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Traumatismo de Tórax TÓPICOS - Fisiopatologia - Sinais e sintomas - Tratamento Traumatismo de Tórax OBJETIVO - Descrever a fisiopatologia - Identificar os sinais e sintomas - Realizar o tratamento Traumatismo de Tórax As lesões de tórax são as principais causas de morte por trauma (uma em cada quatro), embora a grande maioria de todos os traumas torácicos ( 90% dos traumas fechados e 70% a 85% dos ferimentos penetrantes) possam ser tratados sem cirurgia. Lesões torácicas despercebidas ou não reconhecidas devido a uma avaliação incompleta ou imprecisa podem prejudicar a ventilação ou os sistemas de troca de oxigênio e produzir hipóxia tecidual (diminuição do oxigênio), hipercapnia (aumento do CO2 no sangue) e acidose (acúmulo de acido e diminuição do pH sanguíneo). EPIDEMIOLOGIA Avaliação AVALIAÇÃO Como ocorre em todos os aspectos do atendimento médico a avaliação envolve a coleta de uma história e a realização de exame físico. Em situação de trauma, consideramos uma história AMPLAS, na qual se obtêm informações sobre alergias, medicação, passado médico, os líquidos bem como a última refeição, ambiente do trauma e sintomas Observações: - A vítima é observada quanto presença de choque. - A traqueia está centralizada ou desviada? - As veias jugulares estão distendidas? Avaliação Visual Um exame visual minucioso do tórax deve ser feito em menos de 30 segundos. A inspeção do pescoço e do tórax pode revelar escoriações, lacerações, distensão de veias do pescoço, desvio de traqueia, enfisema subcutâneo, ferimento aberto de tórax, assimetria de expansão ou movimento paradoxal da parede torácica Palpação A parede torácica deve ser levemente palpada com as mãos e os dedos para pesquisar a presença de pontos dolorosos, crepitação (óssea ou enfisema subcutâneo) e segmento instável de parede torácica. Ausculta Todo tórax é avaliado em quatro pontos sempre comparativos (ápice direito, ápice esquerdo, base direita, base esquerda e bulhas cardíacas) . A diminuição do murmúrio vesicular de um lado em relação ao outro pode indicar pneumotórax ou hemotórax. Percussão Um som abafado (maciço) pode indicar hemotórax, uma percussão hipertimpânica pode indicar a presença de um pneumotórax. Fraturas de Costelas Apesar das costelas serem bem protegidas pelas musculaturas sobrejacentes, fraturas das costelas são comuns nos traumas torácicos. As costelas superiores são amplas e espessas e particularmente bem protegidas pela cintura escapular e por músculos. Como é necessária uma grande quantidade de energia para fraturar as costelas superiores, essa vítima tem riscos de apresentar outras lesões significativas, como ruptura da Aorta. A localização mais comum de fratura de costela é a face lateral das costelas 4 e 8, que são finas e menos protegidas por musculatura. Fraturas de Costelas Avaliação As vítimas com fraturas simples de costelas podem apresentar poucos sintomas. Com maior frequência, queixam- se de dor torácica e dispneia. Também podem ser observadas dificuldades de respiração, sensibilidade na parede torácica e crepitação. Tratamento O tratamento inicial das vítimas com fratura simples de costelas é o alívio da dor, e pode incluir a tranquilização da mesma e a utilização de uma tipóia e uma faixa no braço da vítima. É importante fazer reavaliações freqüentes. Ventilações normais e tosse devem ser encorajadas, apesar da dor associada, para evitar o colapso dos alvéolos (atelectasia), desenvolvimento de pneumonia e outras complicações. TORAX INSTÁVEL (retalho costal móvel O tórax instável ocorre quando duas ou mais costelas são fraturadas em pelo menos dois lugares, o segmento da parede torácica que está instável perdeu o suporte ósseo e a fixação à caixa torácica. Este segmento “livre” ira mover-se em direção oposta a do resto do tórax durante a inspiração e a expiração. Na inspiração quando os músculos respiratórios se contraem para elevar as costelas e abaixar o diafragma, o segmento contundido se move paradoxalmente para dentro, em resposta a pressão negativa criada dentro da cavidade torácica. OBS.: É causado geralmente por impacto no externo ou na parede lateral do tórax. TORAX INSTÁVEL retalho costal móvel Avaliação Uma vítima com afundamento de tórax, se mostra com dor intensa, a frequência respiratória se eleva e a vítima não consegue respirar profundamente. Tratamento O tratamento é voltado para o alívio da dor, suporte ventilatório , estabilizar o segmento instável e monitoramento de uma possível piora do quadro. CONTUSÃO PULMONAR Quando o tecido pulmonar é lacerado ou rompido por mecanismos contusos ou penetrantes, o sangramento nos espaços aéreos alveolares pode causar contusão pulmonar. Isso impede a troca gasosa, já que não há entrada de ar nestes alvéolos pela via aérea terminal. A contusão pulmonar esta quase sempre presente no doente com tórax instável (retalho costal móvel). CONTUSÃO PULMONAR O mecanismo da lesão, e a presença de lesões associadas podem ser as únicas indicações de uma contusão pulmonar potencial durante o exame detalhado de um paciente. Avaliação Os achados na avaliação da vítima são variáveis, dependendo da gravidade da contusão (porcentagem do pulmão envolvida) a avaliação inicial pode não revelar dificuldade respiratória. Tratamento A conduta se baseia no suporte ventilatório, deve-se administrar oxigênio suplementar como objetivo de manter saturação do gás na faixa normal. Deve-se repetidamente reavaliar a frequência respiratória. Na ausência de hipotensão (PA sistólica < 90mmhg), a administração agressiva de fluidos por via intravenosa pode aumentar ainda mais o edema, comprometendo a ventilação e a oxigenação. OBS.: Estado de hipotensão permissiva. PNEUMOTÓRAX PNEUMOTÓRAX O pneumotórax esta presente em até 20% das lesões torácicas graves. Os três tipos de pneumotórax representam níveis crescentes de gravidade: simples, aberto e hipertensivo. Pneumotórax simples é causado pela presença de ar no espaço pleural. À medida que o ar aumenta, o pulmão naquele lado sofre colabamento. Avaliação Achados similares a aqueles da fratura de costelas, dor torácica (pleurítica) e pode exibir sintomas e sinas de disfunção respiratória. Achados clássicos: diminuição dos murmúrios vesiculares do lado da lesão e o hipertimpanismo à percussão. Tratamento Administrar oxigênio suplementar, instituir acesso venoso e se preparar para tratar o choque, caso ele se desenvolva. PNEUMOTÓRAX ABERTO O pneumotórax aberto, do mesmo modo que o pneumotórax simples envolve a entrada de ar no espaço pleural, causando o colabamento pulmonar. A passagem do ar para dentro e para fora do orifício da parede torácica cria um ruído, por isso a lesão é denominada “ferimento torácico soprante” uma vez que o fluxo de ar segue a via de menor resistência, esse fluxo anormal através da parede torácica é mais facilmente observada do que o normal, da via aérea superior até o pulmão, principalmente quando o defeito apresenta tamanho similar ou maior do que a abertura da glote da via aérea inferior. A resistência ao fluxo através do ferimento diminui com o aumento do tamanho do defeito. Mecanismos que levam ao pneumotórax aberto incluem ferimentos por arma de fogo, explosivos, arma branca, empalamentos e ocasionalmente trauma contuso. PNEUMOTÓRAX ABERTO CURATIVO DE TRES PONTAS A fixação do curativo oclusivo em apenas três lados produz um efeito de válvula; desse modo, na expiração, tem-se a saída de ar que é impedido de retornar na inspiração, evitando, assim, formar um pneumotórax hipertensivo ou hemotórax. Em desuso no pré-hospitalar. PNEUMOTÓRAX ABERTO Avaliação A vítima geralmente revela insuficiência respiratória evidente, estará ansioso, pulso radial fino e rápido. A observação da parede torácica revela o ferimento, que pode produzir ruídos audíveis de aspiração durante a inspiração com borbulhamento durante a expiração. TratamentoCobrir o ferimento com curativo oclusivo observando o pneumotórax hipertensivo, a descompressão pode ser obtida através da própria ferida de forma funcionar como uma saída do interior do tórax. Abrindo o curativo oclusivo ao redor da ferida por alguns segundos, obtém - se a saída de ar para fora da abertura à medida que a pressão interna é aliviada. OBS: Administrar Oxigênio Suplementar. PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO O pneumotórax hipertensivo é uma emergência com risco eminente de morte, à medida que o ar continua a entrar no espaço pleural sem qualquer liberação. A maior pressão no lado acometido do tórax pode por fim, empurrar as estruturas mediastinais para o lado oposto. Avaliação Os achados dependem da quantidade de pressão acumulada no espaço pleural. Os clássicos são: desvio traqueal no sentido contrário da lesão, diminuição do murmúrio vesicular no lado da lesão, percussão hipertimpânica e turgência de jugulares. Tratamento Deve ser realizada a descompressão na presença de três achados: piora do desconforto respiratório, ausência ou redução unilateral dos sons respiratórios, choque descompensado (pressão sistólica <90mmhg). PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO Descompressão com agulha A descompressão com agulha é realizada com a inserção de um cateter venoso de silicone com guia metálica(grande calibre 10 a 14 com pelo menos 8 cm de comprimento. Pode ser tentado com o calibre 16.) no segundo ou no terceiro espaço intercostal na linha hemiclavicular do lado do tórax envolvido. Obs.: Esse procedimento converte um pneumotórax hipertensivo em um “pneumotórax aberto tratado” 2º Espaço intercostal 2ª Costela 3ª Costela Pleura parietal Pleura Visceral Descompressão Torácica 2º Espaço intercostal 3ª Costela Descompressão Torácica HEMOTÓRAX A presença de sangue no espaço pleural constitui um hemotórax. Como o espaço pleural pode acomodar um grande volume de sangue (2.500 a 3.000 ml) o hemotórax pode representar uma fonte de perda sanguínea importante. Avaliação Monitorar a vítima quanto aos sinais de choque: taquicardia, taquipnéia, confusão, palidez e hipotensão. Os sons respiratórios do lado da lesão diminuídos ou ausentes, mas a percussão é abafada (som maciço). Tratamento Altas concentrações de oxigênio devem ser administradas, com auxílio à ventilação, se necessário, com bolsa-valva- máscara ou intubação endotraqueal se possível é indicada. O transporte rápido para um hospital equipado capaz de fazer intervenção cirúrgica imediata para o tratamento definitivo do hemotórax.* CONTUSÃO CARDÍACA Mais frequente com a aplicação de força na região anterior do tórax, especialmente em um evento de desaceleração. O coração é tão comprimido pelo externo anteriormente e a coluna vertebral posteriormente que essa compressão produz um aumento abrupto na pressão dentro dos ventrículos causando uma contusão cardíaca. Avaliação Contusões sobre o esterno sugerem uma contusão cardíaca, a vítima pode se queixar de dor, ou falta de ar, caso existam arritmias a vítima se queixará de palpitação. Tratamento Administração de oxigênio em alta concentração, deve ser estabelecido um acesso venoso para reposição volêmica criteriosa, monitorar o paciente para a detecção de arritmias e elevações da onda ST, caso surjam. TAMPONAMENTO CARDÍACO O tamponamento cardíaco ocorre quando um ferimento permite o acúmulo agudo de fluido entre o saco pericárdico e o coração. Isso pode agravar a ponto de precipitar a atividade elétrica sem pulso. OBS.: deve-se sempre ter em mente a possibilidade de tamponamento cardíaco na avaliação de qualquer vítima com lesão torácica penetrante. avaliação Observação dos achados físicos. A tríade de Beck é um conjunto de achados indicativos de tamponamento cardíaco: bulhas cardíacas abafadas ou distantes, turgência jugular, hipotensão. Tratamento Exige um transporte rápido e monitorado até um hospital que possa efetuar procedimentos cirúrgicos de emergência, que consiste em drenar parte do fluido pericárdio por pericardiocentese, durante o transporte deve ser administrado oxigênio em alta concentração, obter acesso venoso e iniciar reposição volêmica criteriosa. TAMPONAMENTO CARDÍACO Ruptura Traumática de Aorta Quando há uma desaceleração súbita do corpo, como ocorre em um impacto frontal em alta velocidade, o coração e o arco aórtico continuam a se mover para frente em relação à aorta descendente fixa (imóvel). Avaliação A avaliação baseia-se no índice de suspeita. Deve ser mantido um alto índice em situações que envolvem desaceleração de alta energia. A avaliação cuidadosa pode demonstrar que a qualidade do pulso pode ser diferente entre dois membros (pulso mais forte no braço direito do que no esquerdo). Tratamento O tratamento no local do acidente é de suporte, Administrar oxigênio suplementar em alta concentração, Acesso venoso é instalado, exceto em casos de em casos de tempos de transportes curtos. Asfixia Traumática É assim denominada porque os doentes se parecem com a vítima de estrangulamento. O doente apresenta uma coloração azulada na face e no pescoço. O mecanismo de asfixia traumática é um aumento acentuado e abrupto da pressão torácica causado por esmagamento do tronco (Ex.: a queda de um veiculo que estava suspenso por um macaco hidráulico sobre um tórax). Isso faz com que o sangue seja expulso do coração e retorne para o pescoço e cabeça. Pequenos capilares e vênulas podem se romper, o que pode levar à disfunção cerebral e ocular. Tratamento Avaliação A principal característica é a pletora, caracterizada por excesso de sangue e turgor, ou aumento de volume e distensão dos vasos sanguíneos. Fazendo com que a pele adquira uma coloração avermelhada. Tratamento O tratamento é de suporte. Administra-se oxigênio em alta concentração, é obtido um acesso venoso e é fornecido um suporte ventilatório, se necessário. A coloração vermelho- arroxeado típica desaparece em uma semana em sobreviventes. Ruptura de Diafragma Pequenas lacerações do diafragma podem ocorrer em lesões penetrantes da região toracoabdominal. Como o diafragma sobe e desce com a respiração, qualquer penetração abaixo do nível dos mamilos anteriormente ou no nível da ponta escapular posteriormente apresenta risco de ter atravessado o diafragma. Diferente das pequenas lacerações que em geral acompanham as lesões penetrantes, as lacerações causadas por mecanismos contusos são, com freqüência, grandes e permitem a herniação aguda das víseras abdominais para dentro da cavidade torácica. O esforço respiratório é conseqüência da pressão dos órgão herniados sobre os pulmões impedindo a ventilação eficaz. Esse déficit de ventilação e potencialmente fatal. Ruptura de Diafragma Avaliação A avaliação nos revela uma vítima com esforço respiratório agudo, pode esta ansiosa, taquipneica e pálida. Ela pode ter contusões da parede torácica, crepitação óssea ou enfisema subcutâneo. Os murmúrios do lado afetado podem esta diminuídos. O abdome pode está escavado se uma porção significativa do seu conteúdo tiver sofrido herniação. Tratamento É necessário o reconhecimento imediato da possibilidade de existência de uma ruptura de diafragmática. Deve ser administrado oxigênio suplementar em alta concentração. A vítima deve-se transportada rapidamente para um hospital equipado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Atendimento pré-hospitalar ao traumatizado PHTLS: 7º Ed. 2012. Manual do atendimento Pré- Hospitalar – SIATE/CBPR Escola de cirurgiões americanos-2015- ASC/TA URGÊNCIA E EMERGÊNCIA-CBMERJ-2015 DÚVIDAS ??? “O valor que as coisas têm é o valor que damos à elas”
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