros e da coluna vertebral. Como já mencionado, o feto de termo mede cerca de 50 cm e, para caber dentro do útero, que mede 30 cm, ele precisa se adaptar, admitindo atitude característica. Em condições habituais, o feto se aloja na cavidade uterina em atitude de flexão generalizada, apresenta encurvamento da coluna vertebral, produzindo concavidade voltada para face anterior do feto, com a cabeça levemente fletida, de maneira que o mento se aproxima do esterno. Os membros se apresentam flexionados e anteriorizados; nos membros inferiores, as coxas ficam fletidas sobre o abdome e as pernas fletidas sobre as coxas. Nos membros superiores, com os antebraços fletidos sobre os braços e aconchegados ao tórax. Nesse modo, o eixo fetal (distância entre o lambda ao cóccix) mede 25 cm, metade do seu comprimento total. O feto assume a postura de um ovoide ou oval, com dois polos: cefálico e pélvico. Denomina-se ovoide córmico o tronco e os membros superiores e inferiores. Em situações anômalas, pode haver extensão da coluna com deflexão do polo cefálico, o que leva às apresentações defletidas de 1º, 2º e 3º graus. A ausência persistente de flexão de todos os membros é anormal e pode significar sofrimento fetal grave por perda do tônus muscula. SITUAÇÃO Situação é a relação entre o maior eixo uterino com o maior eixo fetal. Essa relação dá origem a três possibilidades de situação fetal: Longitudinal: maior eixo uterino e fetal coincidem. Ocorre em 99,5% das vezes; Transversa: o feto se dispõe perpendicularmente ao maior eixo uterino; Oblíqua: fase de transição da situação fetal, que no momento do parto se definirá em longitudinal ou transversa Reinádissa Brito 2021.1 @medicinareina APRESENTAÇÃO A apresentação é definida como a região fetal que ocupa o estreito superior e nele vai se insinuar. É importante salientar que a apresentação pode ser bem definida após o sexto mês, pois o volume da região fetal deve ser capaz de encontrar obstáculo na sua passagem pela bacia, e antes desse período os diâmetros dos polos fetais são muito inferiores aos da bacia. A partir da vigésima semana, o útero se converte da forma piriforme ou esférica para a forma cilíndrica e vai se alongando progressivamente com velocidade maior até 32 semanas. Existe aumento na dimensão transversa da região fúndica, a qual avança até 36 semanas de gestação. O útero gestante torna-se mais amplo no fundo e suas paredes procuram manter o feto em situação longitudinal. Na situação longitudinal, a apresentação pode ser cefálica ou pélvica, dependendo do polo fetal que ocupa a região inferior do útero. Nas situações transversas, por sua vez, duas outras possibilidades ocorrem, nas quais se distinguem as apresentações córmicas (ou de ombro), em que o dorso fetal se apresenta anterior ou posteriormente, ou as apresentações dorsais superior e inferior, em que o dorso fetal se apresenta superior ou inferiormente (nestes casos, o plano coronal fetal é perpendicular ao plano coronal materno), extremamente mais raras. A localização placentária também exerce influência sobre a situação e apresentação fetal. Stevenson demonstrou que a inserção fúndica e segmentar da placenta se relacionavam com a situação transversa ou oblíqua do feto. O mesmo autor demonstrou que a apresentação pélvica em gestações de termo ocorre com maior frequência quando a placenta se insere na região cornual-fúndica, direita ou esquerda, e se estende para a parede posterior ou anterior do útero, concluindo que essa localização placentária restringe a amplitude da cavidade uterina, favorecendo a Reinádissa Brito 2021.1 @medicinareina acomodação da cabeça fetal para essa região. A avaliação da altura da apresentação também é feita pelo método de DeLee, em que se considera plano zero quando o ponto mais baixo da apresentação está no plano das espinhas isquiáticas e, em centímetros, -1, -2, -3, quando acima, e +1, +2 e +3, se estiver abaixo desse plano. APRESENTAÇÃO CEFÁLICA Essa apresentação é classificada a seguir de acordo com o grau de flexão ou deflexão do polo cefálico no sentido anteroposterior. Reinádissa Brito 2021.1 @medicinareina Fletida ou de vértice ou de occipício: o mento fetal se encontra aconchegado ao esterno; Defletida de 1º grau ou bregmática: no centro da área do estreito superior surge, como ponto de referência fetal, o bregma; Defletida de 2º grau ou de fronte: a glabela é o ponto de referência que surge no centro do estreito superior; Defletida de 3º grau ou de face: surge o mento como ponto de referência. Reinádissa Brito 2021.1 @medicinareina APRESENTAÇÃO PÉLVICA Nas apresentações pélvicas, a atitude fisiológica do polo pélvico pressupõe as coxas fletidas e aconchegadas ao abdome, e as pernas fletidas junto às coxas. Assim, diz -se tratar de apresentação pélvica completa ou pelvipodálica. As demais atitudes assumidas pelos membros inferiores dão origem às seguintes apresentações pélvicas incompletas: Modo de nádegas (ou agripina): membros inferiores estendidos e rebatidos sobre a parede ventral do feto. Modo de joelhos completa: as coxas se encontram estendidas e as pernas fletidas sobre as coxas; Modo de joelhos incompleta: apenas um joelho é acessado pelo toque vaginal. Modo de pés completa: ambas as pernas estão estendidas; Modo de pés incompleta: apenas um pé se encontra em extensão. Embora os pés e joelhos estejam ocupando o estreito superior e nele se insinuem, trata-se de pequenas partes fetais e não são capazes de exercer compressão contra o colo uterino, portanto são considerados procidências ou procúbitos. Reinádissa Brito 2021.1 @medicinareina POSIÇÃO Há duas escolas em que se classificam a posição fetal: alemã e francesa. Na atualidade, tem sido mais utilizada a escola alemã, para a qual a posição fetal é a relação entre os pontos de referência da apresentação fetal e os pontos de referência maternos (direito e esquerdo). Logo, só existem dois tipos de posições fetais: esquerda (ou primeira posição) e direita (ou segunda posição), denominadas assim pelo fato de o dorso fetal se encontrar na maior parte das vezes voltado para o lado esquerdo da mãe. O propósito da posição fetal é encontrar a melhor localização para se realizar a ausculta dos batimentos cardíacos fetais que, na maioria das vezes, será homolateral ao dorso fetal, com ressalva às apresentações cefálicas defletidas de terceiro grau, em que a ausculta é mais bem realizada na face anterior do tórax do feto. Condicionou-se, para tal, o emprego de três letras como nomenclatura definidora de apresentação, posição e variedade de posições fetais: A primeira letra diz respeito ao ponto de referência da apresentação fetal: O (occipício), B (bregma), N (naso ), M (mente), S (sacro) e A (acrômio). A segunda letra refere-se ao lado matemo para o qual está voltado o ponto de referência fetal (posição): D (direita) e E (esquerda). É importante lembrar que essa letra é suprimida nas variedades anteroposteriores (sacral e púbica). De modo geral, as posições esquerdas são mais frequentes. A terceira letra indica a variedade de posição, conforme o feto esteja voltado para o ponto de referência ósseo da bacia materna: A (anterior) - eminência ileopectínea, T (transversa) - extremidade do diâmetro transverso, P (posterior ou púbis) - sinostose sacroilíaca ou púbis, S (sacro) - matemo. Reinádissa Brito 2021.1 @medicinareina O partograma possibilita que se tenha um registro detalhado, de forma gráfica, de todos os parâmetros maternos e fetais de interesse durante a assistência ao trabalho de parto e permite, ainda, a identificação da evolução normal ou mesmo da ocorrência de qualquer tipo de distocia. O detalhamento do partograma deverá ser maior ou menor na dependência de se estar registrando o acompanhamento de trabalhos de parto de gestações com ou sem intercorrências. Alguns itens básicos são comuns, como avaliação das contrações uterinas (frequência, intensidade); avaliação da frequência cardíaca fetal; e registro da Partograma Reinádissa Brito 2021.1 @medicinareina dilatação cervical, da altura da apresentação e do uso de ocitócitos. Conceito: gráfico no qual são anotadas a progressão do trabalho de parto e as condições da mãe e do feto Funcionamento: Sistema precoce de aviso de anormalidades na evolução da dilatação cervical e da descida da apresentação fetal na pelve. Indicações: Acompanhar a evolução do TP Documentar o TP Diagnosticar alterações no TP Indicar a tomada de condutas apropriadas Evitar intervenções desnecessárias Vantagens Excelente meio para mostrar a evolução da dilatação e da descida da apresentação Associa simplicidade e utilidade prática, e supera a intuição Reconhece evolução normal e anormal do parto Corrige partos disfuncionais Diminui partos cesáreos OMS (WHO) em estudo multicêntrico (Indonésia, Tailândia e Malásia) Eficaz e baixo custo Redução TP (trabalho de parto) em 18 h (50%) Redução cesárias (5,2 para 3,7%) Redução de roturas uterinas e hemorragias Definição de trabalho de parto ativo DIAGNÓSTICO: Contrações uterinas regulares que causam esvaecimento e dilatação cervical, a partir de no mínimo 5 cm de dilatação. O partograma deve considerar a fase ativa do trabalho de parto Partograma clássico Princípios: A fase ativa do TP se inicia após 3 cm de dilatação FASE LATENTE – início do TP até 3cm, com 2 ou mais contrações FASE ATIVA – após 3 cm de dilatação A fase latente não pode ser > 8 h • A progressão da dilatação cervical na fase ativa do TP não deve ser mais lenta que 1cm/h; • O tempo de 4h entre a lentificação da progressão do TP e a necessidade de intervenção é insuficiente para comprometer mãe ou feto. Reinádissa Brito 2021.1 @medicinareina Curva contemporânea • Os dados de Friedman são antigos e não refletem necessariamente o padrão “normal” de evolução do TP. (Zhang, 2010) • Cerca de 50% das mulheres não dilatam 1cm/hora até alcançarem 5-6cm. • Padrão de evolução diferente pode ser usado para definir fase ativa. Em estudo prospectivo recente, a OMS indica 5cm como definidor de fase ativa. (OMS, 2018) • O uso da linha de alerta é pobre para detecção de desfechos adversos e não deve ser utilizado (Souza et al, 2018) Reinádissa Brito 2021.1 @medicinareina Parada de progressão segundo Zhang: • A fase latente prolongada (>20 horas em nulíparas e >14 horas em multíparas) não deve ser uma indicação para cesariana. • Trabalho de parto lento, porém progressivo não deve ser uma indicação para cesariana. • Dilatação cervical de 6 cm deve ser considerada a dilatação inicial na fase ativa da maioria das mulheres em trabalho de parto. • Antes de 6 cm de dilatação, os padrões de progresso de fase ativa não devem ser aplicados. No primeiro período: • Dilatação cervical ≥ 6 centímetros de dilatação e ruptura de membranas com: • Nenhuma mudança cervical depois ≥ 4 horas, apesar de contrações adequadas • Nenhuma mudança cervical depois ≥ 6 horas, com contrações inadequadas No segundo período: Nenhum progresso (descida ou rotação) • Nulíparas: ≥ 3 horas • Multíparas: ≥ 2 horas OBS: Avaliar vitalidade fetal! Linhas Linha de alerta traçada na hora seguinte Linha de ação traçada 4 h após a linha de alerta PARTO FUNCIONAL A curva de dilatação se mantém à esquerda da minha de alerta ou discreto desvio à direita TP primíparas # multíparas A cabeça do neném é representada por um círculo (obs: pode-se marcar o occipito) Necessário avaliar além da dilatação: Reinádissa Brito 2021.1 @medicinareina FCF (fequencia cardíaca fetal)- auscultar todas as vezes com pinart ou sonar. OBS: normal a 120-160 OBS: é sinal de sofrimento fetal identificar uma taquicardia (1ª fase do sofrimento fetal) e posteriormente (com o colapso cardiovascular) há bradicardia Contrações uterinas, observar se a bolsa está íntegra, se fez administração de medicação (ex: ocitocina), se o líquido está claro ou não (pela minescopia) OBS: o líquido meconial é um sinal de sofrimento fetal PARTO DISFUNCIONAL Fase prolongada da dilatação e descida Para secundária da dilatação ou descida Fase curta de dilatação e descida O triângulo é referente a dilatação e está correlacionado com a escala à esquerda. Já o círculo representa a altura do feto, respeitando os planos de De Lee ou de Hodge. Temos também duas linhas: a linha de alerta e a linha de ação. Elas podem estar presentes ou não no partograma, se não estiverem será de responsabilidade de quem abre o partograma desenhá-las. Ambas estão em um ângulo de 45 graus e devem estar espaçadas em 4 quadrados. E a linha de alerta deve começar na segunda hora do partograma. Linha de Alerta: o trabalho de parto deve acompanhar a linha, por isso, se a representação do parto ultrapassar essa linha, devemos prestar atenção. Linha de Ação: mostra a necessidade de intervenção, não necessariamente cesárea! Mais informações: https://www.sanarmed.com/partograma-o-que- e-e-como-preenche-lo Reinádissa Brito 2021.1 @medicinareina Pode ser definido como a sequência de contrações uterinas coordenadas e involuntárias que resultam no apagamento (esvaecimento do colo) e dilatação (até 10 cm) do colo uterino, simultaneamente à descida fetal, e quando associadas aos puxos e contrações voluntárias da parede abdominal, na expulsão dos produtos da gestação. Tempos 1. Insinuação Passada do estreito superior para o inferior através das espinhas ciáticas 2. Descida 3. Rotação interna da cabeça Para colocar uma fontanela, o occipio no que se chama cipito púbica (não entendi a palavra) essa fontanela na região da púbis e para que ocorra o próximo passo 4. Desprendimento da cabeça 5. Rotação externa da cabeça/interna das escápulas 6. Desprendimento das escápulas Definições importantes ATITUDE OU HÁBITO FETAL é como o feto está no útero Relação das diferentes partes do feto entre si Flexão ou extensão: o flexo se aloja no útero em atitude de flexão generalizada Forma ovoide com dois polos: cefálico e pélvico Polo cefálico menos redutível/adaptação trajeto Reinádissa Brito 2021.1 @medicinareina SITUAÇÃO Relação entre o maior eixo uterino e o maior eixo fetal Longitudinal: 99,5% Transversa Oblíqua APRESENTAÇÃO Dos fetos em situação longitudinal: Cefálica (96,5%) fletida (o que apresenta no canal de parto é o occipício) e defletida (1º ou 2º grau, levantando a cabeça) Pélvica (3-4%) nádega Córmica (0,5%) situação transversa APRESENTAÇÃO PÉLVICA a nádega é um pouco mais amolecida Completa ou pelvipodálica + comum tem-se a flexão dos membros Incompleta quando se apresenta ou um joelhinho ou um pezinho Agripina ALTURA DA APRESENTAÇÃO Insinuação: passagem da maior circunferência Apresentação através do anel estreito superior Apresentação à altura das espinhas ciáticas (De Lee) PONTOS DE REFERÊNCIA FETAL Cefálica = lambda Neném com a cabeça bem fletida, fontanela triangular 1 grau = bregma 2 grau = glabela 3 grau = mento Obs: bregma é quadrangular; glabela é a base do nariz e mento queixo do bebê NOMENCLATURA 1ª letra = apresentação Bregma = B Glabela = N Mento = M 2ª letra = posição (direita ou esquerda) 3ª letra = referência da bacia (anteriorizada ou posteriorizada) Ex: OEA apresentação cefálica, O de occipito; E esquerda; A anterior Ex: NEA naso esquerdo anterior Defletidas Reinádissa Brito 2021.1 @medicinareina ESVAECIMENTO DO COLO Nas primigestas o colo esvaece primeiro antes de começar a dilatação, já nas multíparas o há dilatação a medida que o colo esvaece Friedman (1978) Período expulsivo a criança já está na pelve, já passou das espinhas ciáticas Dequitação é a separação da placenta a partir da esponjosa 4º período é a estabilização da paciente como miotamponamento, trombotamponamento, diminui o sangramento... é um período importante, pois nele ocorrem algumas hemorragias e a paciente precisa estar devidamente monitorada PARADA SECUNDÁRIA DA DILATAÇÃO Presença da mesma dilatação cervical em dois toques sucessivos, com intervalo de 2 horas ou mais, em fase ativa do trabalho de parto, ultrapassa a linha de alerta e, por vezes, a linha de ação MANEJO ATIVO DAS DISTOCIAS FUNCIONAIS Controle da atividade uterina Amniotomia (atualmente não é feito, deixa-se a bolsa “estourar” espontaneamente) Toques vaginais As distocias são a não progressão, pode estar associado a causas maternas, associadas ao canal de parto ou funcionais, ou causas fetais Uma causa primária seria a falta de contração uterina, a inércia Períodos Reinádissa Brito 2021.1 @medicinareina DEQUITAÇÃO 5-10 minutos após expulsão fetal. OBS: evitar tracionar o cordão! Esperar pararem as pulsações do cordão umbilical Descolamento: central & marginal VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA A violência obstétrica é a imposição de intervenções danosas à integridade física e psicológica das mulheres nas instituições e por profissionais que as atendem, bem como o desrespeito à sua autonomia. ESTRATÉGIAS DE QUALIFICAÇÃO Reduzir índices de cesárias, de episiotomia e uso de ocitocina; Ofertar métodos não invasivos para alívio da dor e mudança na posição de parto Promover a participação do pai no momento do parto Promover contato pele a pele Garantir permanência dos pais em UTIs e UCIs Estimular amamentação na primeira hora de vida LOCAL DO PARTO Pode-se afirmar com segurança que uma mulher deve dar a luz num local onde se sinta segura e no nível mais periférico onde a assistência adequada for viável e segura No caso de uma gestante de baixo risco, este local pode ser a sua casa, uma maternidade ou centro de parto de pequeno porte numa cidade ou, talvez, a maternidade de um hospital de maior porte Entretando, deve ser um local onde toda a atenção e cuidados estejam concentrados em suas necessidades e segurança, o mais perto possível de sua casa e de sua própria cultura. FIGO, 1992 Referências: Tratado de obstetrícia Febrasgo / editores Cesar Eduardo Fernandes, Marcos Felipe Silva de Sá ; coordenação Corintio Mariani Neto. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2019. Zugaib obstetrícia / editor Marcelo Zugaib; editora associada Rossana Pulàneli Vieira Francisco; [ilustrações Sírio José Braz Cançado). - 3. ed. - Barueri, SP: Manole, 2016. MEDCURSO, 2018. Ciclo Clínico 1. Obstetrícia, volume 2. FIOCRUZ, Atenção às Mulheres. Preenchimento de Partograma- Aplicação prática do gráfico de evolução do trabalho de parto. Portal de Boas Práticas em Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente.
Compartilhar