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Saúde, Segurança e Qualidade de Vida no Trabalho Aula 2: Conceitos básicos de saúde, segurança e qualidade de vida no trabalho Apresentação Nesta aula, aprofundaremos nossos conhecimentos sobre conceitos de saúde, segurança do trabalho e qualidade de vida no trabalho. Nesse sentido, enfocaremos temas como a sua obrigação de atendimento legal, o reconhecimento de sua importância por trabalhadores, empresas, governo e sociedade, bem como o entendimento dos conceitos de riscos nos ambientes de trabalho. Em seguida, apresentaremos o emprego de sistemas de gestão da segurança e saúde do trabalhador como principal estratégia da eliminação de acidentes e doenças relacionados ao trabalho, uma vez que tais sistemas promovem e mantêm elevado grau de bem-estar físico, mental e social nas condições de trabalho. Além disso, nesta aula, focalizaremos a grande importância da cultura preventiva nos locais de trabalho, que representa um enorme diferencial na eliminação de acidentes e doenças do trabalho em um mercado extremamente competitivo. A�nal, atualmente, mais que simplesmente atender a legislação relativa à atenção à segurança e à saúde do trabalho, a prevenção deve ser uma medida estratégica no fortalecimento da equipe de trabalho e, por consequência, levar a um crescimento sustentável da empresa. Objetivos De�nir um conceito de saúde mais amplo com foco no bem-estar físico, emocional e social, além da importância de uma cultura organizacional com hábitos disciplinados de saúde pessoal; Discutir a importância de ações mitigadoras de riscos e ações preventivas na redução de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais; Demonstrar a importância dos indicadores dos sistemas de gestão de saúde e segurança integrada ao negócio no auxílio à sua prevenção. O conceito mais amplo de saúde Na primeira aula, debatemos a importância de cuidar das pessoas no âmbito organizacional porque a maior parte de seu tempo de vida é vivido no ambiente de trabalho. Apontamos ainda a obrigação do cumprimento dos requisitos legais de saúde e de segurança, por parte das empresas, a seus trabalhadores. Agora que sabemos o elevado número de horas que os trabalhadores permanecem expostos nas empresas, como deve ser entendida a saúde no trabalho? A resposta para essa questão está na de�nição do conceito de saúde pela Organização Mundial da Saúde (OMS): um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não somente ausência de afecções e enfermidades. A OMS ainda acrescenta que a saúde deve ser apresentada como um valor coletivo, um bem de todos, e deve envolver ações que permitam às pessoas adotar e manter estilos de vida mais saudáveis, cabendo ao Estado assegurar a seu povo o direito à saúde. Nesse sentido, um dos maiores desa�os empresariais é conciliar a competitividade aos padrões de conhecimento exigidos atualmente, aliados à quali�cação pro�ssional e aos estilos de vida de seus colaboradores. As necessidades das pessoas e os novos desa�os no trabalho estimularam a estruturação das atividades de qualidade de vida nas empresas, caracterizando uma nova especialização gerencial – a gestão da qualidade de vida no trabalho, responsável pela administração de um conjunto de ações que envolvem diagnóstico, melhoras, e inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais no ambiente de trabalho. Além disso, essa especialização também visa a um alinhamento na cultura organizacional considerando o bem estar das pessoas como prioridade. Nesse sentido, a gestão deve ser sustentada a partir de uma visão integrada das necessidades biológicas, psicológicas e sociais – a chamada visão biopsicosocial . No ambiente de trabalho, a abordagem biopsicosocial associa-se à ética da condição humana. Isso signi�ca que uma atitude ética empresarial deve consistir na identi�cação, na eliminação, na neutralização ou no controle dos riscos ocupacionais no ambiente físico, nos padrões das relações do trabalho, na carga física e mental requeridas nas atividades desenvolvidas, no signi�cado do trabalho, no exercício da liderança formal ou informal, e até no relacionamento e na satisfação das pessoas no exercício diário do trabalho. Nesse cenário, multiplicam-se os esforços gerenciais para construir uma gestão da qualidade de vida no trabalho que elimine as condições nocivas a partir de um conjunto de ações com base no direito à saúde. De um modo geral, tais ações são implementadas por meio de programas de qualidade de vida que incentivem propostas prevencionistas, uma administração participativa e promovam: 1 Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Intervenções ergonômicas no trabalho Saúde dos colaboradores Educação nutricional Realização de levantamentos e diagnósticos do clima organizacional Cuidados com a saúde mental do trabalho Valorização das atividades de lazer, esporte e cultura Fonte: Shutterstock http://estacio.webaula.com.br/cursos/DIS178/aula2.html Fonte: Shutterstock A Importância de ações na exposição aos riscos dos ambientes de trabalho Chamamos de risco toda e qualquer possibilidade de que algum agente nocivo ou alguma circunstância existente em um processo de um ambiente de trabalho possa causar danos à saúde dos trabalhadores, seja por meio de acidentes, doenças ou sofrimento. Levando esse conceito em conta, podemos considerar que, ao mesmo tempo em que o desenvolvimento tecnológico proporcionou grandes benefícios ao homem, também expôs os trabalhadores a diversos agentes potencialmente nocivos, que podem provocar doenças ocupacionais ou problemas no organismo humano em decorrência de suas condições de trabalho. Pensando nisso, a ciência da higiene ocupacional tem um caráter prevencionista e é empregada exatamente no estudo prático dessas situações de reconhecimento, avaliação e controle na exposição e no controle dos riscos ambientais presentes no espaço de trabalho. Para que possamos de�nir quais medidas de controle estabelecidas pela engenharia e pela medicina do trabalho devem ser aplicadas, bem como quais princípios administrativos podem garantir condições seguras para a realização das atividades laborais, precisamos, em primeiro lugar, detectar, quanti�car, medir a intensidade e a concentração dos agentes nocivos. No processo de reconhecimento dos riscos no ambiente do trabalho, devemos levar as seguintes etapas em consideração: Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Clique nos botões para ver as informações. Consiste nas ações realizadas antes da instalação do local de trabalho tendo em vista a identi�cação dos riscos potenciais que podem ser eliminados ou neutralizados (seleção de tecnologias mais seguras). Envolve análise de projeto, equipamentos, ferramentas, métodos ou processos de trabalho, matérias-primas e quaisquer modi�cações no local. Nesta fase, devemos estudar se o processo de trabalho está funcionando da maneira correta. Para tanto, devemos analisar normas, instruções e procedimentos utilizados para reduzir ou eliminar riscos que possam ocorrer, ou administrar medidas para evitá-los. Antecipação Consiste na identi�cação, por meio de técnicas de análise de riscos, da presença de agentes físicos, químicos, biológicos ou ergonômicos relacionados aos processos de trabalho, sua natureza, bem como a extensão de seus efeitos e prejuízos no organismo dos trabalhadores ou no meio ambiente. Reconhecimento Consiste na avaliação, na magnitude, no dimensionamento e na medição quantitativa da exposição dos trabalhadores aos agentes nocivos para análise da e�ciência (e, se necessário, melhoras) das medidas de controle. Avaliação Consiste na seleção de meios, medidas e ações (procedimentos de trabalho) para eliminar, neutralizar, controlar ou reduzir os riscos ambientais aos limites de tolerância, a �m de atenuar seus efeitos a valores compatíveis com a preservação da segurança e da saúde ocupacional. Na etapa de controle, existem medidas que podem ser empregadas no ambiente de trabalho ou ao próprio trabalhador para eliminar aexposição a riscos que estejam acima dos valores aceitáveis. Podemos destacar as seguintes: Controle na fonte do risco: representa a melhor forma de controle, pois envolve substituição de materiais ou produtos, manutenção, substituição, ou modi�cação de processos ou equipamentos; Controle na trajetória do risco (entre a fonte e o trabalhador): empregada quando o controle na fonte não é possível, demanda o uso de barreiras na transmissão do agente (barreiras isolantes, re�etoras, sistemas de exaustão etc.); Controle no trabalhador: devem ser implementadas somente quando as medidas de controle na fonte e na trajetória forem inviáveis, ou em situações emergenciais, como, por exemplo, educação, treinamento, equipamentos de proteção individual, higiene, limitação da exposição, rodízio de tarefas etc. Controle A técnica prevencionista de identi�cação e controle dos riscos está inserida em uma estratégia empresarial maior de gerenciamento dos riscos ambientais e de acidentes no ambiente do trabalho, tendo em vista reduzir ao mínimo ou eliminar os efeitos à segurança e saúde dos funcionários – e, em consequência, atender à legislação, e reduzir as perdas econômicas envolvendo materiais e desperdícios. No processo de reconhecimento dos riscos no ambiente de trabalho, o objeto de análise engloba espaço, recursos, métodos e processos de trabalho. A e�cácia das medidas de controle determinadas não é garantida, e nem o cumprimento ou a adequação dos métodos de trabalho padronizados à rotina do trabalho. Por isso, é importante contar com uma inspeção de segurança regular no ambiente de trabalho. Dessa forma, é possível averiguar se o processo está funcionando em conformidade com as normas regulamentadoras, se as instruções e os procedimentos estão sendo cumpridos, se existe um controle efetivo dos riscos ambientais ou se há necessidade de implementar medidas adicionais para evitar acidentes e doenças ocupacionais. Nesse sentido, a inspeção de segurança é um procedimento analítico e investigativo essencial para: Identi�cação dos riscos Preservação da integridade física dos funcionários Construção de um ambiente de trabalho mais seguro e produtivo Existem diferentes motivos para a realização de uma inspeção de segurança. Por isso, para que medidas preventivas e corretivas e�cazes fossem criadas, foram desenvolvidos diferentes tipos de inspeção conforme o tipo de processo a ser avaliado. Veja, a seguir, algumas delas. Clique nos botões para ver as informações. Realizadas com intervalo de tempo regular em todas as áreas da empresa com o objetivo de veri�car a segurança e higiene. Inspeções gerais Realizadas em áreas especí�cas nas quais existem problemas anteriormente identi�cados que demandam análises mais detalhadas e criteriosas. Inspeções parciais Realizadas de forma rotineira por pro�ssionais de segurança (ou mesmo de manutenção e CIPA) para detecção de problemas que prejudiquem a segurança ou a saúde dos funcionários. Inspeções de rotina Realizadas com data e local marcados, podem ocorrer com intervalos regulares. Seu objetivo é averiguar se o planejamento de segurança do local de trabalho está sendo realizado da forma correta. Inspeções periódicas Realizadas para veri�car itens especí�cos em equipamentos, instalações ou operações. Sem data ou local prede�nidos. Inspeções eventuais Realizadas em casos extraordinários, quando um problema exige uma veri�cação mais precisa e cuidadosa. Em alguns casos, conta com a participação de pro�ssionais especializados. Inspeções especiais Realizadas por órgãos o�ciais ou empresas de seguro para avaliação do controle da rotina e das documentações legais. Inspeções o�ciais Saiba mais Uma prática detalhada utilizada nas inspeções de segurança são as listas de veri�cação – ou, em inglês, checklist. Entre outras questões de segurança e saúde, tais listas possuem questionamentos detalhados que avaliam: A execução do trabalho a partir dos diferentes procedimentos estabelecidos; A adequação dos locais e dos equipamentos aos requisitos legais; A identi�cação e a avaliação dos riscos ambientais. A importância das ações preventivas na redução de acidentes e doenças ocupacionais Depois de realizado o levantamento de identi�cação, análise e avaliação de todos os riscos ambientais existentes nos locais de trabalho, a empresa deve encaminhar toda essa informação a um processo de gerenciamento de riscos. Esta nova etapa consiste em um estudo que identi�ca cada uma das ações necessárias para o tratamento e a organização dos riscos que devem ser eliminados em ordem de prioridade. Nesta fase, também ocorrerá a tomada de decisão relativa ao período necessário para a eliminação ou o controle de cada um dos riscos avaliados: se imediato ou se sua ação deve ser programada para uma outra data – devido, por exemplo, à falta de um recurso necessário a uma estratégia de eliminação. As ações de eliminação ou controle estão baseadas nas estratégias prevencionistas adotadas por cada empresa. Muitas vezes, quando não realizadas, podem causar perdas humanas, materiais e destruição da imagem da organização. Por conta disso, devemos considerar que custos dispendidos na eliminação de riscos podem ser in�nitas vezes menores que, propriamente, a ocorrência de eventos que gerem perdas acidentais. A gestão de riscos não pode e não deve estar somente na geração de um documento que contemple o controle dos riscos avaliados. A�nal, em se tratando de riscos, é imprescindível: 01 Sinalizá-los no ambiente de trabalho (situações de demarcações e delimitações de áreas, tubulações, equipamentos de proteção etc). 02 Realizar inspeções regulares para avaliar o cumprimento dos requisitos de segurança dos trabalhadores no local onde foram observados (procedimentos e instruções de segurança, treinamentos etc). Os riscos de um ambiente de trabalho são dinâmicos e a melhor estratégia de sua eliminação está no treinamento dos funcionários para sua identi�cação. Nada melhor que alguém que tem vivência no espaço ou que opera uma máquina para entender, detalhadamente, onde se encontram as situações potenciais de acidente ou doença ocupacional. No artigo 19 da Lei nº 8.213/91, o conceito de acidente de trabalho é de�nido da seguinte forma: “é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do artigo 11 desta lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho”. (BRASIL, 1991) De forma similar, por determinação legal, as doenças pro�ssionais ou ocupacionais são equiparadas a acidentes de trabalho, de acordo com os incisos do artigo 20 da Lei nº 8.213/91, que as conceitua do seguinte modo: [...] doença pro�ssional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social; doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I. (BRASIL, 1991) No estudo de um modelo que determinasse as causas das ocorrências de acidentes do trabalho, no ano de 1931, Herbert Willian Heinrich publicou o chamado modelo dominó, que a�rmava que os acidentes resultavam de uma cadeia de eventos sequenciais. Metaforicamente, como uma �la de cinco peças de dominós caindo, em que uma das peças seria denominada condição insegura ou comportamento de risco (causas dos acidentes) e, se fosse removida, as demais que o antecediam, mesmo caindo ou se manifestando, não resultariam no acidente. Na mesma época, Heinrich desenvolveu uma outra famosa teoria denominada iceberg, que propunha que o custo indireto dos acidentes era representado por quatro vezes o custo direto. Dessa maneira, as principais causas seriam: Condições insegurasdo trabalho: Situações geradoras de risco existentes no ambiente de trabalho; Comportamentos de risco: Comportamentos ou atitudes que levam a uma exposição ao perigo, desobedecendo normas ou regras operacionais ou de segurança, que podem causar ou favorecer acidentes. Os acidentes de trabalho geram, de forma objetiva, custos que são determinados pela natureza de suas consequências: Clique nos botões para ver as informações. Casos em que o acidentado sofre gravemente, como lesões que podem levar à morte, mutilação, dores, sequelas vitalícias e, em decorrência disso, decréscimo da renda familiar – se houver recebimento de benefício; Trabalhador e família Gastos com a produção (parada, produtividade, reparo, horas extras etc.), despesas médicas, judiciais, multa trabalhista, despesas na assistência social ao acidentado, contratação temporária de outro funcionário, horas para investigação do acidente e incalculável dano à imagem da empresa; Empresa Pagamento de benefício ao acidentado, perda da contribuição de uma pessoa economicamente ativa, aumento de taxas e impostos para a manutenção dos valores dos benefícios. Nação ou país Nesse contexto, organizações que, estrategicamente, valorizam a saúde e a segurança do trabalho possuem um processo de gerenciamento de seus riscos ambientais, com foco na identi�cação, na análise e na avaliação para a determinação de ações preventivas que eliminem ou reduzam acidentes e doenças ocupacionais do trabalho. Importância dos sistemas da segurança e saúde do trabalhador A Organização Internacional do Trabalho (OIT) de�niu o objetivo da segurança e saúde no trabalho da seguinte forma: “promover e manter um elevado grau de bem-estar físico, mental e social dos trabalhadores em todas as suas atividades, impedir qualquer dano causado pelas condições de trabalho e proteger contra os riscos resultantes da presença de agentes prejudiciais à saúde [...]”. Fonte: Organização Internacional do Trabalho (OIT) Nesta disciplina, estamos apresentando o enorme desa�o que as organizações encaram ao enfrentar essas novas abordagens legais e tecnológicas da saúde e segurança. Grande parte do desa�o passa, inevitavelmente, pela gestão adequada de seus riscos. Isso signi�ca uma evolução nas abordagens, que passaram de ações reativas a ações preventivas e, �nalmente, a uma gestão sistematizada. Uma gestão sistematizada entende que a simples conformidade legal não é su�ciente para alcançar uma gestão bem- sucedida, e que, estrategicamente, uma visão ampliada de risco é fundamental para esse �m. No sistema de gerenciamento, elementos adicionais são utilizados como forma de: Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Medir o desempenho da área por meio da determinação de uma meta a ser atingida em um determinado intervalo de tempo. De�nir parâmetros que alertem a gerência sobre as atividades que possam produzir doenças ou acidentes de trabalho. Dessa maneira, após uma de�nição criteriosa e exclusivamente para comparação de aprimoramento interno, a empresa poderá adotar indicadores estatísticos como referência. Os mais utilizados e habitualmente recomendados pela OIT são: Clique nos botões para ver as informações. Diz respeito ao relacionamento entre o número de acidentes e o número de horas-homem expostas a condições de risco na empresa em um dado período. Índice de frequência Refere-se ao relacionamento entre o número de acidentes com perda de tempo por afastamento do acidentado em um período e o total de horas-homem expostas a condições de risco na empresa. A natureza da lesão contabiliza de forma prede�nida uma perda de jornada de trabalho em horas-homem. Índice de gravidade Esses indicadores de segurança e saúde têm caráter reativo, ou seja, estão associados à ocorrência do evento e à sua consequência, e são largamente utilizados para avaliar a performance dos processos e das empresas na dimensão da segurança. Além desses, é comum utilizarmos indicadores de prevenção e de diagnóstico que avaliem a participação do empregado em segurança, como, por exemplo: Indicadores de treinamento em segurança Percentual dos riscos eliminados e dos existentes em um período no ambiente de trabalho Comportamento seguro na execução de atividades Absenteísmo médico dos funcionários Como podemos perceber, os indicadores são utilizados como mecanismos de avaliação das ações de prevenção dos acidentes e de diagnóstico das não conformidades relativas à legislação. A�nal, segundo Tachizawa: “[...] o que não pode ser medido não pode ser avaliado e, consequentemente, não há como decidir sobre ações a tomar”. (TACHIZAWA 2011, p. 281.) Uma comparação por uma meta estabelecida pode ser considerada um instrumento de gestão na medida em que: 01 O padrão é o valor mais comum para o indicador. 02 A meta seria um valor pretendido em relação ao padrão, coincidindo ou não com este, e traduziria um objetivo a ser alcançado em tempo de�nido. 03 A apuração periódica do valor realizado do indicador permite visualizar a evolução no tempo, o qual, comparado à meta e ao padrão, permite avaliar o desempenho obtido. “As medições precisam ser feitas em decorrência das estratégias corporativas da organização, abrangendo os principais processos, bem como seus resultados.” (TACHIZAWA, 2011) A importância de uma cultura organizacional de promoção a saúde O universo corporativo e a elevada competitividade das empresas impõem elevados níveis de estresse aos pro�ssionais, independentemente da área de atuação ou do cargo exercido. A pressão por resultados, a exigência por capacitação contínua e pelo alcance de performance, os prazos apertados na realização do trabalho, a sobrecarga de tarefas e os con�itos internos são apenas alguns elementos presentes na vida diária das empresas. Devido aos efeitos negativos no rendimento das pessoas, esse estresse é considerado um dos maiores problemas de saúde do século. A�nal, a tensão emocional e a ansiedade causados pelas condições físicas e psicológicas no ambiente de trabalho podem gerar o que se chamou de síndrome de burnout, ou síndrome do esgotamento pro�ssional, como também é conhecida. As empresas precisam cada vez mais focar na qualidade de vida de suas equipes e de�nir políticas de saúde que reforcem a prevenção de doenças e acidentes na organização, o bem-estar e a motivação do colaborador. Fonte: Shutterstock O objetivo deve ser criar condições adequadas no ambiente de trabalho para o exercício das funções, como, por exemplo, colocar em prática as análises ergonômicas do trabalho, eliminar riscos ambientais e oferecer incentivos para uma vida mais saudável (prática de esportes, alimentação balanceada, adoção de hábitos saudáveis etc.). A�nal, os indicadores de absenteísmo e de produtividade costumam embasar os resultados dos programas de saúde. Também é muito importante que os gestores realizem corretamente a administração e a tomada de decisão, que, em possíveis situações de con�ito interno em suas equipes, deve ser justa, respeitosa e rápida. A saúde mental e física no trabalho depende de uma liderança que tenha uma gestão respeitosa, conciliadora e incentivadora da colaboração em equipe no trabalho, e que valorize as competências e os talentos dos funcionários. Para serem realmente efetivos, os programas de saúde devem dispor de um orçamento compatível com as dimensões e os objetivos da empresa, líderes capacitados e uma cultura organizacional direcionada à qualidade de vida dos colaboradores. A capacitação dos líderes deve incluir desenvolvimento das competências comportamentais – em especial, a humildade, a resiliência, a inteligência emocional, a empatia, a persuasão e o poder decisão. Essas características in�uenciam o clima organizacional na condução de equipes para uma gestão humanizada, colaborativa e agregadora. Comentário A implantação de um programa de saúde deve ser encarada como um projeto corporativo e estratégico. Nesse sentido, deve ser realizado a partir de um levantamentodetalhado de todas as normas aplicáveis à área de atuação da empresa, além de uma análise técnica para identi�car os riscos, os gargalos e as oportunidades de aperfeiçoamento. Atividades 1. A a�rmativa a seguir é verdadeira ou falsa? Justi�que a sua resposta. 2. A a�rmativa a seguir é verdadeira ou falsa? Justi�que a sua resposta. “Um mapeamento de todos os riscos de ambientais e de acidentes bem realizados nos postos de trabalho da minha empresa garantem que não teremos a ocorrência de acidentes ou de doenças de trabalho”. 3. Qual a diferença entre a doença pro�ssional e a doença do trabalho? Justi�que citando exemplos. 4. Qual deve ser a preocupação de uma organização no estabelecimento de uma meta de segurança? Justi�que a sua resposta. 5. Por que uma liderança tem um papel importante na cultura organizacional de promoção de saúde dos colaboradores? Justi�que sua resposta. Notas Visão biopsicosocial1 O conceito biopsicosocial tem origem na medicina psicossomática, que propõe uma visão integrada do ser humano. Em outras palavras, essa área da medicina considera que toda pessoa é um complexo sociopsicossomático, isto é, possui potencialidades biológicas, psicológicas e sociais que respondem simultaneamente a suas condições de vida. Tais respostas possuiriam variadas combinações e intensidades em seus três níveis – ou camadas –, e, apesar de interdependentes, suas manifestações seriam perceptíveis em um ou outro aspecto. Cada uma das camadas pode ser conceituada da seguinte forma: • Camada biológica: diz respeito às caraterísticas físicas herdadas ou adquiridas no nascimento e durante toda a vida, como, por exemplo, metabolismo, resistências e vulnerabilidades de órgãos ou sistemas; • Camada psicológica: refere-se aos processos afetivos, emocionais e de raciocínio, conscientes ou inconscientes, que formam a personalidade de cada pessoa, bem como sua maneira de perceber e de se posicionar diante de pessoas e de circunstâncias que vivência; • Camada social: incorpora valores, crenças, o papel do indivíduo na família, no trabalho e em quaisquer grupos ou comunidades dos quais participe. Esta dimensão social também é formada pelo meio ambiente e por sua localização geográ�ca. Referências BRASIL. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Disponível em: //www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8213cons.htm. Acesso em: 27 ago. 2019. FISHER, G. et al. Gestão da qualidade: segurança do trabalho e gestão ambiental. Tradução de Ingeborg Sell. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2009. ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Sistema de gestão da segurança e saúde no trabalho: um instrumento para uma melhoria contínua. Brasília, 2011. Disponível em: https://www.cipa.unicamp.br/pdf/wcms_154878%202392f.pdf. Acesso em: 27 ago. 2019. TACHIZAWA, T. Gestão ambiental e responsabilidade social corporativa: estratégias de negócios focadas na realidade brasileira. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2011. 450 p. RIGOTTO, R. M. Saúde ambiental & saúde dos trabalhadores. In: Revista brasileira de epidemologia. v. 6. n. 4. 2003. Disponível em: //www.scielo.br/pdf/rbepid/v6n4/13.pdf. Acesso em: 27 ago. 2019. Próxima aula javascript:void(0); javascript:void(0); Conceitos das normas regulamentadoras; De�nições de saúde, segurança do trabalho e qualidade de vida na Constituição Brasileira; Mudanças atuais na estrutura técnica da Secretaria Especial de Segurança do Trabalho e de Previdência Social. Explore mais Pesquise na internet sites, vídeos e artigos relacionados ao conteúdo abordado. Em caso de dúvidas, converse com seu professor online por meio dos recursos disponíveis no ambiente de aprendizagem.
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