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Apostilas CFO PM 2018 - Direito Penal Militar

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Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP|CE 
Curso de Formação Profissional Para a Carreira de Oficiais Policiais Militares - CFPCO-PM/2018 – T2 
DIREITO PENAL MILITAR 
2 
GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ 
 
CAMILO Sobreira de SANTANA 
GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ 
 
SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL - SSPDS 
 
ANDRÉ Santos COSTA 
SECRETÁRIO DA SSPDS 
 
POLÍCIA MILITAR DO CEARÁ - PMCE 
 
Ronaldo Mota VIANA – Cel PM Cmt Gr 
COMANDANTE-GERAL DA PMCE 
 
ACADEMIA ESTADUAL DE SEGURANÇA PÚBLICA DO CEARÁ – AESP|CE 
 
JUAREZ Gomes Nunes Júnior 
DIRETOR-GERAL DA AESP|CE 
 
NARTAN da Costa Andrade 
SECRETÁRIO EXECUTIVO DA AESP|CE 
 
ROBERTA Barbosa Monteiro 
COORDENADORA DE ENSINO E INSTRUÇÃO DA AESP|CE 
 
EVANDRO Queiroz de Assunção 
COORDENADOR PEDAGÓGICO DA AESP|CE 
 
José Alexandre Soares NOGUEIRA 
SECRETÁRIO ACADÊMICO DA AESP|CE 
 
CURSO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL PARA A CARREIRA DE OFICIAIS POLICIAIS MILITARES - CFPCO-PM/2018 – 
T2 
 
DISCIPLINA 
DIREITO PENAL MILITAR 
 
CONTEUDISTA 
Marcos Antônio Barros dos Santos - Maj PM 
 
REVISÃO DE COERÊNCIA DIDÁTICA 
Márcio José Marcelino DINIZ 
Francisco MATIAS Filho 
Leandro Gomes PIRES 
 
FORMATAÇÃO 
JOELSON Pimentel da Silva 
 
• 2018 • 
 
 
Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP|CE 
Curso de Formação Profissional Para a Carreira de Oficiais Policiais Militares - CFPCO-PM/2018 – T2 
DIREITO PENAL MILITAR 
3 
SUMÁRIO 
 
 
DIREITO PENAL MILITAR ................................................................................................................................................................. 5 
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS E HISTÓRICAS DO DIREITO PENAL MILITAR ....................................................................................... 5 
2. FONTES DO DIREITO PENAL MILITAR .......................................................................................................................................... 6 
2.1. Fonte Material do Direito Penal Militar. .............................................................................................................................. 6 
2.2. Fontes formais do Direito Penal Militar. .............................................................................................................................. 6 
2.3. Leis. ..................................................................................................................................................................................... 7 
2.4. A Constituição Federal. ....................................................................................................................................................... 7 
2.5. Jurisprudência ..................................................................................................................................................................... 7 
2.6. Usos e costumes militares(costumes) ................................................................................................................................. 7 
2.7. Princípios Gerais de Direito ................................................................................................................................................. 7 
2.8. Analogia .............................................................................................................................................................................. 7 
3. DIREITO PENAL MILITAR ............................................................................................................................................................. 8 
3.1 Conceito de Direito Penal Militar ......................................................................................................................................... 8 
3.2 Os Bens jurídicos tutelados pelo Direito Penal Militar ......................................................................................................... 8 
3.3 O Caráter especial do Direito Penal Militar .......................................................................................................................... 8 
3.4. Aplicação da Lei Penal Militar ............................................................................................................................................. 8 
4. PRINCÍPIOS APLICADOS AO DIREITO PENAL MILITAR ................................................................................................................. 9 
4.1. Princípio da Legalidade ou reserva legal ou Anterioridade da lei ....................................................................................... 9 
4.2. Lei penal no tempo ............................................................................................................................................................. 9 
4.5. Abolitio criminis(abolição do crime) ................................................................................................................................. 10 
4.6. Retroatividade de lei mais benigna ................................................................................................................................... 10 
4.7. Lex tertia ou terceira Lei. .................................................................................................................................................. 10 
4.8. Lugar do crime .................................................................................................................................................................. 11 
4.9. Territorialidade .................................................................................................................................................................. 11 
4.10. Norma penal em branco ................................................................................................................................................. 11 
5. AÇÃO PENAL MILITAR ................................................................................................................................................................ 11 
5.1. Condições da Ação. ........................................................................................................................................................... 12 
6. CONCEITO DO CRIME ............................................................................................................................................................... 13 
6.1. Elementos constitutivos do crime ..................................................................................................................................... 13 
7. ANÁLISE SISTÊMICA DO CRIME MILITAR ................................................................................................................................... 13 
7.1. Sujeitos do Crime Militar. .................................................................................................................................................. 14 
7.2 Elementos não constitutivos do crime ............................................................................................................................... 14 
7.3. Relevância de omissão ...................................................................................................................................................... 15 
7.4 Conceito de Crime militar e transgressão militar ............................................................................................................... 15 
7.5. Crime comum e crime militar ........................................................................................................................................... 15 
7.6. Crime doloso e crime culposo ........................................................................................................................................... 16 
7.7.Crime Consumado ..............................................................................................................................................................16 
7.8. Crime Tentado ................................................................................................................................................................... 17 
7.9. Crime Impossível .............................................................................................................................................................. 17 
8. EXCLUDENTES DE ILICITUDE OU ANTIJURIDICIDADE ................................................................................................................ 17 
8.1. O Estado de Necessidade exige: ........................................................................................................................................ 17 
8.2. A Legítima Defesa: ............................................................................................................................................................. 17 
8.3. O Exercício Regular de um Direito ..................................................................................................................................... 18 
8.4.O Estrito Cumprimento do Dever Legal ............................................................................................................................. 18 
8.5. Do excesso e suas modalidades ........................................................................................................................................ 18 
8.6. Excludentes de culpabilidade. ........................................................................................................................................... 18 
9. CIRCUNSTÂNCIAS NECESSÁRIAS PARA A OCORRÊNCIA DO CRIME MILITAR ............................................................................. 18 
9.1. Crimes militares em tempo de paz (Art. 9º, CPM) ............................................................................................................ 19 
9.2. Crimes Militares em Tempo de Guerra (Art. 10, CPM) ...................................................................................................... 19 
10. DAS PENAS .............................................................................................................................................................................. 20 
10.1 Conceito ........................................................................................................................................................................... 20 
10.2 Finalidade ......................................................................................................................................................................... 20 
10.3 Classificação ..................................................................................................................................................................... 20 
11. PRESCRIÇÃO............................................................................................................................................................................ 20 
11.1 Espécies de prescrição. .................................................................................................................................................... 21 
12. CAUSAS EXTINTIVAS DA PUNIBILIDADE NO DIREITO PENAL MILITAR .................................................................................... 21 
Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP|CE 
Curso de Formação Profissional Para a Carreira de Oficiais Policiais Militares - CFPCO-PM/2018 – T2 
DIREITO PENAL MILITAR 
4 
12.1. Morte do agente. ............................................................................................................................................................ 22 
12.2. Anistia ou indulto ............................................................................................................................................................ 22 
12.3. Retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso ........................................................................... 22 
12.4. Prescrição ........................................................................................................................................................................ 22 
12.5. Reabilitação ..................................................................................................................................................................... 22 
12.6. pelo ressarcimento do dano, no peculato culposo (art. 303, § 4º ). ............................................................................... 22 
13. ESTUDO DA PARTE ESPECIAL DO CÓDIGO PENAL MILITAR E OS PRINCIPAIS CRIMES MILITARES PREVISTOS EM TEMPO DE 
PAZ ................................................................................................................................................................................................ 23 
13.1. Principais crimes contra autoridade ou disciplina ........................................................................................................... 23 
13.2 PRINCIPAIS CRIMES CONTRA O SERVIÇO E O DEVER MILITAR ......................................................................................... 28 
13.4 DOS PRINCIPAIS CRIMES CONTRA A HONRA .................................................................................................................... 32 
13.7. PRINCIPAIS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO ................................................................................................................. 35 
13.8. PRINCIPAIS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO MILITAR ............................................................................................. 39 
14. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS AOS CRIMES MILITARES E IMPOSSIBILIDADE DE 
APLICAÇÃO DA LEI Nº 9.099/95 AOS CRIMES MILITARES. ............................................................................................................ 44 
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................................................ 44 
 
 
 
Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP|CE 
Curso de Formação Profissional Para a Carreira de Oficiais Policiais Militares - CFPCO-PM/2018 – T2 
DIREITO PENAL MILITAR 
5 
DIREITO PENAL MILITAR 
 
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS E HISTÓRICAS DO DIREITO 
PENAL MILITAR 
 
Conforme vários relatos históricos os delitos militares 
sempre existiram ao longo da evolução da nossa sociedade, 
em alguns momentos, a depender do contexto de 
determinada civilização era dado ao tema uma maior ou 
menor relevância, entretanto, a sua produção normativa 
somente ocorreu em determinados povos, em épocas 
espaçadas, principalmente nos tempos em que as 
civilizações estavam em guerra. 
 
 
 
Ainda de acordo com as descrições de historiadores o 
Direito Penal Militar remonta as suas principais influências e 
importância no Direito Romano, haja vista, que durante as 
dominações dos Romanos existia a necessidade de manter 
uma rigorosa disciplina nas legiões Romanas. Não é à toa 
que as legiões romanas foram consideradas como um dos 
exércitos mais bem treinados de todos os tempos 
Por sua vez, o Direito Penal Militar no Brasil teve sua 
origem mais precisamente com a chegada da família real nas 
terras Brasileiras por volta de 1808, em razão do bloqueio 
continental e a preeminente ameaça de invasão a Portugal 
por Napoleão Bonaparte. 
 Assim, a família Real e os membros de sua corte 
vieram para o Brasil, o que favoreceu para a criação do 
protótipo do que seria futuramente a organização da Justiça 
Militar em nosso País. Vale salientar, que juntamente com as 
embarcações de Portugal, vieram também um considerável 
arcabouço jurídico que serviu de influência para a 
construção do Direito Penal Militar no Brasil. Nesse 
pensamento, as Ordenações Filipinas do reino tiveram uma 
grande importância nesseprocesso, posto que, no seu Livro 
quinto se encontravam os dispositivos penais do Reino. 
Em 1763, juntaram-se às Ordenações Filipinas e os 
Artigos de Guerra do Conde de Lippe, os quais vigoraram no 
Brasil até final do século XIX, ocasião na qual deu lugar ao 
surgimento do Código Penal da Armada. Este teve sua 
vigência até por volta o ano de 1944, quando o Decreto-Lei 
n. 6.227, de 24 de janeiro, trouxe ao cenário o Código Penal 
Militar, aplicado às Forças Armadas. Este vigorou até 31 de 
dezembro de 1969. Foi no ano de 1969 após o então 
presidente General Arthur da Costa e Silva, sofrer um 
derrame, que uma junta militar assumiu o governo, e em 21 
de outubro nasce o Decreto – Lei nº 1.001, ou seja, o atual 
Código Penal Militar, tendo entrado em vigor em 1º de 
janeiro de 1970, e recepcionado pela Constituição de 1988, 
vigendo até os dias atuais, muito embora já tenha sofrido 
diversas alterações inclusive, registre-se a mais recente, a 
saber a Lei nº 13.491, de 13 de Outubro de 2017, assunto 
este que abordarmos mais à frente em tópico específico. 
Nesse pensamento, a Justiça Militar da União foi 
inserida pela primeira vez na Constituição Federal, no ano de 
1934, com a competência de processar e julgar os crimes 
militares definidos em lei, tal instituto foi mantido nas 
demais Constituições, inclusive no texto Constitucional de 
1988. 
O Código Penal Militar (CPM), Decreto-Lei nº. 1001, 
de 21 de outubro de 1969, após algumas interpretações 
históricas e dos Tribunais passou a alcançar além dos 
integrantes das Forças Armadas, os integrantes das Polícias 
Militares e dos Corpos de Bombeiros Militares, cabendo a 
estes o fiel cumprimento e respeito às regras contidas no 
CPM e nos demais regulamentos militares. 
Ademais, pela própria característica das Polícias 
Militares, cujos integrantes foram denominados militares 
estaduais pelo artigo 42 da Constituição Federal de 1988, 
torna-se imprescindível levar o conhecimento do Direito 
Militar nos cursos de formação das polícias e Bombeiros 
militares, haja vista, que esse ramo do Direito constitui-se 
como um dos elementos norteadores da vida profissional de 
seus integrantes. 
 
 Vale salientar, que ao longo da história foram 
realizadas diversas alterações constitucionais no âmbito da 
Justiça Militar, entretanto, a mais recente foi realizada por 
meio da Emenda Constitucional de nº 45/2004, na qual 
dentre outras transferiu a competência para a Justiça 
Militar Estadual para processar e julgar as ações judiciais 
contra atos disciplinares, o que anteriormente era de 
competência das Varas da Fazenda Pública. 
 
Nesta perspectiva, elaborou-se a presente apostila, 
cujo objetivo dos conteúdos programáticos é fazer com que 
o aluno possa adquirir todos os conhecimentos necessários 
acerca principais institutos do Direito Castrense. 
Dessa forma, no intuito de tratarmos dos mais 
relevantes e atuais assuntos do Direito Penal Militar é que 
elaboramos essa apostila cujo os assuntos dividimos em 
quatorze capítulos. No primeiro, estuda-se as considerações 
históricas do Direito Penall Militar, no segundo, aborda-se as 
Fontes do Direito Penal Militar, no terceiro estudaremos o 
Conceito do DPM, no quarto capítulo abordaremos aplicação 
principiológica, no quinto capítulo falaremos sobre a Ação 
Penal Militar, no sexto, sétimo e oitavos capítulos 
trataremos, respectivamente, do conceito do crime, da 
análise sistêmica do crime militar e Excludentes de Ilicitude 
ou Antijuridicidade. 
Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP|CE 
Curso de Formação Profissional Para a Carreira de Oficiais Policiais Militares - CFPCO-PM/2018 – T2 
DIREITO PENAL MILITAR 
6 
Por sua vez, no nono capítulo estudaremos as 
circunstâncias necessárias para a ocorrência do crime militar. 
No capítulo dez trataremos sobre o Instituto das penas, no 
capítulo onze abordaremos a prescrição, nos capítulo doze 
falaremos das Causas Extintivas da Punibilidade no Direito 
Penal Militar. No capítulo treze destacaremos o Estudo da 
parte especial do Código Penal Militar e os principais crimes 
militares previstos em tempo de paz. 
Por fim, no capítulo quatorze discutiremos sobre a 
Impossibilidade de aplicação das penas restritivas de direitos 
aos crimes militares e Impossibilidade de aplicação da Lei nº 
9.099/95 aos crimes militares. 
 
2. FONTES DO DIREITO PENAL MILITAR 
 
Expressão que vem do latim fons, fontis, nascente, 
significa tudo aquilo que origina, que produz algo, são as 
formas pelas quais o Direito se manifesta. 
 
São nas fontes que estão as origens do direito, ou 
seja, elas são o nascedouro, a gênesis das ideias jurídicas, 
podemos dizer também que ela é a matéria prima da qual 
nasce o direito. As fontes do direito asseguram ao juiz, no 
momento de decidir os casos concretos que lhe são postos, 
que não decida pautado em critérios subjetivos, 
discricionários ou pessoais. Em outras palavras as fontes são 
os vários modos de onde são buscadas, nascem ou surgem 
as normas jurídicas. 
 Seguindo a linha de pensamento exposta, a 
doutrina divide as fontes do Direito Penal militar em fonte 
material e fonte formal e, sendo a segunda subdividida em 
fontes formais imediata e mediatas. 
 
2.1. Fonte Material do Direito Penal Militar. 
 
Podemos dizer que a fonte material ou de produção 
do direito penal militar é a responsável por delimitar quem 
pode criar normas penais. 
 Nesse sentido, o Estado é a única fonte de produção 
de regras penais, sendo que a União detém, conforme artigo 
22 da CF/88, a exclusividade de criá-las. Entretanto, saliente-
se que de acordo com o parágrafo único do referido artigo os 
Estados poderão mediante autorização de Lei Complementar 
legislar sobre questões específicas dentro de suas respectivas 
realidades, desde que não confronte com as competências 
constitucionais. 
 
2.2. Fontes formais do Direito Penal Militar. 
 
São os meios de expressão do Direito, as formas pelas 
quais as normas jurídicas se exteriorizam, tornam-se 
conhecidas. Para que um processo jurídico constitua fonte 
formal é necessário que tenha o poder de criar o Direito. 
 Isto significa introduzir no ordenamento jurídico, 
novas normas jurídicas. 
Em momentos anteriores, a doutrina costumava 
dividir a fonte formal em imediata (somente a lei) e mediatas 
(costumes militares, jurisprudência, analogia e princípios 
gerais do direito. Todavia, com a evolução de pensamentos 
sobre o assunto, os juristas mais recentes têm apresentado 
uma divisão diferente. 
Com essa nova concepção, não só a lei passou a ser 
considerada fonte formal imediata, mas também passou-se a 
englobar a Constituição Federal, os tratados internacionais, 
as jurisprudências, os princípios e até mesmo os atos 
administrativos. 
 
 
 
Nessa linha de intelecção, os tratados internacionais 
podem ser inseridos em nosso ordenamento jurídico sob 
três status: emenda constitucional, norma supralegal ou lei 
ordinária. Cumpre dizer que um tratado internacional jamais 
cria crime para ser processado no direito interno, mas sim 
para ser julgado perante o Tribunal Penal Internacional. 
 
 
 
Outra fonte reveladora de normas penais é a 
jurisprudência, a qual pode, aliás, admitir o seu caráter 
vinculante, como é o caso das decisões após recorrentes 
casos sobre um mesmo tema/matéria proferidos pelo 
Supremo Tribunal Federal. Ressalta-se que uma vez 
adquirindo o caráter vinculante, ela vincula os demais 
Tribunais e toda a Administração Pública ao seu 
cumprimento. 
Já os princípios gerais do direito, que antes eram 
considerados fontes formais mediatas, servem para justificar 
uma redução de pena ou até mesmo para absolver o réu, 
como ocorre quando o julgador se depara com o princípio da 
insignificância, e o aplica ao caso concreto, ou ainda, quando 
se aplica o consagrado princípio de que “ninguém é 
obrigado a produzir provas contra si.” 
De outro bordo, os atos administrativos funcionam 
como fontes formais imediatas quando completamnormas 
penais em branco. É o que se vê, por exemplo, na Lei Federal 
nº 11.343/2006, que estabelece normas para repressão à 
produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas, pois a 
definição do que são drogas lícitas e ilícitas é feita pelas 
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Curso de Formação Profissional Para a Carreira de Oficiais Policiais Militares - CFPCO-PM/2018 – T2 
DIREITO PENAL MILITAR 
7 
portarias da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – 
ANVISA. 
Nesse pensamento, a corrente contemporânea elenca 
apenas a doutrina como sendo uma fonte formal mediata e 
entendem que os costumes são meras fontes informais. 
Vale acrescentar, que a posição não é pacífica entre os 
estudiosos, todavia, essa nova classificação é uma tendência 
cada vez mais aceita por quem trata da hermenêutica do 
direito. 
Ainda sobre o assunto, estudaremos abaixo algumas 
das principais fontes do Direito: 
 
2.3. Leis. 
 
Em sentido lato sensu podemos conceituar como 
sendo as normas ou o conjunto de normas jurídicas, que em 
regra, são criadas através de processos legislativos próprios, 
que visam nortear as condutas de determinada sociedade 
em busca da harmonia social. 
Em se tratando de matéria Penal Militar a Lei pode 
ser definida como um conjunto de preceitos normativos que 
visam proteger os bens jurídicos tutelados pelo Direito Penal 
Militar. 
Vale ressaltar, que dentre todas as fontes formais 
imediatas supracitadas, somente a lei pode criar crimes e 
cominar penas. 
 
2.4. A Constituição Federal. 
 
Como fonte imediata a Constituição apesar de ser 
hierarquicamente superior às demais leis 
infraconstitucionais, não pode definir delitos ou cominar 
sanções, pois seu procedimento é demasiadamente rígido e 
demorado. Entretanto é fonte formal porque em seu bojo há 
os denominados princípios constitucionais de criminalização 
de condutas, por meio dos quais, as leis infraconstitucionais, 
ao criar os tipos incriminadores, devem obedecer aos 
aspectos principiológicos mínimos previstos no referido 
texto. 
 
2.5. Jurisprudência 
 
Em sua acepção mais técnica temos que é um termo 
jurídico, que significa o conjunto das decisões, aplicações e 
interpretações das leis. Ou seja, é o conjunto de reiteradas 
decisões judiciais dos tribunais no mesmo sentido. Embora 
seja uma característica da jurisprudência a falta de caráter 
vinculante, atualmente existe a súmula vinculante, que, 
aprovada por 2/3 dos membros do STF, obriga os demais 
órgãos do Judiciário e a Administração Pública a obedecerem 
o disposto no seu enunciado. 
 
2.6. Usos e costumes militares(costumes) 
 
Por iguais razões, os usos e costumes militares 
também servirão como fonte no caso de lacuna da Lei, 
Assim, podemos defini-los, como sendo a utilização de 
determinadas práticas reiteradas nas corporações militares, 
que acabam criando uma conduta padronizada, ou seja, uma 
espécie de praxe obrigatória, a qual muitas vezes, poderá ser 
incorporada futuramente pelos textos legais. 
Vale ressaltar que o referido instituto deverá ser 
analisado sempre no caso concreto do contexto militar, para 
que venha a ser aplicada subsidiariamente com Fonte do 
DPM. 
 
2.7. Princípios Gerais de Direito 
 
Os Princípios do Direito são encontrados implícita ou 
explicitamente no sistema jurídico, em tese, constituem-se 
um conjunto de regras basilares e fundamentais do Direito. 
Acrescente-se, que os princípios de que se trata, são 
considerados como a última salvaguarda do intérprete, pois 
este precisa se socorrer deles para integrar o fato ao sistema, 
contribuindo, assim, para um interpretação e aplicação do 
direito justo. 
 
 
 
Em outras palavras, os princípios gerais são as regras 
que, embora não estejam escritas servem como 
mandamentos que informam e dão apoio ao direito, 
servindo como base para a criação e integração das normas 
jurídicas dentro da noção norteadora do ideal de justiça. 
 
2.8. Analogia 
 
Analogia é considerada uma fonte formal, sendo 
utilizada com a finalidade de integração da lei, ou seja, a 
aplicação de dispositivos legais relativos a casos análogos, 
ante a ausência de normas que regulem o caso 
concretamente apresentado à apreciação do juiz. 
De outro bordo, a analogia é a comparação entre 
casos diferentes, significa julgar pelas semelhanças dos fatos 
com base no princípio da igualdade jurídica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DIREITO PENAL MILITAR 
8 
3. DIREITO PENAL MILITAR 
 
3.1 Conceito de Direito Penal Militar 
 
O conceito do DPM é abordado por mais de uma 
dezena de doutrinadores que escrevem sobre o tema, 
entretanto, para uma correta e objetiva compreensão 
didática podemos conceituá-lo como sendo o conjunto de 
normas que tem o escopo de definir determinadas condutas 
que violam os bens jurídicos tutelados pelo militarismo, 
como sendo infrações penais militares. 
 
 
 
Ainda sobre o tema, podemos dizer que o Direito 
Pena Militar é o ramo do direito público que se destina, em 
regra, aos militares federais, que são os integrantes das 
Forças Armadas; Exército Brasileiro, Marinha e Força Aérea 
Brasileira, bem como, aos militares estaduais, que são os 
integrantes das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros 
Militares dos Estados e do Distrito Federal. 
 Outrossim, vale acrescentar, que de forma 
excepcional e somente no âmbito da Justiça Militar Federal é 
que o civil poderá ser também alcançado pelos institutos 
previstos no DPM. 
 
3.2 Os Bens jurídicos tutelados pelo Direito Penal 
Militar 
 
Não é custoso repisar, que um dos objetivos do 
Direito Penal Militar é proteger os bens jurídicos 
responsáveis pelas tutelas basilares da vida militar, os quais 
são destinados a assegurar a ordem jurídica e a realização 
dos fins das instituições militares. Por sua vez, em razão das 
especificidades das missões no âmbito da caserna militar, 
seria imaginável uma estruturação sólida sem a defesa dos 
referidos bens jurídicos. 
Nesse sentimento, é possível afirmar que, qualquer 
que seja o bem jurídico evidentemente protegido pela 
norma penal militar, sempre haverá a tutela da regularidade 
das organizações militares, posto que, constitui-se em um 
dos pilares basilares de toda a estrutura militar. 
Nessa perspectiva, para a preservação dessa ordem 
jurídica militar, deve-se sempre preponderar os princípios da 
hierarquia e da disciplina, estes são essenciais e 
preponderantes norteadores de toda doutrina militar. Em 
outras palavras, significa dizer que os referidos princípios são 
os responsáveis por toda a construção basilar do militarismo, 
e sua importância é tamanha, que o próprio legislador 
constituinte originário reservou aos mesmos status 
constitucional. 
Por tais razões, torna-se essencial que o Estado, com a 
finalidade de proteger os diferentes bens jurídicos militares 
venha proibir e punir determinadas condutas com um elenco 
de sanções de naturezas diversas, razão pela qual, podemos 
afirmar que quando o militar comete um crime militar, além 
da violação, em tese, do bem jurídico propriamente dito, ele 
também violará dois dos pilares genesianos da vida 
castrense, a saber, a hierarquia e a disciplina. 
 
3.3 O Caráter especial do Direito Penal Militar 
 
Como é de notório saber as missões desempenhadas 
pelas corporações militares são revestidas de uma 
complexidade incomensurável, razão pela qual, devem 
sempre ser tratadas sob uma visão isonômica, diferenciada 
e específica. 
Em razão disso, o caráter especial do Direito Penal 
Militar pode ser observado em diversas situações do nosso 
ordenamento jurídico, como exemplo, citemos o fato de que 
grande parte das normas do Direito Penal Militar, 
diferentemente do Direito Penal comum, aplicam-se 
exclusivamente aos militares, em razão da característica 
peculiar desta categoria de agentes públicos para como 
Estado. 
De igual forma, a referida especialidade é evidenciada 
quando do processamento e julgamento dos crimes militares 
por órgão especial que o aplica, ou seja, as Justiças Militares 
no âmbito Federal e Estadual. 
O caráter especial do Direito Penal Militar, também 
tem sua posição consignada na Constituição Federal de 
1988, mais precisamente dos arts. 122 a 126, os quais dentre 
outras, atribui a exclusividade da Justiça Militar Federal para 
processar e julgar os crimes militares definidos em lei, bem 
como à Justiça Militar Estadual para processar e julgar os 
militares estaduais nos crimes militares definidos em Lei. 
Daí, a concepção de que a Justiça Militar Federal julga 
os crimes militares e as Justiças Estaduais julgam os militares. 
Entretanto, é de bom alvitre, de logo, fazermos a 
ressalva quanto ao processamento e o julgamento dos 
crimes dolosos contra a vida praticados por militar estadual 
contra civil, cuja competência após mudança constitucional 
de 2004, passou a ser do Tribunal do júri. 
Assim, tais fatos continuam possuindo a classificação 
de crime militar, e, portando, devem ser apurados por meio 
de Inquérito Policial Militar, contudo, será a Justiça Comum e 
não a Justiça Militar, no âmbito dos Estados, o Órgão 
competente para o processamento e o julgamento de tais 
crimes. 
 
3.4. Aplicação da Lei Penal Militar 
 
Assim, como ocorre com o Direito Penal Comum, as 
normas penais militares são doutrinariamente divididas em 
materiais (ou substantivas) e formais (ou adjetivas). As 
primeiras caracterizam-se pela previsão, codificada em nosso 
caso, do fato nascedouro da relação jurídica entre o Estado, 
que detém o jus puniendi(poder-dever de punir), e o violador 
da norma, ou seja, em regra, o militar Federal, estadual, ou 
excepcionalmente, o civil que comete o crime militar. 
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Em outras palavras, são as normas de Direito material 
ou substantivas, que contêm o fato típico, ou, a tipificação 
do fato como sendo crime, bem como, a sanção 
correspondente. 
Por sua vez, as normas de Direito Penal Militar formal 
ou adjetivas são as que regulam de modo geral a relação 
processual estabelecida pelo Estado por ocasião do jus 
puniendi, ou seja, as referidas normas regulam o início, o 
desenvolvimento e encerramento do processo, dentre outras 
situações previstas no CPPM. 
Assim, os doutrinadores afirmam que o Direito Penal 
Militar substantivo se encontra no Código Penal Militar, ao 
passo que o Direito Penal Militar adjetivo encontra morada 
no Código de Processo Penal Militar. 
 
 
 
4. PRINCÍPIOS APLICADOS AO DIREITO PENAL MILITAR 
 
Em regra a noção principiológica tratada no DPM tem 
como um dos objetivos precípuos limitar o poder de punir 
do Estado. Não podemos esquecer que muito embora 
existam no Direito Penal Militar princípios específicos, a sua 
gênese está intrinsecamente ligada aos princípios 
Constitucionais previstos no texto de 1988. 
De toda forma, passaremos a analisar alguns dos mais 
relevantes princípios aplicados ao Direito Penal Militar, senão 
vejamos : 
 
 4.1. Princípio da Legalidade ou reserva legal ou 
Anterioridade da lei 
 
Muito embora haja algumas divergências doutrinárias 
no que diz respeito a sinonímia dessas denominações, em 
regra, as expressões acima são tratadas como sendo 
sinônimas, sendo estudado no Art. 1° do CPM - Não há 
crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia 
cominação legal. 
Dessa forma, em tese, significa que é obrigatória a 
existência de uma lei penal incriminadora antes do fato, 
além de uma prévia cominação de sanção. Em outras 
palavras, a lei penal, em regra, pode alcançar tão somente 
fatos a ela supervenientes. 
De outro bordo, os estudiosos do assunto tratam o 
referido princípio sob três vertentes : o político, como sendo 
uma garantia constitucional dos direitos humanos 
fundamentais, o significado jurídico em sentido lato, onde 
diz que “ninguém está obrigado a fazer ou deixar de fazer 
alguma coisa senão em virtude de Lei”, conforme previsão 
do artigo 5º, II, CF/88 e uma terceira vertente que é o jurídico 
em sentido estrito, que serve com um fixador do conteúdo 
das normas penais incriminadoras. 
Sob essa última acepção convém ressaltar que 
também é conhecido como princípio da reserva legal, ou 
seja, os tipos penais incriminadores somente podem ser 
criados por lei em sentido estrito, emanada do poder 
legislativo, e de acordo com o processo legislativo previsto 
na CF/88. 
 
4.2. Lei penal no tempo 
 
Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior 
deixa de considerar crime, cessando, em virtude dela, a 
execução e a própria vigência dos efeitos penais da sentença 
condenatória irrecorrível, salvo quantos aos efeitos de 
natureza civil. 
 Sobre o assunto convém acrescentar a possibilidade 
da retroatividade da lei penal mais benigna. Assim, a Lei 
posterior que, de qualquer outro modo, favorecer o agente, 
aplica-se retroativamente, ainda quando já tenha sobrevindo 
sentença condenatória irrecorrível. 
 Por sua vez, para se reconhecer qual a lei mais 
favorável, se a posterior ou a anterior, as mesmas devem ser 
consideradas separadamente, cada qual no conjunto de suas 
normas e circunstâncias aplicáveis ao fato. 
 Em relação a possibilidade de aplicação das medidas 
de segurança, a regra é que estas regem-se pela lei vigente 
ao tempo da sentença, prevalecendo, entretanto, se diversa, 
a lei vigente ao tempo da execução. 
 
4.3. Lei excepcional ou temporária 
 
Embora decorrido o período de sua duração ou 
cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao 
fato praticado durante a sua vigência. 
Nesse sentido vale reproduzir a diferença entre os 
referidos institutos. Assim, a Lei excepcional é aquela que é 
criada para atender a situações de necessidades transitórias, 
anormais perdurando enquanto existir a situação que 
motivou sua criação. 
 Por sua vez, a Lei temporária é aquela que 
permanece vigente durante um determinado período de 
tempo, ou seja, em regra, a data do incio e do seu término já 
estão previamente definidas. 
 
 4.4. Tempo do crime 
 
Considera-se praticado o crime no momento da ação 
ou omissão, ainda que outro seja o do resultado. 
O Direito Penal Militar a exemplo do penal comum 
adotou a chamada Teoria da atividade, ou da ação, na qual 
considera-se praticado o fato delituoso no momento da ação 
ou omissão, independentemente do tempo ou instante em 
que ocorra o resultado. 
 
 
 
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Com efeito, a referida teoria serve para, dentre outros 
efeitos, determinar a imputabilidade do agente, fixar as 
circunstâncias do tipo penal para os fins de aplicação da 
pena, possibilitar eventual aplicação de uma anistia, 
averiguar os marcos prescricionais. 
 
 
 
 Ainda sobre o tema merece destaque a análise dos 
crimes permanentes e continuados nos delitos militares. 
O crime continuado é aquele em que o agente pratica 
várias condutas delitivas, implicando na concretização de 
vários resultados. Nesse caso, o agente termina por cometer 
infrações penais de mesmas espécies, em circunstancias 
parecidas de tempo, lugar e modo de execução, sendo 
considerado os delitos subsequentes como continuação do 
primeiro. 
 Portanto, apesar do agente praticar mais de um 
crime, entende-se, para fins de aplicação da pena, que se 
trata de um único crime, pois estarão “unidos pela 
semelhança de determinadas circunstâncias.” Em razão 
disso, aplica-se a pena de um só dos delitos. 
 
Ex: Furtos em continuidade delitiva art. 240 c/c 80 
do CPM). 
 
Vale salientar, ainda que, se uma lei nova tiver 
vigência durante a continuidade delitivadeverá ser aplicada 
ao caso, não importa se prejudicando ou beneficiando. 
Esse é o entendimento expresso na Súmula 711 do 
STF: "A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado e 
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da 
continuidade ou da permanência". 
 
Por sua vez, o crime permanente é aquele crime que 
a sua consumação se estende no tempo. A ação, tal qual a 
consumação, se protrai, o que impõe a aplicação da lei nova, 
em caso de sucessão temporal de leis, se no momento de 
entrada em vigor da nova lei não tiver cessado a ação. 
 Exemplificando: Se o crime militar de Cárcere 
privado previsto no artigo 225 do CPM está em andamento, 
com a vítima mantida em cativeiro, havendo a entrada em 
vigor, de uma lei nova, aumentando consideravelmente as 
penas para tal delito, aplica-se de imediato a norma 
prejudicial ao agente, pois o delito está em plena 
consumação. 
 
Súmula 711 do STF: "A lei penal mais grave aplica-se 
ao crime continuado e permanente, se a sua vigência é 
anterior à cessação da continuidade ou da permanência". 
4.5. Abolitio criminis(abolição do crime) 
 
O referido instituto também é conhecida na doutrina 
pela expressão : Lei supressiva de incriminação. 
 
 O tema é tratado no artigo 2º do Código Penal 
Militar dispõe que nenhuma pessoa poderá ser punida por 
fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando, 
em virtude dela, a própria vigência de sentença 
condenatória irrecorrível, ressalvados quanto aos efeitos de 
natureza civil. 
Ainda sobre o assunto, podemos citar o seguinte caso 
hipotético : 
Suponhamos que determinado Oficial foi condenado 
pelo crime militar de exercício de comércio tipificado no 
artigo 204 do CPM à pena de reforma nos termos do artigo 
65 do mesmo CPM. Se posteriormente ao trânsito 
sobreviesse revogação do tipo penal militar, 
consequentemente, cessaria os efeitos aplicados por ocasião 
da prolatação da sentença condenatória, ou seja, o referido 
Oficial retornaria à atividade, pois no caso concreto, a 
conduta não seria mais considerada crime militar. 
É Importante ressaltar que não há de se falar em 
descriminalização da conduta, ou seja, existe a prática do 
crime, o que ocorre é a extinção da punibilidade pela 
retroatividade de lei que não mais considera o fato como 
crime, conforme prevê o art. 123, inciso III, do Código Penal 
Militar. 
 
 
 
4.6. Retroatividade de lei mais benigna 
 
Inicialmente, é tudo aquilo que tem efeitos sobre 
fatos passados. A expressão que vem do latim “Lex mitior” 
ou “Novatio legis in mellius”, significa que a lei penal não 
retroagirá, salvo para beneficiar o réu (art. 5º,XL – CF/88). 
Assim, a lei penal nova só alcança o fato ocorrido antes da 
sua vigência se for uma lei mais benéfica. 
 
 4.7. Lex tertia ou terceira Lei. 
 
Uma outra questão interessante de analisarmos diz 
respeito à possibilidade de combinação de dispositivos de 
duas leis em aferição de modo que se possibilite a aplicação 
dos dispositivos mais benéficos de ambas, dando origem, 
assim, a uma terceira lei. 
 
 
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Sem dúvidas opiniões se dividem, havendo adeptos 
tanto em sentido contrário como em sentido favorável. 
Entretanto, a corrente majoritária de doutrinadores 
entendem pela impossibilidade da aplicação do referido 
instituto, pois estar-se-ia conferindo ao Judiciário um poder 
para o qual não possui competência, ou seja, o poder de 
legislar e por consequência, estaria pois, colocando em 
colapso um dos princípios fundamentais da República 
Federativa do Brasil, nos termos do art. 2º da CF/88, qual 
seja, a independência dos Poderes Legislativo, executivo e 
judiciário. 
Ademais, imperioso ressaltar que o próprio Código 
Penal Militar expressamente proíbe essa “mesclagem” de 
dispositivos pelo magistrado, quando consigna que, “para se 
reconhecer qual a mais favorável, a lei posterior e a 
anterior devem ser consideradas separadamente, cada qual 
no conjunto de suas normas aplicáveis ao fato”. 
Ainda sobre o assunto, corroborando com o 
entendimento acima, o Supremo Tribunal Federal já decidiu 
que ao juiz “não é permitido criar e aplicar uma ‘terza legge 
diversa’ de modo a favorecer o réu, pois, nessa hipótese, se 
transformaria em legislador” 
 
4.8. Lugar do crime 
 
Considera-se praticado o fato, no lugar em que se 
desenvolveu a atividade criminosa, no todo ou em parte, e 
ainda que sob forma de participação, bem como onde se 
produziu ou deveria produzir-se o resultado. 
Adota-se neste caso a Teoria da ubiquidade ou mista, 
na qual é considerada a prática delituosa no lugar onde o 
fato iniciou, assim como no local em que se produziu ou 
deveria produzir o resultado. Nessa teoria o lugar é 
indiferente, ou seja, considera-se praticado o delito no lugar 
onde ocorreu a conduta ou o resultado. 
 
4.9. Territorialidade 
 
Aplica-se a lei penal militar, sem prejuízos de 
convenções, tratados e regras de direito internacional, ao 
crime cometido, no todo ou em parte, no território nacional, 
ou fora dele, ainda que neste caso, o agente esteja sendo 
processado ou tenha sido julgado pela justiça estrangeira. 
Em rápidas pinceladas a territorialidade é a aplicação 
das leis penais militares aos delitos cometidos dentro do 
território brasileiro. Vale lembrar que essa é uma regra geral, 
e decorre do conceito de soberania, entretanto, é possível a 
aplicação das referidas leis penais militares brasileiras aos 
crimes militares cometidos fora do território brasileiro, 
ocasião na qual, trataremos das regras de 
extraterritorialidade. 
 
4.10. Norma penal em branco 
 
O tipo penal é a estrutura da norma penal 
incriminadora, cuja composição divide-se em: 1) preceito 
primário ou principal; 2) preceito secundário ou sancionador. 
Por sua vez, O preceito primário é o que descreve o fato 
como sendo tipico em abstrato na lei. Já o preceito 
secundário refere-se cominação da pena abstrata. 
Ocorre, que algumas vezes, o preceito primário de um 
delito não está descrito de forma completa, nesse caso, o 
intérprete dependerá de outro ato normativo para que tenha 
sentido, uma vez que seu conteúdo é incompleto. 
A norma penal em branco pode ser classificada como 
homogênea (sentido lato) ou heterogênea (sentido estrito). 
Desta forma, dizemos que ela é homogênea quando o seu 
complemento estiver em disposta em outra lei. Já a 
classificação heterogênea dar-se-á quando o complemento 
estiver em ato normativo diverso da lei, tais como, portarias, 
decretos, resoluções. 
 
5. AÇÃO PENAL MILITAR 
 
Em linhas gerais, com a finalidade de manter a paz 
social, o Estado há muito tempo avocou para si o poder – dever 
de punir, como se sabe, a possibilidade de reprimir as condutas 
criminosas, pertence ao Estado, ou seja, em regra, não existe a 
possibilidade da pessoa utilizar-se do instituto da autotutela, ou 
exercício arbitrário das próprias razões, fazendo justiça com as 
próprias mãos. 
Entretanto, somente o Estado poderá colocar o poder 
de punir em marcha, por meio do devido processo legal, sem 
o qual toda e qualquer punição torna-se ilegal. Nesse 
processo, é também necessário garantir a ampla defesa e o 
contraditório, essenciais para o exercício do direito de punir. 
Assim, vale salientar que a corrente de condução processual 
nos dias atuais deverá sempre ser voltado efetivamente para 
o garantismo, ou seja, o enfoque deve ser muito mais 
voltado para a defesa do cidadão que no direito de punir que 
tem o Estado. 
Nesse pensamento, o nosso processo penal desliza 
sobre o instituto denominado de garantístico, posto que, por 
vezes, obriga ao intérprete da lei penal ir mais além, 
deixando a singela literalidade da lei processual e ampliando 
a percussão penal sob a ótica da tutela dos direitos e 
garantias individuais e coletivas, previstos na Constituição 
Federalde 1988. 
O processo-crime de natureza militar, em regra, deve 
ser iniciado com o recebimento de uma peça exordial 
denominada de denúncia, a qual é dotada de elementos tais 
que demonstrem os indícios de autoria e materialidades 
verificadas acerca do delito. 
Assim, o titular da ação penal é Ministério Público, 
nos termos do inciso I do art. 129 da Constituição Federal, 
em pleno exercício de sua função de dominus litis (dono da 
ação penal). 
Assinale-se, porém, que há casos, em que a iniciativa 
não está nas mãos do Parquet, sendo essa prerrogativa 
conferida ao ofendido ou ao seu representante legal, o que 
não ocorre no Direito Penal Militar, pois, conforme previsão 
do artigo 151 do CPM, a ação penal com os crimes militares 
somente pode ser promovida por denúncia do Ministério 
Público da Justiça Militar. 
Por todo o exposto, é que chegamos a conclusão de 
que estudar a ação penal, à luz do Direito Penal, significa 
entender as diferenças no tocante à iniciativa do processo-
crime, com os consequentes desdobramentos da relação 
processual. 
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12 
5.1. Condições da Ação. 
 
 
 
Na sequência dos estudos sobre as chamadas condições 
da ação, cumpre esclarecer que o curso processual somente 
terá seguimento se cabível o início da ação, que deverá 
satisfazer as seguintes condições : 
 
• Possibilidade jurídica do pedido. 
• Interesse de agir e; 
• Legitimidade das partes, 
 
Sem a presença desses requisitos, não poderá exigir 
por parte do Estado, o provimento jurisdicional. 
 
5.1.1. A possibilidade jurídica do pedido. 
 
Constitui a base inicial de sustentação à ação penal, 
assim, o pedido do autor deve ter coerência e viabilidade à 
luz do Direito, caso contrário, não haverá sequer a 
perspectiva de apreciação da matéria pelo Poder Judiciário. 
 
5.1.2. Interesse de agir. 
 
De igual forma, a ação penal deve preencher a condição 
do interesse de agir, ou seja, na ação penal deve constar 
efetivamente, os indícios mínimos de autoria e de 
materialidade delitiva, sem que se opere uma causa de 
extinção de punibilidade, como por exemplo a prescrição. 
Daí por que, a inexistência do interesse de agir 
importa em falta de justa causa para a ação penal, não 
podendo ela ter início, ou até mesmo, caso já tenha sido 
iniciada, prosseguimento no seu curso. 
 
5.1.3. Legitimidade das partes. 
 
Nessa condição, a ação deverá ser proposta por quem 
tem legitimidade, por quem a lei confere a competência e 
contra aquele que deva figurar no polo passivo por ter 
praticado o fato descrito no direito como infração penal. 
Saliente-se, que na ação penal pública, a propositura, 
em regra, deve ser desencadeada pelo órgão do Ministério 
Público, salvo, nos casos de ação penal privada subsidiária, 
como veremos a frente. 
 
5.2.Espécies de ação penal 
 
Em regra, a ação penal poderá ser de iniciativa 
Pública ou Privada. Por sua vez, a Ação Penal de iniciativa 
Pública apresenta-se sob as modalidades incondicionada e 
condicionada. Já a Ação Penal de iniciativa Privada poderá 
ser Personalíssima ou Subsidiária da Pública. 
Ação pública incondicionada – Nesta espécie de Ação 
penal o membro do Ministério Público a propõe sem que 
haja manifestação de vontade de quem quer que seja. Ele é 
obrigado a oferecer a denúncia, desde que estejam 
presentes as condições da ação e não podendo o mesmo 
desistir da Ação nem do Recurso interposto; 
 
Ação pública condicionada - Na ação penal pública 
condicionada o Ministério Público, também é o titular da 
ação, porém, neste caso, para que o mesmo possa iniciar a 
ação penal, necessita da satisfação de uma condição de 
procedibilidade, que pode ser a representação do ofendido, 
ou de quem o represente, ou a requisição do Ministro da 
Justiça. 
 
Ação penal privada – Como já mencionado acima, a 
regra é a ação pública, todavia, em determinados casos, 
existe a possibilidade de que a iniciativa da ação penal seja 
da pessoa ofendida ou, na impossibilidade, do seu 
representante legal. Neste caso estamos falando da ação 
penal privada, em que a titularidade repousa sobre o 
ofendido ou seu representante legal, utilizando-se do 
instrumento processual denominado queixa-crime ou queixa 
criminis. 
 
De outro bordo, duas são as possibilidades de ação 
penal privada: exclusiva ou personalíssima e subsidiária da 
pública. Assim, na Ação personalíssima o único legitimado 
para prestar a queixa crime é o ofendido, não cabendo 
substituição processual (Representante legal) nem sucessão 
processual (por morte ou ausência). 
Por sua vez, a Ação Penal de Iniciativa Privada 
Subsidiária da Pública ocorrerá quando o Ministério Público 
não oferecer a denúncia no prazo estipulado por lei que são 
de 5 dias após receber o inquérito policial, se o réu estiver 
preso e 15 dias após receber o inquérito policial, se o réu 
estiver solto, situação na qual o próprio ofendido poderá 
propor. Neste caso, a vítima não oferecerá denúncia, mas sim 
queixa substitutiva. 
No Direito Penal Militar, as situações em que ocorrem 
a titularidade a Ação devem ser sopesadas com a relevância 
do bem jurídico tutelado. Ou seja, tendo em vista a tutela 
dos bens jurídicos castrenses não existe a possibilidade da 
Ação privada. Assim, na vida militar os bens jurídicos mais 
protegidos são a Administração Pública Militar, a hierarquia e 
a disciplina, razão pela qual, a ação penal é exclusivamente 
pública e em regra, é pública incondicionada. 
Vale salientar, que o sujeito passivo imediato de todos 
os crimes militares será sempre o Estado, que no caso 
concreto, sempre é representado pelas Instituições Militares. 
De igual forma, o ofendido será o passivo mediato, e será 
representado pelo Ministério Público Militar. 
Cumpre ressaltar ainda, que de acordo com os casos 
estabelecidos no Art. 122 do Código Penal Militar, 
excepcionalmente haverá a possibilidade da ação penal 
pública condicionada que dependerá de requisição dos 
Ministros Militares, atualmente, Ministro da Defesa, ou do 
Ministro da Justiça. 
 
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6. CONCEITO DO CRIME 
 
6.1. Elementos constitutivos do crime 
 
Dentro do nosso estudo é importante termos como 
premissa inicial, que a legislação não trouxe o conceito de 
"crime", razão pela qual, tal instituto passou a ser definido 
pelas escolas doutrinarias penais. 
Dessa forma, em tese, temos três visões, que tem por 
escopo orientar a definição de crime: a formal, a material ou 
substancial e a analítica. 
 Nesse sentido, no seu conceito formal dizemos que 
crime é toda e qualquer violação definida pela lei penal, a 
que se impõe pena. Vale anotar que a conceituação 
apresentada não leva em consideração o sistema vigente no 
Brasil, em que as infrações penais podem ser de duas 
ordens: contravenção penal e crime. 
Por sua vez, o conceito material ou substancial 
descreve o crime como toda ação ou omissão humana que 
lesa ou expõe a perigo de lesão bens jurídicos penalmente 
protegidos pela norma penal. 
Consoante noção cediça, o conceito analático de 
crime segundo os adeptos da teoria tripartida sugere sua 
definição como sendo toda a ação ou omissão humana, 
típica, antijurídica e culpável. 
Nesse pensamento, diante da acepção analítica, 
vejamos então, caso a caso, cada um dos seus elementos: 
 
a) Ação ou omissão humana: Significa que o crime 
sempre resulta de uma conduta positiva (ação/comissiva), é 
o fazer, o agir. Ou ainda, de uma conduta negativa (omissão), 
é o não fazer, a inércia. 
Assim, tanto é criminoso o fato do alguém(ser 
humano) esfaquear uma pessoa até matá-la, ou seja, 
executando uma ação, como também o fato de uma mãe, 
por preguiça oucomodidade, não retirar de cima da mesa de 
sua casa, deixando de fazer, o veneno para matar baratas, 
que foi posteriormente ingerido pelo seu filho de três anos, 
provocando-lhe a morte, enquanto aquela, assistia sua 
novela preferida. 
 
b) típica: É uma conduta humana descrita 
abstratamente na lei como infração a uma norma penal. 
Significa que a ação ou omissão praticada pelo sujeito, deve 
ser tipificada. Isto é, descrita em lei como delito. A conduta 
praticada deve ajustar-se à descrição do crime criado pelo 
legislador e previsto em lei. Assim, pode a conduta não ser 
crime, e, não sendo crime, denomina-se conduta atípica (não 
punida, tendo em vista que não existe um dispositivo penal 
que a incrimine). 
 
c) antijurídica: Significa que a ação ou omissão, além 
de típica, deve ser antijurídica, contrária ao direito, contrária 
ao ordenamento jurídico. Em outras palavras é a oposição ou 
contrariedade entre o fato e o direito. Será antijurídica a 
conduta que não encontrar uma causa que venha a justificá-
la. 
Partindo do exposto acima, podemos dizer que uma 
pessoa pode ser morta, e ficar constatado, a título de 
exemplificação, que: 
1º) Ela foi morta injustificadamente. Portanto foi 
vítima de um homicídio (art. 205 CPM). 
 
2º) Ela foi morta justificadamente, porque estava de 
posse de uma pistola carregada e prestes a matar seu 
desafeto, quando foi morto por este, que agiu em legítima 
defesa (art. 42, II do CPM), utilizando-se, portanto, de uma 
excludente de ilicitude ou antijuridicidade, vez que, neste 
caso, a conduta é típica mas não antijurídica, ou seja, não 
está em desacordo com o ordenamento jurídico. 
 
3º) Ela foi morta justificadamente, porque mesmo 
não estando armado, ele havia ameaçado de morte seu 
desafeto, que, por erro plenamente justificado pelas 
circunstâncias, supôs que na realidade estivesse armado, 
vindo a matá-lo. Tendo, desta forma, agido em legítima 
defesa putativa (uma excludente de culpabilidade, art.36 do 
CPM). 
 
d) culpável: a culpabilidade é caracterizada pelo 
vínculo psicológico entre o autor e o fato punível, por meio 
do dolo ou da culpa. É o elemento essencial ao conceito do 
delito, pois constitui o liame entre o crime e a pena. É aquilo 
que se passa na mente daquela pessoa que praticou um 
delito. Em outros termos podemos dizer que é a 
censurabilidade, a reprovabilidade social da conduta. A 
culpabilidade, portanto, é a culpa em sentido amplo, que 
abrange o dolo (artigo 33, inciso I; CPM); e a culpa em 
sentido estrito (artigo 33, inciso II; CPM). 
Estes seriam, então, os elementos integrantes do 
conceito jurídico, dogmático ou analítico de crime, segundo 
a doutrina prevalente. 
Por oportuno, vale salientar que no ano de 1984 o 
Código Penal Comum foi alterado passando a adotar a Teoria 
finalista do crime, todavia, o Código Penal Militar não foi 
alterado mantendo, portanto, a teoria psicológico-normativa 
da culpabilidade, ou seja, para lei castrense o dolo e a culpa 
não integram o fato típico, mas, sim, encontram-se na 
culpabilidade, consoante artigo 33 do CPM. É a visão 
causalista neoclássica da culpabilidade. 
 
7. ANÁLISE SISTÊMICA DO CRIME MILITAR 
 
Como estudamos acima o crime pode ser definido 
como sendo toda ação ou omissão humana, típica, 
antijurídica e culpável. Nesse sentido, a definição de crime 
militar torna-se um pouco mais complexa porque necessita 
do intérprete uma análise sistêmica. 
Em regra o crime militar é aquele que está previsto no 
Código Penal Militar. Sendo assim, um fato é considerado 
crime militar quando determinada conduta está 
taxativamente prevista no CPM. 
Entretanto, além da previsão conduta típica, faz-se 
necessário observar de forma sistemática, se o fato também 
se enquadra em uma das hipóteses previstas nos arts. 9º e 
10º, do CPM. 
Dessa forma, após a conjunção dessas duas situações 
é que de fato, saberemos se determinada situação configura-
se, ou não, crime militar. 
 
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O Código Penal Militar se divide na parte geral e na 
parte especial. Por sua vez, a sua parte especial se subdivide 
nos crimes militares em tempo de paz, que vai do artigo 136 
ao 354 e nos crimes militares em tempo de guerra, que vai 
do artigo 355 ao artigo 408 do CPM. 
 
 
 
7.1. Sujeitos do Crime Militar. 
 
Inicialmente antes de qualquer consideração é de 
bom alvitre repisar o conceito de militar. Dessa forma, em 
regra, militar é o cidadão que em razão da prestação do 
serviço militar obrigatório ou mediante Concurso público é 
temporariamente ou efetivamente engajado nas Forças 
Armadas, nas Polícias Militares ou Corpo de Bombeiros 
Militares. 
Em outras palavras, o Código Penal Militar 
considerada militar, para efeito da aplicação do referido 
Código, qualquer pessoa que, em tempo de paz ou de 
guerra, seja incorporada às forças armadas, para nelas servir 
em posto, graduação, ou sujeição à disciplina militar. 
Vale salientar, que o CPM aduz que equipara-se ao 
comandante, para o efeito da aplicação da lei penal militar, 
toda autoridade com função de direção. 
De igual forma, o Código Penal Militar diz que para 
efeito da aplicação da lei penal militar, superior é o militar 
que, em virtude da função, exerce autoridade sobre outro de 
igual posto ou graduação, considera-se superior, 
No Brasil temos duas espécies de militares; os 
militares Federais e os militares Estaduais. 
 
Militares Federais: É considerado militar, para efeitos 
de aplicação do Código Penal Militar, qualquer pessoa que, 
em tempo de paz ou de guerra, seja incorporada às forças 
armadas, para nelas servir em posto, graduação, e com 
sujeição à disciplina militar.(art. 22, CPM) 
 
Militares Estaduais: Os membros das Polícias 
Militares e Corpos de Bombeiros Militares, instituições 
organizadas com base na hierarquia e disciplina, são 
militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. ( 
Art.42 – CF/88) 
 
O Crime Militar possui o sujeito(s) ativo(s) e o 
sujeito(s) passivo(s) : 
 
Sujeito ativo pode ser: o militar(estadual ou federal) e 
o civil. 
Sujeito passivo pode ser: o militar(estadual ou 
federal) e o civil. 
 
Vale lembrar que no âmbito estadual, o civil não 
comete crime militar, em razão de expressa vedação 
constitucional. Ou seja, a Justiça federal julga os Crimes 
Militares e as Justiças Militares dos Estados julga os Militares 
Estaduais. 
Com efeito, o Código Penal Militar traz em seus 
dispositivos a figura do assemelhado. Este seria o servidor 
efetivo ou não, dos Ministérios da Marinha, do Exército ou 
da Aeronáutica, submetido a preceito de disciplina militar, 
em virtude de lei ou regulamento (que inclusive, para os 
efeitos da lei penal militar, recebia o mesmo tratamento de 
um militar da ativa), conforme a previsão do art. 212 do 
CPM. Todavia, apesar de existirem servidores civis ligados a 
corporações militares, a figura do assemelhado não existe 
mais, pois o Decreto nº 23.203, de 18/06/47 foi Revogado 
pelo Decreto nº 79.985, de 19/06/77 - Regulamento 
Disciplinar do Exército (R-4), que atualmente é regulado pelo 
Decreto nº 4.346, de 26/08/02. 
Por decorrência, foi revogado o conceito de 
assemelhado da legislação militar, não estando mais os 
servidores sujeitos à disciplina militar, muito embora, 
recebam o mesmo tratamento dispensado aos servidores 
civis da União e dos Estados. 
 
7.2 Elementos não constitutivos do crime 
 
Dispõe o Código Penal Militar em seu art. 47 que: 
 
 “Art. 47. Deixam de ser elementos constitutivos do 
crime”: 
I – a qualidade de superior ou de inferior, quando não 
conhecida do agente; 
II – a qualidade de superior ou a de inferior, a de do 
dia, de serviço ou de quarto, ou a de sentinela, vigia, ou 
plantão, quando a ação é praticada em repulsa a agressão. 
 
Assim, exemplificando, se um cabo esbofeteia um 
sargento,está praticando, em tese, o crime de “violência 
contra superior”, capitulado no art. 157 do Código Penal 
Militar, desde que, é claro, o agressor saiba que a vítima é 
seu superior. 
Pode ocorrer, no entanto, que ambos os militares 
estejam em trajes civis, saibam da condição do outro de 
militar, mais desconheçam a qualidade de superior ou 
inferior(subordinado), assim, após uma breve discussão, o 
cabo termina por agredir o seu antagonista, mas 
desconhecendo a sua qualidade de sargento, portanto de 
superior. 
Diante destes fatos, o cabo não poderá responder 
pelo crime de violência contra superior, vez que, a condição 
de superior não era do seu conhecimento, mas em tese, ele 
responderá pelo art. 209 do Código Penal Militar(lesão 
corporal), se em decorrência da agressão, ocasionar lesões 
corporais no sargento. 
 
 
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7.3. Relevância de omissão 
 
A omissão é relevante desde que o omitente, ou seja, 
a pessoa que deixa de agir devia e podia agir para evitar o 
resultado. Podemos então afirmar que se faz necessário a 
conjugação de dois fatores, quais sejam: 1º a pessoa que se 
omite deve ter o dever legal de agir, 2º a pessoa de fato deve 
ter condições de agir. Assim, devem estar presentes e 
inafastáveis a obrigação de agir e a possibilidade real de fazê-
lo. 
Dessa forma, presentes os requisitos acima, se o 
agente não agir para evitar o resultado, poderá ser 
responsabilizado, a título de dolo ou culpa. 
 
7.4 Conceito de Crime militar e transgressão militar 
 
Antes de quaisquer considerações, é de bom alvitre 
destacar que tanto o crime militar quando a transgressão 
militar são condutas que violam a hierarquia e a disciplina 
castrense. 
Assim, Crime militar é toda ação comissiva ou 
omissiva definida e reconhecida em lei como tal. Em outros 
termos é uma conduta humana grave que lesa ou expõe a 
perigo bem jurídico tutelado pela lei penal militar, devendo o 
Estado exercer o seu poder punitivo por meio da ação penal 
respectiva. 
Destaque-se, que o legislador penal brasileiro adotou 
o critério legal para definir crime militar, isto é, apenas 
enumerou taxativamente as diversas situações que definem 
esse delito. Ou seja, antes de qualquer outra análise um fato 
só poderá ser considerado crime militar se estiver previsto 
no Código Penal Militar (CPM). 
O Código Penal Militar dispõe em seu art. 19 que 
“este código não compreende as infrações dos regulamentos 
disciplinares”. Dessa forma, fica claro que as 
transgressões disciplinares devem estar presentes nos 
respectivos regulamentos das Corporações militares Federais 
e Estaduais. 
Por sua vez, considera-se transgressão disciplinar 
toda infração administrativa caracterizada pela violação dos 
valores e deveres militares. 
Estão dispostas nos regulamentos disciplinares e a 
sanção é aplicada pelo poder disciplinar da Administração, 
cominando ao infrator, após o devido processo legal, as 
sanções previstas na lei que rege a matéria, como no caso da 
Polícia Militar do Ceará, cuja matéria disciplinar é tratada na 
Lei Estadual nº 13.407/2003, sem prejuízo das 
responsabilidades penal e civil que possam decorrer da 
referida conduta transgrecional. 
Vale lembrar, que as transgressões disciplinares 
compreendem todas as ações ou omissões contrárias à 
disciplina militar, especificadas nos Códigos Disciplinares, 
inclusive as condutas que resultem nos crimes previstos no 
Código Penal ou Penal Militar. 
 
7.5. Crime comum e crime militar 
 
Este é um dos pontos que exige um considerável 
esforço dos aplicadores da lei e operadores do Direito, 
considerando que por vezes, é complicado distinguir se o 
fato é crime comum ou militar, principalmente nos casos de 
ilícitos praticados por militares estaduais. Não raras vezes a 
jurisprudência aponta para decisões conflitantes sobre 
quando e como ocorre esta figura delitiva, cabendo então ao 
magistrado dirimir os conflitos que surgirem. 
Tanto o Direito Penal comum quanto o militar, em 
respeito ao constitucional princípio da legalidade, 
anterioridade ou reserva legal, definem: "Não há crime sem 
lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação 
legal." (CP, Art. 1º) ou "Não há crime sem lei anterior que o 
defina, nem pena sem prévia cominação legal. (CPM, Art. 
1º)"; adiante vem a Lei de Introdução ao Código Penal 
ditando: "Considera-se crime a infração penal a que a lei 
comina pena de reclusão ou de detenção, quer 
isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a 
pena de multa". Assim, quando idênticas às definições legais 
de crime, tanto comum ou militar, deve-se recorrer, diante 
do caso concreto às regras de hermenêutica. 
Nesse pensamento, se a conduta está tipificada no 
Código Penal Comum ou em qualquer legislação penal 
extravagante, em regra, poderemos dizer que tal conduta 
trata-se de crime comum. 
Outrossim, quanto aos Crimes militares eles se 
dividem em Crimes propriamente militares e Crimes 
impropriamente militares. 
Os propriamente militares são aqueles que só estão 
previstos no Código Penal Militar, e que, em regra, só poderá 
ser cometido por militar, como aqueles contra a autoridade 
ou disciplina militar, ou contra o serviço militar e o dever 
militar. 
Cumpre aclarar que o crime de insubmissão, 
constitui-se uma exceção a essa regra, vez que o sujeito 
ativo, ou seja, o conscrito ainda não é militar. 
Já o crime impropriamente militar está previsto ao 
mesmo tempo, tanto no Código Penal Militar como na 
legislação penal comum, ainda que de forma um pouco 
diversa (roubo, homicídio, estelionato, estupro, etc.) e via de 
regra, no âmbito Justiça Militar federal poderá ser cometido 
por civil. 
Assim, poderemos encontrar no caso concreto, 
perfeita subsunção do fato típico a duas espécies de normas 
penais (penal comum e penal militar), como se observa nos 
crimes impropriamente militares, ou seja, aqueles que sendo 
definidos como crimes militares impróprios, podem de igual 
forma ter como sujeito ativo um militar ou mesmo um 
civil(âmbito federal), 
Exemplificado: O homicídio, definido do artigo 205 do 
CPM e no artigo 121 do CP, sem exigir qualquer dos tipos 
penais à condição de militar ao sujeito ativo; da mesma 
forma, o delito de lesões corporais: art. 209, CPM e 129, CP; 
a Rixa: art. 211, CPM e art. 137, CP; o furto: art. 240, CPM e 
155, CP; etc.). 
Na verdade, quase todos os crimes tipificados no 
Código Penal "comum" de igual forma o são no Código Penal 
Militar, tendo este último outro número de crimes que 
somente são por ele tipificados (geralmente os crimes 
propriamente militares). 
 
 
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7.6. Crime doloso e crime culposo 
 
a) Crime doloso 
 
É quando o agente quis o resultado ou assumiu o 
risco de produzi-lo. O dolo é uma ação delitiva praticada pelo 
ser humano de maneira consciente e voluntária. Em outras 
palavras, o sujeito ativo age de forma dolosa quando sabe o 
que está fazendo, ou assume conscientemente o risco, sendo 
conhecedor das consequências derivadas de sua ação. 
O dolo significa que uma pessoa tem de fato a 
intenção de prejudicar a outra de forma inconsciente e 
voluntária. Vale ressaltar que em regra a doutrina divide o 
dolo em duas vertentes, o dolo direto, quando o agente quer 
o resultado e o dolo eventual quando agente assumiu o risco 
de produzi-lo. Este é também conhecido pela doutrina como 
dolo Indireto. 
Existem, em regra, dois tipos de dolo indireto: dolo 
indireto alternativo e dolo indireto eventual. 
Tem-se dolo indireto alternativo quando a vontade do 
agente direciona-se a um resultado “alternativo”, quer seja 
quanto ao tipo penal, (alternatividade objetiva), que seja 
quantoà pessoa lesada(alternatividade subjetiva). 
Citemos Rogério Greco (2008, v. I, p. 190) no dolo 
indireto alternativo, tomando por base o resultado, tendo o 
seguinte exemplo: “aquele em que o agente efetua disparos 
contra a vítima, querendo feri-la ou matá-la”. 
 Da mesma forma, aquele que, efetuando disparos 
de longa distância, objetivando matar A ou B, que estão 
conversando frente a frente, age com dolo indireto 
alternativo. Nota-se que tal espécie é caracterizada pela 
alternatividade entre o crime cometido, ou quanto o sujeito 
passivo de tal crime. 
Por sua vez, no dolo indireto eventual, além da 
representação do resultado como possível previsão, 
necessário se faz que o agente consinta que tal resultado 
eventualmente ocorra. Como bem ensina Zaffaroni podemos 
dizer que “é a conduta daquele que diz a si mesmo ‘que 
aguente’, ‘que se incomode’, ‘se acontecer, azar’, ‘não me 
importo’.” (Zaffaroni, 2011, P.434). 
Em outras palavras, o agente não quer diretamente a 
realização do tipo, mas, assume o risco de praticá-lo, 
aceitando-o como provável ou possível, quedando-se 
indiferente quanto ao “fortuito” resultado. 
Na lição de Rogério Greco (2008, v. I, p. 190), o 
conceito de dolo eventual é quando o agente, embora não 
querendo diretamente praticar a infração penal, não se 
abstém de agir e, com isso, assume o risco de produzir o 
resultado que por ele já havia sido previsto e aceito”. 
Nas palavras de Damásio de Jesus (2003, v. I, p. 
290/291), 
 
Ocorre dolo eventual quando o sujeito assume o risco 
de produzir o resultado, isto é, admite e aceita o risco de 
produzi-lo. Ele não quer o resultado, pois se assim fosse 
haveria dolo direto. Ele antevê o resultado e age. A vontade 
não se dirige ao resultado (o agente não quer o evento), mas 
sim à conduta, prevendo que esta pode produzir aquele. 
Percebe que é possível causar o resultado e, não obstante, 
realiza o comportamento. Entre desistir da conduta e causar 
o resultado, prefere que este se produza. 
 
Importante salientar que os institutos dolo indireto 
alternativo e dolo indireto eventual são muito próximos, 
cabendo então, a sua distinção dentro de um contexto de 
provas aplicadas ao caso concreto. 
 
b) Crime culposo 
 
 É quando o agente, deixando de empregar cautela, 
atenção, ou diligência ordinária ou especial, a que estava 
obrigado em face das circunstâncias, não prevê o resultado 
que podia prever ou, prevendo-o, supõe levianamente que 
não se realizaria ou que poderia evitá-lo. A culpa, em regra, 
fica caracterizada quando o agente não deseja causar dano a 
outra pessoa porém, dá causa ao resultado por imprudência, 
negligência ou imperícia. 
 
Importante destacar que, salvo nos casos expressos 
em que a lei traz as previsões penais culposas, ninguém pode 
ser punido por fato previsto como crime, senão quando o 
pratica dolosamente. 
 
A imprudência ocorre quando o causador do dano 
age de maneira irresponsável, sem tomar os cuidados que 
deveria para evitá-lo. 
 
A negligência ocorre quando há descuido ou 
desatenção por parte do agente, é normalmente 
caracterizado por uma omissão. 
 
A imperícia é a falta de habilidade ou conhecimento 
técnico para executar determinada tarefa. 
 
7.7.Crime Consumado 
 
O Crime consumado é o crime que reúne todos os 
elementos de sua definição legal, ou seja, quando o fato 
concreto encaixa perfeitamente em um tipo penal 
militar.(Art. 30, inciso I, do CPM). 
Nos crimes materiais, o crime consuma-se no 
momento em que se realiza integralmente o resultado. Os 
crimes culposos sempre exigem o resultado, sendo, portanto 
sempre consumados. Ainda os crimes comissivos por 
omissão também são de resultado. 
Por sua vez, o caminho pelo qual o crime se perfaz é 
denominado pela doutrina como iter criminilis, ou seja, o 
conjunto de fases pelas quais passa um crime, sendo 
composto de quatro fases: 
 
• Cogitação, não punível; 
• Ato preparatório, não é punível salvo se fizer parte 
de algum crime; 
• Início da execução; 
• Consumação. 
 
 
 
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Nesse pensamento, temos que nos crimes materiais, 
a consumação ocorre com o evento que viola o bem 
jurídico(morte, lesão, dano, etc.), enquanto nos formais é 
dispensável o resultado naturalístico e, nos de mera conduta 
o resultado naturalístico não precisa ocorrer para a 
consumação do delito. 
Já nos crimes permanentes, a consumação se 
prolonga no tempo enquanto o sujeito ativo continuar na 
conduta delitiva. 
Nos delitos habituais, a consumação ocorre na 
reiteração de atos delitivos semelhantes, caracterizando a 
habitualidade da sua prática, já que cada um deles, 
isoladamente, se configura um crime material. 
Nos crimes culposos, só há consumação com o 
resultado, não se admitindo a tentativa. 
Nos crimes omissivos, a consumação ocorre no local e 
no momento em que o sujeito ativo deveria agir, mas não o 
fez. 
 
7.8. Crime Tentado 
 
O crime tentado pode ser conceituado como a 
realização incompleta do tipo penal por circunstâncias 
alheias à vontade do agente. 
 
O iter criminilis do crime tentado é: 
 
• Início da execução; 
• Não consumação por circunstâncias alheias a 
vontade do agente; 
• Dolo 
 
No Brasil é adotada a teoria objetiva de punição, ou 
seja, a pena é a mesma do crime consumado diminuída de 1 
a 2 terços. Quanto a tentativa, o Brasil adota também a 
teoria objetiva, ou seja, exige-se o início da execução do iter 
criminilis. 
 
7.9. Crime Impossível 
 
É aquele no qual a sua consumação é impossível em 
razão da ineficácia total do meio empregado ou pela 
impropriedade absoluta do objeto material. Portanto, de 
forma alguma o agente conseguiria chegar à consumação do 
crime militar intencionado, motivo pelo qual a lei castrense 
deixa de responsabilizá-lo pelos atos praticados. 
Conforme artigo 32 do CPM, existem duas espécies 
diferentes de crime impossível: ineficácia absoluta do meio 
empregado e absoluta impropriedade do objeto material do 
crime. 
 
7.9.1. Crime impossível por ineficácia absoluta do 
meio empregado 
 
Nessa hipótese há uma ineficácia absoluta do meio 
empregado pelo agente para conseguir o resultado, ou seja, 
o meio utilizado pelo referido é inadequado, inidôneo, 
ineficaz tornando o impossível a consumação do resultado 
pretendido. 
Ex: Tentativa de homicídio por envenenamento 
usando açúcar, pó de maisena ou com a utilização de uma 
pistola desmuniciada, um palito de dentes para matar uma 
pessoa. 
 
7.9.2. Crime impossível por impropriedade absoluta 
do objeto material. 
 
Haverá impropriedade absoluta do objeto quando a 
conduta adotada pelo agente não é capaz provocar qualquer 
resultado lesivo à vítima. Ou seja, quando este não existir ou, 
nas circunstâncias em que se encontrar, tornar impossível a 
produção de algum ato lesivo. 
 
Ex. É a ação destinada a matar um cadáver. 
 
8. EXCLUDENTES DE ILICITUDE OU ANTIJURIDICIDADE 
 
Com efeito, para que ocorra a excludente de ilicitude 
em uma conduta típica, independentemente da análise do 
seu elemento subjetivo, é necessário que inexistam causas 
que as justifiquem, posto que, se estas existirem tornarão a 
conduta do agente lícita, ou seja, as referidas têm o condão 
de tornar lícita uma conduta típica praticada por um sujeito. 
Assim, aquele que pratica fato típico acolhido por uma 
excludente, não comete ato ilícito, constituindo uma exceção 
à regra de que todo fato típico será sempre ilícito. 
As excludentes da ilicitude conforme estabelecido no 
art. 42 do Código Penal Militar, estão enumeradas em 
quatro, a saber: Estado de Necessidade, Legítima Defesa, 
Estrito Cumprimento do Dever Legal e Exercício Regular de 
Direito. 
Cada uma das excludentes têm seus requisitos 
próprios, a saber: 
 
8.1. O Estado de Necessidade exige: 
 
1) Existência de uma situação de Perigo Atual ou

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