Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Introdução ao Controle de Constitucionalidade Introdução A locução "controle de constitucionalidade" deve ser entendida como uma verificação de compatibilidade, de adequação entre normas: as leis (e os demais atos normativos) e a Constituição. Assimilação da Constituição sob o prisma kelseniano (Hans Kelsen) / Relação de validade: escalonamento hierárquico. A hierarquia normativa entre as normas constitucionais e as demais, justifica a realização do controle de constitucionalidade. Afinal, se a Carta Constitucional se encontra em posição diferenciada no ordenamento (Supremacia da Constituição), todas as demais normas lhe devem estrita observância e irrestrita obediência e precisam estar afinadas, em absoluto, com os seus preceitos, de modo que qualquer incompatibilidade possa ser detectada e solucionada em favor da Constituição. O controle de constitucionalidade pressupõe a rigidez e Supremacia da Constituição, de forma que é possível elencar alguns pontos importantes no seu estudo: Constituição escrita e marcada pela rigidez; A Constituição é norma superior (supremacia constitucional) e pressuposto de validade de todos os demais diplomas normativos; A estipulação de uma relação de parametricidade (de comparação) entre a norma superior (Constituição) e o restante do ordenamento jurídico; Estabelecimento de consequência jurídica ante a violação da parametricidade (Ex.: reconhecimento da inexistência, da nulidade ou da anulabilidade do ato inferior incompatível com a Constituição.) TIPOLOGIA da Inconstitucionalidade A efetivação do controle ocorre na conclusão de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade do ato submetido à comparação da lei com o texto constitucional. Caso seja concluído a contrariedade do ato normativo inferior frente a CF, estaremos diante da inconstitucionalidade, que poderá ser classificada pelos seguintes critérios: Quanto a NORMA constitucional VIOLADA 1) INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL: ocorre quando o vício que afeta o ato inconstitucional decorre da inobservância de algum rito do processo legislativo constitucionalmente fixado ou da incompetência do órgão que o editou. Esta divide-se em: inconstitucionalidade formal propriamente dita e orgânica. Inconstitucionalidade formal propriamente dita: Ocorre quando há um defeito na formação do ato, por desobediência às prescrições constitucionais referentes ao trâmite legislativo adequado para sua feitura. Subjetiva: quando o defeito deriva de desobediência à iniciativa estipulada Objetiva: hipóteses em que o vício está na desarmonia com regras atinentes aos outros atos do processo legislativo de gestação da norma. Inconstitucionalidade formal orgânica: ocorre quando há desobediência para produção do ato. 2) INCONSTITUCIONALIDADE MATERIAL: O conteúdo da norma é contrário ao conteúdo constitucional, deriva das situações em que há incongruência entre o previsto na lei e aquilo que dispõe o texto constitucional. Quanto ao tipo da CONDUTA OFENSIVA 1) INCONSTITUCIONALIDADE POR AÇÃO: Ocorre com a produção de atos legislativos ou administrativos (conduta positiva do Estado) que contrariem o texto constitucional. 2) INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO: ocorre quando a letargia dos Poderes Públicos impede a efetivação de uma norma constitucional que, para produzir com plenitude seus efeitos, depende de uma atuação estatal. Omissão Total (ou absoluta): quando não há nenhum resquício de regulamentação, na qual a inércia é integral. Omissão Parcial: quando há atuação estatal, mas essa é deficiente ou insuficiente. Quanto ao MOMENTO 1) INCONSTITUCIONALIDADE ORIGINÁRIA: Ocorre quando a norma nasce inconstitucional em relação ao parâmetro (norma constitucional), ou seja, o parâmetro será sempre anterior ao objeto. 2) INCONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE: o parâmetro (norma constitucional) é sempre posterior ao objeto (lei). Ex.: promulgação de uma Emenda Constitucional que torne o texto da lei incompatível com a Constituição. Quanto ao ALCANCE 1) INCONSTITUCIONALIDADE TOTAL: Quando o diploma analisado for inconstitucional na sua totalidade, não sendo possível aproveitar nenhum trecho da norma, vez que o vício a contaminou na sua inteireza. 2) INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL: Quando o vício atingir apenas trechos específicos do diploma. Aplica-se, neste caso, o princípio da parcelaridade ou divisibilidade das leis, que autoriza o fracionamento das normas em partes válidas e inválidas. Quanto ao PRISMA DA APURAÇÃO 1) INCONSTITUCIONALIDADE DIRETA: quando a ofensa da norma ao texto constitucional é frontal, isto é, entre a norma constitucional e o diploma avaliado não há que ser interposta nenhuma outra norma. 2) INCONSTITUCIONALIDADE DIRETA: Pode ser reflexa ou consequencial: Reflexa: é aquela na qual o vício é decorrente do desrespeito direto a uma norma infraconstitucional — e não à Constituição propriamente. De forma que ocorrerá quando estivermos diante de uma lei constitucional, mas regulamentada por um decreto que a desrespeita. Consequencial: Ocorre quando há entre duas normas uma relação de dependência (uma principal e outra acessória) sendo que a declaração de inconstitucionalidade da principal enseja a declaração de inconstitucionalidade da acessória, ainda que o pedido tenha se limitado à norma principal. PARAMETRO para declaração de (in)constitucionalidade Parâmetro (ou paradigma) consiste na norma ou no conjunto de normas que se toma como referência numa análise comparativa são as normas da Constituição que podem ser referenciadas para constatarmos a constitucionalidade ou inconstitucionalidade dos demais diplomas. Em nosso ordenamento jurídico o paradigma para o controle é a própria Constituição Federal, Numa análise estrutural da Constituição, é possível identificarmos: o preâmbulo, a parte permanente e o ADCT. Dessa forma, é preciso verificar se todas encerram normas constitucionais, de forma a servirem de parâmetro para a realização do controle. PREÂMBULO: Não é considerado parâmetro, porque não é norma jurídica, conforme a Tese da Irrelevância Jurídica, afirmando que o preâmbulo não participa das características jurídicas da Constituição, situando-se no domínio da política ou da história, como mera diretriz (ou norte) interpretativo. PARTE PERMANENTE: (art. 1 ° ao 250), todas as normas que a integram, independentemente de seu conteúdo, são consideradas parâmetro, não importando se são originárias, derivadas (emendas constitucionais) ou mesmo decorrentes da assimilação de Tratados e Convenções Internacionais sobre Direitos Humanos pelo rito especial, previsto no art. 5°, ~ 3°, CF/88. ADC (PARTE TRANSITÓRIA): Pode-se concluir que suas normas também são consideradas parâmetro para o controle, enquanto ainda tiverem eficácia, claro. Se a eficácia já se exauriu (aplicabilidade esgotada) não servem mais como normas de referência. No controle difuso de constitucionalidade, além das normas já enunciadas como parâmetro, permite- se também a fiscalização dos atos emanados do Poder Público perante norma constitucional á tenha sido revogada, sendo unicamente necessário verificar se essa norma constitucional estava em vigor no momento da criação do ato.
Compartilhar