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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DA CAPITAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - RIO DE JANEIRO Processo Nº: XXXXXXX Lucio Medeiros, Já qualificado nos autos por seu advogado infra- assinado, vem respeitosamente à presença de vossa excelência apresentar tempestivamente: DEFESA PRELIMINAR Na forma do artigo 396 e 396-A (no Júri art. 406) ambos do CPP, pelos fatos e fundamentos que passa a expor: 1 – Dos Fatos Lucio Medeiros, de 30 anos de idade, foi denunciado pelo Ministério Público como incurso na pena prevista no art. 213 do CP, por crime praticado contra Gabriela, de 22 anos de idade. Na peça acusatória, a conduta delitiva atribuída ao acusado foi narrada nos seguintes termos: “No mês de agosto de 2018, em dia não determinado, Lucio dirigiu-se à residência de Gabriela, ora vítima, para assistir, pela televisão, a um jogo de futebol. Naquela ocasião, aproveitando-se o fato de estar a sós com Gabriela, o denunciado constrangeu-a a manter com ele conjunção carnal, fato que ocasionou a gravidez da vítima, atestada em laudo de exame de corpo de delito. Certo é que, embora não se tenha valido de violência ou de grave ameaça para constranger a vítima a com ele manter conjunção carnal, o denunciado aproveitou-se do fato de Gabriela ser incapaz de oferecer resistência aos seus propósitos libidinosos assim como de dar validamente o seu consentimento, visto que é deficiente mental, incapaz de reger a si mesma”. Ocorre que o acusado não sabia que a vítima era deficiente mental, que já a namorava havia algum tempo, que sua avó materna, Romilda, e sua mãe, Geralda, que moraram com ele, sabiam do namoro e que todas as relações que manteve com a vítima eram consentidas. Disse, ainda, que nem a família dela quisera dar ensejo à ação penal, tendo o promotor, segundo o réu, agido por conta própria. Por fim, Lucio informou que não havia qualquer prova da debilidade mental da vítima. 2 – Do Direito Trata-se de erro de tipo que se caracteriza por excluir o dolo e, portanto, a própria tipicidade da conduta, pois o réu namorava a vítima há algum tempo e a mesma nunca demonstrou qualquer comportamento que o fizesse desconfiar de algum tipo de debilidade mental. Neste sentido é o recente decisum do STJ infracitado: “AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.105.744 - MG (2017/0127175-3) RELATOR : MINISTRO RIBEIRO DANTAS AGRAVANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS AGRAVADO : B M DE S ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE MINAS GERAIS DECISÃO Trata-se de agravo interposto pelo MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS contra decisão que não admitiu recurso especial ofertado de acórdão do Tribunal de Justiça daquela unidade federativa, assim ementado: "EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - ESTUPRO DE VULNERÁVEL - DEFICIENTE MENTAL - SENTENÇA ABSOLUTÓRIA - IRRESIGNAÇÃO MINISTERIAL - CONDENAÇÃO - IMPOSSIBILIDADE - DESCONHECIMENTO DA ENFERMIDADE DA VÍTIMA - ERRO DE TIPO - OCORRÊNCIA - CONDUTA ATÍPICA. A demonstração segura, pelas provas produzidas sob o crivo do contraditório, de que o acusado incidiu em erro de elemento constitutivo do crime de estupro de vulnerável, pois desconhecia a deficiência mental da vítima, impede sua condenação." (e-STJ, fl. 293). Opostos embargos de declaração (e-STJ, fls. 305-309), foram rejeitados (e-STJ, fls. 311-314). Daí a interposição do recurso especial, no qual o Parquet sustenta negativa de vigência dos artigos 20 e 217-A, § 1º, do Código Penal. Argumenta o agravante, em síntese, que: a) "o artigo 217-A, parágrafo 1º, do Código Penal proíbe expressamente a prática de conjunção carnal ou de qualquer outro ato libidinoso com pessoa que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. Com efeito, a presunção de vulnerabilidade prevista no citado dispositivo legal possui natureza absoluta, razão pela qual é irrelevante o consentimento do ofendido" (e-STJ, fl. 325); e b) "ao contrário do argumento utilizado pelo Tribunal local, não é possível deduzir, de qualquer prova dos autos, que o distúrbio mental da vítima não pudesse ser de conhecimento do acusado, não sendo tal alegação comprovada pela defesa. Mais, ao não averiguar a condição mental da vítima, mesmo após ser alertado, o agente assumiu o risco de praticar o delito em questão, mediante dolo eventual" (e-STJ, fl. 327). Requer, assim, a condenação do agravado como incurso nas sanções do art. 217-A, § 1º, do Código Penal. Apresentadas contrarrazões (e-STJ, fls. 334-343). O recurso foi inadmitido com fundamento na Súmula 7/STJ (e-STJ, fls. 345-346). O Ministério Público Federal opinou pelo não provimento do agravo (e-STJ, fls. 379-383). É o relatório. Decido. O recurso não merece prosperar (...) O conjunto probatório indica que o réu não agiu movido pela vontade livre e consciente de praticar ato libidinoso com portador de doença mental; acreditava que o fazia com outro bêbado. Ante o exposto, com fundamento no art. 932, III, do CPC c/c art. 253, parágrafo único, II, a, do RISTJ, conheço do agravo para não conhecer do recurso especial. Publique-se. Intimem-se. Brasília (DF), 07 de maio de 2018. Ministro RIBEIRO DANTAS Relator” Cumpre salientar, que a conduta do réu, ao se enquadrar no inciso III do artigo 397 do Código de Processo Penal, deve conceder-lhe o direito que seja absolvido http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10637722/artigo-20-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/28003927/artigo-217a-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/28003927/artigo-217a-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/28003927/artigo-217a-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/28888471/artigo-932-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/28888456/inciso-iii-do-artigo-932-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174276278/lei-13105-15 sumariamente pelo simples fato de que a situação narrada não constitui nenhum crime tipificado pelo Código Penal. 3 – DO PEDIDO Consoante exposto, a defesa pleiteia a absolvição sumária do agente, a teor do artigo 397, III do Código de Processo Penal. Por fim, a defesa indica as seguintes testemunhas que pretende ouvir em audiência de instrução e julgamento: 1) Romilda, Avô Materna 2) Geralda, Mãe 3) família da Gabriela Termos em que, Pede deferimento. LOCAL DATA ADVOGADO OAB PROVA AV1 – PRÁTICA SIMULADA III – PENAL ALUNO: LUÃ VIANA FONT MATRÍCULA: 201512753343
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