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5_2008_PatriciaAmaral

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Prévia do material em texto

volume 3, 2008 5
Utopia: Tudo que Você Sempre Quis 
Saber Sobre Astronomia mas não 
Tinha a Quem Perguntar
Patrícia Amaral 
e Cássio Costa Laranjeiras
Tudo que você sempre quis Tudo que você sempre quis Tudo que você sempre quis Tudo que você sempre quis 
saber sobre Astronomia mas não saber sobre Astronomia mas não saber sobre Astronomia mas não saber sobre Astronomia mas não 
tinha a quem perguntartinha a quem perguntartinha a quem perguntartinha a quem perguntar 
UTOPIA 
Material de apoio para professoresMaterial de apoio para professoresMaterial de apoio para professoresMaterial de apoio para professores 
do Ensino Fundamentaldo Ensino Fundamentaldo Ensino Fundamentaldo Ensino Fundamental 
 
 
 
 
 
�Patrícia Amaral� 
UTOPIA 
Capa, projeto gráfico e diagramação: 
Patrícia Amaral 
Revisão: 
Patrícia Amaral 
Tudo que você sempre quis Tudo que você sempre quis Tudo que você sempre quis Tudo que você sempre quis 
saber sobre saber sobre saber sobre saber sobre AstronomiaAstronomiaAstronomiaAstronomia mas não mas não mas não mas não 
tinha a quem perguntartinha a quem perguntartinha a quem perguntartinha a quem perguntar 
UTOPIA 
Patrícia Amaral 
 
CARTA ABERTA A TODOS OS CARTA ABERTA A TODOS OS CARTA ABERTA A TODOS OS CARTA ABERTA A TODOS OS 
PROFESSORES QUE AINDA NÃO PROFESSORES QUE AINDA NÃO PROFESSORES QUE AINDA NÃO PROFESSORES QUE AINDA NÃO 
ESTÃO NO MUNDO DA LUAESTÃO NO MUNDO DA LUAESTÃO NO MUNDO DA LUAESTÃO NO MUNDO DA LUA 
 Antes de mais nada, bem-vindo. Desculpe abordar você assim, 
desprevenido. Mas como você não freqüenta planetários, não vai à 
observatórios e o seu curso de graduação não falou muito do céu, não 
sabia como chamar sua atenção para fazer um convite. E não ache que 
só lunáticos e marcianos encontram-se em outro mundo. Asseguro que 
neste planeta, a Terra, possui uma espécie rara, por enquanto, de seres 
que vivem no mundo da Lua... E de olho em estrelas, planetas, nebulosas 
enfim, em todo um conjunto de objetos que não estão em nosso planeta. E 
é bem provável que você não faça parte dessa espécie. Por enquanto... 
 Por isso este material foi feito exatamente para VOCÊ. 
 E por quê? Porque entendendo ou não os fenômenos celestes, você é 
professor de Ciências do ensino fundamental. E como professor, você 
precisa dar aulas de Astronomia para seus pequenos pupilos. E como eles 
gostam dessas aulas. 
 E é aqui que vem o convite!!! 
 Gostaria de ajudá-lo(a) a descobrir o prazer que existe em ensinar 
Astronomia para crianças e jovens do ensino fundamental. Este material 
foi criado como um apoio para professores que querem muito melhorar a 
qualidade de suas aulas e, com isso, propiciar um futuro melhor para 
seus alunos: VOCÊ. 
 Boa viagem, 
 A autora 
ApresentaçãoApresentaçãoApresentaçãoApresentação 
 Colega professor(a), 
 Que bom você aceitar nosso convite. Quando alguém fala sobre assuntos ligados 
à Astronomia, a maioria de nós acredita não possuir os requisitos mínimos para 
entender o que é tratado. Coisa parecida acontece quando lemos revistas de divulgação 
científica ou biografias de cientistas como Johannes Kepler, Galileu Galilei ou Isaac 
Newton. A impressão inicial que temos é que, para entender os assuntos ligados aos 
céus, seria necessário sermos experts em matemática, física e toda uma parafernália 
teórica que dificilmente entenderíamos o que os autores querem dizer. 
 Querido(a) professor(a), este material foi feito para você. Você que precisa de 
algo que esclareça suas dúvidas, que forneça sugestões “realizáveis” e práticas de 
experiências sobre o assunto e, acima de tudo, que você entenda. 
 Um texto interessante, simples e objetivo. Uma conversa sobre o que você (ou 
seus alunos) sempre quiseram saber sobre a Astronomia mas não tinham a quem 
perguntar. É isso que nós estamos oferecendo. 
 Ao ler um capítulo, notará que nós procuramos dialogar com você sobre o tema 
escolhido. Tivemos a preocupação de tratar dos assuntos integralmente, sem que você 
necessite ir até outro capítulo ou que precise ler outro material como apoio. Neste 
material você encontrará os assuntos necessários que são sugeridos pelos Parâmetros 
Curriculares Nacionais do 3º e 4º ciclos para entender a Astronomia presente em nosso 
planeta. O material de apoio é dividido em seis capítulos: 
� O nascimento da Astronomia 
� Do sistema geocêntrico ao sistema heliocêntrico 
� O desenvolvimento da Astronomia 
� Percepção e contagem do tempo 
� Calendários 
� Movimentos 
 
 E no final ainda temos três apêndices que contêm o alfabeto grego, alguns 
parâmetros físicos e astronômicos e a lista completa dos vencedores do Prêmio Nobel 
de Física, de 1901 até 2008. 
 Para aproximar o leitor do texto, criamos um personagem que aparecerá em vários 
momentos do capítulo. É através dele que poderemos dialogar. Suas dúvidas são muito 
próximas das dele. O seu objetivo é o mesmo dele: conhecer sempre um pouco mais da 
Astronomia. Ele possui sentimentos, como você. Por isso as várias carinhas com 
diferentes expressões: alegria, satisfação, dúvida. 
 Para melhor entendimento de cada tema, criamos quatro momentos dentro dos 
capítulos: 
� Contextualizando a Temática — é o momento que aproximamos o 
tema estruturador da realidade das pessoas. Antes mesmo de 
entrarmos na escola, já temos contato com vários conteúdos 
científicos. E damos explicações para o que vemos. Corretas ou não, 
as respostas já fazem parte da nossa realidade. Procuramos, aqui, 
confrontar a realidade pessoal com alguns aspectos que poderão 
sinalizar que a sua explicação pode ser incompleta ou até incorreta. 
Mas não se preocupe, todos passamos por isso... 
� Problematização Inicial — aqui procuramos listar uma série de 
dúvidas relativas ao tema que podem feitas por você ou por seus 
alunos em sala de aula. Às vezes de caráter prático, às vezes de 
caráter mais filosófico ou histórico, as questões foram elaboradas 
para despertar o seu interesse no tema, para exclamar: Como eu 
nunca pensei nisso antes!!! 
� Construindo o Conhecimento — os conhecimentos necessários 
para a compreensão do tema e da problematização inicial são 
sistematicamente estudados neste momento. A meta aqui é 
capacitá-lo para o emprego dos conhecimentos em sala de 
aula. 
� Atividades — é o momento de pôr a mão na massa. Apresentamos 
várias atividades que poderão ser realizadas em sala de aula ou 
em campo com seus alunos. E tivemos a preocupação em oferecer 
sugestões de atividades de observação que poderão ser realizadas 
de dia. Isto porque entendemos a dificuldade que vários colegas 
possuem em articular um passeio noturno com seus alunos em 
locais distantes das escolas. Mas se tiver a oportunidade de fazê-
lo, faça! 
 Por fim, gostaríamos que você descobrisse como o ensino de Astronomia pode 
tornar-se um momento de prazer, discussão e conhecimento em sala de aula. 
 A Astronomia foi o primeiro ramo da Ciência a ser estudado de forma 
sistematizada pelo Homem. Está presente em nosso dia-a-dia: na marcação do tempo, 
na localização geográfica, na queda de objetos e até nos desastres, já que em sua 
origem, a palavra desastre significa “fato que contraria os astros”. 
 O fascínio que a Astronomia desperta nas pessoas, crianças, jovens, adultos e 
idosos é enorme. Trazê-la para a sala de aula constituirá motivo de interesse por parte 
de seus alunos, e, por conseguinte, transformará suas aulas...e VOCÊ. 
 Acreditando tanto nesta mudança de realidade, escolhemos o título deste material: 
UTOPIA: Tudo o que você queria saber sobre Astronomia mas não tinha a quem 
perguntar. Nossa utopia encontra-se na crença de que o ensino de Astronomia é algo 
que ainda não é, mas que pode vir a ser. Só depende de você. 
 Boa viagem e bom trabalho! 
Patrícia Amaral 
 
 
 
SumárioSumárioSumárioSumário 
1. O NASCIMENTO DA ASTRONOMIA1 
2. DO SISTEMA GEOCÊNTRICO AO SISTEMA HELIOCÊNTRICO 19 
3. O DESENVOLVIMENTO DA ASTRONOMIA 35 
4. PERCEPÇÃO E CONTAGEM DO TEMPO 57 
5. CALENDÁRIOS 74 
6. MOVIMENTOS 93 
UNIDADE 1 
CONHECENDO A TERRA 
SumárioSumárioSumárioSumário 
ALFABETO GREGO 111 
PARÂMETROS FÍSICOS E ASTRONÔMICOS 112 
PRÊMIO NOBEL DE FÍSICA 113 
REFERÊNCIAS 119 
APÊNDICES 
& 
REFERÊNCIAS 
Unidade1 
Conhecendo a 
Terra 
N
A
S
A
 
 
 
Capítulo 
1 
 
O nascimento 
da Astronomia 
C
am
ille F
lam
m
arion
 
 
 
 
 
 
 
 E o que diz o horóscopo... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Oscar Quiroga. 
In: Correio Braziliense, 23/07/08, Caderno C, p. 4. 
 
Contextualizando a temática 
A t i v i d a d e s 
 
 
Capítulo 1 - O nascimento da Astronomia 
Data estelar: o Sol ingressou em Leão, Mercúrio e 
Netuno estão enviesados; Lua mingua em Áries. 
Enquanto isso, aqui na Terra, todo o ser humano se 
acostuma a pensar que é o centro do Universo e, ainda, 
que este conceito seja equivocado e que anos de terapia 
promovam o fim desta centralização, no íntimo a alma 
se recusa a abandonar esta posição. Talvez haja um 
fundo de verdade na idéia de sermos o Sol e, se 
pensarmos objetivamente, não feriria a intuição de 
aceitar a idéia de que, realmente, a matéria de nossos 
corpos, mentes e sonhos se alimenta do próprio Sol, já 
que, se este deixasse de existir, tudo em nós cessaria 
também. Pois bem, descobrimos que somos o Sol! 
Agora só falta descobrir que nossa estrela faz parte de 
um grupo e outras estrelas e que, assim, para 
brilharmos individualmente como o fazemos, temos 
também de nos organizar em grupos de trabalho e 
estudo. 
LIBRA ���� 23/9 a 22/10 
Quando sua alma não consegue compartilhar tudo que 
experimenta com as pessoas próximas, sente-se 
estressada e estranhada. Porém, é importante que você 
observe com distanciamento tudo que acontece, pois é 
assim que os relacionamentos melhorarão. 
ESCORPIÃO ���� 23/10 a 21/11 
É bom retornar aos sonhos, pois muitas coisas não 
deram certo. Porém, tome cuidado para que este 
retorno seja feito na tentativa de buscar força e ânimo. 
As aparentes derrotas da atualidade serão as 
verdadeiras conquistas do futuro. 
Você sabe qual é o seu signo? E como ele foi determinado? Já ouviu falar em signo 
ascendente? Sabe o que ele significa? Além de influenciar a personalidade de uma 
pessoa, o que a energia dos corpos celestes pode fazer em sua vida? 
 
� O signo solar ou signo de nascimento, obtido pela data em que você veio ao mundo, é 
seu RG astral. É o que traduz suas característica inerentes e que revela o seu modo de ser. 
� O signo ascendente, obtido pela combinação da hora e do lugar em que você nasceu, 
também é muito importante. Ele atua diretamente sobre a forma como você se expressa e 
se mostra para os outros — o ascendente é, digamos assim, quem dá o tom das suas 
atitudes – e, por isso, também diz muito sobre o aspecto de uma mulher. 
� Quem nasceu na véspera do primeiro ou do último dia de um signo está em uma zona 
meio nebuosa. Por isso, deve checar com um astrólogo para verificar qual é o seu signo 
correto. 
Maria Cecília Prado. In: A beleza dos signos. São Paulo: Editora Panda, 2000. 
Relógio instalado em Bracken House, 
Londres, Inglaterra. É de metal em 
talha dourada e esmalte, com algaris-
mos romanos que retratam os meses e 
os signos solares com um sol no centro. 
P
h
ilip
 B
en
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am
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oto: P
h
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u
ckët 
3 
 
 
 
 
 
 E temos mais uma surpresa. Podemos ler sua mente. Quer ver?!? Neste momento você está pensando... 
 
 
 
 
 Acertamos? Não! Mas chegamos perto, não chegamos? É natural você pensar que um material que possui o 
claro propósito de construir os conhecimentos científicos necessários para o ensino de Astronomia não pode começar 
mostrando assuntos ligados à Astrologia. Mas não se espante (muito) se dissermos que, historicamente, foi assim que 
nasceu a Astronomia: os homens primitivos não olhavam para a Lua imaginando como um dia chegariam lá, num 
estilo J. F. Kennedy. Os primeiros estudos, ou melhor, as primeiras observações — já que, nesta época, os homens 
não tinham a intenção de observar, experimentar, como o método experimental exige —, ocorreram por motivos 
místicos, com o objetivo de fundamentar suas profecias. Todas as civilizações antigas povoaram o céu com 
poderosas entidades mágicas. 
 Os babilônicos, há cerca de 3 mil anos, já acreditavam que determinados 
posicionamentos dos astros poderiam ser mais ou menos favoráveis na tomada de 
decisões. Astrólogos ajudavam os reis a decidirem sobre a data certa de iniciar uma 
guerra, realizar uma cerimônia ou fazer uma colheita. Mas entenda que a astrologia 
naquele momento não estava focalizada exclusivamente na personalidade humana, como 
acontece hoje, mas também na compreensão dos fenômenos naturais. 
 A astrologia foi enriquecendo e aperfeiçoando seus conceitos à medida que o 
apropriamento do estudo da astronomia avançava. Mas assim que houve a transição do 
“centro do mundo” da Terra para o Sol, a partir do séc. XVI, a astrologia fincou seus pés 
na antiguidade e a astronomia seguiu adiante, evoluindo. 
 Isto porque o planetário astrológico só poderia ter 
sentido se a Terra continuasse a ser o centro dos 
movimentos dos outros planetas, da Lua e do Sol. Além 
disso, a astrologia não considera, até hoje, a distância 
dos planetas em relação à Terra. 
 Na astrologia, a visão do mapa astral é planificada, 
como a figura ao lado. Através do mapa, faz-se uma 
representação esquemática do indivíduo sobre a Terra, 
cercado da distribuição dos astros do Sistema Solar no 
céu, ao redor e em relação a ele. É uma fotografia do céu 
no momento em que a pessoa nasceu e com o 
posicionamento dos astros ao seu redor. 
O “Homem Astrológico”, mos-
trando as várias partes do corpo e 
os signos que os governam. 
Uê! Fiquei confuso... Astrologia?!? 
Mapa astral?!? 
Eu achei que este era uma material 
CIENTÍFICO de apoio para o 
ensino de Astronomia mas, pelo 
jeito, me enganei. 
R
ep
rod
u
ção 
R
ep
rod
u
ção 
4Com o passar do tempo, os estudos do céu foram distanciando-se da astrologia e inauguraram uma ciência: a 
Astronomia. 
 Para você entender a diferença entre esses conceitos e o que eles significam atualmente, vamos recorrer a um 
dicionário. 
 
 
 
 Percebeu a diferença? O fato de estudarmos alguma coisa não significa que isto é uma ciência. No caso do céu, 
não é qualquer atividade de observação que pode ser classificada como ciência. Mesmo quando a atividade gera 
estudos como o horóscopo apresentado. Nele, usam-se expressões como “Sol ingressou em Leão”, “Lua mingua em 
Áries”, por exemplo, que tentam dar um “aspecto científico” para a astrologia. Além disso, apesar da descrição de 
cada um dos doze signos ser feita levando-se em conta a posição dos astros no céu no dia do nascimento de cada um 
de nós, a influência deles na nossa vida não foi provada. Mas, para muitos, nada disso importa. Você notará que, 
entre as pessoas de seu convívio, muitas confundem astrologia e astronomia. Será comum escutar: “E aí? Como 
estão indo as aulas de astrologia?” Responda: “Muito boas. Mas já chegamos na parte da Astronomia.” Você não 
errará e poderá mostrar a essas pessoas que a astrologia precedeu a astronomia no estudo e observação do céu. Mas 
que esta conseguiu chegar mais longe. 
 E não é apenas essa dúvida que as pessoas têm quando se trata do início dos estudos astronômicos. Veja na 
Problematização Inicial outras questões que existem sobre o tema. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Problematização Inicial 
� Como povos que viveram há tantos anos e sem poder contar com lunetas ou outros ins-
trumentos conseguiram avançar na Astronomia? 
� Que necessidades nossos antepassados tinham de focar o olhar para algo tão distante, 
como a Lua, o Sol e outros corpos celestes? 
� Existem ainda hoje idéias ou modelos desenvolvidos por civilizações antigas que são váli-
das? 
� Podemos entender o desenvolvimento da humanidade estudando os passos dados pelo ho-
mem para compreender os fenômenos celestes? 
� Como sabemos hoje o que foi feito pelas civilizações antigas? Como ter certeza? 
� Como explicar a “durabilidade” da filosofia aristotélica durante tanto tempo? 
� Qual o papel do mundo árabe na Idade Média na disseminação dos estudos astronômicos 
gregos? 
� Houve avanços da Astronomia durante o Feudalismo? 
� As grandes navegações do séc. XIV e XV só foram possíveis graças aos desenvolvimentos 
da Astronomia? 
Astrologia. [Do gr. astrología, pelo lat. astrologia.] 
S. f. Estudo e/ou conhecimento da influência dos as-
tros, especialmente de signos, no destino e no com-
portamento dos homens; uranoscopia. 
Astronomia. [Do gr. astronomía, pelo lat. astronomia.] 
S. f. Ciência que trata da constituição, da posição relati-
va e dos movimentos dos astros. 
5 
 
 
 
 
 
Construindo o conhecimento 
Atividades 
 Há muito tempo os homens contemplam os fenômenos celestes, ora como um sinal divino, 
ora como uma ameaça. Como esta contemplação foi uma parceira presente em toda a evolução 
da humanidade, nenhum estudo do desenvolvimento de qualquer outra ciência, através do tempo, 
é tão importante como o da Astronomia. 
 Podemos dizer que a Astronomia é a mais antiga das ciências. Mas cabe aqui uma 
explicação — que justificou, inclusive a divisão do tema nos capítulos 1, 2 e 3. Muitas das 
primeiras descobertas ligadas ao conhecimento astronômico aconteceram por tentativas e erros, 
sem um método científico. As primeiras civilizações que procuraram entender o movimento 
celeste o fizeram baseadas na magia e na religião. 
 Por isso, o primeiro capítulo trata do nascimento da Astronomia, indo até a Renascença. A 
partir daí, no capítulo 2, entenderemos como ocorreu a ruptura entre o modelo geocêntrico e o 
modelo heliocêntrico. E, por fim, no capítulo 3, compreenderemos o desenvolvimento dessa 
ciência, quando o método científico e a utilização de instrumentos (lunetas, telescópios) entraram 
em cena e possibilitaram à humanidade o avanço tecnológico visto hoje. 
Pré-história da Astronomia 
 Na pré-história, o homem já buscava conhecimentos que pudessem melho-
rar sua vida diária. Segundo o físico Desmond Bernal, “a coisa mais importante 
da pré-história foi o homem perceber que era capaz de usar a Natureza para mu-
dar o ambiente e a própria vida”. 
 No céu, os povos encontraram mapas, calendários e relógios. Os astros e 
seus movimentos foram utilizados como mapa, por exemplo, para movimentos 
migratórios devido a alterações climáticas. Já as estações do ano foram usadas 
para determinar tempos de cheia e seca dos rios, ajudando na agricultura. E o 
movimento de rotação, responsável pelo ciclo dia-noite, seguramente era obser-
vado para as atividades de caça, já que no escuro o bicho pegava. 
 Você deve estar perguntando: 
 
 
 
 
 
 Boa pergunta! Primeiramente, alguns dos passos dados pelo ser humano na pré-história são mostrados em acha-
dos arqueológicos. O resto é conjectura. Não há provas. 
 Para não colocar você, e nós mesmos, em situações difíceis, este capítulo trata apenas dos fatos que existem 
registros. E lembre-se: a tentativa que se faz de resgatar dos povos antigos a nossa história determina o nosso 
presente e marcará nosso futuro. 
 Como os cientistas podem afirmar o que os povos pré-
históricos faziam já que naquela época não tinha nem 
televisão nem jornal fazendo a cobertura dos eventos? 
6 
 
 
Os primeiros registros 
 As civilizações antigas desenvolveram-se principalmente próximas aos rios — questão de sobrevivência, já que 
a água é fonte da vida. Destacamos duas delas: 
� os babilônicos, na Mesopotâmia, a partir de 3.500 a.C. e; 
� os egípcios, no rio Nilo, a partir de 3.100 a.C.. 
 Como há registros das atividades ligadas aos estudos do céu, iremos detalhar os avanços feitos por cada um des-
ses dois povos. 
 
A astronomia babilônica 
 O atual Iraque foi o berço de uma das primeiras grandes 
civilizações da história. Desenvolveu-se na região banhada 
pelos rios Tigre e Eufrates, por isso denominada Mesopotâ-
mia (meso - entre + pótos - rios), que faz parte do Crescente 
Fértil. Vários povos viveram lá: sumérios, acádios, amori-
tas, assírios e caldeus. Alguns deles responsáveis por vários 
avanços na Astronomia. Como estes progressos ocorreram 
na era da Babilônia, tratá-los-emos simplesmente de babilô-
nicos. 
 Um dos grandes saltos da humanidade foi dado pelos babilônicos ao inventar a escrita 
(aproximadamente 3.000 a.C.). Ela era feita em argila mole usando um tipo de estilete para fazer as 
marcas. Por causa da conservação, as cerâmicas e tabuinhas forneceram muito mais informações do 
que os papiros egípcios. Os desenhos abstratos foram descobertos no início do séc. XVIII e levou 
150 anos para serem decifrados. 
 A mais antiga tabuinha astronômica vem de Nipur, na Babilônia Cen-
tral. Desse documento entendemos o firmamento babilônico: um universo 
de 8 céus encaixados. O céu das estrelas fixas estava dividido em 3 zonas 
de 12 setores cada. Outro texto, astrológico, informa o que podia esperar 
do ano: se o céu estava sombrio, o ano seria ruim; se estavabrilhante, o 
ano seria bom; e se, antes da Lua nova, o vento do Norte soprasse por 
todo o céu, os cereais seriam abundantes. 
 Além de estipular a previsão para o futuro, as observações tinham a 
intenção de fixar algumas medidas de tempo. A astronomia babilônica 
também: 
� estabeleceu listas com nomes de planetas, como Saturno, Júpiter, Marte, Vênus e Mercúrio, e 
astros, como o Sol e a Lua, além das estrelas que hoje conhecemos como Sirius, Vega e Antares, 
entre outras; 
� a observação da Lua permitiu determinar o tamanho do mês lunar; 
� a observação do Sol ajudou a fixar o equinócio de primavera. 
 E os babilônicos adotavam um sistema numérico de base 60. Foram eles que mediram a duração 
do ano em cerca de 360 dias, dividiram a circunferência em 360º, subdividiram cada grau em 60 
partes e introduziram o dia de 24 horas cada, a hora dividida em 60 minutos cada e o minuto dividi-
do em 60 segundos. Esta é uma herança do povo que viveu na Mesopotâmia e que persiste até os 
dias de hoje. 
Tabuinha babilônica escrita 
com caracteres cuneiformes. 
R
ep
rod
u
ção 
7 
 
 
A astronomia egípcia 
 O conhecimento do Antigo Egito ainda não foi completamente desco-
berto, mas já se sabe que eles foram mestres na astronomia. O desenvol-
vimento do estudo do céu, como os outros, foi feito de forma lenta e cal-
ma, característica da história do Egito antigo. 
 E as descobertas das heranças dos egípcios seguem da mesma forma. 
A egiptologia é uma ciência muito restrita (com cerca de apenas 2 mil 
especialistas em todo mundo) e muito nova. Com isso, as descobertas 
sobre esta civilização prometem muitas surpresas. 
 Mas vamos à astronomia egípcia. As estrelas sempre chamaram a atenção dos moradores do vale 
do Nilo. Usaram, por exemplo, a estrela Sirius para alinhar os lados da grande pirâmide de Gizé. 
Como para os egípcios o céu era o destino dos mortos, os astrônomos da época faziam mapas celes-
tes e os colocavam dentro das pirâmides para que os mortos “não se perdessem” no caminho. 
 Algumas pinturas revelam que o conhecimento astronômico dos egíp-
cios era razoavelmente avançado mas não como o dos babilônicos. O povo 
do Nilo: 
� já conhecia cinco planetas Marte, Júpiter, Mercúrio, Vênus e Saturno; 
� agrupou os meses em três “estações” de quatro meses. Esses grupos 
eram denominados meses da inundação, meses da germinação e meses 
da colheita; 
� determinou os decanos, hoje em dia usado pelos astrólogos e; 
� mediu o tempo usando relógios solares e de água. 
O Zodíaco de Denderah repre-
senta o céu e foi encontrado no 
Templo de Esneh, no Egito. 
 Outros registros 
 E aqui cabe uma advertência: apesar de termos apresentado apenas dois relatos, não pense que só estes povos 
estudaram o céu. Além das civilizações babilônica e egípcia, há evidências de conhecimentos astronômicos em ou-
tras partes do mundo. São algumas delas: 
� os conhecimentos astronômicos chineses se perderam quando um decreto imperial mandou queimar todos os 
livros em 213 a.C.. Sabe-se que eles previam eclipses, pois conheciam sua periodicidade, e foram feitos alguns 
registros de anotações precisas de cometas, meteoros e meteoritos desde 700 a.C.; 
� as pirâmides maias situadas na península de Yucatán, na América do Norte, foram 
verdadeiros observatórios astronômicos. Este povo foi capaz de prever eclipses 
solares, e seu calendário solar era bastante preciso. Na pirâmide de Kukúlcan, em 
Chichén Itzá, pode-se entender como os maias uniam a arquitetura e a astronomia. A 
construção possui 4 lados. Cada lado tem 91 degraus, somando-se, no total, 364. No 
topo, existe uma grande plataforma, completando os 365 degraus — uma para cada 
dia do ano. Mas não está aí a precisão desse povo. Em dois dias do ano — nos 
equinócios de outono e primavera, ocorre um impressionante efeito: no meio da 
manhã, no lado norte, que contém uma imagem de serpente no início da escadaria, 
uma sombra forma pequenos triângulos nos degraus, dando a sensação de que a 
serpente está magicamente descendo a pirâmide e; 
 
� no Peru, há o observatório mais antigo descoberto, Chankillo, construído entre 
200 e 300 a.C.. Há indicações de que neste local fosse possível visualizar com 
precisão o trajeto do Sol no horizonte ao longo das estações do ano, com locais 
demarcados para a posição do astro no começo da manhã e no fim da tarde. 
Chichén Itzá, na península de 
Yucatán, México. 
Observatório de Chankillo, no Peru. 
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 Astronomia grega 
 Diferentemente da astronomia babilônica, que tinha um caráter numérico, os filósofos gregos preocupavam-se 
com os aspectos geométricos dos fenômenos. Esta nova maneira de pensar surgiu na Grécia por volta de 600 a.C.. 
Antes disso, como vimos, todas as perguntas dos homens haviam sido respondidas pelas diferentes religiões. Através 
de mitos — história de deuses que tem por objetivo tentar explicar às pessoas algo que elas não conseguem entender 
—, as explicações religiosas foram passadas de geração para geração. Os filósofos gregos tentaram provar que tais 
inferências não eram confiáveis e preferiram achar justificativas naturais para os processos da natureza. Percebe-se a 
evolução de uma forma de pensar atrelada ao mito para um pensamento construído sobre a experiência e a razão. 
 Todos os modelos criados, tanto pelos povos antigos quanto pelos filósofos gregos, mostram que as pessoas 
sempre tiveram a necessidade de entender os processos da natureza. A criação dos modelos, seja através de mitos e 
lendas, seja através de métodos científicos, nos faz compreender que não podemos viver sem tais explicações. 
Mesmo na impossibilidade de vermos algo, como no caso da menor constituição da matéria, os átomos ou o passado 
cosmológico, tentamos interpretar os sinais dados pela natureza e construímos modelos. 
 Cada filósofo apresentado a seguir tinha projetos ligados a questões da natureza. Por isso, são freqüentemente 
chamados de “filósofos da natureza”, pois queriam entender os fenômenos naturais sem ter que recorrer a mitos. 
Esses homens deram os primeiros passos na direção de uma forma “científica” de pensar, sendo responsáveis pelo 
pontapé inicial para todas as outras ciências naturais que surgiram depois. A seguir, apresentamos um breve relato de 
cada um dos filósofos gregos que contribuíram para a construção de alguns dos conhecimentos astronômicos. 
Tales de Mileto (~ 640 - 562 a.C.) 
Pitágoras de Samos (~ 569 - 475 a.C.) 
Anaxágoras de Clazômena (~ 500 - 428 a.C.) 
 Filósofo, da escola jônica, a cosmologia feita por ele só nos chegou fragmentada. Para Tales, a Terra era 
um cilindro achatado e à deriva sobre o oceano sob a imensa abóbada celeste. Foi o primeiro a acreditar que a 
Lua brilhava por um reflexo dos raios solares. Além disso, determinou o número exato de dias que tem em um 
ano. Tales instruiu os marinheiros a guiarem-se pela constelação da Ursa Maior. E foi capaz de prever um 
eclipse de 585 a. C. utilizando a Época de Sáros, um ciclo de 18 anos, 11 dias e 8 horas em que ocorre a 
repetição dos eclipses. 
 O mundo pitagórico era formado por uma Terraesférica e em rotação em torno de um fogo central, 
circundado por 10 esferas concêntricas contendo as estrelas e os planetas em órbitas circulares. Esta concepção 
de mundo satisfazia os princípios de beleza e harmonia necessários na época. Chamou o céu de Cosmos. 
Também reconheceu que a órbita da Lua estaria inclinada e foi um dos primeiros a estabelecer que Vênus era a 
mesma estrela chamadas de Estrela da Manhã (Phosphoros) e da Tarde (Hesperos) naquela época. 
 Anaxágoras interessava-se muito por astronomia. Ele acreditava que o Sol não era um deus, mas uma 
massa incandescente, maior que a península do Peloponeso e que todos os corpos celestes eram feitos da 
mesma matéria que compunha a Terra. Ele chegou a essa conclusão depois de ter examinado um meteorito. 
“E por isso seria de se pensar que em outros planetas houvesse vida”, dizia ele. Além disso, Anaxágoras 
explicou que a Lua não possuía luz própria, mas que tirava seu brilho da Terra, além de entender como 
aconteciam os eclipses. 
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Eudóxio de Cnido (~ 408 - 355 a.C.) 
Aristóteles de Estagira (~ 384 - 322 a.C.) 
Aristarco de Samos (~ 310 - 230 a.C.) 
 Aristóteles é considerado, junto com Platão e Sócrates, um dos pensadores mais destacados da antiga filosofia 
grega e possivelmente é o mais influente no conjunto de toda a filosofia ocidental. Sua influência foi tão grande 
que algumas de suas teorias mantêm-se vivas até hoje. Como na época de Aristóteles a filosofia era uma atividade 
essencialmente oral, o fato de ter escrito 170 títulos — dos quais 47 chegaram até os nossos dias — tornou-o 
importante para a cultura européia. Além disso, Aristóteles foi o grande sistematizador, o homem que fundou e 
ordenou as várias ciências. 
 
 Na astronomia, fez grandes progressos. Foi o primeiro a usar argumentos sólidos contra 
a tradicional teoria da Terra plana, percebendo que as estrelas pareciam mudar a sua altura 
no horizonte de acordo com a posição do observador na Terra. E ainda percebeu que a 
sombra que a Terra projeta na Lua, durante um eclipse lunar, é curva. A teoria aristotélica 
exigia que o universo fosse esférico, que os 55 mundos fossem corpóreos e que cada um 
tivesse um movimento circular e uniforme em torno do centro do mundo e que este centro 
fosse a Terra imóvel. Aristóteles pensou em uma “força divina” que transmitia seus 
movimentos a todas as esferas, desde a mais externa, a esfera das estrelas fixas, até as mais 
internas, na seguinte ordem: Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno. 
 O Universo aristotélico foi dividido em sublunar, abaixo da esfera da Lua (corruptível, 
mutável e imperfeito) e supralunar, acima da esfera da Lua (incorruptível, imutável e 
perfeito) que era preenchido por éter. A imutabilidade deste último gerou uma explicação 
atmosférica, por exemplo, para os cometas. 
Universo aristotélico. 
 Eudóxio, discípulo de Pitágoras, depois de uma viagem ao Egito, introduziu na Grécia um ano mais exato, 
com 365 dias e 6 horas. Em seu livro As velocidades explicou o movimento do Sol, da Lua e dos planetas e 
introduziu um engenhoso sistema de esferas concêntricas cujos movimentos, ao se multiplicarem, levam os 
próprios planetas a se movimentarem. Combateu ardentemente os horóscopos dizendo que: “Quando se crê 
haver previsões acerca da vida de um cidadão com os seus horóscopos baseados na data de nascimento não 
devemos dar crédito nenhum, pois as influências dos astros são tão complicadas de calcular que não existe 
homem na face da Terra capaz de fazê-lo”. 
 Foi um hábil geômetra mas pouco se conhece de sua vida. Suas hipóteses sobre o universo foram extraídas de 
outros autores. Segundo eles, Aristarco foi um consciente observador dos solstícios e equinócios (pontos da 
órbita terrestre que marcam o início de uma estação do ano) e parece ter interpretado corretamente a origem das 
estações do ano, deduzindo a inclinação da Terra. Em outra obra, Aristarco defendeu que as estrelas fixas e o Sol 
(que ele já acreditava ser outra estrela) permanecem imóveis e que é a Terra que gira ao redor do Sol seguindo 
uma trajetória circular. Desenvolveu, também, um método para determinar as distâncias relativas do Sol e da Lua 
à Terra e mediu os tamanhos relativos da Terra, do Sol e da Lua. 
 Podemos perceber que este filosofo e matemático foi um dos primeiros a promulgar uma teoria heliocêntrica. Mas por esse 
modelo foi acusado de perturbar o descanso dos deuses. Aristarco também explicou os movimentos de rotação e translação 
terrestres. Por tudo isto, podemos concluir que ele foi o astrônomo com as idéias mais avançadas de sua época. 
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Eratóstenes de Cirênia (~ 276 - 194 a.C.) 
Hiparco de Nicéia (~ 160 - 125 a.C.) 
 Eratóstenes calculou a distância do Sol e da Lua, determinou a inclinação do eixo da Terra em 23º 51´15´´(o 
valor aceito hoje é de 23º26´), fez a relação de cerca de 675 estrelas e criou um dos calendários mais avançados 
da época. Mas uma das principais contribuições dele para a astronomia foi o trabalho sobre a medição do raio da 
Terra. Estudando alguns papiros da biblioteca de Alexandria, ele encontrou um informe sobre observações em 
Siena, que ficava a uns 800 km ao sudeste de Alexandria, no qual havia o relato de que os raios solares que 
chegavam em uma vara ao meio-dia do solstício de verão não produzia sombra. Curioso, Eratóstenes fez a 
mesma experiência no mesmo dia e na mesma hora em Alexandria e descobriu que a luz do Sol não incidia 
verticalmente em um poço de água. Assumiu, corretamente, que se o Sol encontra-se a grande distância, seus 
raios deviam chegar na Terra de forma paralela e se esta era plana como acreditavam naquela época, não deveriam encontrar 
diferenças entre as sombras projetadas pelos objetos na mesma e no mesmo dia, independentemente de onde se encontrassem. 
Contudo, ao demonstrar que as sombras existiam (a sombra formada por uma torre em Alexandria tinha 7º com a vertical) o fez 
deduzir que a Terra não era plana e utilizando a distância conhecida entre as duas cidades e o ângulo formado pelas sombras em 
Alexandria permitiram-no calcular a circunferência da Terra. O valor calculado por ele possui menos de 1 % de erro relativo. 
Surpreendente, considerando os recursos da época. Esta experiência é apresentada na Atividade 1 no final deste capítulo. Vamos 
ver qual o valor que você encontra e se ele possuirá erro. Será uma boa oportunidade para entender como a ciência avança 
mesmo quando não possuímos tecnologia de última geração. 
 Hiparco foi o maior astrônomo da era pré-cristã. É considerado o primeiro astrônomo 
científico, já que era muito preciso em suas investigações. Suas medidas do ano tropical — 
duração do ano determinada pelas estações — têm uma margem de erro de 6,5 minutos com 
relação às medições modernas. Além disso, Hiparco mediu a precessão dos equinócios (o 
movimento de pião do eixo terrestre, que leva cerca de 25.800 anos para uma revolução 
completa). Este astrônomo escreveu 3 livros: o primeiro descreve e nomeia as constelações; o 
segundo e o terceiro fazem cálculos de saída e entrada das constelações no céu, e no final do 
terceirolivro há uma lista de 850 estrelas, diferenciando-as em 6 categorias de magnitudes, 
classificação ainda hoje utilizada. Calculou também a distância entre a Terra e a Lua baseando-
se num eclipse de 190 a.C., chegando ao valor de 59,67 raios terrestres (o valor real é de 60 
raios). 
 Em 2005, um antigo mapa do céu, elaborado por Hiparco em 129 a.C., e dado como 
perdido, foi localizado por Bradley Schaefer. O mapa estava na verdade bem à vista — era o 
céu mostrado em uma estátua conhecida como Atlas Farnese, uma cópia de um original grego, 
mais antigo. A estátua mostra 41 constelações no globo acima da cabeça. Como matemático, 
introduziu na Grécia a divisão do círculo em 360º, forma que já era utilizada na Babilônia. 
Atlas segurando a abóbada celeste, 
ou Atlas Farnese (200 d.C.). Escola 
Romana, Nápoles, Itália. 
 Alexandre, o Grande 
 Já no final do séc. IV a.C., Atenas perdeu sua posição de hegemonia por causa das grandes transformações polí-
ticas que vieram em decorrência das conquistas de Alexandre, o Grande (356-323 a.C.). Com muitas campanhas bé-
licas, Alexandre conquistou uma grande parte do mundo, unindo o Egito, e todo o Oriente, até a Índia, à civilização 
grega. Por causa disso, acabou surgindo uma comunidade internacional, na qual a língua e a cultura grega passaram a 
desempenhar um papel preponderante. Este período foi marcado pelo desaparecimento das fronteiras entre diferentes 
países e culturas, durou cerca de 300 anos e é conhecido como helenismo. 
 Também a ciência do helenismo foi marcada pela mistura de diferentes experiências culturais. Particularmente 
a cidade de Alexandria, no Egito, desempenhou um papel-chave como ponto de encontro entre o Oriente e o Ociden-
te. Esta cidade transformou-se na metrópole da ciência. Com sua grande biblioteca, passou a ser o centro da matemá-
tica e da astronomia. O próximo filósofo viveu nesta cidade e foi responsável pela grande síntese deste período. 
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Cláudio Ptolomeu de Alexandria (~ 85 - 165 d.C.) 
 
 Cláudio Ptolomeu é um dos personagens mais importantes da história da Astronomia. Ele propôs um 
sistema geocêntrico para a mecânica celeste que perdurou por mais de 1.400 anos. Suas teorias e explicações 
astronômicas dominaram o pensamento científico até o séc. XVI. 
 O seu texto mais célebre é Almagesto, provavelmente uma deformação, pelo árabe, de um sobrenome 
grego (hê megistê), que acredita-se significar “A Maior”. O título grego era Composição Matemática 
(Sintaxis mathematikê). A obra, em 13 volumes, constitui a primeira descrição de astronomia matemática 
conservada. O tema central desta coleção é a explicação do sistema geocêntrico. 
 
 O modelo de Ptolomeu, presente no Almagesto, pode ser explicado da 
seguinte forma: o movimento consistia em um pequeno círculo — o 
epiciclo — sobre o qual encontrava-se um planeta. O centro deste círculo 
deslocava-se sobre um círculo maior — o deferente — transportando assim 
o epiciclo e o planeta em torno da Terra de modo não uniforme. Para 
resolver o problema das alterações das velocidades angulares dos planetas, 
Ptolomeu introduziu o artifício dos equantes — ponto localizado fora do 
centro da órbita do planeta em torno da Terra, em relação ao qual a 
velocidade angular do respectivo planeta seria constante. Harmonizando os 
epiciclos, deferentes e equantes com as velocidades constantes dos 
planetas, Ptolomeu conseguiu representar o movimento dos planetas. 
 Além do modelo geocêntrico, o Almagesto oferece as medidas do Sol e 
da Lua e um catálogo de 1.028 estrelas, organizadas em 48 constelações — 
a base de nosso atual sistema de constelações. 
 O modelo desenvolvido por Ptolomeu era o coroamento da Geometria e 
da Astronomia (teórica e observacional) grega. 
O sistema ptolomaico. 
Veja, no detalhe, a repre-
sentação de um epiciclo e 
um deferente. 
 Astronomia árabe 
 Após o declínio da civilização grega, o centro de investigação astronômica transferiu-se para os povos árabes, 
sendo por eles divulgada na Europa e no Oriente Médio. O interesse pela astronomia floresceu no mundo árabe a 
partir do séc. IX, quando provavelmente foi feita a tradução do Almagesto para esta língua. 
 Os árabes realizaram a ponte entre a civilização grega e a época do Re-
nascimento no séc. XV ao contribuírem para conservar a primeira e preparar o 
desenvolvimento da segunda. Esse povo soube aperfeiçoar os saberes helêni-
cos, criando seu próprio conhecimento. 
 Nomes como Yahya-Ibn Abi Mansur (?-832), Abul-Abbas Ahmad al-
Farghani, Thabit ben Qurrah (836-901), Al Battani (858-929) da Escola de 
Bagdá; Ibn Yunus (979-1005) e Abu ali-Hasan Ibn al-Haytham (965-1040) da 
Escola do Cairo, entre outros, foram responsáveis por construírem 
instrumentos astronômicos, em particular astrolábios; estabelecerem as tábuas 
astronômicas; aperfeiçoarem os meios de determinação das posições dos 
astros no céu; criarem as efemérides astronômicas, de uso universal até os 
dias de hoje sob forma eletrônica; aperfeiçoarem os instrumentos ópticos. 
Perceba que os árabes, na astronomia, não desenvolveram idéias 
verdadeiramente novas. Eles aperfeiçoaram, mas não inventaram. 
 Apesar dos últimos representantes da astronomia árabe terem sumido no séc. XV, foram os seus conhecimentos, 
divulgados na península Ibérica, a base de toda a astronomia que permitiu que os portugueses e os espanhóis 
realizassem as grandes viagens marítimas de descoberta. 
Gravura do século XIX onde se procura 
ilustrar a imagem medieval do mundo. Um 
viajante, nos confins do universo vislumbra 
por detrás das estrelas os mecanismos que 
produziam o seu movimento de rotação. 
Reprodução 
12 
 
 
 
 Como vimos, Eratóstenes estimou o comprimento da circunferência 
terrestre baseado no fato de que, no dia do solstício de verão, ao meio-dia 
local, não havia sombra na região de Siena, Egito, enquanto em 
Alexandria, as sombras eram relativamente pronunciadas (fato que já 
comprovada a esfericidade da Terra). Com um método simples, mas 
engenhoso, Eratóstenes mediu o comprimento da sombra no dia do 
solstício, em Alexandria, e verificou que o ângulo entre Siena e 
Alexandria, passando dois segmentos de reta pelas cidades e que se 
encontravam no centro da Terra, formavam entre si um ângulo de cerca 
de 7º, o que corresponde a aproximadamente 
 
de um círculo da circunferência terrestre. Como ele conhecia a distância 
entre as duas cidades (~ 5.000 estádios) estimou a circunferência da Terra 
como tendo 250.000 estádios, o que dava cada grau um comprimento de 
700 estádios. Adotando um estádio com 157,5 metros, vemos que o valor 
obtido por Eratóstenes para o raio da Terra (r = 6.320 km) está muito 
próximo do valor atualmente aceito (r = 6.378 km). Estas medidas 
permitiram, dois séculos antes da nossa era, obter o valor do raio da 
Terra, com um erro relativo menor que 1%! 
 Usando um pouco de geometria, podemos entender como Eratóstenes 
conseguiu chegar ao valor do raio da Terra. 
 Primeiramente, foi necessário de descobrir qual era o ângulo (θ) formado 
pela sombrada torre em Alexandria. Para isso, ele usou a altura da torre (H) e 
o comprimento da sombra no chão (d). Tendo esses valores, pôde determinar o 
ângulo formado usando uma tabela de tangentes. (Existe uma anexada a este 
capítulo.) 
 Considerando os valores d = 0,49 metro e H = 4,00 metros, temos 
 
 
 Olhando a tabela de tangentes, obtém-se o ângulo aproximado: 7º. 
Atividade
s 
 
1 
Determinação do raio da Terra 
1228,0
00,4
49,0
==θtg
50
1
º360
º7
≅
13 
 
 
 Com esse valor em mãos, vamos determinar o raio da Terra. Como sabemos a distância D (800 km), e o ângulo 
formado pela sombra da torre em Alexandria θ (7º), podemos usar uma regra de três simples para determinar o raio 
da Terra: se a circunferência completa vale 2ππππr, e corresponde a 360º, então se conhecermos um arco de 
circunferência (a distância entre Siena e Alexandria) e o ângulo central que ele subentende (θθθθ), ficamos conhecendo 
o raio dessa circunferência (r). Em símbolos: 
 
 
 Usando os valores dados, e considerando π = 3,14, encontramos r = 6.551,4 km. Não tão bom quanto o valor 
encontrado por Eratóstenes, já que fizemos alguns arredondamentos. 
 Agora que você entendeu a estratégia usada por Eratóstenes, vamos ajudá-lo a determinar o raio da “sua” Terra. 
Para isso, trace parte de uma grande circunferência, de uns 25 cm de raio. Você vai medir indiretamente o raio dessa 
circunferência, como se ela fosse o meridiano do Eratóstenes. Escolha dois pontos: “Alexandria” (A) e “Siena” (B). 
 
 
 
 
 
 
 
 Usando uma tira de papel ou régua flexível, determine a distância entre os “poços” em “Alexandria” e “Siena”. 
Coloque, depois, alfinetes nos pontos 1, 2, 3 e 4. Para facilitar, ponha a folha sobre uma placa de isopor. Agora, leve 
seu esquema (Terra) para o Sol. Coloque a “Terra” de tal maneira que os raios do Sol entrem verticalmente no “poço 
de Siena” (B). Como os raios solares não entram verticalmente no “poço de Alexandria”, determine o ângulo entre a 
sombra dos alfinetes 1 e 2 e a “vertical” (este é o mesmo ângulo que as verticais fazem no centro da Terra). 
 Meça o primeiro desses ângulos e compare-os com o segundo. 
 Tendo o valor de αααα, que pode ser medido com um transferidor ou usando o exemplo de Eratóstenes com medida 
da sombra projetada, e o do arco AB, que você já mediu, calcule o raio da “Terra” que você desenhou. 
 Que tal? De quanto você errou? Qual foi seu erro percentual em relação ao valor que aqui você pode medir 
diretamente? 
 E lembre-se: Eratóstenes não pôde fazer essa comparação. 
 
 
 
14 
 
 
 
 
 
 
 
 Em cada momento da humanidade, as tentativas de explicar os fenômenos celestes precisam tentar dar conta da-
quilo que se conhece sobre a estrutura do próprio universo. Quando se imaginava a Terra como um disco achatado, 
coberta por uma cúpula hemisférica, era isso que precisava ser explicado. 
 Nos poemas homéricos (cerca de 900 a.C.), havia a representação da Terra como um disco chato circundado por 
um enorme rio, chamado Oceano. E a Terra era recoberta pelo céu como um manto. O primeiro a dizer que a Terra 
era esférica foi Parmênides de Eléia (~530 - 460 a.C.), e explicou o porquê desta concepção: a forma esférica da Ter-
ra podia ser deduzida através das narrativas dos viajantes, já que relatavam que algumas estrelas eram visíveis em 
alguns pontos ao Sul, mas invisível na Grécia. Esta é uma observação importante porque será usada por Ptolomeu e 
Copérnico muito tempo depois para explicar seus modelos. Mas na época de Parmênides, a idéia de uma Terra esféri-
ca era um completo absurdo! 
 Só no séc. IV a.C. que Aristóteles apresentou argumentos mais con-
vincentes para explicar a forma da Terra. Um deles é bem interessante. 
Acompanhe. Você já percebeu que quando um navio afasta-se do porto, 
uma pessoa que fica em terra vê, inicialmente, o navio inteiro. Mas, 
depois de um certo tempo, quando o navio começa a distanciar-se, a 
parte de baixo do navio começa a desaparecer no mar. E, por fim, só se 
vê a parte mais alta do mastro. Para Aristóteles, se a Terra fosse plana, 
isso não poderia acontecer. Mas como acontece, a Terra só pode ser 
esférica. 
 Esta atividade traz uma proposta interessante: o cálculo de onde você está até o horizonte. Como o planeta é re-
dondo, quando você desloca-se em uma superfície, a linha do horizonte (encontro entre o céu e a terra ou entre a á-
gua e o céu) também se move. Supondo que a Terra é uma esfera perfeita — seremos um pouco aristotélico, para 
simplificar o cálculo —, podemos estimar geometricamente a distância a partir da qual os objetos começam a desapa-
recer abaixo (ou além) da linha do horizonte. Essa altura depende, basicamente da altura (h) em que o olho do obser-
vador está em relação à superfície. Considerando uma pessoa com 1,80 m, e dado o raio da Terra (R) igual a 
6.380.000 metros, podemos calcular a distância do horizonte usando o teorema de Pitágoras. É bem simples, na ver-
dade. Acompanhe: 
 Assim, da próxima vez 
que olhar um navio se 
distanciando do litoral, 
você entenderá que seria 
possível vê-lo por quase 
5 km antes dele sumir. 
 
Atividade
s 
 
2 
Pitágoras diz onde está o horizonte 
Reprodução 
15 
 
 16 
 
 
 
 
Referências 
A T I V I D A D E S 
• CANIATO, R. O céu. São Paulo: Ática, 1990. 
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o Ensino Médio). Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 26, p. 257-271, 2004. 
• DIAS, P. M. C. PILLING, D. P. A. A hipótese heliocêntrica na Antigüidade. Revista Brasileira de 
Ensino de Física, v. 29, n. 4, p. 613-623, 2007. 
• FERREIRA, A. B. de H. Dicionário Novo Aurélio. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, p. 219, 1999. 
• FRIANÇA, A. et al. Astronomia - Uma Visão Geral do Universo. São Paulo: Edusp, 2003. 
• GAARDER, J. O Mundo de Sofia - Romance da história da filosofia. São Paulo: Companhia das 
Letras, 1995. 
• KEPLER, S. O. SARAIVA, M. de F. O. Astronomia e Astrofísica. São Paulo: Editora Livraria da 
Física, 2004. 
• MARTINS, R. de A. Universo: Teorias sobre sua origem e evolução. São Paulo, Moderna, 1994. 
• ______. Como não escrever sobre história da Física - um manifesto historiográfico. Revista 
Brasileira de Ensino de Física, v. 23, n. 1, p. 113-129, 2001. 
• MEDEIROS, A. A invisibilidade dospressupostos e das limitações da teoria copernicana nos 
livros didáticos de Física. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 19, n. 1, p. 29-52, 2002. 
• MOURÃO, R. R. de F. O livro de ouro do Universo. Rio de Janeiro: Ediouro, 2000. 
• ______. A astronomia na época dos descobrimentos. Rio de Janeiro: Lacerda Ed., 2000. 
• NEVES, M. C. D. A Terra e sua posição no Universo: formas, dimensões e modelos orbitais. 
Revista Brasileira de Ensino de Física, vol. 22, n. 4, p. 557-567, 2000. 
• NOGUEIRA, P. Antiga carta celeste é descoberta. Revista Galileu. Rio de Janeiro: Ed. Globo, 
2005. p. 9. 
• REVISTA GALILEU. Especial Astrologia: ciência ou misticismo? Rio de Janeiro: Ed. Globo, p. 4-
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• RIDPATH, I. Astronomia. Rio de Janeiro: Editora Jorge Zahar, 2007. 
• SCIENTIFIC AMERICAN HISTÓRIA: A Ciência na Antiguidade. São Paulo: Duetto Editorial. 
• VERDET, J. P. Uma história da Astronomia. Rio de Janeiro: Editora Jorge Zahar, 1991. 
17 
 
 
 
 
Capítulo 
2 
 
Do sistema 
geocêntrico ao 
sistema 
heliocêntrico 
R
ep
rod
u
ção 
 
 
 
 
 
 
Contextualizando a temática 
A t i v i d a d e s 
 
 
Capítulo 2 - Do sistema geocêntrico ao sistema heliocêntrico 
 Vá até uma janela em que seja possível observar a Lua. Fique uns 20 minutos olhando 
a trajetória (caminho) que o astro está efetuando. 
 Feito? Então vamos a próxima etapa... 
 Se você não participou da cena descrita a seguir como personagem principal, sendo o professor, 
provavelmente estava sentado em uma sala de aula, como aluno, observando-a. Vamos ver: 
 
 
 
 
 
 
 
 Como esta cena pode acontecer em qualquer sala de aula, resolvemos partir dela para 
propor uma outra atividade, para você, professor... 
O cenário: sala de aula, aula de Ciências, início do conteúdo de Física para uma turma de oitava 
série (que, tradicionalmente, tem o conteúdo do livro didático dividido em Física e Química). 
Personagens: um professor de Ciências e vários alunos assustados com o início de um conteúdo 
que todos dizem ser MUITO difícil. 
A história: O primeiro contato dos alunos da oitava série nas aulas de Ciências com o conteúdo da 
Física costuma ser com os conceitos iniciais da Cinemática (parte da Mecânica que estuda os 
movimentos sem determinar suas causas). Entre eles, o conceito de referencial. Para tentar mostrar 
o seu significado e sua importância, o professor costuma fazer uma pergunta maldosa. É ela: 
 — Alunos, vocês estão em repouso ou em movimento? 
 — Em repouso!!! Respondem, animados, todos os alunos, felizes por saberem uma coisa tão 
simples quanto esta. 
 E aí, no alto de sua sapiência, o professor, em êxtase, magistralmente, volta-se para a turma e diz: 
 
 
 
Errado!!!! Depende 
do referencial! 
21 
 
 
 Responda às questões a seguir, preocupando-se em ser fiel ao que observou. 
 
 Muito bem! Nossa atividade terminou e o resultado é: 
 — Você é um genuíno geocêntrico! Isso mesmo. Bem-vindo ao mundo de Aristóteles. 
 
 
 Desculpe, mas você é, no máximo, homoestático! Quer ver? Faremos mais algumas perguntas. 
 
 
 
 
 Você percebe que as respostas a essas questões fortalecem a crença em um modelo no qual estamos parado? 
Todas as experiências da vida cotidiana falam em favor de uma Terra imóvel. O modelo criado simplesmente 
observando o céu é, acima de tudo, homoestático. Para ultrapassá-lo, foram necessários muitos anos, muitas teorias 
e, acima de tudo, a invenção de instrumentos capazes de ver mais longe. Veja na Problematização Inicial algumas 
das questões que foram formuladas pelos cientistas para superar o modelo aceito até o séc. XVI — a visão 
geocêntrica do Universo. 
Problematização Inicial 
� Por que precisamos de um modelo para a mecânica celeste? 
� Por que a Igreja Católica adotou o sistema aristotélico como o “oficial”? 
� O que levou Copérnico a tirar o centro do mundo da Terra e colocá-lo nas proximidades do 
Sol? 
� Como ocorreu a transição entre o sistema geocêntrico e o heliocêntrico? Foi imediato? Como 
ele foi recebido pelos cientistas? E pelas pessoas comuns? 
� Será que todos os pensadores ficaram convencidos de que o sistema aristotélico era a última 
palavra sobre a mecânica celeste, sem criticá-lo nem tentar propor nada diferente? 
� É verdade que Copérnico só publicou o livro que apresentava o seu modelo em seu leito de 
morte para não ser punido pela Igreja Católica? 
� Mesmo sem a utilização de instrumentos de observação, como foi possível provar o modelo 
heliocêntrico? 
Quando algo está em movimento e solta fumaça, como uma locomotiva, por exemplo, os gases vão ficando para 
trás, certo? Então, se a Terra estivesse em movimento, ao acender uma fogueira, num local sem vento, a fumaça 
também deveria ficar para trás. Mas é isso que você observa? 
Se você estiver parado e joga uma bola para cima, a bola volta para a sua mão. Se o planeta Terra 
estivesse em movimento, será que isto aconteceria? 
1ª. Você estava em movimento ou parado em relação 
(aí vai o referencial) à janela? 
 
2ª. O astro que você observou (a Lua) estava parado ou 
em movimento em relação à você? 
 Parado! Esta foi 
fácil. 
Em movimento, é óbvio! 
Mas, mas... Eu SEI que a Terra está 
em movimento em torno do Sol. 
Eu sou heliocêntrico! 
22 
 
 
 
 
 
Construindo o conhecimento 
Atividades 
 Quais são as razões que levam a Ciência a sofrer grandes mudanças? Será que apenas a 
insuficiência da teoria vigente para explicar um fenômeno motiva os cientistas a procurarem 
novos modelos? Ou algo mais é necessário para o desenvolvimento científico? 
 No caso da Astronomia, houve um aspecto fundamental para o avanço ocorrido a partir do 
séc. XVI: a Ciência buscava a verdade e a beleza, e precisou de liberdade para se desenvolver e 
ultrapassar a ideologia imposta pela Igreja católica. 
 Além disso, a natureza limitada dos sentidos exigiu uma definição de critérios de apreensão 
do real que conduzissem à verdade, e não ao engano. 
 Compreender como foi a evolução das idéias e a forma que foram recebidas pelas pessoas 
ajudará você a perceber a importância da Astronomia para explicar o mundo que vivemos e qual 
o nosso lugar nele. 
A transição 
 Antes de apresentarmos os cientistas e as teorias formuladas por eles para tentar explicar a 
mecânica celeste, devemos esclarecer um ponto muito importante: qual o verdadeiro papel da físi-
ca aristotélica para a história e filosofia da Astronomia? 
 Em vários livros que contam o desenvolvimento da Astronomia no mundo ocidental, ao analisar o papel de A-
ristóteles na história da ciência, enfatizam a forte influência dele durante vários séculos. Dá-se a impressão, ao lê-los, 
que Aristóteles foi a única, contínua e definitiva explicação do sistema planetário, favorecido pela escolha da Igreja 
católica como o sistema “oficial” adotado, como se os pensadores cristãos estivessem o tempo todo adaptando-se à 
filosofia aristotélica. Podemos entender, talvez, que este sistema foi usado ininterruptamente da Grécia Antiga até o 
Renascimento. 
 Isto não é verdade! E pretendemos mostrar alguns argumentos para superar essa idéia. 
� Primeiramente: é claro que antes da era cristã (quatro séculos, no total) ninguém poderia querer adaptar a teologia 
cristã ao legado aristotélico, pois ela não existia. Trata-se de uma impossibilidade cronológica. 
� Depois do nascimento de Jesus Cristo, época do início da era cristã, o cristianismo ainda era pouco poderoso 
(duranteos dois primeiros séculos). 
� Em 313 d.C., o imperador Constantino aceitou a religião cristã. A partir de então, o cristianismo foi se 
fortalecendo, até 392 d.C. quando Theodosius proibiu qualquer outra religião no Império Romano. Como naquela 
época acreditava-se que a ciência era contraditória, os filósofos cristãos não se preocupavam com ela. 
� À medida que o cristianismo se fortalecia, a filosofia grega começou a ser atacada. Em 529 d.C., Justiniano 
proibiu que os não-cristãos ensinassem e a Academia de Platão, em Atenas, foi fechada. 
� Como as obras de Aristóteles estavam em grego, elas eram praticamente inacessíveis. Só com as traduções feitas 
pelos árabes, e posteriormente para o latim, que o mundo começou a conhecer o pensamento aristotélico, a partir 
do séc. XIII. 
 Mas será que a Igreja Católica apaixonou-se por Aristóteles e tentou conciliar suas idéias com a teologia cristã? 
 A resposta é NÃO! 
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A virada de mesa 
 Com o tempo, o cristianismo acabou se impondo como visão de mundo predominante. No fim do séc. IV, o bis-
po de Roma tornou-se o chefe de toda a Igreja católica romana. Ele recebeu o nome de papa — ou “pai” — e passou 
a ser considerado o representante de Jesus na Terra. Por isso, durante quase toda a Idade Média, Roma foi a capital 
da Igreja. Na Europa ocidental, formou-se uma cultura cristã de língua latina, cuja capital era Roma. Na Europa ori-
ental surgiu um núcleo cultural cristão de língua grega, cuja capital era Constantinopla. E o centro científico do mun-
do foi transferido para o Norte da África e o Oriente Médio. Os árabes avançaram na matemática, química, astrono-
mia e medicina. A cultura greco-romana foi transmitida em parte pela cultura católico-romana no Ocidente, em parte 
pela cultura romano-oriental e em parte pela cultura árabe do Sul. 
 Sabe-se que a Igreja Católica não aceitou de braços abertos o pensamento aristotélico. Ele era um sistema com-
pleto, racional, explicando o universo como um todo com causas naturais. Como já existia uma explicação também 
completa da ideologia — a Bíblia — o sistema foi rejeitado pela Igreja. 
 Foi com santo Agostinho (354-439) que aparece a primeira tentativa de mesclar o pensamento grego com a I-
greja católica. Agostinho, de certa forma, “cristianizou” Platão. Ele esforço-se ao máximo para conciliar o pensa-
mento grego com o judeu. Por exemplo, santo Agostinho explicou que Deus havia criado o mundo a partir do nada, e 
este era um ensinamento da Bíblia. Os gregos, por sua vez, tendiam para a visão segundo a qual o mundo sempre 
tinha existido. Para Agostinho, antes de Deus ter criado o mundo, as “idéias” já existiam dentro de Sua cabeça. Ele 
atribuiu a Deus as idéias eternas e com isto salvou a concepção platônica das idéias eternas. 
 As idéias continuaram sendo difundidas e, no séc. XIII, houve uma tentativa de harmonizar a fé e a razão, utili-
zando a filosofia de Aristóteles. Nesta época, viveu um grande filósofo que foi o principal responsável por esse tra-
balho: são Tomás de Aquino que viveu entre 1225 e 1274. Ele “cristianizou” Aristóteles. Teve o mérito de ter conse-
guido a grande síntese entre a fé e o conhecimento, adotando a filosofia de Aristóteles em todas as áreas que não di-
vergiam da teologia da Igreja. 
 Apenas alguns anos depois da morte de são Tomás de Aquino, a estrutura da unidade cristã começou a apresen-
tar rachaduras: a filosofia e a ciência começaram a libertar-se da teologia cristã, possibilitando à religião um relacio-
namento mais livre com a razão. Esta realidade proporcionou duas novas formas de pensar: um científico e outro 
religioso. Estavam estabelecidas as bases para duas importantes transformações ocorridas nos séculos XV e XVI: o 
Renascimento e a Reforma. 
 Por Renascimento entende-se um período grande de apogeu cultural que se iniciou em meados do séc. XIV, no 
final da Idade Média, quando as três culturas — a católico-romana, a romano-oriental e a árabe — encontraram-se 
no Norte da Itália começando, então, o Renascimento, isto é, o ressurgimento da antiga cultura e se espalhando rapi-
damente ao longo dos séc. XV e XVI. 
 Nesta época, o homem volta a ocupar o centro de tudo. Diferentemente da Idade Média, onde o ponto de partida 
sempre fora Deus, agora os humanistas do Renascimento têm como ponto de partida o próprio homem. Há um re-
estudo da cultura grega, já que era moda aprender esta língua. E três invenções marcam este período: a bússola (que 
facilitou a navegação), a pólvora (marca a supremacia européia sobre as culturas americanas e asiáticas) e a impres-
são de livros (vital para difundir os novos pensamentos, além de tirar da Igreja o monopólio como transmissora do 
conhecimento). 
 
 
 
 
 Acreditamos que agora você entende-
rá qual o cenário encontrado pelos cientis-
tas que iniciaram os seus trabalhos du-
rante o Renascimento ocorrido na Euro-
pa a partir do século XV. 
Planta da catedral de São Pedro, em Roma: um 
exemplo do arrojo do homem renascentista. No 
detalhe, a catedral pronta. 
Bússola, pólvora e a impressão de livros: três invenções que mudaram o mundo. 
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Nicolau Copérnico (1473-1543) 
 Foi o último astrônomo da Idade Média e o primeiro dos tempos moder-
nos. Nasceu em 19 de fevereiro de 1473 em Toruñ, às margens do rio Vístu-
la, na Pomerânia, Polônia. Estudou matemática, medicina e astronomia na 
Universidade de Cracóvia de 1491 até 1496, quando foi para a Itália estudar 
direito canônico, direito civil e posteriormente, astronomia na Universidade 
de Bolonha. Ainda sem diploma universitário, em 1501, consegue um cargo 
de cônego em Pádua e começa os estudos de medicina. Na Itália, ele lê so-
bre a hipótese heliocêntrica proposta (e não aceita) por Aristarco e acha que 
o Sol no centro do Universo era muito mais razoável do que a Terra. Em 
1503, é proclamado doutor em direito canônico e volta para a Polônia. 
 A partir daí, dedica-se à obra de sua vida: o De Revolutionibus Orbium Coelestium (Das Revo-
luções dos Corpos Celestes). Este livro foi publicado no ano em que Copérnico morreu, quando ele 
já se encontrava doente. O manuscrito original do livro permaneceu com o autor até sua morte, em 
24 de maio de 1543. Por isso, costuma-se dizer que a publicação só foi autorizada neste momento 
por receio da reação desfavorável da Igreja Católica. Não é verdade! A leitura do prefácio do livro 
mostra o real motivo: o estado inacabado dos dois últimos livros. Além disso, o mesmo prefácio 
esclarece o modo independente, claro e firme que Copérnico apresentaria suas idéias, indo contra os 
teólogos da época: “Se por acaso argumentadores vãos que, sendo inteiramente ignorantes das ma-
temáticas, pretendem não obstante julgar tais matérias e que, em razão de alguma passagem da 
Escritura malignamente deturpada para se acomodar às suas opiniões, ousam censurar e atacar 
minha obra, muito bem! Não me preocupo absolutamente com eles; ou melhor, desprezo o seu jul-
gamento como temerário.” 
 No De Revolutionibus, Copérnico apresenta os postulados que caracterizaria o seu modelo: 
� o princípio metafísico básico era da perfeição do movimento 
circular; 
� o centro da Terra não era o centro do Universo, e sim, apenas o 
centro da esfera lunar; 
� o centro do mundo era perto do Sol; 
� é a Terra e não as esferas fixas que giram em torno de seu eixo, 
a cada 24 horas; 
� a distância Terra-Sol é muito menor que a distância Sol-estrelas 
fixas. 
 Quando se lê o De Revolutionibus, percebe-se que as hipóteses de Ptolomeu e Copérnico não 
são equivalentes: há uma mudança do modelo do sistema solar, não apenas uma alteração de refe-
rencial, trocando a Terra pelo Sol. Há um fortalecimento da teoria neoplatônica de que o Sol não 
poderia ter um papel secundário; o único local apropriado para uma estrela de tal grandeza era o 
centro do Universo. Para Ptolomeu, a Terra estava no centro do Universo,imóvel; em movimento 
circular uniforme, a Lua girava ao redor da Terra em um mês, depois Mercúrio, Vênus e o Sol, to-
dos fazendo a volta em um ano, depois Marte, em dois anos, seguido de Júpiter em 12 anos e Satur-
no em 30 anos. E por fim, fechando o conjunto de esferas, vêm as estrelas fixas, que faziam a sua 
revolução em um dia. Já Copérnico coloca o Sol no centro do Universo. Depois viriam Mercúrio, 
Vênus, Terra, que assume o papel de planeta, igual aos outros, e a Lua, fazendo a sua revolução, 
Marte, Júpiter e Saturno. 
Nicolau Copérnico 
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, Itália. 
Sistema heliocêntrico de 
Nicolau Copérnico. 
25 
 
 
 Através do modelo de Copérnico, pôde-se explicar, naturalmente, o movimento retrógrado dos 
planetas como sendo devido às velocidades dos mesmos em relação à Terra. Assim, a razão de a 
retrogradação de Mercúrio e de Vênus só ocorrer quando estão em conjunção deve-se a maior velo-
cidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 Copérnico foi o primeiro a estabelecer as distâncias dos planetas ao Sol, em termos da distância 
Terra-Sol, as Unidades Astronômicas (UA), baseando-se no fato de que os planetas inferiores 
(Mercúrio e Vênus) estão sempre dentro de um ângulo máximo que une Terra-Sol. A tabela abaixo 
mostra os valores encontrados por Copérnico e os valores aceitos atualmente. 
 
 
 
 
 
 
 
 Neste sistema, há uma ligação entre as distâncias dos planetas ao Sol e a duração das revoluções. 
O sistema permitia, através da observação precisa dos períodos sinódicos (duas sucessivas oposi-
ções de um planeta) dos planetas, chegar a um método correto para o cálculo dos períodos siderais 
(orbitais) dos planetas ao redor do Sol. A tabela abaixo mostra os valores obtidos por Copérnico e 
aqueles aceitos atualmente. 
Movimento retrógrado de Mercúrio ou Vênus 
(planetas interiores) explicado pelo modelo 
copernicano. 
Distâncias médias planeta-Sol em Unidades Astronômicas 
1 U.A. = 150.000.000 km 
Planeta Distância 
(por Copérnico) 
Distância 
(atual) 
Mercúrio 0,3763 0,3871 
Vênus 0,7193 0,7233 
Terra 1,0000 1,0000 
Marte 1,5198 1,5237 
Júpiter 5,2192 5,2028 
Saturno 9,1743 9,5388 
Período sideral de cada planeta 
Planeta Período sideral 
(por Copérnico) 
Período sideral 
(atual) 
Mercúrio 87,97 dias 87,97 dias 
Vênus 224,70 dias 224,70 dias 
Terra 365,26 dias 365,26 dias 
Marte 1,882 ano 1,881 ano 
Júpiter 11,87 anos 11,862 anos 
Saturno 29,44 anos 29,457 anos 
26 
 
 
 Copérnico deduziu com estes dados que quanto mais perto do Sol está o planeta, maior é sua 
velocidade orbital. O sistema copernicano utilizava 34 círculos para explicar os movimentos plane-
tários e da esfera celeste. 
 Desde o início, a teoria copernicana sofria graves objeções astronômicas e mecânicas, além de 
religiosas, por parte dos seus opositores. No âmbito da astronomia, havia os seguintes problemas: 
� como as órbitas dos planetas eram, para ele, circulares, sua mecânica celeste ainda não era capaz 
de prever as posições planetárias tanto quanto o sistema geocêntrico; 
� se a Terra estava em movimento, as estrelas deveriam apresentar paralaxe; 
� Vênus deveria exibir fases, como a Lua; 
� Marte e Vênus deveriam sofrer grandes modificações no seu tamanho aparente quando observa-
dos da Terra. 
 Enfim, existia ainda uma brecha enorme entre o sistema cosmológico e a física. Perceba que a 
simples publicação do De Revolutionibus não foi suficiente para causar a ruptura imediata com o 
sistema aristotélico-ptolomaico aceito na época. 
 A proposta copernicana foi criar uma nova cosmologia, desli-
gando-se finalmente da física aristotélica e do sistema de Ptolo-
meu. Entretanto, o mundo ainda não estava pronto para essa rup-
tura. Só algum tempo depois, com o trabalho de homens como 
Tycho Brahe, Johannes Kepler, Galileu Galilei e Isaac Newton é 
que o mundo perceberá a superioridade de um sistema heliocên-
trico. 
 Quanto aos ataques da Igreja Católica a suas idéias, somente a 
partir do séc. XVII, com a defesa de Giordano Bruno em relação 
à infinitude do Universo, é que aparecerão críticas severas ao 
modelo de Copérnico. 
Selo postal, de 1973, homenageando os 
500 anos de nascimento de Copérnico. 
As tábuas astronômicas 
 Desde a antiguidade, utilizava-se tábuas astronômicas para fazer previsões do posiciona-
mento dos astros. Na época de Copérnico eram utilizadas as Tábuas Afonsinas. Em 1252, A-
fonso X, o Sábio ou o Astrólogo, rei de Castela e Leão (Espanha), e que em 1256 foi procla-
mado rei e no ano seguinte, imperador do Sacro Império Romano, convocou 50 astrônomos 
para revisar as tabelas astronômicas calculadas por Ptolomeu, que incluíam as posições dos 
planetas no sistema geocêntrico, publicado por ele no Almagesto em 150 d.C., além de 1022 
estrelas de referência. Os resultados foram publicados como Tabelas Afonsinas. Sobre o resul-
tado, Afonso X diz: “Se Deus me tivesse consultado por ocasião da criação do Universo, teria 
recomendado-lhe um esquema mais simples.” Ah, se fosse simples assim... 
 As Tabelas Afonsinas foram utilizadas pelos árabes, influenciando toda a astronomia da 
península Ibérica e contribuindo para a confecção de alguns guias náuticos portugueses. 
 Em 1551, Erasmus Reinhold elaborou e publicou as primeiras tábuas astronômicas baseadas no De Revolutio-
nibus: as Tábuas Prussianas. As novas tabelas tiraram de circulação as Tábuas Afonsinas. 
 Kepler publica em 1627 as Tabelas Rudolfinas, obra que contém as coordenadas de 1005 estrelas catalogadas. 
Esses dados permitem calcular as efemérides (posições passadas ou futuras de um objeto celeste numa data precisa). 
De precisão extraordinária, essas tábuas serão, durante mais de um século, o documento de referência dos astrôno-
mos e astrólogos, bem como dos navegadores e exploradores. As Tabelas Rudolfinas muito fizeram para a divulga-
ção do copernicanismo. 
Afonso X, o Sábio. 
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ção 
Reprodução 
27 
 
 
Tycho Brahe (1546-1601) 
 Você já ouviu esse nome? Se não, deveria. Este homem foi um grande astrô-
nomo e a quem a ciência moderna muito deve. Ele foi responsável por começar a 
montar o quebra-cabeças que seria o sistema heliocêntrico. Mas não se engane: 
ele era um adversário ferrenho de Copérnico. 
 Tycho Brahe nasceu em Knudstrup, na Dinamarca, em 14 de dezembro de 
1546. Foi criado por um tio paterno depois de seqüestrá-lo da casa dos pais. Jo-
ergen, o tio, não tinha filho homem e fez o irmão prometer que daria um quando 
o tivesse para ele criar. Assim que Tycho nasceu, os pais dele mudaram de idéia 
e não o entregaram. Mas quando o irmão nasceu, Joergen raptou Tycho e come-
çou a criá-lo. Depois de algum tempo, os dois irmãos fizeram as pazes mas Ty-
cho continuou com o tio. 
 Aos 13 anos foi mandado para a Universidade de Copenhague estudar direito e filosofia. Em 
1560, ocorre um eclipse solar, ponto marcante para a vocação de Tycho. Não o fenômeno, que foi 
parcial na cidade em que estava, mas ele ficou impressionado com a possibilidade de prevê-lo. Co-
mo sempre foi uma pessoa mística, passa a interessar-se pela astrologia. E como necessitava de ta-
belas precisas para fazer horóscopos, começou a observar o céu. Sua primeira observação pessoal 
foi realizada em agosto de 1563: uma aproximação entre Júpiter e Saturno. Descobriu a necessidade 
de observações mais precisas ao perceber a enorme disparidade entre o instante do acontecimento e 
o instante previsto deste fenômeno: nas Tabelas Afonsinas (devidas aos astrônomos árabes) havia 
um erro de um mês e nas Tabelas Prussianas (baseadas em Copérnico) havia um erro de alguns dias. 
 A partir daí, decide elaborar novas tabelas astronômicas baseadas em observações mais precisas. 
Nesta época seu tio morre de pneumonia após ter salvado o Rei Frederico II do afogamento — eles 
estavam voltando de uma batalha quando o cavalo do rei assustou-se, jogou-o no mar, onde a água 
estava muito

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