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1 Semiologia do Adolescente: Semiologia do adolescente: A adolescência é a faixa etária mais diversificada. É também a mais negligenciada. Não há um consenso sobre quando começa, quanto tempo dura e quando termina a adolescência. Em linhas gerais, a adolescência é o período de transição entre a infância e a vida adulta. OMS: período entre os 10 aos 19 anos de idade; Engloba transformações biopsicossociais ○ Relação “Puberdade x Adolescência”. Relação “Hormônios x Desenvolvimento cerebral” ○ Cérebro social, área de prazer, área de recompensa etc. A entrada na vida adulta depende de cada indivíduo, sendo precoce em alguns indivíduos e tardia em outros ○ Está muito relacionada com a necessidade individual e a independência financeira. No Brasil, segundo o IBGE, os jovens correspondem a 18% da população total. O jovem está exposto a maiores riscos (gravidez indesejada, aborto, IST/AIDS, drogas e violência) devido ao sentimento de onipotência e indestrutibilidade e a curiosidade. Diante dessas peculiaridades, cabe ao profissional de saúde conhecê-las para direcionar as ações de saúde. Maturação sexual: Idade ou fase da vida em que um organismo pode se reproduzir sexualmente; A sequência de eventos que caracterizam a maturação sexual, que ocorrem com homens e mulheres, em geral é mais precoce no sexo feminino; A maturação se completa em um período de 2 a 5 anos. Sexo feminino: Início com o aparecimento do broto mamário (8 aos 13 anos); A menarca costuma ocorrer aos 12,2 anos; Sexo masculino: O primeiro sinal de maturação sexual é o aumento dos testículos (10,9 anos); Aparecimento de pelos pubianos; aumento do tamanho do pênis; aparecimento de pelos axilares e faciais se dá mais tardiamente. Estirão: Grande desenvolvimento corporal que ocorre na adolescência; Menino: média 28cm; Menina: média 25cm; Alterações mais evidentes: esqueleto, tecido muscular e sistema reprodutor; Há principalmente o crescimento do tronco e das pernas; A relação segmento superior/segmento inferior do corpo passa de 1 para 0,92; O estirão não ocorre em todos os segmentos do esqueleto ao mesmo tempo (sequência distal-proximal) o primeiro segmento a ser afetado é o pé; O início do estirão e seu pico de velocidade estão relacionados com as fases de maturação sexual e não com a idade cronológica; Sexo feminino: fases iniciais da puberdade (estágios 2 e 3 de Tanner); Sexo masculino: mais tardiamente (estágio 4 de Tanner); Aumento: - massa e força musculares - tecidos – órgãos; Involução: tecido linfoide; Diminuição: gordura subcutânea. Desenvolvimento mamário feminino: As mamas são avaliadas quanto ao tamanho, forma e características; Assimetrias mamárias entre M2 e M4, ou pela vida toda. O estágio M4 não é observado em todas as garotas, algumas passam direto do estágio M3 para M5, ou então a duração do estágio M4 é pequena e não chega a ser registrada em consultas sucessivas. Em outras, ao contrário, o desenvolvimento mamário cessa em M4. 2 Pelos pubianos: O crescimento dos pelos pubianos femininos inicia-se entre os 9 e 14 anos de idade. O crescimento ocorre em áreas sensíveis a andrógenos devido ao aumento da testosterona na puberdade. A escala de Turner descreve e quantifica o desenvolvimento dos pelos pubianos. ▶ P1 - fase de pré-adolescência (não há pelugem). ▶ P2 (9-14 anos) - presença de pêlos longos, macios e ligeiramente pigmentados ao longo dos grandes lábios. ▶ P3 (10-14,5 anos) - pêlos mais escuros e ásperos sobre o púbis. ▶ P4 (11-15 anos) - pelugem do tipo adulto, mas a área coberta é consideravelmente menor que a do adulto. ▶ P5 (12-16,5 anos) - pelugem do tipo adulto, cobrindo todo o púbis e a virilha. Características psicológicas da adolescência: A família pode dificultar o período de transição entre infância e a adolescência. Atitudes de grande maturidade se alternam com ações infantis. O adolescente tende a se refugiar em seu mundo interior e a buscar um grupo de semelhantes. A 3 intelectualização e o ascetismo, são alguns dos recursos de que o adolescente utiliza para superar suas ansiedades. Há um aumento real de agressividade, manifestado pela rebeldia. Relação médico-paciente: A natureza da relação médico paciente depende das características pessoais e da personalidade tanto do paciente como do médico. Desenvolve-se uma relação ímpar. Entretanto é possível descrever características gerais; - Relação médico-adolescente; - Relação tríadica: médico-adolescente-família. Importância da relação ocorrer em vários momentos; - Médico-adolescente-família (Primeiro momento); - Médico-adolescente (Segundo momento). A confidencialidade é um direito do paciente adolescente (artigo 103 do Código de Ética Médica). - A situação determinará se o consentimento do paciente será necessário para o sigilo ser quebrado. - O terceiro momento da consulta inclui adolescente, família e médico. A família tem a responsabilidade legal, já o adolescente é o sujeito da consulta. Ambos devem ter responsabilidade e participação nas decisões de saúde. - Conflitos com o mundo adulto; - Visão do adolescente em relação ao médico; O médico deve: - Construir uma relação sem abandonar sua postura de adulto; - Compreender a fase adolescente; - Dar oportunidade ao adolescente de falar sobre as suas relações; O médico não deve: - Utilizar, como método de adquirir confiança do paciente, a postura de adolescente; - Evitar se posicionar em relação aos conflitos entre família e adolescente. Exame clínico e anamnese: A anamnese do adolescente possui características próprias. Possui 2 TEMPOS. Uma pequena parte é realizada junto com o responsável que estiver acompanhando o adolescente, a outra é feita apenas com o adolescente. A repetição da busca pela queixa principal e história da doença atual é realizada pois pode apresentar o mesmo resultado, mas algumas vezes se obtêm mais dados ou histórias diferentes, até contraditórias. Às vezes a consulta é motivada mais por preocupação da família do que do próprio adolescente. Em alguns casos, pode estar disfarçando problemas comportamentais; em outros, queixas emocionais, manifestadas somaticamente. Assim, o médico tem que usar sua perspicácia e sensibilidade para captar o verdadeiro motivo da consulta. Em seguida, aplica o interrogatório sintomatológico, de acordo com as normas gerais. Pode ser gerado constrangimento durante a investigação e esse é diminuído quando a conversa é iniciada com um assunto relativamente "neutro': como a investigação sobre a alimentação. É importante lembrar que as enfermidades não incidem simplesmente sobre um organismo, mas sim sobre um ser humano, inserido em uma família e em uma sociedade, principalmente no caso dos adolescentes, que vivem um momento muito especial de sua trajetória. 1º tempo: Realizada junto com o acompanhante do adolescente. Investiga-se antecedentes: familiares; pessoais fisiológicos; patológicos e imunização (vacinação). Deve-se questionar qual a queixa principal do adolescente e fazer a HDA (História da Doença Atual). 2º tempo: Deve ser feito apenas com o adolescente. Investiga-se aspectos pessoais, como alimentação, hábitos de vida, vida escolar, relação com familiares, e relações sociais. Em seguida, são refeitas a queixa principal e HDA. É importante respeitar a personalidade do adolescente e levar em conta sua idade. Exame físico: 1° Entender as necessidades do paciente relacionada à idade. - As modificações corporais geram curiosidade → Tranquilidade no exame. 2º Segurança: Possibilitar segurança para o paciente e para você mesmo. - Utilizar um ambiente seguro; - Ter a presença de outro profissional de saúde presente. 4 3º Comunicação: Clareza e objetividade. - Lembrar que adolescentes são naturalmente ansiosos; - Sanar dúvidas com relação ao próprio exame e a qualquer outro assunto tratado pelo paciente. O que o exame físico do adolescente requer? - Análise precisade Peso x Altura: Avaliação da condição de crescimento e nutrição; - Olhar cuidadoso sobre a pele: Acne e oleosidade: para os adolescentes, a boa aparência é extremamente importante e necessária; - Ir de acordo com os segmentos corporais. Exame físico especial: - Cabeça: seguir rotina; - Pescoço: exame da tireoide é fundamental; - Tórax: detectar possíveis patologias; - Abdome: seguir rotina; - Membros e coluna: examinar as características, particularmente, a postura e a marcha; - Sistema nervoso: se não houver queixas, pesquisar os principais reflexos, observar o comportamento, a atenção, o humor, a capacidade de concentração e a verbalização. - Genitais: determinar a maturação sexual; examinar vulva e testículos; Exame ginecológico completo obrigatório nas seguintes situações: Adolescentes com: 1. Atividade sexual; 2. Vulvovaginites rebeldes; 3. Amenorreia superior a 6 meses nos 2 primeiros anos após a menarca; 4. Amenorreia superior a 4 meses com mais de 2 anos após a menarca; 5. Amenorreia de qualquer duração, apresentando hirsutismo ou galactorreia; 6. Dismenorreia importante; 7. Dor abdominal ou pélvica importante e 8. Que não apresentaram menarca até os 16 anos. Conclusão do exame: Elaboração de hipóteses diagnósticas; - Planejamento das condutas necessárias; - Discussão do caso apenas com o adolescente e, depois, com sua família.
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