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54 Elany Portela A sinalização celular guia o desenvolvimento embrionário, coordenando o desenvolvimento dos tecidos e órgãos. As moléculas de sinalização extracelular, também chamadas de ligantes, permitem a comunicação celular. Essas moléculas, produzidas por uma célula sinalizadora, podem ser proteínas, peptídeos, aminoácidos, nucleotídeos, esteroides, ácidos graxos ou gases dissolvidos. Algumas moléculas sinal atuam a longas distâncias (Sinalização neuronal e endócrina)e outras, a curtas distâncias (Sinalização dependente de contato, parácrina e autócrina). Na maioria das vezes, as moléculas de sinalização extracelular interagem com proteínas receptoras localizadas na superfície celular, mas algumas delas interagem com receptores intracelulares. O receptor deve ser capaz de reconhecer o ligante e responder a ele para desencadear uma resposta celular. Uma vez que a ligação tenha ativado o receptor, o sinal é recebido por moléculas de sinalização intracelulares, como cinases, fostatases ou proteínas que se ligam a GTP. Essas moléculas transmitem o sinal para dentro da célula aos alvos específicos. No final da via de sinalização, as proteínas efetoras são ativadas e conduzem a um comportamento celular. Essas proteínas efetoras podem ser enzimas metabólicas, proteínas de regulação da transcrição, proteínas do citoesqueleto, entre outras. Tipos de Comunicação Celular 1. Justácrina (dependente de contato) Ocorre pelo contato direto entre a molécula sinalizadora presente na membrana plasmática da célula sinalizadora e a proteína receptora inserida na membrana da célula-alvo Esse tipo de sinalização acontece, por exemplo, no período embrionário durante a diferenciação neural. 2. Parácrina Nesse tipo de sinalização, as moléculas sinalizadoras extracelulares produzidas pela célula sinalizadora difundem-se localmente, interagindo apenas com células-alvo próximas à célula sinalizadora 55 Elany Portela A sinalização parácrina acontece, por exemplo, na atuação do Óxido Nítrico (NO) na dilatação dos vasos sanguíneos. 2.1. Sináptica ou Neuronal É um tipo de sinalização parácrina. Através dos axônios, os neurônios estabelecem contato com células-alvo distantes. As moléculas sinalizadoras secretadas pelos neurônios são chamadas neurotransmissores. Os neurotransmissores são liberados de forma rápida e atuam de modo específico em uma célula-alvo. 2.2. Autócrina A sinalização autócrina é um tipo de comunicação parácrina. Nesse tipo específico de sinalização, as células podem também responder às moléculas sinalizadoras que elas mesmas produzem 3. Endócrina Nesse tipo de sinalização celular, as moléculas sinalizadoras liberadas pela célula sinalizadora são chamadas de hormônios. As células sinalizadoras, por sua vez, são chamadas de células endócrinas. Os hormônios produzidos pelas células endócrinas podem ser distribuídos por todo o corpo, já que são secretados na corrente sanguínea. As células-alvo para esses hormônios apresentam o receptor específico 56 Elany Portela Tipos de Receptores 1. Metabotrópicos Possui um receptor na membrana com 7 segmentos helicoidais transmembranares. Proteína G é ativa quando ligada a GTD e inativa quando ligada a GDP. Enzima efetora (proteína efetora) – produz o segundo mensageiro – podem ser: Adenilato ciclase, Fosfolipase A2 ou Fosfolipase C. O segundo mensageiro irá ativa uma quinase que realizará a fosfoliração (adição de PO4-) A proteína G estimulada pelo receptor ativado troca seu GDP por GTP e dissocia- se do receptor ligando-se a enzima efetora que quando ativada gera o 2º mensageiro (síntese de AMPc através de ATP). O AMPc ativa alostericamente a proteína cinase a (PKA), que catalisa a fosforilação em proteínas alvo A atividade GTPásica intrínseca inativa a si mesmo, convertendo GTP em GDP. Glucagon: 1. O glucagon é liberado pelo pâncreas e funciona como um sinalizador/1º mensageiro. 2. A subunidade α da proteína G se separa do complexo βγ e a proteína G troca seu GDP por GTP. 3. Proteína Gαs ativa a adenilato ciclase (proteína efetora) que estimula a conversão de ATP em AMPc (2º mensageiro). 4. O aumento na concentração de AMPc ativa as cinases A (PKA). 5. Ocorre, então, a fosforilação das glicoses do glicogênio. Essas glicoses são liberadas no sangue. Fosfolipase C – Sistema FLC/IP3 1. Um agonista (ex. acetilcolina) se liga ao receptor 2. A subunidade α da proteína G se separa do complexo βγ e a proteína G troca seu GDP por GTP. 3. Fosfolipase C é ativada e libera trifosfato de inusitol (2º mensageiro) que faz com que o Retículo endoplasmático libere Cálcio para o citoplasma 4. Fosfolipase C pode liberar também diacilglicerol DAG que ativa a PKC. 5. Cálcio se liga a calmodulina que resulta no estiramento da elastina ocorrendo a contração muscular lisa. 57 Elany Portela 2. Tirosina-Quinase Possuem um domínio de interação com o ligante no meio extracelular e um sítio ativo enzimático na face citoplasmática, conectadas por um único segmento transmembrana. A parte citoplasmática é uma proteína cinase que fosforila resíduos de tirosina em proteínas-alvo específicas. Parte α (N terminal): é onde se liga o sinal, é extracelular. Parte β (C terminal): é o domínio intracelular catalítico, onde ocorre a autofosforilação. Anti-Inflamatórios não esteroidais (AINES) Quando tem-se uma infecção de garganta bacteriana, os macrófagos chegam, fagocitam as bactérias e tornam-se uma célula ativa. 1. O macrófago produz TNFα (grupo de citocinas) – funciona como 1º mensageiro 2. A subunidade α da proteína G se separa do complexo βγ e a proteína G troca seu GDP por GTP. 3. A proteína efetora Fosfolipase A2 é ativada e hidrolisa fosfolipídeos transformando os lipídeos da célula em ácido aracdônico (2º mensageiro). 4. O ácido aracdônico será convertido em prostaglandinas (moléculas pró- inflamatórias) pelas enzimas Ciclooxigenases (COX) 1 e 2 5. A inflamação causa dor, febre e vasodilatação (este último ocorre devido a diapedese, as células saem do vaso para os tecidos). 6. Os AINES são inibidores da COX 1 e 2 , inibindo dessa forma a inflamação e os sintomas que a acompanham. Insulina 1. Aumento da glicose no sangue. 2. A GLUT 2, transporta glicose para o pâncreas e estimula células Beta das ilhotas de Langerhans a produzirem insulina (sinalização endócrina) 3. Insulina interage com a parte α do receptor tirosina-quinase, que estimula a parte β. 4. A parte β se autofosforila, ativando a si mesmo e outras proteínas citosólicas. 5. Ativa a IRS que fosforila IP3, que por sua vez fosforila o PKB (AKT) que fosforila a GLUT 4. 6. GLUT 4 fica ativa e de desloca para a membrana plasmática permitindo a entrada de glicose na célula Insulina e IGFs (fatores de crescimento) podem atuar no próprio receptor, ativando IRS que fosforila MAP cinase que estimula promotores gênicos (promovem crescimento, diferenciação e anti-apoptoses) Células insulina-dependentes: musculares e adiposas 58 Elany Portela 3. Guanilato-ciclase Quando ativada a guanilil ciclase converte GTP no 2º mensageiro GMPc, que ativa a PKG e esta realiza fosforilação. Óxido Nítrico 1. Aumento da Pa leva ao estiramento dos vasos sanguíneos 2. NO sintase converte arginina em citrulina liberando óxido nítrico. Esse processo é feito por células endoteliais. 3. O óxido nítrico atravessa a membrana plasmática e estimula a guanilato- ciclase 4. Guanilato-ciclase converte GTP em GMPc 5. GMPc (2º mensageiro) ativa a PKG que fosforila e abre canais de cálcio. 6. O cálcio é liberado para o meio extracelular ocorrendo o relaxamento muscular e diminuição da PA. O viagra era usado para tratara hipertensão pois inibe a fosfodiesterase (ou fosfatase, que desfosforila). Não ocorrendo desfosforilação o cálcio continua sendo liberado para o meio extracelular, mantendo a diminuição da PA. ANP O aumento da PA promove a produção de ANP que se liga no domínio externo do receptor, ativando a guanilil ciclase, que converte GTP em GMPc, o aumento na concentração de GMPc aumenta a excreção renal de sódio e água. A perda de água promove vasodilatação, aumento do fluxo sanguíneo e diminuição da PA
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