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TERATÓgenos humanos Introdução…………………………………………………………… Embora o embrião humano esteja bem protegido no útero, muitos agentes ambientais (teratógenos) podem causar alterações do desenvolvimento após a exposição materna a ele. De�nição: Um teratógeno é qualquer agente que possa produzir um defeito congênito (anomalia congênita) ou aumentar a incidência de um defeito na população. Fatores ambientais (p. ex., infecções, drogas) podem simular condições genéticas, como quando dois ou mais �lhos de pais normais são afetados. Um princípio importante é que nem tudo que é familiar é genético. Os órgãos e as partes de um embrião são mais sensíveis aos teratogênicos durante os períodos de diferenciação rápida. ● Fatores ambientais: causam de 7 a 10% das anomalias congênitas. A diferenciação bioquímica precede a morfológica. Desse modo, o período de alta sensibilidade das estruturas aos teratogênicos é anterior ao estágio de seu desenvolvimento visível em alguns dias. ● Teratógenos parecem não causam defeito até a diferenciação celular começar. No entanto, suas ações iniciais (p. ex., durante as duas primeiras semanas) podem causar morte do embrião. Princípios da teratogênese………………………………………. Ao considerar a teratogenicidade de um medicamento ou composto químico, três princípios são levados em conta: 1. Períodos críticos do desenvolvimento 2. Dose do medicamento ou composto químico (uma relação dose-resposta deve ser observada; quanto maior a exposição, mais intenso o efeito fenotípico). 3. Genótipo do embrião (ex. Fenitoína - medicação anticonvulsivante - alguns embriões desenvolvem a síndrome fetal da hidantoína; ⅓ apresentam alguns defeitos congênitos; e mais da metade não são afetados. Logo, o genótipo determina se o agente prejudicará seu desenvolvimento). PERÍODOS CRÍTICOS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO………………………………………………………………. O estágio de desenvolvimento do embrião determina sua suscetibilidade ao teratógeno. > Período mais crítico (PC): auge da divisão, diferenciação celular e morfogênese. TERATÓgenos humanos ● PC encéfalo: 3ª a 16ªs; porém o desenvolvimento pode ser alterado após essa data porque o encéfalo está sofrendo diferenciação e crescimento rápido no momento do nascimento. ○ Os teratógenos podem produzir de�ciência mental durante os períodos embrionário e fetal. ● O desenvolvimento dos dentes continua muito tempo após o nascimento. O desenvolvimento dos dentes permanentes pode ser perturbado por tetraciclinas a partir de 14 semanas de vida fetal até 8 anos após o nascimento. ● O sistema esquelético também apresenta um PC de desenvolvimento prolongado que se estende até a infância e o crescimento dos tecidos esqueléticos fornece uma boa medida do crescimento geral. > Perturbações ambientais, durante as duas primeiras semanas após a fecundação, podem interferir na clivagem do zigoto e na implantação do blastocisto e podem causar morte precoce e aborto espontâneo de um embrião. ● Não são conhecidas perturbações durante as duas primeiras semanas que causem defeitos congênitos. ● Teratógenos que atuem nas duas primeiras semanas matarão o embrião ou seus efeitos prejudiciais serão compensados por propriedades regulatórias potentes do embrião inicial. A maior parte do desenvolvimento nas primeiras 4 semanas envolve a formação de estruturas extraembrionárias como o âmnio, a vesícula umbilical e o saco coriônico. > O desenvolvimento do embrião pode ser prejudicado mais facilmente quando os tecidos e órgãos estão em formação (organogênese: 4ª a 8ªs): defeitos congênitos importantes (malformações). > Defeitos �siológicos como defeitos morfológicos menores das orelhas externas e perturbações funcionais (de�ciência mental) - provavelmente são resultados de perturbações no período crítico de desenvolvimento fetal (9ªs até o parto). > O tipo de defeito congênito produzido depende de quais partes, tecidos e órgãos são mais suscetíveis no momento de ação do teratógeno. Obs. Vários exemplos mostram como os teratógenos podem afetar diferentes sistemas orgânicos que estejam se desenvolvendo ao mesmo tempo: ● Altos níveis de radiação ionizante: defeitos do SNC (encéfalo e medula espinal) e olhos. ● A infecção pelo vírus da rubéola: defeitos oculares (glaucoma e catarata), surdez e defeitos cardíacos. ● Fármacos como talidomida: defeitos dos MM e outras anomalias como defeitos cardíacos e renais. ❖ No início do PC de desenvolvimento dos MM: causa defeitos graves, como meromelia, que é uma ausência de partes dos membros superiores e inferiores. ❖ Mais tarde, no período sensível, a talidomida causa defeitos leves a moderados dos MM como hipoplasia do rádio e da ulna. Teratógenos humanos…………………………………………….. FÁRMACOS……………………………………………………………. > ANALGÉSICOS 1. NÃO OPIOIDES Compreendem basicamente os AINEs - inibem a enzima cicloxigenase e, consequentemente, bloqueando a produção de PGE. ● Efeitos analgésicos, antipiréticos e anti-in�amatórios. TERATÓgenos humanos ● Efeitos sobre o desenvolvimento fetal: a diminuição de PGE2 pode produzir constrição do ducto arterioso > hipertensão pulmonar primária neonatal; e também diminuição de �uxo sanguíneo renal no feto > oligodrâmnio. ● Efeito sobre o �nal da gestação: pode reduzir as contrações uterinas, prolongando ou inibindo o trabalho de parto. De modo geral, os AINEs não parecem possuir potencial teratogênico nos dois primeiros trimestres, podendo ser utilizado nesse período sob orientação e prescrição médica. No entanto, a partir do terceiro trimestre, o uso é contraindicado, salvo exceções. ● Paracetamol - mais utilizado; baixa atividade anti-in�amatória. ● Ibuprofeno - contraindicado; disturbios de implantação, constrição do ducto arterioso e prolongamento do trabalho de parto; Gastrosquise foi a única malformação congênita, relacionada ao ibuprofeno, demonstrada em grandes estudos epidemiológicos em humanos. ● Aspirina - deve ser evitada; alguns estudos demonstram incidência de malformações cardíacas, hipercoagulabilidade fetal, gastrosquise, desequilíbrio homeostasia materno-fetal. Exceções: prevenção de pré-eclâmpsia e restrição de crescimento intrauterino, lúpus eritematoso. > CORTICOESTEROIDES (anti-in�amatórios) Contraindicado; pode estar associado a ocorrência de fenda palatina e outras malformações. ● Risco aumentado de 3 a 4x para uso no primeiro tri. > ANTICOAGULANTES 1. HEPARINAS: Gestantes em risco tromboembólico e a obrigatoriedade da anticoagulação: para prevenção e tratamento, a heparina é o medicamento de escolha pela sua segurança e e�cácia bem estabelecidas. 2. CUMARINICOS: (varfarina) Cruzam a barreira placentária e são potencialmente teratogênicos, sobretudo em exposições no primeiro tri: ● Embriopatia: defeitos esqueléticos - hipoplasia nasal (falha no desenvolvimento do septo nasal) e condrodisplasia (calci�cações puntiformes das epí�ses ósseas). ● Defeitos do SNC, aborto espontâneo, prematuridade e hemorragias. ● Anomalias oftálmicas. PELA POSSÍVEL EMBRIOTOXICIDADE, DURANTE TODOS OS ESTÁGIOS DE GESTAÇÃO, CONSIDERA- SE O USO DE ANTICOAG. CUMARINICOS CONTRAINDICADO DURANTE A GESTAÇÃO. ● Se necessidade de anticoagulação, fazer uso de heparina no início da 6ª até a 10ªs de gestão, e novamente próximo ao termo - para reduzir riscos de efeitos adversos fetais. > ANTIBIÓTICOS: Tetraciclinas atravessam a membrana placentária e são depositadas nos ossos e dentes do embrião em sítios de calci�cação ativa. ● Doses relativamente pequenas de tetraciclina durante o terceiro trimestre podem produzir coloração amarelada da dentição decídua e permanente. ● A terapia com tetraciclina do 4° ao 9º mês de gravidez também pode causar defeitos nos dentes (hipoplasia do esmalte, coloração amarela a marrom dos dentes e diminuição do crescimento de ossos longos). ● A calci�cação dos dentes permanentes começa ao nascimento e, com exceção dos terceiros molares, está completa por volta de 7 a 8 anos de idade. A terapia com tetraciclina em longo prazo durante a infância pode afetar os dentes permanentes. > PSICOTRÓPICOS● Lítio - transtorno bipolar. Causa defeitos congênitos, principalmente no coração e grandes vasos, em lactentes cujas mães receberam o medicamento no início da gravidez. ● Benzodiazepínicos como diazepam e oxazepam costumam ser prescritos para gestantes. Esses medicamentos atravessam rapidamente a membrana placentária e seu uso durante o primeiro tri está associado a anomalias craniofaciais em recém-nascidos. ● Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) são usados para tratar depressão durante a gravidez. a. maior risco de defeitos dos septos atriais e ventriculares,hipertensão pulmonar persistente e perturbações neurocomportamentais, incluindo distúrbios do espectro autista, em crianças expostas a ISRS no útero. TERATÓgenos humanos b. Acredita-se que o mecanismo consiste no bloqueio do transporte de catecolaminas por ISRS, o que afetaria o �uxo sanguíneo placentário. ÁLCOOL…………………………………………………………………. Quando a gestante ingere bebida alcoólica em aproximadamente 40 a 60 minutos, o mesmo teor de álcool do organismo materno é encontrado no sangue fetal. > A mãe ingere por via oral a bebida alcoólica e o feto recebe por via endovenosa (via placentária) o mesmo teor alcoólico, ocasionando intoxicação no sangue fetal. ● A exposição fetal é maior, devido ao fato de que o metabolismo e eliminação são mais lentos, fazendo com que o líquido amniótico permaneça impregnado de álcool não modi�cado em acetaldeído. Por que isso acontece? Ausência de enzimas em quantidade necessária para degradação dessas substâncias. ● O fígado fetal produz menos enzima que decompõe o álcool. Na mãe, a metabolização ocorre em 15min, e no feto >2h. ● O álcool pode levar a hipóxia fetal e retardo do CIU por provocar constrição dos vasos sanguíneos. ● Efeito danoso �nal: interferência na proliferação normal das células, podendo provocar morte celular, interferir nas funções celulares, causar migração celular anormal e desorganização da estrutura do tecido celular, interferir com a produção de neurotransmissores e causar a formação anormal de sinapses nervosas. ● SÍNDROME DO ÁLCOOL FETAL: pesquisas demonstram que o cérebro é o órgão do corpo mais vulnerável aos efeitos de exposição pré natal. ○ CIUR; anomalias articulares; ○ Comprometimento do SNC; defeitos neurológicos, atraso de desenvolvimento intelectual… ○ Microcefalia, microftalmia, malformações cardíacas… VITAMINA A………………………………………………………… Durante as primeiras semanas de gestação: teratogenica. As anormalidades encontradas em crianças foram devidas a níveis signi�cativamente altos de retinol no soro de mães após o consumo excessivo de vitamina. ● Altos níveis dos metabolitos do ácido retinoico atuam sobre o funcionamento de genes em período crítico de embriogênese e organogenese. ● O risco de concentração elevada de metabólitos no sangue é menor se a fonte de vitamina A for natural (como o fígado animal), do que na forma de suplemento. Estas conclusões corroboram as recomendações atuais a favor de uma melhoria do estado nutricional de vitamina A das gestantes por meio de regime alimentar (consumo menor de 800 microg. de ER + suplementação de 10.000 UI nao apresentam efeito teratogenico). COCAÍNA………………………………………………………………. Ação: bloqueio da recaptação pré-sináptica de neurotransmissores (dopamina, norepinefrina e serotonina), determinando estimulação adrenérgica prolongada. ● A utilização crônica provoca depleção desses neurotransmissores pré-sinápticos, e, como conseqüência, o usuário crônico necessitará de doses maiores para obter os efeitos antes atingidos. ● MECANISMO: Atravessa rapidamente a barreira placentária sem sofrer metabolização, agindo diretamente na vasculatura fetal, determinando vasoconstrição, além de malformações urogenitais, cardiovasculares e do SNC. ○ Além disso, como o �uxo sangüíneo uterino não é auto-regulado, a sua diminuição provoca insu�ciência útero-placentária, hipoxemia e acidose fetal. MACONHA…………………………………………………………….. Os efeitos alucinógenos são decorrentes do princípio ativo delta-9-tetra-hydrocannabinol (THC), que é altamente lipossolúvel, atravessando facilmente a barreira placentária. ● Aparentemente, ela diminui a perfusão útero-placentária e prejudica o crescimento fetal. ● Além disso, a utilização perinatal da maconha levaria ao retardo da maturação do sistema nervoso fetal,, além do aumento dos níveis plasmáticos de norepinefrina ao nascimento, o que provocaria distúrbios neurocomportamentais precoces. TABAGISMO………………………………………………………… … Causa bem estabelecida de RCIU, sobretudo no primeiro tri. ● A nicotina contrai os vasos sanguíneos uterinos, diminuindo o �uxo sanguíneo uterino e reduzindo o suprimento de oxigênio e nutrientes TERATÓgenos humanos disponíveis para o embrião e o feto a partir do sangue materno no espaço interviloso da placenta. ○ A de�ciência resultante prejudica o crescimento celular e pode ter um efeito adverso sobre o desenvolvimento mental. ○ Altos níveis de carboxiemoglobina, resultantes do tabagismo, aparecem no sangue materno e fetal e podem alterar a capacidade de transporte de oxigênio pelo sangue. Uma hipóxia fetal crônica (baixos níveis de oxigênio) pode ocorrer e afetar o crescimento e desenvolvimento fetais. ○ O tabagismo materno também está associado a volumes encefálicos menores em lactentes pré-termo; baixo peso, defeitos cardíacos. TOXOPLASMOSE…………………………………………………… A infecção materna geralmente é adquirida por duas vias: 1. Ingestão de carne crua ou pouco cozida (geralmente porco ou carneiro) contendo cistos de Toxoplasma. 2. Contato íntimo com animais domésticos infectados (p. ex., gatos) ou solo infectado. Acredita-se que o solo e os vegetais de jardim possam ser contaminados por fezes de animais infectados que contenham oocistos (zigotos encapsulados no ciclo de vida do esporozoário). Os oocistos também podem ser transportados para alimentos por moscas e baratas. > O organismo T. gondii atravessa a membrana placentária e infecta o feto causando alterações destrutivas no encéfalo (calci�cações intracranianas) e olhos (coriorretinite) que resultam em de�ciência mental, microcefalia, microftalmia e hidrocefalia. A morte fetal pode seguir à infecção, especialmente nos estágios iniciais da gravidez.
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