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REVISTA-EXCELENCIA-JURIDICA-FINAL

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EXCELÊNCIA
R E V I S T A
www.revistariex.com.br | novembro/dezembro 2018 
JURÍDICA
ANO 1 N0 1
Rede Internacional de Excelência Jurídica do Distrito Federal – RIEX-DF
SAUS Quadra 05 Bloco K - Ed.OK Office Tower - Sala 1306 Brasília-DF - CEP: 70.070-937
Presidente - Fabíola Teixeira Orlando
Diretora Executiva – Andreia Mourão
Diretor Comercial - Gustavo Lima Barreto
Diretora de Comunicação - Renata Malta Vilas-Bôas
Diretora de Eventos Literários – Lucineide Cruz
Jornalista Responsável - Ana Luisa Mota
Projeto Editorial - Fácil Editora
Projeto Gráfico e Diagramação - Fábio Rodrigues
Equipe Técnica: Bruna Orlando • Camila Maiara • Fabíola Orlando • Lucineide Cruz • Luiz 
Eduardo Miranda • Rafael França • Silvio Pereira •Valéria Hibner
Fabíola Luciana Teixeira Orlando - Presidente • Andrea Sabóia - Vice-Presidente • Lincoln de Oliveira - Vice-Presidente Executivo • Mareska Morena Santana - 
Secretária Geral • Hebert Moreira - Secretário Geral Adjunto • Luís Maximiliano Telesca - Diretor de Estratégia Nacional de Combate à Lavagem de Dinheiro • Carlos 
Henrique Alencar - Diretor Adjunto de Seleção de Novos Membros • Klaus Steniuns - Diretor Social • Luciene Gontijo - Diretora Adjunta Social • Renata Vilas-Bôas 
- Diretora de Comunicação • João Bezerra - Diretor Adjunto de Comunicação • Antônio Custódio Neto - Diretor de Relações Comunitárias • Camila Maiara Leite - 
Diretora da Coordenação de Programas • Ana Paula Pereira - Diretora de Eventos • Bruna Orlando - Diretora Adjunta de Eventos • Lucineide Alessandra Miranda da 
Cruz - Diretor de Eventos Literários • Sônia Gontijo Chagas Gonzaga - Diretor de Relações Institucionais • João Paulo Ornellas Freitas - Diretor Adjunto de Relações 
Institucionais • Felipe Henriques Leite - Diretor de Engenharia de Controle de Automação/Manutenção • Rodrigo Badaró - Diretor de Publicação • Paulo de Castro - 
Diretor Adjunto de Publicação • Paulo Ottaran - Diretor de Publicidade • Ana Luisa Mota - Diretora Adjunta de Publicidade • Gustavo Lima - Diretor Comercial • Rafael 
Vasconcellos - Diretor de Estudos sobre Gestão e Controle Administrativo • Neydja Morais - Diretora Adjunta de Estudos sobre Gestão e Controle Administrativo • 
Rodrigo Fontes Fausto de Souza - Diretor de Estratégia e Marketing • Silvio Pereira - Diretor de Estudos sobre Ética Jurídica • Gildo Alves de Carvalho Filho - Diretor 
Adjunto de Estudos sobre Ética Jurídica • Délio Lins e Silva Júnior - Diretor de Estudos de Ciências Criminais • Pedro Santiago Lopes França - Diretor Adjunto de 
Estudos de Ciências Criminais • Helen Lima - Diretora de Estudos na Educação • Valéria Hibner - Diretora Adjunta de Estudos na Educação • Márcio Moraes de Sousa 
- Diretor de Procedimentos Acadêmicos • Stela Maria Cabral Domingos - Diretora Adjunta de Procedimentos Acadêmicos • Luciano Soares Leiro - Diretor de Estudos 
sobre Segurança Pública • Mauro Luciano Hauschild - Diretor de Estudos de Direito Previdenciário.
MEMBROS HONORÁRIOS
Voltaire Marensi • Arnoldo Camanho de Assis • Alexandre Camanho de Assis • Aureliano Albuquerque Amorim • Júlio César Lerias Ribeiro • Gorki Grinberg • João 
Carlos Medeiros de Aragão
As Câmaras Temáticas terão a atribuição de discutir temas específicos de cada área jurídica, elaborando projetos, artigos e promoção de debates e eventos para 
auxiliar o entendimento e implementação da legislação vigente. Além disso, representar a RIEX-DF e participar de eventos relacionados ao tema da câmara, bem 
como convidar especialistas para debates sobre os temas contemporâneos.
 
Neisser Oliveira Freitas - Presidente da Comissão de Direito Empresarial • Daniel Antônio Mendes dos Santos - Vice-Presidente da Comissão de Direito Empresarial 
• Rafael Carlos Araújo Moraes - Secretário Geral da Comissão de Direito Empresarial • João Francisco Mota Júnior - Presidente da Comissão de Direito Constitucional 
• Isabela Bueno de Sousa - Vice-Presidente da Comissão de Direito Constitucional • André Rodrigues Costa Oliveira - Presidente da Comissão de Direito Eleitoral • 
Gustavo Costa Bueno - Vice-Presidente da Comissão de Direito Eleitoral
Raimundo Nonato Sousa Castro - Presidente da Comissão de Direito Minerário • Daniel Cândido - Presidente da Comissão de Direito Internacional 
Luiz Eduardo Miranda - Vice-presidente da Comissão de Direito Internacional • Dra. Camila Maiara Leite - Presidente da Comissão de Mediação
Rafael Barbosa da Mota França - Vice-Presidente da Comissão de Mediação • Dra. Bruna Orlando - Presidente da Comissão de Mediação no Âmbito Internacional • 
Luiz Antônio Calháo - Presidente da Comissão de Direito do Trabalho • João Paulo Ornelas Freitas - Vice-Presidente da Comissão de Direito de Trabalho • Ricardo 
Cortês de Oliveira Braga - Secretário Geral da Comissão de Direito de Trabalho • João Paulo Ornelas Freitas - Presidente da Comissão de Estudos em Agronegócio • 
Bruno Caetano - Vice-Presidente da Comissão de Estudos em Agronegócio • Reginaldo de Almeida - Presidente da Comissão de Estudos Agrário e Fundiário • 
Andreia Mourão - Presidente da Comissão de Direito Imobiliário
Tatiana Lima • Vice-Presidente da Comissão de Direito Imobiliário • Helena Moreira Alves - Secretária Geral da Comissão de Direito Imobiliário
Renata Vilas Boas - Presidente da Comissão de Direito de Família • Flavia Nogueira de Siqueira Campos - Presidente da Comissão de Estudos sobre Compliance • 
Rafaela Caetano - Presidente da Comissão de Direito Tributário • Marescka Morena Santana - Presidente da Comissão de Ensino Jurídico  • Rafaela Caetano - 
Secretária Geral da Comissão de Estudos de Enfrentamento da Violência Doméstica e Familiar contra as Mulheres • Roberto Mariano de Oliveira Soares - Presidente 
da Comissão de Direito, Tecnologia e Inovação • José Carvalho - Presidente da Comissão de Ciências Criminais • Tábata Laís Sousa Silva - Vice-Presidente da 
Comissão de Ciências Criminais • Stela Maria Cabral Domingos - Secretária Geral da Comissão de Ciências Criminais • Bernardo Barcelos - Presidente da Comissão 
de Estudos sobre Gestão Pública • Carlos Henrique Alencar - Vice-Presidente da Comissão de Estudos sobre Gestão Pública • Lili Cruz - Secretária Geral da Comissão 
de Estudos sobre Gestão Pública • João Bezerra - Presidente da Comissão de Estudos sobre o Direito e a Psicologia • Jussara Orlando - Vice-Presidente da Comissão 
de Estudos sobre o Direito e a Psicologia • Alfredo Maranhão - Secretário-Geral da Comissão de Estudos sobre Direito e a Psicologia
Elias Pereira de Lacerda - Presidente da Comissão de Estudos sobre Prevenção e Intervenção ao Suicídio, Automutilação e Bullying • Sérgio Roberto Back - 
Presidente da Comissão de Arbitragem • Isabela Ramagem - Presidente da Comissão de Estudos de Métodos voltados para uma
Cultura de Paz • Raffael Teixeira Orlando - Vice-Presidente da Comissão de Estudos de Métodos voltados para uma Cultura de Paz • Helen Lima -
Presidente da Comissão de Estudos em Ética, Educação e Inclusão.
MEMBRO CONSULTIVO - Sérgio Fonseca Iannini
MEMBROS CONSELHEIROS
João Carlos Medeiros de Aragão • Leonardo Volpatti • Rossana Gemelli • Simone Bastos • Flávio Henrique Teixeira Orlando • Edmundo Viana Palhares • Fátima Teixeira 
Carmo e Sousa • Jussara Teixeira Orlando • Frederico Augusto Teixeira Orlando • Terezinha Teixeira Mendes.
EXPEDIENTE
DIRETORIA RIEX
CÂMARAS TEMÁTICAS (2018/2020)
SUMÁRIO
5
31
42
67
35
45
69
7 9
16
55
57
MAX TELESCA
ANA LUISA MOTA
RAIMUNDO NONATO 
SOUSA CASTRO
LUCINEIDE CRUZ
ANDRÉIA MOURÃO
LILI CRUZ
SÍLVIO PEREIRA
FABÍOLA ORLANDO
JOÃO BEZERRA
JUSSARA ORLANDO
HELEN LIMA
A CRISE DA NOVA 
ADVOCACIA E O 
NOVO PAPEL DA 
OAB
COMUNICAÇÃO 
ORGANI-
ZACIONAL 
E AS REDE 
SOCIAIS
A FRANCA 
EXTINÇÃO 
DO CAVALO 
LAVRADEIRO 
DE RORAIMA E 
ATUAÇÃO DA 
RIEXDF
O CAPITAL 
INTELECTUAL 
BRASILEIRO 
PRECISA 
DEIXAR SEU 
LEGADO
PRECONCEITO
RACIL
ADVOGADA 
DESTAQUE
RENATA 
VILAS-BÔAS
O DISTRATO E 
O EQUILÍBRIO 
NAS RELAÇÕES 
DE COMPRA 
E VENDA – 
ISSO, DE FATO, 
EXISTE?
ADMINISTRA-
ÇÃO 
PÚBLICA
DIREITO
A SER 
HUMANO
EDUCARCOM ÉTICA 
PARA A VIDA
A PSICANÁLISE
E O MUNDO 
DE HOJE
AS ADOLES-
CENTES E O 
ATO INFRA-
CIONAL
R E V I S TA E X C E L Ê N C I A J U R Í D I C A S E T E M B R O / O U T U B R O 2 0 1 8
Iniciamos uma nova gestão na Rede Internacional de Excelên-cia Jurídica do DF. Desde abril de 
2018, foram sendo integrados diver-
sos diretores consagrados em suas 
profissões, entre advogados de di-
versas áreas, juristas, psicólogos, pe-
dagogos, literários, comunicadores, 
professores, entre outras. Muitos 
projetos foram implementados com 
excelentes parcerias, como, Procon, 
CEJUSC, Defensoria Pública, Na Hora, 
Terracap, Centro Universitário Está-
cio, e entidades internacionais que 
multiplicaram as propostas idealiza-
das pelos novos diretores. 
Nesses tempos em que vive-
mos pelo mundo de manifestações 
de ódio, preconceito e violência, a 
RIEXDF buscou centrar o seu obje-
tivo na busca de uma Cultura de 
Paz, que em união com a prática 
moderna de não judicialização, 
impulsionou a criação de diversos 
Cursos, como de Negociação para 
Prepostos, de Negociação de Con-
flitos, de Mediação Extrajudicial, de 
Escuta Compreensiva, além de pa-
lestras como Mediação na Contem-
poraneidade, e de intervenção na 
violência intrafamiliar. A Cultura de 
Paz também se uniu à preocupação 
com a saúde mental da sociedade, 
como a implantação de cursos de 
Prevenção à depressão, automuti-
lação, bullying e suicídio. 
A RIEXDF visa, portanto, unir os 
profissionais do Direito e de diver-
sas profissões estimulando a troca 
de informações científicas e inter-
câmbio de experiências, que ates-
tem sintonia com os mais elevados 
valores de interesse da justiça e da 
sociedade. Com a ajuda dos novos 
diretores que agregaram novas ex-
periências e conhecimentos, e jun-
tamente com os parceiros da RIEX-
DF, pudemos oferecer à sociedade 
diversas propostas sociais: Brin-
quedoteca Solidária, Escola de Pais, 
Caminhada Passos que Salvam, Doe 
um Brinquedo e receba a Cultura de 
Paz, Metrô Solidário, Atendimento 
Psicológico de Prevenção e Inter-
venção na Violência Intrafamiliar, 
Atendimento Psicológico de Pre-
venção à Depressão, Automutilação, 
Bullying e Suicídio, Educar com Ética 
para a Vida, Roda de Conversa sobre 
a Importância da Mediação nas Pro-
fissões (Projeto nas Escolas).
Há muito ainda a ser feito e 
esse material tem a oportunidade 
de apresentar a visão, o conheci-
mento e a excelência profissional 
de alguns de nossos Diretores que 
enriquecem e abrilhantam a RIEX-
DF, sempre em busca da máxima 
excelência jurídica.
ANDRÉIA MORAES DE 
OLIVEIRA MOURÃO
EDITORIAL
UMA NOVA ERA
4
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MAX 
TELESCA
Nos últimos 20 anos hou-ve uma mudança radical no perfil da advocacia brasileira com a abertura 
indiscriminada de cursos jurídicos. 
Há no Brasil mais de 1.200 faculda-
des, contra 1.100 do resto do mun-
do. Estes números assustadores 
são o resultado de uma política 
pública de ensino equivocada for-
madora de um exército de 1.100.000 
advogados no país, a grande parte 
deles com muitas deficiências de 
formação. 
Ao longo da última década, a 
proliferação desenfreada dos cur-
sos jurídicos, em conjunto com a 
crise econômica, com a diminuição 
expressiva da oferta de concursos 
públicos e com o ingresso de no-
vas tecnologias de massificação 
do trabalho advocatício, produziu 
o fenômeno que temos chamado 
de “proletarização da advocacia”, 
que tem como base, sobretudo, um 
mercado absolutamente inchado, 
com excesso de oferta e, por con-
seguinte, honorários aviltados.
Há sete meses percorremos o 
Distrito Federal ouvindo a classe, 
DA NOVA ADVOCACIA E O 
NOVO PAPEL DA OAB
suas dores e angústias, e constata-
mos uma mudança radical no perfil 
da advocacia, hoje constituída de 
advogados jovens, pertencentes à 
classe média baixa com uma gran-
de parte deles, sem sequer ter onde 
atender clientes. Por outro lado, a 
instituição do processo eletrônico, 
o acesso maior aos recursos tec-
nológicos e à internet rápida, ba-
ratearam os custos, amenizando os 
impactos da crise.
E o papel da tradicional Ordem 
dos Advogados do Brasil neste 
novo cenário, onde se coloca? Tra-
dicionalmente a OAB, no tocante às 
questões de mercado de trabalho, 
comporta-se como uma entidade 
meramente cartorária, de fiscali-
zação disciplinar por meio do Tri-
bunal de Ética e Disciplina - TED 
e com raro apoio de formação e 
aperfeiçoamento na parte acadê-
mica, por meio da Escola Superior 
de Advocacia - ESA.
No entanto, o discurso e a prá-
tica clássica de não interferência 
nas questões mercadológicas, com 
o implemento desta nova realida-
de precisa mudar. Há uma neces-
A CRISE
Advogado, escritor, foi Diretor, Conselheiro e Presi-
dente do Tribunal de Ética da OAB/DF. É Presidente do 
Instituto de Popularização do Direito-IPOD, é candida-
to à Presidência da OAB/DF.
sidade de mudança e renovação 
no foco e nas diretrizes da entida-
de, que deve abandonar a inércia 
comissiva clássica e partir para o 
enfrentamento de um cenário que 
ajudou, com sua omissão, a cons-
truir. Há imensa responsabilidade 
da OAB na inserção, no coração 
e nas mentes dos advogados, da 
esperança de que a advocacia os 
5
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faria mudar de vida, no ingresso 
numa carreira clássica, nobre. 
Há responsabilidade também 
em virtude de algo bastante sim-
ples: o pagamento das anuidades. 
Para o perfil antigo da advocacia, 
mais rico e elitizado, a anuidade 
da OAB era apenas uma taxa que 
se pagava para ter “licença para 
advogar”. Para o perfil novo, mais 
empobrecido e popular, a anui-
dade deve ter uma significação 
prática de retorno do investimen-
to. Afinal, o que muda na vida do 
advogado se a OAB deixasse de 
existir hoje?
Alguns serviços são oferecidos 
há muitos anos, como o transporte 
pelas vans, ou convênios insuficien-
temente divulgados pela Caixa de 
Assistência. É uma atuação muito 
tímida pela dimensão atual da nos-
sa entidade, que conta com 60.000 
inscritos, 45.000 deles ativos. São 
parcos os serviços oferecidos consi-
derando o tamanho da responsabili-
dade dos dirigentes para com o novo 
perfil da advocacia 
Medidas de estímulo ao novo 
profissional da advocacia são ur-
gentes. A entidade que, teorica-
mente, tem como papel a defesa 
dos interesses dos advogados e do 
Estado Democrático de Direito deve 
vencer suas contradições internas e, 
de fato, ingressar com políticas de 
desoneração de custos dos jovens, 
tais como a criação de coworkin-
gs nas Subseções, a reversão da 
anuidade em serviços efetivos e a 
fiscalização dos tetos e filtros da 
Defensoria Pública e dos Núcleos 
de Prática Jurídica. Acerca deste úl-
timo ponto, é preciso esclarecer que 
a prestação gratuita da advocacia é 
extremamente necessária, porém 
para quem realmente precisa, sem 
deturpações ou abusos. 
A reversão da anuidade em 
serviços e a criação dos coworkin-
gs diminuiriam os custos enquan-
to que a fiscalização efetiva acima 
demonstrada aumentaria o mer-
cado de trabalho dos jovens ad-
vogados. É preciso compreender, 
dentro desta mudança radical do 
perfil da advocacia, que a OAB/DF 
deve voltar seus olhos para quem 
realmente mais precisa dela, que 
são os advogados menos favore-
cidos economicamente e empur-
rados para fora do mercado de 
trabalho.
Obviamente, a atuação da OAB 
em defesa das prerrogativas sem-
pre será, no nosso entendimento, a 
principal razão de existir da nossa 
entidade de classe, ao lado da de-
fesa das instituições democráticas. 
Entretanto, o desafio está lançado: 
o de promover a inclusão no mer-
cado de trabalho de milhares de 
advogados que hoje estão prati-
camente andando às cegas e sem 
qualquer amparo.
ADEMIDF.COM.BR
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ANDRÉIA MORAES 
DE OLIVEIRA MOURÃO
O mercado imobiliário vem enfrentando ao longo dos últimos cincoanos grave turbulência e sig-
nificativos prejuízos frente às rela-
ções obrigacionais inerentes à in-
corporação imobiliária (lançamento 
e venda de unidades imobiliárias 
em construção para entrega futura).
Tais percalços são comumente 
veiculados nos meios de informa-
ção e notícia de todo o país, sendo 
que um dos maiores exemplos do 
desequilíbrio entre a obrigação de 
construir e o respectivo pagamento 
do preço daquilo que o adquirente 
livremente contratou, é a quantida-
de de pedidos de desfazimento dos 
negócios de promessa de compra e 
venda, bem como as denominadas 
ações de rescisão contratual apre-
sentadas pelos adquirentes dessas 
unidades. 
Ocorre que tão necessário 
quanto buscar a salvaguarda das 
pretensões daquele que adquire 
um bem e, posteriormente, quebra 
a negociação livremente assumi-
da com o incorporador, tem-se o 
inarredável direito da coletividade 
E O EQUILÍBRIO NAS RELAÇÕES DE COMPRA
E VENDA - ISSO, DE FATO, EXISTE?
de adquirentes junto ao respectivo 
empreendimento imobiliário e, por 
óbvio, a proteção ao cumprimen-
to e conclusão do cronograma de 
obras e entrega do bem. Até por-
que, a proteção às relações con-
sumeristas visa tutelar a todos os 
participantes daquela relação que 
só poderá se aperfeiçoar, de forma 
legítima, com o cumprimento de 
todas as obrigações existentes por 
todos aqueles abarcados pela con-
tratação. 
Fato evidente dessas indicadas 
prerrogativas negociais, advém da 
Lei de incorporação imobiliária que 
assevera ao incorporador receber o 
integral preço por aquilo que con-
tratou, bem como indica mecanis-
mos à manutenção da coletividade 
de adquirentes tudo para que o fim 
maior pretendido, por toda e qual-
quer incorporação imobiliária, res-
te alcançado, qual seja: entregar as 
unidades imobiliárias dentro das 
condições e forma expressamente 
ajustadas entre as partes. Neste 
mesmo diapasão, o Código Civil 
estabelece, de forma inequívoca, 
que somente a parte lesada pelo 
O DISTRATO 
Assessora Jurídica da ADEMI-DF. Sócia fundadora do 
Escritório Mourão e Moraes Advogados Associados. 
Graduada em Ciências Jurídicas pela Universidade do 
Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS/RS. Pós-Graduada 
em Direito Imobiliário e Direito Administrativo. Mem-
bro da CDI - Comissão de Direito Imobiliário da OAB/
DF 2013 a 2015. Vice-Presidente da CDI no ano de 2015. 
Membro do Conselho Jurídico da Câmara Brasileira 
da Indústria da Construção Civil – CBIC. Coordena-
dora do Grupo de Trabalho Civil e Consumerista do 
CONJUR CBIC. Assessora Jurídica do SINDUSCON-DF 
1995 a 2013. Assessora Jurídica do SINFAC-DF. Árbitro 
da RIEX-DF. Consultora em Direito Imobiliário, Cons-
trução Civil e Incorporações da RIEX-DF (Rede Inter-
nacional de Excelência Jurídica) – SENSATUS (Câmara 
Internacional de Conciliação, Mediação e Arbitragem). 
Membro da Câmara de Desenvolvimento Urbano do 
CODESE-DF. Membro da Câmara de Paz e Não Judi-
cialização do CODESE-DF. Presidente da Comissão de 
Direito Imobiliário da RIEX DF. 
7
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inadimplemento pode pedir a re-
solução do contrato, se não prefe-
rir exigir o cumprimento, cabendo, 
em favor daquele que sofreu com o 
desfazimento ou inobservância da 
avença, a necessária indenização 
por perdas e danos. 
No entanto, a grande maio-
ria dos tribunais, adotando uma 
interpretação prejudicial aque-
les adquirentes adimplentes com 
suas obrigações de pagamento e 
ao empreendimento que necessita 
de tais recursos à sua consecução, 
simplesmente e sem qualquer 
comprovação efetiva de culpa ou 
descumprimento pelo incorpora-
dor, decreta o exaurimento da con-
tratação, como se o único intuito da 
celebração daquele negócio fosse 
dar ao adquirente a possibilidade 
de auferir ganho ou vantagem ile-
gítima e indevida, em flagrante de-
trimento do incorporador que fica 
a mercê da boa vontade ao cumpri-
mento das disposições expressa-
mente contratadas. Em não poucas 
vezes (para não se dizer na quase 
totalidade dos casos do Distrito 
Federal!), o incorporador fica sub-
metido à inacreditável supressão 
dos seus direitos à efetiva repa-
ração das perdas e danos oriunda 
da quebra contratual, para acor-
rentar-se na obrigação de restitui-
ção de, em regra, 90% dos valores 
pagos, independentemente se tal 
devolução se verificar para um, vin-
te, ou, então, para a quase integra-
lidade de adquirentes frente a um 
mesmo empreendimento imobiliá-
rio. Reflexo direto disto, tem-se que 
somente nos dois primeiros meses 
do ano de 2017, o distrato de imó-
veis residenciais de médio e alto 
padrão chegou ao percentual de 
53% das contratações havidas no 
referido período. 
Assim, não se pode olvidar que 
a admissibilidade à prática de, sim-
plesmente, rescindir por rescindir, 
em direta lesão e negativa de vi-
gência aos mecanismos de proteção 
legalmente dispostos à atividade da 
incorporação imobiliária, fez com 
que o mercado imobiliário de todo 
país mergulhasse na mais grave crise 
deste segmento que é responsável 
por significativa parcela de geração 
de emprego e renda, tanto de forma 
direta quanto indireta. 
E, foi exatamente em razão da 
desaceleração e das perdas reais 
do poder de as incorporadoras 
desenvolverem, de forma regular 
e com equilíbrio na equação eco-
nômico financeira que resta de-
lineada a cada empreendimento 
imobiliário, que o Governo Federal 
e o Legislativo buscam alternati-
vas à minimização dos impactos 
descritos. Alguns projetos de Lei 
estão na Câmara e Senado Fede-
ral, onde, em razão das apertadas 
linhas, é de se destacar projeto de 
Lei, em tramitação no Senado, que, 
se o adquirente de unidade imobi-
liária pretender a desconstituição 
do negócio, seja por ausência de 
condições de pagamento ou, en-
tão, por conveniência unilateral, 
poderá responder pela incidência 
de multa em razão do desfazimen-
to e perdas e danos em razão dos 
efeitos daí decorrentes. Neste par-
ticular, a Câmara Brasileira da In-
dústria da Construção – CBIC vem 
trabalhando na busca da legítima e 
equitativa possibilidade de reten-
ção do valor efetivamente pago a 
título de comissão de corretagem 
e percentual que, de fato, repre-
sente os danos inerentes ao desfa-
zimento do negócio. E, no caso de 
imóvel já entregue, a indenização 
pelo uso e fruição do bem; a dedu-
ção dos valores relativos ao IPTU e 
taxa condominial vencidos e não 
pagos; e, a responsabilidade pelos 
encargos verificados ao retorno do 
imóvel ao status quo ante à entre-
ga ao adquirente. O projeto pre-
vê a possibilidade, dentro daquilo 
que o Código Civil já autoriza, de, 
em estando contratado, admitir-se 
indenização suplementar, dentre 
outras questões trazidas com o 
objetivo, único e exclusivo, de se 
promover a necessária segurança 
jurídica às contratações e obrigató-
rio equilíbrio entre direito e obri-
gações das partes abarcadas pela 
relação negocial, não podendo se 
admitir que um contrato tão com-
plexo e com tantas variáveis como 
o de incorporação imobiliária seja 
aniquilado e subjugado a “contrato 
de investimento”. O equilíbrio nas 
relações de compra e venda, princi-
palmente, quando do desfazimento 
negocial deve, de fato e de direito, 
existir para ambas as partes. 
somente nos dois primeiros meses do 
ano de 2017, o distrato de imóveis resi-
denciais de médio e alto padrão chegou 
ao percentual de 53% das contratações
8
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FABÍOLA ORLANDO
O mercado imobiliário vem enfrentando ao longo dos últimos cinco anos grave turbulência e sig-
nificativos prejuízos frente às rela-
ções obrigacionais inerentes à in-
corporação imobiliária (lançamento 
e venda de unidades imobiliárias 
em construção para entrega futura).
O Direito a ser humano está na 
pauta das discussões contempo-
râneas: obriga-se a pensar na or-
ganização jurídica com a palavra 
de ordem da contemporaneidade: 
Cidadania. Cidadania que significa 
não-exclusão1. 
É,portanto, a valorização do 
sujeito de DIREITO em seu sentido 
mais profundo e ético. A inclusão 
e a consideração das diferenças 
como imperativo de democracia. 
Nesta perspectiva é fundamen-
tal que a interpretação dos dis-
positivos de Direito seja norteado 
pelo conhecimento interdisciplinar, 
ou seja, o direito à psicologia, à psi-
canálise, à sociologia e a conheci-
mento de outras áreas, que permi-
tirá que a aplicação de tais normas 
corresponda ao efetivo exercício 
A SER HUMANO
dos direitos subjetivos, fundamen-
tado no princípio da dignidade hu-
mana.
É importante a busca de um co-
nhecimento interdisciplinar para 
reconhecer a necessidade de ou-
tro olhar que nos leva a um for-
talecimento da identidade e a um 
redimensionar de cada disciplina, 
rumo a um novo horizonte episte-
mológico2 – o de ampliar os princí-
pios que regem os conhecimentos 
de cada área do saber.
O Ministro do Supremo Tribunal 
Augusto Cezar Peluso questiona que: 
Ninguém é dono de verdades ab-
solutas a respeito do homem, se é 
que seja este suscetível de verdades 
absolutas. De modo que tentar com-
preendê-lo em estado de sofrimento, 
como costuma apresentar-se aos 
profissionais do Direito, nos conflitos 
que lhe vêm da inserção familiar, é 
tarefa árdua e, para usar de parado-
xo, quase desumana, porque supõe 
não apenas delicadeza de espírito e 
disposição de ânimo, mas prepara-
ção e técnica tão vasta e apurada que 
já não entra no cabedal pretensioso 
de algum jurista solitário.
DIREITO
Advogada, Negociadora, Mediadora Judicial, Extraju-
dicial e Interdisciplinar; Graduada pela Universidade 
de Brasília-UNB; Pós-Graduada em Direito Ambiental 
e Recursos Hídricos pela Universidade Cândido Men-
des/RJ; Especializada em Direito de Família e Suces-
sões pela Universidade Cândido Mendes/RJ; Espe-
cialista em Violência Doméstica e Crianças abusadas 
pela Universidade de Connecticut – CT & International 
Women Center – EUA; Especializada em Arbitragem In-
ternacional; Especializada em Negociação Internacio-
nal; Consultora em Violência Doméstica -Danbury-CT; 
Sócia Administradora do Escritório Orlando, Castro, 
Silva, Advogados Associados; Presidente da Rede 
Internacional de Excelência Jurídica do Distrito Fede-
ral – RIEX/DF; Presidente do Centro de Excelência em 
Negociação, Mediação e Arbitragem - CENMA; Diretora 
de Mediação do Centro Internacional de Arbitragem e 
Mediação; Membro da Associação E-Justicia-Latinoa-
merica; Membro da Escola Judicial da América Latina; 
Vice-Presidente do Instituto Brasileiro de Desenvolvi-
mento Sustentável – IBRADES; Coordenadora de Cap-
tação do Hospital de Amor no Distrito Federal.
1 Para melhor análise verificar: Anais da Conferência Nacional da OAB.Foz do Iguaçu,set.1994, pág.8.
2 GROENINGA, Giselle Câmara. Direito e Psicanálise – Um Novo Horizonte Epistemológico. Anais IV Congresso Brasileiro de Direito de Família. Belo Horizonte, 2003, pág.249
9
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A psicanalista Giselle Groenin-
ga afirma que os pressupostos que 
formavam o que acreditávamos ser 
a base de nosso conhecimento têm 
se modificado.
Outros pressupostos surgem 
em um horizonte em que a crise é 
palavra corrente. Crise: estado de 
um sistema em que a mudança é 
iminente. Crise nas formas de or-
ganização social, crise nas insti-
tuições, crise na família. Vivencia-
mos uma crise paradigmática em 
que desponta uma emancipação 
da subjetividade. O caminho que 
se afigura é o de integração da 
subjetividade, de sua legitimação, 
trazendo uma nova consciência 
nos caminhos do saber. E, a partir 
da descoberta de Freud de um in-
consciente que é estruturado com 
um lógica própria3, tivemos acesso 
a outro sujeito além do Sujeito de 
Direito – O SUJEITO DO DESEJO.
Certamente, a crise das ciências 
humanas ocorreu em função da ex-
clusão da subjetividade no que acre-
ditávamos ser a objetividade cien-
tífica. Com a excessiva objetividade 
e a especialização, o conhecimento 
tornou-se esquizofrênico. Esquizo 
– aquele que tem pensamento frag-
mentado, que desconhece a realida-
de justamente por desconhecer-se 
em sua realidade de sujeito humano, 
realidade também constituída pela 
subjetividade e pelos afetos. 
O Direito passa pelo que pode-
mos chamar de crise, em que busca 
a inclusão dos excluídos no laço 
social - um período de descrenças 
nos afetos, como se fôssemos seres 
divididos – razão-emoção, e como 
se o pensamento se construísse 
independentemente do que lhe dá 
um sentido – SENTIMENTO.
Com isso, deixamos de lado a 
razão de nossas razões. E tentamos 
dominar nossa própria natureza, 
acreditando que a objetividade nos 
dá a ansiada segurança, diante do 
desconhecido, que é a aventura 
humana.Por isso perdemos de vista 
justamente o humano, esta combi-
nação de sentimento, pensamento, 
ação, nas semelhanças e diferen-
ças que nos são constitutivas.
Na realidade, a combinação da 
subjetividade e da objetividade, ao 
invés de estarem dissociadas em 
apanhados parciais dos relaciona-
mentos humanos, acaba por aten-
der à demanda de reconhecimento 
da dignidade humana, respeitan-
do o Sujeito em sua integridade, 
em vez de multilá-lo em aspectos 
que lhe são essenciais. O mediador 
deste diálogo é o humano, o que 
nos faz humanos4.
No Direito é evidente um movi-
mento em direção à humanização, 
na consideração do afeto como va-
lor jurídico, na consideração de uma 
relação de Sujeito de Direito. Da 
mesma forma, na Psicanálise, cada 
vez menos se considera uma rela-
ção hierárquica sanidade/doença, 
médico/paciente, dando-se impor-
tância à relação analista/analisan-
do, UMA RELAÇÃO SUJEITO –SUJEITO5.
Com a consideração do sujeito 
em sua integralidade, estamos aden-
trando no que podemos chamar de 
Direito a ser humano, considerando 
todos os níveis de nossa constitui-
ção: espírito, mente e corpo6. 
Podemos dizer que a oposição 
entre o sujeito e objeto, subjetivida-
de e objetividade distanciou a psi-
canálise e o Direito, como se fossem 
territórios reservados. Como se o 
desejo e a curiosidade fossem trans-
gressões às leis de cada disciplina. 
saber-se sujeito desejante, sujeito 
curioso, não implica romper com as 
leis, apenas buscar a legitimação da 
subjetividade na objetividade. 
Nesta investigação, envolven-
do o Direito e a Psicanálise, temos 
semelhanças e diferenças, encon-
tros e desencontros a respeito da 
verdade, da natureza, do valor do 
conhecimento, incluindo os obstá-
culos para atingi-los. Mas, afinal, o 
que o Direito tem a ver com a psi-
canálise e qual a contribuição des-
sa ciência para o Direito?
Em comum entre o Direito e a 
Psicanálise temos a necessidade 
de entendimento do conflito. 
Para o Direito uma pretensão re-
sistida, o conflito faz um barulho que 
deve ser silenciado.Para a Psicanáli-
se, o desenvolvimento do ser huma-
no se dá continuamente pelo confli-
to e pela transformação do mesmo, 
sendo este inerente à nossa nature-
za e constitutivo do ser humano. 
A sua resolução não implica em 
seu desaparecimento, e sim em sua 
transformação, em sua elaboração. 
É trazer uma resposta humanista à 
doce e selvagem sociedade depres-
siva que procura reduzir o homem 
a uma máquina sem pensamento 
nem afeto. Mas o homem é afeto, 
pensamento e afeição.
 A psicanálise procura justa-
mente a compreensão dos impas-
3 GROENINGA. Direito e Psicanálise – Um Novo Horizonte Epistemológico, pág.252.
4 Para melhor análise verificar sobre o tema: o cuidado e o afeto como valores jurídicos: Anais do IV Congresso Brasileiro de Direito de Família, Belo Horizonte, set.2003, pág, 253.
5 GROENINGA. Direito e Psicanálise – Um Novo Horizonte Epistemológico, pág.252.
6 GROENINGA. Direito E Psicanálise – Um Novo Horizonte Epistemológico, 252
10
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8 GROENINGA. Direito e Psicanálise – Um Novo Horizonte Epistemológico, pág.256.
9 GROENINGA. Direito e Psicanálise – Um Novo HorizonteEpistemológico, pág.256.
10 GROENINGA. Direito e Psicanálise – Um Novo Horizonte Epistemológico, pág.259.
11 FACHIN, Luiz Edson, Elementos críticos do direito de família: curso de direito civil, Rio de Janeiro, Editora Renovar, pag. 38.
ses da intersubjetividade e a dis-
tribuição de um novo sentido aos 
conflitos.Ambas as ciências privi-
legiam o discurso, a palavra, seus 
usos e interpretações, e os profis-
sionais que as realizam são profis-
sionais da escuta.
 A finalidade da psicanálise é 
contrapor à idéia de queda e de-
cadência, a de redenção do ser 
humano, pela ciência, pelo conhe-
cimento – pela análise de si, pela 
introspecção. 
Para pensar na constituição do 
ser humano e as relações, desde 
seu início, Freud buscou o mito do 
Édipo. Em suma este é o paradigma 
usado pela psicanálise para pensar 
o desenvolvimento do ser humano 
por meio da vivência da ambivalên-
cia afetiva originária – amor e ódio 
dirigidos aos pais. E é na família 
que aprendemos e elaboramos es-
ses sentimentos em maior ou me-
nor sintonia com o pensamento, a 
moral e a ética8.
A Psicanálise e o Direito consti-
tuem campos do saber que traba-
lham com a questão do sujeito; tanto 
o Direito quanto a psicanálise abor-
dam um só sujeito, visto como sujei-
to do direito e de desejo: Um só su-
jeito assujeitado a campos do saber 
até recentemente estanques, que 
encontra na conjugação das duas vi-
sões uma possibilidade de certo res-
gate de sua integridade, a visão do 
sujeito de direito desejante9.
 Ambas as disciplinas tem tam-
bém em comum a busca da ver-
dade das relações, busca que não 
pode deixar de lado as razões da 
nossa razão e de nossa desrazão. 
Essa busca pede a imparcialidade 
não entendida como neutralidade, 
mas a imparcialidade de um olhar 
e uma escuta sensível à interrela-
ção entre a objetividade e a subje-
tividade. 
Para o Direito, a proposta é que 
a subjetividade possa encontrar uma 
via de reinscrição na compreensão 
da relação dos indivíduos, sujeitos 
e operadores do direito com a lei, e 
por sua vez, resgatar o significado do 
simbólico desta e a origem de sua 
legitimidade psíquica, que lhe con-
ferem, subjetiva e objetivamente, o 
poder e a autoridade. Os caminhos 
não só passam pela minoração da 
distância entre o Direito e a Psicaná-
lise, mas em relação a outras disci-
plinas e à coletividade.
Como bem ressaltou Groeninga, 
uma das contribuições da Psicaná-
lise é a de buscar apontar as rela-
ções sintônicas e distônicas10 entre 
pensamento e sentimento – os afe-
tos – entre o desejo e a repressão, 
e como tais disjunções podem afe-
tar o conhecimento. 
Nesta busca da humanização 
do sujeito dirigimos, cada vez mais, 
para a ampliação da compreensão 
das relações entre o sentimento, o 
pensamento e a ação. Dirigimo-nos 
cada vez mais a buscar o ser ético. 
Ser que leva em consideração ao in-
dividual, sem perder de vista o cole-
tivo, ser que tem à disposição seus 
recursos egóicos e exerce a respon-
sabilidade e a autonomia. Somos 
seres complexos que, quando con-
fusos, buscamos na simplificação 
um alívio para angústia em ser hu-
mano. E a parte mais complexa está 
em nossos afetos, responsáveis pe-
las imprecisões de linguagem. Na 
tentativa de simplificar e mesmo de 
nos afastar dos afetos, buscamos a 
objetividade e um ideal de neutrali-
dade, que nas ciências exatas já não 
mais se mantém.
Neste novo horizonte do Direi-
to, tem merecido cada vez mais a 
atenção o conceito de dignidade 
humana – na busca de considera-
ção de todos os níveis que consti-
tuem o ser humano - do que é mais 
objetivo, o exterior, aferido pelos 
sentidos – ao que é mais subjetivo 
– o interior. Ao falarmos de digni-
dade humana, estamos justamente 
abordando a utilização de nossos 
sentimentos na interpretação do 
que remete à essência comum.
O escopo final do operador do 
Direito é exercer uma missão que 
extrapola as questões unicamente 
jurídicas, na medida em que sua atu-
ação é uma experiência relacional. 
Seu papel vem imantado de signifi-
cação além do discurso real das cau-
sas e motivos apresentados, sendo 
necessário descobrir a realidade da 
mensagem inconsciente que subjaz 
disfarçada no discurso.
A teoria de governo de virtude 
cívica ensina que melhores pessoas 
fazem melhores cidadãos e que me-
lhores cidadãos produzem governos 
e sociedades melhores. Famílias me-
lhores, é claro, produzem melhores 
indivíduos que são melhores cida-
dãos. As famílias podem viver sem a 
sociedade, mas nenhuma sociedade 
estável e duradora pode existir sem 
a família. A família é a própria se-
menteira da democracia.”11.
11
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DORIS T. P. C. 
DE MIRANDA COUTINHO
A responsabilidade públi-ca, cuja gênese decorre da dessacralização do poder e do desenvolvi-
mento das noções de representa-
tividade (MOREIRA NETO, 2011, p. 
51), infunde no Estado seu compro-
misso com a sociedade. É somente 
nela que se encontra a fonte da le-
gitimidade do poder político, e não 
o contrário: os representantes são 
agentes da sociedade no Estado, e 
não agentes do Estado. Portanto, 
mediante a ideia de representação, 
inverte-se a perspectiva das ativi-
dades públicas, adquirindo relevo 
a vontade popular em seu conteú-
do decisório.
Pode-se vislumbrar duas ruptu-
ras nas condições jus-políticas da 
sociedade, originando novas de-
mandas e renovando os condicio-
INTERGERACIONAL DAS 
FINANÇAS PÚBLICAS
namentos à institucionalidade do 
Estado: a diversificação econômica1 
e, em seguida, a publicização de 
interesses plurais2. À primeira, cor-
respondeu a ascensão das variadas 
manifestações do Estado Social, 
cuja ação, para além dos valores li-
berais já consolidados em momen-
to anterior, é orientada a conferir 
efetividade a direitos coletivos; à 
segunda, correspondeu ao deline-
amento de um Estado Democrático 
de Direito3.
E porque, afinal, são feitas es-
tas ressalvas? Porque, em paralelo 
à reforma da ideia de representa-
ção, surgindo com especial força 
nos tempos atuais4, promove-se 
o remodelamento dos vínculos de 
controle da sociedade com o Esta-
do, e deste internamente. O apro-
fundamento dos conflitos sociais, 
RESPONSABILIDADE
Doris de Miranda Coutinho é Conselheira do Tribunal 
de Contas do Estado do Tocantins. Doutoranda em Di-
reito Constitucional pela Universidad de Buenos Aires 
– UBA. Membro honorário do Instituto dos Advogados 
Brasileiros – IAB (desde 2015) e membro efetivo do 
ICGFM – Internacional Consortium on Governmental 
Financial Management. Autora do livro “O ovo da ser-
pente: as causas que levaram a corrupção a se alas-
trar pelo Brasil”, da Editora Fórum. É especialista em 
Política e Estratégia Nacional pela Universidade do 
Tocantins. Possui MBA em “gestão pública com ênfase 
em controle externo”, pela Universidade do Tocantins. 
Graduou-se em Direito
1 Por pluralização econômica, está-se a mencionar a ampla segmentação da sociedade decorrente da industrialização, que aprofundou a conflitividade de interesses 
econômicos contrapostos. Neste cenário, a ascensão de direitos sociais vocaciona o Estado a funções, para além das já realizadas, de planificar, regular e controlar a vida 
econômica.
2 A ampliação gradativa da liberdade política, incorporando em seu processo todos os agentes sociais, ocasionaram um alargamento dos temas políticos. Neste sentido, muito 
embora já existisse uma pluralidade de interesses em momentos anteriores, estes passaram a participar da pauta deliberativa pública apenas com a instituição de um “Estado 
pluriclasse”: “na sociedade de classes, os indivíduos se reúnem em grandes grupos de interesses predominantes; enquanto nas sociedades pluralistas, os indivíduos titularizam 
interesses simultâneos, enquadráveis em grupos de pressão distintos, que produz diversificadas situações jurídicas e políticas” (MOREIRA NETO, 2018, p. 25).
3 A singularidade do EstadoDemocrático de Direito é a pluralização das fontes de poder e de direito, não mais concentradas apenas no Estado. Este, ante a consolidação 
de uma ordem social aberta, passa a incorporá-la em sua atividade como instrumento a conferir precisão à deliberação final.
4 O aperfeiçoamento dos meios de comunicação intensifica a conflitividade dos interesses sociais, vez que possibilita que os mesmos sejam articulados em grupos de 
pressão, de informação e de convívio, vocacionados ao convencimento acerca das ideias e valores que defendem. Não sem motivo, em paralelo aos poderes instituciona-
lizados, ascendem os “contrapoderes” (MOREIRA NETO, 2011, p. 53).
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próprios de uma “sociedade de 
risco” (TORRES, 2001, 135-138), re-
dimensiona a necessidade de con-
trole sobre o Estado, refundando-o 
sob quatro reclames fundamentais: 
eticidade, transparência, participa-
ção e eficiência.
Agravando-se o cenário, é da 
própria essência da elaboração das 
políticas públicas5 elencar interes-
ses prioritários, contemplando-os 
em detrimento de outros. Porém, 
em um ambiente de escassez de re-
cursos6, passa-se a lidar com uma 
insegurança mais ampla que a in-
segurança jurídica tradicional, vis-
to que abarca a própria realidade 
material de viver-se socialmente. 
No entanto, sendo a vida em so-
ciedade uma realidade inescapável 
e ante a finitude dos recursos, a 
discussão que se coloca é: pode a 
geração atual obstar o desenvolvi-
mento da seguinte?
A solidariedade decorrente do 
existir socialmente instrui uma 
nova forma de responsabilidade: a 
responsabilidade intergeracional. 
Trata-se de um dever que se pro-
longa no tempo e alcança o “direito 
ao futuro” (FREITAS, 2012, p. 73), afi-
nal não pode o presente inviabili-
zar os direitos fundamentais, ainda 
que de gerações supervenientes. 
Por isso, o desenvolvimento de 
que trata a Constituição Federal de 
1988, em seu artigo 3º, é, à rigor, um 
desenvolvimento sustentável. Ou 
seja, uma realidade que se alicerce 
intertemporalmente.
O problema da sustentabilida-
de, entretanto, extrapola a pers-
pectiva ambiental, como em geral é 
abordado, apresentando-se como 
uma realidade multidimensional, 
em cujo âmbito também se insere 
a realidade financeira pública. O 
que são os déficits públicos senão 
contas a serem pagas amanhã? Os 
recursos públicos (pecuniários) são 
finitos e, quando do seu gasto, a 
coletividade compartilha não so-
mente o bônus (utilidades mate-
riais auferidas), como também os 
seus malefícios (ineficiência; favo-
recimentos; desvios de recursos).
Fala-se, atualmente, no direito 
fundamental à boa administração 
(FREITAS, 2015, p. 118) que, dentre 
os múltiplos efeitos jurídicos ge-
rados, três se correlacionam com a 
responsabilidade intergeracional: a 
garantia de ter uma administração 
transparente, sustentável e previ-
dente. Apenas mediante um plane-
jamento eficiente da Administração 
pública, de médio e longo prazo, 
será alcançado um desenvolvimen-
to sustentável. Mas, afinal, porque 
ainda remanesce resistência em fa-
lar da sustentabilidade sob a pers-
pectiva do controle?
O primeiro obstáculo é a abor-
dagem vaga que se deu ao tema. 
Desenvolver-se sustentavelmente 
implica atender as necessidades 
presentes em tripla dimensão, am-
biental, social e econômica, sem 
descurar do seu vínculo com o 
futuro. No bojo desta realização, 
encontram-se aspectos de ordem 
jurídica, fiscal e financeira. Para al-
cançar-se o equilíbrio das contas 
públicas é indispensável que se 
vislumbre a necessidade de sus-
tentabilidade fiscal, em cuja mis-
são o controle externo é essencial.
O orçamento público no Brasil, 
nas três esferas federativas, é uma 
peça fictícia, quando, em realidade, 
seria por meio dela que a sociedade 
deveria definir as suas prioridades 
presentes e o legado deixado ao fu-
turo - que tanto pode ser a liberdade 
para viver o próprio projeto (a sus-
tentabilidade), como a sobrecarga 
de um super-endividamento, her-
dado (ou seja, a insustentabilida-
de). A construção de uma sociedade 
solidária, como determina o man-
damento republicano, obviamente 
não comporta um endividamento da 
magnitude que hoje se apresenta. 
No entanto, apenas o enxugamen-
to significativo das despesas públi-
cas solucionaria o problema? Não. 
Trata-se de transformar um gasto 
inconsequente em um gasto respon-
sável e, para isto, planejamento e 
transparência na execução são fun-
damentais. Afinal, o planejamento é 
justamente a vinculação do gestor 
5 É ínsita à atividade governativa a delimitação de preferências políticas, não sem motivo sua realização (iniciativa e deliberação) permanecem, em regra, na competência de 
instituições eletivas; já o controle, não, vez que este possui uma natureza não apenas política: é também técnica.
6 Escassez de recursos não apenas econômicos. Passa-se a conviver cada vez mais com o risco de não ter recursos naturais suficientes às demandas humanas.
Por isto, não basta repensar o modelo 
atual de gestão pública. Há que refor-
mular o próprio modelo de controle 
exercido pelas Cortes de Contas.
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público com as consequências sistê-
micas de sua atividade.
Da perspectiva do controle exter-
no, no entanto, as Cortes de Contas 
não têm demonstrado preocupações 
suficientes, ou ao menos efetivas, 
que mostrem resultados concretos 
com relação a sustentabilidade no 
âmbito fiscal, nas diretrizes que in-
duzam a durabilidade das políticas 
e o comprometimento com a soli-
dariedade entre as gerações. Para 
tanto, deveria o Tribunal de Contas 
possuir uma atuação para além das 
contas, forçando os agentes políti-
cos do Executivo a pensarem a longo 
prazo, muito embora sua permanên-
cia no cargo seja de apenas quatro 
anos, ou oito, caso reeleitos.
Por isto, não basta repensar o 
modelo atual de gestão pública. Há 
que reformular o próprio modelo 
de controle exercido pelas Cortes 
de Contas, de modo que recebam 
efetividade e assumam a condi-
ção de indutores do princípio da 
sustentabilidade. O ideal de uma 
fiscalização pra além do mero con-
trole formal. Importa, portanto, 
sair da clássica análise formal das 
prestações de contas, característi-
ca de um modelo burocrático, onde 
se busca simplesmente detectar 
desvios e responsabilizar o gestor 
diante da análise do princípio da 
legalidade estrita, e deixa-se de 
lado a análise dos resultados obti-
dos, tendo como perspectiva a sus-
tentabilidade das contas públicas.
REFERÊNCIAS
FREITAS, Juarez. Políticas públicas, avaliação de impactos e o direito fundamental à boa administração. In: Se-
quência (Florianópolis), n. 70, p. 115-133, jun. 2015. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/seq/n70/0101-9562-
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____________. Sustentabilidade: direito ao futuro. 2. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2012.
MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Administração Pública no Estado Contemporâneo – eficiência e controle. 
In: Revista de Informação Legislativa, v. 30, n. 117, p. 23-56, jan./mar. 1993. Disponível em: <http://www2.senado.
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____________. Democracia e contrapoderes. In: Revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, v. 258, p. 47-80, 
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TORRES, Ricardo Lobo. O princípio da transparência no direito financeiro. In: Revista de Direito da Associação dos Procuradores do Novo Estado 
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JUSSARA TEIXEIRA 
ORLANDO
Transmitir aquilo que a psicanálise diz respeito não é uma tarefa nada fácil; sobretudo porque a 
objetividade tão cara do discurso 
científico é impotente para abordar 
a complexidade do (discurso) psi-
quismo humano. Não foi por acaso 
que Freud, o inventor da psicanáli-
se, valeu-se inúmeras vezesda arte 
da literatura, da mitologia, da filo-
sofia, entre muitos outros recursos, 
para explicitar seus pressupostos. 
É como se encontrasse neles, vias 
para mostrar a dimensão do indizí-
vel, do que escapa à possibilidade 
de ser abordado pelo universo da 
lógica da consciência.
A contemporaneidade se reve-
la como uma fonte permanente de 
surpresa para o sujeito, que não 
consegue se regular nem se anteci-
par aos acontecimentos, que como 
turbilhões jorram de maneira dis-
seminada ao seu redor onde quase 
tudo se revela de maneira imprevi-
sível e intempestiva. O efeito mais 
evidente disso, no sujeito, é a ver-
tigem e a ameaça do abismo. Como 
o improvável quase sempre por 
acontecer, subvertendo-nos, isso 
nos faz vacilar em nossas certezas.
Assim, as mais diversas escalas 
e dimensões da experiência são 
permanentemente perpassadas 
pela surpresa e pelo improvável. 
Nos registros da economia, da polí-
tica, das ciências, das artes e da co-
tidianidade, o sujeito se choca com 
o imprevisível que o desorienta. 
Assim, podemos dizer que tanto no 
registro coletivo como individual, 
nas escalas local e global, a subje-
tividade foi virada de ponta cabeça.
Essa transformação fundamen-
tal propões uma mudança nas 
formas de mal-estar presentes na 
contemporaneidade.
A leitura do mal-estar é o leme 
que nos indica uma direção segu-
ra para as transformações. Ao lado 
disso, nos permite contrastar o mal-
-estar que se evidenciava na mo-
dernidade e aquele que ocorre na 
contemporaneidade. Isso porque o 
mal-estar é o signo privilegiado e 
a caixa de ressonância daquilo que 
se configura nas relações do sujei-
to consigo mesmo e com o outro, 
revelando assim, as coordenadas 
cruciais que seriam constitutivas da 
experiência subjetiva. Vale dizer, é 
preciso delinear diferencialmente a 
condição do sujeito na modernida-
de e na atualidade, pela leitura de 
suas respectivas modalidades de 
A PSICANÁLISE
Psicóloga, Psicanalista, Psicodramatista, 
Psicoterapeuta de casal e família e 
Mediadora familiar.
E O MUNDO DE HOJE
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mal-estar. É certo que, as formas de 
estruturação do sujeito se eviden-
ciam melhor pela capacitação de 
suas formas de padecimento.
Se em outros momentos da his-
tória da humanidade o homem ape-
lava a outros valores para se haver 
com as dificuldades da vida – como 
a constituição da lei, a fé em Deus, 
as luzes da razão - , na contempo-
raneidade parece ser o anseio de 
criar laços, de comunicar-se, que o 
homem aspira a encontrar salvação 
para suas dificuldades e, sobretu-
do, para o seu desamparo. Ancora-
das uns nos outros buscamos obter 
algum apoio, mesmo que o outro 
ao qual nos ligamos esteja nas 
mesmas condições de desamparo 
como nós mesmos.
Esse apelo a se ligar aos outros 
participa obviamente da história da 
humanidade, mas o que nos cha-
ma a atenção aqui é o fato de, na 
contemporaneidade termos infla-
cionado essa estratégia. Assim, as 
pessoas recorrem mais facilmen-
te a alguém a alcance da mão, ou 
ao alcance da linha telefônica, do 
templo religioso para se amparar.
Foi a inquietação da falta vivi-
da na contemporaneidade como 
falta de amor, de insatisfação se-
xual, que deu origem à invenção 
da psicanálise. A psicanálise veio 
servir para tratar dos impasses 
decorrentes disso. Cedo, Freud 
percebeu que aquilo que fazia 
sofrerem as mulheres que ele 
atendia, e lhes fazia produzir sin-
tomas inexplicáveis aos olhos dos 
médicos de seu tempo, não eram 
senão diferentes expressões de 
um mal inexorável de amor. Logo, 
ele se deu conta, também, de que 
o tratamento para isso passava 
com a fala, pelos efeitos do acio-
namento desse fantástico dispo-
sitivo que é a fala. Através dela, 
nos incluímos nessa rede que nos 
envolve e tenta nos articular uns 
com os outros.
Não existem dúvidas sobre as 
mudanças nas formas de mal-estar 
na contemporaneidade, em con-
traste patente ao que nos descre-
via de maneira cortante o discurso 
Freudiano.
O quadro hoje é outro, existe, 
com efeito, uma transformação nas 
formas de mal-estar, que é reco-
nhecida pelos discursos psiquiátri-
co e psicanalítico.
A psicanálise foi surpreendida 
pelas transformações em curso, 
e o que precisa ser reconhecido 
é o ponto de chegada de um lon-
go processo de mudança da sub-
jetividade, que tal transformação 
histórica se funda em operadores 
políticos/sociais e simbólicos que 
subverteram o campo dos saberes 
e dos valores de forma radical. De 
tudo isso resulta uma outra pro-
blemática que se impõe na leitura 
do mal-estar. E por esse viés que 
o mal-estar se transformou numa 
indagação ética para a leitura das 
subjetividades contemporâneas.
É verdade que desde a invenção 
da psicanálise até agora muita coi-
sa mudou. Mudaram os costumes, 
a sociedade certamente não é mais 
a mesma, diferentes recursos para 
se lidar com a vida domina a cena 
contemporânea.
Assim, diante da compatibili-
dade entra a natureza da inquie-
tação que domina a cena atual e a 
natureza da invenção psicanalíti-
ca, esta última continua sendo um 
recurso privilegiado em nossos 
tempos. Com isso, quero dizer que 
diante dos inúmeros sintomas 
decorrentes do mal de amor, que 
constitui a tônica do mal-estar da 
atualidade, a psicanálise apre-
senta-se com opção para tratar 
dessa questão no que se refere a 
maneira de lidar com as inquieta-
ções amorosas, as mudanças são 
acessórias, não fundamentais, daí 
a pertinência da presença da psi-
canálise.
A psicanálise foi 
surpreendida pelas 
transformações em curso
REFERÊNCIAS
Freud, “Novas Conferências de Introdução à Psicanálise” (1933, ESB, volume 22)
Pontalis, Jean Bertrand :Freud, Sigmund, 1856-1939- O mal-estar na civilização (1929)
Birman, J. Mal-estar da atualidade a Psicanálise e as formas de subjetivação 
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000
Rosolato, G., a Força do Desejo. O âmago da Psicanálise, Rio de Janeiro. Jorge Zahar
Birman, J., O Sujeito na Contemporaneidade, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2012
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GILDO ALVES 
DE CARVALHO FILHO
T rata-se de um relato de experiência do Tribunal de Justiça do Amazonas, cujo objetivo é descrever as 
práticas em Mediação e Conciliação 
vivenciadas no Centro Judiciário de 
Solução Consensual de Conflitos 
(CEJUSC) das Varas de Família e no 
Polo Avançado. Os resultados evi-
denciaram que o Sistema Multipor-
tas e o uso de métodos adequados 
de resolução de conflitos vêm favo-
recendo o acesso facilitado à Justiça 
e o encaminhamento dos interessa-
dos à via adequada para solução de 
seus interesses, ou seja, a porta ide-
al, contribuindo ainda, para a distri-
buição de cidadania plena. 
Ressalta-se que a primeira re-
ferência ao Sistema Multiportas 
(Multidoor Courthouse System) foi 
em 1976, intitulada como “alterna-
tiva diante das insuficiências das 
práticas da justiça até então reali-
zadas nos Estados Unidos, as quais 
não atendiam satisfatoriamente às 
pessoas que buscavam um amparo 
judicial” (SPENGLER; GIMENEZ, 2015, 
p.109). O Fórum de Múltiplas Portas 
ou Tribunal Multiportas constitui 
SEM PAREDES: A MEDIAÇÃO COMO VETOR DE 
DISTRIBUIÇÃO DE JUSTIÇA, NA PERSPECTIVA DO 
CIDADÃO, NO ÂMBITO DO JUDICIÁRIO AMAZONENSE.
“uma forma de organização judici-
ária na qual o Poder Judiciário fun-
ciona como um centro de resolução 
de disputas, com vários e diversos 
procedimentos, cada qual com suas 
vantagens e desvantagens, que de-
vem ser levadas em consideração, no 
momento da escolha, em função das 
características específicas de cada 
conflito e das pessoas nele envolvi-
das” (LUCHIARI, 2011, p. 308-309).
Regionalizando o cenário ex-
posto, desenvolveu- se o conceito 
da “Casa sem paredes”, que apre-
senta uma leitura da realidade 
das famílias amazonenses que, no 
passado, eram compostas por in-
dígenas, que viviam em habitações 
coletivas conhecidas como malo-
cas. Estasmoradas possuem um 
espaço de convívio coletivo sem as 
paredes, contendo somente o as-
soalho e o telhado confeccionado 
em palha natural, sendo um espaço 
de encontro familiar e comunitário. 
É característica cultural da região, 
que o caboclo, povo amazonense 
que vive fora dos centros urbanos, 
receba de forma acolhedora seus 
visitantes, independente de sua 
A CASA
Juiz Coordenador do NUPEMEC/TJAM; Presidente do 
IBDFAM-AM; Mestre em Mediação e Negociação, pelo 
Institut Universitaire Kurt Bösch - I.U.K.B. Suiça; e-mail: 
gildo.carvalho@tjam.jus.br.
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condição social e cultural, ofere-
cendo-lhe leito de descanso e ali-
mentação. 
Portanto, é neste contexto, que 
o Centro Judiciário de Solução Con-
sensual de Conflitos (CEJUSC) Polo 
Avançado, desenvolve uma inovado-
ra abordagem de conflitos, na forma 
pré e endoprocessuais, com uma 
percepção do fenômeno sociológico 
e interdisciplinar dos muitos aspec-
tos da vida contemporânea.
As peculiaridades do público 
atendido exigem respeito à ques-
tão socioambiental e seus impactos 
na família, aos aspectos da cultu-
ra amazônica e sua interface com 
a vida em sociedade, à cultura dos 
povos tradicionais ribeirinhos e/ou 
indígenas e sua influência na dinâ-
mica familiar, à sustentabilidade 
econômica, social, ecológica, cultural 
e principalmente às correlações com 
a questão da cidadania e justiça no 
âmbito do direito de família.
O CEJUSC Polo Avançado é um 
Programa de responsabilidade 
social do Tribunal de Justiça do 
Estado do Amazonas, em coope-
ração técnica com a Universidade 
Federal do Amazonas, Universida-
de Estadual do Amazonas, Ministé-
rio Público e Defensoria Pública. A 
equipe é composta por profissio-
nais e acadêmicos das ciências do 
Direito, Serviço Social e Psicologia, 
que realizam as atividades volta-
das às sessões de Mediação e Con-
ciliação, bem como, a distribuição 
de cidadania plena aos usuários 
que padecem de apoio no âmbito 
do poder judiciário, em suas ques-
tões de relacionamento familiar 
ou nas relações de consumo, como 
forma de alcançar um saudável 
convívio social.
Diante deste cenário atual, 
identifica-se que o Poder Judiciário 
vem redimensionando suas fun-
ções e implementando novas práti-
cas e políticas que inauguram uma 
nova forma de relacionamento com 
seus jurisdicionados.
Observa-se que as novas po-
líticas estimulam a prestação ju-
risdicional em tempo razoável, 
utilizando um procedimento mais 
dinâmico e sem a austeridade do 
tecnicismo processual, levando a 
justiça para perto de quem precisa. 
Ao longo da prática, vem se ob-
servando o aumento da satisfação 
dos usuários diante dos procedi-
mentos jurídicos e seus resultados, 
sendo identificado ainda, que os 
casos solucionados pela mediação 
e conciliação têm elevado o índi-
ce de cumprimento dos acordos, 
quando comparado com as deci-
sões judiciais. 
Portanto, ao apresentar as 
questões de conflito, os partici-
pantes são convidados a assumir a 
responsabilidade pela escolha do 
melhor caminho para a administra-
ção do problema, tornando-se pro-
tagonistas, na tomada de decisão.
Neste sentido, destaca-se a par-
ticipação da equipe psicossocial do 
CEJUSC, formada por profissionais 
e acadêmicos da área de Psicologia 
e Serviço Social, que pautam suas 
intervenções em princípios téc-
nicos e éticos, a fim de contribuir 
com a transformação positiva da 
realidade familiar apresentada pe-
los usuários. Dentre as atividades 
realizadas, destacam-se: o acolhi-
mento, a participação em audiên-
cia, abordagem ampliada e as ofi-
cinas de parentalidade e divórcio.
O acolhimento, a psicoeduca-
ção e a socioeducação visam anfi-
triar os interessados em sua che-
gada ao setor e orientá-los antes 
da audiência, caso haja dúvidas, 
quanto às características de uma 
audiência de mediação e concilia-
ção, e esclarecer dúvidas gerais so-
bre a guarda compartilhada entre 
outras, estimulando-os a assumir 
uma postura colaborativa em con-
traposição à competitiva. 
Outra forma de intervenção é 
a participação em audiência, ten-
do em vista que nesta ocasião, os 
interessados podem apresentar 
profunda mobilização emocional 
diante das questões levantadas 
ou ter dúvidas passíveis de serem 
esclarecidas mediante o uso do co-
nhecimento científico da Psicologia 
e do Serviço Social. Nestes casos, é 
informado aos interessados sobre 
a existência da equipe técnica e 
sobre a possibilidade de inserção 
desta na audiência, a fim de pres-
tar os serviços cabíveis. Caso haja 
interesse, a equipe é acionada.
Conclui-se que a riqueza do 
programa está no compromisso 
institucional em proporcionar ci-
dadania plena ao cidadão, que vai 
além da resposta técnico-jurídica, 
procurando atender as necessida-
des identificadas, através da pers-
Conclui-se que a riqueza do 
programa está no compromisso 
institucional em proporcionar 
cidadania plena ao cidadão
19
pectiva do usuário, tornando-o 
protagonista na resolução de suas 
demandas. Insta mencionar os be-
nefícios percebidos também pela 
articulação do CEJUSC Polo Avança-
do com a rede de proteção integra-
da responsável pelo serviço ou pro-
grama de atendimento respectivo, 
na esfera pública ou terceiro setor. 
A partir da experiência exitosa 
mencionada, a sistemática do Tri-
bunal Multiportas (A casa sem 
Paredes) vêm se expandindo no 
Amazonas e com o apoio do Núcleo 
Permanente de Métodos Consensu-
ais de Solução de Conflitos – NU-
PEMEC, outros CEJUSC`S estão sen-
do idealizados e implementados 
na capital e interior, simbolizando 
“novas portas” de Justiça e Cidada-
nia para a população amazonense.
REFERÊNCIAS
CNJ. Resolução nº 125, de 29 de novembro de 2010, do Conselho Nacional de Justiça. Disponível em: www.cnj.jus.br. Acesso em: 25/07/2017.
GABBAY, Daniela Monteiro. Mediação & Judiciário no Brasil e nos EUA: Condições, Desafios e Limites para a institucionalização da Mediação no 
Judiciário. Brasília: Gazeta Jurídica, 2013. 335 p.
LUCHIARI, Valeria Feriolo Lagrasta. Histórico dos métodos alternativos de solução de conflitos. In: GROSMAN, Claudia Frankel; MANDELBAUM, 
Helena Gurfinkel (Org.). Mediação no judiciário: teoria na prática. São Paulo: Primavera Editorial, 2011, 283-320.
SPENGLER, Fabiana Marion; GIMENEZ, Charlise P. Colet. O fórum múltiplas portas e o adequado tratamento do conflito: um estudo de caso – La-
gos/Nigéria. Disponível em: www.ojs.unifor.br/index.php/rpen/article. Acesso em: 23/out/2016.
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FABIOLA ORLANDO
A nova proposta paradig-mática do sistema de justiça criminal é pelo reconhecimento do cri-
me como um conflito humano, que 
gera outras expectativas, além do 
mero castigo ou da satisfação da 
pretensão punitiva estatal. A mu-
dança reclamada é por um novo 
modelo de justiça penal, mais hu-
mano e integrador, que contemple 
o delito como um problema social 
e comunitário, capaz de responder 
às demandas legitima de todos os 
implicados no fenômeno criminal: 
a reparação em favor da vitima, 
cujo protagonismo foi redescober-
to: a reintegração do ofensor e uma 
eficaz politica criminal prevencio-
nista1. É o desenvolvimento de uma 
nova cultura, resistente às praticas 
simplificadoras de combate à cri-
minalidade – seja a da violência 
estatal em resposta a violência do 
ofensor, e, no outro extremo, do 
permissivo que impede a sua res-
ponsabilização.
Atualmente, as respostas dis-
ponibilizadas pelo sistema de 
RESTAURATIVA E TRANSMODERNIDADE
justiça criminal para resolução 
de conflitos (absolvição, senten-
ça condenatória, transação penal, 
suspensão condicional do pro-
cesso ou da pena), são restritas e 
entabuladas exclusivamente entre 
Estado e Ofensor, de modo que a 
vitima e a comunidade é excluída. 
Ao agir dessa forma, o sistema des-
perdiça possibilidades proveitosas 
de exploração de novas respostas, 
e as partes – para quem haveria a 
possibilidadede ganhos mútuos2. 
Ou seja, a cultura jurídica vigo-
rante é a punitiva. Nela o ofensor 
deve pagar o mal causado por meio 
da pena, a qual serve para castigá-
-lo, desestimulá-lo, neutralizá-lo, 
e tratá-lo para que volte a vida em 
sociedade. Assim, o paradigma pu-
nitivo contemporâneo não tem lo-
grado oferecer soluções adequadas 
para o da criminalidade crescente 
seja porque a reação ao crime não 
tem sido rápida, eficaz e capaz de 
prevenir novos delitos, seja porque 
a alegada finalidade de ressociali-
zação do ofensor, se considerada 
como forma de intervenção benéfi-
JUSTIÇA
Advogada, Negociadora, Mediadora Judicial, Extraju-
dicial e Interdisciplinar; Graduada pela Universidade 
de Brasília-UNB; Pós-Graduada em Direito Ambiental 
e Recursos Hídricos pela Universidade Cândido Men-
des/RJ; Especializada em Direito de Família e Suces-
sões pela Universidade Cândido Mendes/RJ; Espe-
cialista em Violência Doméstica e Crianças abusadas 
pela Universidade de Connecticut – CT & International 
Women Center – EUA; Especializada em Arbitragem In-
ternacional; Especializada em Negociação Internacio-
nal; Consultora em Violência Doméstica -Danbury-CT; 
Sócia Administradora do Escritório Orlando, Castro, 
Silva, Advogados Associados; Presidente da Rede 
Internacional de Excelência Jurídica do Distrito Fede-
ral – RIEX/DF; Presidente do Centro de Excelência em 
Negociação, Mediação e Arbitragem - CENMA; Diretora 
de Mediação do Centro Internacional de Arbitragem e 
Mediação; Membro da Associação E-Justicia-Latinoa-
merica; Membro da Escola Judicial da América Latina; 
Vice-Presidente do Instituto Brasileiro de Desenvolvi-
mento Sustentável – IBRADES; Coordenadora de Cap-
tação do Hospital de Amor no Distrito Federal. 
1 TIVERON, Raquel. Justiça Restaurativa: A construção de um novo paradigma de justiça criminal. Aspectos Psicológicos. Brasília, DF: Theasurus. p. 126.
2 FARIA, Jose Eduardo. O sistema brasileiro de justiça: experiência recente e futuros desafios. In: Estudos Avançados, vol.18, n.51, mai-ago, São Paulo, 2004, p. 103-125.
The new paradigm proposal of the criminal justice system is the recognition of the crime as a human conflict that generates 
other expectations, beyond mere punishment or satisfaction of state punitive intention . The demanded change is a new 
model of criminal justice , more humane and inclusive, that comtemple the crime as a social problem and community , able 
to respond to the legitimate demands of all those involved in the criminal phenomenon: the reparation to the victim , whose 
role was rediscovered. It is the development of a new culture, resistant to simplifying practices to combat crime - is the state 
violence in response to violence offender, and at the other end , the permissive that prevents accountability.
21
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ca e positiva nele, também não tem 
sido alcançada3. 
O paradigma vigente concebe 
o crime como sendo uma violação 
das leis do Estado. O delito é um 
fato típico, antijurídico e culpável, 
merecedor de sanção. Há um en-
frentamento simbólico entre a lei 
e o violador, e a este e atribuído o 
papel de sujeito ativo da infração, 
enquanto a vítima é meramente 
o sujeito passivo da relação. Essa 
concepção ideal de um sujeito for-
mal, encapsulado em si mesmo e 
apartado de suas relações huma-
nas, e do paradigma moderno4.
É essencial que se abra espaço 
para a emergência de mecanismos 
menos institucionalizados de reso-
lução de conflitos e que se deslo-
que alguma demanda dos tribunais 
para outras instâncias decisórias e 
nos espaços supraestatais. O siste-
ma de justiça deve incorporar uma 
reflexão explícita sobre o problema 
do enquadramento, ou seja – quem 
são precisamente os sujeitos rele-
vantes para a justiça e quem são os 
atores sociais que devem dela par-
ticipar – Evitando que os padrões 
institucionalizados de valor cultu-
ral tratem alguns autores como in-
feriores, excluídos ou invisíveis. 
Warat ensina que, no paradig-
ma moderno, considera-se pessoas 
como meros sujeitos jurídicos, o 
ser pensado como um ente e uma 
distorção violenta, viciosa e uma 
denegação de humanidade – Uma 
visão impessoal e mecanicista do 
indivíduo não se coaduna com a 
peculiaridade do ser humano, úni-
co e irrepetível5. O autor afirma a 
importância de uma mudança de 
paradigma que reconheça a sin-
gularidade do ser, a humanidade 
presente nas suas relações a ou-
tridade e a humanização dos seus 
conflitos.
O discurso científico moderno 
emprega termos como determinis-
mo, universalidade e progresso. O 
direito não escapou a esses pres-
supostos míticos e crê na existên-
cia de fórmulas mágicas que po-
dem realizá-los na sociedade, na 
forma de uma geometria racional e 
unívoca, como simbolizam os tipos 
penais e suas penas. Ou seja, o sis-
tema criminal, positivista, dogmáti-
co, baseado na figura do ofensor e 
na atribuição de culpa, partindo de 
um ponto de vista universal para as 
situações problemáticas, sem con-
siderar o seu contexto ou fornecer 
alternativas emancipatórias para 
enfrentá-las.
Já no discurso pós-moderno 
incorpora o fator complexidade de 
modo a possibilitar o reconheci-
mento da diferença entre os atos 
desviantes e os criminalizados e 
permitir a construção de respos-
tas distintas para eles e diminuir a 
violência do controle estatal. Reva-
loriza-se, portanto, o que conven-
cionalmente se chama de huma-
nidades ou estudos humanísticos, 
especialmente em matéria de cri-
me e punição. 
No paradigma jurídico-cultu-
ral pós-moderno, a justiça passa a 
se preocupar com a qualidade de 
vida e não em castigar supostos 
desvios valorativos, morais ou de 
ações - considerados como tais por 
uma civilização que faz da ordem 
sua neurose. A pós-modernidade 
prenuncia a emergência de um pa-
radigma de sentidos e sensibilida-
des, baseada na relação interpes-
soal como condutora de um direito 
transmoderno.
Adverte Warat que há um mo-
mento em que a utopia moder-
na decai em favor da condição 
pós-moderna, cujos pilares são a 
desconstrução, a alternativa e a 
descentralização. Ao desconstruir, 
o pós-modernismo abdica-se das 
ilusões racionais da modernidade 
e deixa de lado as ilusões semio-
lógicas dos grandes relatos que 
fundamentaram o sentido comum 
manipulador dos juristas da mo-
dernidade6. 
Salo de Carvalho informa que 
as tendências pós-modernas cau-
saram uma mudança na agenda da 
investigação criminológica – subs-
tituíram seus tradicionais objetos 
de análise – crime, criminoso, rea-
ção social, instituições de controle. 
Analisa-se, assim, a gramática do 
crime, um estilo punitivo nos cír-
culos informais de controle social7.
A transciência, diferentemente, 
da pós-modernidade, não se des-
tina a criticar a razão, mas ampli-
á-la, estendendo-a ao sensível, ao 
que se vive na experiência. Se a 
racionalidade moderna não acei-
tava o caótico, encerrando-o em 
objetividades e conceitualidades, 
buscando fundamentos absolutos 
e universais, a transciência aceita 
3 TIVERON, Raquel. Justiça Restaurativa: A construção de um novo paradigma de justiça criminal. Aspectos Psicológicos. Brasília, DF: Theasurus. p. 125.
4 SOUSA SANTOS, Boaventura. Os tribunais nas sociedades contemporâneas – o caso português. Porto: Edições Afrontamento, 2010, p. 31.
5 WARAT, Luís Alberto. Ecologia, psicanalise e mediação. In: WARAT, Luis Alberto (org). Em nome do acordo: a mediação no direito, 2 ed. Argentina: Almed, 1998, p. 161.
6 WARAT, Luís Alberto. Ecologia, psicanalise e mediação. In: WARAT, Luis Alberto (org). Em nome do acordo: a mediação no direito, 2 ed. Argentina: Almed,1998, p. 159.
7 TIVERON, Raquel. Justiça Restaurativa: A construção de um novo paradigma de justiça criminal. Brasília, DF: Theasurus. p. 130.
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a contradição, o caos, a fragmen-
tação, o imprevisível na conduta 
de um individuo. O novo paradig-
ma em vez deeternidade, busca a 
história, em vez do determinismo, 
a imprevisibilidade, em vez do me-
canicismo, a interpenetração, a 
espontaneidade e a auto-organi-
zação em vez de reversibilidade, a 
irreversibilidade e a evolução, em 
vez da ordem a desordem, em vez 
da necessidade, a criatividade e o 
acidente8.
A transmodernidade é a tenta-
tiva de retorno para a autonomia, 
uma transição impulsionada por 
uma nova sensibilidade como for-
ma de a pessoa encontra-se con-
sigo mesma e ecom os outros. O 
dever da ética é substituído pela 
solidariedade, compaixão e alteri-
dade e o normativismo do Direito 
e substituído por mediação, parti-
cipação direta e de encontro face 
a face. Esse trânsito é chamado de 
transmodernidade.
A transmodernidade não diz 
respeito necessariamente à alte-
ridade, mas sim OUTRIDADE – Um 
espaço ético de reconhecimento, 
existente entre duas pessoas, que 
lhes permite se enxergarem mu-
tuamente, desconstruírem-se e, 
mirando-se um no outro, descobri-
rem o que falta em suas supostas 
existências completas. 
Assim, verifica-se que o para-
digma transmoderno introduz a 
consciência do sujeito no próprio 
objeto do conhecimento, ocasio-
nando uma transformação radical 
nesta distinção sujeito –objeto – 
Prega outra forma de conhecimen-
to compreensivo e intimo que não 
separa, antes que se une ao pes-
quisador que e estudado.
Na transmodernidade, o co-
nhecimento científico traduz-se 
num saber prático, ou seja, visa 
constituir-se em ensinar a viver 
em senso comum – Os sistemas 
de crenças, os juízos de valor não 
são colocados antes nem depois 
da explicação científica da nature-
za da sociedade, mas são as partes 
integrantes dessa justificação. Na 
origem de uma nova racionalidade 
estão o senso comum e a humani-
dade, interpenetrados pelo conhe-
cimento científico.
Neste diapasão, a justiça res-
taurativa e a proposta transmo-
derna possuem muita coisa em 
comum. No âmbito restaurativo, o 
próprio ideal de justiça é redefi-
nido em prol de um arquétipo re-
parador e integrador, afinando-se 
com o plano transmoderno de cria-
ção de um espaço de convergên-
cias, solidariedade e compaixão9.
A justiça restaurativa contempla 
o conflito criminal de modo diferen-
ciado, optando por tratá-lo e não 
afastar ou suplantar. Ela reconhece 
a sua especificidade, complexidade 
e diversidade – diferentemente da 
visão impessoal e mecanicista da 
modernidade10. Ela o personaliza, 
de forma a resgatar sua dimensão 
humana, real, concreta e histórica, 
abrindo espaço para humanização, 
para o reconhecimento da outri-
dade e para manifestação de sen-
timentos e de sensibilidades, tal 
como na proposta transmoderna. 
Nela, as partes tem a oportunidade 
de exteriorizar suas vivências com 
relação ao fato conflitivo, satisfa-
zendo a sua dimensão emocional 
e relacional, sem as limitações e 
os condicionamentos próprios do 
processo penal, que instrumentali-
za e revitimiza os personagens. 
Ao contrário, a justiça moderna 
despersonaliza o conflito delituo-
so, distancia artificialmente autor 
e vítima e propicia a indiferença e 
a falta de solidariedade do ofensor 
em relação a vítima e a comunida-
de. Nela, a intervenção no conflito é 
feito de modo técnico e formalista 
– sua orientação repressiva a obri-
ga a conformar-se com a imposição 
do castigo ao culpado, sem recla-
mar desta mudança de atitude. Sob 
o prisma da modernidade, a justi-
ça criminal não apresenta respos-
tas aos conflitos sociais – torna-se 
uma fonte de conflitos.
Ensina Hulsman que “O sistema 
criminal reconstrói o crime a ordem 
dos acontecimentos de um modo 
bastante específico, produz uma 
construção artificial da realidade 
a partir de um episódio definido 
no espaço e no tempo, e imobili-
za a ação daquele momento, vol-
tando-se contra uma pessoa, um 
individuo, a quem pode atribuir o 
comportamento e a culpa. Assim, 
o indivíduo e isolado de seu am-
biente, dos amigos, da família, do 
seu mundo e da vítima e são ig-
norados aspectos importantes do 
conflito. As pessoas são afastadas 
artificialmente de seus contextos 
8 TIVERON, Raquel. Justiça Restaurativa: A construção de um novo paradigma de justiça criminal. Brasília, DF: Theasurus. p. 130.
9 TIVERON, Raquel. Justiça Restaurativa: A construção de um novo paradigma de justiça criminal. Brasília, DF: Theasurus. p. 130.
10 TIVERON, Raquel. Justiça Restaurativa: A construção de um novo paradigma de justiça criminal. Brasília, DF: Theasurus. p. 133.
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R E V I S TA E X C E L Ê N C I A J U R Í D I C A S E T E M B R O / O U T U B R O 2 0 1 8
e separadas“ – A organização da 
cultura criminal a humanidade, tão 
valorizada pela perspectiva trans-
moderna11.
Os desafios multifacetados da 
justiça contemporânea exigem dos 
julgadores e aplicadores do Direi-
to a criatividade e empenho para 
a sua solução. Ou seja, importante 
e necessário que a despeito do ar-
cabouço jurídico moderno, muitas 
vezes rígido e defasado, que se 
prepare para lidar com os conflitos 
emergentes em uma sociedade he-
terogênea e complexa.
Vivenciamos o Estado atuando 
com base em instrumentos nor-
mativos obsoletos, rigorosos e sem 
vínculos com a realidade emergen-
te. As demandas atuais geralmente 
possuem uma dimensão comunitá-
ria e grupal que desafiam as regras 
processuais vigentes. A justiça res-
taurativa, por compreender a espe-
cificidade dos conflitos, reconhece 
a diversidade das soluções que 
eles reclamam e oferece possibili-
dades de respostas mais criativas, 
mais adequadas a cada um deles, 
renegando a já referida tendência 
totalizante da modernidade.
A justiça restaurativa propug-
na fórmulas de intervenção no 
conflito igualmente diferenciadas 
– mediação, o circulo de paz, o cír-
culo de sentença – todas de índole 
pacificadora, comunicativa, parti-
cipativa, integradora e comunitá-
ria12. – Ela permite o trânsito desta 
nova sensibilidade, como forma do 
ser encontrar-se consigo mesmo e 
com os outros.
Verifica-se, ainda, que o eleva-
do conteúdo pedagógico dos pro-
cedimentos restaurativos possibili-
ta que uma solução para o conflito 
emerja como consequência natural 
do processo de comunicação au-
tor-vítima, da percepção direta do 
dano causado, como potencial de 
mudança de atitudes dos envolvi-
dos, rechaçando qualquer impo-
sição coativa ou heterônoma de 
desfechos – coincide com o culto a 
riqueza, diversidade e a imprevisi-
bilidade transmodernas.
Em comum entre o paradigma 
restaurativo e a transmodernidade 
esta a valorização da micro-justica 
do cotidiano comprometida com as 
possibilidades reais e usuais, me-
diante a afirmação e o reconheci-
mento da outridade e não da sua 
eliminação13 – A justiça restaurati-
va não vê no outro ou no conflito 
algo nocivo, mas uma confrontação 
construtiva, revitalizadora. O con-
flito seria uma diferença enérgica, 
um potencial construtivo.
Diante disso, a justiça restau-
rativa se une a transmodernidade 
para conferir um salto qualitativo 
no sistema de justiça, superando a 
condição jurídica moderna alicer-
çada no litígio, na rigidez, e numa 
visão negativa do conflito.
Warat ressalta que os juristas 
pensam que o conflito é algo que 
tem de ser evitado. Eles os rede-
finem, pensando-o como litígio, 
como controvérsia. Jamais os juris-
tas pensam o conflito em termos de 
satisfação, o conflito como forma 
de inclusão do outro na produção 
do novo14.
Rafael Mendonça enfatiza que, 
na maioria das vezes, os próprios 
sujeitos não conseguem conhecer 
ou elaborar os seus desejos insa-
tisfeitos e são transformados em 
partes, em litigantes no processo. 
Essa realidade gera mais indivídu-
os insatisfeitos e alienados de si, 
que em nome de uma vitória pro-
cessual, valem-se das estratégias 
mais censuráveis do ponto de vista 
ético15.
Neste paradigma de solução de 
conflitos, os acordos de paz a que 
se chegam são impostos externa-
mente em situação de supra-orde-
nação, após violentos e extenuan-
tes enfrentamentos processuais – a 
justiça representa um pai protetor 
a quem invoca do que uma

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