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A Religião Umbanda

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89 
 
 
15. A Religião Umbanda 
15.1. Significado da palavra Umbanda 
Não existe um consenso sobre a origem e nem do significado da palavra 
“Umbanda”. Existem correntes de pensamento, algumas contemplando o ponto de 
vista histórico e cultural, outras baseadas em depoimentos de espíritos 
considerados sábios. 
 
No livro “Iniciação à Umbanda”, de Ronaldo Antonio Linares, Diamantino Fernandes 
Trindade e Wagner Veneziani Costa, editora Madras, em sua página 51, 
encontramos o seguinte: 
 
“A palavra Umbanda, segundo Cavalcanti Bandeira em sua grande obra “O QUE É 
UMBANDA”, é originária da língua Quimbundo, encontrada em muitos dialetos 
bantus, falados em Angola, Congo, Guiné, e não é segredo algum, pois, em virtude 
dos interesses comerciais e do período em que Portugal manteve suas colônias na 
África, foi devidamente estudada, existindo várias gramáticas de autores 
insuspeitos, em que são citadas as palavras Umbanda e Quimbanda, nome comum 
na África. Às vezes é citada como nação poderosa, outras vezes como o espírito 
dessa mesma nação. 
 
(...) Uma possibilidade mais remota dá a origem dessa palavra no orientalismo 
iniciático, no qual o “mantra” AUMBHANDA, representa um alto significado 
esotérico como foi discutido no Primeiro Congresso Brasileiro de Espiritismo de 
Umbanda, realizado em 1941, no Rio de Janeiro. Neste congresso, Diamantino 
Coelho Fernandes, da Tenda Mirim, apresentou uma tese intitulada “fundamentos 
históricos e filosóficos”, na qual discorreu sobre o tema. Em um dos trechos da tese 
encontramos: 
 
Umbanda não é um conjunto de fetiches, seitas ou crenças originárias de povos 
incultos, ou aparentemente ignorantes. Umbanda é, demonstradamente, uma das 
maiores correntes do pensamento humano existentes na Terra há mais de 100 
séculos, cuja raiz se perde na profundidade insondável das mais antigas filosofias. 
 
O vocábulo UMBANDA é oriundo do sânscrito, a mais antiga e polida de todas as 
línguas da Terra, a raiz mestra, por assim dizer, das demais línguas existentes no 
mundo. Sua etimologia provém de AUM-BANDHÃ (Om-Bandá) em sânscrito, ou seja, 
o limite do ilimitado. 
 
(...)Na gramática de Kimbundo, do professor Dr. Quintão encontramos: Umbanda – 
arte de curar (de Kimbanda – Curandeiro). Algumas deformações linguísticas atuais 
no Brasil, atribuem ao feiticeiro o título de Quimbandeiro, que no país de origem, a 
África, é chamado de Muloji. Resumidamente temos: Umbanda, arte de curar, ofício 
de ocultistas, ciência médica, magia de curar.” (...) 
 
 
90 
 
 
Outra forte corrente, alega que o termo já era utilizado pelos índios brasileiros, 
antes mesmo do descobrimento. Tribos brasileiras que falavam um dialeto do tupi, 
também, segundo alguns, já utilizavam a palavra com a seguinte sonorização: 
Aumbandan. Esta corrente alega ter recebido a instrução de seres de altíssima 
elevação espiritual que transferiram este conhecimento. Dividindo a palavra em 
termos, teremos AUM-BAN-DAN, que segundo os que adotam este conceito, estes 
termos podem ser traduzidos através do alfabeto adâmico, o qual foi descoberto 
pelo Marquês Alexandre Saint-Yves d’Alveydre. 
 
A tradução então ficaria 
 
AUM - “A Divindade Suprema” 
BAN - “Conjunto, sistema” 
DAN - “Regra ou Lei” 
 
Por conseguinte, AUMBANDAN seria o “conjunto das leis divinas”. 
 
Esta última, na minha humilde opinião, é a que mais tem a cara da verdadeira 
Umbanda. 
 
Sendo nação poderosa, limite do ilimitado, magia de cura, medicina do povo ou 
conjunto das leis divinas, creio que nenhuma palavra ou sentença foi capaz de 
traduzir tão bem o conceito da nossa religião quanto aquele dado pelo Caboclo das 
Sete Encruzilhadas: “Umbanda é a manifestação do espírito para a caridade”. 
 
15.2. Símbolos da Umbanda 
Em seus mais de cem anos de história, a Umbanda adquiriu uma iconografia própria 
e oficial. Uma vez que toda nação ou mesmo uma agremiação esportiva possui 
símbolo, bandeira e hino próprio, é mais do lógico que a nossa sagrada religião 
dispusesse dos mesmos tributos. 
 
15.2.1. Símbolo 
O símbolo mais comum da Umbanda é o hexagrama ou, como é conhecido 
popularmente, estrela de Davi. 
 
 
Note que o hexagrama é composto por dois triângulos entrelaçados, sendo que um 
aponta para cima e outro, aponta para baixo. 
 
 
91 
 
 
Desta forma estabelece-se a dualidade do nosso mundo: espiritual- material, Deus-
homem, positivo e negativo; mas também forma duas trindades (representadas 
pelos vértices de ambos os triângulos), para muitos, o que aponta para cima seria a 
trindade tradicionalmente conhecida por Pai, Filho e Espírito Santo, enquanto o que 
aponta para baixo seria o Mundo, o homem e a mulher. 
 
Para a nossa Umbanda, que é o que interessa, além das dualidades obviamente 
representadas, teríamos a seguinte interpretação das trindades: o triângulo que 
aponta para cima simbolizando a trindade umbandista: Olorun, Oxalá e Ifá (Pai, Filho 
e Espírito Santo), e o triângulo que aponta para baixo simbolizaria Exu (Orixá), Exu 
(representante masculino) e Pomba-Gira (representante feminina). 
 
Alguns ainda identificam o triângulo com vértice para baixo como Exu, Pomba-Gira 
e Exu-Mirim. 
 
Este símbolo é largamente usado por muitas casas umbandistas para cerimônias 
oficiais como o batismo e o casamento. 
 
15.2.2. Bandeira 
 
A ideia de uma bandeira para a Umbanda surgiu através do Babalorixá Presidente da 
Associação de Umbanda de Caxias, Saul de Medeiros, o qual idealizou a bandeira, 
que de imediato foi bem recebida pelo povo umbandista de Caxias do Sul e também 
do Rio Grande do Sul, mas a ideia é que a bandeira se tornasse nacional. 
Em abril de 2008, Saul de Medeiros associou-se com a FUGABS – Federação 
Umbandista do Grande ABC, e, em 1 de Junho do mesmo ano, realizaram o 
lançamento oficial da Bandeira da Umbanda no Teatro Municipal Dr. Paulo Machado 
de Carvalho, na presença de mais de 1.200 irmãos umbandistas. 
 
A bandeira pelo olhar de seu criador: ”A imagem de um lindo sol radiante, e, de seu 
núcleo, sai uma figura que no primeiro instante parece a de um enorme pombo 
branco, mas olhando com mais atenção, a forma se modifica deixando transparecer 
a de um espectro humano angelical, com enormes asas, como se dirigisse a um 
destino determinado, a realizar uma missão”. 
 
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15.2.3. Hino 
 
Além da magistral letra, é a história do Hino da Umbanda que o faz mais belo. 
José Manuel Alves (mais conhecido como J.M. Alves), português radicado no Brasil, 
compositor reconhecido, cujas canções de sua autoria foram gravadas por cantores 
conhecidos na época como as Irmãs Galvão, Grupo Piratininga, Osni Silva, Ênio 
Santos, entre outros. Em 1955, a marchinha Pombinha Branca, composta em 
parceria com Reinaldo Santos, foi gravada por Juanita Cavalcanti. Ainda compôs 
xotes, valsinhas, baiões, maxixes e outros gêneros musicais de sua época, e realizou 
um sonho ao gravar o seu único LP, disco de vinil, em 1957. 
 
No entanto, era cego. Em busca de sua cura foi à procura da ajuda do Caboclo das 
Sete Encruzilhadas. Embora não tenha conseguido seu intento, ficou apaixonado 
pela religião e compôs uma canção para homenageá-la. Apresentou a letra ao 
Caboclo das Sete Encruzilhadas, o qual tanto a apreciou, que resolveu nomeá-la 
como Hino da Umbanda. Em 1961, durante o Segundo Congresso Brasileiro de 
Umbanda, presidido por Henrique Landi Júnior, foi finalmente oficializada em todo 
o Brasil. 
Originalmente foi composta para ser interpretada como a marcha de um hino, mas 
depois de cair nas graças do povo, passou a ser cantada ao som de atabaques nos 
terreiros de todo o país. 
Eis aqui sua letra original: 
Refletiu a luz divina Em todo seu esplendor 
Vem do Reino de Oxalá Onde há paz e amor. 
Luz que refletiu na Terra Luz que refletiu no Mar Luz que veio de Aruanda Para 
tudo iluminar Umbanda é paz e amor 
É Um Mundo cheio de luz É a força que nos dá vida E à grandeza nos conduz. Avante 
filhos de fé 
Como a nossa lei não há Levando ao mundointeiro A bandeira de Oxalá. 
 
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15.3. Influências da Umbanda 
Ao adentrarmos a um terreiro umbandista, é natural que tenhamos sensações de 
familiaridade com muitas passagens do rito e até mesmo com templo em si. 
 
Os santos católicos muitas vezes presentes, os pontos cantados que muitos já 
ouviram no rádio ou na internet, pelas orações, enfim, por todo esse Universo da 
Umbanda. 
 
É importante lembrar que a Umbanda não nasceu pela dissidência de outra religião 
maior, mas desde o início se estabeleceu pelo amor, pelo amor de Deus aos homens, 
foi-nos outorgada a religião que mais ampara os necessitados da ajuda espiritual. 
 
Por muitos aspectos, creio que a Umbanda já seja maior que o Espiritismo; 
entretanto, as estatísticas dispõem o contrário, justamente pelo fato dos 
umbandistas, por receio de preconceito, se declararem espíritas nas pesquisas 
demográficas. 
 
Três grandes religiões colaboraram para o nascimento da Umbanda: o Candomblé, 
o Espiritismo e o Catolicismo, e é essa herança que nos confere esse ar familiar, pois 
é muito raro o irmão não ter conhecido ao menos uma dessas religiões. 
 
Por ser muito flexível, a Umbanda sempre acolhe com carinho outras práticas 
religiosas e esotéricas, cabendo ao sacerdote integrá-las ou não, de acordo com seus 
princípios e experiências. E é por isso que dizemos que o terreiro tem a cara do Pai-
de-Santo. 
 
Existem dois atributos muito importantes dentro da Umbanda, que fazem com que 
a pessoa que chega pela primeira vez a um terreiro, acabe se sentindo muito bem 
acolhida. 
 
O primeiro é que a Umbanda não é conversionista. Você pode frequentar um 
terreiro pelo tempo que desejar sem que seja convidado a se “batizar” ou coisa que 
o valha. Seu livre-arbítrio sempre será respeitado. É por este motivo que muitas 
pessoas vão à Umbanda tomar seu passe e sua orientação, porém permanecem fiéis 
às suas religiões originais, frequentando as missas ou cultos de acordo com sua fé. 
 
A segunda e mais importante é que enquanto na maioria das outras religiões existe 
um padre ou pastor para uma multidão de fiéis, na Umbanda existe um “padre ou 
pastor” para cada fiel. 
 
Dessa forma, na nossa religião as pessoas têm a oportunidade de tratar seu 
problema individual e este fator auxilia (mas não é preponderante) para que a 
pessoa alcance seu objetivo mais facilmente. 
 
Isso faz da Umbanda a religião com o maior potencial de crescimento da atualidade. 
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15.3.1. Candomblé 
O Candomblé é a religião que mais colaborou com a Umbanda, e, por este motivo, 
é compreensível que muitas vezes as pessoas leigas confundam uma religião com a 
outra. 
 
Entretanto é muito importante salientar que uma nada tem a ver com a outra. Da 
mesma forma que dois filhos do mesmo pai e mãe não são idênticos, assim devemos 
tratar deste assunto. A Umbanda e o Candomblé podem ser consideradas religiões 
irmãs, mas nem por isso são iguais e muito menos semelhantes. 
 
Do Candomblé herdamos os Orixás, a firmeza de velas, as guias (fio de contas), a 
defumação, os amacis, os assentamentos vibratórios e parte de nosso ritual. Muitas 
casas de Umbanda acabaram por assimilar ainda mais fundamentos do Candomblé 
ou de outras religiões afro- brasileiras, como podemos observar no Rio Grande do 
Sul, Minas Gerais, Bahia e seus arredores. 
 
Para o filho que deseja se aprofundar nos estudos da Umbanda, é necessário que 
também estude o Candomblé e seus fundamentos. 
 
Mas, afinal de contas, o que é o Candomblé? 
 
O Candomblé é uma religião que nasceu da necessidade dos escravos cultuarem a 
sua fé. Como eles vinham sempre misturados de diversas tribos ou culturas, a fim 
de se evitar motins, construíam nas senzalas um altar coletivo onde cada negro 
poderia cultuar seu Orixá natal. Desta mistura de várias fés, culturas, rituais e 
fundamentos vindos do continente africano, nasceu o Candomblé, que também é 
uma religião exclusivamente brasileira como a nossa Umbanda. 
 
No que o Candomblé se diferencia da Umbanda? 
 
Atualmente o Candomblé vem se adaptando às novas necessidades e tem passado 
por muitas mudanças. Mas no Candomblé original não se incorporava egun, 
somente os Orixás, que para eles são deuses. Não existe consulta com médium 
incorporado, a consulta se dá através do jogo de búzios, que é ofício do Pai ou Mãe 
de Santo, e é através dos búzios que os Orixás se manifestam. 
 
Acima de tudo é necessário respeitar o Candomblé e todas as religiões afro-
brasileiras, dentre elas a Umbanda. Ainda somos minoria frente 
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às religiões tradicionais, ainda sofremos preconceitos e somente com a união dessas 
religiões, com a divulgação maciça de nossos fundamentos de fé, é que 
conseguiremos a paz e o respeito que tanto almejamos. 
 
15.3.2. Espiritismo 
A doutrina iniciada por Alan Kardec é extremamente importante para a Umbanda, 
pois foi através dela que o atendimento dos espíritos ficou conhecido. 
Diferentemente do Candomblé, o Espiritismo faculta a qualquer espírito que possua 
condições de prestar auxílio aos encarnados, a oportunidade de trabalhar. 
 
A idéia de “conversar” com um espírito era difícil de ser absorvida pela maioria das 
pessoas e, se não fosse Kardec, certamente o trabalho teria encontrado ainda mais 
restrições do que encontrou na época. O ambiente mediúnico de corrente também 
é herança do Espiritismo, assim como a fluidificação da água e os passes fluídicos 
magnéticos. 
 
Além disso, o trabalho científico feito por Kardec é de grande importância, sendo 
que é recomendado aos umbandistas que leiam toda a sua obra, pois realmente é 
uma excelente forma de compreender melhor o a espiritualidade. 
 
Existem ressalvas e conflitos da obra espírita com a Umbanda, mas é mínima, que 
não chega sequer a arranhar o conteúdo da doutrina. 
 
É importante lembrar aos irmãos que a espiritualidade é como o nosso planeta, 
gigantesca. E da mesma forma que nosso planeta possui inúmeras nações, línguas 
culturas e religiões, também assim é o plano espiritual. Dessa forma não é errado 
dizer que a Umbanda é um pequeno ponto de luz dentro desta espiritualidade tão 
grande. 
 
Digo isso pelo fato de saber que para um irmão de fé, é mais fácil migrar para o 
Candomblé do que para o Espiritismo. 
 
Hoje em dia o Espiritismo continua sendo uma luz nas trevas da ignorância espiritual, 
sendo que os centros espíritas investem bastante em palestras e na educação 
espiritual. Do ponto de vista prático das atividades espirituais, infelizmente esses 
meios tem deixado muito a desejar. 
 
Outra atividade tipicamente espírita também começa a fazer parte de nossos 
terreiros, a psicografia, onde o médium recebe mensagens e as transcreve no papel. 
Mais uma vez parabéns à Umbanda, que não tem receio de copiar fórmulas que 
funcionam, trazendo para dentro das casas umbandistas ainda mais oportunidade 
de elevação para os médiuns. 
 
 
 
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Por fim, não podemos esquecer que hoje a Espiritismo, na maioria de seus centros, 
enxerga a Umbanda da verdadeira forma que ela é, inclusive hoje em dia, muitos 
permitem a manifestação de caboclos e pretos-velhos, além de indicar às pessoas 
em sofrimento o atendimento umbandista. 
 
15.3.3. Catolicismo 
A Igreja Católica foi a que menos colaborou com a Umbanda em termos de herança. 
 
Entretanto como a maioria das imagens (estátuas) de um terreiro são de santos 
católicos (altar), o iniciante logo associa o ambiente do terreiro com uma igreja. 
 
Com exceção das imagens, o catolicismo nos outorgou o anjo de guarda, as orações, 
os terços de nossos amados pretos-velhos, o Deus único, o culto à Nossa Senhora, a 
crença em Jesus Cristo, além das datas comemorativas com Natal, Quaresma, 
Páscoa e Finados. 
 
Apesar de tudo isso, infelizmente, muitos católicos ainda menosprezam a luz da 
Umbanda, atacando-a covardemente com acusações sem sentido. Tudo por 
ignorância, por preconceito. 
 
Mesmo assim, é impossível negar a herança católica que ajudou a fundamentar a 
nossaUmbanda. 
 
15.4. Sincretismo religioso 
Para entendermos o sincretismo religioso, primeiro temos que entender o que é 
sincretismo > fusão de diferentes cultos ou doutrinas religiosas, com reinterpretação 
de seus elementos. 
 
Se preferir, sincretizar é acreditar ao mesmo tempo em que uma coisa é outra. 
 
O sincretismo religioso se dá pela associação dos santos católicos com os Orixás. 
 
Quando um umbandista olha para a imagem de Jesus, ele imediatamente direciona 
sua mente para Oxalá, o pai de todos os Orixás, sem a predominância de nem um 
dos dois. Cultuamos o Jesus e Oxalá na mesma figura, essa é a base do sincretismo 
religioso. 
 
Por que isso aconteceu? 
 
Quando os negros escravos chegaram ao Brasil, eram forçados a adotar o 
catolicismo, sob pena de flagelos e privações. Ora, o negro não entendia nada 
daquele culto sem sentido, onde imagens desconhecidas tinham que ser veneradas 
com rezas, cuja língua muitas vezes ainda não se habituara. 
 
Desde o início os negros praticavam seus cultos em segredo, e, pela ausência de 
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alguns instrumentos de culto, adaptavam outros semelhantes encontrados na 
própria senzala ou subtraídos das cozinhas dos senhores. 
 
Diante da obrigação de se cultuar os santos, o negro viu uma oportunidade de 
fortalecer seu culto, utilizando as imagens dos santos, associando-as com seus 
Orixás. Assim, quando eram surpreendidos pelos senhores e capatazes em seus 
cultos, diziam que estavam rezando para os ”santos”. 
 
Apesar de pouco entender, os senhores permitiam que cultuassem os santos à seu 
modo, nunca imaginando que aqueles primeiros cultos seriam a semente de uma 
nova religião, o Candomblé. 
 
Mesmo após a abolição da escravatura, o costume permaneceu, pois já era 
praticado há quase três séculos. E, dessa forma, foi trazido para a Umbanda pelos 
primeiros médiuns da raça negra. 
 
É importante salientar a diferença que existe entre o sincretismo na Umbanda e no 
Candomblé. Enquanto no Candomblé a imposição de uma religião forçou os negros 
ao sincretismo, na Umbanda ele chegou voluntariamente, sem o peso do errado, do 
escondido. Chegou através do amor e foi rapidamente adotado por todos. 
 
Na Bahia, o sincretismo é tão forte e presente, que em muitos rituais católicos se 
fazem presente muitos adeptos do Candomblé e da Umbanda. Como exemplo 
citamos a lavagem da escadaria da Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, em Salvador, 
onde o povo do Candomblé é quem faz o ritual, sob os olhos dos padres. 
 
Sincretismo religioso 
Exú Santo Antônio. 
Obaluaê São Roque ou S. Lázaro. 
Ogum São Jorge em uns locais e Santo Antônio em outros. 
Iemanjá Nossa Senhora dos Navegantes. 
Oxum Nossa Senhora da Conceição. 
Xangô São Jerônimo, São João Batista, São Miguel Arcanjo, São Pedro. 
Oxóssi São Sebastião e São Jorge. 
Iansã Santa Bárbara. 
Ibeji São Cosme e Damião. 
Obá Santa Rita de Cássia e Joana D’Arc. 
Nanã Santa Ana. 
Oxumarê São Bartolomeu. 
Oxalá Jesus Cristo e Nosso Senhor do Bonfim.

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