Buscar

Aula 02 - conceito de tributo e competência tributária

Prévia do material em texto

Aula 02 - conceito de tributo e competência tributária
1. Tributo
diversas acepções
a) Tributo como dever de entregar algo ao Estado (sentido de prestação);
b) Tributo como quantia a ser paga ao Estado (sentido de pagamento);
c) Tributo como obrigação de dar dinheiro (sentido de norma jurídica);
d) Tributo como relação jurídica entre o contribuinte e o Estado (sentido de relação jurídica).
CTN, Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
2. Casos Específicos
2.1. Tarifas ou Preços Públicos
Tarifa é contraprestação por um serviço utilizado pelo cidadão, ou seja, só paga quem usar, não sendo compulsório. Exemplos: conta de telefone, passagem de ônibus, gás canalizado.
“Preço público é sinônimo de tarifa ou simplesmente preço que, no dizer de Alberto Deodato, ‘nada mais é do que a contraprestação paga pelos serviços pedidos ao Estado ou pelos bens por ele vendidos e que constitui a sua receita originária’” (HARADA).
OBS1: quando o serviço público é prestado pelo próprio Estado temos as TAXAS.
2.2. Pedágio
Pedágio é um valor cobrado do usuário de via pública, visando a sua conservação. O pedágio pode ser cobrado em vias conservadas diretamente pelo Estado ou por meio de concessão.
Se for conservada pelo Estado, e for cobrado, teremos o pedágio-TAXA.
Se for conservada por uma concessionária de serviço público, teremos o pedágio-TARIFA.
“CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. PEDÁGIO. Lei 7.712, de 22.12.88. I. – Pedágio: natureza jurídica: taxa: C.F., art. 145, II, art. 150, V. II. – Legitimidade constitucional do pedágio instituído pela Lei 7.712, de 1988. III. – R.E. não conhecido” (RE no 181.475/RS, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 25-6-1999).
2.3. Foro e Laudêmio
Foro é um valor anual de 0,6% sobre o valor venal do imóvel.
Laudêmio (5% do valor venal do imóvel) é pago quando ocorre a venda do imóvel. Decreto-Lei nº 9760/46.
Foro e o Laudêmio não são tributos, pois os moradores de imóveis em terrenos de marinha PAGAM IPTU normalmente. O IPTU é devido pela propriedade ou pelo domínio útil do imóvel. Caso eles fossem tributos, estaríamos diante de um bis in idem, o que é proibido.
“As rendas do patrimônio imobiliário são representadas por foros de terreno de marinha, laudêmios, taxas de ocupação dos terrenos de marinha. Foro é uma pequena contribuição anual com que entra para o Tesouro quem exerce o domínio útil do imóvel pertencente a outra pessoa por força de contrato, a título perpétuo, chamado enfiteuse. O enfiteuta, que é a pessoa que exerce o domínio útil enquanto a União exerce o domínio eminente, pode transferir seu contrato. Nesta hipótese pagará o laudêmio” (Harada).
2.4. Emolumentos cartorários
CF, Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público. (Regulamento)
§ 1º Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil e criminal dos notários, dos oficiais de registro e de seus prepostos, e definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário.
§ 2º Lei federal estabelecerá normas gerais para fixação de emolumentos relativos aos atos praticados pelos serviços notariais e de registro.
§ 3º O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso público de provas e títulos, não se permitindo que qualquer serventia fique vaga, sem abertura de concurso de provimento ou de remoção, por mais de seis meses.
“Na delegação de serviço público, ao contrário da concessão, o poder público delegante permite ao delegatário apenas cobrar taxas pela prestação de serviços. É o que acontece com os notários e registradores, sujeitos à fiscalização do Poder Judiciário, que só podem cobrar emolumentos em valores aprovados por lei. Por isso, os emolumentos, no entendimento do STF, têm natureza jurídica de taxa” - HARADA
2.5. Emolumentos judiciais ou Custas judiciais
Aqui não há controvérsia nenhuma. Essa cobrança decorre da prestação de serviço público (prestação judicial) e são taxas. Tem uma súmula do STF sobre as custas judiciais. É a 667. Vejamos:
Viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição a taxa judiciária calculada sem limite sobre o valor da causa.
3. 	Classificação dos Tributos
- Quanto à função 
	Tributos FISCAIS: São aqueles que possuem caracteristicas eminentemente arrecadatórias. Exemplos: IR, ICMS, ISS, IPTU, IPVA, ITBI, ITCMD...
Tributos EXTRAFISCAIS: além de arrecadar, funcionam como forma de regular consumo ou uso. Exemplos: IPTU progressivo, IPI, IE, II, IOF.
Tributos PARAFISCAIS: destinados para fins específicos para entidades de classe ou sindicais. Exemplos: contribuições sindicais e anuidades dos conselhos de classe .
- Quanto à competência
			 Art. 153		Art. 155		Art. 156
- Quanto à vinculação
Tributos VINCULADOS, BILATERAIS ou SIGNALAGMATICOS: são aqueles que pressupõe uma atividade estatal específica. É o caso da taxas, contribuições de melhoria, contribuições sociais.
Tributos NÃO VINCULADOS, UNILATERAIS ou “SEM CAUSA”: são aqueles que independem de uma prestação estatal específica. É o caso dos impostos.
- Quanto ao impacto financeiro
DIRETO: pago pela mesma pessoa que sofre o impacto financeiro do pagamento. Ex: IPTU, IPVA, IR (sem ser “na fonte”)
INDIRETO: pago por uma pessoa (contribuinte de DIREITO) mas o valor é embutido no custo da mercadoria ou do serviço sendo pago por outra pessoa (contribuinte de FATO). Ex: ICMS, ISS, IPI
- Quanto ao objeto
Tributos PESSOAIS: IR
Tributos REAIS: IPTU, ITR, IPVA
- Quanto à natureza econômica
Em regra os tributos visam três situações econômicas: RENDA (IR), PATRIMÔNIO
(IPTU, IPVA, ITR, ITBI, ITCMD) ou CONSUMO (ICMS, ISS, IPI, IOF).
Mas temos situações especiais como o Comércio Exterior (II, IE) e a Guerra (imposto extraordinário de guerra).
- Quanto à seletividade
Tributos SELETIVOS: têm sua força econômica graduada conforme a relevância social do produto ou do serviço. Ex: IPI e ICMS
Tributos NÃO SELETIVOS: desconsideram a relevância social do bem ou serviço a ser tributado. Ex: ITBI.
- Quanto à progressividade
PROGRESSIVOS: possuem alíquotas graduadas conforme a capacidade econômica do contribuinte. Ex: IPTU progressivo
NÃO PROGRESSIVOS: não possuem alíquotas nem faixa de gradação, ou seja, não levam em conta a capacidade de contribuição. Ex: IPVA
- Quanto à natureza jurídica
hoje a Teoria Pentapartite é a mais aceita na Doutrina e na Jurisprudência, além de Exame de Ordem e Concursos.
TRIBUTOS (Teorias)
	Tripartite (Art. 5º CTN)
- Impostos;
- Taxas;
- Contribuições de melhoria
	Pentapartite (STF)
- Impostos;
- Taxas;
- Contribuições de melhoria
+
- Empréstimo Compulsório
- Contribuições (Sociais/Especiais)
4.	Competência tributária
“Competência tributária é o poder constitucionalmente atribuído de editar leis que instituem tributos” (Ricardo Alexandre)
“O estudo do sistema tributário brasileiro revela que o constituinte optou por conferir a cada uma das pessoas jurídicas de direito público um campo próprio para instituir seus tributos. Chama-se competência tributária tal faculdade. Compreende, nos termos do art. 6º do Código Tributário Nacional, a competência legislativa plena, a identificar que nenhuma das pessoas jurídicas de direito público necessita da autorização de outro ente federado para instituir seus tributos” (Shoeuri).
Competência tributária somente os entes federativos detém!
	Competência Tributária
- Criação
- Majoração
Instituição
	Competência para legislar em direito tributário
- Leis que versem sobre tributos JÁ INSTITUÍDOS. Ex: obrigações acessórias, isenção, etc...
- bis in idem x bitributação
 			 
	Bis in idem = O mesmo ente exige do mesmo contribuinte 2 ou mais tributos sobre o mesmo fato gerador.
	Bitributação = 2 entes impõe impostos idênticos ao mesmo contribuinte, com fundamentono mesmo fato gerador.
- Competência concorrente:Art. 24, I da CF (mais de um ente legisla);
		- A União exerce a competência para estabelecer as normas gerais (§ 1º);
		- Inexistindo lei federal, os Estados exercem (§ 3º);
		- sobrevindo lei federal, suspende a dos Estados (§ 4º).
								- Capacidade ativa
- Atributos da competência tributária
								- Capacidade passiva
- Caracteristicas:
	- indelegável;
	- facultativa;
	- imprescritível;
	- inalterável;
	- irrenunciável.
	Indelegabilidade (Art. 7º)
		- Competência X Capacidade
		- transfere garantias e privilégios;
		- revogável a qualquer tempo por ato unilateral;
		- privado pode arrecadar, mas não quer dizer que é delegação. Ex: bancos
	Facultatividade
		- “podem” e não “devem”. Ex: Art. 145 – IGF
		- Lei de Responsabilidade Fiscal – 101/2000, art. 11
	Imprescritibilidade
		- pode ser exercida a qualquer tempo;
		- não transfere a outro ente se não exercida;
	Inalterabilidade
		- só a CF pode alterar competência tributária;
		- ver Art. 156, I CF e 32 CTN 		posse como F.G. do IPTU. 
		- EC pode alterar. Ver COSIP – EC39/2000.
	
Irrenunciabilidade 
	- previsão na CF, não pode lei alterar;
	- observância rígida ao pacto federativo.
	
- Classificação da competência tributária:
	
Competência 
Tributária
	Privativa
Comum
Cumulativa
Residual
Extraordinária
	impostos, como regra. Ver Art. 153 e 154 CF;
compete a todos legislar. Ex: taxas e contribuições de melhoria;
União quando cria territórios e DF = estadul e municipal – Art. 147 da CF;
só a União. Ver Art. 154, I da CF;
Só a União. Ex: IEG – 154, II CF.
 (
Página 
1
 
de 
4
)

Continue navegando