Buscar

Linguagem Visual VI

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 38 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 38 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 38 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Linguagem Visual
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Dr.ª Maria Jose Spiteri Tavolaro Passos
Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Conceitos Compositivos: Técnicas Visuais Aplicadas
• Introdução;
• Categorias Conceituais – Estratégias de Comunicação 
Aplicadas à Composição Visual;
• Finalizando: Afinal, para que Técnicas de Composição?
• Defi nir e caracterizar as principais categorias conceituais de composição visual;
• Analisar a aplicação das categorias conceituais como técnicas visuais aplicadas à 
composição em diferentes contextos.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
Conceitos Compositivos: 
Técnicas Visuais Aplicadas
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Conceitos Compositivos: Técnicas Visuais Aplicadas
Introdução
A linguagem visual, como o próprio nome diz, depende fundamentalmente da 
visão. Mas, observe que de nada adiantará você ter o seu aparelho fisiológico per-
feito – olhos, sistema nervoso, cérebro etc. – e um objeto qualquer diante dos olhos 
se predominar o escuro total. Nesse caso, todos seremos cegos!
Observe que na situação descrita no parágrafo anterior, a luz assume o papel 
principal, de modo que o nosso aparelho visual ficará em segundo plano. Perceba, 
ainda, que a luz é tonal, ou seja, vai do brilho – ou luminosidade – à obscurida-
de, percorrendo uma série de gradações. Então, no processo de ver dependemos 
dessas gradações de tons para que possamos apreciar os objetos. Nesse sentido, 
Dondis (2003, p. 102) nos adverte que
[...] dentre todos os nossos sentidos, porém, não há dúvida de que a visão 
é aquele de que mais dependemos, e o que sobre nós exerce um poder 
superior. E a visão funciona com mais eficácia quando os padrões que 
observamos se tornam visualmente mais claros através do contraste.
Portanto, tanto na natureza como na arte – seja qual for –, o contraste assume 
importância fundamental ao observador. No entanto, devemos sempre considerar 
a estreita e importante relação que ocorre de um lado entre a mensagem e o seu 
significado, e por outro lado com as técnicas visuais. As considerações e recomen-
dações oferecidas a seguir e recomendadas pela Psicologia da Percepção, em espe-
cial pelas leis da Gestalt, não devem ser encaradas como paradigmas, mas como 
bases sólidas para a tomada de decisão compositiva.
Apesar dessa recomendação, duas variáveis são fundamentais no momento de se 
buscar uma solução compositiva. Uma diz respeito ao contraste e a outra à harmonia.
O organismo humano parece buscar a harmonia; há uma necessidade de orga-
nizar toda espécie de estímulos em totalidades racionais, tal como foi demonstrado 
pelos experimentos da Gestalt. Para quebrar essa tendência é que surge o contras-
te (DONDIS, 2003, p. 99). O contraste atua, então, como força de oposição a essa 
tendência, desequilibrando, chocando, estimulando, chamando a atenção. 
A harmonia, ou o estado nivelado do design visual, é um método útil e quase 
infalível para a solução dos problemas compositivos que afligem o criador inex-
periente e pouco hábil em mensagens visuais. As regras a serem observadas são 
extremamente simples e claras, de modo que se forem seguidas com rigor, certa-
mente os resultados obtidos serão atraentes. Não há como errar.
De um modo geral, as técnicas visuais de composição estão baseadas em pola-
ridades, de modo que não devemos pensá-las apenas como duas opções extremas. 
Entre o branco e preto temos à nossa disposição muitas tonalidades de cinza, 
tal como todos os outros tipos de contraste nos oferecem inúmeras gradações e 
variações. Por esse motivo é que dispomos de vasta gama de possibilidades para 
expressarmos o que desejamos. 
Assim, nesta Unidade trataremos de conceitos fundamentais que, articulados em 
oposições extremas ou por meio de suas gradações, levem-nos a estratégias técnicas 
8
9
para elaborar composições. Veja que em nossas criações todos esses conceitos po-
dem ser combinados, arranjados, associados, gerando soluções interessantes. Então, 
considere que neste caso o que vale é a interpretação pessoal, ou seja, a sua!
Você encontrará na literatura especializada – algumas indicações citadas nas Re-
ferências desta Unidade, inclusive – diversos tipos de classificação das técnicas ou 
categorias conceituais compositivas. Não há uma certa e outra errada, mas opções 
possíveis, cabendo a você analisar e escolher qual lhe convém.
Categorias Conceituais – Estratégias de 
Comunicação Aplicadas à Composição Visual
As categorias conceituais possuem como finalidade básica oferecer subsídios 
para o processo criativo, no momento de concepção do trabalho, de qualquer 
natureza. Além disso, essas categorias também funcionam como auxiliares no mo-
mento da leitura visual de uma imagem qualquer.
Como já pudemos observar em outros momentos, a nossa percepção trabalha 
por associações e por contrastes. Desse modo, nada mais coerente do que pensar 
que essas categorias conceituais que diferentes autores consideram como básicas 
às composições, trabalhem também com oposições. Dondis (2003) estabeleceu 
algumas dessas relações, vejamos:
Tabela 1
Equilíbrio Instabilidade
Simetria Assimetria
Regularidade Irregularidade
Simplicidade Complexidade
Unidade Fragmentação
Economia Profusão
Minimização Exagero
Previsibilidade Espontaneidade
Atividade Estase
Sutileza Ousadia
Neutralidade Ênfase
Transparência Opacidade
Estabilidade Variação
Exatidão Distorção
Planura Profundidade
Singularidade Justaposição
Sequencialidade Acaso
Agudeza Difusão
Repetição Episodicidade
Fonte: adaptado de Dondis (2003)
9
UNIDADE Conceitos Compositivos: Técnicas Visuais Aplicadas
Veja que há enorme quantidade de termos – aqui temos 38 elencados, mas po-
deríamos ter outros tantos – adiante trataremos de alguns dos quais –; para tanto, 
utilizaremos dos estudos do professor João Gomes Filho (2009) que, assim como 
Dondis (2003), apoiou-se nos fundamentos da Gestalt.
“As opções de design, literalmente infinitas, tornam difícil a descrição das 
técnicas visuais segundo o procedimento rígido e definitivo com que esta-
belecemos o significado comum das palavras”. (DONDIS, 2003, p. 137)
Embora sem ordenar por oposição, tal como fez Dondis(2003), João Gomes 
Filho (2009, p. 77 e seguintes) também nos apresenta muitos desses conceitos –, 
os quais denomina técnicas visuais aplicadas –, e é a partir desse seu trabalho 
que trataremos das categorias.
Ao estudar as técnicas visuais aplicadas, João Gomes Filho chama a nossa atenção para um 
ponto importante: as técnicas não são os eventuais efeitos visuais que podemos obter por 
meio do uso dos softwares, mas esses programas podem enfatizar e incrementar os efeitos 
que desejarmos obter em nossas imagens, dando mais expressividade aos elementos com-
positivos e à mensagem.
Ex
pl
or
Clareza
A clareza se manifesta quando observamos uma imagem bem organizada, uni-
ficada, harmoniosa, equilibrada; uma imagem com essas características oferece 
condições de decodificação e compreensão imediata do todo.
A clareza é independente do objeto; pode ter estrutura formal simples – com 
poucas unidades –, ou complexa – com muitas unidades compositivas. As suas ca-
racterísticas básicas são facilidade de leitura e rapidez de inteligibilidade.
Figura 1 – Exemplo de clareza: girafas da África selvagem correndo na savana (Quênia)
Fonte: iStock/Getty Images
10
11
Observe a Figura 1, onde a clareza está evidente: possui poucas unidades com-
positivas e a sua organização formal é harmoniosa; a leitura visual é fácil e ime-
diata. O Sol irradiando gradientes de cores quentes. As girafas em primeiro plano 
conferem leveza e, ao mesmo tempo, movimento à imagem.
Simplicidade
A simplicidade é uma tendência natural constantemente atuante em nossa men-
te. É a responsável por produzir a organização mais harmoniosa e unificada possí-
vel. Comumente apresenta poucas informações, tornando-se livre de complicações 
ou de elaborações secundárias.
A simplicidade se caracteriza por imagens fáceis de assimilar, ler e compreender. 
Está associada à clareza. Eventualmente, uma imagem pode ter simplicidade mes-
mo retratando um objeto complexo, condição esta que dependerá da organização 
visual da configuração formal (Figura 2).
Figura 2 – Exemplo de simplicidade
Fonte: iStock/Getty Images
Na Figura 2 há poucas unidades formais. A sua configuração é clara e de fácil 
compreensão. O fundo liso faz com que a imagem da jovem em primeiro plano 
fique em destaque, contribuindo para a sua rápida decodificação funcional.
Minimidade
A minimidade diz respeito a usar o mínimo pos-
sível para transmitir uma mensagem. Aqui menos 
é mais. Igualmente denominada monossêmica ou 
econômica, a sua característica é o uso de reduzidos 
elementos na composição. Naturalmente, a clareza 
e simplicidade estão presentes nessa técnica e são 
realçadas em razão do aparecimento de um mínimo 
de elementos informacionais, quase sempre regidos 
pelo essencial.
Figura 3 – Anéis de ouro de casamento
Fonte: iStock/Getty Images
11
UNIDADE Conceitos Compositivos: Técnicas Visuais Aplicadas
Nesse caso, para valorizar o significado de união contido nas alianças, o fotó-
grafo optou por apresentar os anéis entrelaçados. Com o mínimo de elementos, 
transmitiu significativa quantidade de informações.
Importante!
Que o conceito de minimidade foi – e continua a ser – utilizado por muitos criadores nas 
mais diversas áreas?
Coco Chanel, uma das mais revolucionárias estilistas do século XX, já na década de 1920 
era adepta do “menos é mais”, tornando-se referência a criadores da moda e do design.
Foi Madame Chanel – como era amplamente conhecida – quem criou o conceito do 
“pretinho básico”, o vestido preto, liso sobre o qual a mulher lançaria mão de um ou 
outro acessório, podendo, assim, variar o visual ao ter como base uma única peça do 
guarda-roupa.
Figura 4 – Coco Chanel (1935), Man Ray, Museu Reina Sofia, Madri, Espanha
Fonte: Wikimedia Commons
Você Sabia?
Os conceitos de simplicidade e minimidade estão também nas bases de um importante mo-
vimento artístico do século XX, o minimalismo, onde se destacaram grandes nomes, tais 
como Donald Judd, Dan Flavin, Carlos Fajardo e outros.
Você poderá conhecer mais a respeito da minimal art em: https://goo.gl/6CLGcF
Ex
pl
or
Complexidade
A complexidade constitui uma elaboração polissêmica – que tem mais de um 
significado. Indica complicação visual por causa da presença de inúmeras unidades 
formais na organização do objeto, tanto das partes formais como do todo em si.
A complexidade dificulta a leitura rápida da imagem, exigindo mais tempo, ob-
servação e interpretação formal do observador. Lembrando-nos dos conceitos da 
Gestalt, diríamos, neste caso, que o objeto apresenta baixa pregnância da forma.
12
13
Na foto de São Paulo (Figura 5), podemos verificar como atua a complexidade, 
afinal, inúmeras unidades visuais se desdobram em outras: prédios, avenidas, ruas, 
veículos etc. Todos esses fatores concorrem para uma baixa pregnância, dificultan-
do, em um primeiro momento, a leitura e apreensão detalhadas.
Figura 5 – Exemplo de complexidade: vista aérea do centro da Cidade de São Paulo
Fonte: iStock/Getty Images
Profusão
A profusão também é uma técnica associada à complexidade polissêmica, pois 
apresenta diversas unidades informacionais na elaboração da mensagem. O que a 
diferencia da complexidade é que na profusão ocorre a ênfase em objetos espe-
cíficos. Ademais, a profusão tende a representações rebuscadas, com excesso de 
detalhes na ornamentação. Geralmente, as composições em que ocorre a profusão 
são ricas em significados, principalmente simbólicos. 
A profusão está associada, comumente, ao poder da riqueza e, na história da 
arte, pode ser encontrada em inúmeras manifestações da produção do Oriente 
Médio, bem como nas artes tradicionais chinesa, tailandesa e outras; assim como 
na produção ocidental, em estilos como o gótico, barroco, art nouveau etc.
Observe, na Figura 6, a profusão de detalhes colocados no templo na Tailândia, 
com elaborados motivos artísticos, todos com função decorativa. Já na Figura 7, 
a profusão ocorre pelo excesso de elementos na ornamentação das paredes desse 
belo palácio construído pelos mouros, na Espanha, entre os séculos XIII e XIV. 
Figura 6 – Exemplo de profusão
Fonte: iStock/Getty Images
Figura 7 – Arcos mouriscos no Allahmbra, Granada
Fonte: iStock/Getty Images
13
UNIDADE Conceitos Compositivos: Técnicas Visuais Aplicadas
Coerência
A coerência se caracteriza por oferecer uma organização visual absolutamente 
integrada, equilibrada, harmoniosa, congruente, sem contradições. Expressa, prin-
cipalmente, compatibilidade de estilo e linguagem formal uniforme e consoante.
Figura 8 – Exemplo de coerência: grupo de mascarados no Carnaval de Veneza, Itália
Fonte: iStock/Getty Images
Na Figura 8 há uniformidade na organização do espaço, dos motivos, das for-
mas e demais componentes da linguagem visual. A distribuição balanceada dos pe-
sos visuais, os contrastes cromáticos e o jogo das tonalidades oferecem à imagem 
equilíbrio e harmonia.
Incoerência
A incoerência se caracteriza por apresentar organização visual contraditória, 
incongruente, conflitiva, seja nas partes ou no todo compositivo. Comumente, os 
objetos oferecem resultados formais desarticulados, desintegrados e desarmônicos.
Figura 9 – Exemplo de incoerência
Fonte: iStock/Getty Images
Na Figura 9 observa-se forte incoerência na construção da cena: uma escada 
que não nos leva a uma porta. Ao verificar a imagem, sentimos confusão, confli-
to, desintegração.
14
15
Exagero
O exagero é um conceito que, em geral, apoia-se na extravagância, algumas ve-
zes apresentando proporções enormes. O seu objetivo é chamar a atenção e atrair 
o olhar pela aplicação de expressões visuais intensas e/ou amplificadas. Algumas 
vezes essa “exageração” também emprega muitos elementos visuais; no entanto, 
quando a imagem está bem articulada e balanceada, o exagero pode oferecer ri-
queza visual e, de fato, chamar a atenção para o objeto.
Observe, na Figura 10, como a grande cúpula da igreja de Santa Maria del Fiore 
se destaca na paisagem da cidade italiana de Florença. O olhardo observador é au-
tomaticamente direcionado ao grande volume que, por suas dimensões, sobrepõe-
-se a todos os demais prédios registrados na imagem.
O edifício da Figura 11 é o Agbar, uma imensa torre localizada na Cidade de Barce-
lona, Espanha; aqui o conceito do exagero foi utilizado de forma radical: a monumen-
talidade da construção evidencia o seu sofisticado estilo que se destaca no cenário da 
cidade pelo seu formato inusitado, evocando uma ogiva, ou mesmo uma nave espacial.
 
Figuras 11 – Exemplo de exagero
Fontes: Wikimedia Commons
Figura 10 – Santa Maria del Fiore, Florença, Itália
Fonte: iStock/Getty Images
Edifício Agbar, na Cidade de Barcelona, disponível em: https://goo.gl/3CPNer
Ex
pl
or
Arredondamento
As formas arredondadas costumam nos trazer a sensação de aconchego, de calor. 
O arredondamento apresenta como principal característica a suavidade, brandura, 
delicadeza e sensação de maciez que as formas orgânicas normalmente transmitem. 
O arredondamento também está associado à continuidade, ou seja, os nossos 
olhos percorrem a imagem tranquilamente, sem dificuldades, quebras ou rupturas. 
No universo do design, por exemplo, as linhas arredondadas se alternam com os 
15
UNIDADE Conceitos Compositivos: Técnicas Visuais Aplicadas
projetos mais angulosos e assim, volta e meia, retornam como uma tendência nos 
mais diversos produtos – da tipografia aos projetos automobilísticos.
Figura 12 – Exemplo de arredondamento
Figura 13 – Exemplo de arredondamento
Fonte: iStock/Getty Images
Na Figura 12, a marca Rede Globo se caracteriza por formas orgânicas, com 
formato arredondado composto por dois globos; conta ainda com equilíbrio axial 
simétrico, o que lhe confere boa harmonia.
Já o cronômetro da Figura 13 apresenta formas totalmente orgânicas, com 
desenho ergonômico – adequado ao formato da mão –, botões colocados na po-
sição dos dedos que os acionam, de modo que a sua forma transmite delicadeza 
e suavidade.
Transparência Física
A transparência física ocorre quando os materiais utilizados permitem a visuali-
zação através do objeto, podendo se dar também pela sobreposição de objetos, de 
modo que aqueles que estão atrás podem ser vistos pelo observador. Essa visualiza-
ção tanto pode ocorrer de forma total ou parcial – conforme as seguintes figuras. 
Ademais, a transparência pode conferir à composição leveza, delicadeza, sensação 
de fragilidade etc.
Figura 14 – Exemplo de transparência física
Fonte: iStock/Getty Images
16
17
Na Figura 14, o cristal nos oferece transparência total, de modo que somos 
capazes de ver a roupa e a mão segurando o copo, assim como a quantidade de 
água que este contém.
Figura 15 – Lanternas, Ana Alves
Fonte: pxhere.com
No entanto, na Figura 15, a lanterna em primeiro plano nos permite entrever a 
lâmpada em seu interior, bem como partes das lanternas que estão atrás da primei-
ra – e as outras atrás dessas. Assim, a transparência não é integral.
Figura 16 – Exemplo de translucidez
Fonte: iStock/Getty Images
Há corpos que, por sua natureza física, limitam parcialmente a passagem da luz, 
tratando-se dos materiais translúcidos, foscos, leitosos, coloridos e/ou texturizados. 
Veja, na Figura 16, o que ocorre com as lanternas de papel iluminadas, deixando 
a luz atravessar; contudo, não vemos através dessas – tal como ocorre nas figuras 
14 e 15.
17
UNIDADE Conceitos Compositivos: Técnicas Visuais Aplicadas
Transparência Sensorial
Na transparência sensorial, a percepção de transparência não ocorre pelas ca-
racterísticas do objeto, mas por manipulações efetuadas, comumente, com técnicas 
importadas de outras linguagens, tais como o desenho e a pintura, por exemplo. 
Contemporaneamente, as manipulações digitais são as mais utilizadas para a cons-
trução desses efeitos.
Figura 17 – Exemplo de transparência sensorial
Fonte: iStock/Getty Images
Figura 18 – Anatomia do corpo humano
Fonte: Pixabay
Todos esses exemplos tratam da transparência sensorial produzida por meio da 
manipulação digital das imagens, conferindo características específicas que podem 
envolver, inclusive, novos significados aos objetos.
Figura 19 – Exemplo de transparência sensorial
Fonte: iStock/Getty Images
Opacidade
A opacidade implica no bloqueio da visibilidade através dos objetos ou, também, 
na ocultação de elementos visuais, seja em partes ou no todo.
Observe, na Figura 20, uma comparação entre os três conceitos: transparên-
cia, translucidez e opacidade: a primeira esfera é completamente atravessada 
18
19
pela luz; na segunda isso ocorre parcialmente; enquanto que a terceira esfera blo-
queia totalmente a passagem da luz:
Figura 20 – Exemplos de transparência, translucidez e opacidade
Fonte: Wikimedia Commons
Observe como, na Figura 21, o corpo da câmera bloqueia completamente a 
passagem da luz proveniente da fonte luminosa posicionada no fundo da ima-
gem. Isso nos mostra como os seus materiais opacos se transformam em uma 
barreira para a luz a ponto de não permitirem que vejamos os mecanismos inter-
nos do equipamento. 
Figura 21 – Exemplo de opacidade: corpos bloqueando a passagem da luz
Fonte: iStock/Getty Images
No entanto, na Figura 22 vemos o equipamento fotográfico por outro ângulo: a 
lente é a retratada; de modo que a transparência do vidro nos permite visualizar o 
mecanismo interno desse equipamento e, assim, podemos identificar o obturador, 
corpo opaco responsável pelo controle da entrada de luz.
Figura 22 – Transparência versus opacidade
Fonte: iStock/Getty Images
19
UNIDADE Conceitos Compositivos: Técnicas Visuais Aplicadas
Redundância
A redundância se caracteriza pela repetição ou pelo excesso de elementos 
iguais, algumas vezes considerados supérfluos. Apesar disso, com essa caracterís-
tica podemos ressaltar determinados aspectos da mensagem que, de outra forma, 
poderiam passar desapercebidos, e isso já justifica a sua aplicação. Nesse sentido, 
a repetição cria um ritmo, chama a atenção, atrai o olhar, facilita a memorização 
de uma parte em especial, um objeto, uma mensagem na composição.
Na Figura 23, observamos a repetição das batatas fritas tanto no formato, quan-
to na cor, textura e disposição dos elementos no espaço.
Na roda-gigante (Figura 24), a redundância está na repetição de seus diversos 
componentes – aros, assentos etc. –, criando um ritmo que nos remete à noção 
de tempo e espaço, já que à medida que os assentos se distanciam do observador, 
diminuem de tamanho. É a ideia de ciclo, girando na grande roda que se desloca 
em torno de seu próprio eixo. 
Figura 23 e 24 – Exemplo de repetição
Fonte: iStock/Getty Images
Ademais, observe o que ocorre na Figura 25: temos a repetição da possível 
imagem da pessoa com chapéu, segurando um quadro entre as mãos. Essa figura, 
bem como a paisagem como um todo, repete-se dentro do próprio quadro, criando 
uma sensação de profundidade ilimitada, de infinito impossível. 
Figura 25 – Exemplo de repetição
Fonte: iStock/Getty Images
A redundância pode reforçar a fixação da informação e, por este motivo, é co-
mumente aplicada pelo universo da publicidade.
20
21
Ambiguidade
Gomes Filho (2009, p. 90) afirma que “[...] a ambiguidade é um fator que con-
corre para a indefinição geométrica ou orgânica da forma e que pode induzir a 
interpretações diferentes daquilo que é visto”.
Ainda no mesmo texto, o autor nos adverte que “[...] é uma técnica que não 
deve ser utilizada para objetivos funcionais, nos quais se requer clareza, segurança 
e precisão na informação ou na configuração dos objetos” (GOMES FILHO, 2009, 
p. 90). Apesar disso, é uma técnica que pode dar 
resultados bem interessantes e instigantes, provo-
cando a surpresa visual.
Observe que na Figura 26 a ambiguidade acon-
tece pelo efeito de ilusão de ótica. A sensação que 
o desenho nos passa é de algo que parece viável 
no primeiro instante; contudo, o que percebemos 
é que a representação é impossível – porém, o seu 
efeito surpreende. As forças de organização da for-
ma agem emnosso cérebro de maneira a encon-
trar a melhor configuração estrutural para facilitar 
o nosso entendimento.
Um importante artista do século XX que trabalhou intensamente com esse conceito em suas 
composições foi Mauritis Cornelis Escher (1898-1972). As suas obras se tornaram referências 
para estudiosos das mais diversas áreas, entre as quais a Matemática. Articulando engenho-
samente os elementos visuais, Escher criou universos fantásticos, situações impossíveis com 
escadas que sobem e descem e personagens que as percorrem sem chegar a destino algum. 
Conheça mais a respeito de sua produção em: https://goo.gl/by7mhF
Ex
pl
or
Na Figura 27, a ambiguidade está na visualização do predomínio ora do perfil do 
velho de barba e turbante, ora das figuras que compõem o olho, nariz, a orelha e barba. 
Isso acontece por causa das forças internas de organização da forma que dependem 
das condições de maior ou menor força de acuidade visual, variável entre as pessoas.
Figura 27 – Exemplo de ambiguidade
Fonte: iStock/Getty Images
Figura 26 – Exemplo de ambiguidade
Fonte: iStock/Getty Images
21
UNIDADE Conceitos Compositivos: Técnicas Visuais Aplicadas
Espontaneidade
A espontaneidade se caracteriza pela aparente falta de planejamento visual. 
Trata-se de uma técnica que evoca o natural, instintivo, onde aparentemente as 
coisas não são premeditadas. 
A Figura 28 nos dá a sensação de espontaneidade: o traço livre, a caneta, a 
palavra Paris grafada de forma manuscrita, enfim, tudo isto nos transmite a im-
pressão de reprodução da caligrafia manual:
Figura 28 – Exemplo de espontaneidade
Fonte: iStock/Getty Images
Figura 29 – Coleção de estampas de fumaça isolada em fundo preto
Fonte: iStock/Getty Images
Na Figura 29 vemos registros do movimento da fumaça, o que aparentemente 
nos traz a sensação de algo muito leve, não premeditado, logo, espontâneo. No en-
tanto, se refletirmos, perceberemos que o registro dessas imagens envolveu o olhar 
do fotógrafo que capturou a cena, com precisão: o delicado movimento da fumaça 
dançando e se diluindo no ar. 
22
23
Aleatoriedade
A aleatoriedade se caracteriza por elementos dispostos de modo a obedecer a um 
esquema rítmico, de forma não sequencial: incerto, casual, fortuito, acidental. Eventu-
almente, a aleatoriedade pode passar a sensação de falta de planejamento, desorgani-
zação, ou apresentação acidental da mensagem. Essa técnica exige, além de criativida-
de, significativo domínio da linguagem visual para se obter resultado satisfatório.
Observe que o copo de leite (Figura 30) nos 
transmite essa sensação de aleatoriedade, mas 
sabemos que a imagem apresentada proposi-
tadamente tenta transmitir a sensação de que é 
acidental e fortuita. O copo derramando passa, 
de forma criativa e original, a sensação de que 
o leite está, de fato, alastrando acidentalmente, 
ainda que o movimento tenha sido estudado 
para que o registro ocorresse no momento 
exato em que o leite se movimentasse como 
um tecido esvoaçante no espaço.
Essa figura nos transmite o entendimento 
de aleatoriedade, no entanto, tudo isso é rea-
lizado com planejamento e previsão do que se 
pretende obter; esse processo de planejamen-
to cobra acurado controle sobre os elementos 
a fim de que se alcance o resultado desejado.
Fragmentação
Gomes Filho (2009, p. 93) afirma que “[...] a fragmentação é uma técnica de 
organização formal que geralmente está associada à decomposição dos elementos 
ou de unidades em peças separadas que se relacionam entre si, porém, conservan-
do seu caráter individual”.
Figura 31 – Exemplo de fragmentação
Fonte: iStock/Getty Images
Figura 30 – Exemplo de aleatoriedade
Fonte: iStock/Getty Images
23
UNIDADE Conceitos Compositivos: Técnicas Visuais Aplicadas
Assim, observe a Figura 31, em que a perspectiva atua como força de fragmen-
tação; perceba como sentimos o movimento, a força, o impacto que é produzido 
pelo avanço dos elementos projetados para frente – a bola, os tijolos se deslocan-
do, o céu ao fundo oferecendo a fragmentação tridimensional, tudo dentro de um 
equilíbrio dinâmico.
Sutileza
A sutileza é a elegância, suavidade, delicadeza, distinção. É utilizada para carac-
terizar e conferir graciosidade, leveza e refinamento à composição. 
Ademais, a sutileza envolve grande subjetividade e, portanto, pode gerar dife-
rentes interpretações de acordo com o repertório do observador. 
Observe, na Figura 32, a sutileza do fotógrafo ao registrar a teia de aranha: ba-
nhada por gotículas de orvalho ao amanhecer, o conjunto se transformou em uma 
trama composta por grandes fios de contas. 
Figura 32 – Exemplo de sutileza
Fonte: pxhere.com
Diluição
A diluição tem como objetivo suavizar, abrandar ou atenuar visualmente a ima-
gem de um objeto (GOMES FILHO, 2009, p. 95). Isso nos indica que a diluição 
não busca a precisão e nitidez, mas pode transmitir a sensação de sonho e ilusão.
Quando utilizamos a técnica da diluição, comumente as imagens estão desfoca-
das, não são definidas claramente; outras vezes empregamos os efeitos causados 
pela percepção de movimento visual. Podemos, ainda, variar o grau de intensidade 
da diluição, dependendo do objeto e da mensagem que se pretende transmitir.
Observe como temos a impressão de que os grãos de café (Figura 33) estão, de 
fato, caindo; isso acontece porque os grãos ao fundo estão desfocados, como se 
estivessem efetivamente em movimento.
24
25
No caso da bailarina (Figura 34), a impressão que temos é de algo surreal, pro-
vocado, principalmente, pelo uso dos movimentos do corpo e que aparecem de 
forma não perfilada e definida por conta da iluminação e do jogo de luzes e som-
bras. Tudo isso confere à imagem um equilíbrio harmonioso e dinâmico.
Figura 33 e 34 – Exemplo de diluição
Fonte: iStock/Getty Images
Distorção
A distorção se caracteriza, como o próprio nome nos indica, pela deformação, 
desvirtuamento, mudança de sentido, ampliação, desproporção formal do objeto; 
mas quando bem utilizada produz efeitos interessantes. Gomes Filho (2009, p. 96) 
diz que a “[...] distorção força e dramatiza o realismo [...]”.
Na Figura 35, observe como os lábios e óculos da modelo parecem despropor-
cionais; nesse caso o efeito é proposital para chamar a atenção ao beijo. Já na Figu-
ra 36 a distorção utilizada é mais sutil: observe que é um pequeno peão de xadrez 
que se reflete no espelho como um rei, maior e mais poderoso.
Figura 35 e 36 – Exemplo de distorção
Fonte: iStock/Getty Images
A charge e caricatura são campos vastos para a distorção. Comumente, procu-
ra-se uma característica marcante do retratado e trabalha-se sobre a qual – lembre-
-se da técnica do exagero –, acentuando-a e produzindo um efeito bem-humorado 
e positivo.
25
UNIDADE Conceitos Compositivos: Técnicas Visuais Aplicadas
Atualmente, os programas de computação gráfica permitem aplicar ideias criati-
vas, produzindo imagens bem interessantes – tal como a que aparece na Figura 37.
Figura 37 – Exemplo de distorção
Fonte: Pixabay.com
Profundidade
A profundidade se apresenta, de acordo com Gomes Filho (2009, p. 97), “[...] 
nas variações de imagens retilíneas, baseadas em gradientes de estimulação ordi-
nal”. A sensação que esses gradientes transmitem pode ser de distanciamento do 
objeto, portanto, conduzindo à ideia de profundidade, perspectiva.
A perspectiva geralmente apresenta uma sucessão de figuras que concorrem para 
a visão tridimensional do objeto. A questão mais importante na técnica da profun-
didade é o ângulo de tomada do objeto. Gomes Filho (2009, p. 97) afirma que 
“[...] tomadas feitas de baixo para cima geralmente dramatizam o assunto, sobretudo 
quando associadas a variações angulares do próprio equipamento [fotográfico]”.
Na perspectiva da vista aérea do Rio de Janeiro (Figura 39), a profundidade é 
panorâmica e ampla. Em primeiro plano observa-se a Cidade, o mar, oceano e as 
montanhas, com destaque, no centro da Figura, ao Pão de Açúcar.
Figura 38 – Exemplo de profundidade
Fonte: iStock/GettyImages
26
27
Já na perspectiva dos balões (Figura 39), a profundidade é dada pelos gradien-
tes formados pela sucessão de planos, desde o solo até as nuvens ao fundo e pela 
sucessão dos mencionados balões. A harmonia é destacada pela profusão e con-
trastes dimensionais das cores e a proporcionalidade dos diversos elementos que 
compõem a imagem.
Figura 39 – Exemplo de profundidade
Fonte: iStock/Getty Images
Superfi cialidade
A superficialidade está entre as mais antigas formas de representação utilizadas 
pela humanidade (Figura 40), caracterizando-se pelo aspecto plano, fazendo re-
ferência à representação bidimensional, ou seja, ao contrário da profundidade ou 
perspectiva – as quais fazem referência à tridimensionalidade. 
Figura 40 – A representação de imagens com ênfase na bidimensionalidade está presente 
na arte desde a Antiguidade: câmara funerária de Nefertari, esposa de Ramsés II, 
cuja cena mostra as divindades Re-Harakhty e Amentit (a deusa do Ocidente)
Fonte: Wikimedia Commons
27
UNIDADE Conceitos Compositivos: Técnicas Visuais Aplicadas
Observe como, na Figura 41, vemos as silhuetas das pessoas. Embora pos-
samos reconhecê-las, não é possível identificar qualquer aspecto volumétrico 
nessas representações.
Figura 41 – Exemplo de superficialidade
Fonte: iStock/Getty Images
Note que ao compararmos as figuras 42 e 43 podemos verificar que o simples fato de 
mudar o ângulo de observação do objeto pode nos trazer a sensação de profundidade.
Figura 42 e 43 – Tomada frontal do objeto (ênfase para a superficialidade)
Fonte: iStock/Getty Images
Sequencialidade
É possível criar uma sensação de continuidade quando repetimos determinados 
elementos como linhas, planos, volumes, cores, texturas, brilhos etc., independen-
temente de sua disposição visual – por justaposição, sobreposição, alinhando-os 
lado a lado etc. –, desde que esses elementos sigam uma ordem lógica.
Assim, a sequencialidade se caracteriza pela ordenação de unidades de modo 
contínuo, sequencial e lógico, em função dos princípios de harmonia e equilíbrio. 
Observe atentamente cada uma das seguintes figuras.
No caso da escadaria (Figura 44), a sequencialidade está presente na repetição 
dos planos verticais e horizontais que formam os degraus, assim também ocorre 
nas barras do corrimão.
Na série de colunas que vemos na Figura 45, a sequencialidade está no posicio-
namento dos elementos – colinas e estátuas. A configuração curva realça a harmo-
nia e o equilíbrio por movimento ritmado (GOMES FILHO, 2009, p. 99).
28
29
Figura 44 – Exemplo de sequencialidade
Fonte: iStock/Getty Images
Figura 45 – Colunata de Bernini, Vaticano
Fonte: Wikimedia Commons
Na Figura 46, a sequencialidade se dá pela disposição radial das hastes da som-
brinha (jyanomekasa). 
Na estrada com carvalhos (Figura 47), a sequencialidade se dá pela sucessão das ár-
vores que formam uma espécie de túnel, proporcionando a sensação de profundidade.
Figura 46 e 47 – Exemplo de sequencialidade
Fonte: iStock/Getty Images
Sobreposição
A sobreposição se caracteriza pela organização de elementos de modo que um 
seja posicionado sobre o outro. É importante observar que, de acordo com as ca-
racterísticas desses elementos – translucidez, opacidade, transparência –, podere-
mos obter diferentes resultados.
[...] a singularidade da técnica de sobreposição consiste no domínio e na 
busca do maior controle visual possível dos elementos sobrepostos em 
termos, por exemplo, de posicionamento, tamanho, densidade, propor-
ção etc. de parte do objeto ou do objeto como um todo. (GOMES FILHO, 
2009, p. 100)
29
UNIDADE Conceitos Compositivos: Técnicas Visuais Aplicadas
Na Figura 48, a sobreposição ocorre pela profusão de unidades visuais, dispos-
tas ao longo das linhas diagonais da composição e que parecem dirigir o nosso 
olhar. Essa fragmentação das unidades compositivas, promovida pela sobreposi-
ção, reforça a complexidade dessa composição e a sua baixa pregnância.
Figura 48 – Exemplo de sobreposição
Fonte: iStock/Getty Images
Observe que na Figura 49 podemos encontrar outro exemplo de sobreposição, 
no entanto, a transparência dos objetos nos traz uma sensação de entrelaçamento 
das formas; já a propriedade do vidro de entrever as superfícies posteriores confere 
uma leveza a essa composição.
Figura 49 – Sobreposição com transparência
Fonte: pxhere.com
30
31
Na Figura 50 temos, ao mesmo tempo, a transparência do vidro, a translucidez 
da fatia do fruto e a opacidade da rolha, de modo que a sobreposição desses ele-
mentos cria uma situação simultaneamente instigante e harmoniosa.
Figura 50 – Sobreposição com transparência, opacidade e translucidez
Fonte: pxhere.com
Ajuste Ótico
O ajuste ótico é utilizado tanto em configurações formais bi ou tridimensionais, 
“[...] se trata de algum tipo de correção, ajuste ou de controle visual, principalmente 
nas linhas que contornam ou delimitam as organizações formais” (GOMES FILHO, 
2009, p. 101) É um refinamento no trato da forma do objeto.
Na fotografia, o ajuste ótico pode corresponder à busca de melhor ângulo para 
registrar determinado modelo, valorizando as suas linhas. Veja, nas seguintes figu-
ras, como a mudança de ângulo de iluminação altera a percepção das linhas do 
rosto da atriz e diretora estadunidense Madeleine Stowe, suavizando a linha do 
nariz, por exemplo; o mesmo pode ocorrer com o uso da maquiagem e dos efeitos 
obtidos por meio de computação gráfica:
Figura 53 – Madeleine Stowe 
(2002)
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 51 – Madeleine Stowe 
(2011)
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 52 – Madeleine Stowe 
(2008), Joshua Skaroff 
Fonte: Wikimedia Commons
31
UNIDADE Conceitos Compositivos: Técnicas Visuais Aplicadas
O conceito de ajuste ótico remonta aos projetistas do passado que, já nos templos greco-ro-
manos (Figura 54), utilizavam essa técnica para produzir efeitos harmoniosos e de equilíbrio 
visual em suas obras. As colunas, por exemplo, eram dimensionadas com ligeiras curvaturas 
convexas para que, aos olhos do observador e a certa distância, parecessem retas.
Figura 54 – Exemplo de ajuste ótico
Fonte: Wikimedia Commons
Na produção televisiva, cinematográfica e mesmo na mídia impressa, são inúmeros os ajus-
tes óticos realizados para produzir efeitos diferenciados. O desenvolvimento de softwares 
para o tratamento de imagens fixas ou em movimento em muito contribuiu à correção de 
pequenas imperfeições nos mais diversos tipos de objetos retratados e, principalmente no 
caso das figuras humanas, eliminando rugas e outros sinais (Figura 55), rejuvenescendo ou 
envelhecendo os modelos, acentuando ou suavizando a expressão facial etc.
Figura 55 – Exemplo de ajuste ótico
Fonte: iStock/Getty Images
Ex
pl
or
Ruído Visual
O ruído visual diz respeito a interferências, distorções que perturbam a harmo-
nia ou o equilíbrio visual em um objeto. 
Embora o ruído possa distrair a atenção do observador e, portanto, compro-
meter a comunicação, se utilizado de forma criativa pode promover centros de 
interesse, contribuindo até para valorizar detalhes. 
32
33
Na Figura 56, em princípio as luzes do palco podem “soar” como ruído visual, 
já que comprometem a visualização dos músicos; por outro lado, recriam a cena, 
conferindo à imagem uma atmosfera diferenciada. 
Figura 56 – O ruído visual utilizado favoravelmente à imagem
Fonte: pxhere.com
Embora a distorção formal possa igualmente comprometer a visualização de 
um objeto, em alguns casos poderá ser positiva. Observe, na Figura 57, como o 
fotógrafo registrou a praia de Copacabana ao amanhecer e, com a distorção pro-
porcionada pela lente, criou uma sensação de que em algum momento os dois ex-
tremos da praia se tocarão, o que de fato não acontece; ao mesmo tempo, temos 
a imensidão do mar unindo-se ao céu frente à praia.
Figura 57 – Exemplo de ruído visual
Fonte: iStock/Getty Images
Finalizando: Afi nal, para que 
Técnicas de Composição?
Ao longo desta Disciplina discutimos vários temas ligados à linguagemvisual: desde 
os tópicos mais simples, como os elementos que compõem a visualidade, até os pontos 
mais complexos, como a sua articulação no campo plástico, ou seja, a composição.
Nesta Unidade tratamos de alguns conceitos que embasam técnicas aplicáveis à 
composição de imagens.
Mas caberia ainda uma reflexão: para que precisamos de todos esses conceitos?
É sempre bom lembrar que, tal como todo processo comunicacional, as 
diferentes formas de expressão visual envolvem um emissor – quem cria a 
33
UNIDADE Conceitos Compositivos: Técnicas Visuais Aplicadas
imagem –, um receptor – quem vê a imagem – e uma mensagem – o con-
teúdo da imagem em si. Assim, a composição não deve ser um “[...] meio 
interpretativo de controlar a reinterpretação de uma mensagem visual por 
parte de quem a recebe”. (DONDIS, 2003, p. 131).
Ademais, veja que nesta Unidade trabalhamos com muitos conceitos: 
• Clareza;
• Simplicidade;
• Complexidade;
• Minimidade;
• Profusão;
• Coerência;
• Incoerência;
• Exagero;
• Arredondamento;
• Transparência – física e sensorial;
• Opacidade;
• Redundância;
• Ambiguidade;
• Espontaneidade;
• Aleatoriedade;
• Fragmentação;
• Sutileza;
• Difusidade;
• Profundidade;
• Superficialidade;
• Sequencialidade;
• Correção ótica;
• Ruído visual.
Ao retomá-los, vemos que é possível estabelecer relações de oposição entre 
muitos dos quais; assim, verificamos que a experiência visual envolve a interação 
entre polaridades, de modo que saber explorá-las, extraindo o seu melhor, é um 
longo e precioso exercício.
Aprendemos as teorias porque são importantes, já que a percepção depende de 
fatores naturais, entre os quais o sistema nervoso humano.
Mas é sempre bom lembrar que os fundamentos são os mesmos para todos e 
as técnicas são apenas ferramentas, cabendo ao criador articulá-las em função da 
mensagem que desejar transmitir ao seu público – e é isso que tornará a sua obra 
única e exclusiva.
34
35
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Rosangela Rennó
Conheça um pouco do trabalho da brasileira Rosangela Rennó, que se destaca por 
atuar intensamente com várias das técnicas apontadas nesta Unidade.
https://goo.gl/Lniitf
 Livros
Laboratório de artes visuais: fotografia digital e quadrinhos
SCOVILLE, A. L; ALVES, B. O. Laboratório de artes visuais: fotografia digital e 
quadrinhos. Curitiba, PR: Intersaberes, 2018.
Neste livro você poderá tomar contato com diferentes aspectos ligados à fotografia e 
ao universo das Histórias em Quadrinhos (HQ). Em um formato atualizado, didático e 
ilustrado, os autores nos apresentam o rico universo das duas linguagens. 
 Vídeos
Apresentação da Exposição - Moderna para Sempre (2014) - Videoguias - Parte 1/7
https://youtu.be/I75jPRWJikY
Moderna para Sempre (2014) – Rubens Fernandes
Entrevista com o pesquisador e crítico Rubens Fernandes, tratando da fotografia 
modernista brasileira, onde aborda questões ligadas ao pictorialismo, à formação do 
Foto Cine Clube Bandeirante e da estética radical que desse emergiu.
https://youtu.be/e0IwWkvM8Sw
Fotogramas, Montagens, Recortes - Moderna para Sempre (2014) - Videoguias - Parte 6/7
Conheça as experimentações de importantes fotógrafos, tal como Geraldo de Barros, 
entre outros, as quais se destacaram no cenário brasileiro: da manipulação da câmera 
no momento da captura à interferência nos negativos e positivos quando da ampliação.
https://youtu.be/UZ3YsSXJzZg
35
UNIDADE Conceitos Compositivos: Técnicas Visuais Aplicadas
Referências
ARNHEIM, R. Arte e percepção visual: uma psicologia da visão criadora. São 
Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.
DONDIS, D. A. Sintaxe da linguagem visual. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
FRACCAROLI, C. A percepção da forma e sua relação com o fenômeno ar-
tístico: o problema visto através da Gestalt. (Aula n. 30). São Paulo: Edusp, 1952.
GOMES FILHO, J. Gestalt do objeto: sistema de leitura visual da forma. 9. ed. 
São Paulo: Escrituras, 2009.
OCVIRK, O. G. et al. Fundamentos de arte: teoria e prática. São Paulo: Mc-
Graw-Hill, 2015.
36

Continue navegando

Outros materiais