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1 0 Farmacocinética Considerações gerais Neste capítulo explica-se a importância da análise farmacocinética, apresentando-se uma abordagem simples do assunto. Explicamos como a depuração de um fármaco determina a sua concentração plasmática no estado de equilíbrio quando administrado a uma velocidade constante, e como as características de absorção e distribuição (consideradas no Cap. 8), mais as de metabolismo e excreção (discutidas no Cap. 9), determinam a evolução temporal da concentração do fármaco no plasma sanguíneo durante e após sua administração. Discutem-se os efeitos de diferentes esquemas posológicos sobre a evolução temporal da concentração plasmática do fármaco. A farmacocinética populacional será mencionada resumidamente, e a seção final considerará as limitações do estudo farmacocinético. Introdução: definição e aplicações da farmacocinética A farmacocinética pode ser definida como a medida e a interpretação formal de alterações temporais nas concentrações de um fármaco em uma ou mais regiões do organismo em relação à dose administrada (“o que o organismo faz com o fármaco”). Isso a distingue da farmacodinâmica (“o que o fármaco faz com o organismo”; ou seja, eventos consequentes à interação do fármaco com o seu receptor e outros pontos primários de ação). Essa distinção é útil, embora as palavras causem descontentamento aos puristas etimológicos. A palavra “farmacodinâmica” teve sua primeira citação em um dicionário em 1890 (“relacionada com os poderes ou efeitos dos fármacos”), enquanto os estudos farmacocinéticos somente se tornaram possíveis na segunda metade do século XX com o desenvolvimento de técnicas analíticas físico-químicas sensíveis, específicas e acuradas, especialmente a cromatografia de alta eficiência e a espectrometria de massa, para a medida das concentrações do fármaco nos fluidos biológicos. A evolução temporal da concentração de um fármaco após a sua administração depende dos processos de absorção, distribuição, metabolismo e excreção, que foram considerados de maneira qualitativa nos Capítulos 8 e 9. Na prática, a farmacocinética geralmente tem como foco as concentrações do fármaco no plasma sanguíneo, que é facilmente obtido por venopunção, pois assume-se que as concentrações plasmáticas apresentam relação clara com as concentrações do fármaco no líquido extracelular que envolve as células que expressam receptores e outros alvos com os quais as moléculas do fármaco interagem. Isso baseia o que é denominado a estratégia de concentração-alvo. A variação individual em resposta a uma determinada dose de um fármaco é frequentemente maior que a variabilidade da concentração plasmática àquela dose. Assim, as concentrações plasmáticas (Cp) são úteis nos estágios iniciais do desenvolvimento de um fármaco (mais adiante). No caso de alguns fármacos, as concentrações plasmáticas também são utilizadas na prática clínica de rotina para individualizar a dose, de modo a obter o efeito terapêutico desejado, ao mesmo tempo em que os efeitos adversos são minimizados em cada paciente, uma abordagem denominada monitoração terapêutica do fármaco (frequentemente abreviada como MTF – consulte a Tabela 10.1, que exemplifica alguns fármacos para os quais foi estabelecida uma faixa terapêutica de concentração plasmática). As concentrações do fármaco em outros fluidos corporais (p. ex., urina,1 saliva, líquido cefalorraquidiano, leite) podem trazer informações adicionais e úteis. Tabela 10.1 Exemplos de fármacos para os quais é empregada clinicamente a monitoração terapêutica do fármaco (MTF) Categoria Exemplo(s) Capítulo(s) Imunossupressores Ciclosporina, tacrolimo 26 Cardiovascular Digoxina 21 Respiratório Teofilina 16, 28 SNC Lítio, fenitoína 47, 45 Antibacteriana Aminoglicosídeos 50 Fármacos anticancerígenos Metotrexato 55 A interpretação formal dos dados farmacocinéticos consiste em colocar em gráfico os dados de concentração versus tempo em um modelo (abstrato ou com base em termos fisiológicos, o que se torna mais útil) e determinar os parâmetros que descrevem o comportamento observado. Esses parâmetros podem, então, ser usados para ajustar o esquema posológico para alcançar uma concentração plasmática-alvo estabelecida inicialmente a partir de experiências farmacológicas em células, tecidos ou animais de laboratório, e modificadas com base na farmacologia humana empírica. Algumas características farmacocinéticas descritivas podem ser observadas diretamente ao se inspecionar a evolução temporal da concentração do fármaco no plasma após a sua administração – exemplos importantes2 apresentados adiante com mais detalhes compreendem a concentração plasmática máxima após a administração de uma determinada dose de um fármaco de uma maneira definida (Cmáx) e o tempo (Tmáx) decorrido entre a administração do fármaco e a obtenção de Cmáx. Outros parâmetros farmacocinéticos são estimados matematicamente a partir de dados experimentais; exemplos incluem o volume de distribuição (Vd) e a taxa de depuração ou clearance (CL), conceitos que foram introduzidos nos Capítulos 8 e 9, respectivamente, e que serão tratados novamente a seguir. Aplicações da farmacocinética O conhecimento do comportamento farmacocinético dos fármacos nos animais e nos seres humanos é crucial para o desenvolvimento de fármacos, não só para compreender os dados pré-clínicos farmacológicos e toxicológicos,3 como também para decidir o regime de administração nos estudos clínicos de eficácia (Cap. 60). As entidades reguladoras dos fármacos necessitam de informação farmacocinética detalhada pelos mesmos motivos e desenvolveram conceitos como biodisponibilidade e bioequivalência (Cap. 8) para auxiliarem as decisões de licenciamento de versões genéricas de fármacos, à medida que termina o período de proteção das patentes. A compreensão dos princípios gerais da farmacocinética é importante para os clínicos quando estabelecem as recomendações de dosagem no folheto informativo que acompanha os fármacos licenciados. Os clínicos também necessitam compreender os princípios da farmacocinética para identificar e avaliar possíveis interações medicamentosas (Caps. 8 e 9), para interpretar as concentrações dos fármacos de acordo com a monitoração terapêutica do fármaco (MTF) e para ajustar racionalmente os regimes de administração. Em particular, os especialistas em cuidados intensivos e os anestesistas, que lidam com pacientes gravemente doentes, necessitam frequentemente individualizar o regime de administração caso pretendam alcançar, com urgência, uma concentração plasmática terapêutica e se o comportamento farmacocinético do fármaco for passível de ser alterado pela condição do paciente. Objetivo deste capítulo Pretendemos que o leitor se familiarize com importantes parâmetros farmacocinéticos, explicando como: • A depuração (clearance) total de um fármaco determina a concentração plasmática no estado estacionário durante administração contínua. • A concentração do fármaco versus tempo pode ser descrita mediante um modelo simples, no qual o corpo é representado como um único compartimento bem distribuído de volume Vd (volume de distribuição). Isso descreve a situação antes de ser alcançado o estado estacionário (ou depois da descontinuação do fármaco) em termos da meia-vida de eliminação (t1/2). • Abordar situações em que este modelo simples é inadequado, através da introdução de um modelo de dois compartimentos e da descrição de situações em que a depuração varia com a concentração do fármaco (“cinética não linear”). • As situações (como a farmacocinética pediátrica) em que existem apenas algumas amostras disponíveis podem ser abordadas por meio de estudos cinéticos na população. Finalmente, levaremos em consideração algumas das limitações inerentes à abordagem farmacocinética. Outras perspectivas mais detalhadas são apresentadas por Atkinson et (10.1) al. (2001), Birkett (2002), Jambhekar & Breen (2009) e Rowland & Tozer (2010). A eliminação dos fármacos expressa através da depuração A taxa de eliminaçãototal de um fármaco por todas as vias (CLtot) é o parâmetro farmacocinético fundamental que descreve a eliminação dos fármacos. É definido como o volume de plasma que contém o fármaco removido do corpo por unidade de tempo. Por isso, é expresso como volume por unidade de tempo (p. ex., ml/min ou l/h). A aplicação deste conceito à depuração renal (CLren) foi apresentada no Capítulo 9. A eliminação total de um fármaco (CLtot) é a soma das taxas de eliminação de cada mecanismo envolvido na eliminação de um fármaco, normalmente depuração renal (CLren) e depuração metabólica (CLmet) mais outras vias adicionais de eliminação (fezes, respiração etc.). Relaciona a taxa de depuração de um fármaco (em unidades de massa/unidade tempo) com o Cp: A depuração de um fármaco pode ser determinada para um único indivíduo pela medida da concentração plasmática do fármaco (p. ex., em mg/l) em intervalos preestabelecidos durante uma infusão intravenosa constante (p. ex., fornecendo X mg do fármaco por hora), até que um estado de equilíbrio seja alcançado (Fig. 10.1A). No estado de equilíbrio, a taxa de entrada no organismo é igual à taxa de eliminação, assim: FIG. 10.1 Curvas de concentração plasmática de fármaco versus tempo. [A] Durante uma infusão intravenosa constante a uma velocidade de X mg/min, indicada pela barra horizontal, a concentração plasmática (C) vai de zero ao valor de estado de equilíbrio (Ceq); quando a infusão é interrompida, C declina em direção a zero. [B] Após uma administração intravenosa em bolus (Q mg), a concentração plasmática aumenta abruptamente e então se reduz em direção a zero. [C] Dados do painel [B] plotados com a concentração plasmática em escala logarítmica. A linha reta indica que a concentração declina exponencialmente. A extrapolação para a ordenada no tempo zero fornece uma estimativa de C0, a concentração no tempo zero e, consequentemente, de Vd, o volume de distribuição. (10.2) (10.3) (10.4) Reorganizando essa equação: onde Ceq é a concentração plasmática no estado de equilíbrio e CLtot está em unidades de volume/tempo (l/h no exemplo dado). Para muitos fármacos, a depuração em um dado indivíduo é a mesma para doses diferentes (pelo menos para as doses usadas terapeuticamente – mas leia a seção sobre cinética de saturação adiante para ver as exceções). Logo, o conhecimento da depuração possibilita calcular velocidade de administração necessária para atingir a concentração plasmática no estado de equilíbrio (“alvo”), desejada a partir da Equação 10.2. A CLtot também pode ser estimada pela medida da concentração plasmática em intervalos estabelecidos a partir de uma única dose intravenosa em bolus de, digamos, Q mg (Fig. 10.1B): onde AUC0-∞ corresponde à área sob a curva inteira4 relacionando Cp com o tempo após a dose em bolus administrada no tempo t = 0 (consulte o Capítulo 8 e Birkett, 2002, para uma explicação mais completa). Observe que essas estimativas de CLtot, diferentemente das estimativas com base na constante de velocidade ou na meia-vida (mais adiante), não dependem de nenhum modelo compartimental específico. Modelo de compartimento único Considere um modelo altamente simplificado de um ser humano consistindo em um único compartimento bem homogeneizado, de volume Vd (volume de distribuição), no qual uma quantidade de fármaco Q é introduzida rapidamente por injeção intravenosa, e do qual ele pode escapar sendo metabolizado ou excretado (Fig. 10.2). Para a maior parte dos fármacos, Vd é um volume aparente e não o volume de um compartimento anatômico. Ele relaciona a quantidade total do fármaco no organismo com sua concentração no plasma (Cap. 8). A quantidade do fármaco no organismo quando ele é administrado em bolus único é igual à dose administrada Q. Logo, a concentração inicial, (10.5) C0, será dada por: FIG. 10.2 Modelo farmacocinético de compartimento único. Esse modelo é aplicável quando a concentração plasmática cai exponencialmente após a administração do fármaco (como na Figura 10.1). Na prática, C0 é estimada pela extrapolação de uma porção linear de um gráfico semilogarítmico de Cp versus tempo em direção ao seu intercepto no tempo 0 (Fig. 10.1C). Cp em um dado tempo t depende da taxa de eliminação do fármaco (i. e., da sua depuração total, CLtot), assim como da dose e de Vd. Muitos fármacos apresentam uma cinética de primeira ordem, na qual a taxa de eliminação é diretamente proporcional à concentração do fármaco. (Podemos fazer aqui uma analogia com a água, que neste caso representa o fármaco: quando esvaziamos a banheira depois do banho, a água sai pelo ralo, a grande velocidade inicialmente e, no final, leva muito tempo para sair. Pelo contrário, e no caso da cinética de ordem zero, a água sairia da banheira a uma taxa constante.) Em uma cinética de primeira ordem, a concentração do fármaco diminui exponencialmente (Fig. 10.3) e é expressa pela equação: FIG. 10.3 Comportamento previsto de um modelo de compartimento único após a administração intravenosa de um fármaco no tempo 0. Os fármacos a e b diferem apenas quanto à constante de velocidade de eliminação, kel. A curva b´ mostra a evolução temporal da concentração plasmática para uma dose menor de b. Observe que a meia-vida (t1/2) (indicada pelas linhas tracejadas) não depende da dose. [A] Concentração em escala linear. [B] Concentração em escala logarítmica. (10.6) (10.7) (De salientar que exp é outra forma de expressar “e para a potência de”, pelo que é igual à fórmula C(t) = C(0).e–kt.) Transpondo os logaritmos para a base e (expresso como 1n): Colocando em gráfico Ct em escala logarítmica contra t (em uma escala linear), o resultado é uma reta com inclinação −CLtot/Vd. A constante (CLtot/Vd) é a constante de velocidade de eliminação kel, que tem unidade de (tempo)–1. Ela representa a fração do fármaco no organismo eliminado por unidade de tempo. Por exemplo, se a constante for de 0,1 h–1, significa que, em cada hora, elimina-se 1/10 do fármaco remanescente no organismo. A meia-vida de eliminação, t1/2, é o tempo que Cp demora a ser reduzido para metade e é igual a ln 2/kel (= 0,693/kel). A meia-vida plasmática é, assim, determinada por Vd bem como por CLtot. Isso permite que seja possível antecipar o decurso temporal de Cp depois da administração de um fármaco ou depois do início ou do fim de uma infusão, quando a Cp vai aumentando até o seu estado estacionário ou diminuindo até zero. Quando um modelo de compartimento único pode ser aplicado, a concentração do fármaco no plasma se aproxima exponencialmente do valor de estado de equilíbrio durante uma infusão constante (Fig. 10.1A). Quando a infusão é interrompida, a concentração cai de maneira exponencial em direção a zero com a mesma meia-vida: após uma meia-vida, a concentração cairá para metade da concentração inicial; após duas meias-vidas, ela cairá a 1/4 da concentração inicial; após três meias-vidas, a 1/8, e assim por diante. É intuitivamente óbvio que, quanto mais longa a meia-vida, maior a permanência do fármaco no organismo após interrupção da sua administração. É menos óbvio, mas tão verdadeiro quanto, que durante a administração crônica do fármaco, quanto mais longa a meia-vida, mais tempo será necessário para que seja alcançado o valor de estado de equilíbrio: uma meia-vida para alcançar 50% do valor de estado de equilíbrio, duas para alcançar 75%, três para alcançar 87,5%, e assim por diante. Essa é uma informação extremamente importante para que o clínico decida como iniciar um tratamento. Se o fármaco em questão tiver meia-vida de aproximadamente 24 horas, por exemplo, serão necessários de 3 a 5 dias para se aproximar da concentração de estado de equilíbrio durante uma infusão a uma velocidade constante. Caso isso seja muito lento para uma determinada condição clínica, uma dose de ataque poderá ser utilizada para alcançar uma concentração terapêutica do fármaco mais rapidamente (mais adiante). A quantidade de tal dose é determinada pelo volume de distribuição (Equação 10.5). Efeitos de administraçõesrepetidas Os fármacos são geralmente administrados em doses repetidas, em vez de injeções únicas ou infusão constante. Injeções repetidas (cada uma com dose Q) constituem um padrão mais complicado que a elevação exponencial suave observada durante uma infusão intravenosa, mas o princípio é o mesmo (Fig. 10.4). A concentração aumentará até chegar a uma concentração de estado de equilíbrio média com evolução temporal aproximadamente exponencial, mas irá oscilar (com amplitude Q/Vd). Quanto menores e mais frequentes forem as doses, mais essa situação se aproximará da observada com uma infusão contínua, e menores serão as oscilações na concentração. Contudo, o esquema posológico exato não afeta a concentração de estado de equilíbrio média, ou a velocidade na qual ela é alcançada. Na prática, um estado de equilíbrio é alcançado após três a cinco meias-vidas. O estado de equilíbrio pode ser alcançado mais rapidamente iniciando-se com uma dose maior, como citado anteriormente. Essa dose de ataque é eventualmente utilizada no início do tratamento com um fármaco que apresenta uma meia-vida longa em face da urgência da condição clínica, como pode ser o caso ao tratar arritmias cardíacas com fármacos como amiodarona ou digoxina (Cap. 21) ou iniciar uma anticoagulação com heparina (Cap. 24). FIG. 10.4 Comportamento previsto de um modelo de compartimento único com a administração contínua ou intermitente de um fármaco. A curva suave A mostra o efeito da infusão contínua durante 4 dias; a curva B representa a mesma quantidade total do fármaco administrada em oito doses iguais; e a curva C representa a mesma quantidade total do fármaco administrada em quatro doses iguais. O fármaco tem uma meia-vida de 17 horas e um volume de distribuição de 20 litros. Repare que, em cada caso, uma concentração de equilíbrio constante é alcançada depois de 2 dias (em torno de três meias-vidas) e que a concentração média obtida no equilíbrio é a mesma para os três esquemas de administração. Efeitos da variação na velocidade de absorção Se o fármaco for absorvido lentamente do intestino ou do local de injeção para o plasma, o efeito é o mesmo (em termos de um modelo compartimental) que o observado durante uma infusão lenta a uma velocidade variável na corrente sanguínea. Para o propósito de uma modelagem cinética, a transferência do fármaco do local de administração para o compartimento central pode ser representada por uma constante de velocidade, kabs (Fig. 10.2). O modelo assume que a velocidade de absorção é diretamente proporcional, em qualquer momento, à quantidade do fármaco que ainda não foi absorvida, que é, no melhor dos casos, uma estimativa grosseira da realidade. O efeito de uma absorção lenta sobre o aumento e a redução da concentração plasmática é mostrado na Figura 10.5. As curvas mostram o efeito de diferentes tempos de absorção da mesma quantidade de fármaco. Em cada caso, o fármaco é absorvido completamente, mas a concentração de pico aparece mais tardiamente, sendo mais baixa e menos acentuada quando a absorção é lenta. Em um caso limite, uma forma de administração que libere o fármaco a uma velocidade constante à medida que ele percorre o íleo (Cap. 8) aproxima-se de uma infusão em velocidade constante. Após o término da absorção, a concentração plasmática declina com a mesma meia-vida, independentemente da velocidade de absorção. FIG. 10.5 Efeito da absorção lenta de um fármaco sobre sua concentração plasmática. [A] Comportamento previsto pelo modelo de compartimento único com um fármaco absorvido no intestino ou no local da injeção em diferentes velocidades. A meia-vida de eliminação é de 6 horas. As meias-vidas de absorção (t1/2 abs) estão indicadas no diagrama (zero indica absorção instantânea, correspondendo à administração intravenosa). Repare que o pico da concentração plasmática é reduzido e retardado pela absorção lenta e a duração da ação está um pouco aumentada. [B] Concentrações plasmáticas de aminofilina em seres humanos após a administração oral e intravenosa de doses iguais. (Dados de Swintowsky JV 1956 J Am Pharm Assoc 49, 395.) Para o tipo de modelo farmacocinético discutido aqui, a área sob a curva de concentração plasmática versus tempo (AUC) é diretamente proporcional à quantidade total do fármaco introduzida no compartimento plasmático, independentemente da velocidade com a qual ele entrou. Uma absorção incompleta, ou a destruição pelo metabolismo de primeira passagem antes de o fármaco chegar ao compartimento plasmático, reduz a AUC após administração oral (Cap. 8). No entanto, alterações na velocidade de absorção não afetam a AUC. Mais uma vez, é importante observar que, após a absorção ser completa, a relação entre a velocidade de administração e a concentração plasmática no estado de equilíbrio (Equação 10.3) não é afetada pela kabs, embora haja redução da amplitude de oscilação da concentração plasmática para cada dose se a velocidade de absorção for reduzida. Modelos cinéticos mais complexos Até então, consideramos um modelo farmacocinético de compartimento único, no qual assume-se que as velocidades de absorção, metabolismo e excreção sejam diretamente proporcionais à concentração do fármaco no compartimento a partir do qual a transferência esteja ocorrendo. Essa é uma maneira útil de ilustrar alguns princípios básicos, mas é, claramente, uma grande simplificação fisiológica. As características das diversas partes do organismo, como cérebro, tecido adiposo e músculo, são bastante diferentes em termos de irrigação sanguínea, coeficiente de partição dos fármacos e permeabilidade dos capilares para fármacos. Essas diferenças, que são ignoradas no modelo de compartimento único, podem afetar de modo importante a evolução temporal da distribuição e ação do fármaco, e muito trabalho teórico foi despendido na análise matemática de modelos mais complexos (Atkinson et al., 2001; Rowland e Tozer, 2010). Eles estão além dos objetivos desta obra e, talvez, além dos limites do que seja realmente útil, pois os dados experimentais sobre as características farmacocinéticas dos fármacos raramente são acurados ou reprodutíveis o suficiente para possibilitar que modelos complexos sejam testados criticamente. O modelo de dois compartimentos, que introduz um compartimento separado “periférico” para representar os tecidos, em comunicação com o compartimento “central” plasmático, é o que mais se aproxima da situação real sem incluir complicações excessivas. Modelo de dois compartimentos O modelo de dois compartimentos é uma aproximação amplamente utilizada, na qual os tecidos são agrupados como um compartimento periférico. As moléculas do fármaco podem entrar e sair do compartimento periférico apenas por meio do compartimento central (Fig. 10.6), que geralmente representa o plasma (ou plasma mais algum espaço extravascular, no caso de alguns fármacos cuja distribuição seja especialmente rápida). A adição de um segundo compartimento ao modelo acarreta na introdução de um segundo componente exponencial na evolução temporal predita da concentração plasmática, de modo que ele apresente uma fase rápida e uma lenta. Esse padrão é observado com frequência experimentalmente e é mais claramente observado quando os dados de concentração são plotados semilogaritmicamente (Fig. 10.7). Se, como é quase sempre o caso, a transferência do fármaco entre os compartimentos central e periférico for relativamente rápida em comparação com a velocidade de eliminação, então a fase rápida (em geral, denominada fase α) pode representar a redistribuição do fármaco (i. e., a passagem das moléculas do fármaco do plasma para os tecidos e, assim, rapidamente reduzindo a concentração plasmática). A concentração plasmática alcançada após o término da fase rápida, mas antes de ter ocorrido uma eliminação considerável, possibilita uma medida da combinação dos volumes de distribuição dos dois compartimentos; a meia-vida da fase lenta (a fase β) fornece uma estimativa de kel. Se um fármaco for rapidamente metabolizadoou eliminado, as fases α e β não são bem distintas, e o cálculo em separado dos valores Vd e kel para cada fase não é simples. Problemas também aparecem com fármacos (p. ex., fármacos muito lipossolúveis) para os quais não seja realista agrupar todos os tecidos periféricos como um só. FIG. 10.6 Modelo farmacocinético de dois compartimentos. FIG. 10.7 Cinética da eliminação do diazepam em seres humanos após uma dose oral única. O gráfico é uma representação semilogarítmica da concentração plasmática versus tempo. Os dados experimentais (símbolos pretos) seguem uma curva que se torna linear após cerca de 8 horas (fase lenta). Colocando-se o desvio dos pontos iniciais (área sombreada na cor laranja) dessa linha nas mesmas coordenadas (símbolos vermelhos), obtém-se a fase rápida. Esse tipo de decaimento com dois componentes é consistente com o modelo de dois compartimentos (Fig. 10.6), sendo obtido com muitos fármacos. (Dados de Curry SH 1980 Drug Disposition and Pharmacokinetics. Blackwell, Oxford.) Cinética de saturação No caso de alguns fármacos, incluindo etanol, fenitoína e salicilato, o tempo de desaparecimento do fármaco do plasma não segue os padrões exponenciais ou biexponenciais apresentados nas Figuras 10.3 e 10.7, mas é inicialmente linear (i. e., o fármaco é removido a uma taxa constante, que é independente da concentração plasmática). Isso é frequentemente denominado de cinética de ordem zero para ser diferenciada da cinética normal de primeira ordem e que temos analisado até agora (estes termos têm origem na teoria cinética química). Cinética de saturação é um termo mais apropriado porque expressa o mecanismo subjacente; ou seja, a saturação de um transportador ou enzima e, por isso, à medida que a concentração do substrato do fármaco aumenta a taxa de eliminação, aproxima-se de um valor constante. A Figura 10.8 mostra o exemplo do etanol. Pode-se observar que a taxa de desaparecimento do etanol do plasma é constante a aproximadamente 4 mmol/l por hora, independentemente da dose ou da concentração plasmática de etanol. A explicação para isso é que a taxa de oxidação pela enzima álcool desidrogenase alcança o seu máximo a baixas concentrações de etanol, devido a uma limitada disponibilidade do cofator NAD+ (Cap. 49, Fig. 49.6). FIG. 10.8 Cinética de saturação da eliminação do álcool em seres humanos. A queda da concentração sanguínea do álcool é linear e não exponencial, e a velocidade da queda não varia com a dose. (De Drew GC et al. 1958 Br Med J 2, 5103.) A cinética de saturação acarreta várias consequências importantes (Fig. 10.9). Uma é que a duração da ação depende mais fortemente da dose que outros fármacos que não apresentam saturação metabólica. Outra consequência é que a relação entre a dose e a concentração plasmática no estado de equilíbrio resulta em uma linha com inclinação muito íngreme e imprevisível, e ela não obedece à regra de proporcionalidade implícita na Equação 10.3 para fármacos não saturáveis (a Figura 49.7 mostra outro exemplo relacionado com etanol). A taxa máxima de metabolismo estabelece um limite à velocidade de administração do fármaco; se essa taxa for excedida, a quantidade de fármaco no organismo irá, a princípio, aumentar indefinidamente e nunca alcançar um estado de equilíbrio (Fig. 10.9). Na realidade, isso não acontece, pois a concentração plasmática sempre depende, em alguma extensão, da taxa de eliminação (geralmente porque outras vias metabólicas não saturáveis ou a excreção renal contribuem significativamente em concentrações elevadas). Apesar disso, as concentrações plasmáticas no estado de equilíbrio de fármacos desse tipo variam bastante e de maneira imprevisível com a dose. Da mesma maneira, variações na taxa de metabolismo (p. ex., por indução enzimática) causam alterações desproporcionais na concentração plasmática. Esses problemas são bem conhecidos para fármacos como a fenitoína, um anticonvulsivante que precisa ter as concentrações plasmáticas monitoradas com atenção para que seja obtido um efeito clínico ótimo (Cap. 45, Fig. 45.4). Os fármacos que apresentam cinética de saturação têm o uso clínico menos previsível que outros que apresentam cinética linear; logo, podem ser rejeitados durante a fase de desenvolvimento caso exista disponível um candidato similar com uma cinética linear (Cap. 60). FIG. 10.9 Comparação entre cinéticas de não saturação e de saturação para fármacos administrados por via oral a cada 12 horas. [A] As curvas mostram um fármaco imaginário semelhante à fenitoína, um fármaco antiepiléptico, em sua dose mais baixa, mas com cinética linear. As curvas para a cinética de saturação são alcançadas em alguns dias e são diretamente proporcionais à dose. [B] As curvas para a cinética de saturação são calculadas a partir dos parâmetros farmacocinéticos conhecidos da fenitoína (Cap. 45). Repare que o equilíbrio não é obtido com doses maiores de fenitoína, e que um pequeno aumento na dose resulta, depois de algum tempo, em um efeito desproporcionalmente grande na concentração plasmática. Com a cinética linear, a concentração plasmática no equilíbrio é diretamente proporcional à dose. (As curvas foram calculadas com o programa de modelamento farmacocinético Sympack elaborado pelo Dr. JG Blackman, Universidade de Otago.) As aplicações clínicas da farmacocinética estão resumidas no quadro clínico (pág. 132). Farmacocinética populacional Em algumas situações (p. ex., quando é necessário administrar fármacos em crianças com doença crônica), é desejável obter dados farmacocinéticos de uma população de pacientes, em vez dos obtidos em voluntários adultos sadios. Tais estudos são inevitavelmente limitados, e as amostras para análise do fármaco são quase sempre obtidas de maneira oportunista durante o tratamento clínico, com limitações referentes à qualidade dos dados e o número de amostras coletados de cada paciente. A farmacocinética populacional aborda como analisar melhor esses dados. O ajuste de dados de todos os indivíduos como se não houvesse diferenças cinéticas entre eles e o ajuste de cada dado separadamente, seguido por uma combinação dos parâmetros estimados para cada indivíduo, apresenta limitações óbvias. Um método mais adequado é a utilização de uma modelagem de efeitos mistos não lineares (NONMEM). Os aspectos técnicos da estatística são consideráveis e estão além dos objetivos deste capítulo; o leitor interessado pode recorrer a Sheiner et al. (1997). Limitações da farmacocinética Algumas limitações da abordagem farmacocinética são óbvias a partir do exposto anteriomente, como a proliferação de parâmetros a partir de modelos conceitualmente simples. Abordamos aqui as limitações na sua utilidade como uma abordagem no controle da variabilidade individual. Dois pressupostos importantes apoiam a expectativa de que, ao relacionar a resposta de um fármaco com sua concentração plasmática, seja possível reduzir a variabilidade das respostas ao ter em conta a variação farmacocinética – ou seja, variação na absorção, distribuição, metabolismo e excreção. Tais pressupostos são: 1. A concentração plasmática de um fármaco apresenta uma relação precisa com a concentração de um fármaco próximo ao seu alvo (receptor, enzima etc.) 2. A resposta ao fármaco depende apenas da sua concentração no ambiente ao redor de seu alvo. Enquanto o primeiro desses pressupostos é muito plausível nos poucos casos de fármacos que atuam através de um alvo no sangue em circulação (p. ex., um fármaco fibrinolítico atuando sobre o fibrinogênio), e razoavelmente plausível para um fármaco com ação sobre uma enzima, canal iônico ou receptores acoplados à proteína G ou ligados a quinases localizados na membrana celular, ela é menos aceitável para o caso de receptores nucleares ou quando as células-alvo estão protegidas pela barreira hematoencefálica. Neste último caso, talvez não seja surpreendente que, apesar de esforços consideráveis, nunca se provou ser clinicamente útil medir a concentração plasmática de fármacos antidepressivosou antipsicóticos, para os quais, há, além disso, as complexas vias metabólicas com os diversos metabólitos ativos. É, em alguma extensão, surpreendente que essa abordagem funcione bem no caso de alguns fármacos de ação central, particularmente os antiepilépticos e o lítio. A segunda premissa não se aplica a fármacos que formem uma ligação covalente estável com seus alvos e, assim, produzem um efeito com duração superior à sua presença em solução. Exemplos incluem os efeitos antiplaquetários da aspirina e do clopidogrel (Cap. 24) e os efeitos de alguns inibidores da monoamino-oxidase (Cap. 47). Em outros casos, fármacos em uso terapêutico têm sua ação somente após um determinado tempo (p. ex., antidepressivos, Cap. 47), ou gradualmente induzem tolerância (p. ex., opioides, Cap. 42) ou adaptações fisiológicas (p. ex., corticoesteroides, Cap. 33) que alteram a relação entre a concentração e o efeito do fármaco de maneira tempo-dependente. U sos da farmacocinética • Os estudos farmacocinéticos realizados durante o desenvolvimento de um fármaco fundamentam os esquemas posológicos-padrão aprovados por agências reguladoras. • Os clínicos, eventualmente, precisam individualizar os esquemas posológicos de acordo com variações individuais observadas em determinados pacientes (p. ex., neonatos, pacientes com redução da função renal, ou um paciente que esteja recebendo fármacos que interfiram no metabolismo do fármaco em questão; Cap. 9). • Os efeitos do fármaco (farmacodinâmica) são frequentemente utilizados para tal individualização da dose, mas há alguns fármacos (incluindo alguns anticonvulsivantes, imunossupressores e antineoplásicos) para os quais a faixa terapêutica de concentrações plasmáticas está definida e para os quais é útil ajustar a dose para alcançar uma concentração dentro dessa faixa. • O conhecimento da cinética possibilita um ajuste racional da dose. Por exemplo: – A frequência de dosagem de um fármaco como a gentamicina, eliminado através de excreção renal, pode necessitar ser diminuída drasticamente no caso de um paciente com insuficiência renal (Cap. 51) – O aumento da dose necessária para alcançar a faixa de concentração plasmática-alvo de um fármaco como a fenitoína, que apresenta cinética de saturação (Cap. 45, Fig. 45.4), é muito menor que para um fármaco com cinética linear. • O conhecimento da t1/2 aproximada de um fármaco pode ser bastante útil, mesmo se a concentração terapêutica não for conhecida para: – Interpretar de maneira correta os eventos adversos que ocorrem após um tempo considerável depois do início do tratamento regular (p. ex., benzodiazepínicos; Cap. 44) – Decidir sobre a necessidade ou não de uma dose de ataque no início do tratamento com fármacos como digoxina e amiodarona (Cap. 21). • O volume de distribuição (Vd) de um fármaco determina a quantidade de dose de ataque necessária. Se Vd for grande (como para muitos antidepressivos tricíclicos), a hemodiálise não será uma maneira efetiva para aumentar a taxa de eliminação no tratamento de superdose. F armacocinética • A depuração total (CLtot) de um fármaco é um parâmetro fundamental que descreve a sua eliminação: a taxa de eliminação equivale a CLtot multiplicada pela concentração plasmática. • A CLtot determina a concentração plasmática em estado de equilíbrio (Ceq): Ceq = velocidade de administração do fármaco/CLtot. • Para muitos fármacos, a eliminação do plasma ocorre de maneira quase exponencial. Tais fármacos podem ser descritos por um modelo no qual um organismo é tratado como um compartimento único bem homogeneizado de volume Vd. O Vd é um volume aparente que relaciona a quantidade de um fármaco no organismo em qualquer momento com a sua concentração plasmática. • A meia-vida de eliminação (t1/2) é diretamente proporcional ao Vd e inversamente proporcional a CLtot. • Com a administração repetida ou liberação prolongada de um fármaco, a concentração plasmática chega a um valor de estado de equilíbrio após três a cinco meias-vidas. • Em situações de urgência, pode ser necessário administrar uma dose de ataque para alcançar a concentração terapêutica rapidamente. • A dose de ataque (L) necessária para obter uma desejada concentração plasmática inicial (Calvo) é determinada por Vd: L = Calvo × Vd. • Com frequência, é necessário adotar um modelo de dois compartimentos. Nesse caso, as cinéticas são biexponenciais. Os dois compartimentos representam, de maneira grosseira, os processos de transferência entre o plasma e tecidos (fase α) e a eliminação do plasma (fase β). • Alguns fármacos apresentam uma cinética de “saturação” não exponencial, com importantes consequências clínicas, especialmente um aumento desproporcional na concentração plasmática no estado de equilíbrio quando a dose diária é aumentada. Referências e leitura complementar Atkinson A.J., Daniels C.E., Dedrick R.L., et al, eds. Principles of Clinical Pharmacology. London: Academic Press, 2001. (A seção sobre farmacocinética inclui a aplicação das transformações de Laplace, efeitos de doenças, abordagens compartimentais versus não compartimentais, farmacocinética populacional, metabolismo e transporte de fármacos.) Birkett, D. J. Pharmacokinetics Made Easy (revised), second ed. Sydney: McGraw–Hill Australia; 2002. (Excelente livro resumido, que atende à promessa do título.) Jambhekar, S. S., Breen, P. J. Basic Pharmacokinetics. London: Pharmaceutical Press; 2009. (Livro-texto básico.) Rowland, M., Tozer, T.N., 2010. Clinical Pharmacokinetics and Pharmacodynamics. Concepts and Applications. Wolters Kluwer/Lippincott Williams & Wilkins, Baltimore. Online simulations by H. Derendorf and G. Hochhaus. (Texto excelente; ênfase nas aplicações clínicas.). Farmacocinética populacional Sheiner, L. B, Rosenberg, B., Marethe, V. V. Estimation of population characteristics of pharmacokinetic parameters from routine clinical data. J. Pharmacokinet. Biopharm. 1997; 5:445–479. 1Em dado momento, a farmacologia clínica se tornou tão associada à determinação de fármacos na urina, que os boatos eram que os farmacologistas clínicos eram os novos alquimistas – que eles tinham transformado urina em passagens de avião. 2Importantes, pois os efeitos adversos relacionados com a dose quase sempre ocorrem próximo a Cmáx. 3Por exemplo, as doses usadas em animais de experimentação precisam ser, em geral, muito maiores que as doses humanas (na base de “unidade de peso corporal”), pois, em geral, o metabolismo de fármacos é muito mais rápido em roedores – metadona (Cap. 42) é um dos muitos exemplos. 4A área é obtida por integração desde tempo = 0 até tempo = ∞ e é denominada AUC0–∞ (em que AUC = area under the curve). A área sob a curva contém unidades de tempo – na abscissa – multiplicado pela concentração (massa/volume) – na ordenada; assim, como seria de esperar, CL = Q/AUC0–∞ tem dimensão volume/tempo. Seção 1: Princípios gerais Capítulo 10: Farmacocinética Considerações gerais Introdução: definição e aplicações da farmacocinética A eliminação dos fármacos expressa através da depuração Modelo de compartimento único Modelos cinéticos mais complexos Farmacocinética populacional Limitações da farmacocinética
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