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DIREITO PENAL MILITAR Crimes militares em tempo de paz Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: I - os crimes de que trata êste Código, quando definidos de modo diverso na lei penal comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial; II – os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando praticados: a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situação ou assemelhado; b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou civil; d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a administração militar, ou a ordem administrativa militar III - os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I, como os do inciso II, nos seguintes casos: a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem administrativa militar; b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de atividade ou assemelhado, ou contra funcionário de Ministério militar ou da Justiça Militar, no exercício de função inerente ao seu cargo; c) contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão, vigilância, observação, exploração, exercício, acampamento, acantonamento ou manobras; d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em função de natureza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação da ordem pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente requisitado para aquêle fim, ou em obediência a determinação legal superior. § 1° Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militares contra civil, serão da competência do Tribunal do Júri. § 2o Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militares das Forças Armadas contra civil, serão da competência da Justiça Militar da União, se praticados no contexto: I – do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da República ou pelo Ministro de Estado da Defesa II – de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar, mesmo que não beligerante; ou III – de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da ordem ou de atribuição subsidiária, realizadas em conformidade com o disposto no art. 142 da Constituição Federal e na forma dos seguintes diplomas legais: a) Lei no 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código Brasileiro de Aeronáutica; b) Lei Complementar no 97, de 9 de junho de 1999; c) Decreto-Lei no 1.002, de 21 de outubro de 1969 - Código de Processo Penal Militar; e d) Lei no 4.737, de 15 de julho de 1965 - Código Eleitoral. Dos crimes CRIMES CONTRA A DISCIPLINA E AUTORIDADE MILITAR Motim Art. 149. Reunirem-se militares ou assemelhados: - Objetividade jurídica do delito é a autoridade militar e a disciplina militar. - Sujeito ativo: é um delito plurisubjetivo ou de concurso necessário, sendo imprescindível 2 ou mais militares da ativa. Entretanto, o STF já admitiu que civis e militares inativos podem praticar crimes propriamente militares, quando em CONCURSO DE PESSOAS com MILITARES DA ATIVA. Os MILITARES INATIVOS que prestam serviços regularmente na administração militar são equiparados a militares da ativa e, sendo assim, podem cometer esse crime sem a necessidade da comunicação de elementares. Ex. 2 Militares inativos, que prestam serviços regularmente à administração militar, em comum acordo, negam-se a obedecer ordem de superior. Cometem, dessa forma, o crime de motim, mesmo sem que haja a participação de militares da ativa. - A figura do assemelhado não existe mais no direito militar - Sujeito passivo do delito: A Administração Militar (sujeito passivo imediato) e o Superior Hierarquico ou Funcional (sujeito passivo mediato). - Superior funcional é quando na igualdade de posto ou graduação um militar detém a qualidade de superior em razão da função que exerce. - Crime propriamente militar; - Elemento Subjetivo: Dolo - Crime Próprio I - agindo contra a ordem recebida de superior, ou negando-se a cumpri-la; - Pode ser cometido na forma comissiva ou omissiva. - Exemplo da forma comissiva: Um capitão dá ordem a 2 soldados para praticar um policiamento ostensivo a pé. Entretanto, os 2 subordinados, em comum acordo, pegam uma viatura para realizar o policiamento, contrariando a ordem do capitão. Praticam crime de motim por agir de forma contrária à ordem recebida. - Exemplo de forma omissiva: 2 soldados da PM se negam, em comum acordo, a realizar o policiamento ostensivo a pé determinado por um capitão. - A ordem descumprida deve estar nas esferas de atribuição do militar subordinado. Exemplo: Um capitão ordena que dois soldados lavem o seu carro particular e estes dois se negam. Não responderam por crime de motim, pois lavar o carro particular do Capitão não é atribuição deles. - A Greve dos militares configura o crime de motim. II - recusando obediência a superior, quando estejam agindo sem ordem ou praticando violência; - Nesta hipótese, os militares já se encontram fazendo algo ao arrepio da ordem militar, ou praticando violência, quando vem a ordem do superior para que parem e os militares não cessam. III - assentindo em recusa conjunta de obediência, ou em resistência ou violência, em comum, contra superior; - Os dois ou mais militares concordam em não cumprir uma ordem futura, ou em resistir uma ordem superior, ou ainda, em praticar violência contra um superior. IV - ocupando quartel, fortaleza, arsenal, fábrica ou estabelecimento militar, ou dependência de qualquer deles, hangar, aeródromo ou aeronave, navio ou viatura militar, ou utilizando-se de qualquer daqueles locais ou meios de transporte, para ação militar, ou prática de violência, em desobediência a ordem superior ou em detrimento da ordem ou da disciplina militar: - Motim ocupação Pena - reclusão, de quatro a oito anos, com aumento de um terço para os cabeças. Revolta Parágrafo único. Se os agentes estavam armados: Pena - reclusão, de oito a vinte anos, com aumento de um terço para os cabeças. - Revolta nada mais é que o motim qualificado pelo porte de arma - Arma aqui, no sentido amplo, não apenas arma de fogo, mas qualquer instrumento que aumente o potencial lesivo do sujeito ativo, exemplo: arma branca, arma de fogo, arma imprópria. - Não é necessário o uso da arma, basta apenas portar a arma para qualificar o crime de motim como revolta; - Há uma polêmica acerca da necessidade de pelo menos duas armas para configurar a revolta, uma vez que o tipo penal trás os termos "agentes" e "armados", no plural. Alguns doutrinadores entendem que apenas uma arma poderia configurar o crime de revolta, caso a arma fosse de uso coletivo (por exemplo, uma metralhadora .50), mas o tema não é pacífico. - Se um agente está armado de forma velada e os demais agentes não sabem, não há de se falar em crime de revolta para esses últimos, uma vez que não há o liame subjetivo entre os agentes para a prática do delito de revolta. - Encaixa-se na definição de cabeça tanto os que lideram o movimento de motim (art. 53, §4° do CPM), como também aqueles que são Oficiais, ou, mesmo sendo Praça, esteja na função de oficial, quando o crime é cometido em conjunto com inferiores (art 53, §5° do CPM). Resumo: ● Mais de um militar descumprindo ordem de superior = motim ● Mais de um militar armadoS descumprindo ordem de superior = revolta Violênciacontra superior Art. 157. Praticar violência contra superior: Pena - detenção, de três meses a dois anos. Formas qualificadas § 1º Se o superior é comandante da unidade a que pertence o agente, ou oficial general: Pena - reclusão, de três a nove anos. § 2º Se a violência é praticada com arma, a pena é aumentada de um terço. § 3º Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se, além da pena da violência, a do crime contra a pessoa. § 4º Se da violência resulta morte: Pena - reclusão, de doze a trinta anos. § 5º A pena é aumentada da sexta parte, se o crime ocorre em serviço. - Objetividade jurídica: autoridade e disciplina militares; - Sujeito ativo: inferior hierárquico ou funcional. É possível o civil e o militar inativo praticar esse crime em concurso de pessoas com o militar da ativa (há polêmica doutrinária se o inativo pode praticar esse crime sozinho como autor); - Sujeito passivo: O Estado (sujeito imediato) e o superior hierárquico (sujeito mediato); - Elemento subjetivo: Só admite a forma dolosa (exige-se que o sujeito ativo conheça a qualidade de superior hierárquico para configurar o crime); - Tipicidade indireta: ● Para o ativo art. 9, I do CPM ● Para o inativo art. 9, III do CPM (para aqueles que admitem o inativo como autor do crime) - Crime propriamente militar - Tentativa é possível - Crime Próprio, pois só quem pratica é militar subordinado. - Crime material - Consumação: basta a violência (vis física), o contato corpo a corpo, ainda que não haja lesão. Exemplo: Um Sargento empurra um Capitão por não gostar do modo como o capitão falou com ele. Neste caso houve lesão? Não, mas houve violência contra o superior. - PRECISA SER VIOLÊNCIA FÍSICA, se for violência psíquica ou moral nós temos um dos crimes contra a honra. - Ainda que a violência seja praticada contra outro militar da mesma graduação ou posto, ainda assim haverá o crime de violência contra superior, desde que a violência seja praticada contra o militar mais antigo na mesma graduação ou no posto. Precedência é sinônimo de superioridade. Exemplo: Um cabo mais moderno dá um tapa em outro cabo mais antigo. - No caso de aberratio ictus ou erro contra a pessoa, o sujeito ativo responderá como se tivesse atingido aquele que pretendia e não o que de fato atingiu. Sendo, aquele um superior, responderá pelo crime de violência contra superior; - Caso a qualidade de superior seja desconhecida do sujeito ativo, este não responderá pelo crime, conforme art. 47, I do CPM (“Deixam de ser elementos constitutivos do crime: I - a qualidade de superior ou de inferior, quando não conhecida do agente”). - Formas "qualificadas": ● Comandante da unidade a que pertence o ofensor ou Oficial General - 3 a 9 anos. (Em algumas polícias militares, as normas internas da instituição dão ao comandante geral ou ao chefe da Casa Militar o status de Oficial General. Entretanto, esse status não é suficiente para qualificar o crime); ● Comandante é aquele que exerce função de direção (Comandante, chefes, diretores) ● Praticada com arma (apesar do código tratar como uma qualificadora, trata-se de uma majorante, aumentando a pena em ⅓, passando para a 3ª fase da dosimetria). Quando se fala em arma é qualquer tipo de arma, ou seja, tudo aquilo que aumenta o potencial agressivo do sujeito ativo (pode ser arma de fogo, arma branca, arma imprópria); ● Resultado lesão corporal (aplica-se cumulativamente a pena se lesão corporal do art. 209 do CPM); ● Se resulta morte - 12 a 30 anos; ● Praticada em serviço. Para majorar o crime tanto faz estar de serviço o superior, o inferior ou ambos. (apesar do código tratar como uma qualificadora, trata-se de uma majorante, aumento se ⅙) OBS.: Atenção para o art. 159 do CPM - “Quando da violência resulta morte ou lesão corporal e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena do crime contra a pessoa é diminuída de metade.” Exemplo.: Militar pratica violência contra superior e dessa violência advém lesão corporal de forma culposa, a este militar será aplicada a pena da violência contra superior e a metade da pena da lesão corporal. Violência contra inferior Art. 175. Praticar violência contra inferior: Pena - detenção, de três meses a um ano. Resultado mais grave Parágrafo único. Se da violência resulta lesão corporal ou morte é também aplicada a pena do crime contra a pessoa, atendendo-se, quando for o caso, ao disposto no art. 159. - Objetividade jurídica: autoridade e disciplina militares; - Sujeito ativo: Superior hierárquico ou funcional da ativa (há polêmica doutrinária se o inativo pode praticar esse crime como autor); - Sujeito Passivo: O Estado (sujeito passivo imediato) e o subordinado contra quem foi praticado a violência (sujeito passivo mediato); - Elemento subjetivo: dolo - Para a configuração desse crime é necessário que a condição de inferior seja de conhecimento do sujeito passivo. - Consumação: Com o contato físico; - A tentativa é cabível; - A violência para o CPM é a violência física. - Tipicidade indireta: ● Para o ativo art. 9, I do CPM ● Para o inativo art. 9, III do CPM (para aqueles que admitem o inativo como autor do crime) - Crime propriamente militar - Crime Material - Crime próprio, pois só militar superior pode cometer - Seria um análogo à contravenção de vias de fato. - A primeira parte do parágrafo único trás a hipótese do sujeito ativo agir com dolo na violência e também com dolo no resultado mais grave. Neste caso, aplica-se tanto a pena do crime de violência contra o inferior, como também, a pena do resultado mais grave (lesões corporais ou homicídio), quase como se fosse a regra de concurso material de crimes; - O parágrafo único trás ainda a possibilidade da aplicação do art. 159 do CPM, no caso de PRETERDOLO. Portanto, quando verificar o preterdolo do agente, ou seja, o sujeito ativo almejou a prática da violência contra o subordinado, mas não quis a produção do resultado mais gravoso (lesão corporal ou morte), nem assumiu o risco de produzi-lo, aplicar-se-á a pena da violência cometida mais a pena do crime contra a pessoa diminuída da metade. (Exemplo: aplica-se a pena da violência contra superior + metade da pena da lesão corporal, ou + metade da pena de homicídio). "Art. 159. Quando da violência resulta morte ou lesão corporal e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena do crime contra a pessoa é diminuída de metade." OBS.: Atentar para o parágrafo único do art. 42 do CPM - Excludente do comandante: “Não há igualmente crime quando o comandante do navio, aeronave ou praça de guerra, na iminência de perigo ou grave calamidade compele subalternos, por meios violentos, a executar serviços e manobras urgentes, para salvar a unidade ou vidas, ou evitar desânimo, o terror, a desordem, a rendição, a revolta ou o saque.” CRIMES CONTRA O DEVER MILITAR E O SERVIÇO MILITAR Abandono de pôsto Art. 195. Abandonar, sem ordem superior, o pôsto ou lugar de serviço que lhe tenha sido designado, ou o serviço que lhe cumpria, antes de terminá-lo: Pena - detenção, de três meses a um ano. - Objetividade jurídica: Dever militar e serviço militar; - Sujeito ativo: militar; - Sujeito passivo: estado; - Crime Instantâneo - Crime de perigo, pois consuma-se com o perigo de dano ao bem jurídico tutelado. Exemplo:. Um policial militar se ausenta do setor para pagar sua conta de luz em outro bairro. Ainda que não ocorra nenhum crime no setor, enquanto o militar estava ausente, a população ficou desguarnecida, ocorreu um perigo de dano. - Crime de mão própria e não admite coautoria. - Crime propriamente militar; - Tipicidade indireta: Militar da ativa art. 9°, inciso I do CPM, pois é um crime que só existe no CPM; - Só admite a modalidade dolosa, ou seja, o militar tem que ter a deliberada intenção de abandonar o posto, local de serviço ou serviço; - Apesar da polêmica, há um entendimento majoritário de que trata-se de um delito unissubsistente,sendo assim, não admite tentativa; - Crime 3 em 1, pois apesar do nome iuris do crime seja abandono de posto, não se abandona só o posto, pode-se abandonar posto, lugar de serviço ou o próprio serviço; - Abandonar significa deixar, desincumbir-se do posto no qual presta serviço, lugar em que presta serviço, ou o serviço prestado em si. Ou seja, abandonar é ir embora, ou desguarnecer sem nenhuma preocupação de poder reagir em local de posto, por exemplo; - Posto significa lugar certo e determinado, fixo ou não (se não for fixo deve ter percurso demarcado e limitado), onde se cumpre determinada missão (controle, vigilância, segurança, etc.); - Não há decurso temporal para a configuração do abandono de posto, pois o abandono pode ser definitivo ou por período. O ato de voltar para o posto não significa que não ocorreu o abandono; - Caso o militar se afaste um pouco do posto, mas ainda mantenha a capacidade combativa daquele posto determinado, pode não configurar o abandono de posto, mas uma transgressão disciplinar de afastamento de posto; - Lugar de serviço: Área geográfica delimitada, maior que o posto, a qual impede que o militar possa lhe dar cobertura permanente, embora não afaste a missão de vigilância ou guarda; - Serviço: atividade desempenhada pelo militar sem uma delimitação espacial ou, se o tiver, essa limitação não é tão importante para o desempenho da função confiada ao militar. O importante é o cumprimento de determinadas tarefas inerentes à função desempenhada; - Abandonar o posto, local de serviço ou serviço antes da rendição configura o crime de abandono de posto; - É possível cometer o crime de abandono de posto estando no local de desempenho da função, caso o militar abandone a própria função. Exemplo: Um militar está efetuando o policiamento ostensivo de uma determinada região. Entretanto, ele resolve adentrar em uma sala de cinema naquela localidade para assistir a um filme. Note que o militar não saiu do local do serviço, mas ele abandonou por completo a atribuição que lhe cumbia durante o serviço, que era realizar o policiamento ostensivo daquela região. Neste caso, ele comete o crime do art. 195 do CPM, na modalidade abandono do serviço. Embriaguez em serviço Art. 202. Embriagar-se o militar, quando em serviço, ou apresentar-se embriagado para prestá-lo: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. - Objetividade jurídica: Serviço Militar e o Dever militar; - Sujeito ativo: Militar; - Sujeito Passivo: o Estado; - Crime propriamente militar; - Tipicidade indireta: Militar da ativa art. 9°, inciso I do CPM, pois é um crime que só existe no CPM; - Só é admissível na modalidade dolosa (inclusive o dolo eventual). Portanto, o militar que não está efetivamente no serviço, mas está sobre aviso, e resolve ingerir álcool, caso venha a ser acionado, poderá responder pelo crime, pois sabia que a qualquer momento poderia assumir o serviço e mesmo assim assumiu o risco de se embriagar (dolo eventual); - É entendimento majoritário de que esse crime não admite tentativa; - Consumação: O estado de embriaguez durante o serviço ou com a apresentação nesse estado; - Caso o militar faça a ingestão de bebida alcoólica, mas não fique bêbado, ele não comete este crime (comete transgressão disciplinar grave). - Embriaguez é o estado constatado, em regra, por perícia médica, exame clínico ou laboratorial. Entretanto, em algumas situações, admiti-se a prova testemunhal; - É estritamente necessário que o militar esteja em serviço no momento da embriaguez ou apresente-se embriagado para cumpri-lo. Desta forma, aquele que está de folga no quartel e se embriaga não comete esse crime. Assim como também, o militar que, estando embriagado, não se apresenta, por exemplo, na parada matinal para a passagem do serviço, não comete o crime do art. 202 do CPM, uma vez que não se apresentou efetivamente para assumir o serviço; - Não há, no tipo penal, um rol taxativo de trás quais serviços o militar não poderá embriagar-se ou se apresentar embriagado. Sendo assim, qualquer modalidade de serviço militar é capaz de configurar a figura típica, caso o militar se apresente ou se embriague durante o mesmo, seja ele administrativo, estar presente em sala de aula, ronda, vigilância, etc. - O militar que consuma drogas ilícitas em serviço ou em local sob a administração militar não comete esse crime.(comete o crime previsto no art. 290 do CPM) Dormir em serviço Art. 203. Dormir o militar, quando em serviço, como oficial de quarto ou de ronda, ou em situação equivalente, ou, não sendo oficial, em serviço de sentinela, vigia, plantão às máquinas, ao leme, de ronda ou em qualquer serviço de natureza semelhante: Pena - detenção, de três meses a um ano. - Objetividade jurídica: Serviço Militar e o Dever militar; - Sujeito ativo: Militar da ativa; - Crime propriamente militar; - Sujeito passivo: O Estado; - Só admite a modalidade dolosa, inclusive dolo eventual (assumiu o risco); - Não admite tentativa; - Crime de Perigo - Não admite coautoria - Consumação: Quando o militar perde a consciência daquilo que se passa à sua volta, independente do tempo de duração (crime de perigo abstrato); - Dormir: desligar-se da realidade que o envolve, ainda que por pouco tempo. Dessa forma, não há um decurso de tempo pré-estabelecido para a configuração do crime, podendo ser, inclusive, um breve cochilo. Obviamente, aquela famosa "pescada" não configurará o delito; - É necessário estar cumprindo uma das funções do rol trazido pelo tipo penal, são elas: Sendo Oficial ● Oficial de quarto ou de ronda, ou serviço equivalente (Interpretação analógica) (neste caso, o quarto não quer dizer o local físico, significa os períodos de repartição do serviço, quarto de hora) Sendo Praça ● Em serviço de sentinela ● Vigia ● Plantão das máquinas ● Ao leme ● Ronda ou serviço equivalente (interpretação analógica). Exemplo: Um aluno do curso de formação de oficiais deixa a sala de aula e vai para o alojamento tirar um cochilo, não comete o crime de dormir em serviço, pois ele não estava exercendo nenhum dos tipos de serviços tipificados no tipo penal. - Serviço de policiamento admite o delito do art. 203? Durante algum tempo se fixou que esse delito de dormir em serviço era um crime próprio se caserna, mais ligado a função de segurança do quartel, da tropa, das instalações, do navio, etc. Entretanto, a jurisprudência já vem admitindo que o policiamento é uma atividade de natureza semelhante ao serviço de vigia, segurança, ou ronda, cabendo assim, o crime de dormir em serviço quando em atividade de policiamento. Portanto, é interessante guardar que há ambos entendimentos. Ademais, é importante salientar que mesmo adotando o entendimento que o crime de dormir em serviço não se adeque a atividade de policiamento, o policial que, deliberadamente dormir durante o policiamento, não terá sua conduta atípica, podendo ser enquadrado no art. 195 do CPM, na modalidade abandono de serviço. DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO MILITAR Peculato Art. 303. Apropriar-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse ou detenção, em razão do cargo ou comissão, ou desviá-lo em proveito próprio ou alheio: Pena - reclusão, de três a quinze anos. § 1º A pena aumenta-se de um terço, se o objeto da apropriação ou desvio é de valor superior a vinte vezes o salário mínimo. Peculato-furto § 2º Aplica-se a mesma pena a quem, embora não tendo a posse ou detenção do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou contribui para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se da facilidade que lhe proporciona a qualidade de militar ou de funcionário. Peculato culposo § 3º Se o funcionário ou o militar contribui culposamente para que outrem subtraia ou desvie o dinheiro, valor ou bem, ou dele se aproprie: Pena - detenção, de três meses a um ano. Extinção ou minoração da pena § 4º No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede a sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lheé posterior, reduz de metade a pena imposta. - Objetividade jurídica: Administração Militar. No entanto, embora não tenha natureza patrimonial, há uma tutela mediata do patrimônio. - Sujeito ativo: classificado como próprio, ou seja, exige-se a qualidade especial de funcionário público. No entanto, esse funcionário público não precisa ser militar; pode ser um funcionário civil atuando na Administração Militar. O particular, que não possua função pública, obviamente poderá, no concurso de pessoas, figurar no polo ativo, tendo-lhe comunicada a condição de funcionário público no concurso de agentes. Como o crime em foco exige relação da conduta com a função pública, obviamente, exclui-se da sujeição ativa o militar inativo, exceto se em concurso de pessoas, ou se estiver exercendo função em razão de estar sendo empregado regularmente na administração militar; - Sujeito passivo: O estado e, eventualmente de forma mediata, a pessoa que suportou o dano patrimônio; - Crime impropriamente militar, pois pode ser perpetrado por alguém que não seja militar (por exemplo, um civil que trabalha na administração militar); - Elemento subjetivo: Pode ser praticado na modalidade dolosa e culposa; - Tentativa: Por ser um crime plurisubsistente, admite tentativa na modalidade dolosa. - Peculato próprio (desvio): Tratado no caput do artigo 303, o peculato próprio temos por condutas nucleares “apropriar-se” e “desviar”. No caso da elementar “apropriar-se”, para ter sua conduta subsumida ao tipo, o autor já deve ter, em razão do cargo ou comissão, a posse (ou detenção) desvigiada do objeto, invertendo o título da posse e colocando como se dono fosse. Já no caso da elementar desviar, o agente não está tomando a coisa para si, como proprietário, não inverte a posse, mas apenas impulsiona destinação ao dinheiro ou valor (ou outro bem móvel) diversa da que deveria dar, podendo ser em seu benefício ou de terceiro. Ex.: o militar responsável por setor de pagamento de pessoal que desvia em proveito próprio ou de outra pessoa valor que é creditado em conta do favorecido. - Peculato impróprio (furto): Diferente do peculato próprio, não se exige estrita relação de causa e efeito com a função, mas apenas uma facilidade dela decorrente (“valendo-se da facilidade que lhe proporciona a qualidade de militar ou de funcionário”). O objeto material do peculato impróprio é também dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, que não está na posse ou detenção do autor, ou, se estiver, em uma posse vigiada. - Não existe no CPM a figura de peculato de uso, constituindo, no máximo, transgressão disciplinar e ilícito de improbidade administrativa. - A causa de aumento de pena do § 1º só se aplica à modalidade do peculato próprio (trazido pelo caput do art. 303), pois há previsão expressa no parágrafo primeiro, que fala em APROPRIAÇÃO ou DESVIO do objeto do crime. Dessa forma, a causa de aumento de pena não atinge o peculato furto (peculato impróprio) do § 2º; - A reparação do dano na hipótese do § 4° pode ser efetuada mediante restituição do objeto material ou pela indenização do valor correspondente. Além disso, pode ser promovida pelo sujeito ativo do peculato ou por terceiro em seu nome. Corrupção passiva Art. 308. Receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função, ou antes de assumi-la, mas em razão dela vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena - reclusão, de dois a oito anos Aumento de pena § 1º A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o agente retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. Diminuição de pena § 2º Se o agente pratica, deixa de praticar ou retarda o ato de ofício com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano - Crime Próprio, pois exige uma qualidade específica do sujeito ativo - Crime Impropriamente Militar - Sujeito Ativo: Militar ou Civil que seja Funcionário público e trabalhe na administração militar - Tipicidade indireta: art. 9°, II do CPM, pois, apesar de não ser ipsis litteris, o tipo penal do CPM é substancialmente idêntico ao tipo penal do CP (diferenciando apenas o verbo "solicitar", presente no art. 317 do CP e ausente no art. 308 do CPM); - O tipo penal de corrupção passiva no código penal militar NÃO TRAZ A AÇÃO DE SOLICITAR. Dessa forma, quando há uma solicitação de vantagem indevida praticada por militar, este deve ser enquadrado pelo art. 317 do CP c/c art. 9, II, "e" do CPM (crime militar extravagante). - Corrupção Passiva Própria: O agente pratica o ato ilícito. Ex.: O policial militar não aplica uma notificação de trânsito para receber indevida vantagem - Corrupção Passiva Imprópria: O agente pratica ato lícito para receber vantagem indevida. Ex.: Agente libera pessoa ilegalmente presa para receber determinada vantagem. - Corrupção Passiva privilegiada hipótese do § 2º, pena de 3 meses a 1 ano. Crime Pena Reclusão Detenção Art. 9º Elemento Subjetivo Tentativa Civil Concurso de Pessoas Motim 4A a 8A Reclusão PM, I Dolo Não Sim Revolta 8A a 20A Reclusão PM, I Dolo Não Sim Violen. Super. 3M a 2A Detenção PM, I Dolo Sim Sim Violen. Infer. 3M a 1A Detenção PM, I Dolo Sim Sim Embriaguez 6M a 2A Detenção PM, I Dolo Não Não Aband. de Post 3M a 1A Detenção PM, I Dolo Não Não Dormi. em Serv 3M a 1A Detenção PM, I Dolo Não Não Peculato 3A a 15A Reclusão IM, II Dolo ou Culpa Sim dolo Sim Corrupção Pas. 2A a 8A Reclusão IM, II Dolo Não Não CONSTITUIÇÃO FEDERAL Dos Tribunais e Juízes Militares Art. 122. São órgãos da Justiça Militar: I - o Superior Tribunal Militar; II - os Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei. - No PRIMEIRO GRAU de jurisdição a justiça militar da União é formado pelos Juizes Federais Militares, e os Conselhos de Justiça Especial e Permanente. Já no SEGUNDO GRAU de jurisdição temos o Superior Tribunal Militar (STM). - Na justiça militar Estadual temos em PRIMEIRO GRAU o juiz da vara militar e os Conselhos de Justiça Especial e Permanente. Já em SEGUNDO GRAU temos os Tribunais de Justiça e, nos Estados com efetivo policial militar maior de 20 mil, a possibilidade da criação dos Tribunais de Justiça Militar nos estados. Art. 123. O Superior Tribunal Militar compor-se-á de quinze Ministros vitalícios, nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a indicação pelo Senado Federal, sendo três dentre oficiais-generais da Marinha, quatro dentre oficiais-generais do Exército, três dentre oficiais-generais da Aeronáutica, todos da ativa e do posto mais elevado da carreira, e cinco dentre civis. Parágrafo único. Os Ministros civis serão escolhidos pelo Presidente da República dentre brasileiros maiores de trinta e cinco anos, sendo: I - três dentre advogados de notório saber jurídico e conduta ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional; II - dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e membros do Ministério Público da Justiça Militar. - Último posto da Marinha é o Almirante general de Esquadra; o último posto do Exército é General do exército, o último posto da Aeronáutica é Tenente Brigadeiro do ar; - A Constituição só exige idade mínima para os ministros civis (35 anos); - Não há qualquer exigência de idade máxima na Constituição; - Não há exigência de listas para os indicados, todos os nomes serão de livre nomeação do Presidente da República. Entretanto, a escolha deverá ser submetida à aprovação do Senado Federal; - Juiz auditor é a antiga nomenclatura para Juiz Federal Militar (Alteração Lei 13774/18); - O STM funciona apenas pelo plenário, ou seja, todo e qualquer recurso é levado ao pleno do tribunal. Não há órgãos fracionados no STM, não há turmas, não há câmaras ou seções; - O quórum mínimo do STM é de 8 ministros, sendo destes no mínimo 4 militares e 2 civis. Dessa forma, o quórum mínimo não poderá ser formado, por exemplo, por 5 ministros civis e 3 militares, pois exige-se pelomenos 4 ministros militares. Do mesmo modo, não é possível formar o quórum mínimo com 8 ministros todos militares, pois exige-se pelo menos 2 ministros civis; - O STM tem competência originária para processar e julgar os Oficiais Generais e as representações para declaração de de indignidade de oficial ou a incompatibilidade para o oficialato. Além disso, o STM é um tribunal recursal competente para julgar os recursos das auditorias militares (na justiça federal militar as varas são chamadas de auditorias militares); - Todos os indicados militares deverão ser da ativa. Militares da Reserva ou Reformados não podem ser nomeados como ministros do STM nas vagas dos civis; - O STM submete-se ao controle exercido pelo CNJ. Art. 124. À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei. Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o funcionamento e a competência da Justiça Militar. - Compete monocraticamente ao Juiz Federal da Justiça Militar da União: Processar e julgar civis que venham a praticar crime militar (e militares em coautoria); - Compete ao Conselho Permanente de Justiça (formado trimestralmente): Processar e julgar as Praças; - Compete ao Conselhos Especial de Justiça (formado a cada processo): Processar e julgar Oficiais - Sistema do Escabinato: Conhecimento técnico do juiz federal nas auditorias militares ou juiz civil no caso do STM + conhecimento da caserna. - Os Conselhos de Justiça Militar deverão ser formados por um Juiz Federal Militar e por militares da mesma arma do militar julgado. Ao Juiz Federal sempre caberá a Presidência do Conselho de Justiça Militar e a Relatoria Processo, assim como também o poder de polícia. Dos Tribunais e Juízes dos Estados Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta Constituição. § 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes. § 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças. § 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar, singularmente, os crimes militares cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob a presidência de juiz de direito, processar e julgar os demais crimes militares. - Há apenas 3 estados que criaram Tribunais de Justiça Militar, são eles: Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais. - A Justiça Militar Estadual não é competente para julgar civis (essa competência é exclusividade da Justiça Militar da União). A Justiça Militar Estadual julga APENAS MILITARES. - A Justiça Militar Estadual é competente para julgar MONOCRATICAMENTE os crimes militares CONTRA CIVIS e AS AÇÕES JUDICIAIS DISCIPLINARES. LEI DE ORGANIZAÇÃO E DIVISÃO JUDICIÁRIAS DO ESTADO DA PARAÍBA – LOJE TÍTULO IV DA JUSTIÇA MILITAR CAPÍTULO I DA COMPOSiÇÃO E COMPETÊNCIA Seção I Da Composição Art. 187. A Justiça Militar estadual. com sede na Capital e jurisdição em todo o Estado é composta: I - no primeiro grau de jurisdição: a) pelos juízes de direito de Vara Militar; b) pelos conselhos de Justiça Militar; II - no segundo grau de jurisdição pelo Tribunal de Justiça. Seção II Da Competência Geral Art. 188. Compete à Justiça Militar processar e julgar os militares do Estado, nos crimes militares definidos em lei, e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do Tribunal do Júri quando a vítima for civil, cabendo ao Tribunal de Justiça decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças. Seção III Do Juiz de Direito de Vara Militar Art. 189. O cargo de juiz de direito de Vara Militar será provido por juiz de direito de terceira entrância, observadas as normas estabelecidas para o provimento dos demais cargos de carreira da magistratura estadual. Art. 190. Compete ao juiz de direito de Vara Militar: I - processar e julgar, singularmente, os crimes militares cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares; II - presidir os conselhos de Justiça Militar e relatar, com voto inicial e direto, os processos respectivos; III - exercer o poder de polícia durante a realização de audiências e sessões de julgamento; IV - expedir todos os atos necessários ao cumprimento das suas decisões e das decisões dos conselhos da Justiça Militar; V - exercer o ofício da execução penal em todas as unidades militares estaduais, onde haja preso militar ou civil sob sua guarda provisória ou definitiva; VI - cumprir carta precatória relativa à matéria de sua competência. Seção IV Do Cartório de Vara Militar Art. 191. O cartório de vara Militar terá seus cargos preenchidos por membros da Polícia Militar e/ou do Corpo de Bombeiros do Estado, habilitados para o exercício da função, sem prejuízo da participação de servidores da justiça comum, quando necessário. § 1° O cartório será chefiado por um militar graduado (primeiro sargento ou subtenente) ou por um oficial até a patente de capitão, requisitado mediante indicação do juiz competente ao comandante-geral da Polícia Militar, através de ato do presidente do Tribunal de Justiça. § 2° O militar a serviço de vara militar tem fé de ofício quando da prática dos atos inerentes às respectivas funções, que correspondem à função de analista judiciário, de técnico judiciário, de movimentador e de oficial de justiça. Seção V Dos Atos Judiciais Art. 192. As audiências e sessões de julgamento da Justiça Militar são realizadas na sede da comarca, salvo os casos especiais por justa causa ou força maior, fundamentados pelo juiz de direito titular da Vara Militar. CAPÍTULO II DOS CONSELHOS DA JUSTIÇA MILITAR Seção I Das Disposições Gerais Art. 193. Integram a Justiça Militar do Estado. observada a separação institucional entre a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros, os seguintes Conselhos de Justiça: I - Conselhos Especiais; II - Conselhos Permanentes ou Trimestrais. Seção II Da Composição Art. 194. Os Conselhos Especiais são compostos por quatro juízes militares, todos oficiais de postos não inferiores ao do acusado. § 1° Havendo mais de um acusado no processo, o de posto mais elevado servirá de referência à composição do conselho. § 2° Sendo o acusado do posto mais elevado na corporação policial ou do corpo de bombeiro militar, o conselho especial será composto por oficiais da respectiva corporação militar, que sejam da ativa, do mesmo posto do acusado e mais antigos que ele; não havendo na ativa oficiais mais antigos que o acusado, serão sorteados e convocados oficiais da reserva remunerada. § 3° Sendo o acusado do posto mais elevado da corporação, e nela não existindo oficial, ativo ou inativo, mais antigo que ele, o conselho especial será composto por oficiais que atendam ao requisito da hierarquia, embora pertencentes à outra instituição militar estadual. § 4° Não havendo, em qualquer das corporações, no posto mais elevado, oficial, ativo ou inativo, mais antigo que o acusado, será este julgado pelo Tribunal de Justiça. § 5° Quando, em um mesmo processo, os acusados forem oficiais e praças, responderão todos perante o conselho especial. Art. 195. Os Conselhos Permanentes serão compostos pelo mesmo número de oficiais previsto para os Conselhos Especiais, devendo ser integrados por, no mínimo, um oficial superior. Seção III Da Competência Ar!. 196. Compete aos Conselhos de Justiça Militar processar e julgar os crimes militares não compreendidos na competênciamonocrática de juiz de vara militar. Parágrafo único. Aos Conselhos Especiais compete o julgamento de oficiais, enquanto aos Conselhos Permanentes ou Trimestrais compete o julgamento das praças em geral. Seção IV Da Escolha e Convocação dos Conselhos Art. 197. Os comandantes-gerais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros do Estado remeterão, trimestralmente, ao juiz de direito da Vara Militar relação nominal dos oficiais da ativa em condições de servir nos conselhos, com indicação dos seus endereços residenciais, a fim de serem realizados os sorteios respectivos. § 1° Os sorteios para a composição dos Conselhos Permanentes realizar-se-ão entre os dias vinte e vinte e cinco do último mês de cada trimestre, ressalvado motivo de força maior para sua não ocorrência. § 2° O resultado dos sorteios será informado aos comandantes-gerais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros para que providenciem a publicação em boletins gerais e ordenem o comparecimento dos juízes não togados à hora marcada na sede do Juízo Militar, ficando à sua disposição enquanto durarem as convocações. § 3° Os sorteios para a composição dos Conselhos Especiais ocorrerão sempre que se iniciar processo criminal contra oficial, mantendo-se sua constituição até a sessão de julgamento, se alguma causa intercorrente não justificar o arquivamento antecipado da ação penal. § 4° O sorteio para a composição dos Conselhos Permanentes da Justiça Militar dará preferência a oficiais aquartelados na Capital. § 5° Caso a relação dos oficiais da ativa, prevista no caput deste artigo, não seja enviada ao juiz competente, no prazo legal, os sorteios para composição dos Conselhos da Justiça Militar serão realizados com base na relação enviada no trimestre anterior, sem prejuízo da apuração de responsabilidades. CAPÍTULO III DA EXECUÇÃO DA PENA Art. 198. O regime carcerário aplicável ao condenado pelo juiz de direito titular de Vara Militar é o seguinte: I - no caso de pena privativa da liberdade por até dois anos, o regime será regulamentado nas decisões que proferirem o juiz monocrático e os conselhos da Justiça Militar, sendo o condenado recolhido à prisão militar; II - ultrapassado o limite da pena de dois anos e havendo o condenado perdido a condição de militar, será ele transferido para prisão da jurisdição comum, deslocando-se a competência quanto à execução da pena para o respectivo juízo, ao qual serão remetidos os autos do processo. Processual penal militar Inquérito Policial Militar Finalidade do inquérito Art. 9º O inquérito policial militar é a apuração sumária de fato, que, nos termos legais, configure crime militar, e de sua autoria. Tem o caráter de instrução provisória, cuja finalidade precípua é a de ministrar elementos necessários à propositura da ação penal. Parágrafo único. São, porém, efetivamente instrutórios da ação penal os exames, perícias e avaliações realizados regularmente no curso do inquérito, por peritos idôneos e com obediência às formalidades previstas neste Código. - Não é somente a Polícia Judiciária militar que pode investigar crimes militar, o STM autoriza o Ministério Público militar a realizar investigações criminal através do procedimento investigatório criminal PIC. - O Ministério Público Militar é aquele que realiza o controle externo da Polícia Judiciária militar. - O IPM é um procedimento administrativo, pré-processual de caráter informativo que visa colher provas da existência de crime militar (materialidade) e indícios de autoria para subsidiar o titular da ação penal militar na sua propositura (instrutório da ação penal). - Todos os crimes militares serão objetos de inquérito policial militar, exceto os crimes de Deserção e Insubmissão, pois têm um procedimento pré-processual administrativo próprio. Características do IPM: - Procedimento escrito. Alguns atos conhecem prática não escrita, mas posteriormente são materializados em termos ou outros documentos, a exemplo da entrevista das testemunhas. - Todas as peças e os atos devem ser reunidos em um caderno ou autos de forma cronológica, datilografadas em espaço dois, com folhas numeradas e rubricadas pelo escrivão. - Procedimento inquisitivo (em regra não há ampla defesa). Entretanto o advogado possui o direito de acompanhar o IPM, estando presente nos atos em que seu cliente funcionar a exemplo do interrogatório ou inquisições, acareações, reproduções simuladas, tendo acesso aos resultados obtidos em meios de produção de provas. Ademais, o advogado pode requerer provas e diligências ao Encarregado que pode, desde que fundamentadamente, indeferi-las. - O IPM é sigiloso, mas o encarregado poderá permitir que o advogado do indiciado tenha acessos aos elementos de informação já documentados. Também terão acesso aos autos: O próprio indiciado, mesmo sem estar acompanhado do seu Advogado; a autoridade de polícia judiciária militar; o MPM; e a autoridade judiciária em atuação no caso (o Juiz). - Oficialidade: o IPM é conduzido necessariamente por orgãos oficiais - Oficioso: Deve ser iniciado de ofício, ou seja, sem qualquer provocação frente a notícia da prática de um crime, salvo os casos de ação penal militar condicionada a requisição. - Indisponibilidade: uma vez instaurado o IPM, não pode ser arquivado no seio da polícia judiciária militar. O Encarregado ou a autoridade policial judiciária militar não podem arquivar o IPM de ofício. Caso eles entendam que não houve crime militar, deverão relar no IPM e sugerir seu arquivamento. - Dispensável: Se o titular da ação penal tem justa causa - prova suficiente da existência de um crime e indícios de autoria - não precisa ter IPM. - Busca a verdade real dos fatos - Não é cabível a nulidade do IPM, podendo, eventuais irregularidades identificadas, no máximo, servir para a invalidação de um ato específico, seu desentranhamento. Apesar disso, as provas colhidas durante o IPM devem primar pela legalidade, pois se houver algum desrespeito à lei isso pode gerar efeitos de nulidade na ação penal. Modos por que pode ser iniciado Art. 10. O inquérito é iniciado mediante portaria: (6 formas) a) de ofício, pela autoridade militar em cujo âmbito de jurisdição ou comando haja ocorrido a infração penal, atendida a hierarquia do infrator; - De ofício é sem qualquer tipo de provocação, notitia criminis direta. Ex. o comandante de um batalhão está assistindo a TV e toma conhecimento que aconteceu um crime na área do seu batalhão. - Por que o dispositivo trás: “atendida a hierarquia do infrator”? Sabendo que as instituições militares são baseadas na hierarquia e disciplina, imagine que um Coronel fechado agrida um soldado dentro de um batalhão comandado por um Tenente Coronel. Neste caso, o Tenente Coronel não poderá de ofício iniciar um IPM contra o coronel fechado. Portanto, a competência para iniciar o IPM deverá ser um militar mais antigo que o Cel. b) por determinação ou delegação da autoridade militar superior, que, em caso de urgência, poderá ser feita por via telegráfica ou radiotelefônica e confirmada, posteriormente, por ofício; - Hipótese de notitia criminis indireta - Imagine que ocorre um crime militar nas dependências de uma companhia comandada pelo Maj. José. Este Maj. não tem conhecimento do fato, mas um Coronel (autoridade superior) fica sabendo em determina que o Maj. José inicie o IPM para investigar esse crime. Tal determinação, em razão da urgência, poderá ser feita por meio de um telefonema, mas, posteriormente, deverá ser formalizada por meio de um ofício. - Não confundir determinação com delegação ● Determinação: Ordem para que outra autoridade, também originária apure ● Delegação: A autoridade instauradora assume as atribuições de Polícia Judiciária Militar em nome da autoridade delegante (originária). c) em virtude de requisição do Ministério Público; - Notitia criminis Indireta, a requisição tem a ideia de ordem d) por decisão do Superior Tribunal Militar, nos termos do art. 25; - Notitia criminis Indireta - Se trata de uma decisão do STM, TJ ou TJME(estes dois últimos no âmbito dos Estados), para a abertura de Inquérito Policial Militar, após decisão anterior de arquivamento, diante do surgimento de fato novo ou prova nova. - O Juiz Auditor (Juiz militar federal) NÃO PODE REQUISITAR a abertura de IPM, só quem pode são os TRIBUNAIS POR MEIO DE DECISÃO. e) a requerimento da parte ofendida ou de quem legalmente a represente, ou em virtude de representação devidamente autorizada de quem tenha conhecimento de infração penal, cuja repressão caiba à Justiça Militar; - Notitia criminis Indireta - O requerimento traz a ideia de pedido para a instauração do inquérito por parte do ofendido ou seu representante legal. Já a representação constitui o relato do fato caracterizado como crime militar levado à autoridade de polícia judiciária militar por alguém, qualquer cidadão. - Caso haja indeferimento do pedido de instauração, qualquer pessoa poderá provocar a iniciativa do Ministério Público, dando informações sobre o fato e sua autoria, e indicando-lhe elementos de convicção. f) quando, de sindicância feita em âmbito de jurisdição militar, resulte indício da existência de infração penal militar. - Notitia criminis direta: Se a própria autoridade autoridade que desencadeou a sindicância for a que instaurou o inquérito - Notitia criminis indireta: Se a sindicância foi instaurada por outra autoridade que não seja a que vai instaurar o IPM. - OBS.: Se a sindicância já contiver todos os elementos de apuração capaz de formar a opinião do MP, a instauração do IPM será desnecessária. Portanto SÓ SE INSTAURA IPM APÓS APF SE FOR MUITO NECESSÁRIO PARA COLHER ELEMENTOS ESSENCIAIS PARA O OFERECIMENTO DA DENÚNCIA. ATENÇÃO!!! NÃO É VEDADA A APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA NO DIREITO PENAL MILITAR, todavia sua aplicação depende de uma avaliação mais acurada que prestigie não apenas o bem jurídico primeiramente focado pela norma penal, mas também outros bens jurídicos ligados às instituições militares, a exemplo da hierarquia e disciplina. Para não se instaurar é preciso sustentar que a autoridade de polícia judiciária militar deva remeter os documentos que a levaram a decidir à Justiça Militar ou diretamente ao MP, para que ele se manifeste acerca da questão, requisitando, se for o caso também, pela repressão disciplinar. Superioridade ou igualdade de pôsto do infrator § 1º Tendo o infrator pôsto superior ou igual ao do comandante, diretor ou chefe de órgão ou serviço, em cujo âmbito de jurisdição militar haja ocorrido a infração penal, será feita a comunicação do fato à autoridade superior competente, para que esta torne efetiva a delegação, nos termos do § 2° do art. 7º. Providências antes do inquérito § 2º O aguardamento da delegação não obsta que o oficial responsável por comando, direção ou chefia, ou aquêle que o substitua ou esteja de dia, de serviço ou de quarto, tome ou determine que sejam tomadas imediatamente as providências cabíveis, previstas no art. 12, uma vez que tenha conhecimento de infração penal que lhe incumba reprimir ou evitar. Infração de natureza não militar § 3º Se a infração penal não fôr, evidentemente, de natureza militar, comunicará o fato à autoridade policial competente, a quem fará apresentar o infrator. Em se tratando de civil, menor de dezoito anos, a apresentação será feita ao Juiz de Menores. Oficial general como infrator § 4º Se o infrator for oficial general, será sempre comunicado o fato ao ministro e ao chefe de Estado-Maior competentes, obedecidos os trâmites regulamentares. Indícios contra oficial de pôsto superior ou mais antigo no curso do inquérito § 5º Se, no curso do inquérito, o seu encarregado verificar a existência de indícios contra oficial de posto superior ao seu, ou mais antigo, tomará as providências necessárias para que as suas funções sejam delegadas a outro oficial, nos termos do § 2° do art. 7º. Encarregado de IPM equivale a um delegado de polícia civil, é a autoridade que conduz as investigações, zelando pela busca do esclarecimento do fato apurado. O encarregado de IPM deve recair de um OFICIAL DA ATIVA, SEMPRE QUE POSSÍVEL, num oficial de posto NÃO INFERIOR AO DE CAPITÃO. Portanto, Tenente pode ser encarregado desde que o investigado seja uma praça ou um civil. Suspeição do encarregado: Não se poderá opor suspeição do encarregado do inquérito, mas o próprio encarregado deverá declarar-se suspeito DE OFÍCIO quando ocorrer motivo legal, que lhe seja aplicável, por meio de uma DECLARAÇÃO DE SUSPEIÇÃO, sob pena de responsabilização disciplinar e até penal militar Escrivão do inquérito Art. 11. A designação de escrivão para o inquérito caberá ao respectivo encarregado, se não tiver sido feita pela autoridade que lhe deu delegação para aquêle fim, recaindo em segundo ou primeiro-tenente, se o indiciado fôr oficial, e em sargento, subtenente ou suboficial, nos demais casos. - Se o investigado for oficial: 1º ou 2º tenente (oficial subalterno) - Se for praça: Sargento, subtenente ou suboficial Compromisso legal Parágrafo único. O escrivão prestará compromisso de manter o sigilo do inquérito e de cumprir fielmente as determinações deste Código, no exercício da função. Medidas preliminares ao inquérito Art. 12. Logo que tiver conhecimento da prática de infração penal militar, verificável na ocasião, a autoridade a que se refere o § 2º do art. 10 deverá, se possível: a) dirigir-se ao local, providenciando para que se não alterem o estado e a situação das coisas, enquanto necessário; - Isolar o local para que não prejudique o trabalho pericial b) apreender os instrumentos e todos os objetos que tenham relação com o fato; - Recolher após os instrumentos e objetos que tenha relação com o crime após liberado pelos peritos c) efetuar a prisão do infrator, observado o disposto no art. 244; - Prender em flagrante o infrator d) colher todas as provas que sirvam para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias. - Exemplo: Abordar as testemunhas do crime e coletar informações preliminares acerca do ocorrido e arrolá-los como testemunhas - Medidas ADOTADAS PELA AUTORIDADE DE POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR, ou aquele que o substitua, não confundir com as medidas adotadas pelo Encarregado no art. 13. Formação do inquérito Art. 13. O encarregado do inquérito deverá, para a formação deste: Atribuição do seu encarregado a) tomar as medidas previstas no art. 12, se ainda não o tiverem sido; b) ouvir o ofendido; c) ouvir o indiciado; d) ouvir testemunhas; e) proceder a reconhecimento de pessoas e coisas, e acareações; f) determinar, se fôr o caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outros exames e perícias; g) determinar a avaliação e identificação da coisa subtraída, desviada, destruída ou danificada, ou da qual houve indébita apropriação; h) proceder a buscas e apreensões, nos têrmos dos arts. 172 a 184 e 185 a 189; i) tomar as medidas necessárias destinadas à proteção de testemunhas, peritos ou do ofendido, quando coactos ou ameaçados de coação que lhes tolha a liberdade de depor, ou a independência para a realização de perícias ou exames. - Medidas ADOTADAS PELO ENCARREGADO, não confundir com as medidas adotadas pela autoridade de polícia judiciária militar do art. 12. - Decorar essas medidas - Não há uma ordem definida pelo dispositivo das medidas a serem adotadas Reconstituição dos fatos Parágrafo único. Para verificar a possibilidade de haver sido a infração praticada de determinado modo, o encarregado do inquérito poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública, nem atente contra a hierarquia ou a disciplina militar. Assistência de procurador Art. 14. Em se tratando da apuração de fato delituoso de excepcional importância ou de difícil elucidação, o encarregado do inquérito poderá solicitar do procurador-geral a indicação de procurador que lhe dê assistência. - O MPM não precisa funcionar apenas quando da remessa dos autos do inquérito à justiça militar, poderá assistiro encarregado na sua condução desde que solicitado por este e apuração de excepcional importância ou difícil elucidação. Encarregado de inquérito. Requisitos Art. 15. Será encarregado do inquérito, sempre que possível, oficial de pôsto não inferior ao de capitão ou capitão-tenente; e, em se tratando de infração penal contra a segurança nacional, sê-lo-á, sempre que possível, oficial superior, atendida, em cada caso, a sua hierarquia, se oficial o indiciado. Sigilo do inquérito Art. 16. O inquérito é sigiloso, mas seu encarregado pode permitir que dele tome conhecimento o advogado do indiciado. - Igual às regras do inquérito policial comum Art. 16-A. Nos casos em que servidores das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares figurarem como investigados em inquéritos policiais militares e demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação de fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício profissional, de forma consumada ou tentada, incluindo as situações dispostas nos arts. 42 a 47 do Decreto-Lei nº 1.001, de 21 de outubro de 1969 (Código Penal Militar), o indiciado poderá constituir defensor. § 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá ser citado da instauração do procedimento investigatório, podendo constituir defensor no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a contar do recebimento da citação. § 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º com ausência de nomeação de defensor pelo investigado, a autoridade responsável pela investigação deverá intimar a instituição a que estava vinculado o investigado à época da ocorrência dos fatos, para que esta, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, indique defensor para a representação do investigado. § 3º Havendo necessidade de indicação de defensor nos termos do § 2º deste artigo, a defesa caberá preferencialmente à Defensoria Pública e, nos locais em que ela não estiver instalada, a União ou a Unidade da Federação correspondente à respectiva competência territorial do procedimento instaurado deverá disponibilizar profissional para acompanhamento e realização de todos os atos relacionados à defesa administrativa do investigado. § 4º A indicação do profissional a que se refere o § 3º deste artigo deverá ser precedida de manifestação de que não existe defensor público lotado na área territorial onde tramita o inquérito e com atribuição para nele atuar, hipótese em que poderá ser indicado profissional que não integre os quadros próprios da Administração. § 5º Na hipótese de não atuação da Defensoria Pública, os custos com o patrocínio dos interesses do investigado nos procedimentos de que trata esse artigo correrão por conta do orçamento próprio da instituição a que este esteja vinculado à época da ocorrência dos fatos investigados. § 6º As disposições constantes deste artigo aplicam-se aos servidores militares vinculados às instituições dispostas no art. 142 da Constituição Federal, desde que os fatos investigados digam respeito a missões para a Garantia da Lei e da Ordem. - No caso de Profissionais de Segurança Pública ligados às instituições dispostas no art 144 da CF (Policia Federal, Policia Federal Podoviária, Policia Federal Ferroviária, Policia Militar, Corpo de Bombeiro Militar, Policias Civis, Policias Penais, Guardas Civis e Agentes de Trânsito) envolvidos em inquéritos policiais, inquéritos policiais militares, ou demais procedimentos investigatórios extrajudiciais, que tenham como objeto o uso letal da força praticadas no exercício da função, de forma tentada ou consumada, a lei 13.964 (pacote anti-crime) dispõe que estes deverão ser citados da instauração do procedimento investigatório para constituir defensor no prazo de 48 horas a contar do recebimento da citação. Esgotado esse prazo, sem a indicação do defensor por parte do acusado, a autoridade responsável pela investigação deverá intimar a instituição a que estava vinculado o servidor para que, novamente no prazo de 48 horas, indique um defensor para a representação do investigado. Neste caso, havendo a necessidade da indicação de defensor, a representação caberá preferencialmente à Defensoria Pública. Nos locais onde ela não estiver instalada, a União ou a Unidade da Federação deverá disponibilizar profissional para acompanhar a realização dos atos relacionados à defesa administrativa do investigado. Vale salientar que a indicação do profissional não pertencente aos quadros da Administração Pública deve vir precedida de uma manifestação que inexiste defensor público lotado na área territorial onde tramita o inquérito. Nesta última hipótese , os custos relativos a defesa do investigado deverão correr por conta do orçamento próprio da instituição a qual estava vinculado o investigado. Por fim, a regras citadas a cima se aplicam aos servidores militares vinculados às instituições listadas no art. 142 da CF (Marinha Exército e Aeronáutica), quando atuando em missões de garantia da Lei e da Ordem. - O defensor tem que ter capacidade postulatória Incomunicabilidade do indiciado. Prazo. Art. 17. O encarregado do inquérito poderá manter incomunicável o indiciado, que estiver legalmente preso, por três dias no máximo. - Essa hipótese não foi recepcionada pela constituição federal de 1988. Detenção de indiciado Art. 18. Independentemente de flagrante delito, o indiciado poderá ficar detido, durante as investigações policiais, até trinta dias, comunicando-se a detenção à autoridade judiciária competente. Esse prazo poderá ser prorrogado, por mais vinte dias, pelo comandante da Região, Distrito Naval ou Zona Aérea, mediante solicitação fundamentada do encarregado do inquérito e por via hierárquica. Prisão preventiva e menagem. Solicitação Parágrafo único. Se entender necessário, o encarregado do inquérito solicitará, dentro do mesmo prazo ou sua prorrogação, justificando-a, a decretação da prisão preventiva ou de menagem, do indiciado. - A prisão do indiciado tem a natureza de uma prisão cautelar, pois acontece no âmbito das investigações - Não é uma ordem judicial é uma ordem do encarregado do IPM - Só vale para os crimes propriamente militares. Pergunta, crime de homicídio, o encarregado pode decretar a prisão do acusado? Não, pois não se trata de crime propriamente militar. Agora se o acusado pratica um crime de abandono de posto, o encarregado pode decretar a prisão? Neste caso pode, pois abandono de posto é um crime propriamente militar. - Previsão constitucional art 5º, LXI “ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;” Inquirição durante o dia Art. 19. As testemunhas e o indiciado, exceto caso de urgência inadiável, que constará da respectiva assentada, devem ser ouvidos durante o dia, em período que medeie entre as sete e as dezoito horas. Inquirição. Assentada de início, interrupção e encerramento § 1º O escrivão lavrará assentada do dia e hora do início das inquirições ou depoimentos; e, da mesma forma, do seu encerramento ou interrupções, no final daquele período. Inquirição. Limite de tempo § 2º A testemunha não será inquirida por mais de quatro horas consecutivas, sendo-lhe facultado o descanso de meia hora, sempre que tiver de prestar declarações além daquele termo. O depoimento que não ficar concluído às dezoito horas será encerrado, para prosseguir no dia seguinte, em hora determinada pelo encarregado do inquérito. § 3º Não sendo útil o dia seguinte, a inquirição poderá ser adiada para o primeiro dia que o fôr, salvo caso de urgência. - No máximo 4 horas consecutivas de depoimento, facultando descanso de 30 minutos se precisar ir além. - Depoimento entre 7:00 e 18:00 horas, exceto urgência inadiável - Às providências de urgência no auto de prisão em flagrante (inclusive a inquirição de testemunhas) não se aplica o art. 19, pois a prisão em flagrante pode ser efetuada em qualquer horário. - Não sendo dia útilo dia seguinte, prossegue para o primeiro que for - A autoridade policial judiciária militar pode representar ao órgão julgador da justiça militar para que a testemunha ou o ofendido seja conduzida coercitivamente para ser inquirida no curso do IPM. Prazos para terminação do inquérito Art 20. O inquérito deverá terminar dentro de vinte dias, se o indiciado estiver preso, contado esse prazo a partir do dia em que se executar a ordem de prisão; ou no prazo de quarenta dias, quando o indiciado estiver solto, contados a partir da data em que se instaurar o inquérito. Prorrogação de prazo § 1º Este último prazo poderá ser prorrogado por mais vinte dias pela autoridade militar superior, desde que não estejam concluídos exames ou perícias já iniciados, ou haja necessidade de diligência, indispensáveis à elucidação do fato. O pedido de prorrogação deve ser feito em tempo oportuno, de modo a ser atendido antes da terminação do prazo. Diligências não concluídas até o inquérito § 2º Não haverá mais prorrogação, além da prevista no § 1º, salvo dificuldade insuperável, a juízo do ministro de Estado competente. Os laudos de perícias ou exames não concluídos nessa prorrogação, bem como os documentos colhidos depois dela, serão posteriormente remetidos ao juiz, para a juntada ao processo. Ainda, no seu relatório, poderá o encarregado do inquérito indicar, mencionando, se possível, o lugar onde se encontram as testemunhas que deixaram de ser ouvidas, por qualquer impedimento. Dedução em favor dos prazos § 3º São deduzidas dos prazos referidos neste artigo as interrupções pelo motivo previsto no § 5º do art. 10. - A hipótese do § 5º do art. 10 é a de haver um Oficial superior ao encarregado envolvido na atuação. - Prazo para conclusão do IPM em tempo de paz é 20 dias, improrrogável, para réu preso e 40 dias, prorrogáveis por mais 20 pelo comandante, para réu solto. - Prazo de conclusão em tempo de guerra é de 5 dias tanto para indiciado preso ou solto, sendo prorrogável uma só vez, por mais de 3 dias. Reunião e ordem das peças de inquérito Art. 21. Todas as peças do inquérito serão, por ordem cronológica, reunidas num só processado e dactilografadas, em espaço dois, com as folhas numeradas e rubricadas, pelo escrivão. Juntada de documento Parágrafo único. De cada documento junto, a que precederá despacho do encarregado do inquérito, o escrivão lavrará o respectivo termo, mencionando a data. Relatório Art. 22. O inquérito será encerrado com minucioso relatório, em que o seu encarregado mencionará as diligências feitas, as pessoas ouvidas e os resultados obtidos, com indicação do dia, hora e lugar onde ocorreu o fato delituoso. Em conclusão, dirá se há infração disciplinar a punir ou indício de crime, pronunciando-se, neste último caso, justificadamente, sobre a conveniência da prisão preventiva do indiciado, nos termos legais. - Três Principais preocupações do encarregado: ● Avaliar a existência de crime militar ● Avaliar a necessidade de decretação de prisão preventiva ● Não se tratando de crime militar, indicar, se for o caso, a infração disciplinar existente Solução § 1º No caso de ter sido delegada a atribuição para a abertura do inquérito, o seu encarregado enviá-lo-á à autoridade de que recebeu a delegação, para que lhe homologue ou não a solução, aplique penalidade, no caso de ter sido apurada infração disciplinar, ou determine novas diligências, se as julgar necessárias. - No caso de delegação, o relatório não será a última peça; e sim a sua homologação pela autoridade de polícia judiciária que a instaurou - O conteúdo do relatório é o mesmo do inquérito policial da PC ou PF; porém o encarregado não encaminha o relatório direto para o juiz como no CPP; ele encaminha antes para o comandante da OM (Autoridade Policial Judiciária que a instaurou). - A solução que faz é o comandante da OM - dar sua opinião (concorda totalmente ou parcialmente ou não concorda com relatório), não estando vinculado nos termos do relatório. Advocação § 2º Discordando da solução dada ao inquérito, a autoridade que o delegou poderá avocá-lo e dar solução diferente. Remessa do inquérito à Auditoria da Circunscrição Art. 23. Os autos do inquérito serão remetidos ao auditor da Circunscrição Judiciária Militar onde ocorreu a infração penal, acompanhados dos instrumentos desta, bem como dos objetos que interessem à sua prova. - Após relatado e solucionado o IPM, ele é encaminhado para Auditoria Militar que despacha para vistas do MPM. Remessa a Auditorias Especializadas § 1º Na Circunscrição onde houver Auditorias Especializadas da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, atender-se-á, para a remessa, à especialização de cada uma. Onde houver mais de uma na mesma sede, especializada ou não, a remessa será feita à primeira Auditoria, para a respectiva distribuição. Os incidentes ocorridos no curso do inquérito serão resolvidos pelo juiz a que couber tomar conhecimento do inquérito, por distribuição. § 2º Os autos de inquérito instaurado fora do território nacional serão remetidos à 1ª Auditoria da Circunscrição com sede na Capital da União, atendida, contudo, a especialização referida no § 1º. Arquivamento de inquérito. Proibição Art. 24. A autoridade militar não poderá mandar arquivar autos de inquérito, embora conclusivo da inexistência de crime ou de inimputabilidade do indiciado. - O MPM pode entender que os autos do IPM não ministram elementos indispensáveis ao oferecimento da denúncia, requerendo ao Juiz Auditor que os mande arquivar. - Concordando com o arquivamento, haverá decisão nesse sentido, com a particularidade de haver a necessidade de encaminhamento ao Juiz-Auditor corregedor - atual Ministro Corregedor - que poderá confirmar o arquivamento ou interpor Correição Parcial. - Não havendo concordância do arquivamento por parte da autoridade judicial, remeterá os autos ao Procurador Geral de Justiça Militar - Caso o Procurador Geral de Justiça Militar entenda haver elementos para a ação penal, designará outro promotor a fim de promovê-la; em caso contrário, mandará arquivar o procedimento, nada cabendo ao juiz togado. - Hipóteses de arquivamento o IPM ● Atipicidade - não houve conduta delituosa ● teve justo penal - alguma causa de excludente de ilicitude penal militar ● Existência de causa exculpante - exclui a culpabilidade ● Teve alguma Causa extintiva de punibilidade ● Quando não foi descoberta a autoria do crime - Arquivamento indireto: Quando o MPM pega o IPM, analisa e percebe que não é Crime Militar da sua competência ou quando percebe que o fato analisado trata-se de um crime comum. Neste caso deverá remeter a quem de direito. - Arquivamento implícito: Exemplo, Um encarregado de IPM investiga 03 militares, porém o MPM somente denuncia 02 militares, não pedindo sequer a promoção do arquivamento do IPM para o que ficou de fora da denúncia (parte subjetiva). Ou, refere-se que o MPM investiga 03 crimes e apenas denuncia em 02 crimes, sem se manifestar quanto ao terceiro crime (parte objetiva). O arquivamento implícito não é possível no ordenamento brasileiro. Nessa situação, o Juiz Auditor deve despachar fundamentando ao promotor pedindo para ele se manifestar na parte “esquecida”. Instauração de novo inquérito Art 25. O arquivamento de inquérito não obsta a instauração de outro, se novas provas aparecerem em relação ao fato, ao indiciado ou a terceira pessoa, ressalvados o caso julgado e os casos de extinção da punibilidade. - Caso haja coisa julgada material, o inquérito não poderá ser desarquivado de maneira alguma. - Fazem coisa julgada material: ● Atipicidade penal do fato ● Incidência de causa excludente de culpabilidade ● Arquivamento por causa extintiva de punibilidade, salvo com base em certidão de óbito falsa. OBS.:Há controvérsia na jurisprudência em relação às causas excludentes de ilicitude. Para o STF, causa excludente de ilicitude não faz coisa julgada material, já para o STJ as causas excludentes de ilicitude fazem coisa julgada material. - Se o juiz desarquivar,por pedido do MPM, o IPM em face de uma situação que fez coisa julgada material? Cabe HC para o juiz proceder no rearquivamento. § 1º Verificando a hipótese contida neste artigo, o juiz remeterá os autos ao Ministério Público, para os fins do disposto no art. 10, letra c. § 2º O Ministério Público poderá requerer o arquivamento dos autos, se entender inadequada a instauração do inquérito. Devolução de autos de inquérito Art. 26. Os autos de inquérito não poderão ser devolvidos à autoridade policial militar, a não ser: I — mediante requisição do Ministério Público, para diligências por ele consideradas imprescindíveis ao oferecimento da denúncia; II — por determinação do juiz, antes da denúncia, para o preenchimento de formalidades previstas neste Código, ou para complemento de prova que julgue necessária. Parágrafo único. Em qualquer dos casos, o juiz marcará prazo, não excedente de vinte dias, para a restituição dos autos. Suficiência do auto de flagrante delito Art. 27. Se, por si só, fôr suficiente para a elucidação do fato e sua autoria, o auto de flagrante delito constituirá o inquérito, dispensando outras diligências, salvo o exame de corpo de delito no crime que deixe vestígios, a identificação da coisa e a sua avaliação, quando o seu valor influir na aplicação da pena. A remessa dos autos, com breve relatório da autoridade policial militar, far-se-á sem demora ao juiz competente, nos termos do art. 20. Dispensa de Inquérito Art. 28. O inquérito poderá ser dispensado, sem prejuízo de diligência requisitada pelo Ministério Público: a) quando o fato e sua autoria já estiverem esclarecidos por documentos ou outras provas materiais; b) nos crimes contra a honra, quando decorrerem de escrito ou publicação, cujo autor esteja identificado; c) nos crimes previstos nos arts. 341 e 349 do Código Penal Militar. - Art. 341. Desacatar autoridade judiciária militar no exercício da função ou em razão dela: - Art. 349. Deixar, sem justa causa, de cumprir decisão da Justiça Militar, ou retardar ou fraudar o seu cumprimento: Legislação da específica PMPB Lei nº 3.909/77 (Estatuto dos Policiais Militares da Paraíba) DA HIERARQUIA E DA DISCIPLINA Art. 12 - A hierarquia e a disciplina são a base institucional da Polícia Militar. A autoridade e a responsabilidade crescem com o grau hierárquica. Parágrafo 1º - A hierarquia policial-militar é a ordenação dá autoridade em níveis diferentes, dentro da estrutura da Polícia Militar. A ordenação se faz por postos ou graduações. Dentro de um mesmo posto ou de uma mesma graduação se faz pela antiguidade no posto ou na graduação. O respeito à hierarquia é consubstanciado no espírito de acatamento à seqüência de autoridade. Parágrafo 2º - Disciplina é a rigorosa observância e o acatamento integral das Leis, regulamentos, normas e disposições que fundamentam o organismo policial militar e coordenam seu funcionamento regular e harmônico, traduzindo-o pelo perfeito cumprimento do dever por parte de todos e de cada um dos componentes desse organismo. Parágrafo 3º - A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser mantidos em todas as circunstâncias da vida, entre policiais militares da ativa, da reserva remunerada e reformados. Art. 13 – Círculos hierárquicos são âmbitos de convivência entre os policiais militares da mesma categoria e têm a finalidade de desenvolver a espírito de camaradagem em ambiente de estima confiança, sem prejuízo de respeito mútuo Art. 14 – Os círculos hierárquicos e a escala hierárquica na Polícia Militar são fixados no Quadro e parágrafos seguintes: CÍRCULO DE OFICIAIS E PRAÇAS CÍRCULO DE OFICIAIS (POSTOS) OFICIAIS SUPERIORES Coronel PM Tenente Coronel PM Major PM INTERMEDIÁRIOS Capitão PM SUBALTERNOS Primeiro Tenente PM Segundo Tenente PM PRAÇA ESPECIAL Aspirante-a-Oficial PM Parágrafo 1º - Posto é o grau hierárquico do Oficial conferido por ato do Governador do Estado da Paraíba. Parágrafo 2º - Graduação é o grau hierárquico da praça conferido por ato do Comandante-Geral da Polícia Militar Parágrafo 3º - Os Aspirantes-a-Oficial e os Alunos Oficiais PM são denominados Praças Especiais. Parágrafo 4º - Os graus hierárquicos inicial e final dos diversos Quadros e Qualificações são fixados, separadamente, para cada caso, em Lei de Fixação de Efetivos. Parágrafo 5º - Sempre que o policial militar da reserva remunerada ou reformado fizer uso do posta ou graduação, deverá fazê-lo mencionando essa situação. Art. 15 - A precedência entre policiais militares da ativa do mesmo grau hierárquico é assegurada pela antiguidade no posto ou na graduação, salvo nos casos de precedência funcional estabelecida em lei ou regulamento. Parágrafo 1º - A antiguidade de cada posto ou graduação é contada a partir da data da assinatura do ato da respectiva promoção, nomeação, declaração ou inclusão, salvo quando estiver taxativamente fixada outra data. Parágrafo 2º - No caso de ser igual à antiguidade referida no parágrafo anterior, a antiguidade é estabelecida: a) entre policiais militares do mesmo quadro pela posição nas respectivas escalas numéricas ou registros de que trata o art. 17; b) nos demais casos, pela antiguidade no posto ou na graduação anterior; se, ainda assim, subsistir a igualdade de antiguidade, recorrer-se-á sucessivamente, aos graus hierárquicos anteriores, à data de inclusão e a data de nascimento para definir a precedência e, neste último caso, o mais velho será considerado mais antigo; e c) entre os alunos de um mesmo órgão de formação de policiais militares, de acordo com o regulamento do respectivo órgão, se não estiverem especificadamente enquadrados nas letras "a" e "b". Parágrafo 3º - Em igualdade de posto ou graduação, os policiais militares, da ativa tem precedência sobre os da inatividade. Parágrafo 4º - Em igualdade de posto ou graduação, a precedência entre os policiais militares de carreira na ativa e os da reserva remunerada que estiverem convocados, é definida pelo tempo de efetivo serviço no posto ou graduação. Art. 16 - A precedência entre as Praças Especiais e as demais praças é assim regulada: I - Os Aspirantes-a-oficial PM são hierarquicamente superiores às demais praças; II - Os Alunos-Oficiais PM são hierarquicamente superiores aos Subtenentes PM. Art. 17 - A Policia Militar manterá um registro de todos os dados referentes a seu pessoal da ativa e da reserva remunerada, dentro das respectivas escalas numéricas, segundo as instruções baixadas pelo Comandante-Geral da Corporação. Art. 18. Os Alunos-Oficiais PM são declarados Aspirantes-a-Oficial PM pelo Comandante-Geral da Corporação. CAPÍTULO III DO CARGO E DA FUNÇÃO POLICIAIS MILITARES Art. 19 - Cargo policial militar é aquele que só pode ser e exercido por policial militar serviço ativo. Parágrafo 1º - O cargo policial-militar a que se refere este artigo é o que se encontra especificado nos Quadros da Organização ou previsto, caracterizado ou definido como tal em outras disposições legais. Parágrafo 2º - A cada cargo policial militar corresponde um conjunto de atribuições, deveres e responsabilidades que se constituem em obrigações do respectivo titular. Parágrafo Único - As obrigações inerentes ao policial militar devem ser compatíveis com o correspondente grau hierárquico e definidos em legislação ou regulamentação específicas. TÍTULO II DAS OBRIGAÇÕES E DOS DEVERES POLICIAIS MILITARES CAPITULO I SEÇÃO I DO VALOR POLICIAL MILITAR Art. 26 - São manifestações essenciais do valor policial-militar: I - O sentimento de servir à comunidade estadual, traduzido pela vontade inabalável de cumprir o dever policial militar e pelo integral devotamento à manutenção da ardem pública, mesmo com o risco da própria vida; II - A fé na elevada missão da Policia Militar; III - O civismo e o culto das tradições históricas; IV - O espírito de corpo, orgulho do policial militar pela organização policial-militar onde serve; V - O amor à profissão policial-militar e o entusiasmo com que é exercida; e VI – O aprimoramento técnico-profissional.
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