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@resumosdamed_ 1 CARDIOTOCOGRAFIA, PARTOGRAMA E TRABALHO DE PARTO A contratilidade uterina é o fenômeno mais importante do trabalho de parto, indispensável para dilatação do colo e expulsão do concepto. Tocometria: registro gráfico da contratilidade uterina à serve ao diagnóstico e ao tratamento dos desvios dinâmicos da matriz, assim como à interpretação dos padrões de frequência cardíaca fetal no parto. PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS TOCOMÉTRICOS: Os procedimentos mais precisos para avaliar a atividade do útero gravídico humano são os que registram as pressões intrauterinas: amniótica, intramiometrial, placentária e puerperal. ANÁLISE DA PRESSÃO INTRAUTERINA: A pressão amniótica é medida a partir do nível da pressão intra-abdominal, considerada o “zero” na escala de pressões. Tônus uterino: representa o menor valor registrado entre duas contrações. Intensidade de cada contração: é dada pela elevação que ela determina na pressão amniótica, acima do tônusà aumento da pressão intra-uterina provocada pela contração Frequência: compreende o número de contrações em 10 minutos Atividade uterina: o produto da intensidade das contrações pela sua frequência, expressando o resultado em mmHg/10 min ou Unidades Montevidéu (UM); O trabalho uterino para realizar certa função, como, por exemplo, dilatar o colo de 2 para 10 cm, corresponde à soma das intensidades de todas as contrações responsáveis por essa tarefa (mmHg). A intensidade da pressão intracavitária nem sempre reflete a dinâmica uterina global, não informando se pequena ou grande porção da matriz foi excitada, nem a direção de propagação da onda contrátil. Somente pelos métodos invasivos intramiometrais pode-se ajuizar a extensão da propagação e a sincronia da atividade uterina. EVOLUÇÃO DA CONTRATILIDADE UTERINA NO CICLO GESTATÓRIO GRAVIDEZ Até 30 semanas de gestação: o atividade uterina muito pequena, inferior a 20 UM. o Os registros de pressão amniótica evidenciam contrações reduzidas, frequentes, cerca de 1 por minuto, que permanecem restritas a diminutas áreas do útero. o De vez em quando surgem contrações de Braxton-Hicks. Têm frequência muito baixa, em torno de 28 a 32 semanas, até 2 contrações/h. o O tônus uterino permanece entre 3 e 8 mmHg. PRÉ-PARTO Após 30 semanas de gestação: o Atividade uterina aumenta vagarosa e progressivamente. o Nas últimas 4 semanas (pré-parto) a atividade é acentuada, observando-se, em geral, contrações de Braxton-Hicks mais intensas e frequentes, que melhoram a sua coordenação e se difundem a áreas cada vez maiores da matriz (até 3 contrações/h). @resumosdamed_ 2 o As pequenas contrações, embora diminuídas em número, permanecem nos traçados obtidos nessa época. o O tônus se aproxima de 8 mmHg. o Em menor quantidade de casos, a transformação da atividade uterina no pré-parto se faz pelo aumento progressivo da intensidade das pequenas contrações, que se tornam mais expansivas, enquanto sua frequência diminui gradativamente. PARTO Clinicamente, o parto está associado ao desenvolvimento de contrações dolorosas e rítmicas, que condicionam dilatação do colo uterino. Arbitrariamente, considera-se seu início quando a dilatação cervical chega a 2 cm, estando a atividade uterina compreendida entre 80 e 120 UM (em média 100 UM). Não há demarcação nítida entre o pré-parto e o parto, mas, sim transição gradual, insensível, o que torna difícil caracterizar a atividade do começo da dilatação. As pequenas contrações localizadas tendem a desaparecer, estando ausentes nos partos normais, em que os registros exibem apenas metrossístoles (contrações uterinas) fortes e regulares. Na dilatação, as contrações têm intensidade de 30 mmHg e frequência de 2 a 3/10 min, para alcançar, no final desse período, valores respectivos de 40 mmHg e 4/10 min. A postura assumida pela paciente tem importância expressiva na contratilidade uterina. o O decúbito lateral, em 90% dos casos, aumenta a intensidade e diminui a frequência. A atividade contrátil exibida na posição lateral sugere sua maior eficiência para a progressão do parto, embora não haja provas concretas nesse sentido. No período expulsivo, a frequência atinge 5 contrações em 10 min e a intensidade 50 mmHg. São próprias dessa fase as contrações da musculatura abdominal com a glote fechada, esforços respiratórios verdadeiros, chamados puxos. Eles causam acréscimos súbitos e de curta duração da pressão abdominal, que se sobrepõem às elevações determinadas pelas metrossístoles. Os puxos têm intensidade média de 50 mmHg, de tal modo que, somados à pressão intrauterina, neste caso também de 50 mmHg, condicionam pressão amniótica de 100 mmHg. Em partos normais a atividade uterina varia de 100 a 250 UM. SECUNDAMENTO Após o nascimento do concepto, o útero continua a produzir contrações rítmicas. As 2 ou 3 primeiras usualmente descolam a placenta de sua inserção uterina e a impelem para o canal do parto. As contrações, agora indolores, proporcionam alívio imediato às pacientes, por isso foram responsáveis pelo chamado período de repouso fisiológico, que hoje se sabe não existir, em termos de dinâmica uterina. @resumosdamed_ 3 PUERPÉRIO: Os gráficos mostram contrações cuja frequência vai diminuindo, até atingir 1 em cada 10 min, decorridas 12 h de puerpério. Nos dias que se seguem, a intensidade e o número das contrações estão mais reduzidos. Quando o bebê suga o seio materno, pode haver aumento nítido na atividade uterina, que desaparece ao final da mamada. As contrações do secundamento e do puerpério, apesar de mais intensas do que as do parto, não exprimem aumento real na força muscular. PROPAGAÇÃO DA ONDA CONTRÁTIL NO ÚTERO GRAVÍDICO NA GRAVIDEZ: Quase a totalidade das metrossístoles permanece circunscrita a pequenas áreas do útero, causando elevação de pouca ampliação na pressão amniótica. Ocasionalmente, contrações de Braxton-Hicks mais intensas e menos frequentes se espalham para áreas maiores do órgão. NO PARTO NORMAL A onda contrátil tem sua origem em dois marca-passos, direito e esquerdo, situados perto das implantações das tubas. O marca-passo direito seria predominante; em algumas mulheres, o esquerdo, o principal. Ainda se admite o funcionamento alternado: certas ondas nascem do direito e outras, do esquerdo, sem que haja, todavia, interferência entre eles. Do marca-passo a onda se propaga ao resto do útero na velocidade de 2 cm/s, percorrendo todo o órgão em 15 s. O sentido de propagação da onda é predominantemente descendente; apenas em um pequeno trajeto, que se dirige ao fundo, é ascendente. A intensidade das contrações diminui das partes altas do útero para as baixas. No colo, somente a zona próxima ao orifício interno tem tecido muscular liso e pode se contrair, não obstante com força menor que a do segmento e muito inferior à do corpo; o tecido que circunda o orifício externo é desprovido de músculo, sendo, portanto, incontrátil. Diz-se, então, que a onda de contração do parto normal tem triplo gradiente descendente. As metrossístoles começam primeiro, são mais intensas e têm maior duração nas partes altas da matriz do que nas baixas. Essa coordenação do útero parturiente normal determina a soma de efeitos, com elevação regular, de pico único, intensa, da pressão amniótica. Como todas as regiões do órgão se relaxam ao mesmo tempo, a pressão amniótica pode descer ao tônus normal entre as contrações. @resumosdamed_ 4 NO PUERPÉRIO No útero puerperal, a velocidade de propagação diminui muito (0,2 a 0,5 cm/s), gastando a onda contrátil 1 min para percorrer o trajeto que vai do marca-passo até o segmento inferior. Como consequência, as diferentes partes do útero alcançam de modo sucessivo, e não simultaneamente, como no parto, o máximo de contração, dando características peristálticas às metrossístoles aqui encontradas. FUNÇÕES DACONTRATILIDADE UTERINA MANUTENÇÃO DA GRAVIDEZ Durante a gestação, o útero tem sua atividade bastante reduzida, irregular, localizada e sem significado funcional expulsivo. A gravidez provavelmente se mantém pelo chamado bloqueio progesterônico à A progesterona tem a propriedade de diminuir a sensibilidade da célula miometrial ao estímulo contrátil, por hiperpolarização da membrana, bloqueando a condução da atividade elétrica de uma célula muscular a outra. Grande parte da progesterona placentária alcança o miométrio antes de ser carregada pela circulação sistêmica. Esse componente local determina o gradiente de concentração progesterônica no útero, função da distância à placenta. O bloqueio progesterônico efetivo impede o descolamento da placenta, não só durante a gravidez, como também no ambiente hostil, da parturição. DILATAÇÃO DO ISTMO E DO COLO UTERINO No pré-parto, a contração encurta o corpo uterino e exerce tração longitudinal no segmento inferior, que se expande, e no colo, que progressivamente se apaga e se dilata (amadurecimento). A tração pode ser transmitida com eficiência ao colo porque o segmento também se contrai, embora com força menor que o corpo. No parto, essas alterações se intensificam; depois de cada metrossístole o corpo fica mais curto e mais espesso (braquiestase ou retração), e o colo uterino fica mais dilatado. O istmo é tracionado para cima, deslizando sobre o polo inferior do feto, experimentando dilatação no sentido circular; apenas no período expulsivo produz-se certo estiramento longitudinal do segmento. A pressão exercida pela apresentação fetal ou pela bolsa das águas, atuando em forma de cunha, constitui o segundo fator responsável pela dilatação das porções baixas do útero. O progresso da dilatação cervical depende da contratilidade uterina propagada, coordenada e com tríplice gradiente descendente, embora a resistência oposta pelo colo desempenhe papel relevante. DESCIDA E EXPULSÃO DO FETO As metrossístoles, ao encurtarem o corpo uterino, empurram o feto através da pelve e o expulsam para o exterior, estando a parte inferior do útero presa à pelve, principalmente pelos ligamentos uterossacros. As contrações dos ligamentos redondos, sincrônicas com as do útero, tracionam o fundo para frente, colocando o eixo longitudinal da matriz na direção do eixo da escavação pélvica, facilitando a progressão do feto. Os ligamentos redondos, ao se encurtarem nas contrações, tendem a aproximar o fundo uterino da pelve, somando-se à força que no mesmo sentido exercem as contrações do corpo. A contribuição mais expressiva, todavia, é dada pelos puxos. O desejo de esforçar-se é desenvolvido pela distensão da vagina e do períneo, produzida pelo polo inferior do feto, impulsionado pela contração uterina. É por esse motivo que os puxos ocorrem durante a metrossístole, o que é @resumosdamed_ 5 conveniente para se obter a eficiente soma de pressão desenvolvida pelos músculos abdominais e pelo miométrio. DESCOLAMENTO DA PLACENTA Com a expulsão do feto, o corpo do útero, adaptando-se à grande redução volumétrica, se retrai muito. O acentuado encurtamento é responsável pela desinserção placentária, bastando geralmente 2 a 3 contrações para descolá-la do corpo para o canal do parto (segmento inferior, colo e vagina). Esses 6 a 10 primeiros minutos do secundamento constituem o tempo corporal, porque a placenta permanece dentro do corpo uterino. Uma vez no canal do parto, a pequena contratilidade exercida pelo segmento inferior é incapaz de expulsar a placenta para o exterior, o que só ocorrerá após esforços expulsivos da paciente ou com a intervenção do tocólogo. HEMÓSTASE PUERPERAL A atividade do útero no pós-parto é indispensável para coibir a hemorragia no sítio placentário, quando a hemóstase depende fundamentalmente do tônus uterino, das contrações e da retração das fibras musculares. Mais tarde, o modo de propagação peristáltica, que caracteriza o útero puerperal, é eficaz para eliminar os coágulos e os lóquios do interior da matriz. COMO OCORRE A CONTRAÇÃO UTERINA ESTRUTURA DA PROTEÍNA CONTRÁTIL As células musculares lisas (miócitos) são fusiformes, alongadas e têm apenas um núcleo. O citoplasma exibe corpos densos aderentes ao aspecto citoplasmático da membrana celular e estriações longitudinais evidentes no sarcoplasma, representando associações de miofilamentos; mas, ao contrário dos músculos estriados, não têm estrias transversais. As células musculares se comunicam umas com as outras pelas conexões denominadas junções comunicantes – contatos célula-célula que, facilita a sincronização da função miometrial na condução dos estímulos eletrofisiológicos. Embora existam poucas junções comunicantes no miométrio de mulheres não grávidas e em gestantes no início da gravidez, essas estruturas tornam- se maiores e aumentam sua quantidade com a proximidade do termo, quando a frequência das contrações de Braxton-Hicks cresce até culminar com o parto à O aumento dos estrogênios é a causa do acréscimo das junções comunicantes. O processo de formação das junções comunicantes é visto como característica essencial do determinismo do parto. A questão da atividade de marca-passo no miométrio não está definida no momento presente; nenhum local específico foi ainda identificado no útero humano. BIOQUÍMICA MOLECULAR DE CONTRAÇÃO DO MÚSCULO LISO: Embora a regulação da contração do músculo liso dependa do cálcio, o mecanismo de controle difere do encontrado no músculo estriado porque a actina do músculo liso não tem troponina. Além disso, a molécula de miosina assume configuração diferente porque seu local de ligação à actina (cabeça globular) está encoberto pela cauda da miosina. Principais etapas da contração uterina: 1. Liberação do cálcio armazenado no retículo sarcoplasmático 2. Ligação do cálcio à calmodulina (CaM) com formação do complexo Ca-CaM 3. Ativação da miosina de cadeia leve cinase (MLCK) pelo complexo Ca-CaM 4. A MLCK em presença do ATP fosforiliza uma das miosinas de cadeia leve (MLC), que é ativada @resumosdamed_ 6 5. Liberação da cauda da miosina e mudança conformacional da cabeça expondo o sítio actina-combinante 6. Ligação do complexo Ca-CaM à caldesmon (Cald) que movimenta a tropomiosina, liberando os locais de ligação à miosina 7. Ligação da cabeça globular da miosina à actina (ponte cruzada) 8. Movimento da cabeça da miosina promovendo o deslizamento da actina sobre a miosina (power stroke) 9. Encurtamento do sarcômero 10. Contração 11. Quando cai o nível de cálcio citosólico, a MLC é defosforilada pela miosina de cadeia leve fosfatase (MLCP) 12. A MLC fica inativa e o músculo relaxa CARDIOTOCOGRAFIA A cardiotocografia (CTG) tem o objetivo de avaliar a FCF e a contratilidade uterina no momento do parto. Sua utilização baseia-se no princípio de que a reatividade dos batimentos cardíacos é um dos primeiros parâmetros a se alterar durante o período de hipóxia. Na CTG obtém-se um registro gráfico da frequência cardíaca fetal, a qual representa um importante parâmetro biofísico para avaliação da vitalidade do feto e, concomitantemente, dos movimentos fetais e das contrações uterinas. A linha de base representa a média aproximada da FCF com aumento aproximado de cinco batimentos por minutos, durante um segmento de dez minutos, excluindo mudanças periódicas ou episódicas. Deve-se obter uma linha de base de pelo menos dois minutos em um registro de dez minutos. o A linha de base inferior a 110 bpm é definida como bradicardia e superior a 160 bpm, taquicardia. A taquicardia pode estar associada à maior movimentação fetal, podendo representar uma alteração clínica quando associada à diminuição da variabilidade ou presença de desacelerações, sendo frequentemente associada a outras causas, como infecção materna e fetal (corioamnionite), uso de betamiméticos e taquirritmias.A variabilidade da FCF é definida como variações da linha de base em dois ou mais ciclos por minutos. Essas variações apresentam amplitude e frequência irregular, e são quantificadas do nadir ao pico superior em batimentos por minutos. São classificadas em: o Ausente (amplitude indetectável); o Mínima (amplitude menor que 5 bpm); o Moderada (amplitude de 6 a 25 bpm); o Acentuada (amplitude maior que 25 bpm). Além do padrão sinusoidal que deve se apresentar como FCF basal normal, oscilações regulares, variabilidade de 5 a 15 bpm e 2 a 5 ondas por minuto em forma de sino. A cardiotocografia (CTG) pode ser realizada: no anteparto (Sem estresse e com estresse) e no intraparto. o Anteparto - Patologias maternas, fetais e/ou placentárias. o Intraparto - Trabalho de parto distócico, induzido ou estimulado. @resumosdamed_ 7 Para mulheres maudáveis, sem complicações na gestação, recomenda-se mobilograma no período anteparto e ausculta fetal intermitente no período intraparto. à A CTG está indicada, neste grupo, nas gestantes com alterações nas condutas recomendadas. ALTERAC ̧ÕES DA FCF ACELERAÇÕES As acelerações são definidas como aumento da FCF além da linha de base. Podem estar relacionadas com movimentos fetais (transitórias) ou contrações uterinas (periódicas). É o primeiro parâmetro a alterar frente a hipóxia. Início: 20 semanas de gestação Padrão normal: amplitude 15 bpm e duração 15 segundos (10 bpm e 10 segundos antes de 32 semanas de gestação) DESACELERAC ̧ÕES: PERIÓDICAS: RELACIONADAS COM CONTRAC ̧ÕES UTERINAS Precoce ou cefálico (DIP I):queda uniforme, gradual (inicio até nadir > 30 segundos), coincide com o pico da contração. Tardio (DIP II): uniforme, queda gradual (início até nadir > 30 segundos), ocorre após o pico da contração (decalagem 20 segundos) Variável (DIP III ou Umbilical): início, decalagem e forma variáveis, queda abrupta (início para nadir < 30 segundos) @resumosdamed_ 8 NÃO PERIÓDICAS: Espica ou DIP 0: desaceleração com duração < 15 segundos relacionada com compressão funicular de curta duração ou soluço fetal, mais comum no prematuro. Desaceleração prolongada: desacelerações com duração maior que 3 minutos, relacionada com hipotensão postural materna, bloqueios anestésicos, hiperatividade uterina, compressões funiculares intensas e duradouras. Quando espontânea são sempre patológicas. INTERPRETAÇÃO A interpretação do traçado cardiotocográfico foi classificada em três categorias. o A categoria I é fortemente preditiva de equilíbrio ácido- base fetal normal, podendo a avaliação do bem-estar fetal seguir o protocolo de rotina, sem necessidade de conduta específica. o A categoria II não é preditiva de equilíbrio ácido-base fetal alterado, sendo uma classificação intermediária, sem evidência da literatura para classificar como categoria I ou III. Nesta categoria são requeridas: uma avaliação contínua da vitalidade fetal e uma reavaliação dentro de um contexto das condições clínicas. o A categoria III é considerada anormal, prediz equilíbrio ácido-base fetal alterado e requer conduta adequada, dependendo da situação clínica. PARTO ESTÁTICA FETAL @resumosdamed_ 9 A atitute fetal compreende a relação entre as diversas partes fetais. O feto se aloja no útero em atitude de flexão generalizada, com a cabeça e o mento aproximando-se do tórax anterior; isso é possível graças à flexibilidade da coluna vertebral e da articulação occipito-vertebral. A situação fetal é a relação entre o maior eixo da cavidade uterina e o maior eixo fetal. Sendo assim, quando ambos se coincidem, a situação será longitudinal (99,5% das vezes); quando perpendiculares, a situação é transversa; por fim, se forem cruzados, recebe o nome de oblíqua ou inclinada. Já a apresentação fetal compreende a região fetal que ocupa o estreito superior da bacia materna. Assim como a situação, a apresentação também pode mudar ao longo da gestação até o momento do parto, quando, na maior parte das vezes, estará com o polo cefálico encaixado. Quando a situação é transversa, estaremos sempre diante de uma apresentação córmica. Na situação longitudinal, é possível a apresentação cefálica (polo cefálico) e a pélvica (polo pélvico). O polo cefálico fetal pode estar totalmente fletido, com o mento próximo à face anterior do tórax ou se afastar do tórax em alguns graus de extensão. Na primeira situação, há a apresentação cefálica fletida. Nos demais casos, temos as apresentações defletidas, que podem ser de 1º grau ou bregmática, 2º grau ou de fronte, e de 3º grau ou de face. O último estudo sobre a estática fetal inclui a posição, que é a relação do dorso fetal com o dorso materno, podendo ser direita, esquerda, anterior, posterior ou transversa. A variedade de posição é definida pela relação entre os pontos de referência maternos (púbis, eminências ileopectíneas, extremidades do diâmetro transverso máximo, sinostose sacroilíaca e sacro) e fetais. Para determinar a variedade de posição é importante saber a linha de orientação fetal/estrutura que está em relação ao diâmetro materno. São elas: o Lambda e sutura sagital: apresentação cefálica fletida; o Sutura sagital e metópica: apresentação cefálica defletida grau 1; o Sutura metópica: apresentação cefálica defletida grau 2; o Linha facial (nariz até o mento): apresentação cefálica defletida grau 3; o Sulco interglúteo: apresentação pélvica. A nomenclatura final da estática fetal leva em consideração a situação, a apresentação, a posição e variedade de posição. A primeira letra se refere ao ponto de referência ósseo da apresentação fetal; as demais correspondem ao ponto de referência em relação ao estreito superior da bacia materna. Exemplo: OEA -> apresentação do occipital, sendo que o ponto de referência (lambda) está à esquerda e anterior em relação ao estreito superior. Sendo assim, considerando a apresentação cefálica fletida, podemos ter as seguintes variedades de posição: o OP: occipitopubiana; o OEA: occípito-esquerda-anterior o OET: occípito-esquerda-transversa; o OEP: occípito-esquerda-posterior; o OS: occipitossacra; o ODP: occípito-direita-posterior; o ODT: occípito-direita-transversa; o ODA: occípito-direita-anterior Durante o trabalho de parto, a identificação da variedade de posição é feita pelo toque vaginal, que também estabelece a altura da apresentação. No início do trabalho de parto (ou alguns dias antes) o feto se encaixa na bacia quando a maior circunferência da apresentação fetal chega na área do estreito superior. @resumosdamed_ 10 A maior circunferência nas apresentações cefálicas é o diâmetro biparietal; já nas apresentações pélvicas, é a distância bitrocanteriana. A determinação da altura é feita, na maior parte das vezes, pelos critérios de DeLee. O plano 0 é o diâmetro da biespinha ciática, que é o plano de referência para os demais. O plano -1 consiste na apresentação 1 cm acima do plano 0; 2 cm acima compreende o plano -2, e assim sucessivamente, até o plano -5. Já o plano 1 é alcançado quando a apresentação ultrapassar 1 cm do plano 0; 2 cm abaixo, encontra-se o plano 2, e assim sucessivamente, até o plano 5. VIA DA ATIVAÇÃO MIOMETRIAL PARTICIPAÇÃO FETAL: Durante a gravidez, o crescimento do útero sob ação dos estrogênios fornece espaço para o desenvolvimento do feto. Porém, no final da gestação, quando cessa o crescimento do útero, o aumento da tensão nas paredes uterinas sinaliza para o início do parto. Por essa razão, o parto se inicia antes na gravidez gemelar, na macrossomia fetal e no polidrâmnio, conduzindo à prematuridade (eventos relacionados provavelmente com a sobredistensão do miométrio Na maioria das estruturas musculares lisas, o estiramento determina a contração. À medida que o termo se aproxima, há elevação da concentração do CRHplacentário, estímulo para a produção de ACTH pela hipófise fetal e de estrogênios pela suprarrenal. O DHEA elaborado em quantidades crescentes pela zona fetal da suprarrenal é rapidamente metabolizado na placenta em estrogênios. A concentração elevada de cortisol induz a maturação dos pulmões, elevando a produção da proteína surfactante A e dos fosfolipídios que são críticos para a função pulmonar. No líquido amniótico, a proteína surfactante A pode promover a inflamação, que é observada em membranas fetais, colo e miométrio. Há considerável evidência de que esse processo inflamatório (COX-2, interleucina-8) seja um dos elementos que conduzem ao início do parto. ATIVAÇÃO DA MEMBRANA (ÂMNIO) FETAL: O âmnio está em contato direto com o líquido amniótico, possibilitando que os constituintes do líquido amniótico tenham acesso irrestrito a ele. A produção de proteína surfactante A, fosfolipídios e citocinas inflamatórias no líquido amniótico eleva a atividade da cicloxigenase-2 (COX-2) e a produção da PGE2 no âmnio e de PGF2α no miométrio. As prostaglandinas medeiam a liberação de metaloproteinases da matriz (MMP), que enfraquecem as membranas fetais, facilitando a sua ruptura. AMADURECIMENTO CERVICAL: O processo de amadurecimento cervical precede o início das contrações uterinas de várias semanas. Isso envolve alterações morfológicas no colo, que se transforma de barreira rígida, a qual isola o ambiente intrauterino da infecção ascendente, em órgão amolecido, distensível, dando passagem ao feto durante a parturição. A concentração de colágeno no colo diminui durante o seu amadurecimento, e as glicosaminoglicanas hidrofóbicas dentro do tecido conjuntivo são substituídas pelo ácido hialurônico hidrófilo. A concentração total de água no colo cresce, e a de colágeno diminui. @resumosdamed_ 11 O amadurecimento do colo é processo inflamatório conduzido por macrófagos e neutrófilos que infiltram a cérvice nas proximidades do termo; o influxo de neutrófilos é conduzido pela interleucina-8 (IL-8). Além de produzirem citocinas, macrófagos e neutrófilos elaboram metaloproteinases da matriz (MMP) que digerem as proteínas da matriz extracelular, o que é necessário para o amadurecimento cervical. PAPEL DAS PROSTAGLANDINAS: As PG são produzidas pelo miométrio e pelas membranas fetais, especialmente o âmnio. As PG produzidas nas membranas fetais (e liberada pela enzima COX-2) interagem com os receptores locais ou, por difusão, alcançam o miométrio. Nas membranas, as PG ativam e promovem a degeneração do colágeno, favorecendo a sua ruptura. A PGF2α estimula a contração uterina pela produção de IP3 e a conseguinte liberação de cálcio do retículo sarcoplasmático. A ação da PGE2 no miométrio é complexa, em virtude da existência de quatro receptores: dois estimulantes (EP1 e EP3) e dois relaxantes (EP2 e EP4). A sinalização da PGE2 por EP1 e EP3 estimula a liberação de cálcio via IP3 , enquanto EP2 e EP4 ativam a adenilatociclase. A ativação da adenosina monofosfato cíclica (cAMP) pela adenilatociclase é uma das vias principais de relaxamento do músculo liso. A expressão dos receptores de PG varia de acordo com o estágio da gravidez, e o nível ou o tipo de receptor dita o grau de quiescência ou de contratilidade uterina. RETIRADA DA PROGESTERONA: A progesterona desempenha papel fundamental no desenvolvimento do endométrio por possibilitar a implantação e, posteriormente, por manter o miométrio quiescente – bloqueio miometrial progesterônico. Uma característica da gravidez humana é que o nível da progesterona circulante não cai com o início do parto. A procura do mecanismo que explicasse a retirada funcional da progesterona identificou diversos tipos de receptores da progesterona (A, B e C). O receptor B é o mais comum e medeia as ações da progesterona; os receptores variantes A e C funcionam como repressores da função do receptor B da progesterona. Com o início do parto, a proporção dos receptores A, B e C se altera de modo a constituir mecanismo de retirada da progesterona. PAPEL DA OCITOCINA: A ocitocina não tem papel atuante no determinismo do parto. Sua participação é importante no período expulsivo e no secundamento, quando o estímulo da dilatação cervical ocasiona a sua secreção em pulsos pela neuro-hipófise materna. Sabe-se que a concentração de ocitocina não aumenta com a proximidade do parto; em vez disso, os receptores de ocitocina nas células miometriais sofrem acréscimo notável no termo, o que se deve muito provavelmente à ação dos estrogênios A ação da ocitocina no miócito é mediada pela ativação do receptor de ocitocina (OTR) proteína-G acoplado. A ligação da ocitocina ao OTR na @resumosdamed_ 12 membrana plasmática dissocia subunidades da proteína-G, o que acaba por liberar IP3. O IP3 então mobiliza o cálcio armazenado no retículo sarcoplasmático. INFLAMAÇÃO E INÍCIO DO PARTO O aumento nos fatores inflamatórios, tais como COX-2 e interleucina-8, se constituem em eventos iniciais para a progressão do parto ativo. MECANISMO DO PARTO O mecanismo do parto se refere as fases do parto, assim como aos movimentos do feto durante a passagem pelo canal de parto. Sendo assim, podemos dividi-lo em 3 tempos: insinuação, descida e desprendimento. A insinuação indica a passagem do maior diâmetro do polo cefálico pelo estreito superior da bacia materna (plano 0 de DeLee). Nas primigestas, a insinuação do feto geralmente se dá cerca de 15 dias antes do parto; já nas multíparas, isso pode ocorrer a qualquer momento. Nesse período, ocorre a redução dos diâmetros fetais, o que no caso da apresentação cefálica, consiste na flexão (mais frequente) ou deflexão da cabeça. Há, ainda, movimentos de flexão lateral, já que um dos ossos parietais atravessará o estreito superior antes do outro; essa situação é denominada de assinclitismo. A descida é a passagem do polo fetal do estreito superior até o inferior, o que ocorre com movimentos rotacionais. Este tempo do mecanismo do parto pode ser dividido didaticamente em tempos acessórios (flexão, rotação, ddeflexão...): o Rotação interna da cabeça, que tem o objetivo de coincidir o maior diâmetro do polo cefálico com o maior diâmetro da bacia, ou seja, fazer com que o polo cefálico se alinhe com o púbis. O grau da rotação interna varia de acordo com a variedade de posição da cabeça fetal. Ou seja, nas variedades anteriores, há rotação de 45°; nas transversais, de 90°; e nas posteriores, de 135°. o Insinuação das espáduas no estreito superior da bacia, que ocorre simultaneamente à progressão no canal de parto. O diâmetro biacromial mede 12 cm, o que seria incompatível com os diâmetros do estreito superior; porém, no período da descida, os ombros se aconchegam, moldando-se conforme do diâmetro da bacia. Por fim, o último tempo do mecanismo de parto, o desprendimento, consiste na saída do polo cefálico do canal de parto e pode ser dividido didaticamente em tempos acessórios. o Rotação externa da cabeça, também chamada de restituição, que consiste em novo movimento logo após o desprendimento total da cabeça fetal, voltando para sua posição original na bacia. @resumosdamed_ 13 o O diâmetro biacromial permanece em posição oblíqua ou transversa desde sua passagem pelo estreito superior; chegar no assoalho pélvico, há rotação das espáduas para que o diâmetro biacromial fique na direção anteroposterior da saída do canal. Assim, o ombro anterior fica sobre a arcada púbica e o posterior fica em contato com o cóccix materno. o Por fim, há o desprendimento das espáduas, no qual, primeiramente, a espádua anterior aparece no orifício vulvar, seguida pela liberação da espádua posterior. Com a saída das espáduas, há liberação de todo o tronco fetal TRABALHO DE PARTO Possui três fases principais (dilatação, expulsão e secundamento), além do período premonitório (pré-parto). O período premonitórioé caracterizado pela descida do fundo uterino (cerca de 2 a 4 cm), possibilitando maior amplitude de ventilação pulmonar. A insinuação do feto no estreito superior da bacia causa dores lombares com o estiramento das articulações da cintura pélvica. Há maior saída de muco via vaginal, que pode estar associada a pequena quantidade de sangue, além das percepções maternas das metrossístoles intermitentes. As metrossístoles podem ser dolorosas e vão aos poucos diminuindo o tempo de intervalo, assim como aumentando sua intensidade; são chamadas de dores preparantes. Neste período, há o amolecimento e apagamento do colo, que podem ser verificados pelo toque vaginal. Essa fase pode ser chamada de fase latente do parto, em que as contrações uterinas não determinam, ainda, a dilatação progressiva do colo. FASES CLÍNICAS E ASSISTÊNCIA AO PARTO O primeiro período do parto é a fase de dilatação, que se inicia com as alterações cervicais (dilatação e apagamento) e termina com a completa dilatação cervical (10cm). Sua duração é de cerca de 12 horas nas primíparas e 7 horas nas multíparas. O apagamento e dilatação do colo ocorrem em momentos diferentes nas primíparas, enquanto nas multíparas ocorrem simultaneamente. A bolsa- @resumosdamed_ 14 das-águas consiste no aparecimento das membranas ovulares (âmnio e cório) através do colo dilatado. No período de dilatação, a equipe de saúde deve ter alguns cuidados iniciais, como garantir a presença de um acompanhante durante todo o parto, além de realizar os toques vaginais seguintes para verificação das alterações cervicais. No toque vaginal, deve-se explorar o colo (apagamento, dilatação e consistência), além da bolsa-das-águas, a apresentação fetal e a altura da apresentação. Atualmente, tem sido empregada a ideia de fazer o toque vaginal o mínimo de vezes possível, no geral, a cada 2 ou até 4 horas. Durante todo o trabalho de parto, a equipe de saúde deve se atentar também a outros cuidados, como o acompanhamento da vitalidade fetal, através da ausculta dos batimentos cardiofetais, que, idealmente, deve ser feita a cada 30 minutos; a medição dos sinais vitais; alimentação adequada da parturiente; e estímulo à deambulação. A equipe deve procurar medidas para alívio das dores, sejam elas medicamentosas ou não, como uma posição mais confortável, banhos quentes e massagens, além do apoio psicológico. A analgesia via bloqueio raquimedular/peridural, no geral, é feita com 4-5 cm de dilatação, porém não é um procedimento de rotina, já que pode trazer complicações como vômitos, hipotensão, retenção urinária e período expulsivo prolongado, com maior uso dos fórcipes. A rotura das membranas ovulares ocorre, na maioria das vezes, ao final do período de dilatação ou início da expulsão, com saída parcial do conteúdo líquido. A rotura artificial das membranas (amniotomia) não deve ser uma prática generalizada e sim restrita à situações em que é necessária pra a evolução do parto. O segundo período é a fase de expulsão, que se inicia com a dilatação completa do colo uterino e se prolonga até a saída do feto, tendo duração variável de 20 a 50 minutos. Corresponde ao período de maior intensidade e frequência das contrações uterinas, até consistirem em cerca de 5 contrações em cada 10 minutos. Nesse momento, a parturiente passa a sentir os puxos, comparável à “vontade de espremer”, como na evacuação ou micção dificultadas. No decorrer da descida do feto pelo canal de parto, percebe-se que a vulva se entreabre e se dilata, mostrando a apresentação fetal. Nesse período, a equipe de saúde deve orientar a parturiente sobre como agir diante das contrações uterinas. Dessa forma, orientar que deve fazer força apenas durante as contrações efetivas e descansar nos intervalos delas. Deve-se realizar a antissepsia da região perineal e a colocação dos campos estéreis para isolar as partes maternas, exceto a vulva. Pode ser feita a analgesia locorregional, com bloqueio troncular do nervo pudendo interno, na extremidade da espinha ciática. Pode ser feita, se O acompanhamento da dilatação cervical, assim como da altura da apresentação fetal consiste em um dos elementos mais importantes para a evolução do parto. @resumosdamed_ 15 necessária, a episiotomia (incisão efetuada na região do períneo para ampliar o canal de parto), com o objetivo de impedir ou diminuir o trauma dos tecidos do canal de parto e favorecer a descida e desprendimento do feto. A episiotomia pode ser mediana (perineotomia) ou mediolateral, podendo ser feita com tesoura ou bisturi. A mediolateral inclui lesão de mais tecido, tem maior sangramento, porém possui menor chance de rotura esfincteriana; já a mediana, não lesa músculos e sangra menos, ao tempo em que pode se estender até o esfíncter anal. Algumas das indicações da episiotomia são: previsão de lacerão perineal grave (3º ou 4º grau); sofrimento fetal; distocia de ombros; uso de fórceps ou extrator à vácuo; fetos macrossômicos; e período expulsivo prolongado. Outra forma de proteção do períneo é o apoio anterior e posterior, utilizado compressas, diante da saída do polo cefálico (Manobra de Ritgen); isso é feito para evitar a movimentação brusca da cabeça do feto e consequentemente, as lacerações. Após o desprendimento do polo cefálico, a equipe deve verificar a existência de circulares do cordão umbilical ao redor do pescoço do feto; se houver presença, estas devem ser desfeitas ou seccionadas. O profissional responsável pelo parto deve apoiar as mãos na apresentação e tracioná- la levemente para baixo, com o objetivo de liberar o ombro anterior. Em seguida, tracionar para cima, liberando o ombro posterior e consequentemente, todo o concepto. No momento do desprendimento das escápulas, a equipe de apoio deve realizar 10UI de ocitocina, via intramuscular (IM), para reduzir as perdas sanguíneas e acelerar a saída da placenta. O terceiro período é a fase de secundamento ou dequitação, que consiste no descolamento, descida e expulsão da placenta e deve ter duração máxima de 30 minutos. O descolamento da placenta pode ocorrer por dois mecanismos: o Baudelocque-Schultze: é o mais frequente (75%) e ocorre quando a placenta, inserida na parte superior do útero, se inverte e se desprende em forma de guarda-chuva. Nesses casos, há formação de hematoma retroplacentário, ou seja, há saída de sangue após a liberação da placenta. o Baudelocque-Duncan: ocorre em 25% dos casos, quando a placenta está localizada na parede lateral do útero e seu desprendimento começa pela borda inferior. O sangue se exterioriza antes da saída total da placenta. A expulsão da placenta é realizada pelas contrações uterinas e pela ação gravitacional. Nesse momento, o profissional deve segurar o cordão umbilical e realizar tração controlada do cordão para estimular a saída placentária total. A placenta deve ser inspecionada para verificar sua integridade, bem como a integridade dos anexos através da análise das faces materna e fetal, que devem estar íntegras. Após a dequitação total, deve-se realizar a revisão do canal de parto, incluindo colo e vagina, à procura de possíveis lacerações e analisando se há presença de hemorragias significantes. Se houver a presença de lacerações ou episiotomia, deve-se realizar a rafia das mesmas com pontos simples realizados por planos anatômicos. @resumosdamed_ 16 Alguns autores descrevem, ainda, um quarto período clínico para o parto, chamado de período de Greenberg, que compreende a primeira hora após a saída da placenta. Essa fase é considerada como parte do parto pelo grande risco de sangramento nesta primeira hora, principalmente diante de uma má assistência. Após a expulsão da placenta, o útero se contrai de forma intermitente, constituindo uma laqueadura viva dos vasos uterinos abertos. A equipe deve estar atenta para a altura do fundo uterino e sua consistência contraída(globo de segurança de Pinard). INDUÇÃO DO PARTO • Indução indicada não médica (indução eletiva): o parto não deve ser induzido eletivamente antes de 39 semanas de gestação, no chamado período termo precoce (37 +0 -38 +6 semanas). Inúmeras são as morbidades neonatais sinaladas • Indução indicada médica: diversas são as condições médicas que indicam a interrupção da gravidez em benefício fetal ou materno, nos períodos pré-termo tardio (34 +0 -36 +6 semanas) e termo precoce (37 +0 -38 +6 semanas). PARTOGRAMA O partograma é a representação gráfica do trabalho de parto, permitindo acompanhar a evolução, documentar e diagnosticar alterações. Isso permite a tomada de condutas para a correção adequada dos desvios, além de evitar intervenções desnecessárias. O eixo das abscissas (eixo X) representa o tempo em horas e as ordenadas (eixo Y), a dilatação cervical em centímetros. A dilatação é progressiva, representada por uma linha ascendente, inicialmente com menor velocidade. No partograma colocam-se duas linhas paralelas, a linha de alerta e a de ação. Quando a dilatação atinge a linha de alerta, há maior necessidade de observação clínica, sendo que, a intervenção médica deve ser feita quando a dilatação atingir a linha de ação. De forma geral, o registro no partograma começa a ser feito quando a parturiente estiver na fase ativa do trabalho de parto. Os toques vaginais são feitos a cada 2-4 horas e deve-se anotar a dilatação, altura da apresentação, variedade de posição e as condições da bolsa-das-águas e do líquido amniótico. A linha de ação deve ser marcada na hora imediatamente após a dilatação cervical inicial, enquanto a linha de alerta estará paralela, 4 horas após a primeira. Outro ponto importante é o preenchimento do padrão das contrações uterinas (frequência em 10 minutos e duração de cada uma), dos BCFs, da Infusão de líquidos e/ou drogas, além do uso ou não da analgesia; e da realização de amniotomia. @resumosdamed_ 17 REFERÊNCIAS Rezende Obstetrícia/ Carlos Antônio Barbosa Montenegro, Jorge de Resende Filho. – 13o ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. https://www.gov.br/ebserh/pt-br/hospitais-universitarios/regiao-centro- oeste/hc-ufg/governanca/pops-e-protocolos/gerencia-de-atencao-a- saude/divisao-de-apoio-diagnostico-e-terapeutico/unidade-de- reabilitacao-1/pop-ur-fisio-018-avaliacao-da-dinamica-do-trabalho-de- parto.pdf http://www2.ebserh.gov.br/documents/214336/1109086/Cap%C3%ADtulo- 5-Cardiotocografia.pdf https://aluno.sanarflix.com.br/#/portal/sala- aula/5deef8e2a6bf9b0013cbeded/5deef851020f9900112f16f2/documento/ 5f07148247ae2d001d2ec7fd
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