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Uso legítimo da força - 1

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USO LEGÍTIMO DA FORÇA
USO DA FORÇA – CONTEXTO NACIONAL
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Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:
1- Definir o significado do uso da força e da arma de fogo pelos operadores de Segurança Pública;
2- Identificar a legislação nacional que trata do uso da força e da arma de fogo pelos encarregados de aplicar a
lei;
3- Relacionar os aspectos legais que amparam os integrantes dos órgãos de Segurança Pública, quando do uso da
força e da arma de fogo.
Quando estudamos a disciplina Sistema de Segurança Pública no Brasil, vimos que as policias modernas
possuem, como uma de suas características, a especialização. No contexto daquela matéria, vimos que tal
característica significa que o foco de atuação daquele órgão de Segurança Pública é o emprego da força física.
Compreendemos que isto ocorre porque as leis não são respeitadas apenas por seu caráter subjetivo. Na
disciplina Fundamentos dos Estudos Jurídicos da Segurança Pública, estudamos o que ocorre quando o agente da
lei usa a força de forma excessiva ou abusiva. Ele é responsabilizado nos campos administrativo, penal e cível.
Por isso é muito importante tratarmos do tema Uso legítimo da força em um Curso de Segurança Pública. Para
darmos a você o conhecimento de como trabalhar, legal e tecnicamente, a fim de equilibrar o exercício do poder
de polícia com o respeito às garantias fundamentais. Tenha um excelente estudo.
1 Introdução
Como dissemos na apresentação desta aula, o encarregado de aplicar a lei tem um papel vital na promoção de
um Estado democrático de direito. Ele o garante na medida em que é aquele que operacionaliza o uso da força –
monopólio exclusivo e legítimo do Estado – para que as leis sejam cumpridas, garantindo o exercício dos direitos
de todos.
Ao usar a força, seguindo os parâmetros legais e técnicos, ele estará legitimando a sua atuação perante a
sociedade. A convicção por parte da população de que suas forças de segurança são previsíveis em seu proceder
é importante estratégia para redução dos crimes.
Quando o operador de segurança comete um erro, seja por descumprimento de um preceito legal, seja pela não
utilização da técnica adequada, ele coloca em risco a vida e a integridade física das pessoas e dele mesmo,
desacreditando sua instituição.
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2 Conceito de Força
O que é força?
Podemos dizer que ela é toda intervenção compulsória sobre o indivíduo ou grupos de indivíduos, reduzindo ou
eliminando sua capacidade de autodecisão (Barbosa e Ângelo, 2001, p. 107).
Mas o que seria o uso legítimo da força?
Quando uma pessoa agride outra, estará ela cometendo um delito, um crime. Ao observar tal conduta, o
operador de segurança irá intervir.
No momento em que ele dá uma ordem para que aquele indivíduo pare de agredir o outro, teríamos aí uma
intervenção, de natureza compulsória, que estaria eliminando a capacidade do agressor de decidir continuar a
perpetrar aquele ato.
E se o agressor continuar a se conduzir com agressividade, desta vez contra o agente da lei?
Ora, ele usará dos meios necessários para conter a agressão, para prender o indivíduo e levá-lo à presença da
autoridade de policia judiciária.
A força foi usada para preservar a ordem pública, a paz social, garantindo ao ofendido o seu direito à integridade
física.
Neste caso, temos que a utilização da força, por parte do operador de segurança, foi legal e legítima.
3 Embasamento normativo
Ao nos questionarmos sobre o embasamento normativo que nos ampara para exercer o uso da força, podemos
começar falando do artigo 284 do Código de Processo Penal brasileiro:
Não será permitido o emprego de força, salvo a indispensável no caso de resistência ou de tentativa
de fuga do preso.
O legislador atrela o artigo ao uso da força física, quando empregamos nosso corpo ou qualquer instrumento
físico para fazer com que sejamos obedecidos pelo cidadão abordado. Fica claro neste dispositivo legal que se a
pessoa mostrar-se colaborativa, não haverá necessidade de uso da força física.
Estudaremos nas próximas aulas que a verbalização é um gradiente, um nível do uso da força. Portanto, ao
darmos ordens ao preso para que ele entre no carro patrulha, estamos usando de força, bem dentro do conceito
expresso nesta aula.
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4 Analisando o artigo 292 do Código de Processo Penal
O Código de Processo Penal também aborda, em seu artigo 292:
“Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistência à prisão em flagrante ou à determinada por
autoridade competente, o executor e as pessoas que o auxiliarem poderão usar dos meios
necessários para defender-se ou para vencer a resistência, do que tudo se lavrará auto subscrito
também por duas testemunhas.”
Veja que, neste ponto, considera-se o uso da força uma excepcionalidade, devendo haver o registro da sua
utilização.
Igual proceder pode ser visto no artigo 234 do Código de Processo Penal Militar.
5 Tipos penais “desobediência” e “resistência
O artigo 234 do Código de Processo Penal Militar diz
“o emprego de força só é permitido quando indispensável, no caso de desobediência, resistência ou
tentativa de fuga. Se houver resistência da parte de terceiros, poderão ser usados os meios
necessários para vencê-la ou para defesa do executor e auxiliares seus, inclusive a prisão do ofensor.
De tudo se lavrará auto subscrito pelo executor e por duas testemunhas.”
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del1002.htm
Consideramos importante distinguir as diferenças entre os tipos penais “desobediência” e “resistência”.
O Código Penal brasileiro apresenta, no seu artigo 329, o crime de “resistência” como “opor-se à execução de ato
legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando
auxílio”.
Já a desobediência, prevista no artigo 330, seria “Desobedecer à ordem legal de funcionário público”.
6 Caso prático
Para exemplificar as condutas, damos um caso prático, muito comum nos dias de hoje.
Um determinado grupo de pessoas realiza passeata, fechando uma das principais vias de acesso de uma grande
cidade.
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As forças de segurança chegam ao local. Seu comandante dá ordem para que seja desocupada uma das faixas da
rua, objetivando garantir o fluxo das pessoas em seus veículos automotores.
Alguns manifestantes deitam-se no chão, determinados a permanecerem na via. Estamos diante de um crime de
“desobediência”, posto que a oposição a ordem legal não foi feita com violência por parte daquelas pessoas.
Deixamos bem claro que não se trata de “resistência passiva”, conduta inexistente do ponto de vista penal no
Brasil, mas presente no contexto do uso da força, do ponto de vista técnico.
Outros manifestantes, entretanto, agem com agressividade, tentando bater com seus cartazes nos agentes da lei
ou os ameaçando, a fim de permanecerem ocupando aquelas faixas de rolagem. Aqui, temos o crime de
“resistência”.
7 Uso das algemas
Poderíamos citar, ao falarmos do uso da força, um equipamento muito conhecido do encarregado de aplicar a lei:
as algemas.
O Superior Tribunal de Justiça já se manifestou a respeito do uso das algemas, editando a Súmula Vinculante nº
11, de 2008 (http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/jurisprudenciaSumulaVinculante/anexo/DJE_11.11.2008.pdf).
O estatuto da Súmula Vinculante está na nova redação dada ao artigo 103 – A, da Constituição Federal, oriundo
da Emenda Constitucional 45/04.
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de
dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar
súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos
demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal,
estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em
lei.
Diz a Súmula que
“só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigoà
integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a
excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da
autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da
responsabilidade civil do Estado”.
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Observamos que as algemas são consideradas uma excepcionalidade, uma exceção no trato a ser dispensado às
pessoas presas. Estão presentes na Súmula os casos em que o cidadão poderá ser algemado.
Ao contrário do que alguns operadores de segurança dizem, não está proibido usar as algemas.
Foram colocados limites, restrições, a fim de se evitar o seu uso de forma indiscriminada, muitas vezes
incorrendo o agente na possibilidade de enquadramento no tipo penal previsto na letra b, do artigo 4º, da Lei
4898/65.
“Submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado em
lei”.
Lei 11.689
No mesmo ano de 2008, a Lei 11.689 incluiu o parágrafo 3º no artigo 474 do Código de Processo Penal,
determinando que “não se permitirá o uso de algemas no acusado durante o período em que permanecer no
plenário do júri, salvo se absolutamente necessário à ordem dos trabalhos, à segurança das testemunhas ou à
garantia da integridade física dos presentes”.
8 O Direito brasileiro e o uso de algemas
Você pode estar se perguntando: por que tanta preocupação com a colocação das algemas em pessoas?
O Direito brasileiro tem uma preocupação muito grande com os direitos de personalidade, que a pessoa tem em
defender tudo que lhe é próprio, com exceção do seu patrimônio.
Assim, garantir que a pessoa não sofra nenhum constrangimento em relação a sua imagem, a sua integridade, a
sua dignidade, tem sido preocupação constante dos nossos legisladores e juízes.
Seus objetivos não são “atrapalhar” a atividade desenvolvida pelos encarregados de aplicar a lei, mas fazer com
que ela se adeque ao que se espera e se exige em um estado democrático de direito: o máximo respeito à
dignidade da pessoa humana.
9 Art. 23 e 25 do Código Penal
Diante de tudo que foi exposto até aqui, você deve estar se fazendo a seguinte pergunta.
Mas o que diria legalmente que aquela minha conduta, quando usei a força, não irá ser considerada criminosa?
Seu questionamento é razoável. Afinal, ao usar a força ou a sua arma de fogo contra alguém que está ameaçando
a sua vida ou a de outras pessoas, estaria você cometendo uma conduta tipificada no Código Penal?
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Ao dominar um agressor, você não poderia ser enquadrado no artigo 129 do Código Penal – “Ofender a
integridade corporal ou a saúde de outrem”?
Pensando nestes casos e em outros similares, o legislador optou por colocar no Código Penal situações que
permitiriam excluir a ilicitude dos atos praticados pelo operador de segurança, desde que atendidos seus
preceitos. Falamos dos excludentes de ilicitude, presentes no artigo 23 do citado diploma legal.
De acordo com o art. 23 Código Penal, não há crime quando a pessoa pratica o fato em estado de necessidade, em
legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
No mesmo artigo, é possível ler em seu único parágrafo que o agente, em qualquer das hipóteses previstas no
artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.
O artigo 25 do Código Penal traz o estatuto da legítima defesa, afirmando que ele é entendido quando uma
pessoa usa moderadamente dos meios necessários, a fim de repelir injusta agressão, atual ou iminente, a direito
seu ou de outrem.
10 A legítima defesa
Quantas vezes nos deparamos com pessoas que acham que a legítima defesa seria apenas o direito de proteger a
sua vida?
Ao lermos o dispositivo normativo, vemos que a proteção é a um direito da pessoa. Poderíamos citar o direito à
integridade física e ao seu patrimônio como exemplos de outros bens a serem protegidos.
Não é preciso que a agressão esteja ocorrendo para que ela seja repelida. Se o agente da lei verificar que ela está
para ocorrer, poderá ele usar dos meios necessários para preservar sua integridade física.
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Note que a redação do artigo pede para que a pessoa, cujo direito é ameaçado, use de forma moderada dos meios
necessários.
A moderação implicaria no uso parcimonioso, proporcional, do equipamento que o operador de segurança, no
nosso caso, dispõe para repelir a injusta agressão.
11 Analisando os exemplos
Agora iremos analisar 2 casos.
Caso 1
Damos como exemplo de legítima defesa o seguinte caso:
O encarregado de aplicar a lei observa uma pessoa praticando um roubo, armado com uma faca. Ele aborda o
cidadão e determina que o mesmo solte a faca.
O assaltante investe contra o guarda que usa seu bastão para desarmá-lo, acertando-o no pulso. Em seguida, dá-
lhe uma chave de braço, jogando o sujeito no chão para que possa algemá-lo.
Caso 2
Quando falamos sobre a utilização da força, incluindo aí o uso das algemas, e seu regramento na legislação
nacional, temos como excludente de ilicitude o estrito cumprimento do dever legal.
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Ao darmos voz de prisão para uma pessoa que tenha cometido um ilícito, recusando a mesma em acompanhar o
policial, atirando-se no chão ou permanecendo imóvel, poderá o operador de segurança dar-lhe uma chave de
braço, algemando-a, visto que é perceptível a possibilidade de fuga.
Esperamos que tenha ficado bem clara a diferença entre os 2 casos. Reiteramos que no exemplo dado sobre a
legítima defesa, o guarda estava com sua integridade física em risco. No segundo caso, o policial usou a força,
mas não corria risco.
12 Verbalização
Se considerarmos que a verbalização é um gradiente do uso da força, a determinação verbal para que uma
pessoa se retire de um local de crime não pode ser considerada ilegal.
Não poderia esta alegar qualquer constrangimento, visto que a ordem se afigura dentro da lei, portanto
amparada pelo estrito cumprimento do dever legal.
13 Exercício regular do direito
Gostaríamos de desfazer um engano quanto ao uso da excludente “exercício regular do direito” pelo agente da
lei. Não é possível usar este estatuto em qualquer situação cotidiana vivida por ele.
Sabemos que este ponto despertará sua curiosidade, mas pedimos a observância cuidadosa, a análise minuciosa
dos casos práticos vivenciados, alocando-os certamente nos 2 excludentes de ilicitude estudados até aqui.
14 Estado de necessidade
Quanto ao estado de necessidade, o artigo 24 do Código Penal o define como aquele em que o agente pratica um
fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito
próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
Seria a exceção ao que colocamos até aqui, visto que quando o policial defende-se de um ataque de animal,
usando de espargidor de pimenta, bastão ou arma de fogo, ele não seria incriminado por machucar aquele ser
vivo, posto que sua conduta amolda-se a excludente “estado de necessidade”.
É bom esclarecer que quando uma pessoa usa o animal como arma, não teríamos aí o estado de necessidade, mas
a legítima defesa, a ser argumentada como excludente de ilicitude.
Cremos ser importante abordar outro dispositivo legal que trata do mau uso da força pelo agente de segurança.
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15 Crimes de tortura
Falamos da Lei 9.455/97 que define os crimes de tortura. Em seu primeiro artigo, ela traz que constranger
alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental, seja com o fim de
obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa, seja para provocar ação ou omissão
de natureza criminosa ou ainda em razão de discriminação racial ou religiosa, é considerado tortura.
O artigo ainda define como crime de tortura a submissão de alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com
emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo
pessoal ou medida de caráter preventivo.O § 1º diz que incorrerá na mesma pena aquele que submeter pessoa presa ou sujeita à medida de segurança a
sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida
legal.
A pena ainda será aumentada de 1/6 até 1/3 se o crime for cometido por agente público.
16 Lei 4898/65
Deixaremos de abordar a Lei 4898/65 nesta aula, tendo em vista seu estudo na disciplina Fundamentos dos
Estudos Jurídicos em Segurança Pública. Entretanto, faremos uma rápida interface com aquele dispositivo legal e
a citada disciplina.
Não se pode prender uma pessoa para averiguação de seus antecedentes. Não há previsão no ordenamento
brasileiro para realização deste procedimento. A Lei 4898/65, em seu artigo 3º, define abuso de autoridade
como qualquer atentado a inúmeros direitos de qualquer pessoa, inclusive a sua incolumidade física.
17 Diretrizes
Apresentamos algumas das Diretrizes (Trataremos deles, com mais propriedade, na aula 4), relacionando-as
com o que estudamos até aqui. A explicação sobre cada princípio está no anexo II da Portaria.
Ao lermos a Diretriz número 3, observamos que os agentes de Segurança Pública não deverão disparar armas de
fogo contra pessoas, exceto em casos de legítima defesa própria ou de terceiro, contra perigo iminente de morte
ou lesão grave.
Temos aqui presente o estatuto da legítima defesa, tratando o legislador de apontar a proporcionalidade para o
uso da arma de fogo: somente diante de perigo de morte ou lesão grave.
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A Diretriz 4 afirma que não é legítimo o uso de armas de fogo contra pessoa em fuga que esteja desarmada ou
que, mesmo na posse de algum tipo de arma, não represente risco imediato de morte ou de lesão grave aos
agentes de Segurança Pública ou terceiros. As munições usadas pelos encarregados de aplicar a lei não foram
feitas para serem usadas em automóveis. Pode tratar-se de uma pessoa inabilitada ou até mesmo desatenta (não
são poucos os relatos de pessoas que passaram direto por operações sem terem percebido) ou pode haver
vítimas de sequestro dentro do carro, nos bancos ou na mala.
A Diretriz nº 5 determina não ser legítimo o uso de armas de fogo contra veículo que desrespeite bloqueio
policial em via pública, a não ser que o ato represente um risco imediato de morte ou lesão grave aos agentes de
Segurança Pública ou terceiros.
Se o motorista consegue se evadir de uma operação policial, não há amparo legal para efetuar disparos contra
ele. Não há risco de vida para o agente. Do ponto de vista técnico, isto também é totalmente errado.
Finalmente, chegamos a 6ª diretriz. Ela declara que os chamados “disparos de advertência” não são considerados
prática aceitável por não atenderem aos princípios da legalidade, necessidade, proporcionalidade, moderação e
conveniência, e em razão da imprevisibilidade de seus efeitos. Fica claro que um disparo, para acabar com um
tumulto ou fazer com que uma ordem seja cumprida, poderá trazer consequências negativas. Afinal, atirar para o
alto, faz com que o projétil desça e acerte uma pessoa, com a mesma energia que tinha quando disparado. Atirar
para o chão pode fazer com que a munição ricocheteie, atingindo qualquer um, inclusive o próprio agente.
Como uma pessoa desarmada, em fuga, poderia representar algum risco de vida ao operador de segurança?
Muitas vezes discutimos sobre o que fazer quando uma pessoa presa, em estabelecimento penal, tenta fugir.
Alguns agentes da lei acreditam que nessas ocasiões, seria legalmente justificável um disparo de arma de fogo
contra o indivíduo. Ele não pode fugir. Outros dizem que o disparo não pode ser feito, pois o preso tem direito a
fuga.
Ora, o preso NÃO tem direito a fuga. Ocorre que esta atitude não é tipificada como crime. Entretanto, ele
incorrerá na falta disciplinar grave prevista na Lei de Execução Penal. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis
/L7210.htm
Quanto ao disparo para deter a fuga, não se enquadra o fato em qualquer uma das excludentes de ilicitude
estudadas nesta aula.
18 Finalizando a aula
Encerramos a nossa aula sabendo que ela fará você refletir sobre o seu papel como encarregado de aplicar a lei
ao usar de força ou da sua arma de fogo em prol da convivência harmônica na sociedade.
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Lembre-se que você é a face mais visível do Estado. Sua conduta será um reflexo de como é a democracia e o
respeito aos Direitos Humanos em seu país.
O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você vai estudar:
• O significado do uso da força e da arma de fogo na legislação internacional;
• As obrigações internacionais assumidas pelo Brasil no que diz respeito ao uso da força por suas 
organizações de Segurança Pública;
• As semelhanças e as distinções entre o Direito Pátrio e o Internacional no que diz respeito ao uso da 
força e da arma de fogo.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Entendeu o conceito de força e seu uso legítimo no atuar do operador de segurança;
• Identificou na legislação nacional o amparo para usar a força e a arma de fogo;
• Identificou os aspectos legais que amparam o trabalho do agente de Segurança Pública quando usa da 
força e/ou da arma de fogo.
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